comissão examinadora co-orientador: Prof.ª Drª Michelly Ramos de Angelo terceiro menbro: Lara dos Anjos UNIVERSIDADE VILA VELHA
ISABELLA NUNES RAMOS orientador: Prof.ยบ M.e. Luiz Marc e l l o G o m e s R i b e i r o arquitetura e urbanismo
agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus que me deu força e perseverança para seguir em frente nos momentos difíceis e felizes. Agradeço a minha família que acreditou em mim e me deu todo apoio, incentivo e suporte durante o curso. Agradecimento especial a minha vozinha Enilce que me deu carinho e suporte durante esse trabalho. Aos meus amigos que me deram apoio, carinho e me estenderam a mão quando precisei. Agradecimento especial ao meu amigo-irmão Janderson Ruy que me deu apoio, e me acolheu durante a conclusão desse projeto. Agradeço também ao Iuri Taliuli pelo auxílio e troca de conhecimento, e a Diani Dantas por me ajudar e ser tão solicita. Aos meus colegas de classe pelo convívio, troca de conhecimento e apoio durante nossa caminhada. Agradeço a todos os professores pelo conhecimento transmitido e suporte. Agradecimento especial ao meu professo orientador Luiz Marcello que não mediu esforços para me ajudar e contribuir com sua sabedoria no meu trabalho.
Um labirinto místico Onde os grafites gritam Não dá pra descrever Numa linda frase De um postal tão doce.... Criolo
resumo O trabalho traz como objetos de estudo a problemáticas latentes vividas pelos centros urbanos contemporâneos que são: o processo de degradação dos centros urbanos e o esvaziamento das suas edificações; por meio do caso do Edifício Presidente Getúlio Vargas, localizado no Centro de Vitória- ES, atualmente sem uso e sem fazer cumprir sua Função Social, enquanto Propriedade. O estudo de processos e problemáticas urbanas peculiares que mudaram a dinâmica do Centro de Vitória foram fundamentais para a compreensão do estado atual da edificação. Paralelamente foram pesquisadas as mudanças e ações que permitem trazer novamente vitalidade ao local, e quais as novas frentes econômicas que começaram a ser inseridas no novo contexto. Assim, destacou-se a presença de muitas empresas pertencentes ao setor da economia criativa e uma demanda por espaços que possam abrigar movimentos culturais, artísticos de lazer e entretenimento. O Ensaio de Projeto para a edificação tem como objetivo refuncionalizar, ou seja dar ao edifício uma nova função, mudando o seu uso, que, anteriormente, já abrigou salas comerciais, lojas, um hotel e posteriormente uma repartição pública; em um Fórum de Artes e um ambiente onde empresas do setor criativo possam se abrigar e compartilhar o espaço e experiências, contribuindo para o processo de requalificação do edifício e consequentemente do entorno, o Centro de Vitória. PALAVRAS CHAVE: Refuncionalização. Centros Históricos. Economia Criativa. Cultura.
abstract The work brings as objects of study the latent problems experienced by contemporary urban centers: the process of urban city degradation and the emptying of its buildings; through the case of the Presidente GetĂşlio Vargas Building, located in the Center of VitĂłria - ES, currently without use and without enforcing its Social Function, as Property. The study of processes and peculiar urban problems that changed the dynamics of the Center of Victory were fundamental for the understanding of the current state of the building. At the same time, the changes and actions that allow us to bring vitality to the place were researched, and the new economic fronts that began to be inserted in the new context. Thus, the presence of many companies belonging to the creative economy sector and a demand for spaces that can accommodate cultural, artistic leisure and entertainment movements were highlighted. The Design Essay for the building has the objective of refunctionalize, that is to give the building a new function, changing its use, which previously already housed commercial rooms, shops, a hotel and later a public office; in an Arts Forum and an environment where companies from the creative sector can take shelter and share the space and experiences, contributing to the process of requalification of the building and consequently of the surroundings, the Center of VitĂłria. KEY WORDS: Refunctionalization. Historical Centers. Creative economy. Culture.
lista de abreviaturas
lista de tabelas
EMES - Escola De Música Do Espírito Santo
Tabela Síntese dos Estudos de Caso . 40
FAFI - Escola Técnica Municipal De Teatro, Dança E Música
Quadro 01 - Materiais Fachadas.123
FAMES - Faculdade De Música Maurício De Oliveira
Quadro 02 - Materiais Paisagismo. 125
FCES- Fundação Cultural Do Espírito Santo IAPI - Instituto De Aposentados E Pensionistas Da Indústria IBGE- Instituto Brasileiro De Geografia IMES - Instituto De Música Do Espírito Santo MAES – Museu de Artes do Espírito Santo OSES- Orquestra Sinfônica Do Espírito Santo SEMC - Secretaria Municipal De Cultura SESC- Serviço Social Do Comércio
lista de figuras FIGURA 01- Grande Aterro no Centro de Vitória (1950-1954) 19 FIGURA 02- Vista geral de Vitória 1860. 19 FIGURA 03- Teatro Carlos Gomes 22 FIGURA 04- Catedral Metropolitana de Vitória 23 FIGURA 05- Museu de Artes do Espírito Santo 23 FIGURA 06- Edifício Presidente Getúlio Vargas 24 FIGURA 07- Edifício Presidente Vargas (2017) 25 FIGURA 08- Vista da Praça Costa Pererira do Edifício Presidente Getúlio Vargas 25 FIGURA 09- Rua de pedestres lateral do Teatro Carlos Gomes .25 FIGURA10- Resultado Primeira Pergunta Questionário Online .29 FIGURA12-Resultado Segunda Pergunta Questionário Online .29 FIGURA13- Resultado Terceira Pergunta Questionário Online .29 FIGURA14-Resultado da 5ª e 6ª Pergunta Questionário Online. 30 FIGURA15-Resultado 7ª Pergunta Questionário Online .30 FIGURA16-Resultado 8ªPergunta Questionário Online .31 FIGURA17- Cartazes do 24º Festival de Cinema que ocupou a rua de pedetres de acasso ao edifício Presidente Getúlio Vargas. 32 FIGURA 18- Ensaio aberto no coletivo Expurgação. 33 FIGURA 19-Edifício Alphabeta Londondo .34 FIGURA 21-Rampa interna para ciclistas .35 FIGURA 20-Rampa interna para ciclistas .35 FIGURA 22- Átrio central, escada e recepção. 3 6 FIGURA 23-Salas de reuniões em balanço no átrio central 36 FIGURA 24- Vista do terraço para torre histórica. 3 6 FIGURA 25-Vista do interna para torre histórica. 36 FIGURA 26-Fachada Gagosian Gallery .37 FIGURA 27- Fachada Gagosian Gallery .37 FIGURA28- Fachada Gagosian Gallery e espaço público externo .37 FIGURA 26-Fachada Gagosian Gallery .37 FIGURA 27- Fachada Gagosian Gallery .37 FIGURA 29- Fachada Praça das artes voltada para Avenida São João 38 FIGURA 30- Sala de ensaio para danças. 38 FIGURA 31-Vista externas das esquadrias desritmadas. 39 FIGURA 32-Esquema volumétrico da implantação do complexo. 39 FIGURA 33-Edifício anexo ao Conservatório Dramático e Musical. 40 FIGURA 34- Fachada do antigo Cine Cairo na Rua Formosa. 40 FIGURA 35- Teatro SESC Glória .65 FIGURA 36 -Ambiência Avenida Jerônimo Monteiro. 68 FIGURA 37- Ambiência calçada Avenida Jerônimo Monteiro. 68 FIGURA 38 - Vendedores ambulantes na Avenida Jerônimo Monteiro. 68 FIGURA 39- Ambiência calçada Avenida Jerônimo Monteiro .69 FIGURA 40- Praça 8 -Avenida Jerônimo Monteiro. 69 FIGURA 41- Ambiência Praça Costa Pereira. 70
FIGURA 42- Ambiência Praça Costa Pereira. 70 FIGURA 43- Lojas Praça Costa Pereira. 71 FIGURA 44 - Vendedores ambulantes na Praça Costa Pereira. 71 FIGURA 45- Ambiência trecho exclusivo para pedestres na Rua Sete de Setembro. 72 FIGURA 46- Ambiência trecho exclusivo para pedestres na Rua Sete de Setembro .72 FIGURA 47- Vendendor de frutas na Rua Sete de Setembro. 73 FIGURA 48- Bar situado na Rua Sete de Setembro. 73 FIGURA 49- Ambiência Rua Gama Rosa .74 FIGURA 50- Bar na Rua Gama Rosa .74 FIGURA 51- Ambiência Rua Gama. 75 FIGURA 52- Edificação modernista na Rua Gama Rosa. 75 FIGURA 53- Escadaria na Rua Nestor Gomes. 76 FIGURA 54- Ambiência da Rua Nestor Gomes .76 FIGURA 56- Coletivos na Rua Nestor Gomes. 77 FIGURA 55- Coletivo Expurgação. 77 FIGURA 57- Praça Costa Pereira. 78 FIGURA 58- Vista do térreo para o Subsolo. 82 FIGURA 59- Vista do térreo para o Subsolo. 82 FIGURA 60 - Planta Baixa Original - Subsolo 83 FIGURA 61 -Vista do térreo. 84 FIGURA 64- Vista do térreo. 84 FIGURA 62- Vista do térreo. 84 FIGURA 65- Vista do térreo. 84 FIGURA 63- Vista do térreo. 84 FIGURA 66- Vista do térreo. 84 FIGURA 67 - Planta Baixa Original - Térreo 85 FIGURA 68 - Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV. 86 FIGURA 69- Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV. 86 FIGURA 70- Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV. 86 FIGURA 71- Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV. 86 FIGURA 72 - Planta Baixa Original - 1º Pavimento (Sobreloja). 87 FIGURA 73- Vista do 2ºpavimento. 88 FIGURA 74- Vista do 2ºpavimento. 88 FIGURA 75- Vista do 2ºpavimento. 88 FIGURA 76 - Vista do 2ºpavimento. 88 FIGURA 77- Vista do 2ºpavimento. 88 FIGURA 78- Planta Baixa Original -2ºpavimento. 89 FIGURA 79- Foto do levantamento fotográfico dos Pavimentos Tipo. 90 FIGURA 80- Foto Circulação dos pavimentos tipo. 90 FIGURA 81- Foto do levantamento fotográfifico dos Pavimentos Tipo. 90 FIGURA 82- Foto Circulação dos pavimentos tipo. 90 FIGURA 83- Foto Circulação dos pavimentos tipo. 90
FIGURA 84- Planta Baixa Original - 3º ao 7º pavimento. 9 1 FIGURA 85- Foto Esquadrias degra dadas. 92 FIGURA 86- Foto Esquadrias degradadas. 92 FIGURA 87- Foto Circulação vertical dos pavimentos tipo. 92 FIGURA 88- Foto Banheiro dos pavimentos tipo. 92 FIGURA 89 -Planta Baixa Original - 8º ao 12º pavimento. 93 FIGURA 90- Foto Telhado degradado. 94 FIGURA 91- Foto Casa de máquinas . 94 FIGURA 92-Foto da área técnica. 94 FIGURA 93- Foto da área técnica. 94 FIGURA 94- Foto escada para reservatório superior. 94 FIGURA 95 - Planta Baixa Original - Cobertura .95 FIGURA 96 - Elementos de Sombreamento da fachada oeste do edifício. 96 FIGURA 97- Esquadrias degradadas. 96 FIGURA 98 - Fachada principal para a rua de pedestres. 96 FIGURA 99 - Fachadas originais.97 FIGURA 10 0 - Quadro Conceitual. 99 FIGURA 101 - Implantação .100 FIGURA 102 - Corte A.102 FIGURA103 - Corte B.104 FIGURA 104- P lanta Baixa Subsolo.106 FIGURA 105 - Esquema Antigo x Novo - Subsolo 109.107 FIGURA 106 - Planta Baixa Térreo.108 FIGURA 107- Esquema Antigo x Novo - Térreo.109 FIGURA 108 - Planta Baixa Sobreloja (1º Pavimento).110 FIGURA 109- Esquema Antigo x Novo - 1º Pavimento .111 FIGURA 110 - Planta Baixa 2º Pavimento 112 FIGURA 111- Esquema Antigo x Novo - 2º Pavimento 113 FIGURA 112- Planta Baixa 3º ao 5º Pavimento .114 FIGURA 113- Esquema Antigo x Novo - 3º ao 5º Pavimento .115 FIGURA 114 - Planta Baixa - 6º ao 7º Pavimento.116 FIGURA 115- Esquema Antigo x Novo - 6º ao 7º Pavimento. 117 FIGURA 116 - Planta Baixa - 8º ao 12º Pavimento .118 FIGURA 117- Esquema Antigo x Novo - 8º ao 12º Pavimento .119 FIGURA 118 - Planta Baixa Cobertura .120 FIGURA 119 - Esquema Antigo x Novo -Cobertura .121 FIGURA 120 - Fachada Principal.122 FIGURA 121- Fachada Lateral Esquerda .124 FIGURA 122 - Paisagismo.126 FIGURA 123 -Proposta para as fachadas do edifício, utilizando textura e materiais naturais. 128 FIGURA 124 - Vista da proposta do térreo integrado com a rua de pedestres. Destaque para as abertura de vidro feitas na varanda frontal do 2º pavimento para levar iluminação natural para o térreo. 128 FIGURA 125 -Vista da fachada principal com a nova proposta de esquadrias em avanço. 129 FIGURA 126 -Vista da rua de pedestres e o paisagismo proposto. 129
FIGURA 127-Ambiência do paisagismo proposto para rua de pedestres. 130 FIGURA 128 -Ambiência do paisagismo proposto para rua de pedestres. 130 FIGURA 129 -Proposta para a recepção mais ampla e imponente. 131 FIGURA 130 - A proposta para a recepção prevê paredes laterais livres para exposições sazonais. 131 FIGURA 131 -Vista para recepção do 2º pavimento através do átrio proposto. 132 FIGURA 132 -Vista para recepção do 1º pavimento através do átrio proposto. 132 FIGURA 133 -Proposta de Livraria para loja B no térro e 1ºpavimento. 133 FIGURA 134 -Proposta de Livraria para loja B no térro e 1ºpavimento. 133 FIGURA 135 -Proposta de ambiência para o resturante. 134 FIGURA 136 -Proposta de paisagismo para a varanda do 2º pavimento. 134 FIGURA137-Propostaparaassalasdemúsicaparaensaioindividual. 135 FIGURA 138-Proposta de sala de ensaio para teatro. 135 FIGURA 139 -Proposta para as salas de Dança. 136 FIGURA 140 -Proposta de escritório para economia criativa. 136 FIGURA 141 -Proposta de escritório para economia criativa. 137 FIGURA 142 -Proposta de escritório para economia criativa. 137
lista de mapas
MAPA 01 - Edificações Abandonadas.20 MAPA 02 - Zoneamento Urbano.52 MAPA 03- Morfologia Urbana .54 MAPA 04 - Uso do Solo.56 MAPA 05 - Usos e Funções.58 MAPA 06 - Vias de Circulação.60 MAPA 07 - Gabarito das Edifiações.62 MAPA 08 - Paisagem Cultural .64 MAPA 09 - Semiótica do Ambiente Urbano.66
sumário . i n t r o d u ç ã o
1 3
c a p í t u l o 1 A REFUNCIONALIZAÇÃO DE EDIFÍCIOS EM ÁREAS CENTRAIS
1 7
1.1. A DEGRADAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DE CENTROS URBANOS 17 1.2 EXPANSÃO TERRITORIAL DO CENTRO DE VITÓRIA 18 1.3. O ESVAZIAMENTO DO CENTRO DE VITÓRIA 20 1.4. PROCESSOS DE REVITALIZAÇÃO DO CENTRO DE VITÓRIA 21 1.5. O PATRIMÔNIO DE “BEM COMUM” 21 1.6. O CENTRO HISTÓRICO 22 1.7. O EDIFÍCIO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS 24 c a p í t u l o 2 A IMPORTÂNCIA DA VITALIDADE URBANA NAS ÁREAS CENTRAIS
2 7
2.1 A IMPORTÂNCIA DO USO NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO EDIFICADO 28 2.2. A ARTE E CULTURA COMO UM NOVO USO 29 2.3. NOVOS USOS, HABITAÇÃO E O ED. PRESIDENTE GETULIO VARGAS 32 2.4. A DIVERSIDADE CULTURAL E A ECONOMIA CRIATIVA EM VITÓRIA 32 2.5. ESTUDOS DE CASO 34 2.6. CONCLUSÃO DOS ESTUDOS DE CASO 41 c a p í t u l o 3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO E ENTORNO IMEDIATO
5 1
3.1. LEGISLAÇÃO URBANA 53 3.2. MORFOLOGIA URBANA 55 3.3. USO DO SOLO 57 3.4. POTENCIALIDADES DE USOS E FUNÇÕES 59 3.5. VIAS DE CIRCULAÇÃO 61 3.6. GABARITO 63 3.7 PAISAGEM CULTURAL 65 3.8 SEMIÓTICA DO AMBIENTE URBANO 67 3.9 CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO 79 e n s a i o
d e
p r o j e t o
8 1
4.1. ESTADO FÍSICO DO EDIFÍCIO 81 4.2 A PROPOSTA 98 4.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES 98 4.4. O PARTIDO 99 4.5. ACESSOS E FLUXOS 101 4.6 CIRCULAÇÃO 103 4.7. ESTRUTURA 105 4.8. SUBSOLO 107 4.9. TÉRREO 109 4.10. SOBRELOJA (1º PAVIMENTO) 111 4.11. 2º PAVIMENTO 113 4.12. 3º ao 5º PAVIMENTO 115 4.13. 6º E 7º PAVIMENTO 117 4.14. 8º AO 12º PAVIMENTO 119 4.15. COBERTURA 121 4.16. FACHADAS 123 4.17. PAISAGISMO 127 5. perspectivas
128
6. considerações finais
139
7. referências bibliográficas
140
8. apêndices
142
. i n t r o d u ç ã o
Em meados do século XX o crescimento das cidades ocidentais foi caracterizado pelo surgimento de espaços vazios, a justificativa de tal fenômeno estava na necessidade dos modernistas em não compartilhar suas arquiteturas com a morfologia das arquiteturas que fugiam do padrão idealizado. A expansão horizontal das cidades e a demolição de grandes áreas foram medidas utilizadas em grandes projetos de renovação urbana, que cooperaram com segregação sócio espacial, elevados gastos com infraestrutura urbana e crise no transporte urbano (VARGAS & CASTILHO, 2009). Ainda conforme o pensamento das autoras, a expansão urbana a partir da década de 1980 foi responsável pela criação de novas centralidades urbanas. Os centros iniciais, que eram vistos como núcleos e espaços mais dinâmicos, passam a ter o seu papel dividido com as novas expansões e centralidades pontuais. O avanço imobiliário para as bordas das cidades ou subúrbios fez com que novos bairros fossem criados. Este processo de migração de funções e pessoas provocou o esvaziamento e a desfuncionalização de imóveis reduzindo a dinâmica do centro principal. Os centros das cidades possuem relevância histórica, econômica e social, o processo de deterioração e abandono os transforma em lugares ermos e sem atrativos para investimentos e uso. Nesse processo ainda existe a problemática dos edifícios históricos e daqueles não históricos, aqui identificados como “arquitetura corrente” ou “patrimônio comum”; abandonados e ociosos dentro do espaço urbano. Esses imóveis parados, vazios e em processo de degradação, geralmente bem localizados e com uma infraestrutura de qualidade já pronta; acabam por não cumprir sua função social na cidade (VARGAS & CASTILHO, 2009). O Centro Histórico de Vitória – ES perdeu sua força na década de 1970, quando empresas de serviço, o comércio e a 13
