Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Autora: Isabelle Nogueira Marcondes Orientador: Prof. Dr.Ricardo Trevisan Composição da Banca Prof. Dr. Carolina Pescatori Prof. Dr. Eduardo Rosseti Prof. Dr. Ricardo Trevisan Brasília, 2019 IV
Agradecimentos Aos meus pais, que além de terem me permitido chegar até aqui nunca faltaram com presença, apoio e amor incondicional: vocês são meu tudo. Ao meu irmão, por sempre me ser um exemplo de curiosidade e positividade. Ao meu amor, Filipe, que dentre tantas outras coisas me ensinou o real significado de parceria. Obrigada por sempre me incentivarem.
Aos meus familiares pelo constante apoio e motivação. A todos os amigos que fiz durante a faculdade, mas principalmente aqueles que tornaram Brasília a minha segunda casa: Amanda, Agda, Fer, Sofi, Vini, Bella, Yan, Lucas, Lukão, Toledo e Gabriel. À Gi, por ser uma grata amizade surpresa e pelo constante suporte durante essa fase final. À Ana e Ju, por serem amizades que começaram com uma carona despretensiosa e que se fizeram presentes em todos esses seis anos juntas. Aos meus amigos palmenses, que mesmo de longe nunca faltaram com apoio: Rafa Paiva, Sara, Rafa Lopes, Mari, Mateus e Rômulo. Ao Marco, Dani, Ti e toda a família Conde e Chalub por sempre me fazerem sentir parte: obrigada pelo carinho. Ao meu orientador, Trevisan, por topar o desafio. A banca avaliadora pelas sábias palavras e orientações. Aos professores colaboradores, Ivan e Alejandro, pela atenção e cuidado. À Ana Paula Gurgel e Patrícia Gomes por terem conquistado minha admiração. A todos os meus professores de escola e faculdade, por nunca faltarem com a minha educação. À Telma, Grilo e todos os chefes que tive pela confiança. Agradeço a todos que de alguma contribuíram para quem sou hoje.
maneira
V
Apresentação Situações que unem, com exatidão surreal, o problema e a sua solução me encantam. Com os olhos atraídos pelos detalhes, é difícil não notar esse encontro — e também a ausência dele. Assim, afeiçoada a observar práticas cotidianas e propor novas ideias que busquem sempre otimizar e potencializar sistemas, me deparei com a obsolescência dos supermercados e o conformismo de seus usuários. Esse caderno consiste no Trabalho Final de Graduação (TFG) pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU–UnB), e tem como objetivo especular um novo conceito de supermercado. Esses se mantêm há 100 anos com a mesma estruturação e patologias, submetendo os seus clientes aos mesmos desconfortos e se isentando da iminente reforma tecnológica e de seu importante papel socioambiental. Aventurando-me em outras áreas (como administração, propaganda e marketing, engenharia de produção e design), busquei complementar meus conhecimentos para que através da arquitetura fosse possível transformar esse espaço genérico e estéril em um espaço funcional e articulado; convidativo e principalmente inteligente. Que se torne um marco urbano não só pela sua função inerente, mas pela riqueza de elementos plásticos e singularidade em desempenho.
1
Conteúdo um sumário
2
4
Supermercados — um panorama geral uma justificativa
14
Cronologia dos layouts supermercadistas graficando
23
Tudo mudou
6
Supermercados na história várias narrativas
18
uma análise
20
Destrinchando o sistema de compras
25
29
um caso
um evento
32
34
uma esperança
Supermercados hoje
Walmart que não deu certo
Estudo de caso: sistemáticas inovadoras
Estudos de caso: sustentabilidade
12
várias soluções
Estudo de caso: forma e função váris projetos
uma autópsia
Supermercados e o meio ambiente uma responsabilidade
44 caju co.
