TCC - CENTRO DE APRENDIZAGEM E ESPORTES: RECREAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO ISABELLA VASCONCELLOS ZANELATO

CENTRO DE APRENDIZAGEM E ESPORTES: RECREAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM VULNERABILIDADE SOCIAL UMA PROPOSTA PARA VILA VELHA/ES VILA VELHA 2022

CENTRO DE APRENDIZAGEM E ESPORTES: RECREAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM VULNERABILIDADE SOCIAL UMA PROPOSTA PARA VILA VELHA/ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Me Geraldo Benicio da Fonseca

ISABELLA VASCONCELLOS ZANELATO
VILA
2022
VELHA

RESUMO

A exposição de crianças e adolescentes a diversas situações como segregação social, discriminação, falta de acesso a oportunidades e fragilidade da escolarização colaboram para a influência de fatores de risco associados ao convívio social em que estão inseridos, como a criminalidade, pobreza extrema, moradias precárias, marginalização e abandono escolar. O presente trabalho apresenta a proposta de um Centro de Aprendizagem e Esportes, destinado às crianças e aos adolescentes em vulnerabilidade social no bairro do Divino Espírito Santo em Vila Velha – ES. Esperase proporcionar interação social, desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida dos envolvidos a partir da prática dos esportes e de atividades culturais, buscando evitar o contato com a violência no período do contraturno escolar. Foram realizadas pesquisas e análises a partir de dados divulgados por órgãos governamentais e bibliografias sobre o impacto da vulnerabilidade social em âmbito nacional e estadual, assim como medidas propostas pelos governos Federal, Estadual e Municipal para contribuir na mitigação desse problema. Outras questões desenvolvidas são a influência do espaço público e da prática cultural e de esportes para a interação e recreação social infanto-juvenil, em conjunto com pedagogias alternativas. Para a estruturação desses conceitos foram analisados projetos análogos, que servissem de parâmetro para o projeto, além de estudo do bairro e da área de implantação para garantir que a proposta esteja de acordo com as diretrizes da legislação vigente. Baseado nas informações teóricas e na aplicação prática, foi proposto um Centro de Aprendizagem e Esportes, cuja arquitetura traga impacto positivo tanto na criança e no adolescente quanto na comunidade, assim como o espaço construído em seu local de implantação.

Palavras-Chave: Vulnerabilidade social. Crianças e Adolescentes. Políticas Públicas. Centro de Integração. Brasil.

ABSTRACT

The exposure of children to different situations of access to adolescents, discrimination, lack of opportunities for social adolescents, discrimination, lack of opportunities for adolescents that are linked to risk factors associated with social access, poverty, precarious housing, marginalization and school dropout. The present work presents a proposal for a Learning and Sports Center, aimed at children and adolescents in social vulnerability in the Divino neighborhood - Espírito Santo in Vila Velha - ES. It is expected to provide social interaction, develop and improve the quality of life of those involved from the practice of sports and cultural activities, seeking to avoid contact with violence in the period after school hours. Surveys were carried out by public agencies and the impact of social vulnerability throughout the territory was published based on national data, as well as proposals for contributions from federal and municipal governments to the mitigation problem. Other issues addressed are the influence of public space and cultural and sports practice for children's social interaction and recreation, together with alternative pedagogies. So that these concepts are conceived for structural analysis projects, which serve as a project project for the project, in addition to the study of the neighborhood and implementation area to ensure that a project proposal with the guidelines of the current legislation. Based on the information and practical application, a Learning and Sports Center was proposed, whose positive architecture in the space of children and adolescents in the community, as well as the one built in its location.

Keywords: Social vulnerability. Children and teenagers. Public policy. Integration center. Brazil.

LISTADE FIGURAS

Figura 1 - População de até 17 anos de idade que informaram não estarem estudando entre julho e novembro/2020.....................................................................................19

Figura 2 - Entrada do CLC Beijing 31

Figura 3 - Planta do pavimento térreo.......................................................................32

Figura 4 - Planta do 1º pavimento 32

Figura 5 - Espaços abertos criados nos contêineres.................................................33

Figura 6 - Vista dos módulos.....................................................................................33

Figura 7 - Circulação entre os contêineres 34

Figura 8 - Espaço interior dos módulos.....................................................................34

Figura 9 - Vista da brinquedoteca 35

Figura 10 - Vista da horta comunitária 35

Figura 11 - Planta de Implantação 36

Figura 12 - Desenhos desenvolvidos na criação do projeto 37

Figura 13 - Diagrama dos espaços ...........................................................................37

Figura 14 - Axonométrico 37

Figura 15 - Vista aérea do edifício.............................................................................38

Figura 16 - Planta do pavimento térreo 39

Figura 17 - Corte A-A do edifício 39

Figura 18 - Corte B-B do edifício...............................................................................39

Figura 19 - Sala de jogos 40

Figura 20 - Quadra de futebol existente....................................................................40

Figura 21 - Planta do 1º pavimento 41

Figura 22 - Parquinho................................................................................................41

Figura 23 - Academia................................................................................................42

Figura 24 - Vista da fachada 42

Figura 25 - Fachada do edifício.................................................................................43

Figura 26 - Materialidade externa e interna 43

Figura 27 - Entrada Rua Palestina............................................................................44

Figura 28 - Entrada Avenida Mascote 45

Figura 29 - Planta do Subsolo 45

Figura 30 - Planta do pavimento A............................................................................46

Figura 31 - Planta do mezanino 47

Figura 32 - Vista do hall de entrada da Rua Palestina ..............................................47

Figura 33 - Planta do pavimento B 48

Figura 34 - Pátio coberto 48

Figura 35 - Planta do pavimento C............................................................................49

Figura 36 - Planta do pavimento D 49

Figura 37 - Corte 01..................................................................................................50

Figura 38 - Corte 02 50

Figura 39 - Laboratório de robótica...........................................................................51

Figura 40 - Imagem renderizada da sala de música .................................................51

Figura 41 - Imagem renderizada da sala de artes 52

Figura 42 - Labmaker................................................................................................52

Figura 43 - Planta do pavimento E 53

Figura 44 - Playground 53

Figura 45 - Quadra coberta 54

Figura 46 - Quadra descoberta 54

Figura 47 - Espaços internos do colégio ...................................................................55

Figura 48 – Vista da estrutura do edifício 55

Figura 49 - Fachada com brises coloridos.................................................................56

Figura 50 - Vista aproximada dos brises e vista externa da edificação 56

Figura 51 - Entrada da Wish School 57

Figura 52 - Croqui Axonométrico...............................................................................58

Figura 53 - Planta do pavimento térreo 58

Figura 54 - Expansões e contrações dos ambientes.................................................59

Figura 55 - Expansões e contrações dos ambientes 59

Figura 56 - Planta do 1º pavimento...........................................................................60

Figura 57 - Sala no 1º pavimento..............................................................................60

Figura 58 - Cobertura com aberturas zenitais 61

Figura 59 - Salas com vedação móvel e vedação fixa, respectivamente..................61

Figura 60 - Salas fechadas e salas abertas 62

Figura 61 - Composição de materiais da edificação..................................................62

Figura 62 - Aberturas zenitais e ambiente externo 63

Figura 63 - Taxa de analfabetismo de pessoas de 7 a 9 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022) ...............................................71

Figura 64 - Frequência escolar de pessoas de 6 a 10 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022) 71

Figura 65 - Frequência escolar de pessoas de 11 a 14 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022) ...............................................72

Figura 66 - Frequência escolar de pessoas de 15 a 17 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022) ...............................................72

Figura 67 - Imagem tridimensional do terreno 78

Figura 68 - Praça pública anteriormente ...................................................................78

Figura 69 - Praça pública atualmente........................................................................79

Figura 70 - Detalhamento de assentos e patamares 82

Figura 71 - Dimensionamento de rampas .................................................................83

Figura 72 - Corrimãos em escadas e rampas 83

Figura 73 - Medidas mínimas de um sanitário acessível 84

Figura 74 – Fluxograma térreo 87

Figura 75 - Fluxograma segundo pavimento 88

Figura 76 - Planta de implantação.............................................................................89

Figura 77 - Setorização térreo 90

Figura 78 - Setorização segundo pavimento.............................................................91

Figura 79 - Planta baixa do térreo 92

Figura 80 - Perspectiva da rua de pedestres 93

Figura 81 - Perspectiva da entrada...........................................................................93

Figura 82 - Perspectiva pátio descoberto 94

Figura 83 - Planta do segundo pavimento.................................................................94

Figura 84 - Isometria da edificação 95

Figura 85 - Planta de cobertura.................................................................................95

Figura 86 - Setor administrativo ................................................................................96

Figura 87 - Setor de serviço 97

Figura 88 - Ginásio....................................................................................................98

Figura 89 - Perspectiva da piscina 98

Figura 90 - Perspectiva da quadra poliesportiva.......................................................99

Figura 91 - Salas de aula 100

Figura 92 - Perspectiva da sala de aula 01 100

Figura 93 - Sala de artesanato................................................................................101

Figura 94 - Perspectiva sala de artesanato 102

Figura 95 - Sala de teatro e multiuso ......................................................................103

Figura 96 – Sala de cinema, biblioteca e informática 104

Figura 97 - Sala de dança e música 105

Figura 98 – Isometria explodida do sistema estrutural do ginásio...........................106

Figura 99 - Perspectiva estrutura do ginásio 107

Figura 100 - Corte longitudinal AA ..........................................................................107

Figura 101 - Corte longitudinal BB 107

Figura 102 - Corte longitudinal CC..........................................................................108

Figura 103 - Corte transversal EE...........................................................................108

Figura 104 - Corte transversal FF 108

Figura 105 - Perspectiva fachada............................................................................109

Figura 106 - Perspectiva fachada 109

Figura 107 - Perspectiva da fachada 110

Figura 108 - Fachada A 110

Figura 109 - Fachada B 110

Figura 110 - Fachada C ..........................................................................................111

Figura 111 - Fachada D 111

Figura 112 - Proteção solar com brises fixos ..........................................................112

Figura 113 - Perspectiva brises do ginásio 112

Figura 114 - Proteção solar com brises móveis 113

Figura 115 - Planta baixa do térreo cotada .............................................................121

Figura 116 - Planta baixa segundo pavimento cotada 122

Figura 117 - Corte AA .............................................................................................123

Figura 118 - Corte BB 123

Figura 119 - CORTE CC .........................................................................................124

Figura 120 - CORTE DD .........................................................................................124

Figura 121 - Corte EE 125

Figura 122 - Fachada A...........................................................................................125

Figura 123 - Fachada B 126

Figura 124 - Fachada C ..........................................................................................126

Figura 125 - Fachada D 127

LISTADE MAPAS

Mapa 1 - Unidades de CRAS em Vila Velha por regional 25

Mapa 2 - Localização do bairro Divino Espírito Santo...............................................65

Mapa 3 - Localização do terreno da área de intervenção 66

Mapa 4 - Equipamentos públicos e serviços comunitários........................................74

Mapa 5 - Mobilidade e acessibilidade urbana 76

Mapa 6 - Análise morfológica e ambiental do terreno ...............................................77

LISTADE GRÁFICOS

Gráfico 1 - População do bairro Divino Espírito Santo (2010) 67

Gráfico 2 - Comparativo da População por Gênero entre o bairro Divino Espírito Santo e bairros do seu entorno 68

Gráfico 3 - Comparativo da População por Faixa Etária entre o bairro Divino Espírito Santo e os bairros Itapuã e Soteco 69

Gráfico 4 - Condição de ocupação de domicílios no bairro Divino Espírito Santo.....69

Gráfico 5 - Alfabetização no Divino Espírito Santo de pessoas de 10 anos ou mais 70

Gráfico 6 - Rendimento nominal no bairro Divino Espírito Santo 73

LISTADETABELAS

Tabela 1 - Síntese das pedagogias X aplicações práticas X relação com o espaço 30

Tabela 2 - Síntese das referências projetuais...........................................................63

Tabela 3 - Parâmetros Urbanísticos para Ocupação do Solo 80

Tabela 4 - Classificação das edificações ..................................................................81

Tabela 5 - Programa de Necessidades do Centro de Aprendizagem e Esportes 85

LISTADESIGLASE ABREVIATURAS

Abrinq Fundação Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos

Cetaf Centro de Treinamento Arremessando para o Futuro

Conanda Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

CRAS Centro de Referência de Assistência Social

DMP Distância Máxima a Percorrer

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

EDU Empresa de Desenvolvimento Urbano

ES Espírito Santo

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IJSN Instituto Jones dos Santos Neves