moradia foram deslocadas, gradativamente, para outras áreas da cidade. O deslocamento provocou abandono de edifícios, perda de vitalidade e criou espaços ociosos no centro da cidade (ARAÚJO,2012). O cenário predominante nas cidades atualmente é de diversos imóveis, sem nenhum tipo de uso, em contraponto a famílias sem moradias. Um Imóvel que faz cumprir o seu papel social deve proporcionar atividades de interesse coletivo, tais como: moradia, lazer, trabalho e/ou difusão cultural. O Estatuto da Cidade possui instrumentos que permitem ao Poder Público exigir dos proprietários de imóveis subutilizados ou vazios que cumpram este papel social; contudo esta aplicação está aquém do ideal. Atualmente, bastante fomentada, existe uma dinâmica de requalificação de edifícios abandonados, modificando sua estrutura para abrigar novos usos. No Brasil, via de regra, esses edifícios se tornam habitação de interesse social, buscando assim suprir um déficit habitacional que o país enfrenta. Não existe, porém, estudos mais amplos visando utilizar esses edifícios para a criação de alternativas diversificadas de usos nesses locais, buscando complementar a dinâmica social da habitação com atrativos culturais de lazer e entretenimento, além de possibilitar vitalidade noturna. Justifica-se tal pesquisa considerando que a recuperação dos centros busca melhorar, entre outros aspectos, a imagem da cidade, para além de perpetuar a sua história. A reutilização de edifícios e o aproveitamento da infraestrutura já implementada valoriza essas áreas e consequentemente a transforma em áreas atraentes para o investimento de usuários, trazendo de volta a dinâmica perdida durante o processo de espraiamento (VARGAS & CASTILHO,2009). O objetivo geral dessa pesquisa é compreender a importância da refuncionalização de edifícios desocupados no Centro de Vitória, visando propor uma função útil para a sociedade de forma que haja harmonia entre a vitalidade do espaço urbano contemporâneo, sua relação com a ambiência e paisagem urbana local e a arquitetura edificada e suas adaptações necessárias para um novo uso, em um novo contexto social e comportamental local. Especificamente objetiva-se valorizar os aspectos culturais, visando a valorização da memória social local coletiva, resgatando sua relação de pertencimento e identidade cultural, passando assim, ao benefício de um lugar adaptado à cidade contemporânea que vive, e reconhece a importância da sua história coletiva, pública e particular, na salvaguarda e preservação de seus valores culturais. Ainda identificar possíveis aspectos culturais, notadamente a produção cultural e indústria criativa 14
como fio condutor para uma refuncionalização apropriada ao fenômeno contemporâneo, visando adaptá-lo ao novo contexto sociocultural do século XXI; viabilizando tanto as demandas por arte e cultura local, assim como substabelecendo as personas desse processo de criação, captação e produção da arte e cultural acessível aos mais variados públicos [classes e faixa etárias] da área do Centro. Tornar o Centro de Vitória um local ativo, também com uso noturno e finais de semana; visando valorizar a região, com possibilidades de desdobramentos de happy hours, apresentações musicais instrumentais e o funcionamento de atrativos como bares, restaurantes e comércio de produtos culturais entre outros. Valorização do espaço e seu entorno através do tratamento paisagístico e luminotécnico com possível integração com a Praça Costa Pereira e os demais roteiros de interesse cultural na área, tais como a FAFI, o MAES, a “Rua 7 de Setembro”, o Palácio Anchieta e o Palácio da Cultura Sonia Cabral. Assim, o projeto se define como um Fórum das Artes envolvendo o patrimônio cultural capixaba expressivo num mesmo local, além de se tornar mais um ponto de encontro e convivência em torno da arte e do lazer. A partir desta dinâmica e contribuindo para a vitalidade do Centro Histórico de Vitória será elaborado um ensaio de projeto para a refuncionalização do antigo Edifício Getúlio Vargas, onde funcionava a Sede do Instituto de Aposentados e Pensionistas da Indústria – IAPI, em Vitória. Para além da atualização tecnológica [retrofit] o ensaio a ser desenvolvido contempla uma nova ótica para o uso voltado para as artes e atividades culturais, além de suporte à indústria criativa local. Para tais objetivos será necessário identificar ainda quais as manifestações de arte e cultura, relevantes na cidade de Vitória, possíveis de dinamizar esse novo uso. Partiu-se de uma pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica dos temas abordados em livros, arquivo público, artigos científicos e repositórios de pesquisa. A fundamentação está centrada em autores tais como: Jane Jacobs (2001) que aborda questões como diversidade de usos e cidades compactas como princípios de vitalidade urbana; Heliana Comim Vargas e Ana Luisa Howard de Castilho (2009) que abordam a questão do abandono dos centros urbanos, quais os motivos levam esse fenômeno a acontecer e falam da importância de restabelecer a vitalidade desses locais; e Ermínia Maricato (2006) que aborda a questão da preservação do “patrimônio comum”, que são os edifícios não tombados mas que são necessários para revitalização dos centros. Um levantamento de campo foi feito para coletar informações no edifício e seu entorno obtendo
assim um diagnóstico situacional. Uma investigação através de entrevistas com moradores da área e pessoas ligadas a movimentos culturais na cidade de Vitória também foi elaborada para identificar quais atividades culturais, lazer e entretenimento serão adequadas para os desdobramentos do novo uso no edifício. Com os dados coletados foram feitas análises e estabelecidas então diretrizes para o projeto. A partir disso, este trabalho encontra-se estruturado em três capítulos mais uma seção de ensaio de projeto; são eles: A Refuncionalização de Edifícios Abandonados em Áreas Centrais; A Vitalidade e o Uso; Diagnóstico da Área de Estudo e Entorno Imediato e Ensaio de Projeto . Nos dois primeiros capítulos desenvolve-se a fundamentação teórica. O capítulo A Refuncionalização de Edifícios Abandonados em Áreas Centrais, contextualiza a problemática em um cenário geral e local; apresentando o objeto de estudo o Edifício Getúlio Vargas. O capítulo A Vitalidade e Uso aborda a importância da vitalidade na dinâmica urbana e o uso enquanto ferramenta para a preservação do patrimônio edificado. Apresenta ainda um olhar sobre o espaço voltado para o desenvolvimento das artes e os exemplos de refuncionalização de edifícios para o mesmo tipo de uso, que serviram como conceito para o ensaio de projeto. O terceiro capítulo Diagnóstico da Área de Estudo e Entorno Imediato caracteriza e diagnostica a área de estudo e projeto. A seção Ensaio de Projeto apresenta linhas de ações e opções de projeto para a intervenção sobre o Edifício Presidente Getúlio Vargas.
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c a p í t u l o 1 A REFUNCIONALIZAÇÃO DE EDIFÍCIOS EM ÁREAS CENTRAIS 1.1. A DEGRADAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DE CENTROS URBANOS
Os centros, historicamente, são os locais mais dinâmicos do ambiente urbano devido o fluxo de pessoas, mercadorias e veículos, e abrigam as instituições mais relevantes dentro das cidades. A junção de atividades é responsável pela sua formação e pelo significado dado a essas centralidades nas cidades. A sua relevância em alguns casos pode extrapolar as fronteiras da própria cidade. Pelo acúmulo de atividades no decorrer dos anos os centros se tornaram locais caóticos pelo congestionamento de suas atividades. Paralelamente a esse fator, a expansão urbana se intensificou e essas áreas passaram a ter o seu significado diluído pelo surgimento de novos subcentros, ampliando assim a concorrência de locais mais atrativos para morar e trabalhar (VARGAS & CASTILHO, 2009). Esse processo culminou na aceleração da degradação e desvalorização desses locais na cidade. Na Europa e na América do Norte, na década de 1950, esse fenômeno começou a ser notório. No Brasil, começouse a discutir de forma mais intensa a partir da década de 1980. A deterioração e degradação urbana são conceitos que estão atrelados com a desvalorização econômica, perda de função e ao dano as estruturas físicas das áreas centrais (VARGAS & CASTILHO, 2009). O processo de esvaziamento populacional e a perda de função dos centros das cidades norteamericanas ao longo do século XX foram notáveis pela grande expansão urbana que findou no processo de suburbanização. Este processo ocorreu pelas mudanças no planejamento das cidades e pelo interesse do capital industrial e imobiliário. Entretanto, na década de 1960, autores como Jane Jacobs começaram a criticar esse tipo de expansão desenfreada e esvaziamento de áreas das cidades, que prejudicam a vitalidade urbana (BOTELHO, 2005). As cidades e metrópoles brasileiras têm passado por um processo de enfraquecimento e esvaziamento 17
dos centros urbanos, principalmente no setor da habitação, mas também outros usos como: empresas, instituições públicas e privadas. As causas desse fenômeno são diversas, inclusive algumas são locais, ou seja, próprias de cada cidade. Entretanto algumas causas são comuns e se repetem na maioria dos casos; são elas: a diminuição demográfica das áreas centrais, grande número de imóveis vazios e subutilizados, patrimônio histórico degradado, residências precárias, intensificação de atividades informais, mudança do perfil socioeconômico dos habitantes, dos usuários e das atividades locais, êxodo de setores públicos e privados para outras localidades (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2008). Diante do cenário de desfuncionalização e ociosidade da estrutura existente, a recuperação e o retorno aos centros busca em sua maior parte melhorar a aparência da cidade e não somente preservar uma história. Nesse processo, metodologicamente, busca-se a reutilização dos edifícios já construídos, mediante seus potenciais de usos e funções, como forma de valorizar o patrimônio construído, dinamizar o comércio, gerar novas vagas de emprego e buscar ações que possam atrair investimentos, pessoas e vitalidade (VARGAS &CASTILHO, 2009). A utilização e o melhor uso da infraestrutura existente é um outro ponto a ser considerado, uma vez que nos centros já existe um sistema viário consolidado, redes de saneamento básico, energia, serviços de telefonia, transporte coletivo, equipamentos sociais e culturais. Assim, não existe justificativa do ponto de vista econômico e ambiental para o descarte da infraestrutura existente. Além da qualidade dessa infraestrutura o patrimônio construído sem uso é considerado um capital imobilizado que é constantemente exposto a processos de valorização e desvalorização. Essa combinação entre desvalorização e degradação nas áreas centrais é um desperdício para as cidades, principalmente naquelas localizadas em países em desenvolvimento como no caso brasileiro (VARGAS & CASTILHO, 2009).
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1.2 EXPANSÃO TERRITORIAL DO CENTRO DE VITÓRIA
Vitória, a capital do Estado do Espírito Santo, possui, segundo estimativa do IBGE, (2016): 359.555 mil habitantes, sendo considerada o centro comercial da Região Metropolitana na qual está inserida, onde também fazem parte os municípios de Vila Velha, Cariacica, Viana, Serra, Fundão e Guarapari. Este território foi ocupado desde o período de colonização portuguesa da América, nos anos de 1550, quando a vila começou a se formar em área de interesse de defesa e domínio religioso. Sua localização era estratégica, pois propiciava a construção de embarcadouros e resguardado da costa já que seu relevo era íngreme, o que permitia uma visão previa de possíveis invasões (BOTELHO, 2005). Já ao final do século XIX a área do centro da cidade encontrava-se na mesma formação primitiva, com a sua ocupação espremida entro o maciço central da região e a baía de Vitória Figura 02. O traçado era de ruas estreitas e sinuosas, típico das cidades de implantação em colina, do período colonial português. Entretanto, no fim daquele século, são realizadas intervenções urbanísticas primárias na área central durante o Governo de Muniz Freire (1892-1896), que levava em conta os ideais das políticas sanitaristas e os planos de “embelezamento urbano” comuns naquele período. Assim, foram feitas mudanças, tais como: obra de alargamento de vias, alinhamento de ruas, drenagens e pequenos aterros (FERNANDES, 2009). Ao longo do século XX o centro da cidade de Vitória sofreu transformações que modificaram o seu sítio físico, dentre elas os aterros foram de grande relevância para esse processo. Durante o Governo de Jerônimo de Souza Monteiro (1908-1912) foi elaborado o Plano de Melhoramento de Vitória, cujo objetivo era embelezar e modernizar a cidade, um ideal republicano debatido na época. (KLUG, 2010). Foram realizadas melhorias nos serviços de água e esgoto; instalação de iluminação pública e privada; criação de novas vias retilíneas; aterramentos na baía de Vitória, o que possibilitou a criação de espaços públicos e o contato da população com o mar e a vista da baía de Vitória; a implementação do serviço de bondes elétricos e a mudança na paisagem urbana a partir da adoção de uma arquitetura de padrão eclético. A Vila e o Parque Moscoso foram criados também naquela administração (KLUG,2010). No governo de Florentino Avidos (1924-1928) foi criada a Comissão de Melhoramentos de Vitória dando continuidade assim ao trabalho de Jerônimo Monteiro e a realização de mais dois aterros. O primeiro foi o aterro entra a Rua General Ozório e o Mercado da Vila Rubim e o segundo em uma área próxima ao Forte São João que tornaria o acesso
FIGURA 01- Grande Aterro no Centro de Vitória (1950FONTE: http://comerciocapixaba.blogspot.com.br/
ao centro mais fácil. As obras de implantação do porto também reiniciaram no durante seu governo, suspensas desde 1906, com a construção dos três primeiros galpões na região do Parque Moscoso. A construção do Porto trouxe uma dificuldade que era o escoamento das cargas entre o continente e a ilha. Este entrave tornou necessária a construção da ponte Ponte Florentino Avidos (popularmente conhecida como Cinco Pontes), que liga a Vitória a Vila Velha. A abertura da Avenida Capixaba (atualmente Avenida Jerônimo Monteiro) também foi uma das intervenções com intuito de modernizar a capital, criando assim um novo padrão de tipologia de edifícios diferentes do seu entorno, até então com dimensões coloniais. (KLUG,2010). Nas décadas seguintes, o Centro de Vitória foi modificado de forma expressiva durante governo
de Jones dos Santos Neves (1950-1954) que empreendeu um grande aterro Figura 01, conhecido como a Esplanada Capixaba. Sua importância não foi apenas pelo tamanho, mas também por propiciar a construção de novos edifícios, dessa maneira iniciouse um processo de valorização e verticalização do centro da Capital. Diversos edifícios públicos e privados foram implantados nesse período, tais como: Edifício Fábio Ruski (inicialmente pertencendo a Companhia Vale do Rio Doce - CVRD), o Banco do Brasil, os três prédios da Caixa Econômica Federal e a sede do Ministério da Fazenda (FERNANDES,2009). As diversas intervenções urbanas na área central de Vitória, a vinda e aumento das atividades de comércio e serviço e o crescimento demográfico, criaram a escassez de terrenos e tornaram a área valorizada (FERNANDES,2009).