uma idéia
3
Supermercados —
um panorama geral
Difícil falar de supermercado e não ter a imagem mental de uma caixa hermética balizando uma
do que uma atividade econômica: um ato social por excelência. Os gastos com alimentação no Brasil são
O projeto propõe repensar o atual aparelho supermercadista brasileiro, questionando práticas que hoje só permanecem pela força da inércia e pela comodidade de já estarem consolidadas. É especular um novo conceito de supermercado congruente às necessidades atuais de seus usuários e contexto inserido, buscando formular um sistema completo que possa ser replicado em diversas realidades. Sendo assim, a intenção é explorar a potencialidade tipológica e sistemática que o modelo possui, levando os supermercados para além do espaço genérico e propondo uma experiência mais tecnológica,
Centralizado no principal motivo desse projeto está o cliente e a questão social que ele representa. Ele direciona quais são os seus anseios e expectativas ao usufruir do equipamento, exigindo qualidade e avanços que indiquem a sua própria importância para a empresa. Assim, os 100 anos sem alterações
infinidade de prateleiras iluminadas sob uma luz artificial e embaladas ao som de mais uma promoção inacreditável. Viagens perdidas com produtos em falta, produtos perdidos com memória em falta, circulação complicada onde carrinhos parados fazem da necessidade de comprar mantimentos quase que uma corrida com obstáculos. E esse ritual tem se repetido desde não se sabe quando, cada família a sua maneira. O sistema, apesar de todas as suas limitações e vieses, funciona. De forma básica, intuitiva e democrática. Mas nem sempre isso é o suficiente.
sustentável e funcional. Sempre assumindo sua característica de ponto de integração e troca, uma vez que, para a realização do ato comercial, é necessária a interação das pessoas, fazendo do supermercado mais
considerados altos para a maior parcela da população. Segundo os últimos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2008–2009)1 realizada pelo IBGE, eles superam os de transporte e educação, perdendo apenas para a habitação. Isso demonstra a importância do setor de alimentos nas despesas de seus consumidores e consequentemente no conjunto da economia nacional. É irrefutável a dependência criada pelos supermercados na vida de qualquer cidadão, e por isso esses devem ser conscientes e flexíveis dentro do seu próprio funcionamento. A sociedade e o contexto que os recebem estão constantemente em transformação, variando preferências, necessidades e ideologias. E é fundamental que haja a iniciativa de entender como que cada transformação se manifesta: é a clássica ideia de Heráclito2, mas no lugar do rio proponho as gôndolas repletas de chamativas embalagens.
substanciais em seus sistemas, tornam clara a obsolescência dos supermercados, frente a uma nova era tecnológica que atingiu diversos tipos de varejo. Na geração do imediatismo — essa que busca o aqui e
1 No resultado da pesquisa estão inclusos outros tipos de gastos com a alimentação, como restaurantes, cafés, lanchonetes e self-services. 2 Filósofo pré-socrático defensor da constante mudança e renovação das coisas (Teoria do Devir de Heráclito de Éfeso), cuja frase mais famosa é “Não se pode banhar duas vezes nas águas de um mesmo rio”. 4
o agora em sua melhor qualidade —, a tecnologia não só consolidou o apreço pela agilidade, mas a tornou fundamental. Tudo deve ser rápido: a notícia, a resposta, a informação. Nunca se soube tanto em tão pouco tempo e qualquer coisa que não tenha acompanhado essa velocidade é imediatamente substituída. Algo irônico quando paramos para pensar no ultrapassado sistema supermercadista e em todo o seu (des)conforto radicado. Se as exigências são outras e os clientes não são mais os mesmos, por que os supermercados deveriam permanecer como o são? Outro ponto de urgência é a questão ambiental, pouco atrelada à imagem do objeto em questão. O supermercado por definição é um equipamento de distribuição de mercadorias, e tem como tarefa basal a entrega nas mãos (ou seriam nas sacolas?) dos produtos desejados a cada consumidor: para a companhia, momento no qual sua responsabilidade pelo processo se finda. Dessa forma, o maior distribuidor de lixo não se identifica como um dos principais colaboradores pela quantidade de resíduos gerados. O que se torna perigoso dado o atual contexto de desastres naturais combinado com a displicência humana e uma legislação frágil. Assim, é importante enxergar a potencialidade que um equipamento tão popular, bem localizado e com alta influência tem, propondo políticas e retificando comportamentos de todas as partes envolvidas (tanto os clientes, quantos os fornecedores). E se os supermercados fossem instrumentos intermediários no processo de reciclagem? E se ao invés de se restringirem ao papel de distribuidores, eles complementassem suas atividades atuando como coletores?