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MEC Ministério da Educação

MLC Madeira Laminada Colada

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

ONGs Organizações não governamentais

PAIF Programa de Atenção Integral à Família

PBF Programa Bolsa Família

PCR Pessoa em Cadeira de Rodas

PISA Programa Internacional de Avaliação de Estudantes

PNADC Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua

PNE Plano Nacional de Educação

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

PSE Programa Saúde na Escola

UBS Unidades Básicas de Saúde

UVA Unidades de Vida Articulada

ZEIE-B Zona de Especial Interesse Empresarial B

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................17 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA...............................................................17 1.2. JUSTIFICATIVA 20 1.3. OBJETIVOS.................................................................................................20 1.3.1. OBJETIVOS GERAIS ...........................................................................20 1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................21 1.4. METODOLOGIA ..........................................................................................21 1.5. ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO 22 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................23 2.1. VULNERABILIDADE SOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS 23 2.2. INFLUÊNCIA DA CULTURA E DO ESPORTE PARA MITIGAR A CRIMINALIDADE E A MARGINALIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES 26 2.3. PEDAGOGIAS ALTERNATIVAS .................................................................27 3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS....................................................................31 3.1. CENTRO DE ACOLHIMENTO E APRENDIZAGEM CLC BEIJING.............31 3.2. UVA EL PARAÍSO 36 3.3. COLÉGIO ETAPA VILA MASCOTE 44 3.4. WISH SCHOOL............................................................................................57 4 ÁREA DE INTERVENÇÃO..........................................................................64 4.1. CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO...............................................................64 4.1.1. LOCALIZAÇÃO.....................................................................................64 4.1.2. DEMOGRAFIA......................................................................................66 4.1.2.1. POPULAÇÃO..................................................................................66 4.1.2.2. POPULAÇÃO POR GÊNERO 67 4.1.2.3. FAIXA ETÁRIA................................................................................68 4.1.2.4. DOMICÍLIOS 69 4.1.2.5. ESCOLARIDADE............................................................................70 4.1.2.6. RENDA 73 4.1.3. EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS COMUNITÁRIOS..............................73
4.1.4. SEGURANÇA URBANA.......................................................................74 4.1.5. MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE URBANA.....................................75 4.2. ANÁLISE DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO 76 4.2.1. ANÁLISE MORFOLÓGICA E AMBIENTAL DA ÁREA........................76 5 PROPOSTA PROJETUAL ..........................................................................80 5.1. DIRETRIZES................................................................................................80 5.2. LEGISLAÇÃO 80 5.3. PROPOSTA ARQUITETÔNICA...................................................................84 5.3.1. CONCEITO............................................................................................84 5.3.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES......................................................85 5.3.3. IMPLANTAÇÃO....................................................................................88 5.3.4. SETORIZAÇÃO.....................................................................................89 5.3.5. MATERIALIDADE E SISTEMA CONSTRUTIVO................................105 5.3.6. FUNCIONALIDADE 111 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................115 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................116 APÊNDICE..............................................................................................................121

1 INTRODUÇÃO

1.1.CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Segundo Ximenes (2010), a vulnerabilidade social de um grupo social ou indivíduo é determinada pela sua condição de fragilidade, contribuindo para a exposição destes a riscos associados à segregação social como, a exclusão, a discriminação ou a falta de garantia de seus direitos fundamentais. Estes riscos contribuem para a exposição a fatores como pobreza extrema, marginalização, proximidade com a criminalidade, falta de acesso à escola, falta de recursos financeiros e moradia precária, dentre outros.

Estes fatores se acentuam na falta de acesso a oportunidades socioeconômicas e culturais por parte do Estado, do mercado de trabalho e da sociedade civil, que muitas vezes discriminam o menos favorecido, trazendo ineficiência da mobilidade social dessa população, resultando no aumento da insegurança e consequentemente na exclusão e marginalidade (XIMENES apud KAZTMAN, 2001).

Um dos fatores que colabora para a vulnerabilidade social infanto-juvenil está diretamente relacionada à fragilidade da escolarização e manutenção do ensino básico, principalmente ligado ao fluxo dos estudantes, consequentemente gerando o retrocesso no nível de ensino dos indivíduos, ou seja: são repetentes ou são evadidos. Estes são pontos que acarretam a inadequação da idade compatível com a série do aluno e distorção da idade superior à recomendada para a conclusão do ensino (XIMENES apud BRASIL, 2010).

A gravidade do quadro de pobreza e miséria, no Brasil, constitui permanente preocupação e obriga a refletir sobre suas influências no social e, principalmente, na área de atuação junto da família, na qual as políticas públicas ainda se ressentem de uma ação mais expressiva (GOMES; PEREIRA, 2005)

Esta é uma realidade descrita há mais de uma década e que ainda perdura no Brasil, enfatizando a ineficiência de parte das políticas públicas e precariedade de ações mais incisivas do governo no âmbito Federal, Estadual e Municipal.

Segundo estudos da Fundação Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), divulgados em 2018, que faz relação com os indicadores sociais aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mais de 40% dos brasileiros até 14 anos vivem em situação de pobreza no Brasil, sendo estes 17,3 milhões e aqueles

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que vivem em extrema pobreza o número representa 5,8 milhões de jovens, somando então 13,7% dessa população (AGÊNCIA BRASIL, 2018)

Além disso, o Brasil não consegue cumprir as metas dos ODS, como a educação de qualidade e através do objetivo trabalho decente e crescimento econômico, a erradicação do trabalho escravo e infantil [BRASIL, 2015] Referente aos dados de 2018, o Plano Nacional de Educação (PNE) prevê a oferta de vagas para 50% da população de 0 a 3 anos de idade até 2024 e neste ano apenas 27% tinham acesso às vagas, também foi constatado que 2,5 milhões de crianças estão em situação de trabalho infantil (AGÊNCIA BRASIL, 2018).

Os jovens são uma parcela da população vulnerável à pobreza e suscetível à violência: 18,4% dos homicídios cometidos no ano de 2016 vitimaram menores de 19 anos; destes, 70% eram negros, pobres e residiam em periferia. Os dados evidenciam tanto a relação entre violência e pobreza quanto a desigualdade racial, visto que a população negra está submetida à vulnerabilidade social e discriminação racial devido ao histórico social e econômico do país baseado na colonização e escravidão Esta situação perdura até os dias atuais, gerando diferentes oportunidades para diferentes grupos sociais (AGÊNCIA BRASIL, 2018).

Dados de 2021, publicados pela Fundação Abrinq no Cenário da Infância e Adolescência no Brasil 2021, apontam que os brasileiros de 0 a 14 anos em situação de pobreza caíram para 9,7 milhões em comparação aos dados disponibilizados em 2018. Porém, os jovens em situação de extrema pobreza aumentaram para 9,1 milhões. Esta mudança advém de consequências da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que também se refletiu na educação: 1,6 milhão de crianças e adolescentes até 17 anos entre julho e novembro de 2020 estavam fora da sala de aula, como é possível analisar abaixo na Figura 1

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Fonte: FUNDAÇÃO ABRINQ, 2021. Sobre o município em estudo, Vila Velha conta com 119.716 mil crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 19 anos (IBGE, 2010) e 86.057 mil estavam matriculados na educação básica em 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) De acordo com o Censo de 2010, das 51.504 mil pessoas de 10 a 17 anos, 4.711 mil crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil. Quanto aos domicílios, 61.479 mil pessoas de 0 a 100 anos ou mais residem em aglomerados subnormais, sendo 38.230 mil da cor ou raça parda e 8.564 mil da cor ou raça preta e apenas 14.170 mil da cor ou raça branca, pontuando mais uma vez a desigualdade social entre estas populações Além disso, das mais de 61 mil pessoas residentes, 24.134 mil pessoas estão na faixa de 0 a 19 anos.

Em 2020, dados divulgados pelo estado apontavam um crescimento de infrações praticadas por adolescentes. Fatores que contribuem para a adesão à criminalidade

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Figura 1 - População de até 17 anos de idade que informaram não estarem estudando entre julho e novembro/2020

estão relacionados às questões de convívio social e estrutura familiar. Principalmente por residirem em regiões de vulnerabilidade social e conviverem com a prática da violência, os jovens têm menos acesso à educação de qualidade, espaços de esportes, lazer e cultura, além de serem expostos a ambientes violentos (FOLHA VITÓRIA, 2020)

É evidente que no Brasil existe o favorecimento de recursos para a classe média alta da população em detrimento aos que pertencem a classe de baixa renda, promovendo cotidianamente a desigualdade social. É primordial o investimento e manutenção da educação básica, na proteção e em espaços esportivos para crianças e adolescentes, contribuindo para o enfrentamento da pobreza e violência, garantindo a segurança destes (AGÊNCIA BRASIL, 2018).

Nesse sentido, este estudo pretende contribuir para a mitigação desse problema através da proposta de criação de um centro de esportes e aprendizagem, para a população de 5 a 14 anos, oferecendo condições de interação e inserção social dos jovens e possibilitando o desenvolvimento intelectual, pessoal e físico

1.2.JUSTIFICATIVA

A proposta visa contribuir para a criação de um espaço com atividades e pedagogias alternativas, destinado às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, proporcionando melhor qualidade de vida futura. Além disso, busca contribuir para evitar que estas entrem em contato com fatores de risco, ou seja, que estejam suscetíveis ao contato com a violência e criminalidade do local no período de contraturno escolar.

O espaço proposto será instrumento de mitigação desta relação de fragilidade das crianças e adolescentes com o meio em que vivem, buscando também a inclusão social e a garantia dos seus direitos.

1.3.OBJETIVOS

1.3.1. OBJETIVOS GERAIS

O objetivo geral deste trabalho é elaborar proposta projetual arquitetônica, a nível de estudo preliminar, de um centro de esportes e aprendizagem destinado à recreação e socialização no bairro Divino Espírito Santo em Vila Velha - ES, que envolvem atividades desenvolvidas com voluntários para despertar vivacidade às crianças e

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adolescentes em situação vulnerável em comunidades com conflitos nos bairros de Vila Velha, proporcionando interação social, vivência e perspectiva de futuro a comunidade a partir dos esportes, da cultura e de atividades de interação com o meio para inclusão. Assim como apoio psicológico para as famílias.

1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Entender como ocorreu o processo das políticas públicas, no Brasil, para atenuar a vulnerabilidade social das crianças, adolescentes e suas famílias, destacando os instrumentos para resolver o problema, com enfoque na criação de espaços adequados;

• Compreender como as atividades culturais e esportivas influenciam e amenizam os riscos em relação à marginalização e à criminalidade aos quais as crianças e adolescentes estão expostas, e quais as pedagogias serão aplicadas;

• Identificar referências projetuais no Brasil e em outros países que caracterizam estratégias e diretrizes sobre a edificação que será elaborada;

• Definir e analisar o terreno escolhido para a proposta projetual;

• Apontar diretrizes projetuais e elaborar um programa de necessidades priorizando as melhores alternativas e a qualidade dos espaços;

• Propor edificação para auxiliar na recreação, inclusão social, qualidade de vida e desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.

1.4.METODOLOGIA

O trabalho tem como base teórica pesquisas, utilizadas para fundamentação conceitual do tema e como estruturação para o desenvolvimento projetual proposto, de um centro de esportes e aprendizagem. Para este embasamento teórico foram feitas pesquisas através de sites, de publicações das instituições governamentais, artigos e teses.

Além disso, foram analisadas referências projetuais semelhantes, que apresentem diretrizes projetuais e programa que auxiliem na elaboração da proposta arquitetônica, de forma a avaliar a aplicação de conceitos adequadamente para a tipologia, ou seja, referenciais que contribuem como parâmetros ao objeto de estudo.

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1.5.ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O primeiro capítulo consiste na apresentação do tema, conceituando e indicando dados a seu respeito, justificando e apontando os objetivos a serem alcançados, o processo e metodologias aplicadas, introduzindo como influenciará na concepção projetual.

O segundo capítulo aborda os determinantes históricos das políticas públicas no Brasil e seus instrumentos para a garantia de direitos da criança e do adolescente. Também neste capítulo, analisa-se a importância desta tipologia arquitetônica em conjunto do esporte e da cultura para solucionar problemas existentes na comunidade, e os métodos pedagógicos aplicados no ambiente para garantir a qualidade na realização das atividades

O terceiro capítulo é baseado nas análises de referências projetuais, indicando os serviços prestados e as diretrizes utilizadas e qualificando as soluções arquitetônicas que servirão como embasamento para o ensaio projetual.

O quarto capítulo trata do estudo da área de intervenção e seu entorno, contendo análises morfológicas e ambientais do terreno, norteadores para a realização no quinto capítulo das diretrizes projetuais e para o programa de necessidades, além de estudos através de fluxogramas. Segue com a apresentação do conceito e do partido e a concepção do estudo preliminar arquitetônico.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.VULNERABILIDADE SOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS

No período da década de 80, a reivindicação de direitos e autonomias pelos movimentos sociais era crescente e uma das suas principais características, com o objetivo de garantir a cidadania ativa e identificar o cidadão como sujeito de direito (SIERRA; MESQUITA, 2006).

Em 1988 ocorreu uma mobilização de inúmeras Organizações não Governamentais (ONGs) em conjunto da sociedade civil, com o propósito de criação de uma nova política visando crianças e adolescentes. A partir deste ponto, desencadeia a criação de uma série de órgãos no âmbito Federal, Estadual e Municipal com o intuito de assegurar a proteção, bem-estar e especialmente para assegurar os direitos do cidadão (SIERRA; MESQUITA, 2006).