FIGURA 02- Vista geral de Vitória 1860 FONTE: http://www.ibamendes.com/2012/08/fotos-antigas-de-cidades-do-espirito.html
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1.3. O ESVAZIAMENTO DO CENTRO DE VITÓRIA
Nos anos de 1960 e 1970 Vitória se con solidou como o principal centro terciário do estado e consequentemente teve sua mancha urbana e população aumentada. Os aterros criados além da área do Centro e a melhoria dos meios de transportes, desde a implantação do bonde elétrico, favorecem a formação de novos bairros. O Centro se tornou o local que concentrava comércio e serviço, sedes de repartições públicas municipais, estaduais e federais, lazer e diversão, e também a residência das classes econômicas mais altas da cidade (FERNANDES,2009). Os novos bairros formados como a Paria do Canto foram sendo povoados e consequentemente muitas atividades e serviços passaram a migrar para essas
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MAPA 01 - Edificações Abandonadas
áreas também. A nova dinâmica nos novos bairros da parte Norte da ilha tornaram-se destaque e alavancaram o processo de descentralização das atividades terciárias que até então eram desenvolvidas exclusivamente no Centro. A Praia do Canto teve o maior destaque na descentralização de Vitória na década de 1990 pois além da inauguração, em 1993, do Shopping Vitória, sobre o aterro do Suá; outros setores passaram ser transferidos aos poucos do Centro de Vitória para esta parte da cidade tais como: Assembleia Legislativa do Estado, o Tribunal de Justiça; Tribunal de Contas do Estado e Tribunal de Contas da União, dentre outros. As instituições do poder público que migraram do Centro para a “Enseada” trouxeram e agregaram enorme significado
simbólico e ideológico à nova área. (REIS, 2007). Com a descentralização e a migração de instituições, moradores e consequente desvalorização dos imóveis o Centro acelera um processo de degradação que transparece principalmente pelo abandono e desvalorização dos imóveis; a saída da classe média, assim como do poder público e a popularização do comércio. Dessa forma a paisagem urbana também resultou degradada, pois nesse desdobramento vieram as descaracterizações e desqualificações da arquitetura do lugar e dos edifícios históricos aliadas ao esvaziamento demográfico local (BOTELHO, 2005). Como pode ser observado no Mapa 01 o Centro de Vitória possui cerca de 100 imóveis vazios segundo um levantamento feito pela Associação de Moradores do Centro, dentre essas edificações e algumas possuem uso apenas no térreo. 1.4. PROCESSOS DE REVITALIZAÇÃO DO CENTRO DE VITÓRIA
Conforme visto anteriormente, o Centro Histórico de Vitória passou por um processo de esvaziamento em função da expansão da malha urbana da cidade. Apesar da migração para as novas áreas adensadas o Centro de Vitória permaneceu com sua função econômica abrigando atividades do setor terciário e as atividades portuárias. Diante desse cenário existe um fluxo intenso de pessoas e automóveis durante o horário comercial e pelo seu déficit habitacional os horários não comerciais e aos finais de semana o fluxo reduz drasticamente tornando assim uma região erma (ARAÚJO, 2012). Por ser uma área constituída ao longo de diferentes séculos, com sua conformação mais atual resultante das intervenções de meados do século XX, o Centro Histórico de Vitória possui uma infraestrutura consolidada e equipamentos tais como: hospitais, escolas, museus, teatros, parques, além de outros serviços oferecidos pela municipalidade. Com a migração da população esses equipamentos se tornaram, em parte, decadentes, ociosos e degradados (ARAÚJO, 2012). As discussões sobre uma política efetiva de revitalização da área central de Vitória surgem já na década de 1990, uma vez que desde a década de 1970 sinais de esvaziamento começaram a se tornar mais sensíveis e os investimentos passaram a ser concentrados na região Norte da ilha. Durante as administrações municipais de Paulo Hartung (1993-1996) e Luiz Paulo Vellozo Lucas (19972000) foi elaborado o projeto: “Vitória do Futuro: Plano Estratégico da Cidade, 1996-2010 que tinha como um dos seus temas a revitalização do Centro. Suas principais estratégias eram:
•Reverter e minimizar os impactos dos processos de desvalorização, esvaziamento e degradação do Centro, através da melhoria das condições de acesso e de permanência (PREFEITURA DE VITÓRIA,2002, p.10). •Evidenciar a identidade da área central, recuperando e potencializando suas vantagens paisagísticas, locacionais e infra estruturais, notadamente seu patrimônio cultural e natural, o porto, a baía, as instalações e os equipamentos e os serviços urbanos e a qualidade da moradia (PREFEITURA DE VITÓRIA,2002, p.10).
Em 2006 a prefeitura de Vitória criou ainda o “Plano Urbano Interativo do Centro” que tinha como intuito reviver a identidade local a partir da integração da comunidade e o poder público. Para isso considerava necessário requalificar/revitalizar ambiental e economicamente o lugar traçando diretrizes e ações para os projetos (ARAÚJO, 2012). Contudo, ainda que pese o empenho na elaboração e implementação parcial de tais planos e projetos, o quadro de degradação e obsolescência ainda se faz sentir em muitos pontos da área central. 1.5. O PATRIMÔNIO DE “BEM COMUM”
Com o esvaziamento dos centros os equipamentos, edificações e infraestrutura se tornaram ociosos e subutilizados. De forma genérica, uma das diretrizes para reabilitação de áreas centrais é a preservação da ambiência histórica a partir da conservação e manutenção das características do patrimônio construído. O patrimônio construído não pode ser considerado apenas de primeira grandeza, que são as edificações tombadas pela sua densidade histórica, arqueológica e artística (MARICATO,2000). Existem ainda edifícios cuja relevância é tomar parte no conjunto urbano sendo assim denominado “patrimônio banal” (DIOGO,2001). “Em muitas cidades, o patrimônio banal corresponde à maioria das edificações existentes nas áreas centrais. E são estes os imóveis que se encontram vazios, subutilizados e degradados, com reduzido valor de venda, sendo dessa forma o objeto das reformas e reciclagens para a habitação social” (DIOGO, 2001,p.2). Os edifícios considerados “banais” ou comuns também são fundamentais para caracterizar os centros, pois fornecem o tipo de parcelamento de lote, características das edificações, a relação dos imóveis com a rua, os materiais utilizados na construção e a tipologia dos adornos. Desta maneira concluímos que reciclar e reabilitar edifícios não tombados também é um ponto relevante na dinâmica desejada (MARICATO,2000). 21
Na França, por exemplo, existem as Operações Programadas para a Melhoria do Habitat - OPAH que concentram as diversas formas de intervenção num determinado perímetro urbano. Ou seja, algumas quadras são definidas como prioritárias para intervenção e são tratadas de maneira integrada. Nessas áreas os esforços concentram-se na utilização do patrimônio existente e não na demolição para posterior construção nova. Já em Portugal existem as intervenções mínimas que consistem na tentativa de aproveitamento máximo das estruturas existentes para reduzir os custos e tornar os investimentos compatíveis com faixa de renda da população moradora (DIOGO, 2001,p.2). Segundo Maricato (2000), é necessário que seja criada uma legislação de uso e ocupação do solo que viabilize a preservação desse “patrimônio comum”. Isso diminuiria a necessidade de demolições em uma operação consorciada por exemplo. Outro aspecto que deve ser abordado pela legislação é a utilização de instrumentos urbanísticos que controlem o uso do solo de modo que se faça cumprir a função social da propriedade (DIOGO,2001). A reciclagem e adequação de edifícios considerados patrimônio banal para novos usos é uma prática nova no Brasil, sendo necessário desenvolver além de uma legislação, produtos, técnicas e a capacitação de mão de obra para esse tipo de construção (DIOGO,2001).
equipamentos se concentram na parte baixa do bairro, que possui um fluxo mais movimentado durante o dia. Os espaços de lazer do bairro são o Parque Moscoso, o Parque Gruta da Onça, a Praça Costa Pereira, a Praça Getúlio Vargas e a Praça Ubaldo Ramalhate. O Centro de Vitória é ainda o palco de muitos eventos culturais como: o Viradão Cultural, o Festival de Cinema, em sua 24° edição, o Festival de Teatro, o concurso de marchinhas de carnaval, exposições de artistas capixabas e de fora do estado entre outras atrações. No âmbito econômico o Centro possui atualmente um comércio popular muito grande, sedes de empresas prestadoras de serviços, sedes de instituições públicas, além da movimentação portuária cotidiana. No ano de 1930 as atividades portuárias aumentaram as suas atividades, e em 1940 as atividades de negócios e serviços foram intensificadas na área central, o que acarretou na implantação de hotéis como o Hotel Pouso Real, o Edifício Tabajara e o Hotel Estoril (ARAÚJO,2012). Com a migração de moradores, empresas e sedes de órgãos públicos para as novas centralidades criadas na cidade de Vitória, os edifícios comerciais e habitacionais se tornaram ociosos, subutilizados e vazios.
1.6. O CENTRO HISTÓRICO
O Centro Histórico de Vitória é o bairro que abriga a memória da cidade, pois abriga, além de uma morfologia primitiva, baseada na ocupação da parte alta, diversas edificações de interesse histórico e de preservação. Apesar das diversas mudanças no sítio físico da área central com aterros e alargamento de vias; algumas edificações de maior densidade cultural foram preservadas. Ao todo o Centro de Vitória possui 51 pontos turísticos e culturais (PREFEITURA DE VITÓRIA, 2017). O núcleo original, popularmente conhecido como Cidade Alta abriga os edifícios religiosos como: a Capela de Santa Luzia, a Igreja de São Gonçalo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Convento de São Francisco, a Capela Nossa de Senhora das Neves, o Convento do Carmo e a Catedral Metropolitana de Vitória (Figura 04). Na parte alta ainda existe o Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. Os equipamentos culturais do Centro de Vitória são o Teatro Carlos Gomes (Figura 03), o SESC Glória, o Museu de Arte do Espírito Santo (MAES) (Figura 04), a Galeria Homero Massena, a Casa Porto, o Museu Capixaba do Negro, o Palácio Cultural Sônia Cabral e o Palácio Anchieta que também possui uma galeria de arte anexada a sua estrutura. A maioria desses 22
FIGURA 03- Teatro Carlos Gomes FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 04- Catedral Metropolitana de Vitória FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 05- Museu de Artes do Espírito Santo FONTE: Acervo Pessoal.2017.
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1.7. O EDIFÍCIO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS
FIGURA 06- Edifício Presidente Getúlio Vargas FONTE: Arquivo Público do Espírito Santo. S/D.
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Edifício Presidente Getúlio Vargas se localiza na Praça Costa Pereira e foi ocupado pela antiga sede do Instituto de Aposentados e Pensionistas da Indústria – IAPI e pelo antigo Hotel Cannan (Figura 06). O edifício conforme documento de projeto, arquivado na SEDEC, foi projetado pelo engenheiro civil Lindolfo Martins Ferreira e construído na década de 1950. Apresentando um vocabulário arquitetônico modernista pleno com elementos tais como pilotis; fachadas ortogonais e moduladas, sem adornos e terraço, pode-se ainda observar essas características em outros edifícios do entorno que contrastam com outros edifícios, notadamente os equipamentos culturais, heranças do ecletismo. O imóvel possui 12 andares, térreo com sobrelojas e um subsolo Figura 07 . O térreo possui lojas e entradas para o hotel e o espaço destinado ao departamento do antigo IAPI. O 1º pavimento foi projetado para restaurante e um espaço de eventos. As plantas do 2º ao 7º pavimento foram projetadas para receber salas comerciais e entre o 8º ao 12º pavimentos para suítes do hotel. Sua localização é privilegiada, pois no seu entorno próximo situam-se diferentes equipamentos culturais e históricos como: o Teatro Carlos Gomes, o SESC Glória, o Museu de Artes do Espírito Santo - MAES, o Palácio Anchieta, a própria praça Costa Pereira, a Catedral Metropolitana de Vitória, a Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música, conhecida popularmente como Fafi, e ainda a Galeria Homero Massena. O edifício Presidente Getúlio Vargas está implantado em frente à praça Costa Pereira (Figura 08). A praça é um dos mais significativos espaços históricos da capital por ser um local de bastante movimentação abrigando dois grandes teatros da cidade (Prefeitura de Vitória,2016). A praça durante o dia tem um fluxo mais intensificado, pois é utilizada por vendedores ambulantes que se instalam no local e por ser um local de passagem dos usuários que trabalham no seu entorno. O Teatro Carlos Gomes se conecta com o edifício Presidente Vargas através de uma rua de pedestres na sua lateral como pode ser observado na . Os eventos culturais que acontecem no Teatro Carlos Gomes e o Sesc Glória também geram um fluxo sazonal no entorno do edifício estudado. O edifício se localiza próximo da Rua Sete, onde se concentram bares e um fluxo de pedestres intenso. A rua também possui um núcleo de Samba forte com eventos constantes.
FIGURA 07- Edifício Presidente Vargas (2017) FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 09- Rua de pedestres lateral do Teatro Carlos Gomes FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 08- Vista da Praça Costa Pererira do Edifício Presidente Getúlio Vargas FONTE: Acervo Pessoal.2017.
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c a p í t u l o 2 A IMPORTÂNCIA DA VITALIDADE URBANA NAS ÁREAS CENTRAIS
O conceito de vitalidade urbana sintetiza o conjunto de características qualitativas de um local no qual as pessoas se sentem atraídas para usar/estar e geralmente concentram diversos tipos de atividades e relações econômicas (KOURY, 2015). Segundo Jacobs (2001) a ideia de “vitalidade” está ligada a interação social, a diversidade de usos e a qualidade dos espaços . O abandono dos centros urbanos torna esses locais inseguros, ermos e sem atrativos para que exista o uso e a vitalidade. Jacobs (2001) afirma que locais sem pessoas transitando diariamente em diferentes horários se tornam mais inseguros e menos atraentes. As ruas com o movimento ininterrupto atraem pessoas para vigiar e consequentemente atraem os olhos de moradores ou usuários das edificações para rua. A diversidade urbana é essencial para atrair pessoas a usufruir do espaço urbano, os bairros devem ter características básicas para gerar a variedade de usos nas ruas e bairros (JACOBS, 2001). A primeira das características é a multifuncionalidade dos bairros, ou seja, o uso não deve único e específico. Isso garante que as pessoas utilizem o espaço público e sua infraestrutura nos mais diversificados horários e para as mais diversas funções. A alta densidade de pessoas é necessária independente do uso e apropriação local, é importante ainda uma alta concentração de pessoas que tenham o propósito de habitar. Outra característica fundamental é a combinação de edifícios novos e antigos. Sobre este tópico a autora afirma que é provável que seja impossível obter ruas e bairros vivos sem as edificações antigas. Quando se refere a edifícios antigos, não são edifícios tombados ou edifícios que passaram por processo de reforma, mas sim edifícios comuns, simples e sem um alto valor, aqueles anteriormente identificados como “patrimônio de bem comum”. A mescla de prédios antigos nas cidades é fundamental para implantar uma diversidade de tipos de empresas nos bairros, pois algumas empresas locais, não se firmariam, 27
por exemplo, em edifícios novos. A autora também é contra o ciclo de demolição de edifícios antigos que não possuem valor substituível devido a sua história fincada no local por construções novas, higienizadoras e descontextualizadas da realidade local do bairro. Os edifícios antigos ou o “patrimônio de bem comum”, ociosos ou subutilizados nos centros urbanos em processo de degradação são referenciais da história local seja pela forma estilística como pelas atividades que eles abrigavam. O desuso, abandono e o uso monofuncional dos centros e seu conjunto edificado é prejudicial a vitalidade desses locais, já que a baixa diversidade de usos principalmente voltadas apenas para o comércio propicia a criação de vazios urbanos e imóveis subutilizados pois a diminuição do uso residencial culmina na falta de manutenção dessas áreas obsoletas (CLEMENTE, 2012). 2.1 A IMPORTÂNCIA DO USO NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO EDIFICADO
A arquitetura é dentre o conjunto de bens culturais produzidos pelo homem um testemunho da memória e da formação da identidade dos povos no decorrer da história. A preservação dos bens arquitetônicos abrange diversos aspectos do que é realmente considerado um monumento histórico, dentre eles o uso é considerado uma característica intrínseca. A arquitetura, por ser uma obra de arte utilitária, necessita de um constante uso para sobreviver e, quando chegam ao estado de ruínas significa que se tornaram ociosas. O processo de preservação de um edifício de valor cultural tem como uma de suas soluções a readaptação constante de seu uso, entretanto esse novo uso deve atender a tipologia arquitetônica do monumento (LYRA, 2005). Segundo Lyra (2005), os edifícios antigos devem a sua longevidade ao seu constante uso. No decorrer da sua história os monumentos sofreram modificações da sua tipologia para se adequarem às novas funções e uso. As adaptações diversas e sucessivas feitas, tornaram possível a sobrevivência de muitas edificações históricas. A incorporação do valor histórico à construção foi importante, pois sem essa noção os edifícios ociosos eram destruídos ou, caso fossem reciclados, as modificações que eram feitas para reutilizar as edificações causavam danos e perdas irreversíveis. Um exemplo histórico é a Roma renascentista onde materiais considerados nobres eram comumente retirados de templos e palácios da Antiguidade para serem empregados em edifícios novos, em pavimentos para parte urbana da cidade e até mesmo para se transformarem em cal. O Coliseu também teve toneladas de mármore travertino retirados para 28
serem usados em outras edificações até o século XVII (LYRA,2005). A importância das ruínas como testemunho de materiais de arquiteturas que não poderiam mais passar por processo de restauro surgiu apenas no fim do século XIX. As ruínas também são resultado da ociosidade das edificações e consequentemente decadência (LYRA, 2005). Adaptar edifícios para um novo uso é, na maioria das vezes, uma condição para sua conservação quando o seu uso original desaparece ou a arquitetura deixa de suprir as necessidades e exigências da sociedade. Historicamente, a arquitetura possui um histórico de substituições de funções de edifícios, estes passaram por adaptações para sobreviverem às mudanças sociais; os edifícios que não sofreram adaptações foram abandonados ou substituídos (LYRA, 2005). A mudança de uso de um edifício cultural deve ter como a primeira avaliação segundo Lyra (2005), a pertinência do novo uso em relação a preservação do monumento, ou seja, se a nova função condiz com a tipologia arquitetônica e a própria vocação. A tipologia arquitetônica de um edifício é resultado do seu uso original, o que é explicada pela diferença entre a forma das casas, igrejas, mercados e fábricas. A função original de um edifício é marcada permanentemente lhe conferindo assim um caráter que, por sua vez, é responsável por identificar uma linha vocacional ao edifício. Além de todos os aspectos fundamentais na avaliação para a inserção de um novo uso a um edifício a trajetória histórica e a relação singular com a comunidade na qual o edifício está inserido são fatores fundamentais a serem analisados (LYRA, 2005). O interesse pelo patrimônio edificado nos últimos anos tem aumentado exponencialmente. A a sua valorização não parte somente da sua relevância histórica, mas também por outros aspectos como o aumento populacional, o adensamento exacerbado e as deficiências do ambiente urbano que ocasionam problemas de ordem político-econômicos como: especulação imobiliária e exploração do turismo. O uso dos edifícios históricos como fonte cultural, social e econômica transformou-se em um tema de grande importância, e que deixa de ser uma questão apenas preservacionista. A Carta Europeia de Patrimônio Arquitetônico aborda a questão da ação conjunta entre o restauro e o desenvolvimento urbano, que buscam uma conservação integrada e funções adequadas ao edifício e espaço urbano. O uso do patrimônio edificado passa a ser entendido como um meio para a preservação e não o fim (CARBONARA, 1997 apud RODRIGUES & CAMARGO, 2010 ).