A relação do supermercado não se restringe apenas aos seus consumidores, extrapolando também à cidade. O setor terciário e o meio urbano se desenvolveram um em razão do outro, uma vez que o surgimento das cidades derivou-se da intensificação do comércio. Dada a sua escala e toda a estrutura que possibilita o seu funcionamento, o mercado, inserido na malha urbana, exerce influência em toda sua vizinhança e na própria dinâmica da cidade, gerando fluxos, adensamentos e fomentando atividades. E é nesse meio habitado e enérgico que grande parte dos edifícios com esse uso propõe tipologias que negam a premissa de troca (de produtos, de experiências e principalmente de espaços), se fechando de modo a excluir e isolar o cliente do contexto situado. O supermercado acaba se tornando um local genérico, repleto de apelos visuais e estímulos artificiais que fazem o processo ser menos humanizado. Temos então a questão espacial, que afeta a experiência do usuário tanto na escala arquitetônica como na urbana. Por último, ressalto a questão cultural, também intrínseca ao equipamento. Justamente pela sua condição de equipamento essencial à vida de uma cidade, tal objeto ganha contornos sociais a serem considerados. É um ponto de encontro que permite a interação entre seus usuários, funcionários e abastecedores. E onde há troca, há construção de hábitos e costumes, bem como a reestruturação deles, o que faz do supermercado um lugar comum, ponto de encontro e convivência. Logo, o papel social dos supermercados se dá tanto entre suas quatro paredes, como fora delas.
5
Assim, buscando atender a cada uma das questões levantadas, o plano de trabalho se estrutura da seguinte maneira: 1) Supermercados na história, buscando traçar um panorama de seu surgimento e consolidação; 2) Supermercados hoje, delimitando sua sistêmica atual, tipologias, relação com o entorno e todos os elementos que o compõe; 3) Destrinchando os sistemas de compra, onde são explicados como
os perfis de clientes e terrenos são traçados pelos modelos existentes; 4) Tudo mudou, apresentando a ressignificação do autosserviço na nova era tecnológica, bem como sistemas inovadores como estudos de caso; 5) Supermercado: pensando fora da caixa, explicitando diretrizes projetuais, conceito, partido, esquemas de concepção da forma e programa de necessidades; 6) Referências, a bibliografia utilizada.■
Supermercados na história Pensar na origem dos supermercados é avaliar uma porção de fatores externos e seus desdobramentos, mas principalmente conceitos importantes como varejo e autosserviço. O varejo, segundo Kotler (1999) representa todo o tipo de venda de produtos para um consumidor final e é dividido em três categorias na qual o supermercado se enquadra como um tipo de varejo com loja; assim como o hipermercado, a loja de sortimentos limitados, a mercearia e a loja de conveniências. O que diferencia cada um desses sistemas são parâmetros funcionais como o tipo, a variedade e a quantidade dos produtos; a área/metragem do espaço físico e, sobretudo, o autosserviço: um modelo operacional que reinventou a relação comercial americana e, posteriormente, mundial. Antes de 1912 todo o tipo de venda clássica era enquadrado na definição de varejo tradicional de Nielsen (1997): a venda era intermediada por um funcionário, normalmente um balconista, e a área ocupada pelo estoque era maior do que a área de venda. Foi com a empresa — Piggly Wiggly, em 1915, nos Estados Unidos da América, que o primeiro supermercado do mundo surgiu, implementando o sistema que invertia a lógica consolidada em busca de diminuir os custos operacionais e otimizar seu funcionamento. Revolucionária para a época, sua inovação estava na
autonomia de escolher as próprias mercadorias, colocálas em cestas e carrinhos e realizar o pagamento no setor localizado próximo à saída do estabelecimento. É curioso perceber que, até dado momento, não havia o apelo publicitário atual como meio de divulgação dos seus respectivos produtos, uma vez que quem tinha a função persuasiva era o balconista. Dessa forma, podemos observar que o autosserviço contribuiu para a força que o marketing e a propaganda receberam na década de 1920 e também para toda a abordagem visual que os supermercados adotaram nos últimos cem anos. Além do autosserviço, outras características surgiram com o novo modelo, como o fim da entrega a domicílio e do tratamento personalizado. Com isso, boa parte dos gastos foram cortados, possibilitando baixos preços e maior popularidade entre os novos clientes. Em 1920, medidas econômicas como o Patman Act3 e o imposto com alíquota crescente foram favoráveis ao crescimento dos supermercados estadunidenses, uma vez que não só facilitaram o seu funcionamento como os mantiveram favoritos durante a famosa crise de 1929 (que por sinal levou à falência a maior parte das mercearias e pequenos mercados). Segundo Cyrillo (1987), foi na segunda guerra mundial (1939–45) que outra característica hoje inerente ao objeto de estudo surgiu: a venda de eletrodomésticos.