A partir das inúmeras articulações políticas, referente à Constituição Federal de 1988, contribuíram para a inclusão de artigos que certificam a prioridade de direitos fundamentais e sociais aos menores de 18 anos (SIERRA; MESQUITA, 2006), além disso prevê a implementação destes mediante ações governamentais e não governamentais (FONSECA et al., 2013).

...em 1989, a Organização das Nações Unidas criou a Convenção sobre os direitos da Criança, introduzindo no panorama mundial que a criança e ao adolescente, da mesma maneira que qualquer indivíduo, devem ser tratados como seres humanos, possuindo os mesmos direitos que qualquer adulto já formado e ainda devendo ser levado em consideração o fato de ser uma pessoa em constante desenvolvimento, possuindo certas prioridades no que tange a políticas públicas, em razão de sua necessidade (REZENDE; CAPPELLARI; PAGANI, 2022)

Dessa maneira, determinados grupos sociais ou indivíduos tendem a ser mais vulneráveis que os demais, ou seja, são mais fragilizados política ou juridicamente, estando mais suscetíveis aos danos físicos ou morais em decorrência de sua condição precária (REZENDE; CAPPELARI; PAGANI, 2022). Nesse sentido o Governo criou medidas para assistir crianças e adolescentes vulneráveis, principalmente em nível socioeconômico, foram elaborados a fim de conter as diferenças sociais o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Conselho Tutelar em 1990, também programas assistencialistas como o Programa Bolsa Família (PBF) em 2003 e o Programa Saúde na Escola (PSE) e o Programa Mais Educação em 2007.

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O ECA como instrumento primordial para a proteção e garantia dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, mediante efetivação de políticas sociais públicas reafirmou a responsabilidade da família, sociedade e Estado de garantir as condições para o pleno desenvolvimento dessa população, além de colocá-la a salvo de toda forma de discriminação, exploração e violência Para a efetivação e controle destes, trabalham em conjunto sociedade civil e governo por meio dos conselhos municipais, estaduais, distrital e nacionais, ou seja, entra em funcionamento o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que responde por tal integração e cabe implementar conselhos em estados e municípios, como por exemplo o Conselho Tutelar (BRASIL, 1990)

Segundo a Prefeitura de Vila Velha [1990], o Conselho Tutelar é um órgão autônomo que tem como objetivo garantir os direitos da criança e dos adolescentes. Os conselheiros são encarregados pela sociedade de zelar pelo cumprimento desses direitos. É dever do órgão garantir o total bem-estar físico, mental e social, ou seja, quando estas condições forem negligenciadas deve ser acionado o serviço de saúde para os necessitados (FONSECA et al., 2013). Na cidade de Vila Velha existem 05 Conselhos Tutelares distribuídos por regiões, com suas respectivas áreas de abrangência, localizados nos bairros Centro (Região 01), Ibes (Região 02), Vila Garrido (Região 03), Cobilândia (Região 04) e Terra Vermelha (Região 05)

O município, também, conta com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), com o objetivo de atender às famílias em situação de risco nas comunidades em que estão localizados, através de programas e projetos socioassistenciais como o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) Através do Mapa 01 é possível observar que o CRAS está distribuído pelas 5 regiões e sendo 6 unidades (PREFEITURA DE VILA VELHA, 2013).

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Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados do GEOWEB, Prefeitura de Vila Velha e Grupo de Pesquisa Cidade e Políticas Urbanas - UVV Os programas assistenciais foram instituídos como uma estratégia do Ministério da Educação (MEC). O Programa Saúde na Escola visa à integração e à articulação permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria da qualidade de vida, contribuindo para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, objetivando o enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino, a partir de parcerias entre escolas e Unidades Básicas de Saúde (UBS) (BRASIL, 2009)

Também através do MEC, o Programa Mais Educação visa à indução da agenda de educação integral nas redes estaduais e municipais de ensino, ampliando a jornada

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Mapa 1 - Unidades de CRAS em Vila Velha por regional

escolar nas escolas públicas por meio de atividades optativas com acompanhamento pedagógico e desenvolvimento nos macrocampos de artes, cultura, esporte e lazer, e impulsionando a melhoria do desempenho educacional A ampliação da permanência do aluno na escola em conjunto com a melhoria de desempenho e rendimento da aprendizagem, além das ações pedagógicas, contribui para a redução do abandono escolar e impede a exposição dos alunos à marginalização no período do contraturno (BRASIL, 2011)

Do âmbito nacional, o Programa Bolsa Família contribui para o combate à pobreza e desigualdade da população no Brasil promovendo complemento da renda, acesso a direitos como educação, saúde e assistência social, e articulação com ações políticas buscando estimular o desenvolvimento das famílias, proporcionando melhor qualidade de vida e superação da vulnerabilidade e pobreza (BRASIL, 2020). Este programa é considerado de alto impacto na redução da pobreza, além de diminuir a desigualdade de renda, aumento da frequência escolar, desenvolvimento saudável das famílias e a garantia de que as crianças não se submetam ao trabalho infantil (FONSECA, et al., 2013).

Diante disso, os programas governamentais avaliados se complementam, sempre buscando a garantia dos direitos – não só das crianças e adolescentes – mas das famílias em situações vulneráveis em consonância em especial com o ECA e a Constituição Federal

Dito isso, faz-se então necessária uma colaboração do poder público, dos órgãos especializados, das escolas, famílias, em resumo, dos diversos grupos sociais para assegurar os direitos conquistados, buscando amparar estes jovens, a fim de tentar conter a situação de vulnerabilidade social enfrentada por esta parcela da população (REZENDE; CAPPELLARI; PAGANI, 2022)

2.2.INFLUÊNCIA DA CULTURA E DO ESPORTE PARA MITIGAR A CRIMINALIDADE E A MARGINALIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Com o objetivo de afastar crianças e jovens das situações de conflito com a lei, uma série de projetos sociais são elaborados ressaltando a importância que tem a construção de um projeto de vida para os mais jovens, para a realização deve ser considerado os diferentes fatores de riscos relacionados à vulnerabilidade e ao

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ambiente social em que o indivíduo está inserido e tem acesso (SIERRA; MESQUITA, 2006).

A questão do acesso e direito à cidade, espaços de lazer, cultura, esportes, saúde, educação, entre outros, quando referente às populações periféricas, estas permanecem sendo excluídas Esse cenário marcado pela exclusão social, abandono e contato com a criminalidade, principalmente de jovens, acarreta a evasão escolar, trabalho infantil, entre outros (MELO, 2019).

O comportamento e desenvolvimento da criança evolui através da influência do meio em que está inserido e as alterações do tempo, a criação e incentivo de ações e projetos sociais para a inclusão de crianças e adolescentes a atividades culturais e esportivas é um fator importante no combate da vulnerabilidade social, além de estimularem crescimento intelectual, pessoal, físico e auxilia para a mudança de indivíduos e sociedade (MELO, 2019).

O envolvimento da arquitetura em conjunto com as atividades implementadas ligadas à cultura e ao esporte, pode contribuir para a interação social das crianças e adolescentes em situação de risco Segundo Santos (2008), atividades lúdicas no processo de aprendizagem favorecem a aproximação dos indivíduos, possibilitando que estes obtenham crescimento intrapessoal através das atividades e por fim aprimorando as relações interpessoais. De acordo com Souza (2015), a existência e preocupação com um espaço adequado para a implementação dessas atividades é fundamental, para que então estimulem e desenvolvam da melhor forma, como um exemplo citado, a brinquedoteca. Este ambiente explora a coordenação, a criatividade, o intelecto, a linguagem, sensações e emoções, o simples fato de brincar é essencial para a evolução da criança em todas as faixas etárias para seu crescimento físico, cognitivo, emocional e social (MELO, 2019)

2.3.PEDAGOGIAS ALTERNATIVAS

As pedagogias alternativas inserem-se no tema deste trabalho como instrumentos a serem aplicados no programa de necessidades. Dessa forma, serão analisadas ideias pedagógicas e seus processos no desenvolvimento da alfabetização e de crianças e jovens, sendo os autores Rudolf Steiner, Jean Piaget, Maria Montessori e Lev Vygotsky

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A metodologia Waldorf, desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner, é concebida diante dos fundamentos da autoeducação e da liberdade do ser humano, seguindo o princípio do desenvolvimento da consciência. Este desenvolvimento determina os processos pedagógicos únicos para cada criança e a educação é dividida em ciclos (JUNIOR; STOLTZ; DA VEIGA, 2013).

O autor da pedagogia Waldorf fundamenta sua ideia de liberdade em três conceitos: consciência intuitiva, fantasia e técnica moral, forçando a atividade mental e autoconstrução frente aos desafios propostos, assim a criança e o adolescente vivenciam, descobrem e criam sua conclusão (JUNIOR; STOLTZ; DA VEIGA, 2013).

Portanto, a pedagogia preza pela humanização dos processos educativos e das relações interpessoais, principalmente aluno-professor. Esta educação humanizada está vinculada à antropologia e suas três dimensões humanas (pensar, sentir e querer), incorporando atividades não somente intelectuais, mas também para o desenvolvimento intuitivo, fruição, afetividade e criatividade (JUNIOR; STOLTZ, 2012)

Mais conhecida como Construtivismo, a pedagogia de Piaget está sendo aplicada, no Brasil, desde a década de 80. Através de diversos estudos, Piaget verificou como era realizado o processo da construção do conhecido; sua visão da educação é centrada no conhecido construído e não adquirido, na formação do senso crítico e autonomia do indivíduo, sendo a interdisciplinaridade o foco principal. Este método observa o desenvolvimento adquirido em cada faixa etária, para então buscar soluções e estratégias adequadas a cada situação (RIBEIRO, 2015)

O Método Montessori, desenvolvido pela psiquiatra italiana Maria Montessori em parceria com outros pesquisadores, parte do princípio da observação do comportamento das crianças em ambientes estruturados e não estruturados, com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento destas nos aspectos cognitivos, sociais, emocionais e intelectuais Seus estudos iniciaram na observação das condições de crianças com deficiência internadas em instituições psiquiátricas e como poderiam modificar a forma de desenvolvimento, oferecendo condições mais humanas [LAR MONTESSORI, 2013]

Após a observação do comportamento de crianças com desenvolvimento típico na instituição A Casa das Crianças, foi criada a Pedagogia Científica com uma abordagem de transformação de acordo com as considerações apontadas pelo

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professor em meio a um ambiente com liberdade para a criança. O desenvolvimento dessa criança é definido pelo Plano de Desenvolvimento, a cada avanço ela busca mais independência do adulto, os planos são divididos em quatro. Existem seis princípios que organizam e definem as ideias pedagógicas de Maria Montessori: a autoeducação, a educação cósmica, a educação como ciência, ambiente preparado, adulto preparado e criança equilibrada [LAR MONTESSORI, 2013].

Lev Vygotsky, na busca por compreender como o ser humano aprende, criou a corrente da psicologia do desenvolvimento, o sociointeracionismo. Seu princípio básico se baseia na relação de aprendizagem humana com os fatores sociais e históricos interferem nesse processo, considerando então o indivíduo como sujeito ativo em relação ao meio em que está inserido, a partir daí Vygotsky procurou entender a origem dos processos de acordo com a história individual em interação com a sociedade (ALMEIDA, E. C. R. D S. et al, 2021)

Lev, também, entende que a importância de instrumentos mediadores para auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem, podendo considerar o professor como o ser mediador, a mediação também está relacionada à interação do indivíduo com o mundo e as possibilidades de conhecer e aprender diante as influências de grupos sociais, cultura e família Outro conceito é a Zona de Desenvolvimento Proximal, entendida como a relação entre o nível de desenvolvimento atual da criança e o nível potencial que pode ser alcançado com auxílio de alguém. Além disso, na perspectiva da teoria, compreende que a linguagem é o sistema de comunicação entre todos os indivíduos mediante a necessidade imposta; esta possibilita a demonstração de desejos, sentimentos, insatisfação a partir de gestos, sons e expressões que transpassam ideias, vontades e pensamentos (ALMEIDA, E. C. R. D S. et al, 2021). Analisando as abordagens feitas por cada pedagogia e traçando pontos principais de cada uma, as quatro objetivam garantir o desenvolvimento da criança de acordo com sua evolução natural e certificando a sua autonomia, relação com o meio e construção de senso crítico (Tabela 1). A partir destes conceitos e estudos dosdiferentes métodos pedagógicos, o presente trabalho irá buscar integrá-los na realização da proposta projetual arquitetônica

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Tabela 1 - Síntese das pedagogias X aplicações práticas X relação com o espaço

PEDAGOGIA

APLICAÇÃO PRÁTICA

RELAÇÃO COM O ESPAÇO

Waldorf

Funções e características do ambiente são definidas em parâmetros (OLIVEIRA; IMAI,2021): Escola acolhedora com ambientes sociais, participação dos usuáriosnoprojeto; Áreas de atividadesdiversificadas; Sala de aula de acordo com odesenvolvimentoinfantil; Espaçosdepequenasdimensõescomorecantose/ounichos; Ambienteparaaprendizagem dasartes; Exposição dos trabalhos; Espaçosmultifuncionais; Emprego detexturas,cores eritmos; Conexão coma natureza; Iluminaçãoe ventilação natural; Arquiteturasustentável.