Nacional de Teatro Cidade de Vitória, Aldeia SESC, O Centro de Vitória tem abrigado movimentos Festival de Ópera entre outros. artísticos e culturais da cidade de Vitória, bem como os empreendedores criativos. Assim, baseado em entrevistas aplicadas a empreendedores criativos e pessoas que estão a frente desse grupo, o Centro tem sido um local pulsante onde, cada vez mais, as empresas do setor criativo tem se apropriado. A inserção de um local para abrigar este setor da economia é um ideia relevante já que é um setor em potencial crescimento no Estado do Espírito Santo. O ensino de Arte e Cultura em Vitória e na Região Metropolitana e a sua demanda foi um tópico abordado nas entrevistas e baseando-se pelas respostas a capital e demais cidades do entorno possuem demanda e esse tipo de ensino tem sido FIGURA10- Resultado Primeira Pergunta Questionário Online visto como parte da formação do cidadão e não FONTE: Questionário Google Online Elaborado e adaptadopela autora apenas do artista. Os eventos artísticos que existem na cidade de Vitória como : o Festival de Cinema, o Viradão Cultural, festivais de teatro e eventos pontuais promovidos por empreendedores criativos locais, ocorrem atualmente no Centro. Através das entrevistas realizadas pôde-se constatar que no espaço físico da Praça Costa Pereira e seu entorno, onde está localizado o Edifício do IAPI, os entrevistados afirmaram que se trata de um local dinâmico com um alto fluxo de pessoas e atividades, mas que precisa de ser melhor explorado com o estimulo ao seu uso para arte, cultura, lazer e entretenimento. Segunda Pergunta Questionário Online Foi elaborado ainda um questionário online, com o FIGURA12-Resultado FONTE: Questionário Google Online Elaborado e adaptadopela autora intuito de investigar as potencialidades do Centro na visão das pessoas que moram na Região Metropolitana de Vitória e sobre a relação que possuem com o bairro. O questionário foi difundido pelas redes sociais, e a coleta desses dados gerou gráficos com as respostas obtidas. Para a coleta de dados foram elaboradas 8 questões que foram respondidas por 55 pessoas, a primeira delas questionava se Vitória possui demanda por espaços de ensino para as artes . 83,6% dos entrevistados responderam que sim e 27,4% responderam que não (Figura 10). A segunda pergunta questionava se a arte e cultura são valorizadas em Vitória e região metropolitana. 30,9% dos entrevistados responderam que sim e 69,1% responderam que não (Figura 11). A terceira questão perguntava se a cidade de Vitória possui eventos artísticos seriados, com frequência anual. 52,7% dos entrevistados responderam que sim e 47,3% responderam que não (Figura 12). Como FIGURA13- Resultado Terceira Pergunta Questionário Online completo a terceira pergunta a quarta questão pedia FONTE: Questionário Google Online Elaborado e adaptadopela autora que fossem listados os eventos conhecidos pelos entrevistados, e os eventos citados foram: Viradão Cultural, Festival de Cinema de Vitória, Festival 2.2. A ARTE E CULTURA COMO UM NOVO USO
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As questões 5, 6 e 7 questionavam se os entrevistados frequentavam o Centro de Vitória, com qual frequência e em qual turno. 45,5% dos entrevistados responderam que frequentam e 54,5% responderam que não (Figura 13). Com relação a frequência
FIGURA14-Resultado da 5ª e 6ª Pergunta Questionário Online FONTE: Questionário Google Online Elaborado e adaptadopela autora
FIGURA15-Resultado 7ª Pergunta Questionário Online FONTE: Questionário Google Online Elaborado e adaptadopela autora
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14,5% dos entrevistados responderam que sempre frequentam, 50,9% eventualmente frequentam e 34,5 % nunca frequentam (Figura 14). O turno mais frequentado foi o noturno (Figura15).
A oitava e última pergunta era sobre a Economia Criativa e questionava se um local para que esse tipo de atividade a cidade era desejável ou não. 89,1% dos entrevistados responderam que sim e 10,9% responderam que não (Figura 16). Com base nas entrevistas e aplicação de questionários observa-se que o Centro de Vitória possui potencial para explorar ainda mais as atividades e equipamentos existentes e a criação de novos equipamentos que incentivem as atividades artísticas, culturais e criativas que tem tomado força no bairro, bem como o seu uso noturno que tem sido resgatado de forma gradativa.
FIGURA16-Resultado 8ªPergunta Questionário Online FONTE: Questionário Google Online Elaborado e adaptadopela autora
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2.3. NOVOS USOS, HABITAÇÃO E O ED. PRESIDENTE GETULIO VARGAS
A inserção de um novo uso ao Edifício Presidente Getúlio Vargas proporcionará à preservação de uma edificação importante na trajetória evolutiva do Centro de Vitória. lém do estado material do edifício, busca-se também o desenvolvimento da vitalidade urbana no bairro, como já foi explicitado. O Programa Morar no Centro da Prefeitura Municipal de Vitória tem o objetivo de revitalizar a área central da capital dando uma nova função social aos edifícios abandonados ou subutilizados, transformandoos em habitações de interesse social (PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA,2014). O Morar no Centro é um dos projetos que compõem o Programa de Revitalização do Centro que busca resgatar por meio de ações integradas o Centro de Vitória como espaço de cultura, história, lazer, negócios e moradia(Prefeitura Municipal de Vitória,2014). Via de regra, os novos usos dados aos edifícios subutilizados em áreas centrais, estão voltados para a questão da habitação com objetivos de suprir um déficit habitacional existente no país; entretanto, considerando os conhecimentos até aqui expostos, depreende-se que essas áreas centrais, para serem preservadas e manterem sua vitalidade, devem ainda ter um uso mais abrangente, diversificado e voltado para o bem estar, lazer e desenvolvimento humano do cidadão; onde a equação de desenvolvimento passe a ser um meio, e não uma finalidade, para a
preservação e a vitalidade desejada. Desta forma, paralelamente aos projetos já existentes de habitação nos centros, faz-se necessário o emprego e a difusão de outros usos que dialoguem com a dinâmica local do bairro e cumpram o desejado papel social no desenvolvimento do cidadão e na estrutura da cidade, tais como as atividades relacionadas ao ensino e capacitação para a arte, cultura, lazer e entretenimento, presentes em uma Escola de Artes que possa representar o papel de grande Fórum deste conhecimento. 2.4. A DIVERSIDADE CULTURAL E A ECONOMIA CRIATIVA EM VITÓRIA
O Centro de Vitória abrigou no passado a primeira instituição de ensino das artes , o Instituto de Belas Artes, e atualmente abriga a Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música (FAFI) e a Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES). Além das instituições de ensino, o Centro é palco de eventos artísticos como o Festival de Cinema Vitória Cine Vídeo (Figura 17) e o Viradão. A cidade de Vitória possui distintas atividades culturais, entretanto, o Centro de Vitória abriga expressões de arte tradicionais como o samba, presente na Rua Sete, no Bar da Zilda e na Escola de Samba Unidos da Piedade, situada no morro da Fonte Grande. A escola de samba além de produzir eventos mensalmente, também oferece o ensino de música, em instrumentos específicos e atividades remuneradas para os moradores do seu entorno.
FIGURA17- Cartazes do 24º Festival de Cinema que ocupou a rua de pedetres de acasso ao edifício Presidente Getúlio Vargas. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
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FIGURA18- Ensaio aberto no coletivo Expurgação. FONTE: http://bustopart.wixsite.com/stopart/corredor-criativo-nestor-gomes
Segundo dados colhidos pela Findes em uma pesquisa publicada em 2015, o Centro de Vitória é considerado o local que possui o maior número de empreendimentos criativos. O espaço de maior expressão é o chamado Corredor Criativo Nestor Gomes (GLOBO.COM, 2015). O objetivo do Corredor Criativo Nestor Gomes é incentivar o território criativo do Centro de Vitória através de eventos culturais gratuitos. O corredor é composto por 23 empreendimentos relacionados à indústria criativa e localizado na Rua Nestor Gomes, nas imediações da Praça Costa Pereira. A iniciativa produz apresentações de palcos musicais, vivências em ateliês, cursos e capacitações, residências artísticas, exposições, programas de valorização do patrimônio histórico, intervenções urbanas e mostras audiovisuais. Dentre os empreendimentos está o “Expurgação” (Figura 18) uma empresa de produção audiovisual que também produz eventos como o projeto “Ensaio Aberto” que leva bandas locais para tocar em seu espaço onde o público se apropria da rua para assistir. Nesse corredor encontram-se ainda a “Companhia de Artes Cênicas Folgazões”, o
“Instituto Goia”, “Instituto Quorium”, o “Kyria Espaço Ateliê”, entre outros. A Rua Sete de Setembro, popularmente chamada de “Rua 7”, também é um local que abriga alguns empreendimentos como “OPARQUE” que é uma startup, que também produz eventos culturais; a “Casa Stael” que reúne moda, arte, design, turismo, musica, gastronomia e eventos; e a “Editora e Café Cousa” que além de editar livros também produz eventos literários. A Rua Gama Rosa possui um movimento de lazer peculiar já que nela são instalados bares que produzem eventos no turno da noite. Além dos bares, também abriga duas lojas colaborativas o “Studio ETÁ” e a “Das Pretas Colab Store”. O Centro de Vitória possui um expoente potencial para abrigar mais empreendedores ligados a economia criativa já que possui uma grande oferta de espaços com custo acessível e ser um bairro dinâmico e de grande fluxo em horários comerciais.
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2.5. ESTUDOS DE CASO
Será apresentado um conjunto de estudos de caso a seguir, com objetivo de melhor compreensão das dinâmicas de requalificação de espaços préexistentes voltados ao setor do lazer, entretenimento, arte e cultura, além da relação próxima com o caráter criativo e colaborativo dos empreendimentos atuais. O objetivo específico dos três estudos de caso é desenvolver e basear as decisões de projeto para a Refuncionalização do Edifício Presidente Getúlio Vargas. As análises feitas sobre os edifícios estudado foram importantes, tornando possível pontuar e observar necessidades programáticas para o projeto de intervenção na próxima etapa. O Alphabeta London Building e o Gagosian Gallery – Mayfair, na capital inglesa, foram selecionados pois tiveram seus usos originais modificados para o emprego de atividades criativas, artísticas e tecnológicas. A Praça das Artes, em São Paulo, foi estudada pelo seu programa de atividades de ensino e prática de atividades artísticas. As características, requalificações e conclusões se encontram em um quadro síntese ao final do capítulo.
FIGURA19-Edifício Alphabeta Londondo FONTE: http://newlondondevelopment.com/nld/project/alphabeta_14_finsbury_square_ec2
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2.5.1 ALPHABETA LONDON
O edifício situa-se em Londres, entre os bairros Silicon Roundabout, um distrito onde se concentram as empresas de alta tecnologia, e Shoreditch, considerado um bairro criativo e multicultural que abriga estúdios de arte, bares e pubs. O Alphabeta é um local de multi-ocupação compartilhada por empresas de mídia, de tecnologia e criativas. O programa do edifício nega os espaços de trabalho tradicionais criando assim uma atmosfera mais despojada. A requalificação do edifício, projeto do escritório Studio RHE, foi realizada partindo de seu interior e, posteriormente, no exterior. O complexo é resultado da fusão de três antigos edifícios tradicionais na paisagem londrina, construídos entre 1910 e 1930 que em 1980, juntos, formaram o Triton Court (Figura 19)(GRIFFITHS, 2015). A edificação possui nove andares e 20.000 m², a fachada foi mantida e o seu interior totalmente modificado com a requalificação. Nesta proposta o átrio central é considerado um local ativo com 750m², iluminação natural, contando com uma recepção integrada a um bar para reuniões casuais, mesas grandes de reunião, cafeteria, biblioteca, quadra de basquete, estúdios de yoga e uma academia de ginástica(ARCHDAILY BRASIL,2017).
Do átrio é possível visualizar, através de um vidro, uma rampa para bicicletas (Figuras 20 e 21) que direciona os ciclistas para um bicicletário no pavimento inferior (GRIFFITHS, 2015). O subsolo possui local para armazenamento de 250 bicicletas, um vestiário e uma oficina de reparos mecânicos que oferece suporte aos usuários (ARCHDAILY BRASIL,2017).
FIGURA 20-Rampa interna para ciclistas FONTE:https://www.dezeen.com/2015/09/16/studio-rhealphabeta-london-finsbury-circus-first-cycle-in-office/
FIGURA 21-Rampa interna para ciclistas
FONTE: https://www.dezeen.com/2015/09/16/studio-rhe-alphabeta-london-finsbury-circus-first-cycle-in-office/
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Os pavimentos superiores possuem salas de reuniões que transpassam os pavimentos com caixas envidraçadas (Figura 22), desencontradas, formando uma composição irregular quando visualizadas desde o térreo. Por serem envidraçadas as salas permitem os usuários observarem as atividades que ocorrem na recepção (Figura 23) (GRIFFITHS, 2015). As torres históricas existentes no edifício foram convertidas em espaços para reunião. O telhado
FIGURA 22- Átrio central, escada e recepção.
FONTE:http://www.archdaily.com.br/br/803226/alphabeta-studio-rhe
FIGURA 24- Vista do terraço para torre histórica.
FONTE:https://www.dezeen.com/2015/09/16/studio-rhe-alphabeta-london-finsbury-circus-first-cycle-in-office/
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antigo foi substituído por andares de escritórios com grandes aberturas e terraços que proporcionam visuais para o horizonte londrino (Figuras 24 e 25 ) (ARCHDAILY BRASIL,2017). O projeto manteve alguns elementos excêntricos e complexos do edifício histórico, revelando alvenarias em sua materialidade construtiva, liberando alturas de forro que variam e mudanças de nível sem acabamentos (ARCHDAILY BRASIL,2017).
FIGURA 23-Salas de reuniões em balanço no átrio central
FONTE:http://www.archdaily.com.br/br/803226/alphabeta-studio-rhe
FIGURA 25-Vista do interna para torre histórica.
FONTE:https://www.dezeen.com/2015/09/16/studio-rhe-alphabeta-london-finsbur y-circus-first-cycle-in-office/
2. 5.2 GAGOSIAN GALLERY - MAYFAIR
A galeria está localizada em Mayfair um bairro londrino que é circundado de artes desde 1870. A sua implantação teve como objetivo trazer diversidade para a área, de modo que o bairro se mantenha próspero, criativo e com usos diversificados. O edifício, da década de 1960, anteriormente abrigava residências, escritórios em seus dois primeiros pavimentos e estacionamento no subsolo. Em 2012, através do projeto de requalificação dos escritórios TateHindle Architects e Caruso St John, os dois andares de escritórios foram transformados em um edifício contemporâneo (Figura 26), e adaptado para abrigar uma galeria de renome mundial, a Gagosian Gallery, com filiais em diferentes cidades nos EUA, Europa e Ásia (TATEHINDLE ARCHITECTS,2016). Na requalificação, o primeiro andar do edifício teve a laje da parte oeste removida, criando uma galeria espaçosa de pé direito duplo. A parte leste manteve a laje e abriga escritórios administrativos, uma biblioteca e salas de exibições privadas para os clientes (TATEHINDLE ARCHITECTS,2016). A requalificação do edifício o transformou em uma estrutura de estilo contemporâneo, neutro e de linhas limpas. As aberturas foram propostas de maneira que não prejudicassem o interior da galeria, portanto foram criadas vitrines, algumas para exposição de informativos e outras para permitir a entrada de luz e permeabilidade visual (Figura 27). Externamente, o edifício foi revestido por tijolos romanos cinza claro artesanais, de formato mais alongado que o padrão de tijolos comuns (Figura 28) (TATEHINDLE ARCHITECTS 2016).