3 Política econômica federal norte-americana que elimina diferenciação de preços de comercialização dos fornecedores extinguindo economias pecuniárias. 6
1
2 7
3
Em resposta à baixa produtividade e com mão de obra concentrada na indústria bélica e em campo de batalha, muitas das prateleiras se encontravam vazias. Foi então que, na tentativa de torná-las mais atrativas e com melhor aparência, artigos de casa, mesa e banho e eletrodomésticos foram introduzidos, sendo a maior parte do faturamento dos estabelecimentos desse tipo até hoje. Já no contexto de pós-guerra, a população se encontrava com maior poder aquisitivo e a indústria foi estimulada pelo governo norte-americano a produzir mais, exigindo então mais espaço para armazenar e vender os insumos intensamente produzidos. Connor & Schiek (1997) afirmam que a resposta dos varejistas foi aumentar o espaço e oferecer um número maior de itens, marcas e serviços como estacionamento próprio, ar condicionado e brinquedos. Outra novidade foram as caixas registradoras e automação de estoques, trazendo mais agilidade e conquistando mais clientes. Essa expansão acabou coincidindo com a dispersão urbana americana (1960–70) e levando os famosos supermercados para os subúrbios e, igualmente, para o mundo: difundiu-se para 52 países diferentes em 1965, inclusive no Brasil. (ABRAS, 1993). No cenário brasileiro, segundo estudos de Umberto Sesso (2003), é em 1950 8
que surge de maneira tímida o primeiro autosserviço brasileiro. Foi na cidade de São José dos Campos (SP) na renomeada Tecelagem Parahyba, importante indústria têxtil do vale do Paraíba. O supermercado era restrito aos funcionários da empresa e servia de apoio para o complexo de residências localizado próximo à fábrica. Logo em seguida, surgiram na capital paulista duas outras redes de renome e abertas ao público: Peg-Pag e Sirva-se. Nesse momento inicial, as boas-vindas ao sistema norte-americano foram homéricas barreiras de crescimento. O desinteresse dos empresários para qualquer tipo de investimento era firmado devido à instabilidade que a ausência de apoio legal e financeiro geravam. Até 1968, quando os supermercados foram legalmente reconhecidos, não havia linha de crédito nem vantagens sobre a concorrência. Sem falar nos hábitos de compra da população, que enxergavam certo luxo na comodidade do modelo antigo e se mostravam fiéis a ele. Foi com a mudança do regime político em 1964 que o presidente Castello Branco, junto a sua crença de que a modernização do jeito de comercializar seria a pauta para sua política anti-inflacionária, regulamentou os supermercados e, por fim, iniciou a sua
4
expansão. Reconhecidos legalmente, de 992 unidades existentes no país, 7.823 novos supermercados surgiram em dez anos (ABRAS, 1993). Em 1967 houve a substituição do Imposto sobre Vendas e Consignações (IVC) pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM) em resposta ao combate à sonegação, diminuindo as vantagens das mercearias remanescentes. Em 1970 surge o Plano Nacional Desenvolvimentista (PND) que incorpora em suas metas a expansão do sistema e em 1971 é criada a primeira linha de crédito da Caixa Econômica Federal. Em 1975, com a crise do petróleo, o consumo cai e a estratégia adotada é a de expansão para o Nordeste e Sul do país, mas com sortimentos limitados.
um único dia. Despensas e congeladores se tornaram itens essenciais para muitas famílias, sendo inclusive a origem do hábito das compras de mês. (MARINS, 2018). Em 1994, ano da estabilização econômica com o Plano Real, as modificações do ambiente macroeconômico influenciaram a demanda por alimentos e o comportamento do consumidor – atraindo novas empresas nacionais e estrangeiras (WILDER & SESSO, 2002). Estabilizada a moeda, as compras semanais retornam à normalidade e estocá-las deixou de ser essencial – sendo equipamentos como freezers descartados posteriormente por muitos brasileiros durante a crise energética de 2001, como retrata Ruth Costas em sua reportagem para BBC (2014).