Ambientes que oferecem liberdade e instiguem a curiosidade do aluno, estimula o intelecto, a criatividade e o social (RIBEIRO, 2015);

Ambientes com diferentes atividades promovendo aprendizagem e desafios, como: laboratórios, cozinha experimental, oficinas, biblioteca, espaço para arte (música, teatro, pintura etc.) (ALVARES; KOWALTOWSKI, 2015 apud MACADAR, 1992; SANTOS, 2005; TAYLOR, 2009); Espaçosdemocráticos, quepermitem diversasconfigurações e usos (ALVARES; KOWALTOWSKI, 2015 apud MACADAR, 1992; SANTOS,2005; TAYLOR, 2009); Ambientes variados e específicos (ALVARES; KOWALTOWSKI, 2015 apud LIPPMAN, 2010);

Predominam layouts para atividades de criação, conhecimento, experimentação, representação e encenação (ALVARES; KOWALTOWSKI,2015).

Acessibilidade em todos os espaços [LAR MONTESSORI, 2013];

Autoeducação (JUNIOR; STOLTZ; DA VEIGA, 2013); Liberdade do indivíduo (JUNIOR; STOLTZ; DA VEIGA, 2013); Desenvolver aspectos intelectuais, afetivos, criativos e intuitivos (JUNIOR; STOLTZ, 2012)

Adaptação e interação com o meio (RIBEIRO, 2015); Autonomia (RIBEIRO, 2015); Interdisciplinaridade (RIBEIRO, 2015)

Montessoriana

Mobiliários devem ficar à altura das crianças e adolescentes, tudo deve estar àdisposição [LAR MONTESSORI, 2013]; Ambientes não devem ser hiper estimulantes, devem ser tranquilos ecom coresclaras e neutras [LAR MONTESSORI, 2013];

Tudo no ambiente deve servir como atividade para os estudantes que favoreçam a aprendizagem [LAR MONTESSORI, 2013];

Ambienteépreparadodeacordocom odesenvolvimentodos indivíduos [LAR MONTESSORI, 2013]

Os espaços devem promover a interação social (ALVARES; KOWALTOWSKI, 2015);

Adequação do ambiente aos conceitos das disciplinas (ALVARES; KOWALTOWSKI,2015apudLIPPMAN, 2003);

Ambiente preparado [LAR MONTESSORI, 2013]; Espaço de interlocução e construção de conhecimento [LAR MONTESSORI, 2013]; Individualidade (autoeducação) [LAR MONTESSORI, 2013]

Sociointeracionismo

Predominam layouts para atividades de criação, conhecimento, interagir socialmente e trabalhos em grupo e espaços como hall de entrada, nichos, bibliotecas com área para trabalhos em grupos, espaços de vivência internos e externos,salas deaula próprias para trabalhosemgrandese pequenosgrupos (ALVARES;KOWALTOWSKI, 2015);

Inserção do histórico e prática social para a aprendizagem e solução de problemas (ALMEIDA, E. C. R. D S. et al, 2021).

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nas pedagogias analisadas

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Construtivismo

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

3.1.CENTRO DE ACOLHIMENTO E APRENDIZAGEM CLC BEIJING

O projeto idealizado pelo escritório japonês HIBINOSEKKEI + Youji no Shiro e construído em 2018, está localizado no centro de Pequim na China e consiste em um centro de acolhimento e aprendizagem. Apesar de seu público-alvo serem as jovens famílias da comunidade, não é destinado somente para as crianças, mas também para os pais e a população do seu entorno (ARCHDAILY, 2020).

Figura 2 - Entrada do CLC Beijing

Fonte: ARCHDAILY, 2020.

O espaço é situado no térreo de um edifício já existente, em formato de arco; ocupa uma área de 432 m² e possui como conceito trazer as brincadeiras de rua e sensações da velha Pequim para o seu interior Dessa forma, a distribuição interna dos ambientes e atividades foi criada a partir de módulos de contêiner, a fim de acomodar as diversas atividades e atender as necessidades das crianças (ARCHDAILY, 2020).

Foi desenvolvido como áreas de atividades para o térreo deste edifício uma horta comunitária, área de culinária, áreas de oficina, biblioteca, duas salas de aprendizagem e uma grande área livre para atividades físicas. Através da planta do térreo é possível observar a locação dos contêineres em diferentes posições e a marcação do acesso principal pela forma laranja tracejada (ARCHDAILY, 2020).

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Figura 3 - Planta do pavimento térreo

Fonte: ARCHDAILY, 2020 (adaptada)

Além disso, o pé-direito de 4 metros permitiu a criação de um primeiro pavimento, ou seja, a cobertura dos módulos criados, foram criadas sala de multiuso, brinquedoteca, jardim comunitário, biblioteca e espaço de leitura (ARCHDAILY, 2020).

Figura 4 - Planta do 1º pavimento

Fonte: ARCHDAILY, 2020 (adaptada)

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Figura 5 - Espaços abertos criados nos contêineres

Fonte: ARCHDAILY, 2020. Estes módulos foram projetados com aberturas para que as crianças pudessem reconhecer facilmente quais seriam as suas funções. Para criar a sensação do externo dentro do interno, os contêineres foram colocados de forma a serem semelhantes com os prédios e os corredores entre eles fazem referência às ruas. Com a adição de guarda corpos na parte superior, foi possível a criação de mezaninos e novas dinâmicas de aprendizagem criativa para o volume (ARCHDAILY, 2020).

O projeto ainda permite adaptação do espaço por meio da subtração ou adição dos módulos, de acordo com a necessidade das funções do centro e seu programa educacional (ARCHDAILY, 2020).

Figura 6 - Vista dos módulos

Fonte: ARCHDAILY, 2020.

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Figura 7 - Circulação entre os contêineres

Fonte: ARCHDAILY, 2020. Quanto à materialidade, foram utilizados no exterior dos módulos pintura cinza e o seu interior foi totalmente revestido em madeira (piso, parede e forro). Os guarda-corpos dos mezaninos foram feitos em estrutura metálica e vedação de vidro; também foi utilizado vidro em outros espaços, como a brinquedoteca. A escolha destes módulos, para a construção do ambiente proporcionou vantagens, por ser um material de fornecimento, aplicação e manutenção fácil e rápida (ARCHDAILY, 2020).

Figura 8 - Espaço interior dos módulos

Fonte: ARCHDAILY, 2020.

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Figura 9 - Vista da brinquedoteca

Fonte: ARCHDAILY, 2020.

As grandes aberturas na fachada permitem a entrada de luz natural em todo o ambiente, contribuindo para o conforto térmico do espaço e possibilidade da criação de uma horta mesmo no interior do edifício (ARCHDAILY, 2020).

Figura 10 - Vista da horta comunitária

Fonte: ARCHDAILY, 2020.

O intuito da escolha deste projeto como referência se deu pelo fato da criação de ambientes internos ao edifício já existente, de forma que são totalmente integrados, a estratégia de utilização dos módulos de contêiner permitiu que o pavimento superior tivesse total relação com o térreo, também possibilita a autonomia da criança pelos

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espaços em que ela transita e a percepção de escala. O uso dos contêineres com variação traz uma dinâmica ao espaço, provocando a criatividade e o lúdico

3.2.UVA EL PARAÍSO

As Unidades de Vida Articulada (UVA), são transformações implementadas pela prefeitura de Medellín, objetivando o encontro do cidadão, a prática de esportes, a recreação, a cultura e participação comunitária a partir dos três principais conceitos:

• Articular programas, projetos e cidades;

• Reciclagem de espaços existentes e em desuso;

• Espaços para desfrutar com os cinco sentidos.

O centro comunitário UVA de El Paraíso foi desenvolvido em 2015 pela Empresa de Desenvolvimento Urbano de Medellín (EDU), a edificação possui 3.879 m² e fica localizada na área rural do município de Medellín, em San Antonio de Prado na Colômbia (ARCHDAILY, 2016)

Figura 11 - Planta de Implantação

Fonte: ARCHDAILY, 2016. O local é um centro de recreação e cultura; foiimplementado de forma a complementar o projeto estratégico de centralidades urbanas. Está relacionado ao Rio La Cabuyala como eixo ambiental, e à Biblioteca Parque San Antonio de Prado como equipamento

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cultural, que ofertam serviços à comunidade rural em expansão e que demandam atividades nesse sentido (ARCHDAILY, 2016)

Figura 12 - Desenhos desenvolvidos na criação do projeto

Fonte: ARCHDAILY, 2016. O desenvolvimento do projeto envolveu a comunidade por meio da construção de ideias em conjunto, colocando o cidadão como autor principal e orientador de propostas, como a inserção de espaços para esportes e atividades culturais que integrassem programas musicais e de dança; a partir dessa participação é gerado o sentimento de pertencimento (ARCHDAILY, 2016)

Figura 13 - Diagrama dos espaços

Fonte: ARCHDAILY, 2016 (adaptada) Figura 14 - Axonométrico

Fonte: ARCHDAILY, 2016 (adaptada)

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O projeto arquitetônico ocorre em volta de uma quadra existente; esta é o ponto central de todo o processo de transformação da região, a partir dela o edifício a ser construído se fraciona em quatro volumes irregulares e de acordo com suas funções. Outro ato de conservação e valorização da sustentabilidade em relação à paisagem é a permanência das árvores e dos cursos d’água que atravessam o terreno (ARCHDAILY, 2016).

O UVA El Paraíso fica implantado em um terreno com declive, como pode ser visto nos cortes apresentados, e conta com 2 pavimentos. No seu térreo diferentes serviços e atividades de treinamento e formação são ofertados à comunidade: espaços de ensaio para música, sala de gravação, academia, quadra poliesportiva, auditório, salas de danças, brinquedoteca e uma quadra de grama, que também possibilita acontecer eventos. A entrada do empreendimento possui dois acessos para veículos e uma segunda entrada para acesso de pedestres e ciclistas, que também conta com um bicicletário (ARCHDAILY, 2016).

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Figura 15 - Vista aérea do edifício Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Figura 16 - Planta do pavimento térreo

Fonte: ARCHDAILY, 2016 (adaptada) Figura 17 - Corte A-A do edifício

Fonte: ARCHDAILY, 2016. Figura 18 - Corte B-B do edifício

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

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Com a posição estratégica, a edificação é privilegiada pela vista para a natureza do local, permitindo que todas as salas possam ser voltadas para a paisagem e o interno se conecte com o externo a todo o momento (ARCHDAILY, 2016)

Figura 19 - Sala de jogos

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Figura 20 - Quadra de futebol existente

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Devido aos poucos lotes disponíveis na cidade para a elaboração de novos espaços e equipamentos públicos, o EDU supriu o desafio de adequar o programa de necessidades desejado projetando áreas nas coberturas, buscando a maior otimização do terreno (ARCHDAILY, 2016).

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Essas coberturas abrigam diversas atividades recomendadas pela comunidade, como pista de skate, parquinho infantil, uma praça para eventos comunitários, academia e um espaço interativo com água, nota-se também a grande presença de vegetação por meio de canteiros (ARCHDAILY, 2016).

Figura 21 - Planta do 1º pavimento

Fonte: ARCHDAILY, 2016 (adaptada)

Figura 22 - Parquinho

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

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Figura 23 - Academia

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

As fachadas do edifício são compostas de faixas contínuas de janelas por toda a extensão do pé-direito, aumentando a permeabilidade de iluminação e de ventilação em todos os ambientes, contribuindo tanto para a sustentabilidade quanto para o conforto térmico e eficiência energética do edifício (ARCHDAILY, 2016).

Figura 24 - Vista da fachada

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Outra estratégia utilizada e que auxilia as condições térmicas dos ambientes é a aplicação de elementos verticais para a proteção solar em toda a fachada. Como os espaços ficam direcionados para a orientação Leste é importante soluções

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arquitetônicas para garantir conforto dos usuários, devido à incidência de sol. Além disso, também foram utilizados elementos tanto para vedação quanto para a proteção na fachada Oeste, onde é localizada a circulação horizontal (Figura 26) (ARCHDAILY, 2016).

Figura 25 - Fachada do edifício

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

Foi executado utilizando sistema construtivo convencional, com lajes nervuradas e deixando toda sua casca exposta a partir do concreto aparente no exterior e interior Cores como laranja, amarelo, vermelho, verde e azul estão em todos os espaços criados, na paginação de piso, paredes, portas ou mobiliários, trazendo mais alegria para o local. As cores mais fortes dos elementos da fachada foram escolhidas pela própria comunidade

Figura 26 - Materialidade externa e interna

Fonte: ARCHDAILY, 2016.

O motivo da escolha da edificação como referência tem relação com o fato de o projeto ter otimizado e aproveitado todos os espaços concedidos, por utilizar de estratégias

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que diminuem a agressão ao meio-ambiente como preservação da vegetação e do rio do local estimulando a integração do edifício com a natureza e elementos para condicionar na melhora da proteção solar.