FIGURA 26-Fachada Gagosian Gallery
FONTE:https://www.bloglovin.com/blo gs/arch-daily-375859/see-all-36-winners -2016-riba-london-awards -4865104259
FIGURA 27- Fachada Gagosian Gallery
FONTE:https://www.bloglovin.com/blo gs/arch-daily-375859/see-all-36-winners -2016-riba-london-awards -4865104259
FIGURA28- Fachada Gagosian Gallery e espaço público externo
FONTE:https://www.architectsjournal.co.uk/buildings/csj-at-25-gagosian-gallery-grosvenor-hill-by-caruso-st-john-and-tatehindle/8690738.article
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2.5.3 PRAÇA DAS ARTES
O complexo de arte localizado no Centro de São Paulo, projeto do escritório Brasil Arquitetura, começou ser construído em 2006 e foi inaugurado em 2012, possui uma área total de 28.500 m². A região central da cidade é um lugar que contém as marcas e memórias das diferentes épocas da evolução da cidade, como por exemplo a arquitetura do Conservatório Dramático e Musical. Entretanto, enfrentava um processo de grande degradação com lotes e edifícios vazios ou subutilizados no seu entorno imediato. A morfologia da vizinhança é marcada por edifícios de distintas épocas e gabaritos; entretanto a diversidade e o potencial vital do entorno próximo tornam o local privilegiado e repleto de urbanidade. (PORTAL VITRUVIUS, 2013). O projeto da Praça das Artes teve como objetivo induzir a requalificação da área central de São Paulo e não apenas atender à carência de apoio ao Teatro Municipal de São Paulo que foi incorporado ao complexo (Figura 29). O programa de necessidades é focado no ensino e prática de música e dança (Figura 30). As atividades ligadas à música integradas ao complexo são representadas pelas sedes das orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório, dos corais Lírico e Paulistano e do Quarteto Municipal de Cordas; além de abrigarem a Escola FIGURA29- Fachada Praça das artes voltada para Avenida São João FONTE:http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura.
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Municipal de Música e a Sala de Concertos do antigo Conservatório Dramático e Musical. As atividades de dança são desenvolvidas pelo Balé da Cidade e pela Escola de Bailado (PORTAL VITRUVIUS,2013). O projeto do conjunto de edifícios ainda conta com um Centro de Documentação, a Discoteca Oneyda Alvarenga, o Museu do Teatro restaurantes, cafés, áreas de convivência, galeria de exposições, áreas administrativas e estacionamento (PORTAL VITRUVIUS,2013). FIGURA 30- Sala de ensaio para danças.
FO N T E : h tt p : / / w w w. a rc h d a i l y.co m . b r/ br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura.
FIGURA 31-Vista externas das esquadrias desritmadas.
FONTE: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.151/4820
O terreno disponível para a intervenção era a junção de uma série de lotes que se interligavam no miolo da quadra principal. A ideia inicial do projeto partiu desse miolo e se desenvolveu em três vetores distintos: Vale do Anhangabaú (Rua Formosa), Avenida São João e a Rua Conselheiro Crispiniano (PORTAL VITRUVIUS,2013). Os novos edifícios implantados foram projetados de maneira que dialogassem com os edifícios já existentes, o Conservatório Dramático e Musical e o Cine Cairo. O conjunto edificado, em concreto aparente na cor ocre, estabeleceu harmonia ao entorno, através do seu acabamento. O novo grande edifício possui o pavimento térreo livre, possibilitando aos pedestres atravessarem o terreno para os três sentidos possíveis. O percurso pode ser feito a céu aberto ou protegido por marquises na “travessa das artes“ ou galeria aberta como é nomeada (Figura 31). No projeto o térreo livre ainda conta pontos comerciais e um restaurante (PORTAL VITRUVIUS,2013). O módulo “Corpos Artísticos” construído na Rua Formosa, concentra as atividades profissionais das diferentes orquestras e corais, além dos corpos de baile. O módulo “Escolas” abriga as atividades didáticas das escolas de música e bailado (Figura 32) (PORTAL VITRUVIUS,2013). O edifício anexo ao Conservatório Dramático e Musical foi transformado em um centro gerenciador dos departamentos e
setores que integram o complexo. Na nova torre, de concreto, de coloração vermelha, funcionam os escritórios administrativos e estão concentrados os halls de acesso, a circulação vertical, os sanitários, os vestiários e os shafts de instalações prediais. Por concentrar a entrada e saída dos usuários este edifício é considerado o coração geográfico do complexo (Figura 33 ) (PORTAL VITRUVIUS,2013). FIGURA 32-Esquema volumétrico da implantação do complexo.
FONTE:http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura.
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A fachada do antigo Cine Cairo na Rua Formosa (Figura 34) foi mantida e integrada ao módulo “Corpos Artísticos” . O Conservatório Dramático e Musical além do processo de restauro na fachada e alguns ambientes internos, também passou por uma requalificação do seu interior para receber os novos usos: a Sala de Concertos e o Museu do Teatro). As fachadas dos edifícios históricos foram objeto de intervenção cromática, na cor branca, contrastando com a cor ocre e o vermelho do concreto aparente empregado nos edifícios novos do complexo . O módulo de estacionamento se localiza no subsolo e seu acesso é pela Rua Conselheiro Crispiniano com saída pela Rua Formosa (PORTAL VITRUVIUS,2013).
FIGURA 33-Edifício anexo ao Conservatório Dramático e Musical. FONTE:http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura.
FIGURA 34- Fachada do antigo Cine Cairo na Rua Formosa. FONTE:http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=910554&page=12.
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2.6. CONCLUSÃO DOS ESTUDOS DE CASO
As análises e estudos dos edifícios a seguir utilizam a metodologia que divide a composição dos edifício por temas, alguns desses temas foram fundamentados por Pause e Clarck,1983. Os temas analisados foram: implantação, conteúdo, perspectiva dominantes, composição, definição espacial, estrutura e forma, hierarquia, equilíbrio, ritmo, sequência de cheios e vazios e circulação. A partir dos diferentes casos pode-se observar que é possível transformar um edifício mudando o seu uso original de maneira que beneficie o entorno trazendo a desejada vitalidade que preserva o edifício e a sua história. O Edifício Alphabeta em Londres além de ser reformulado a sua estrutura para um novo uso, também trouxe à tona com a rampa para ciclistas, a tendência moderna de valorização da bicicleta. O projeto Praça das Artes exemplificou como a inserção de um edifício com um uso diversificado pode ser um elemento indutor de revitalização de um centro urbano. 41
TABELA SÍNTESE DOS ESTUDOS DE CASO
ANÁLISE
ALPHABETA LONDON Worship St, Londres
CONTEXTO/ SITUAÇÃO
42
IMPLANTAÇÃO
Ocupa a área inteira do lote, alinhado a calçada, que por sua vez na lateral possui um espaço amplo.
CONTEÚDO/PROGRAMA
Escritórios, café, restaurantes, biblioteca, academia, bar, quadra de basquetes, terraços, estacionamento para bicicletas, vestiários, oficina de reparos para bicicletas e espaços de reuniões informais.
VISUAIS E PERSPECTIVAS DOMINANTES
O principal acesso ao edifício fica situado em frente ao Parque Finsbury Square Garden, que possui visuais privilegiada do edifício e suas torres.
GAGOSIAN GALLERY
PRAÇA DAS ARTES
20 Grosvenor Hill, Mayfair, Londres
Av. São João, 281 - Centro São Paulo - SP, Brasil
Ocupa a área inteira do lote, alinhado a calçada.
Não ocupa a área inteira do lote,tem alguns espaços vazios deixa alguns espaços recuados e descobertos.
Galeria de artes, escritórios administrativos, biblioteca Salas de aula, de ensaios para música e dança, e salas privadas de exposição e atendimento aos escritórios administrativos, galeria para exposições, clientes. restaurantes, cafés, Museu do Teatro, áreas de convivência, vestiários e estacionamento.
O edifício ocupa toda a sua área do lote, entretanto as vias que o circundam são preferencialmente de pedestres, como pode ser visto na imagem a visual predominante e significativa é da parte mais baixa do edifício onde funciona a galeria de artes.
A visual predominante da Praça das Artes no nível do pedestre é a fachada que se localiza na Avenida São João no trecho exclusivo para pedestres, considerada como acesso principal e que possui o contraste entra fachada antiga do Conservatório Dramático e Musical, e a do novo anexo revestido de concreto.
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ANÁLISE
ALPHABETA LONDON
COMPOSIÇÃO:COMPLEXA OU SIMPLES
A composição do edifício é complexa, pois ele é resultado da fusão de três edifícios distintos. No seu exterior é possível distinguir as três tipologias de fachadas. O interior foi reorganizado e remodelado.
DEFINIÇÃO ESPACIAL
ESTRUTURA E FORMA 44
Destaca-se na volumetria torreões de inspiração classicizante e déco, com diferente ritmo das aberturas externas de cada edifício.
O conjunto possui três formas diferentes no seu exterior já que é composta por três edifícios de estilos distintos.
GAGOSIAN GALLERY
PRAÇA DAS ARTES
A composição do edifício é simples e harmônica, A composição do conjunto é complexa já que sendo fácil o entendimento do volume em sua possui justaposição de blocos e fachadas históricas totalidade. integradas aos novos volumes.
O edifício apesar de ter uma composição simples e uma forma limpa possui um ritmo e alinhamento das aberturas diferentes. No bloco da galeria de exposições são epregadas janelas/vitrines e na parte onde funcionam os escritórios as anelas são postas ritmadas.
O edifício novo tem como caracterítica as janelas desritimadas. O edifício tem como elementos de destaque as duas fachadas históricas que se distiguem pelo estilo arquitetônico e cor.
O volume do edifício é formado por uma caixa de O conjunto de edifícios possui uma volumetria por dois andares que ocupa todo o terreno e por uma justaposição de caixas. As formas simples dos prédios torre alta de apartamentos não seguem um padrão e são feitas adaptadas às possibilidades do terreno. 45
ANÁLISE
HIERARQUIA
EQUILÍBRIO: SIMETRIA E ASSIMETRIA
RITMO 46
ALPHABETA LONDON
As torres dos edifícios históricos são imponentes se relacionadas com o resto do conjunto edificado. O conjunto também delimita claramente o espaço público e privado.
É um conjunto com forma assimétrica e sem equilíbrio já que é composto por três fachadas distintas.
O edifício possui diferentes ritmos de elementos e aberturas em cada uma das fachadas justapostas, por isso o conjunto não possui um ritmo homogêneo.
GAGOSIAN GALLERY
PRAÇA DAS ARTES
O edifício não possui uma forma mais imponente e O conjunto de blocos não possui uma hierarquia delimita claramente o espaço público e privado. volumétrica e o seu acesso e forma não delimitam claramente o espaço público e privado já que o térreo é livre e possibilita o trafégo de pedestres livremente.
É um conjunto assimétrico devido a justaposição dos É um conjunto assimétrico devido a justaposição dos dois blocos e a falta de rítmo das aberturas. blocos, a integração das fachadas históricas e a falta de rítmo das aberturas.
O edifício não possui um ritmo na sua parte externa Os elementos de fachadas empregados no conjunto não devido a forma e posicionamento das aberturas. possuem rítimo e a forma edificada não é equlibrada. 47
ANÁLISE
ALPHABETA LONDON
Os elementos de abertura na fachada marcam os cheios e vazios do conjunto edificado. CHEIOS E VAZIOS
CIRCULAÇÃO E USO
48
O edifício possui acesso por duas ruas e a circulação para o subsolo acontece do centro através de uma escada e pela rampa para ciclistas. O acesso para os pavimentos superiores esta localizado nas laterais, já que interiormente existe um átrio centralizado.
GAGOSIAN GALLERY
PRAÇA DAS ARTES
Os elementos de abertura na fachada e o recuo das O blocos justa postos do conjunto edificado e muitas paredes na parte lateral do edifício marcam os cheios vezes desencontratado e sua aberturas que avançam e vazios do conjunto edificado. as fachadas marcam os cheios e vazios dos prédios.
O edifício possui acesso por três ruas. A circulação O edifício possui acesso por três ruas e a circulação da galeria de pé direito duplo para as salas de acontece vertical principal acontece em apenas um exposições privadas é feita por um corredor. edifício. O térreo é livre, portanto a circulação não é demarcada claramente. Os pavimentos superiores também não seguem um padrão devido o complexo ser uma justaposição de blocos.
49
50
c a p í t u l o 3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO E ENTORNO IMEDIATO
Neste tópico é desenvolvido uma análise investigativa da área de estudo, entorno do objeto de projeto, apresentando a caracterização e o diagnóstico urbanístico da área delimitada. Assim, apresenta uma análise da legislação local vigente, da morfologia urbana, do uso e ocupação do solo, das potencialidades de usos e funções, das vias de circulação, do gabarito, da paisagem cultural e da semiótica do ambiente urbano. A delimitação da área foi feita a partir de um raio de aproximadamente 300 metros do edifício, para compreensão imediata do objeto de projeto, no âmbito de uma área própria para a experiência de um usuário caminhante em uma jornada por aquela área do Centro. 51
0
35
0
25
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140 m
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m
Edifício Getulio Vargas Área Estudada Zona de Ocupação Preferencial (ZOP1/01)
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MAPA 02 - Zoneamento Urbano
MAPA 02- ZONEAMENTO URBANO
3.1. LEGISLAÇÃO URBANA
O Edifício Getúlio Vargas se localiza no Centro de Vitória, sendo uma das edificações da Praça Costa Pereira. Essa área é definida pelo Plano Diretor Urbano de Vitória (PDU) como uma Zona de Ocupação Preferencial (ZOP1/01). Segundo o PDU é uma zona que é composta por áreas que passam por um processo acelerado de transformação urbana e por áreas desocupadas. Os objetivos dessa zona são: induzir, sob a coordenação do Poder Público, os processos de transformações urbanas; preservar visuais de marcos significativos da paisagem urbana; estimular o uso múltiplo, com interação de usos residenciais e usos não residenciais (Lei nº 6.705, de 2006). Os índices urbanísticos estabelecidos na ZOP1/01 permitem que a taxa de ocupação máxima (TO) seja de 75%, a taxa de permeabilidade (TA) mínimo de 10% e o coeficiente de aproveitamento (CA) de 1,5 para residencial unifamiliar, condomínio residencial unifamiliar, de 1,95 para condomínio residencial multifamiliar e de 2,25 para uso misto (residencial e não residencial). O gabarito é de até 8 pavimentos para residencial unifamiliar, condomínio residencial unifamiliar, condomínio residencial multifamiliar e para uso misto não existe um número máximo de pavimentos. A zona estabelece afastamento frontal mínimo de 4,00 m; afastamento lateral isento até 2 pavimentos e acima deste valor é necessário um afastamento mínimo; e afastamento dos fundos da edificação é isento até 2 pavimentos e acima deste valor é necessário um afastamento mínimo estabelecido pela legislação. 53
70
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25
50
100
150
200
m
Edifício Getúlio Vargas Edificações Edificações Históricas Área Estudada 54
MAPA 03- Morfologia Urbana
MAPA 03 - MORFOLOGIA URBANA
3.2. MORFOLOGIA URBANA
Conforme o Mapa 03 a malha urbana da área estudada é orgânica e oriunda da ocupação primitiva do período colonial na Vila da Vitória. A forma orgânica também é consequência da declividade e irregularidade do terreno, no passado confrontado com o mar por meio de enseadas. Apenas na atual região próxima à baía de Vitória a malha viária se torna ortogonal e com maior dimensão, pois resultam da apropriação do espaço mediante aterros. Na região ocupada primariamente as vias são tortuosas e estreitas. Observa-se também que os lotes são irregulares, principalmente nas áreas de topografia mais acentuada, as edificações em sua maioria ocupam quase todo o terreno, não obedecendo os parâmetros de afastamento e coeficientes estabelecidos pelo atual PDU. A área estudada é bastante adensada, existindo poucos lotes vazios.