Nesse breve panorama, é impossível falar de supermercados e não se lembrar do período da gestão presidencial de José Sarney e o pesadelo da inflação. Em 1986, a vilã no bolso da família brasileira era a recessão e com a queda do poder de compra houve uma mudança brutal nos hábitos da população. Não se sabia se o dinheiro seria desvalorizado com o passar dos dias e por isso, muitas pessoas, das mais desfavorecidas e até a classe média, assim que recebiam o salário do mês enchiam os carrinhos e esvaziavam os bolsos em
No século 21, compras tangem o comportamento compulsivo, exigindo mais qualidade e preços baixos de modo a criar competitividade entre os estabelecimentos. O uso de novas tecnologias como a automação comercial, transferência eletrônica de dados e até mesmo o código de barras junto ao leitor ótico tornaram possível à diminuição de custos e crescimento das empresas varejistas. Garantida a rapidez, as filas diminuíram e os espaços antes dos caixas foram redistribuídos para as áreas de vendas.■ 9
5
6
9
7
11 10
10
8
12
15
13
18
14
16
17
19
20 11
Supermercados hoje A chegada dos supermercados trouxe uma nova arquitetura ao comércio brasileiro, a começar com o Sirva-se na capital paulista em 1953. Segundo Rennó (2006), era normal que um descendente do modelo norte-americano seguisse a mesma lógica arquitetônica, localizando-se em esquinas movimentadas, sem recuo frontal e com fachadas envidraçadas. Nos anos seguintes, novas tipologias foram surgindo e a relação com o entorno variando muito de estabelecimento para estabelecimento, uma vez que elas dependem da dinâmica urbana e da própria sistemática adotada. Sistemática essa que, de acordo com um estudo realizado pela ABRAS em 1993, possuía layouts simples e que tinham como objetivo criar rotas e fluxos que favorecessem as vendas: nada muito diferente da atual conjuntura. Atualmente, criar vantagens competitivas baseadas em preço, promoção ou na mercadoria em si é cada vez mais difícil. Portanto, a loja tem se tornado uma boa oportunidade para a diferenciação mercadológica, exigindo do layout e de seus componentes harmonia, produtividade e consistência com a imagem da loja. Segundo La Casa e Barboza (2007), hábitos de compra interferem no layout da mesma forma que o layout interfere nos hábitos de compra. Eles definem que boa parte dos layouts nos supermercados brasileiros estão divididos em três categorias: retangular ou grid; fluxo 12
livre e butique. O primeiro é o mais utilizado pela simplicidade, consiste na distribuição dos produtos em gôndolas paralelas alinhadas à fachada de modo a direcionar os clientes para corredores principais. As mercadorias de compra impulsiva ficam próximas a esses corredores e, à medida que se afastam os produtos se tornam mais gerais. O curioso nessa organização é que a relação produto e espaço de exposição deriva da relação produto e tempo de decisão de compra do cliente. Ou seja, para não prejudicar a circulação nos corredores, produtos que levam a contemplação do cliente, e consequentemente tomam mais tempo, devem ficar em corredores mais largos. Já o modelo do fluxo livre
possui uma distribuição mais fluida, que geralmente se dá em agrupamentos e permite a criação de vários ambientes. O fluxo de clientes não é direcionado, a atmosfera é mais descontraída e os equipamentos são baixos para facilitar a visualização e o estímulo de compras nos outros departamentos. Por último, o modelo butique consiste na organização dos produtos em agrupamentos setorizados ocupando espaços semiseparados e bem definidos podendo ter sua própria identidade, materiais e cores. Existem outros modelos de layout que são derivações desses três principais tipos como ”espinha de peixe” ou “Y” e há também lojas que misturam os três em um mesmo sistema.