Além disso, a unidade em estudo possui relevante ligação com a comunidade e causa social, devido à colaboração do público geral no desenvolvimento para atender às necessidades da região e por ser uma iniciativa de um programa governamental. Sendo assim, foi importante para a análise de quais recursos construtivos foram empregados, entendendo que é um equipamento esportivo e cultural elaborado a partir de iniciativa do órgão municipal, da mesma forma que a proposta arquitetônica do Centro de Aprendizagem e Esportes para crianças e adolescentes em vulnerabilidade social deverá ser baseado e desenvolvido.

3.3.COLÉGIO ETAPA VILA MASCOTE

O Colégio Etapa - Unidade Vila Mascote é uma instituição de ensino infantil, fundamental e médio, localizada no bairro Vila Mascote, em São Paulo. O edifício foi projetado em 1984 pelo arquiteto Paulo Bastos, e o escritório Biselli Katchborian Arquitetos ficou responsável em 2020 pelo projeto de ampliação e retrofit da edificação. A obra possui 5.318 m². (ARCHDAILY, 2021).

Figura 27 - Entrada Rua Palestina

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Fonte: ARCHDAILY, 2021.

Fonte: ARCHDAILY, 2021.

Os arquitetos tinham como objetivo buscar novas entradas de luz, comunicação entre o antigo e o novo e o maior e melhor aproveitamento do lote que a legislação vigente permitia O colégio se desenha em dois blocos, no maior ficam situadas as salas de aula e laboratórios e no menor ficam localizadas predominantemente as funções administrativas, como é possível ver na imagem abaixo (ARCHDAILY, 2021).

Figura 29 - Planta do Subsolo

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Figura 28 - Entrada Avenida Mascote Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada)

A proposta aproveitou o desnível existente no terreno, de 15 metros, e criou dois acessos à escola, um na Avenida Mascote marcado em laranja tracejado e outro na Rua Palestina marcado em amarelo tracejado nas Figuras 30 e 33

Figura 30 - Planta do pavimento A

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

O arquiteto Artur Katchborian afirma ter acrescentado dois pavimentos ao bloco administrativo; dessa forma foi capaz de adequar o programa extenso. No bloco menor e de planta quadrada foi ampliado o vazio central, proporcionando luz natural em todos os pavimentos (ARCHDAILY, 2021).

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Figura 31 - Planta do mezanino

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

Figura 32 - Vista do hall de entrada da Rua Palestina

Alguns aspectos da antiga setorização foram aproveitados pelo escritório, especialmente, pelo prédio ter sido anteriormente projetado para ser uma escola, como por exemplo o pátio coberto, que além de criar um agradável vazio na volumetria estabelece os fluxos e usos, a educação infantil fica abaixo (Pavimento A) e o ensino fundamental e médio acima (Pavimento C e D) (ARCHDAILY, 2021).

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Fonte: ARCHDAILY, 2021.

Figura 33 - Planta do pavimento B

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

Figura 34 - Pátio coberto

Fonte: ARCHDAILY, 2021.

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Figura 35 - Planta do pavimento C

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

Figura 36 - Planta do pavimento D

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

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Apesar da reutilização de alguns usos existentes, foi importante a atualização da segurança e acessibilidade da edificação Portanto foram instalados elevadores, foi feita a reforma das escadas de emergência e outras adaptações. Nos cortes abaixo é possível notar circulações horizontais e verticais marcadas, além do desnível do terreno antes mencionado (ARCHDAILY, 2021).

Figura 37 - Corte 01

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

Figura 38 - Corte 02

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

Além das 28 salas de aula distribuídas pelos níveis de ensino, o programa conta com espaços que estimulam a aprendizagem, criatividade e a prática de esportes, como atividades extracurriculares e desenvolvimento dos jovens foram criados laboratórios

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de robótica, de música, de dança, de artes, horta, sala de multiuso, laboratório de ciências, labmaker e biblioteca (ARCHDAILY, 2021).

Figura 39 - Laboratório de robótica

Fonte: ARCHDAILY, 2021

Figura 40 - Imagem renderizada da sala de música

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Fonte: COLÉGIO ETAPA, 2021

Figura 41 - Imagem renderizada da sala de artes

Fonte: COLÉGIO ETAPA, 2021.

Figura 42 - Labmaker

Fonte: ARCHDAILY, 2021. Quanto ao lazer e prática esportiva, foi idealizado um playground, quadra coberta existente, o pátio coberto já citado anteriormente e mais duas quadras descobertas na cobertura (ARCHDAILY, 2021).

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Figura 43 - Planta do pavimento E

Fonte: ARCHDAILY, 2021 (adaptada).

Figura 44 - Playground

Fonte: ARCHDAILY, 2021.

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Fonte: ARCHDAILY, 2021. Optou-se por ambientes coloridos, utilizando em seu interior de cores suaves para despertar leveza e cores ligadas à identidade da instituição como os tons diferentes de azul e o amarelo nas paredes, piso, forro e mobiliários, sendo em alguns pontos o uso de cores mais fortes (ARCHDAILY, 2021).

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Figura 45 - Quadra coberta Fonte: ARCHDAILY, 2021. Figura 46 - Quadra descoberta

Figura 47 - Espaços internos do colégio

Fonte: ARCHDAILY, 2021.

Sua estrutura em concreto fica aparente em todo o seu exterior e volta a aparecer nos forros aparentes das salas, este é o principal material utilizado na obra em conjunto com elementos metálicos nas fachadas, circulações e na estrutura da quadra coberta (ARCHDAILY, 2021).

Figura 48 – Vista da estrutura do edifício

Fonte: ARCHDAILY, 2021.

O uso das cores que se estende das fachadas aos ambientes internos, incluindo a comunicação visual, unifica o projeto e estabelece a identidade visual do Colégio Etapa (ARCHDAILY, 2021).

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Fonte: ARCHDAILY, 2021.

Já que as maiores fachadas ficam orientadas predominantemente para o Leste e Oeste, como estratégia no conforto térmico e proteção solar das salas, foram utilizados brises metálicos, fixos e verticais por toda a extensão das fachadas em conjunto a proteção dos ambientes a utilização desses elementos trouxe movimento e diversão através das cores para a caixa enorme de concreto (ARCHDAILY, 2021). Notou-se, também, por meio das grandes aberturas tanto nas salas de aula como nos espaços de atividades extracurriculares e a implantação de áreas verdes próximo a estes ambientes, uma integração do externo com o interno, contribuindo para o contato das crianças e dos adolescentes com a natureza, além de trazer sensação de bem-estar durante o período de aula (ARCHDAILY, 2021).

Figura 50 - Vista aproximada dos brises e vista externa da edificação

Fonte: ARCHDAILY, 2021.

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Figura 49 - Fachada com brises coloridos

Os principais fatores que condicionaram a escolha deste projeto para análise são sua escala e implantação, programas de necessidades e as estratégias de conforto térmico. Por um Centro de Aprendizagem e Esportes ser um grande equipamento e conter diversas atividades, este projeto apesar de ser uma instituição de ensino, busca aproveitar todos os espaços para atingir o programa, contendo organização clara dos fluxos dos diferentes usuários e setorização, gerada através do próprio edifício existente. Além da proximidade com a natureza e conservação das características naturais do terreno, tirando partido dos seus desníveis.

3.4.WISH SCHOOL

Desenvolvida pelo escritório de arquitetura Garoa em 2016, o projeto conta com uma área de 1166 m² e fica localizada no bairro Tatuapé, em São Paulo. Segundo os arquitetos, a Wish é uma escola bilíngue de educação holística, que constrói sua pedagogia através de uma visão completa do indivíduo. Aspectos físicos, emocionais, sociais, culturais, corporais, criativos, intuitivos e espirituais são tão importantes quanto o intelecto racional. Além do conteúdo das disciplinas é fundamental buscar entender as vontades e habilidades de cada criança. (ARCHDAILY, 2018).

Figura 51 - Entrada da Wish School

Fonte: ARCHDAILY, 2018.

Para que o espaço pudesse refletir a pedagogia da escola, foram feitas dinâmicas para compreender os níveis de interação envolvidas na abordagem do ensino. Este processo em conjunto dos arquitetos, dos funcionários e dos alunos contribuiu para a criação das melhores soluções na edificação (ARCHDAILY, 2018).

57

Figura 52 - Croqui Axonométrico

Fonte: ARCHDAILY, 2018.

O terreno de implantação da Wish é a junção de dois lotes, sendo um terreno baldio e o outro com dois galpões, os quais foram aproveitados e transformados de uma tipologia industrial para uma instituição de ensino Seu térreo apresenta diversos espaços de ensino que se modificam de acordo com a necessidade e um espaço ao ar livre para desenvolvimento de atividades físicas, pode ser observado também a conexão com a natureza tanto no jardim quanto pelas circulações no interior da escola (ARCHDAILY, 2018). O acesso principal foi marcado na forma laranja tracejada.

Figura 53 - Planta do pavimento térreo

Fonte: ARCHDAILY, 2018 (adaptada)

58

Figura 54 - Expansões e contrações dos ambientes

Fonte: ARCHDAILY, 2018. Figura 55 - Expansões e contrações dos

ambientes

Fonte: GRUPO GAROA, 2016 (adaptado).

Segundo o escritório de arquitetura, a planta foi entendida através de zona de contração e expansão, existem fechamentos, mas eles são tênues, permitindo e incentivando o rompimento dos espaços a partir da imaginação das crianças ao movimentar as prateleiras Ou seja, todos os ambientes são uma continuação da sala de aula formal e propícios para acrescentar na assimilação do conhecimento Podem ser feitos diferentes percursos, interações e escolher o que encontrar ou não (ARCHDAILY, 2018).

59

Figura 56 - Planta do 1º pavimento

Fonte: ARCHDAILY, 2018.

Figura 57 - Sala no 1º pavimento

Fonte: GRUPO GAROA, 2016.

Devido a sua grande extensão longitudinal e por se posicionar rente ao lote, o edifício demandou aberturas zenitais e recortes na laje; assim, a luz consegue chegar até ao pavimento térreo. Além disso, foram usadas diversas variações para a vedação e assim a filtragem da luminosidade pode se adequar conforme a necessidade (ARCHDAILY, 2018)

60

Figura 58 - Cobertura com aberturas zenitais

Fonte: ARCHDAILY, 2018.

Na edificação existem duas tipologias de salas, as com vedação fixa e/ou translúcida e as salas com vedação móvel, ou seja, os painéis pivotantes. Estes dão suporte para atividades feitas à sua volta por sua versatilidade de funções, servindo como mobiliário, armazenamento, limitação de ambientes e objetos de nova configuração para estes (ARCHDAILY, 2018).

Figura 59 - Salas com vedação móvel e vedação fixa, respectivamente

Fonte: ARCHDAILY, 2018.

As salas de aula são como pontos de apoio aos estudantes e possuem desenho não ortogonal, portanto geram espaços contínuos e distintos, sem delimitação total dos usos, formando espaço de aprendizagem formais e informais para serem apropriados pelas crianças (ARCHDAILY, 2018).

61

Figura 60 - Salas fechadas e salas abertas

Fonte: GRUPO GAROA, 2016 (adaptado). Pode ser notado na materialidade da escola uma unidade, porém os mesmos materiais sendo utilizados de formas diferentes. A Wish é composta por uma cobertura metálica com suportes em aço, esses mesmos elementos estruturais são vistos servindo de pilares para as rampas e para a laje do 1º pavimento. Além disso é feito o uso de serralheria em diversos ambientes como em guarda-corpos, vedação de salas de aula e esquadrias.

Figura 61 - Composição de materiais da edificação

Fonte: ARCHDAILY, 2018. Um recurso interessante para solucionar a iluminação dos ambientes foi a utilização de telhas onduladas de policarbonato, que por serem translúcidas permitiram a entrada de luz natural nas salas de aula. Assim como a utilização destas telhas

62

pintadas para vedação em outros ambientes, como sala de reunião e sala dos professores, trazendo mais privacidade.

Figura 62 - Aberturas zenitais e ambiente externo

Fonte: ARCHDAILY, 2018.

Os principais motivos da escolha desse projeto são a setorização, os fluxos e a inovação nos métodos de construção, permitindo à criança e ao adolescente modificar o espaço de acordo com as suas necessidades. Também a alternativa de conforto energético a partir de aberturas zenitais na cobertura, contribuindo para a eficiência energética do edifício. Além da conexão das crianças com a natureza no interior e no exterior, apesar do pouco espaço na lateral da escola.