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0
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m
Serviço
Misto
Institucional
Edificações
Comércio
Residencial
Edifício Getulio Vargas
Área Estudada
MAPA 04 - Uso do Solo
MAPA 04- USO DO SOLO
3.3. USO DO SOLO
No levantamento de dados feitos na área de estudos foi observado que a Avenida Jerônimo Monteiro e a Praça Costa Pereira concentram mais edificações de uso comercial e de serviços, tais como: agências bancárias, edifício com salas comerciais, farmácias e lojas de vestuário, calçados e utilidades do lar. Nessa área ainda é possível observar que alguns edifícios possuem atividades apenas no térreo deixando os demais pavimentos vazios. No entorno da Catedral Metropolitana observa-se mais o uso residencial e alguns poucos serviços. A Rua Sete de Setembro é predominantemente de uso misto com o térreo com atividade comerciais como: armarinhos, óticas, joalherias, cosméticos, loja de vestuário, loja de artesanato, farmácias, bares, restaurante e padaria; nos demais pavimentos acumula o uso residencial e de serviço. O uso residencial fica concentrado na parte interior do bairro, em ruas menos movimentas, estreitas e nas partes mais elevadas, em direção ao maciço da Fonte Grande. A área possui usos mistos predominantes em toda sua extensão. Segundo o PDU, os usos presentes na área de estudo estão adequados, de acordo com a legislação vigente, pois segunda a Lei 6.705 as atividades estão compatíveis com as estabelecidas para o local. 57
2
1
0
Rua Sete de Setembro Rua Nestor Gomes Rua Gama Rosa 58
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Praça Costa Pereira
Edifício Getulio Vargas
2
Praça Ubaldo Ramalhete
Área Estudada
m
MAPA 05 - POTENCIALIDADES DE USOS E FUNÇÕES MAPA 05 - Usos e Funções
3.4. POTENCIALIDADES DE USOS E FUNÇÕES
Existe na área estudo uma grande oferta em opções de comércio e serviços e pouca oferta de empreendimentos de lazer, entretenimento e que sirvam de apoio aos edifícios voltados para cultura na região. Existe uma grande oferta de comércio que funcionam apenas no horário comercial, deixando o bairro ermo no período noturno e nos fins de semana. Embora existam bares, botequins, pubs e restaurantes que funcionam no horário não comercial estes estão concentrados em poucas ruas como a Rua Gama Rosa e a Rua Sete de Setembro (Mapa 05). A praça Costa Pereira (Mapa05) é bastante utilizada durante a semana, ao longo do dia, como um local de passagem, sendo ocupada por vendedores ambulantes, moradores de rua e religiosos. No período da noite e nos fins de semana a praça fica subutilizada, ou seja, deserta e sem vitalidade. À sua volta estão situados o Teatro Carlos Gomes e o Teatro Sesc Glória que são dois equipamentos voltados para o lazer e cultura na cidade, que podem ser considerados potenciais indutores de desenvolvimento neste espaço público. A praça Ubaldo Ramalhete Maia (Mapa05) é utilizada constantemente pelos moradores e por pessoas que trabalham nesta área. Durante a semana ela é ocupada por pessoas que utilizam as mesas de jogos e no horário de almoço ela é um local de relaxamento e encontro das diferentes pessoas ali transitam. No horário noturno não existe muito movimento e aos sábados, no turno matutino, acontece uma feira livre na Rua Sete de Setembro, o que traz um grande fluxo de pessoas para esta praça. A Rua Nestor Gomes possui na sua extensão vinte e três empreendimentos voltados para a Economia Criativa que, juntos, formaram o Corredor Criativo Nestor Gomes; cujo coletivo tem o objetivo de valorizar a cultura local. Além desses empreendimentos a área possui outros coletivos e empresas criativas em outros pontos, como na Rua Gama Rosa e também na Rua Sete de Setembro. A poligonal possui potencial de atrair empresas do setor criativo e de promover eventos culturais, além de ser um local para atrativos noturnos como bares, casas noturnas e restaurantes. 59
0
35
70
* * 0
60
*
Escadaria
Via Local
Via de Pedestres
Via Arterial Metropolitana
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50
100
150
200
m
Ponto Nodal Edifício Getulio Vargas Área Estudada
MAPA 06 - Vias de Circulação
MAPA 06- VIAS DE CIRCULAÇÃO
3.5. VIAS DE CIRCULAÇÃO
As vias de circulação podem ser entendidas como locais onde as pessoas circulam habitualmente, potencialmente e ocasionalmente. E podem ser ruas, alamedas, avenidas, linhas de trem, canais (LYNCH, 1997). Assim, observa-se na Avenida Jerônimo Monteiro uma via expressiva, pois possui um alto fluxo de veículos e transeuntes. Segundo o PDU ela é classificada como uma via Arterial Metropolitana. Tal tipo de via é responsável por interligar municípios, coletando e distribuindo o fluxo de veículos dos centros metropolitanos que possuem grande concentração de atividades. (PLANO DIRETOR URBANO,2006 ou a lei?) A via possui atividade comercial intensa levando a um alto fluxo de pedestres em sus calçadas. As vias no perímetro da Praça Costa Pereira são bem movimentadas, pois recebem o fluxo do interior do bairro. A praça é um local de passagem de muitos pedestres que estão adentrando ao bairro ou indo ao comércio que existe no local e na própria praça, para além dos vendedores ambulantes. Conclui-se então que a praça e seu entorno são considerados um ponto nodal que segundo Lynch, (1997) são pontos da cidade que possuem conexões de vias ou algum tipo de concentração de pessoas e veículos. Aos finais de semana a via arterial possui um fluxo reduzido de veículos e pedestre, já que o fluxo está diretamente relacionado ao horário comercial das lojas e serviços. As vias locais permanecem com um fluxo de pedestres alto durante o dia, mas no horário noturno apenas as vias que possuem comércio a noite são movimentadas como por exemplo a Rua Gama Rosa. As vias locais de bairro possuem um baixo e médio fluxo de veículos, a Rua Sete de Setembro é segmentada, com um trecho que é fechado apenas para pedestres, o fluxo de pedestres é alto já que sua extensão é provida de comércio por todo trecho. Devido ao fluxo reduzido as vias locais possuem estacionamento rotativo com o uso de sistema de parquímetro instalado pela prefeitura, oferecendo um grande número de vagas. A área também possui escadarias que fazem a ligação entre as vias mais planas para as vias nas áreas mais elevadas, uma delas é a Escadaria São Diogo que liga a Praça Costa Pereira à parte alta do Centro, onde se localiza a Catedral Metropolitana. 61
0
35
0
Até 2 pavimentos 3 a 6 pavimentos
62
7 a 12 pavimentos
25
70
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140 m
100
150
200
m
Área Estudada
13 a 21 pavimentos MAPA 07 - Gabarito das Edifiações
MAPA 07- GABARITO DAS EDIFICAÇÕES
3.6. GABARITO
Como pode ser observado no Mapa 07 a maioria das edificações são de gabarito baixo, entre 1 e 4 pavimentos. As edificações mais altas, que podem chegar até 20 pavimentos, estão concentradas em sua maioria na parte mais nova, proveniente dos aterros, a partir da Avenida Jerônimo Monteiro, onde existem edifícios altos, de uma nova geração, como o próprio Ed. Getúlio Vargas. Essas edificações assinalam uma fase em que Vitória estava se modernizando e o Centro passando por um processo de valorização pelo setor imobiliário abrigando prédio de instituições públicas e privadas, a partir dos anos 1950 (FERNANDES,2009). A concentração das edificações mais baixas caracterizam a ocupação primária situada em terrenos com topografia mais irregular. Nota-se que a área é bem ocupada, mas não muito verticalizada e muito adensada. Segundo o Plano Diretor Urbano Lei nº 6.705, de 2006) as edificações de maneira geral estão com alturas corretas já que o gabarito máximo estabelecido é de até 8 pavimento para residencial unifamiliar, condomínio residencial unifamiliar, condomínio residencial multifamiliar e isento de limite para edificações com uso misto. 63
0
25
50
100
150
200
m
Equipamentos Culturais Edifício Getulio Vargas Área Estudada 64
MAPA 08- PAISAGEM CULTURAL MAPA 08 - Paisagem Cultural
3.7 PAISAGEM CULTURAL
A cidade de Vitória manteve sua feição e traçado colonial até o começo do século XX, a partir desse período algumas mudanças urbanísticas foram feitas, com intuito de modernizar a capital. Foram efetuados aterros na região central e adjacências, assim como, obras viárias para a acompanhar as demandas da nova dinâmica comercial da cidade. Entretanto o seu núcleo histórico permaneceu com um acervo cultural de edifícios históricos datados desde o século XVI até o século XX, relevantes para memória da sociedade local. A região do Centro possui capelas, igrejas, fortes, teatros, monumentos históricos como pode ser observado no Mapa 07. (PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA, 2010) Para Maurice Halbwachs, em A Memória Coletiva (2013), a apropriação de um espaço ocorre quando os pensamentos e as ações do grupo social envolvido se vinculam às imagens exteriores, ou seja, quando há a consolidação dos hábitos dos indivíduos à materialidade que os cerca. O espaço humano é, em qualquer período histórico, resultado de uma produção. “O ato de produzir é igualmente o ato de produzir espaço”. O homem, que devido à sua própria materialidade física é ele mesmo espaço preenchido com o próprio corpo, além de ser espaço também está no espaço e produz espaço. (Barros, 2004) Conforme Guedes Junior (2011), as cidades e conglomerados urbanos, mais do que o conjunto de ruas, prédios, praças e monumentos, se definem como espaços de relações sociais e pessoais, e são estas que constroem sua imagem, sua identidade, seu valor afetivo e efetivo. Segundo o IPHAM a Paisagem Cultural é entendida, assim, sempre como conjunto espacial composto de elementos materiais construídos associados a determinadas morfologias e dinâmicas naturais, formas estas que se vinculam a conteúdos e significados dados socialmente (IPHAM, 2015). Nesse sentido a paisagem cultural identifica as relações históricas ocorridas em diversos momentos da história entre a natureza local e a comunidade, que por sua vez explicam como foi o surgimento do patrimônio material e imaterial (NASCIMENTO; SCIFONI, 2010). O Centro de Vitória é carregado de memória já que foi o local da formação inicial da cidade e consequentemente do seu desenvolvimento, possui um acervo grande de patrimônios materiais, com os seus edifícios e casarões históricos e imateriais, que são as relações e tradições da população com o bairro. A Cidade Alta, parte do bairro que foi ocupada primariamente, por se tratar de um local estratégico
é a região que mais guarda a história do bairro. A maioria das igrejas, palácios, casarões antigos estão concentrados nessa área mais alta, o que torna esse local singular comparado ao bairro e a cidade como um todo. Os edifícios históricos encontrados na área estudada são conservados de forma isolada e não como um conjunto já que não prospera a percepção de um centro histórico formado pela diversidade. O Centro de Vitória possui 51 pontos turísticos e culturais segundo a Prefeitura Municipal de Vitória, como pode ser visto no Mapa 07, dentre os edifícios os que mais se destacam são: o Teatro Carlos Gomes, Teatro Sesc Glória (Figura 35), a Catedral Metropolitana, o Palácio Anchieta, o Museu de Artes do Espírito Santo (MAES) e a Escola Técnica de Teatro, Dança e Música do Espírito Santo (FAFI) . As praças do circuito cultural do Centro são de extrema relevância já que são espaços públicos historicamente muito utilizados pelos habitantes como é o exemplo da Praça Costa Pereira. A parte mais baixa do bairro é possível ver a diferença na tipologia das edificações, pois são edificações mais modernas. A expansão foi responsável também por aproximar e aumentar a relação doo mar com os habitantes.
FIGURA 35- Teatro SESC Glória FONTE: Acervo Pessoal.2017.
65
4
3
2 1 5 0
1 2 3 4 5
Ambiência - Av. Jerônimo Monteiro Ambiência - Praça Costa Pererira Ambiência - Rua Sete de Setembro Ambiência - Rua Gama Rosa Ambiência - Rua Nestor Gomes 66
25
50
100
150
200
m
Edifício Getulio Vargas Área Estudada MAPA 09 - Semiótica do Ambiente Urbano
MAPA 09- SEMIÓTICA DO AMBIENTE URBANO
3.8 SEMIÓTICA DO AMBIENTE URBANO
O Centro de Vitória é um bairro de caráter único devido a diversidade de estilos arquitetônicos, as edificações possuem características históricas, como as construídas ainda no período colonial, características advindas também dos ideais de embelezamento do passado, e características que marcam o início da modernização da capital em meados do século XX. Os edifícios são carregados de simbolismo não apenas pela sua forma, mas sim pela história que contam do bairro do seu surgimento, crescimento e consolidação. O levantamento de dados e fotográfico feito com idas a campo na área de estudo foi fundamental para que fosse feita uma análise da Semiótica do Ambiente Urbano, que nada mais é a compreensão do local através da observação das construções e seus significado e evolução, e sua relação com a sociedade. Para essa análise foi necessário compreender a relação entre um conjunto de tópicos como: arquitetura, paisagismo, desenho urbano, história, cultura. O cruzamento dessas informações e observações auxiliou a compreender os problemas de cunho formal e funcional de construção e organização da região, as características distintas encontradas na mesma área de estudo e as potencialidades que podem ser exploradas no bairro. As mudanças ocorridas no sítio físico da área de estudo ao longo dos anos, em decorrência doas aterramentos feito próximo a baía de Vitória no século XX, criou ambiências diferentes dentro da poligonal. Para uma análise mais detalhada dessas características a área foi dividida em 5 ambiências como pode ser observada no Mapa 09. 67
FIGURA 36-Ambiência Avenida Jerônimo Monteiro. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 38- Vendedores ambulantes na Avenida Jerônimo Monteiro. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
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FIGURA 37- Ambiência calçada Avenida Jerônimo Monteiro. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
AMBIÊNCIA 01 – AV. JERÔNIMO MONTEIRO Esta é uma área de transição, como pode ser observada no Mapa 09, entre a parte com edificações mais antigas do Centro para uma área modernizada na metade do século passado. Observa-se que ela possui edificações com características ecléticas, protomodernistas e modernas (Figuras 36 e 40). A urbanização promovida nessa área impulsionou o setor comercial que já era bem forte nessa antiga linha de proximidade com o mar; sendo assim essa uma região com maior presença de atividades comerciais desde o passado. A área possui tipologias diversas como por exemplo edifícios modernistas mais verticalizados, de uso mist (Figura 39), e edificações ecléticas com gabarito baixo e atividades comerciais no térreo. Ao longo da Av. Jerônimo Monteiro nota-se um grande número de agências bancárias, lojas de vestuário e ainda muitos vendedores ambulantes (Figuras 37 e 38) que se apropriam das calçadas causando embaraço e congestionamento de pedestres em horários de pico. O fluxo de pessoas e veículos é mais intenso nessa área nos dias de semana e no horário comercial. O teatro Sesc Glória implantado na avenida traz um fluxo pequeno para a área no turno noturno e aos finais de semana. FIGURA 39- Ambiência calçada Avenida Jerônimo Monteiro FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 40- Praça 8 -Avenida Jerônimo Monteiro. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
69
FIGURA 41- Ambiência Praça Costa Pereira. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 42- Ambiência Praça Costa Pereira. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
70
AMBIÊNCIA 02 – PRAÇA COSTA PEREIRA A Região da Praça Costa Pereira que por sua vez também é o entorno imediato do Edifício Presidente Vargas, é uma área que conta a história do passado do bairro (Figura 41) e possui edificações importantes da história (Figura 42) local como o Teatro Carlos Gomes. Entretanto edifícios mais novos também se encontram implantados ali como é o caso do próprio objeto de estudo. O comercio nessa área acontece nas edificações do entorno da praça que são históricas, entretanto, foram pintadas algumas com cores vibrantes e instalados letreiros grandes causando uma poluição visual (Figura 43). Além das edificações o comércio acontece na própria praça com os vendedores ambulantes que utilizam barracas desmontáveis como pode ser observado na (Figura 44). FIGURA 43- Lojas Praça Costa Pereira. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 44 - Vendedores ambulantes na Praça Costa Pereira. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
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FIGURA 45- Ambiência trecho exclusivo para pedestres na Rua Sete de Setembro. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 46- Ambiência trecho exclusivo para pedestres na Rua Sete de Setembro FONTE: Acervo Pessoal.2017.
72
AMBIÊNCIA 03 – RUA SETE DE SETEMBRO A Rua Sete Setembro é um local de constante movimento com um trecho exclusivo para pedestres. As edificações não obedecem um padrão, o comércio do térreo utiliza letreiros grandes e despadronizados criando uma ambiência poluída visualmente. Os bares que estão situados nessa via movimentam o local durante a noite e que contribuem para a cultura de samba do Centro de Vitória, além de tornar o bairro um local atrativo e movimentado. As edificações são predominantemente de uso misto, com comércio diversificado (Figura 46) ; bares (Figura 48) que movimentam o local durante a noite e que contribuem para a cultura de samba do Centro de Vitória. Os restaurantes atendem as pessoas que trabalham no local e não são atrativos do ponto de vista turístico por não serem locais aconchegantes e esteticamente atraentes. A variedade de usos garante a área um senso de vitalidade e apropriação do seu espaço público como a Praça Ubaldo Ramalhete Maia (Figuras 45 e 47) que é usada por moradores e pessoas que trabalham na área. A praça como mostra a Figura 3é um local arborizado e com um microclima agradável, possui um mobiliário conservado e favorável para lazer e descanso e, possui uma banca de revista (que ajuda movimentar ainda mais o local. As edificações ao longo da rua não são antigas possuem características protomodernas e modernas.
FIGURA 47- Vendendor de frutas na Rua Sete de Setembro. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 48- Bar situado na Rua Sete de Setembro. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
73
FIGURA 49- Ambiência Rua Gama Rosa FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 50- Bar na Rua Gama Rosa FONTE: Acervo Pessoal.2017.
74
AMBIÊNCIA 04 – RUA GAMA ROSA A Rua Gama Rosa é uma via com uso residencial e misto, as lojas (Figura 49) funcionam em horário comercial, mas seus bares (Figura 50) e coletivo) funcionam aos finais de semana e no período da noite, caracterizando-a como uma área boêmia. As tipologias das edificações são modernas e protomodernas (Figura 50) e os gabaritos são altos já que existem muitos edifícios residenciais bastante verticalizados (Figura 51).
FIGURA 51- Ambiência Rua Gama. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 52- Edificação modernista na Rua Gama Rosa. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
75
FIGURA 53- Escadaria na Rua Nestor Gomes FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 54- Ambiência da Rua Nestor Gomes FONTE: Acervo Pessoal.2017.