13
Ã&#x;outique
Fluxo Livre
Grid
* * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * *
cronologia dos layouts brasileiros Perecíveis Checkout Congelados Mercearia Padaria Hortifrúti Laticínios
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
60’s 70’s 80’s
Açougue Peixaria Entrada
14
90’s
Para Sesso (2000), existiram quatro gerações de layouts no Brasil que marcaram os supermercados de cada época. Em 1960 a mercearia era destaque e os perecíveis — açougue, frios, laticínios e hortifrúti — representavam 25% das mercadorias e eram alocados ao fundo da loja. Em 1970, a porcentagem dos perecíveis subiu para 35%, com os produtos de açougue ao fundo na lateral esquerda gerando tráfego. Em 1980 os supermercados passaram a adotar layouts mais largos e com mais checkouts acomodando a padaria na lateral direita também aos fundos. O hortifrúti passou a ocupar a entrada da loja e os perecíveis a metade da área total de vendas. É nesse momento que são introduzidos os congelados, a peixaria e as flores. Em 1990 pratos prontos ganham espaço, a peixaria se encontra ao fundo à direita, e o açougue à esquerda. A qualidade dos perecíveis começa a determinar a diferenciação entre as lojas sendo a padaria o principal gerador de tráfego. Ela é deslocada à frente na esquerda enquanto o hortifrúti ficava próximo ao depósito, pois facilitava o seu constante abastecimento. Aqui as lojas já apresentam uma linguagem mais horizontal e de corredores amplos.
Todos esses layouts empregam a criação de zonas geradoras de fluxos onde há uma previsão do circuito do consumidor dentro desse “espaço domado”, como pontuado por Rennó (2006), podendo gerar uma experiência negativa pela falta de objetividade e lentidão associada. A autora pontua também que os depósitos e áreas de preparo de alimentos não eram visíveis ao público; o inverso do que vem acontecendo na maioria dos supermercados atuais que buscam transmitir o frescor e limpeza através da transparência dos espaços dessas atividades. Isso explica o envidraçamento dos açougues e algumas padarias, por exemplo. É importante lembrar que nos autosserviços quem vende é a imagem e a estética das embalagens, e por isso o fato de ser visto é decisivo no sucesso do produto. Sendo assim, as distinções topológicas e organização nas prateleiras são definidas por predileção e pagamentos, nem sempre conferindo uma lógica de construção que facilite a orientação do consumidor. Ou seja: os fornecedores que estão dispostos a despenderem uma verba na escolha da localização dos produtos têm maior visibilidade.
00’s
15
21
22
23
24 16
Para isso, existem algumas estratégias que garantem a percepção do cliente. Solomon (2002) afirma que os corredores dos supermercados deveriam ser mais amplos estimulando o passeio e ainda maiores nas áreas reservadas para produtos com maior margem de lucro. Os itens de valor baixo e que são comprados regularmente deveriam ficar no alto e em corredores mais estreitos para evitar o estacionamento de carrinhos de compra. Ele pontua também que a zona confiável de exposição vai de um pouco acima dos olhos até a altura dos joelhos, fazendo o lugar ideal para produtos grandes ser acima e abaixo desta zona, pois são mais fáceis de serem percebidos. De maneira geral, externamente os supermercados possuem edifícios genéricos devido uma tipologia facilmente associável. Costumam ter poucas fachadas de acesso, que abrigam os carrinhos estacionados e recebem o consumidor com todos os caixas enfileirados. As demais fachadas costumam ser empenas cegas independente do tipo de lote onde se encontram, sem nenhum acesso ao contexto exterior propositalmente: cria-se um ambiente atemporal para que não se tenha referências de quanto tempo já se passou lá dentro. A relação com a vizinhança varia de acordo com a legislação de cada cidade e com a destinação de uso de cada lote. Contudo, em sua maioria, os supermercados acabam se comportando de maneira introspectiva, em lotes isolados e receptivos apenas ao próprio
estacionamento, entrando em choque com a sua natureza agregadora e fomentadora de atividades. Possuem uma horizontalidade bem marcada, com um pavimento térreo e pé-direito altíssimo. A companhia responsável pela gestão de informações varejistas do Brasil é a Nielsen (germanico americana). É ela quem traz dados sobre todos os autosserviços brasileiros e sobre o comportamento de compra da população vigente, monitorando atuais necessidades e futuras tendências. Segundo sua última pesquisa (2018), o número total de lojas de autosserviço no país gira em torno de 89.368, sendo que 38.100 dessas lojas são supermercados. Nessa pesquisa também é apontado o constante crescimento dos supermercados de vizinhança nos últimos 3 anos, totalizando 3.124
