A HISTÓRIA POR TRÁS DA SÉRIE
Will (Noah Schnapp) são os novos Goonies e servirão como os olhos inocentes perante esta jornada. Depois de horas a fio adentrando o mundo de fantasia do jogo, o pequeno Will simplesmente desaparece ao voltar para casa em sua bicicleta numa noite. O mistério de seu sumiço é o que impulsiona a trama da série. A cidadezinha, cujo maior problema até então havia sido o ataque de uma coruja, se mobiliza para encontrar a criança desaparecida. Sua mãe, imerge numa espiral de fé e loucura, quando afirma se comunicar com o menino através de luzes na casa.
A SÉRIE Stranger Things é uma série de televisão americana de ficção científica e terror criada pelos irmãos Matt e Ross Duffer, assim como co-executiva produzida por Shawn Levy e Dan Cohen, sendo distribuída pela Netflix. A primeira temporada foi disponibilizada em 15 de julho de 2016 e, em 31 de agosto de 2016, a Netflix confirmou oficialmente a produção da segunda temporada de Stranger Things, que conta com nove episódios e estreou em 27 de outubro de 2017.
O ENREDO Stranger Things é bem definida e exala homenagens, mas não depende apenas disso. Em sua trama central, cria por si só uma história eficiente, pra lá de assustadora e intrigante. Passada em Indiana, Stranger Things começa com pura nostalgia nerd, quando na primeira cena quatro amigos, saindo da infância para a adolescência, jogam o RPG Dungeons and Dragons no porão da casa de um deles. O líder Mike (Finn Wolfhard), o banguela Dustin (Gaten Matarazzo), do destemido Lucas (Caleb McLaughlin) e o simpático
Ao mesmo tempo, estranhos acontecimentos começam a circundar o local, entre eles o aparecimento da garotinha de dons sobre-humanos conhecida somente como Eleven (onze), papel da carismática Millie Bobby Brown. Tudo pode estar conectado à base de pesquisa do governo e os experimentos por lá conduzidos – comandados pelo Dr. Brenner (Modine). Além do tema central, ainda existem subtramas de personagens como a do duro xerife Hopper
(David Harbour) e sua história de perda em família, e o triângulo amoroso adolescente entre a jovem Nancy (Natalia Dyer) – irmã de Mike, o popular Steve Harrington (Joe Keery) e o esquisitão Jonathan (Charlie Heaton) – irmão do menino desaparecido. Stranger Things é dinâmica e funciona organicamente em sua mescla de homenagens com uma trama nova, incluindo um digno mistério a ser desvendado. Estes dois elementos funcionam harmoniosamente, fazendo uma simbiose tão boa que fica difícil citar qual das partes é mais bem trabalhada. Poderia ser dito que a grande homenagem aos 80´s é a cereja no bolo, porém, é muito mais do que isso, sendo facilmente considerado o motor que puxa esta engrenagem. Para termos uma ideia, este é o mote no qual foi vendida a proposta para a série. Os irmãos Duffer montaram um trailer
incluindo trechos de 25 filmes (entre eles E.T., A Hora do Pesadelo, Super 8 e Halloween) e o levaram para os produtores como alicerce do projeto. Como incentivadores criativos, os roteiristas assistiram (ou assistiram novamente) produções como Os Goonies, E.T., Conta Comigo, O Enigma de Outro Mundo e A Hora do Pesadelo; e podemos notar durante o programa tais influências narrativas e estéticas. Outra inspiração para os criadores são as obras do autor Stephen King. Como temor da guerra fria, cientistas militares desenvolvem uma pesquisa intensa até conseguirem atingir a telecinese em humanos. A menina Eleven é a prova disso. Usada para espionar os comunistas russos, ela adentra outra dimensão, como uma espécie de portal de te letransporte. Os envolvidos no projeto não contavam com que ao realizarem tal feito se deparariam com a estranha criatura existente neste outro mundo, muito semelhante ao nosso, e despertariam nela a sede de sangue humano. O conceito de outras dimensões invertidas à nossa é um dos elementos misteriosos da produção. No último episódio, três cliffhangers chamam atenção. O primeiro é a ligação entre o xerife Hopper e a tal organização vilanesca. Sabemos que um acordo é feito entre eles, que possivelmente tem a ver com
o fato de terem descoberto o paradeiro da menina Eleven no colégio. Ao final, notamos que o xerife entra no carro com alguns sujeitos duvidosos, rumo ao prédio governamental. A segunda, diz respeito à pequena Eleven, que como forma de sacrifício, entrega aparentemente a vida ao liquidar de vez a criatura. Notamos que a menina é fã de eggos, aquela espécie de waffles que ela numa cena rouba de um supermercado. No último episódio, o xerife adentra a floresta, deixando numa caixa algumas guloseimas, entre elas os waffles. O último cliffhanger envolve o resgatado Will. Em casa, pronto para jantar ao lado da mãe e do irmão, Will vai ao banheiro, somente para percebermos que após uma tosse, expele uma criatura semelhante a uma grande minhoca da boca, e oscila entre dimensões como num piscar de olhos. Ao voltar para a mesa, omite o fato dos familiares.
A TEORIA DE CONSPIRAÇÃO QUE INSPIROU A SÉRIE Em abril de 2015, a Netflix anunciou que produziria Montauk, série dos irmãos Duffer que mais tarde ficaria conhecida como Stranger Things. O que o título original revela é a teoria da conspiração que serve de inspiração para a série: o Projeto Montauk, suposto programa de experimentos do governo dos EUA durante a Guerra Fria para desenvolver técnicas de guerra psicológica e recursos estratégicos exóticos, incluindo viagem no tempo, viagem no hiperespaço e invisibilidade. Os experimentos teriam sido realizados em Camp Hero, na base da Força Aérea em Montauk, em Long Island, e estariam ligados ao Experimento Filadélfia, que supostamente tornou invisível o destroyer de escolta USS Eldridge em outubro de 1943. A causa da invisibilidade seria, na verdade, uma viagem no tempo. A lenda foi retratada em Projeto Filadélfia (1984), filme que mostra dois marinheiros que são transportados de 1943 para 1984, e teria despertado as memórias apagadas de Al Bielek.
Um dos prédios fechados da antiga base de Camp Hero, local que teria abrigado os experimentos do projeto Montauk.
O homem, cujo verdadeiro nome seria Edward Cameron, alega ter viajado no tempo e participado de experimentos ao lado do seu irmão, Duncan Cameron - que teria a consciência de um homem mais velho em um corpo jovem, poderes telecinéticos e chegou a libertar um monstro do seu subconsciente depois de passar por diversos experimentos. Duncan seria apenas uma das diversas crianças que fizeram parte do projeto Montauk. Os relatos de Al Bielek inspiraram Preston B. Nichols e Peter Moon a escrever The Montauk Project: Experiments in Time, primeiro de uma série de livros que popularizaram a teoria da conspiração. As obras são tratadas como ficção apesar de reunirem entrevistas e “evidências”, mas muitos acreditam que as histórias apresentadas sejam verdadeiras (crença que nunca foi desencorajada pelos autores). Transformado em parque, Camp Hero continua a ser visitado por curiosos em busca das instalações do governo que fizeram tais experimentos. Talvez por isso os irmãos Dufer tenham decidido mudar o título, saindo de Montauk, Long Island e indo para a fictícia Hawkins, Indiana. Os livros de Nichols, porém, contém preciosas pistas para quem está curioso sobre o futuro e os mistérios de Stranger Things, já que essa parece ser a principal base da série.