76
AMBIÊNCIA 05 – RUA NESTOR GOMES É uma rua ocupada por coletivos e empreendimentos voltados para economia criativa(Figura 54 e 55). O fluxo de carros e transeuntes é pouco intenso(Figura 53), entretanto quando os coletivos promovem eventos o público se apropria da rua, esses eventos ocorrem geralmente no horário noturno. As edificações são edificações antigas, protomodernas e modernos (Figura 56). O uso dominante da área é o uso misto, entretanto observa-se que muitos imóveis dessa região se encontram subutilizados ou vazios não fazendo cumprir sua função social de propriedade privada e cooperando para tornar o local ermo.
FIGURA 55- Coletivo Expurgação. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 56- Coletivos na Rua Nestor Gomes FONTE: Acervo Pessoal.2017.
77
FIGURA 57- Praรงa Costa Pereira. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
78
3.9 CONCLUSÃO DO DIAGNÓSTICO
Conclui-se que área de estudo, no entorno do Edifício Getúlio Vargas possui um entorno com muita história e singular ponto de vista tipológico. O ambiente do Centro de Vitória possui problemas com relação a vitalidade urbana, entretanto também possui equipamentos e espaços públicos com potencial, que se bem explorados podem ajudar na reabilitação do bairro. O público frevquentador da área estudada é de trabalhadores e de pessoas que habitam a área, como o aumento de eventos nos equipamentos culturais e nos coletivos tem atraído também pessoas de outras áreas da cidade para o lazer ofertado. O edifício, objeto de projeto, está situado próximo a dois teatros que atraem um público significativo quando apresentam eventos ou peças. O aspecto abandonado é uma problemática já que torna a ambiência pouco atrativa. Contudo, a infraestrutura urbana é bem servida, com vias bem estruturadas, saneamento básico e equipamentos urbanos. O bairro do Centro de Vitória passou por uma fase de descaracterização durante a seu desenvolvimento, entretanto abriga muitas construções que contam a história da cidade e sua formação sendo assim, a sua Paisagem Cultural é relevante e alvo de valorização. Desta maneira a conservação do patrimônio histórico (sendo ele material ou imaterial) e do patrimônio de ‘bem comum” (Edifício Presidente Getúlio Vargas) é importante para a memória do bairro. A praça Costa Pereira (Figura 57)é um espaço público subutilizado que possui potencial para ser melhor explorada e palco de eventos em todos os turnos. A refuncionalização do edifício Getúlio Vargas e o uso misto proposto será positivo para a vitalidade do entorno. 79
80
e n s a i o
d e
p r o j e t o
4.1. ESTADO FÍSICO DO EDIFÍCIO
O Edifício Getúlio Vargas é Patrimônio da União e de acordo com a Secretaria de Obras e Habitação da Prefeitura Municipal de Vitória foi selecionado como uma das opções, dentre edificações vazias no Centro de Vitória, paro o programa Morar no Centro. A Semohab PMV disponibilizou as imagens feitas para o levantamento fotográfico do estado físico atual do edifício feito no ano de 2014, e o arquivo digital em formato DWG do projeto original do edifício elaborado em 1952, que atualmente está no arquivo da Secretaria De Desenvolvimento Da Cidade de Vitória. Assim foi utilizado o levantamento feito pela Semohab PMV em 2014, pois o edifício encontra-se isolado, em condições insalubres e, no mês de maio de 2017 foi ocupado por um grupo de famílias que permaneceu no local até o mês de Julho de 2017, quando foram removidas. O edifício de 13 pavimentos de acordo com o projeto original, disponibilizado pela Semohab PMV, possuía um programa que contemplava três usos distintos, lojas, salas comerciais e um hotel. O levantamento fotográfico cedido possibilitou identificar as mudanças físicas feitas no edifício, comparando o projeto original disponibilizado , com a situação física atual após modificação para abrigar a sede do Instituto de Aposentados e Pensionistas da Indústria. Entretanto o projeto de Refuncionalização do edifício será feito com base no projeto original já que não existe um levantamento das modificações de alvenarias feitas após a modificação do uso.
81
4.1.1 SUBSOLO
Segundo a Semohab PMV o subsolo quando foi elaborado o levantamento estava inundado por água e esgoto (Figuras 58 e 59) impossibilitando o acesso e o registro fotográfico do pavimento. O projeto original do edifício mostra que nele funcionava a cozinha do restaurante do hotel, a lavanderia, possuía também vestiários, depósitos, áreas técnicas (sala de medidores e reservatórios de água) e uma garagem para carga e descarga (Figura 60).
FIGURA 58- Vista do térreo para o Subsolo FONTE: PMV.2014.
FIGURA 59- Vista do térreo para o Subsolo FONTE: PMV.2014.
1
82
RAMPA PARA RUA
INCLINAÇÃO =17,4%
DEPÓSITO
FRIGORÍFICO
SALA DOS MEDIDORES PARA LUZ E FORÇA
DEPÓSITO
COZINHA
M.C.
PORTARIA DE SERVIÇO
PROJEÇÃO DA ÁREA
1
E.S.
ELEV.
ELEV.
CAIXA D'ÁGUA SUBTERRANEA
NOBRES
CHAM.
PASSAGEM
VESTIÁRIOS (HOMENS) GARAGEM
LAVANDERIA
VESTIÁRIOS (SENHORAS)
PLANTA BAIXA SUBSOLO ESCALA: 1 : 150 FIGURA 60 FONTE: PMV.2017.
83
4.1.2. TÉRREO
No pavimento térreo de acordo com o projeto original existiam dois acessos diferentes um para as salas comerciais e outro para o hotel como pode ser observado na (Figura 67), que são os usos dos pavimentos tipo do edifício antes da reforma para abrigar a sede do IAPI. O elevadores também eram utilizados pelos dois usos simultaneamente e ainda existe no térreo uma entrada de serviço. Como pode ser observado nas fotos (Figuras 61,62 e 63), a parede que divida o térreo foi retirada na reforma para instalação do IAPI deixando o térreo com apenas uma entrada principal. As lojas da parte direita as entradas principais possuíam acessos individuais, com a reforma as alvenarias que que dividiam as paredes foram retiradas tornando em um único cômodo com espaços divididos por divisórias de PVC(Figuras 64,65 e 66).
1
1
FIGURA 61 Vista do térreo.
FIGURA 62- Vista do térreo.
FIGURA 63- Vista do térreo.
FIGURA 64- Vista do térreo.
FIGURA 65- Vista do térreo.
FIGURA 66- Vista do térreo.
FONTE: PMV.2014.
FONTE: PMV.2014.
2
84
1
FONTE: PMV.2014.
FONTE: PMV.2014.
2
FONTE: PMV.2014.
FONTE: PMV.2014.
2
DESCE
RAMPA PARA O SUB SOLO
LOJA E
100,45m²
DELEGACIA DO I.A.P.I. SOBE
128,90m²
SOBE
W.C.
LAV.
2
SOBE
SERVIÇO MÉDICO
LOJA D 71,60m²
W.C.
LAV. W.C.
W.C. LAV. ESCRITÓRIOS ENTRADA DOS
SOBE
M.C.
SOBE
LAV.
ÁREA
1
HALL
PORTARIA 100,45m²
26,00m²
38,70m²
GALERIA
ELEV. E.S W.C.
W.C.
CABINES MESA TELEF.
NOBRES
CHAM.
LAV.
ENTRADA DO HOTEL
RECEPÇÃO DO HOTEL SOBE
SOBE
89,00m²
HALL
LAV.
W.C.
W.C.
LAV.
SOBE
LAV.
ELEV.
SOBE
LOJA A 67,23m²
LOJA B 52,05m²
LOJA C
100,45m²
PLANTA BAIXA 1º PAVTO. ESCALA: 1 : 150 FIGURA 67 FONTE: PMV.2017.
85
4.1.3. 1º PAVIMENTO - SOBRELOJAS
O pavimento das sobrelojas foi modificado, a projeção está diferente do projeto original e algumas mudanças físicas foram feitas entretanto apenas com as fotografias não foi possível identificar o local exato das fotos.
FIGURA 68 - Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV.
FIGURA 69- Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV.
FONTE: PMV.2014.
FONTE: PMV.2014.
FIGURA 70- Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV.
FIGURA 71- Foto do1º Pavimento -Sobreloja feito pela a PMV.
FONTE: PMV.2014.
86
FONTE: PMV.2014.
DESCE
SOBRE LOJA 94,60m²
DELEGACIA DO IAPI 155,75m²
LAV
DESCE
W.C.
GABINETE DO DELEGADO 26,03m²
DESCE
LAV
W.C.
LAV
W.C.
W.C.
DESCE
MC
LAV
SOBRE LOJA D
HALL
121,49m²
10,86m²
DEPÓSITO
W.C.
LAV
DESCE
DESCE
ELEV.
ELEV.
NOBRES
ESCRITÓRIO DO HOTEL
VAZIO DE ENTRADA DO HOTEL
21,49m²
W.C.
W.C.
LAV
LAV
DESCE
DESCE
SOBRE LOJA C SOBRE LOJA A 65,05m²
SOBRE LOJA B
93,70m²
45,01m²
PLANTA BAIXA SOBRELOJAS ESCALA: 1 : 150 FIGURA 72 FONTE: PMV.2017.
87
4.1.4. 2º PAVIMENTO
O segundo pavimento que abrigava o restaurante, um salão de eventos e uma varanda/jardim demonstrado nas Figuras 73,74, 75 e 76 com a reforma a varanda/ jardim foi fechada , elevando as alvenarias laterais, e criando externamente um aspecto estético diferente do idealizado no projeto original. O pavimento também possui paredes em estado degrado e condenado (Figura 77).
1
FIGURA 73- Vista do 2ºpavimento. FONTE: PMV.2014.
FIGURA 74- Vista do 2ºpavimento. FONTE: PMV.2014.
1
FIGURA 76 - Vista do 2ºpavimento. FONTE: PMV.2014.
2
88
FIGURA 75- Vista do 2ºpavimento. FONTE: PMV.2014.
2
FIGURA 77- Vista do 2ºpavimento. FONTE: PMV.2014.
2
JARDIM
RESTAURANTE CAIXA
COPA
20,45m²
TOILETE SENHORAS
SOBE
M.C.
W.C. HOMENS
2
HALL
JARDIM
CHAPELARIA ELEV. E.S
ELEV.
1
NOBRES
CHAM.
SALÃO
518,45m²
JARDIM
PLANTA BAIXA 2º PAVTO. ESCALA: 1 : 125 FIGURA 78
FONTE: PMV.2017.
89
4.1.5. 3 º AO 12º PAVIMENTO - PAVIMENTOS TIPO
O edifício possui dois tipos de pavimento tipo um com salas comerciais Figura 84 e outro com suítes para hospedagem Figura 89. O levantamento fotográfico revelou que não existe um padrão de revestimento para pisos e paredes das áreas comuns do edifício, e os existente em alto grau de deterioração. Nos corredores é possível identificas nas Figuras 80,82 e 83 a inexistência de revestimento no piso e, nas áreas molhadas é possível observar que as tubulações estão aparentes e os shafts com as vedações danificadas.
FIGURA 79- Foto do levantamento fotográfico dos Pavimentos Tipo. FONTE: PMV.2014.
FIGURA 81- Foto do levantamento fotográfifico dos Pavimentos Tipo. FONTE: PMV.2014.
FIGURA 80- Foto Circulação dos pavimentos tipo. FONTE: PMV.2014.
FIGURA 82- Foto Circulação dos pavimentos tipo. FONTE: PMV.2014.
1
90
1
FIGURA 83- Foto Circulação dos pavimentos tipo. FONTE: PMV.2014.
2
SALA
SALA
SALA
SALA
WC
WC
SALA
SALA WC
WC SALA
SALA
WC SALA
1 SALA
SOBE
LAV
SALA
HALL
2 COPA ELEV. E.S
ELEV.
SALA
NOBRES
CHAM.
WC SALA
LAV
WC
SALA
WC WC SALA
SALA
SALA
WC
WC
SALA
SALA
SALA
PLANTA BAIXA 3ยบ AO 7ยบ PAVTOS. ESCALA: 1 : 150 FIGURA 84 FONTE: PMV.2017.
91
1
FIGURA 85- Foto Esquadrias degra dadas.
FONTE: PMV.2014.
1
FIGURA 86- Foto Esquadrias degradadas. FONTE: PMV.2014.
FIGURA 87- Foto Circulação vertical dos pavimentos tipo.
FONTE: PMV.2014.
2
92
FIGURA 88- Foto Banheiro dos pavimentos tipo. FONTE: PMV.2014.
3
SANIT. (B) QUARTO
QUARTO
SANIT. (A) SALA QUARTO
SANIT. (B)
SANIT. (B) QUARTO
QUARTO
SANIT. (B)
SANIT. (B) QUARTO
QUARTO
SANIT. (B)
SANIT. (B) QUARTO
QUARTO SANIT. (B)
1
SOBE
2
SANIT. (B) QUARTO
HALL
COPA ELEV.
ELEV.
NOBRES SANIT. (B)
E.S CHAM.
QUARTO
SANIT. (B) QUARTO
QUARTO SANIT. (B)
SANIT. (B) QUARTO
SANIT. (B)
QUARTO
SANIT. (B) QUARTO
3
QUARTO
SALA SANIT. (A)
QUARTO SANIT. (B)
PLANTA BAIXA 8ยบ AO 12ยบ PAVTOS. ESCALA: 1 : 150
FIGURA 89
FONTE: PMV.2017.
93
4.1.6. COBERTURA
O telhado foi projetado para receber as áreas técnicas como a sala de exaustores e salas de máquina dos elevadores (Figuras 91, 92 e 93) . Atualmente o telhado está bem deteriorado (Figura 90), com as telhas de Eternit quebradas e mofadas, entretanto nenhuma mudança física foi feita no pavimento.
FIGURA 90- Foto Telhado degradado.
FIGURA91- Foto Casa de máquinas .
FONTE: PMV.2014.
FONTE: PMV.2014.
1
FIGURA 92-Foto da área técnica.
FIGURA 93- Foto da área técnica.
FONTE: PMV.2014.
FONTE: PMV.2014.
2
94
2
2
FIGURA 94- Foto escada para reservatório superior. FONTE: PMV.2014.
2
1 SALA DE EXAUSTORES
HALL
SOBE
DESCE
2 SALA DE MÁQUINAS
CHAM.
PLANTA DE COBERTURA ESCALA: 1 : 150 FIGURA 95 FONTE: PMV.2017.
95
4.1.7. FACHADAS
As fachadas do edifício estão deterioradas, com pichações, marcas de infiltração e mofo. O térreo ainda está vedado por tapumes, bastante poluído visualmente pelas pichações e cartazes que são constantemente colados e possui pouca iluminação natural tornando assim o ambiente escuro (Figura 98). As esquadrias que ficam aparentes nas fachadas principal, lateral direita, e esquerda, estão com suas madeiras danificadas (Figura 97). A fachada posterior é coberta por brises, que necessitam de manutenção, entretanto como pode ser observado no projeto original não existe a representação dos elementos de proteção solar (Figura 96).
FIGURA 97- Esquadrias degradadas. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
FIGURA 96- Elementos de Sombreamento da fachada oeste do edifício. FONTE: PMV.2014.
FIGURA 98- Fachada principal para a rua de pedestres. FONTE: Acervo Pessoal.2017.
96
FACHADA PRINCIPAL ESCALA: 1 : 500
FACHADA LATERAL ESQUERDA ESCALA: 1 : 500
FACHADA POSTERIOR ESCALA: 1 : 500
FACHADA LATERAL DIREITA ESCALA: 1 : 500
FIGURA 99 FONTE: PMV.2017.