unidades e tendo um aumento de 28% dos domicílios atendidos, o que vem surpreendendo os investidores da área, visto que as maiores apostas eram nos hipermercados e atacarejos4 – outros dois modelos bem consolidados no mercado. A diferença entre esses dois últimos modelos e o supermercado de vizinhança mora na intenção de compra. Segundo a ABRAS, na edição de abril de 2018, as vendas em atacado são vistas pelo brasileiro como uma compra de abastecimento e consequentemente de busca por preços mais baixos. Já as de vizinhança, são vistas como compras de manutenção e assim estão à busca da praticidade. Assim, o volume da compra é diretamente proporcional à área ocupada pelo equipamento, fazendo o hipermercado ser três vezes maior do que os supermercados de vizinhança e tornando a sua inserção na malha urbana mais onerosa e complicada. É pelo custo de implementação, pela possibilidade de expansão e pela facilidade de acesso para uma quantidade maior de pessoas que normalmente os hipermercados se encontram mais afastados dos centros das cidades, localizados em vias expressas e de maior movimentação. O que acaba aumentando as distâncias e fazendo do ato de compra um evento e não uma ação cotidiana. E essa foi a maior sacada que O Grupo Pão de Açúcar (GPA) teve. O primeiro supermercado de vizinhança — das empresas conhecidas — no Brasil surgiu em 2007 com o Pão de Açúcar, quando a companhia entendeu a força que a praticidade tem e a importância do acesso rápido ao produto na hora de se comprar. O seu modelo de 700 m² tem como objetivo complementar os insumos necessários a um núcleo familiar, sem que haja tempo perdido em deslocamento. O sucesso foi tão grande que o Carrefour (francesa), outra companhia de renome no pais, decidiu também investir no modelo no Brasil. Hoje os supermercados de vizinhança têm sido a principal aposta, visto a facilidade de customização e consequentemente fidelização do seu cliente, já que sua localização torna mais claro quem esse cliente é.
O perfil social do país se alterou, a inflação diminuiu e a preocupação com os preços deixou de ser exclusiva. Itens como comodidade e um mix5 mais especializado de produtos passaram a pesar mais na decisão dos clientes. Os shoppings ganharam espaço como palco da diversão da família e os números de pessoas solteiras e separadas dispararam. Tudo isso impulsionou as lojas de pequeno porte, mais espalhadas e bem localizadas. Segundo números da consultoria Bain & Company, o segmento formado por pequenas unidades já ultrapassou em importância os hipermercados. Assim, fica clara a importância do espaço na composição do supermercado e a maneira como todos os elementos ali presentes têm uma função previamente estipulada, refletindo diretamente na experiência do consumidor e se tornando de extrema relevância quando se pensa no futuro do negócio. Parece simples, mas essa percepção não é clara para grande parte dos estabelecimentos, facilitando o surgimento de cenários como o enfrentado pelo Walmart.
25
26
4 Modelo de venda que possibilita a compra tanto no atacado quanto no varejo. 5 Termo varejista que se refere à mistura de variedade de produtos dentro de um estabelecimento. 17
O Walmart que não deu certo A companhia referência mundial em varejo alimentício declarou a venda de 80% das suas operações no Brasil, depois de 23 anos desde sua chegada ao país. Foram fechadas 60 lojas até o momento e a dúvida que paira é: por que o Walmart não vingou por aqui? Segundo Paulo Cury (2016), sócio da Consultoria Condele, foi um conjunto de fatores que impediu o sucesso da rede. Ele inicia pontuando a falta de flexibilidade e “tropicalização”, uma vez que o “modelo é extraordinariamente bem-sucedido nos Estados Unidos e tende a ser replicado à risca em outros países — ignorando as particularidades de cada região”. Dessa forma, características presentes nas unidades americanas foram reproduzidas desconsiderando o perfil do brasileiro, aparentando haver uma falta de sintonia entre os desejos da empresa, a realidade do
27 18
mercado e os anseios de seus clientes. Por isso era comum encontrar produtos a venda que não condiziam com a realidade local, como sapatos para neve e tacos de golfe. “A ideia de manter o sistema, mesmo com defeitos, vem da crença de que, algum dia, eles vão acabar educando o consumidor”, afirma ex-diretor da companhia.(Negócios época, 2016) “Deu certo no México, e a expectativa era fazer o mesmo no Brasil.” Outro fator que atrapalhou a consolidação do supermercado no país foi o seu tamanho físico, que superava em duas vezes a área média dos demais supermercados brasileiros. Segundo a ABRAS (1993), enquanto o Walmart tem em média 2.838 m², o Pão de Açúcar por exemplo possui 1.336m² e isso se tornou um problema. Distâncias muito longas para serem percorridas; falta de orientabilidade; pé-direito
monumental tirando qualquer possibilidade de aconchego e cores tipicamente americanas são alguns dos pontos negativos. Nem mesmo a temperatura condizia com a nossa realidade: uma pesquisa do grupo, feita anos atrás junto a uma consultoria, descobriu que poucas mulheres entravam nas lojas
devido ao desconforto gerado pelo frio excessivo do ar-condicionado, por exemplo. Resumindo: o supermercado não tinha nenhum atrativo físico para seus usuários, a não ser que estes tivessem outra nacionalidade, que não a brasileira.