A partir das referências estudadas foi possível definir quais elementos de projeto são interessantes para a elaboração da proposta projetual deste trabalho. Tais itens estão listados e marcados na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 - Síntese das referências projetuais

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base na análise das referências de projeto

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REFERÊNCIAS DE PROJETO IMPLANTAÇÃO PROGRAMA MATERIALIDADE SUSTENTABILIDADE PEDAGOGIA CLC Beijing X X UVA El Paraíso X X X Colégio Etapa – Vila Mascote X X X Wish School X X X

4 ÁREA DE INTERVENÇÃO

4.1.CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO

4.1.1. LOCALIZAÇÃO

O bairro Divino Espírito Santo está localizado na Região Administrativa 01 – Centro, como demonstrado no Mapa 2, abaixo, e conta com uma área de 1.248.045 m². Além disso os limites do bairro estão adjacentes à maioria dos bairros da Região 01 sendo eles: Boa Vista I, Boa Vista II, Centro, Coqueiral de Itaparica, Cristóvão Colombo, Ilha dos Ayres, Itapuã, Soteco e Vista da Penha (PREFEITURA DE VILA VELHA, ES 2013)

Apesar da característica residencial, a região abriga avenidas importantes, como a Avenida Luciano das Neves, que se estende desde o Centro até o Divino Espírito Santo, e que conectam o terreno a áreas comerciais como o Shopping Vila Velha. No bairro também existem grandes vazios urbanos, com potencial para melhorar a qualidade do local por meio da instalação de novos equipamentos públicos que podem beneficiar a população residente e do entorno.

64

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados do GEOWEB, Prefeitura de Vila Velha e Grupo de Pesquisa Cidade e Políticas Urbanas - UVV. No Mapa 3 é demarcado em vermelho o terreno de implantação da proposta projetual A justificativa para a escolha desta área decorre da proximidade ao Terminal de Vila Velha, possibilitando fácil mobilidade e acesso do público de outras áreas da Regional A proximidade a instituições de ensino e pontos de referência, como o Hospital Vila Velha e o Centro de Treinamento Arremessando para o Futuro (Cetaf), também facilita o encontro da edificação. O terreno está em região com grande número de crianças e adolescentes (ver Gráfico 3). Atualmente, o terreno encontra-se desocupado de qualquer construção e está dividido em quatro lotes, com área total de 5.108 m²

65
Mapa 2 - Localização do bairro Divino Espírito Santo

Mapa 3 - Localização do terreno da área de intervenção

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados do GEOWEB, Prefeitura de Vila Velha e Grupo de Pesquisa Cidade e Políticas Urbanas - UVV.

4.1.2. DEMOGRAFIA

4.1.2.1.

POPULAÇÃO

Segundo os dados do Censo Demográfico de 2010, a população do bairro Divino Espírito Santo contém mais de 8.000 pessoas; homens e mulheres somam, respectivamente, 3.799 e 4.232, como pode ser observado no Gráfico 1, abaixo.

66
Hospital Vila Velha Cetaf Terminal de Vila Velha

9.000

8.000

7.000

6.000

5.000

4.000

3.000

2.000

1.000

Gráfico 1 - População do bairro Divino Espírito Santo (2010)

População (Censo 2010)

8.031 0

3.799 4.232

Divino Espírito Santo

Homens Mulheres Total

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados da Prefeitura de Vila Velha, 2013. 4.1.2.2. POPULAÇÃO POR GÊNERO

Fazendo um comparativo com os bairros adjacentes Boa Vista I, Boa Vista II, Cristóvão Colombo, Ilha dos Ayres, Itapuã e Soteco com o bairro em estudo, é possível perceber que o Divino Espírito Santo está entre os três mais populosos, ou seja, em conjunto com Itapuã e Soteco. Segundo o arquivo Perfil Socioeconômico por Bairros (10/2013), Itapuã apresenta população total de 22.808 sendo 10.688 homens e 12 120 mulheres, enquanto Soteco apresenta população total de 8 189 sendo 3.945 homens e 4.244 mulheres.

Portanto, o bairro em estudo dentre estes contém o menor número no total de residentes por gênero e outro fator que podemos concluir é a prevalência de mulheres no bairro abordado, assim como nos outros bairros.

67

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

População por Gênero (Censo 2010)

3.799 1.497 1.595

10.688 3.945 4.232 1.646 1.920

3.261 1.760

3.574 1.931

12.120 4.244 0

Divino Espírito Santo

Homens Mulheres

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados da Prefeitura de Vila Velha, 2013. 4.1.2.3. FAIXA ETÁRIA Dentro do total da população de 8 031, fica claro a partir da análise do Gráfico 3, que é majoritário nos bairros o grupo de idade de 15 a 64 anos. Porém, o intuito da pesquisa são os números de crianças e adolescentes no bairro que será feita a proposta projetual e seu entorno, sendo assim nota-se um total de 1.177 pessoas entre as idades de 5 a 14 anos. De acordo com o documento elaborado pela Prefeitura de Vila Velha, este é o bairro com o maior número de pessoas nessa faixa etária em relação aos bairros mais vulneráveis.

68
Gráfico 2 - Comparativo da População por Gênero entre o bairro Divino Espírito Santo e bairros do seu entorno Boa Vista I Boa Vista II Cristóvão Colombo Ilha dos Ayres Itapuã Soteco

Gráfico 3 - Comparativo da População por Faixa Etária entre o bairro Divino Espírito Santo e os bairros Itapuã e Soteco

5.815

547 1.058 468 1.177 2.502 1.166

17.184 5.928 492 2.064 627 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 18.000 20.000

Divino Espírito Santo Itapõa Soteco

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados da Prefeitura de Vila Velha, 2013. 4.1.2.4. DOMICÍLIOS

O bairro possui 2.671 domicílios particulares permanentes ocupados, segundo o Censo 2010. É predominantemente ocupado por residências próprias; como observado abaixo, estas são 58,1% desse total, 36,3% são alugadas, 5,2% cedidas e apenas 0,4% como outras formas de ocupação Além disso, existe uma característica das edificações deste bairro e de seu entorno é serem de gabarito baixo.

Gráfico 4 - Condição de ocupação de domicílios no bairro Divino Espírito Santo

Condição de ocupação (Censo 2010)

5,2% 0,4%

36,4%

População por Faixa Etária (Censo 2010) 0 a 4 anos 5 a 14 anos 15 a 64 anos 65 anos ou mais 58,1%

Próprio Alugado Cedido Outras formas de ocupação

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados da Prefeitura de Vila Velha, 2013.

69

4.1.2.5. ESCOLARIDADE

A partir do Gráfico 5, é possível perceber que os habitantes de 10 anos ou mais, não alfabetizados, somavam 243 pessoas; uma vez que 96,5% dos moradores do bairro são alfabetizados, esta pode ser considerada uma área com baixo percentual de analfabetizações

Gráfico 5 - Alfabetização no Divino Espírito Santo de pessoas de 10 anos ou mais

Alfabetização (Censo 2010)

7.000

6.950

6.900

6.850

6.800

6.750

6.700

6.650

6.600

6.550

6.937 6.694

Divino Espírito Santo

Pessoas de 10 anos ou mais Pessoas alfabetizadas de 10 anos ou mais

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados da Prefeitura de Vila Velha, 2013. A partir do documento elaborado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), baseados em dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), faz-se um comparativo destes resultados entre o Brasil, a região Sudeste e o Espírito Santo, para a apresentação da situação dos indicadores educacionais capixabas (IJSN, 2022).

Sobre o analfabetismo, a Figura 63 ilustra a taxa média de analfabetismo das crianças de 7 a 9 anos ao longo dos anos, partindo do ponto que o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa prevê que as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos. Sendo assim, a figura demonstra um aumento da analfabetização a partir do último trimestre de 2020 até o primeiro trimestre de 2022, resultando em 26,2% dessa população no estado do Espírito Santo (IJSN, 2022).

70

Figura 63 - Taxa de analfabetismo de pessoas de 7 a 9 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022)

Fonte: IJSN, 2022.

Em relação aos dados da frequência escolar por faixa etária, são apresentados comparativos entre as idades e o ensino fundamental I, ensino fundamental II e ensino médio. A pesquisa destaca que a queda da frequência ao longo do ano corresponde no abandono escolar (IJSN, 2022).

A Figura 64 exibe que, independentemente da localidade, existe elevada frequência de crianças entre 6 e 10 anos, marcando o primeiro trimestre de 2022 com 98,9% no Espírito Santo. Nota-se a taxa mínima de 97,7% do estudo sendo no primeiro trimestre de 2021 e a taxa máxima de 100% no segundo trimestre de 2019.

Figura 64 - Frequência escolar de pessoas de 6 a 10 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022)

Fonte: IJSN, 2022.

71

Com relação às crianças e jovens entre 11 e 14 anos, percebe-se uma queda na taxa no último trimestre de 2018, 2019 e 2021 e aumento em 2020 chegando a 99,9%, apesar da pandemia. Mesmo com as quedas, a mínima no país foi de 98,2% em 2018 No Espírito Santo o ano de 2022 inicia com uma frequência de 98,9% (IJSN, 2022).

Figura 65 - Frequência escolar de pessoas de 11 a 14 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022)

Fonte: IJSN, 2022. A frequência de jovens de 15 a 17 anos é menor quando comparado às duas faixas etárias anteriores, tanto no Espírito Santo quanto no Brasil e Sudeste. No último trimestre de 2018 o ES estava abaixo de 80% e no primeiro trimestre de 2022 sua taxa é 92,9% (IJSN, 2022).

Figura 66 - Frequência escolar de pessoas de 15 a 17 anos de idade no Brasil, Sudeste e Espírito Santo por trimestres (2018-2022)

Fonte: IJSN, 2022.

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O estudo demonstra também o atraso escolar em relação às etapas da educação básica, e faz um comparativo entre a redução do atraso escolar e o abandono; sendo assim, quem mais abandona a escola são as crianças e os jovens que já estão atrasados. Esta consequência explica a redução do atraso ao longo do ano letivo; no ensino fundamental I e II no ES ocorreu um aumento no primeiro trimestre de 2021 e depois uma queda, chegando em 2022 com 24,9% e 36,5%, respectivamente. No ensino médio, apresenta taxa de 45,9% no primeiro trimestre de 2022 (IJSN, 2022).

4.1.2.6.

RENDA

Os números do Gráfico 6 foram baseados no valor nominal médio de pessoas com mais de 10 anos ou mais, com rendimento, totalizando 1.154,94 pessoas do bairro Divino Espírito Santo. Dessas mais de mil pessoas, menos da metade recebe mais do que um salário mínimo (48,6%), e 31,8% não possuem rendimento e benefícios governamentais, como Bolsa Família, seguro desemprego, etc.

Gráfico 6 - Rendimento nominal no bairro Divino Espírito Santo

Valor nominal médio de pessoas com mais de 10 anos (Censo 2010)

31,8%

19,6% 48,6%

Até 1 salário mínino Mais de 1 salário mínimo Sem rendimento

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados da Prefeitura de Vila Velha, 2013. 4.1.3.

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS COMUNITÁRIOS

O bairro conta dentro dos seus limites com alguns equipamentos comunitários, sendo eles instituições de ensino municipal (UMEI Tia Nenzinha, UMEF Professor Ernani Souza e UMEF Professor Luiz Malizeck, com ofertas do Programa Mais Educação), instituição de ensino estadual (EEEFM Agenor de Souza Lé), serviços de saúde como

73

o Hospital Vila Velha e a Unidade de Saúde da Família do bairro Divino Espírito Santo, e equipamentos esportivos (o tradicional Esporte Clube Tupy, o Centro Esportivo Marcela, Arena 27, Escola do Flamengo, Green Ball e o Cetaf) Contudo, o bairro não possui parques, equipamentos de segurança ou de assistência social, como demonstrado no Mapa 4

Mapa 4 - Equipamentos públicos e serviços comunitários

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados do GEOWEB, Prefeitura de Vila Velha e Grupo de Pesquisa Cidade e Políticas Urbanas - UVV.

4.1.4. SEGURANÇA URBANA

Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, aproximadamente 80% dos homicídios no município de Vila Velha apresentam relação com o tráfico de drogas e armas ilegais, sendo que a maior parte envolve jovens entre 12 e 18 anos (FOLHA VITÓRIA, 2020). Através de dados noticiados de violência e insegurança no bairro, as

74

maiores denúncias são referentes a homicídios e a disputas no tráfico de drogas; além disso a população cobra ações e operações mais incisivas da secretaria de Segurança Pública (TRIBUNA ONLINE, 2022)

4.1.5. MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE URBANA

De acordo com os dados coletados (Mapa 5) a partir da Hierarquia Viária, nas proximidades da área de intervenção é possível identificar em sua maioria vias locais e que fazem importantes conexões com vias coletoras, como a Rua Alan Kardec, e vias arteriais como a Avenida Gonçalves Lêdo e a Avenida Luciano das Neves, que concede acesso ao Terminal de Vila Velha. Também há uma ciclovia que permeia o limite entre o bairro e Cristóvão Colombo, sendo o local mais próximo ao terreno

Em relação à mobilidade, apesar da proximidade com o Terminal não há pontos de ônibus na quadra do terreno; no entanto, foram alocados dois pontos em frente ao Hospital Vila Velha, necessitando que a população usuária do Centro de Aprendizagem e Esportes caminhe uma quadra para alcançar seu destino. Além disso, foram identificados dois pontos de bicicleta compartilhada no bairro.