97
4.2 A PROPOSTA
A proposta de novo uso busca valorizar e se tornar mais um local atrativo no Centro de Vitória, além de ser um suporte aos equipamentos do seu entorno, como por exemplo a rua de pedestres lateral onde se encontra a fachada e acessos principais. O projeto traz modernidade e jovialidade ao espaço, contrapondose ao estilo monótono do edifício atual. A paleta de cores estabelecida foi de tons neutros e frios como cinza e preto e a textura de madeira, tom quente para quebrar monotonia. As decisões de projeto levaram em consideração a estrutura física já edificada, reduzindo ao máximo modificações estruturais no edifício por isso a modulação existente de vãos e pilares foram mantidas. A quebra da verticalidade do edifício em relação ao seu entorno e a integração do térreo com a rua de pedestres lateral também foram premissas que nortearam decisões de projeto. Uma rampa para bicicletas e um bicicletário amplo foram ações pensadas para incentivar o uso deste modal. 4.2.2 OBJETIVO
O objetivo do projeto é dar um novo uso ao edifício Presidente Vargas, transformando o espaço em um lugar que abrigue: centro de artes; escritórios, voltados para economia criativa e opções de lazer, como apresentado anteriormente. O novo uso pensado para o edifício deverá proporcionar uma maior dinâmica para o espaço urbano local; bem como, lazer, serviços e educação para a comunidade em toda a Região Metropolitana. Espera-se que os usuários do edifício sejam de diferentes classes sociais e faixa etárias. Para alcançar esse objetivo foi elaborado um programa de necessidades com múltiplas possibilidades para o edifício. 4.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES
Os diferentes usos propostos no edifício geraram 3 abordagens de necessidades. Lazer, e comércio, que ficaram distribuídos no subsolo, térreo, primeiro e segundo pavimento; com lojas amplas que podem abrigar bares, cafés e livrarias; podendo ser administradas pelo Setor Privado. A segunda abordagem do programa de necessidades é para o Centro de Artes, concentrado no térreo e entre o terceiro e o sétimo pavimento. Este conta com salas para atividades com música, dança e teatro; sendo administrado e gerido por iniciativas do Terceiro Setor. O terceiro programa é o que atende escritórios, entre o oitavo e décimo segundo pavimento, que são voltados para empreendimentos de economia criativa, setor esse que possui grande ascendência no entorno do edifício. 98
SUBSOLO Cozinha Despensa Vestiários Bicicletário Oficina para bicicletas Depósitos TÉRREO Lojas Recepção Central Administração da Escola de Artes/ Edifício Banheiros Acesso Principal Acesso de Serviço (Carga e Descarga) 1º PAVIMENTO (SOBRELOJA) Galeria Banheiros Loja Depósito Administração do Edifício Presidente Vargas 2º PAVIMENTO Restaurante Galeria para Exposições de Artes/Sala de Palestras Banheiros Varandas 3º E 4º PAVIMENTO Salas de Ensaio de Dança Banheiros 5º PAVIMENTO Salas de Teatro Banheiros 6º E 7º PAVIMENTO Salas de Música Banheiros 8º AO 12º PAVIMENTO Salas Empresariais Flexíveis Banheiros
4.4. O PARTIDO
O processo projetual se deu a partir do entrelaçamento do novo uso proposto para o edifício, a estrutura física existente e o seu entorno. O partido foi ilustrado a princípio por um quadro conceitual (Figura 100) com imagens de elementos existentes no entorno, e elementos desejáveis para o projeto. O projeto busca se inserir na paisagem de modo que a sua nova roupagem não agrida as edificações antigas do seu entorno como o Teatro Carlos Gomes e o Teatro Sesc Glória. A proposta de novo uso busca valorizar e se tornar mais um local atrativo no Centro de Vitória, além de ser um suporte aos equipamentos do seu entorno, como por exemplo a rua de pedestres lateral onde se encontra a fachada e acessos principais. O projeto traz modernidade, jovialidade ao espaço contrapondo com o estilo modernista do edifício e monótono do edifício atual. A paleta de cores estabelecida foi de tons neutros e frios como cinza e preto e a textura de madeira, tom quente para quebrar monotonia. As decisões de projeto levaram em consideração a estrutura física já edificada, reduzindo ao máximo modificações estruturais no edifício por isso a modulação existente de vãos e pilares foram mantidas. A quebra da verticalidade do edifício em relação ao seu entorno e a integração do térreo com a rua de pedestres lateral também foram premissas que nortearam decisões projetuais. A rampa para bicicletas e um bicicletário amplo foram ações pensadas para incentivar o uso deste modal.
FIGURA 100- Quadro Conceitual. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
99
FIGURA 101
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.5. ACESSOS E FLUXOS
Os acessos propostos para a refuncionalização ocorrem nas três vias que circundam o edifício. O acesso principal permanece na Rua Carlos Gomes onde somente transitam pedestres. Na Rua Barão de Itapemirim, em frente à Praça Costa Pereira, foi proposto um acesso indireto, através da Loja B, situada na esquina do edifício de modo a incentivar os usuários a transitarem pelo espaço comercial e de ligar a praça à edificação. O acesso de serviço e dos ciclistas foi proposto pela Rua do Rosário, onde no projeto original já existia essa entrada para carga e descarga. O maior fluxo previsto com o novo uso se dá pelo centro do edifício, onde está o acesso principal, entretanto, deverá existir um fluxo significativo na entrada da Rua do Rosário, já que foi previsto um bicicletário no subsolo e a cozinha do restaurante. 101
FIGURA 102
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.6 CIRCULAÇÃO
A circulação vertical do edifício foi integralmente repensada na nova proposta devido a legislação atual. Foram inseridas duas novas escadas enclausuras, à prova de fumaça e 2 novos elevadores com capacidade para 14 passageiros cada. A circulação horizontal do edifício também foi modificada após a proposta do reposicionamento dos elevadores e escadas. Os corredores existentes nos pavimentos foram deslocados, entretanto respeitaram a modulação dos pilares existentes. 103
104
FIGURA103
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.7. ESTRUTURA
Estruturalmente o projeto do edifício buscou manter ao máximo o sistema construtivo existente, entretanto, sua estrutura teve que ser alterada na parte central do edifício, onde ocorre a circulação vertical principal. A proposta retira toda a estrutura da caixa dos elevadores e escadas atuais do edifício, para que haja uma adequação da circulação vertical à normatização atualmente vigente. Dessa maneira, as circulações verticais e horizontais foram modificadas, mas de forma que não descaracterizasse a estrutura principal existente. Outra alteração estrutural determinante foi o átrio central criado, que parte da proposta de remoção de parte da laje do pavimento das sobrelojas (1º pavimento) e do 2º pavimento. A decisão de retirar parte da estrutura se justifica por trazer para o térreo mais amplitude, claridade e imponência ,já que atualmente a entrada principal é estreita e baixa. 105
FIGURA 104
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
106
M.C.
ANTIGO
NOVO
FIGURA 105 - Esquema Antigo x Novo - Subsolo.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.8. SUBSOLO
No subsolo a rampa existente, passou ter uma nova função além de levar às áreas de serviço e técnica, se tornou o ponto de acesso dos ciclistas ao bicicletário proposto onde, anteriormente, existiam depósitos. Como foi dito anteriormente o projeto visa a valorização do uso da bicicleta dos seus usuários contribuindo para mobilidade urbana local. Além do bicicletário, foi pensada uma estrutura de suporte aos ciclistas, uma oficina de reparo para as bicicletas e vestiários completos para os usuários. Os vestiários já existentes sofreram alterações no seu espaço para que pudessem ser acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida. A cozinha, que dava suporte ao restaurante do antigo hotel Canaã, permaneceu no mesmo local, entretanto com mudanças no seu dimensionamento e a inserção de vestiários acessíveis para os funcionários conforme orienta a legislação atual. Foram mantidos no mesmo local a portaria para controle de acesso, áreas técnicas e os reservatórios inferiores. O acesso aos demais pavimentos é controlado e se dá pelos elevadores propostos e pela escada protegida, à prova de fumaça. 107
108
FIGURA 106
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
ANTIGO
NOVO
FIGURA 107- Esquema Antigo x Novo - Térreo.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.9. TÉRRE0
No térreo foram mantidas as 4 lojas, sendo que 2 unidades foram redimensionadas e em todas foram adicionados sanitários acessíveis. Apenas a loja B possui sobreloja e acessos diretos na recepção e sobreloja do edifício de maneira que pudesse existir uma ligação direta com o passeio em frente a Praça Costa Pereira. A recepção foi redimensionada, sendo marcada por uma nova configuração espacial com a criação de um átrio, com a intenção de trazer para o edifício uma maior amplitude e transparência. Para isso foi proposta a retirada de parte das lajes do pavimento das sobrelojas (1º pavimento) e do 2º pavimento. Os elevadores foram reposicionados e redimensionados de acordo com os novos usos. Ainda no térreo foi proposta uma área de reuniões informais para os usuários e o espaço administrativo do Centro de Artes. Este andar possui ainda 2 saídas de emergência e sanitários acessíveis. 109
110 FIGURA 108
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
ANTIGO
NOVO
FIGURA 109- Esquema Antigo x Novo - 1º Pavimento.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.10. SOBRELOJA (1ºPAVIMENTO)
Neste 1º pavimento, foi proposto, no local onde existiam as sobrelojas e a delegacia do IAPI, uma galeria para exposições itinerantes. Nesse mesmo pavimento foram propostas salas para administração do condomínio e um depósito. Há ainda a sobreloja da loja B. Uma parte da laje do 1º pavimento sobre o térreo foi removida para aumentar o pé direito do pavimento inferior. O andar possui ainda 2 saídas de emergência e sanitários acessíveis. 111
112
FIGURA 110
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
M.C.
ANTIGO
NOVO
FIGURA 111- Esquema Antigo x Novo - 2º Pavimento.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.11. 2º PAVIMENTO
No 2º pavimento do projeto original funcionava o restaurante do Hotel Canaã, o uso foi mantido, entretanto um novo uso foi adicionado dividindo o pavimento em restaurante e galeria para exposições, eventos e palestras. O mesmo rasgo feito na laje do 1º pavimento é feito na laje do 2º criando um átrio que possibilita visualizar o térreo. A varanda posterior se transformou em uma extensão do restaurante e a frontal recebeu tratamento paisagístico utilizando o mesmo conceito para o paisagismo do térreo. Foram pensados ainda, rasgos retangulares para receber um piso de vidro possibilitando maior iluminação natural nos pilotis do térreo. O andar possui 2 saídas de emergência e sanitários acessíveis. 113
FIGURA 112
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
114
ANTIGO
NOVO
FIGURA 113- Esquema Antigo x Novo - 3º ao 5º Pavimento.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.12. 3º ao 5º PAVIMENTO
Esses pavimentos originalmente abrigavam salas comerciais que possuíam uma modulação pequena. O novo uso proposto são salas de dança, expressão corporal e teatro. A nova proposta demanda então salas mais amplas, sanitários coletivos e acessíveis. A circulação original foi alterada devido o reposicionamento dos elevadores e das saídas de emergência. Os vãos das janelas foram mantidos e a modulação dos pilares foi respeitada. 115
116
FIGURA 114
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
ANTIGO
NOVO
FIGURA 115- Esquema Antigo x Novo - 6º ao 7º Pavimento.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.13. 6º E 7º PAVIMENTO
Da mesma forma que os pavimentos anteriores, estes, originalmente, abrigavam salas comerciais que possuíam modulação pequena. O novo uso proposto são salas de música. A nova proposta demanda salas mais amplas para ensaios em grupo, e salas menores, seguindo a modulação anterior no antigo uso, para ensaios individuais. Foram adicionados sanitários coletivos e acessíveis. A circulação original também foi alterada devido o reposicionamento dos elevadores e das duas saídas de emergência. Os vãos das janelas foram mantidos e a modulação dos pilares respeitada. 117
FIGURA 116
118FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
ANTIGO
NOVO
FIGURA 117- Esquema Antigo x Novo - 8º ao 12º Pavimento.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.14. 8º AO 12º PAVIMENTO
Os pavimentos originalmente abrigavam quartos e suítes do antigo Hotel Canaã. O novo uso proposto são salas comerciais flexíveis. Assim, a intervenção proposta retira todas as divisórias de ambientes e propõe uma planta-baixa livre, possibilitando a criação layouts diversificados. Foram criados ainda sanitários coletivos e acessíveis. Igualmente, a circulação original foi alterada devido ao reposicionamento dos elevadores e das duas saídas de emergência. Os vãos das janelas foram mantidos e a modulação dos pilares foi respeitada. 119
FIGURA 118
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
120
SOBE
ANTIGO
NOVO
FIGURA 119 - Esquema Antigo x Novo -Cobertura.
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.15. COBERTURA
As áreas técnicas da cobertura foram readaptadas para receber as necessidades dos novos usos propostos, bem como, o novo reposicionamento dos elevadores e consequentemente a adaptação da casa de máquinas. Foi adicionada uma nova escada para acesso ao reservatório superior e uma área técnica impermeabilizada para como ar condicionados, boilers e outros equipamentos eletromecânicos. 121
122
FIGURA 120
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
4.16. FACHADAS
As fachadas foram tratadas de maneira que a modulação estrutural dos vão das esquadrias fossem mantidos. A solução proposta leva à esquadrias que se sobressaem do plano da fachada e enquadram os vãos de maneira diversificada, tornando a fachada mais dinâmica. Outro tratamento dado à fachada foi com relação a sua excessiva verticalidade. Para trazer maior horizontalidade e consequente aproximação a uma escala humana, foram propostas estruturas de placas laminadas, compactas de alta pressão, na posição horizontal; a mesma placa foi utilizada para criar uma espécie de marquise que sobressai no andar do restaurante. Os pilares foram revestidos com placas laminadas compactas de alta pressão. O revestimento do fundo que atualmente é pintado foi substituído por granito filetado, material abundante na região da Grande Vitória. 123
124
FIGURA 121
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
Quadro 01 - Materiais Fachadas
PLACAS LAMINADAS COMPACTAS DE ALTA PRESSÃO TEXTURA DE MADEIRA
PLACAS LAMINADAS COMPACTAS DE ALTA PRESSÃO COR PRETA
GRANITO ANDORINHA FILETADO NÃO POLIDO
ESQUADRIAS EM ALUMÍNIO PRETO VIDRO REFLEXIVO
125
FIGURA 122
FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
126
1-ERAGROSTIS CURVULA CAPIM CHORÃO
2 - FICUS BENJAMINA
3 - GRAMA ZEON ZOYSIA
4 - PISO DE BASALTO CINZA ESCURO
Quadro 02 - Materiais Paisagismo
4.17. PAISAGISMO
O paisagismo foi pensado de maneira que pudesse integrar o térreo do edifício e seu pilotis à rua de pedestres lateral. Para isso, foi proposto o uso do mesmo piso basáltico em uma paginação única para que pudesse existir uma continuidade e integração no ambiente urbano. Na rua de pedestres foram feitos pequenos rasgos para o piso de grama e os mobiliários urbanos são móveis. Os mobiliários foram pensados de maneira que em caso de sinistro, possam ser removidos para a passagem de viaturas e caminhões do corpo de bombeiro. Assim, as caixas de vegetação e bancos possuem rodas com freios levando a opção por vegetação de porte pequeno e leve. 127
5 .
FIGURA 123 - Proposta para as fachadas do edifício, utilizando textura e materiais naturais. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
P E R S P E C T I V A S
FIGURA 124 - Vista da proposta do térreo integrado com a rua de pedestres. Destaque para as abertura de vidro feitas na varanda frontal do 2º pavimento para levar iluminação natural para o térreo. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
128
FIGURA 125 - Vista da fachada principal com a nova proposta de esquadrias em avanรงo. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 126 - Vista da rua de pedestres e o paisagismo proposto. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
129
FIGURA 127 - AmbiĂŞncia do paisagismo proposto para rua de pedestres. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 128 - AmbiĂŞncia do paisagismo proposto para rua de pedestres. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
130
FIGURA 129 - Proposta para a recepção mais ampla e imponente. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 130 - A proposta para a recepção prevê paredes laterais livres para exposições sazonais. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
131
FIGURA 131 - Vista para recepção do 2º pavimento através do átrio proposto. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 132 - Vista para recepção do 1º pavimento através do átrio proposto. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
132
FIGURA 133 -Proposta de Livraria para loja B no térro e 1ºpavimento. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 134 -Proposta de Livraria para loja B no térro e 1ºpavimento. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
133
FIGURA 135 - Proposta de ambiĂŞncia para o resturante. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 136 - Proposta de paisagismo para a varanda do 2Âş pavimento. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
134
FIGURA 137 - Proposta para as salas de mĂşsica para ensaio individual. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 138 - Proposta de sala de ensaio para teatro. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
135
FIGURA 139 - Proposta para as salas de Danรงa. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 140 - Proposta de escritรณrio para economia criativa. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
136
FIGURA 141 - Proposta de escritรณrio para economia criativa. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
FIGURA 142 - Proposta de escritรณrio para economia criativa. FONTE: Elaborado pela autora. 2017.
137
138
6 .
C O N S I D E R A Ç Õ E S
F I N A I S
O Centro de Vitória possui grande potencial para desenvolver atividades artísticas e de apropriação do ambiente urbano. Ainda que existam políticas para tornar o bairro mais atrativo, o seu estado atual é de subutilização, o que é prejudicial para cidade. Reverter este cenário é necessário e, durante o processo de pesquisa para elaboração da proposta de projeto, foi notório o potencial que o local tem para atrair empresas do setor criativo. É importante ressaltar que a situação em que o bairro se encontra, possui uma certa complexidade já que reúne questões subjetiva, difusas e muito especificas do cenário local. Com este trabalho, buscou-se mostrar uma possível experiência de ocupação para um edifício que atualmente está desocupado e subutilizado; tentando levar para o local vitalidade por meio do desenho arquitetônico e paisagístico. Assim, o projeto também visa atrair novos investimentos para Centro de Vitória, com a participação do Terceiro Setor e da Economia Criativa. Além dessa proposta de novo uso, o bairro possui um grande número de edificações que também podem ser alvo de refuncionalizações, ajudando assim no processo de mudança de mentalidade da sociedade local. Um ponto chave desse processo foi o reconhecimento da importância do patrimônio edificado, não apenas o histórico, tombado e preservado, mas sim aqueles que mostram a identidade do local, a peculiaridade arquitetônica e a relação com a dinâmica da cidade. O entendimento do conceito de Patrimônio de Bem Comum foi de extrema importância para fundamentar, justificar e idealizar a proposta de projeto. Trabalhar com um edifício pré-existente é um desafio haja vista que é necessário respeitar algumas limitações, principiante estruturais e de caracterização da edificação. No entanto acho que passar e projetar esse desafio é válido, sustentável e necessário para as cidades. Acredito que o papel do arquiteto e urbanista seja buscar a função social da propriedade e dos espaços urbanos, mas também idealizar projetos que busquem sonhar com espaços de qualidade e para o bem-estar, e tornar o sonho possível fornecendo bases técnicas para isso. Ao fim deste trabalho acredito, que busquei realizar o melhor que pude e contribui com algo que julgo ser benéfico para a sociedade a qual estou inserida. 139
7 .
R E F E R Ê N C I A S
B I B L I O G R Á F I C A S
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A P Ã&#x160; N D I C E S
ENTREVISTAS EFETUADAS
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