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Monumento ao que não é ateliê de projeto

MONUMENTO AO QUE NÃO É

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ESCOPO Ateliê de Projeto ARQ1107 PUC-RIO . 2019 PROFESSORES Marcos Favero, Gabriel Duarte, Luciano Alvares, Leonardo Latavo TEMA Urbanismo Tactil LOCALIZAÇÃO Palácio Gustavo Capanema (MEC), RJ EQUIPE Isabella Simões e Julia Frenk

Palácio Gustavo Capanema, marco do movimento moderno no Brasil, edifício pousado sobre um dos mais potentes pilotis da cidade, situado no centro do Rio de Janeiro, está hoje fechado há 5 anos. Aclamado como a primeira arquitetura moderna de caráter monumental a consolidar os cinco princípios básicos corbusianos, o edifício encontra-se em uma obra de restauração atrasada e sem previsão de acabar, mostrando-se como uma triste metáfora da cidade em que se insere.

Em um contexto há muitos anos vivido (não somente, mas principalmente) pelo Rio, em que grandes obras deixaram de ser apenas processos para um fim e se tornam uma condição, que se situa nossa intervenção. Cidade em obra, produzida através da ação de diversos agentes e fatores, em sua maioria ditados por interesses econômicos, que constantemente se sobrepõe aos sociais, em um ambiente em permanente estado de construção. É quando essa condição (de obra) encontra o principal marco modernista da arquitetura carioca que uma tensão fundamental é gerada, dando a ver tudo que essa perda vem significando no contexto em que se insere. E é nessa tensão que reside nossa potência de intervenção, e é sobre ela que buscamos atuar.

A quadra aberta está hoje fechada, e o Palácio, murado. A liberdade do térreo completamente perdida, cercado por um fino tapume, inserindo-o em uma lógica contraditória de morfologia urbana à qual ele se opunha. Pilotis inicialmente concebido como lugar do espaço público e da livre manifestação, encontra-se hoje inacessível.

Junto a isso, nota-se também toda a perda simbólica que essa situação representa. Antigo lugar de contestar a ordem, agregar diferenças, promover encontros e instaurar algum caos, representa hoje mais uma perda em espaços de diálogos democráticos na cidade.

PALÁCIO GUSTAVO CAPANEMA

isométrica MEC + intervenção

planta “muro”

isométrica “muro”

Com isso, reconstruímos o muro já delimitado pelo tapume, porém, agora com outra expressão tectônica. Um muro que envolve e suporta uma rampa sem patamares, numa subida “eterna”, que não sabe muito bem nem quando e nem se irá chegar a seu ápice. Ápice esse considerado por nós como sendo o momento em que se atinge a altura máxima do tapume, momento em que se volta a ver o Palácio Capanema por completo. A temporalidade da obra é tensionada na fisicalidade do muro. A extensão de cada uma das fachadas do Palácio cercadas pelo tapume, ditam diretamente o ritmo de construção da intervenção.

O ponto de contato entre urbanismo tático e tectônica se dá no entendimento da obra como um evento. O trabalho assume, então, um caráter processual, pois consideramos que grande parte do potencial de expressão desta intervenção se encontra na performance de sua construção. Transformamos seu sistema construtivo em um espetáculo a ser assistido, em uma construção constante.

Ele nasce inacabado, e, se e quando, atingir seu ápice atingirá também seu final, igualmente inacabado. Em um eterno momento de latência que precede algo que não se completa nem se encerra. Espaço em obra. monumento ao que não é.

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