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Mapa 5 - Mobilidade e acessibilidade urbana

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nos dados do GEOWEB, Prefeitura de Vila Velha e Grupo de Pesquisa Cidade e Políticas Urbanas - UVV.

4.2.ANÁLISE DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

4.2.1. ANÁLISE MORFOLÓGICA E AMBIENTAL DA ÁREA

É apresentado no Mapa 6 a localização do terreno e seus respectivos acessos pelas ruas Hernani Souza e José Rezende Filho, assim como as vias secundárias que dão acesso a estas e o sentido dos fluxos. Também é demarcada a conexão da área de intervenção até ao Terminal de Vila Velha, exemplificando a facilidade de mobilidade e acesso, o deslocamento do terreno desde a Rua Hernani Souza ao terminal por pedestre é de 350 m. Além disso, foram analisadas as condicionantes como incidência solar e ventilação Quanto à arborização, há uma escassez no decorrer de todas as vias que permeiam o terreno.

76

Fonte: Produzida pela autora a partir de imagem aérea retirada do Google Maps, 2022 Uma característica do seu entorno são diversos vazios urbanos ou a presença de alguns edifícios com gabarito alto e que contrasta com o perfil do bairro, característico de residências com gabarito baixo de 2 a 3 pavimentos, como pode ser identificado na Figura 67

77

Figura 67 - Imagem tridimensional do terreno

Além disso, foi realizada visita ao local para entender as condições atuais do terreno e seu entorno, na Figura 68 pode ser notado que a praça existente ao lado do terreno não possui mais as quadras, porém as crianças continuam a utilizar o local para praticar esportes.

Figura 68 - Praça pública anteriormente

78
Fonte: Imagem tridimensional retirada do Google Maps, 2022. Fonte: Google Maps, 2019.

Figura 69 - Praça pública atualmente

Fonte: Acervo pessoal, 2022.

A partir de análises das características do bairro e do terreno, são perceptíveis alguns pontos que contribuirão para justificar o local escolhido para implementação da proposta arquitetônica, como a localização, a população residente entre 5 e 14 anos tanto no bairro quanto no seu entorno, escolaridade, as conexões metropolitanas que permitem fácil acesso e mobilidade, e principalmente suas vulnerabilidades, ligadas à segurança urbana e à falta de equipamentos esportivos, de lazer e de cultura para a população.

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PROPOSTA PROJETUAL

5.1.DIRETRIZES

• Inserção do Centro de Aprendizagem e Esportes em uma área com população infanto-juvenil vulnerável, com fácil acesso ao transporte público, próximo às instituições de ensino e carente de tal equipamento;

• Promover a funcionalidade do edifício a partir do desenvolvimento de estratégias projetuais, tais como fluxos e programa de necessidades efetivos, uso de iluminação e ventilação natural, implementação de pedagogias alternativas e permitir acesso facilitado do público-alvo;

• Valorização do espaço externo, permitindo conexão da criança e do adolescente com a natureza e seu entorno, possibilitando interação social, recreação e integração com a comunidade do bairro

5.2.LEGISLAÇÃO

Para referências de projeto, o Plano Diretor Municipal de Vila Velha (2017) identifica, através do parcelamento do território municipal, a área de intervenção como Zona de Especial Interesse Empresarial B (ZEIE-B). Dessa forma, serão considerados os seguintes parâmetros urbanísticos, de acordo com a norma vigente na Lei Complementar nº 040 /2018 (Tabela 3)

Tabela 3 - Parâmetros Urbanísticos para Ocupação do Solo ZONA Zona de Especial Interesse Empresarial B COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO MÍNIMO 0,2 COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO MÁXIMO 3,5 TAXA DE OCUPAÇÃO MÁXIMA 60% TAXA DE

AFASTAMENTO LATERAL E DE FUNDOS ATÉ 2 PAVIMENTOS 1,5 metro

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base no Plano Diretor Municipal de Vila Velha, 2017.

80 5
PERMEABILIDADE MÍNIMA 15% GABARITO 12 pavimentos ALTURA MÁXIMA DA EDIFICAÇÃO 54 metros
AFASTAMENTO FRONTAL ATÉ 8 PAVIMENTOS 3 metros

Em se tratando de classificação do edifício, a partir do Decreto nº 2423-R (2009), se aplica aos grupos E e F (Tabela 4).

Tabela 4 - Classificação das edificações

GRUPO OCUPAÇÃO/USO DIVISÃO DESCRIÇÃO EXEMPLOS

E-2 Escola especial

Escolas de artes e artesanato, de línguas, de cultura geral, de cultura estrangeira, escolas religiosas e assemelhados

E Educacional e cultura física

E-3 Espaço para cultura física

F Local de reunião de público F-3 Centro esportivo e de exibição

Locais de ensino e/ou práticas de artes marciais, ginástica (artística, dança, musculação e outros) esportes coletivos (tênis, futebol e outros que não estejam incluídos em F-3), sauna, casas de fisioterapia e assemelhados.

Estádios, ginásios e piscinas com arquibancadas, rodeios, autódromos, sambódromos, arenas em geral, academias, pista de patinação e assemelhados.

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base no Decreto nº 2423-R, 2009

A partir desta determinação de uso e em conjunto com a altura da edificação, o tipo de escada de emergência será definido segundo a Tabela 4 da Norma Técnica 10/2013; de acordo com os grupos e altura menor ou igual a 6 metros, a escada que atende aos requisitos será do tipo não enclausurada. Outras condições são estabelecidas nesta norma como as dimensões de saídas de emergência, distância máxima a percorrer (DMP), população, portas, quantidade de escadas e etc.

A Norma Técnica 10/2010 que objetiva também as saídas de emergência, especifica o dimensionamento de lotação, saídas de emergência e detalha a disposição de assentos, patamares (Figura 69) e guarda-corpos em centros esportivos e de exibição O tempo máximo determinado para a saída de todos os espectadores em segurança para o exterior em ginásios cobertos e similares será de 6 minutos.

81

Figura 70 - Detalhamento de assentos e patamares

Fonte: Norma Técnica 10, 2010

Visando atender às condições de acessibilidade por se tratar de um edifício público, alguns aspectos técnicos presentes na Norma Brasileira 9050/2015 serão referência em sua concepção, buscando proporcionar livre circulação de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida sem a interferência de barreiras ou obstáculos instalados nos pisos e paredes Portanto, para deslocamento de uma pessoa em cadeira de rodas (PCR) em linha reta é recomendada a largura mínima de 0,90 m, porém para que possibilite a manobra em deslocamento de 180º a largura mínima é de 1,50 m.

Assim como as circulações, as rampas também possuem recomendações quanto a largura livre mínima igual a 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m e em relação a inclinação, a norma segmentos entre 5% até 8,33%. Por não possuir grande fluxo de pessoas com mobilidade reduzida, as rampas devem ter 8,33% e dessa forma seguirá a recomendação de patamares de descanso e desnível máximo de cada segmento de 0,80 m.

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Figura 71 - Dimensionamento de rampas

Fonte: Norma Brasileira 9050, 2015. Escadas e rampas devem apresentar corrimão duplo, em ambos os lados, com alturas a 0,92 m e 0,70 m do piso, ser contínuos e prolongar-se paralelamente ao patamar por 0,30 m. Quando a largura for igual ou superior a 2,40 m, é necessário a instalação de no mínimo um corrimão central (NBR 9050, 2015).

Figura 72 - Corrimãos em escadas e rampas

Fonte: Norma Brasileira 9050, 2015. Em relação as dimensões dos sanitários acessíveis, devem ser garantidos os parâmetros de acessibilidade, como a circulação com giro de 360º, área necessária para a transferência lateral, perpendicular e diagonal para bacia sanitária. A porta deve abrir para o lado externo e possuir puxador horizontal interno, barras de apoio ao fundo e lateral.

83

Figura 73 - Medidas mínimas de um sanitário acessível

Fonte: Norma Brasileira 9050, 2015.

5.3.PROPOSTA ARQUITETÔNICA

5.3.1. CONCEITO

Arquitetura intuitiva, que possibilite a autonomia do público infantil e jovem, no seu interior e exterior. Conceito baseado nas formas orgânicas com intenção de trazer movimento para o conjunto arquitetônico e dinamização. Inserção de formas que permitam diferentes organizações espaciais nos ambientes a partir dos mobiliários e, de certa forma, possibilitar adequações às proposições pedagógicas. Explorar principalmente a conexão com a natureza, reforçando a relação interior-exterior, evitando a monotonia e permitindo o conforto e acolhimento das crianças e adolescentes.

A partir disto, utiliza-se diferentes formas com a presença marcante das curvas, caracterizando a edificação, as coberturas, os elementos de proteção solar e o paisagismo. O uso de cheios e vazios formados a partir do desenho do muro evita a formação de um paredão, além de trazer movimento para o projeto. Todo o conceito se reflete em materiais, como por exemplo, cobogós de tijolos que desencontram e permitem a relação das crianças e dos adolescentes com o exterior, o uso de cores claras, esquadrias baixas para maior valorização do interior-exterior, diferentes texturas e conexão com a natureza para promoção de estímulos em todos os ambientes, que reafirmam a concepção e fidelidade da arquitetura à pedagogia

84

5.3.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES

Para a elaboração do programa de necessidades, foi importante consultar a legislação e analisar obras e teses análogas, assim como setorizar os ambientes de acordo com os seus usos e com o público, objetivando atender as necessidades estabelecidas e o conforto dos usuários.

O programa busca, além da funcionalidade, a concepção de uma pedagogia através de espaços que propõem novas relações e atividades entre os indivíduos de diferentes idades, criando ambiências e novas experiências.

Tabela 5 - Programa de Necessidades do Centro de Aprendizagem e Esportes

SETOR ADMINISTRATIVO

AMBIENTE

QNTD ÁREA (m²)

Recepção 1 30 Secretaria 1 20 Diretoria 1 9 Coordenação 1 6 Sala de atendimento especial 1 9,25 Sala de professores 1 31 Sala de arquivos 1 10

Sanitário adulto masculino 1 8 Sanitário adulto feminino 1 8 Sanitário PCD masculino 1 3,75 Sanitário PCD feminino 1 3,75 Enfermaria 1 6,25 Copa 1 4,70 Circulação 16

Total 165,7

SETOR DE SERVIÇO AMBIENTE

QNTD ÁREA (m²)

Cozinha 1 40 Área de higienização 1 8 Lavanderia 1 8 Área de serviço 1 4,95 Descanso e copa 1 29,60

Vestiário feminino 1 15,15

Vestiário masculino 1 15,15

Vestiário PCD feminino 1 4,10 Vestiário PCD masculino 1 4,10

Depósito de material de limpeza 1 10 Depósito de alimentos 1 20,10 Depósito de doações 1 20,10

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Depósito de jardinagem

1 20,10 Depósito de lixo 1 8 Reservatório de água inferior 1 36,20 Gás 1 2,50

Estacionamento 1 144,60 Carga e descarga 1 30 Circulação 25,60 Total 446,25

SETOR PEDAGÓGICO

AMBIENTE

QNTD ÁREA (m²)

Área de estudos 3 180 Sala de artesanato 1 68,30 Sala multiuso 1 68,40 Sala de informática 1 51 Sala de teatro* 1 104,50 Sala de culinária 1 50 Sala de jogos 1 87,80 Biblioteca 1 72,75 Cinema 1 50

Sanitário feminino 2 51,60

Sanitário masculino 2 51,60 Sanitário PCD feminino 2 6,50 Sanitário PCD masculino 2 6,50 Circulação 528,60 Total 848,95

SETOR ESPORTIVO

AMBIENTE

QNTD ÁREA (m²)

Quadra poliesportiva 1 435 Piscina 1 315

Mezanino arquibancadas 1 74,70 Casa de bombas 1 6,25 Sala de música 1 40 Sala de dança 1 40

Playground 1 149,15

Vestiário masculino atletas 1 23,35

Vestiário feminino atletas 1 23,35

Vestiário PCD masculino atletas 1 4,80

Vestiário PCD feminino atletas 1 4,80

WC masculino público 1 11,80

WC feminino público 1 11,80

WC PCD masculino 1 2,90

WC PCD feminino 1 2,90 Depósito de instrumentos 1 20

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Depósito de equipamentos 2 40

Circulação 412

Total 1205,8

SETOR DE VIVÊNCIA AMBIENTE

QNTD ÁREA (m²)

Horta 1 30

Refeitório 1 198 Pátio coberto 1 249 Pátio descoberto 1 643 Total 1120

TOTAL 3786,7

*Somatória da área da sala de teatro contempla espaço para apresentação, depósito e camarim.

Fonte: Produzida pela autora, 2022. Com base nas referências de projeto e legislação urbana. O fluxograma foi elaborado de acordo com os setores desenvolvidos e de acordo com suas atividades e respectivos usuários Por meio do esquema a seguir (Figura 73) são determinados tanto os acessos à edificação quanto os fluxos internos, sendo o pátio central um articulador principal entre os setores pedagógico e esportivo.

Figura 74 – Fluxograma térreo

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Fonte: Produzido pela autora, 2022.

5.3.3. IMPLANTAÇÃO

Os edifícios foram dispostos de maneira a criar um pátio central, comum aos usuários do Centro de Aprendizagem e Esportes. Tal estratégia foi utilizada objetivando também manter o contato da edificação com o exterior, de forma que não criasse uma barreira com a população do seu entorno, e sim como uma arquitetura convidativa para o público-alvo das atividades desenvolvidas no local. Visto que, por sua escala, poderá trazer grande impacto à área de inserção.

O acesso principal de pedestres está localizado em frente a praça pública, buscando potencializar as conexões com o local, além de tornar-se um espaço de transição e mais atraente a entrada Um ponto importante levado em consideração é a integração com a comunidade, portanto, foi criado um acesso secundário para eventos abertos ao público ligada a rua de pedestres. O acesso de veículos e o acesso de serviços é através da Rua Hernani Souza

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Figura 75 - Fluxograma segundo pavimento

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

5.3.4. SETORIZAÇÃO

Para a acomodação do extenso programa de necessidades, os setores foram divididos em dois pavimentos, são eles: setor administrativo, setor de serviço, setor pedagógico, setor esportivo e setor de vivência Pensando na disposição dos acessos e com os fluxos estabelecidos de forma a facilitar os deslocamentos dos usuários, no térreo foram locados os cinco setores. O bloco do administrativo está localizado próximo ao acesso principal de pedestres e voltado para um espaço de vivência, assim como todo setor esportivo e pedagógico, sendo eles composto pelo ginásio e pelas salas de culinária e artesanato, e o refeitório estão voltados para o pátio central Paralelo a isto, a sala de teatro e multiuso se integram com um jardim lateral e o pátio coberto. Em contraponto, o setor de serviço está mais distante, sem contato direto com os espaços de interação central.

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Figura 76 - Planta de implantação

Figura 77 - Setorização térreo

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

O segundo pavimento complementa o programa estabelecido com a presença do setor pedagógico onde se encontram três salas de aula, biblioteca, informática, cinema e sala de jogos, além do setor esportivo com sala de música, dança e o mezanino do ginásio que comporta a arquibancada Também, espaços criados através de reentrâncias dos ambientes e um pátio completam o setor de vivência.

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Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Os caminhos formados através dos fluxos principais dos usuários criam‘’bolsões’’no pátio central, que se transformam em parquinho, espaço com redes, cobertura com balanços, espaços de permanência e pátio coberto. Neste caminho feito em madeira foi criada uma cobertura em concreto, com aberturas em determinados pontos, e que se transformam em pergolados de madeira. O parquinho conta com diferentes vegetações e pisos para estimular o tato, brinquedos em madeira como tocos de árvores baixos, escalada, caixa de areia e para garantir o sombreamento foram posicionadas árvores com copas largas.

Próximo a entrada foi projetado um deck de madeira com diferentes alturas, com um pergolado em alumínio de formas orgânicas e que se complementa a cobertura da entrada, neste pergolado foram posicionados balanços e árvores que transpassam a cobertura.

91

Em outro espaço do pátio foi criado um pergolado de eucalipto tratado com redes para estimular a leitura, também foram aplicadas diferentes texturas no piso e vegetação.

Durante todo o caminho foram posicionados espaços de permanência com bancos de madeira e vegetação, como árvores para o sombreamento e arbustos.

Além disso, também foi criado um pátio coberto livre, para a possibilidade de ser ocupado com atividades em grupos ou comportar eventos.

Figura 79 - Planta baixa do térreo

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Figura 80 - Perspectiva da rua de pedestres

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 81 - Perspectiva da entrada

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Figura 82 - Perspectiva pátio descoberto

Fonte: Produzido pela autora, 2022. No segundo pavimento foi criado um pátio com o mesmo propósito do parquinho no térreo, pisos que estimulem o tato e brinquedos que formam um circuito, com túneis, escalas e passagens feitas em madeira.

Figura 83 - Planta do segundo pavimento

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Figura 84 - Isometria da edificação

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 85 - Planta de cobertura

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Figura 86 - Setor administrativo

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Considerando a grande influência dos esportes no desenvolvimento físico e cognitivo das crianças e dos adolescentes, a criação do ginásio se tornou um ponto essencial no projeto, que conta com uma piscina semiolímpica com cinco raias e quadra poliesportiva para a prática de modalidades esportivas que utilizam a bola e outros esportes como ginástica rítmica, ginástica artística e luta (por exemplo, judô, capoeira, boxe, dentre outros) também conseguem praticar no local.

O ginásio possui aberturas nos quatro lados, permitindo a entrada de luz natural e ventilação, estes vãos permitem também uma interação com a rua, o que traz sensação de proximidade do edifício com a população, já que não possui barreiras.

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Figura 88 - Ginásio

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 89 - Perspectiva da piscina

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Fonte: Produzido pela autora, 2022. As salas de aula foram projetadas de acordo com o desenvolvimento infantil e dos jovens e com intuito de formar diferentes configurações a partir do mobiliário, para proporcionar atividades individuais e em grupos. Com o emprego de cores claras e texturas nos mobiliários, paredes, piso e forro, os ambientes buscam estimular a criatividade e oferecem a autonomia dos usuários, mantendo ao seu alcance todos os objetos a serem usados em atividades.

Ainda em relação a escala, as janelas foram colocadas com o peitoril baixo para possibilitar maior permeabilidade visual para todas as alturas e os grandes vãos permitem a interação com o meio externo e a conexão com a natureza, além de proporcionar plena iluminação e ventilação natural.

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Figura 90 - Perspectiva da quadra poliesportiva

Figura 91 - Salas de aula

Fonte: Produzido pela autora, 2022 Figura 92 - Perspectiva da sala de aula 01

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Buscando atender a relação do espaço com as pedagogias implementadas, ambientes que promovem atividades para aprendizagem, criação, conhecimento, experimentação, interação e encenação, foram desenvolvidos espaços como: sala de artesanato, sala de teatro, sala de culinária, sala de cinema, biblioteca, sala de informática, sala de dança e sala de música

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Fonte: Produzido pela autora, 2022. Como ilustrado na planta baixa na figura abaixo, para o desenvolvimento dos aspectos criativos e aprendizagem das artes, foi projetado um espaço que contemplasse trabalhos manuais em grupos com o propósito de estimular habilidades motoras, e individuais como a pintura de telas, a fim de exercitar a imaginação. Além da criação de um deck para elaboração de aulas ao ar livre e em contato com o pátio, a sala conta com esquadrias que se transformam em uma espécie de vitrine para a exposição dos trabalhos.

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Fonte: Produzido pela autora, 2022. A proposta sala de teatro e multiuso garantem uma adaptação do uso de acordo com suas atividades ou eventos, podendo serem integradas ou mais privativas. No caso do teatro, para ensaios ou peças menores a sala pode ser reduzida fechando a porta que corta o espaço, da mesma forma que a sala multiuso ao fazer reuniões menores ou maiores podem manipular o espaço. Além das portas laterais que se abrem para o externo, o Centro de Aprendizagem e Esportes também possui a possibilidade de abrir para eventos externos ligados a comunidade, por meio do acesso secundário criado junto ao jardim.

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Figura 94 - Perspectiva sala de artesanato

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

A sala de culinária tem o propósito de experimentação, com todos trabalhando em conjunto e com o auxílio da horta, que contribui para a aula. As bancadas que compõem o espaço possuem alturas diferentes com o objetivo de auxiliar as diferentes faixas etárias que irão utilizar o local.

Acima do setor administrativo estão a sala de cinema e a sala de informática em conjunto com a biblioteca A forma com curvas da biblioteca permitiu a criação de um espaço divertido e com movimento, com o mobiliário seguindo o seu desenho e as prateleiras de livros formando nichos para a leitura com vista para o pátio

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Figura

Fonte: Produzido pela autora, 2022. A sala de música e dança seguem a mesma proposta do teatro e multiuso, quando necessário o uso do espaço de acordo com determinada atividade ou quantidade de pessoas, esse efeito é proporcionado pela divisão com portas venezianas A sala é iluminada e ventilada por um átrio envidraçado, que possibilita interação exteriorinterior com a natureza e por quem caminha pela edificação.

104
Figura 96 – Sala de cinema, biblioteca e informática

5.3.5.

Figura 97 - Sala de dança e música

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

MATERIALIDADE E SISTEMA CONSTRUTIVO

Os elementos principais da edificação se caracterizam por alvenaria convencional, a estrutura de concreto armado utilizada facilita a formação das curvas nas lajes e paredes, e as esquadrias em sua maioria piso-teto para a entrada de luz natural e objetivam a conexão de toda a edificação com seu entorno

O setor esportivo que detém o ginásio apresenta uma estrutura para suporte da cobertura metálica de pilares e vigas em Madeira Laminada Colada (MLC), sem a existência de laje tornando toda a estrutura aparente. As peças de madeira estrutural conseguem vencer grandes vãos sem apoio intermediário e possuem facilidade em produzir formatos arqueados ou curvos Além disso, a MLC oferece alta resistência ao fogo, durabilidade e resistência à umidade, um ponto importante ao se tratar de um ambiente com piscina.

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Figura 98 – Isometria explodida do sistema estrutural do ginásio

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Figura 99 - Perspectiva estrutura do ginásio

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 100 - Corte longitudinal AA

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 101 - Corte longitudinal BB

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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Figura 102 - Corte longitudinal CC

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 103 - Corte transversal EE

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 104 - Corte transversal FF

Fonte: Produzido pela autora, 2022. As fachadas apresentam principalmente o uso de materiais como madeira e alumínio, empregados em elementos verticais que criam um ritmo complementando a volumetria adotada, além de garantir eficiência das estratégias de conforto térmico As vedações em concreto aparente marcam o edifício em conjunto as esquadrias

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coloridas em alumínio verde e o muro formado por cobogó de tijolo, estes três refletem as principais cores e texturas do projeto.

Figura 105 - Perspectiva fachada

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Figura 106 - Perspectiva fachada

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

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107 - Perspectiva da fachada

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 108 - Fachada A

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 109 - Fachada B

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

110
Figura

Figura 110 - Fachada C

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 111 - Fachada D

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

5.3.6. FUNCIONALIDADE

A fim de concretizar a diretriz projetual que visa a funcionalidade do edifício relacionado ao conforto ambiental, foram implantados brises fixos dispostos de maneira vertical, garantindo proteção a diferentes tipos de incidência solar, como pode ser notado na isometria do ginásio, além do valor estético empregado ao edifício

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Figura 112 - Proteção solar com brises fixos

Fonte: Produzido pela autora, 2022. Figura 113 - Perspectiva brises do ginásio

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Já para a proteção dassalas de aula foram implementadosbrises móveis em alumínio, também dispostos verticalmente, por possibilitar o manuseio garante maior versatilidade

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Figura 114 - Proteção solar com brises móveis

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Ao se tratar de técnicas sustentáveis, fez-se o uso de placas solares com a finalidade de garantir a sustentabilidade energética e reduzir os gastos com o consumo.

Vale destacar que toda edificação conta com acessibilidade, seja por meio de rampas, alturas variadas de guarda-corpos, acabamentos que tornam a edificação mais segura, além de mobiliários e elementos de projeto pensados paralelamente às

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pedagogias alternativas, a fim de atender as mais variadas necessidades que crianças e jovens usuários deste espaço possam possuir.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto trouxe um estudo que teve por finalidade analisar uma proposta de implementação de um Centro de Aprendizagem e Esportes, destinado às crianças e aos adolescentes em vulnerabilidade social no bairro do Divino Espírito Santo em Vila Velha – ES.

A partir deste estudo, analisa-se a complexidade e a importância de tal tipologia acerca da contribuição no auxílio e assistência às crianças, aos adolescentes e suas famílias proporcionando desenvolvimento e inclusão, devido a sua condição de desprotegido, prevendo mitigar problemas sociais em que estes estão inseridos ou possam vir a ser. Permitindo acesso aos espaços de lazer, esportes, cultura e também incentivo à regularização e frequência escolar, visto que a utilização do equipamento será no contraturno.

Em conclusão, considerando que a arquitetura possui grande influência nestes aspectos e na proteção desses indivíduos, no processo de desenvolvimento educativo em conjunto com pedagogias inclusivas, foi desenvolvido um projeto de um ambiente estimulante e apropriado para a realização de todas as atividades O trabalho ainda traz a reurbanização da praça pública e da rua existente em paralelo ao terreno, devido ao impacto que essa nova edificação proposta tem no entorno consolidado.

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6

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APÊNDICE

Figura 115 - Planta baixa do térreo cotada

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

121

Figura 116 - Planta baixa segundo pavimento cotada

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

122

Figura 117 - Corte AA

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Figura 118 - Corte BB

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

123

Figura 119 - CORTE CC

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Figura 120 - CORTE DD

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

124

Figura 121 - Corte EE

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Figura 122 - Fachada A

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

125

Figura 123 - Fachada B

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

Figura 124 - Fachada C

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

126

Fonte: Produzido pela autora, 2022.

127

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