“O Walmart, cuja história sempre foi marcada pela inovação, parece ter perdido a mão. Ir a um supermercado, hoje, envolve encarar trânsito, pegar um carrinho, circular por corredores, pegar fila na hora de pagar, carregar o carro, pegar trânsito novamente, descarregar os pacotes e guardar todos os itens em casa. Frente a esse cenário, fazer compras com um clique e ter os produtos entregues na sua casa parece uma opção mais atraente. Pesquisas feitas por institutos americanos colocam a Amazon no topo da lista de melhor experiência de compra nos últimos anos. Como resultado, para manter seus acionistas por perto, o Walmart teve de pagar US$ 6 bilhões nos últimos dois anos em programas de recompra de ações – além de distribuir parcelas generosas do lucro na forma de dividendos. A Amazon nunca precisou gastar um centavo nesse tipo de estratégia. Na prática, isso significa que uma empresa precisa pagar pelo presente, enquanto a outra aposta no futuro.” (CABRAL,2016)
28 19
Destrinchando os sistemas de compra A sistemática tradicional é simples e intuitiva: o cliente, ao adentrar o estabelecimento, se depara com uma ala de cestas e carrinhos enfileirados, dos quais ele se utiliza para transitar com os produtos. Estes estão dispostos em prateleiras e são selecionados e organizados pelo próprio cliente dentro de seus carrinhos. Apenas produtos mais específicos, como os do açougue, peixaria e padaria possuem atendentes que podem personalizar o serviço, oferecendo quantidades ou tipos de cortes que não estão expostos. Ao longo do percurso, direcionado pelo layout, leitores óticos são disponibilizados para a consulta de preços não discriminados ou atualizados. Televisores, música de fundo e até locutores são recursos ora lúdicos, ora informativos, utilizados pelo estabelecimento para venda. No final do processo (checkout), o cliente se direciona para o caixa de pagamento, onde um atendente estará pesando e computando todos os insumos comprados, além de receber o pagamento e entregar a nota fiscal. As compras podem ou não ser
embaladas por um funcionário responsável por essa função, e muitas vezes são transportadas em sacolas plásticas disponibilizadas pelo próprio supermercado. O cliente faz uso dos carrinhos para transitar com as compras até seu automóvel (quando o tem) e muitas vezes os carrinhos são abandonados no meio do estacionamento, carecendo de um funcionário para ordená-los. Esse modelo é o mais utilizado pelos supermercadistas variando entre si em particularidades isoladas, como se a pesagem é anterior ou no momento exato do pagamento, ou se há a utilização de caixas de papelão no lugar de sacolas plásticas para o transporte, por exemplo. O circuito é pensado para envolver o cliente com todas as possibilidades de produtos expostos e, por isso, busca aproveitar ao máximo o espaço disponível. Assim, área é um dos quesitos que influenciam na escolha da localização do supermercado, junto com outros mais de igual importância.
Os perfis de terreno Os supermercados têm uma área de influência geográfica que está diretamente relacionada ao tipo da loja, alterando a variedade e quantidade de produtos comercializados, bem como a sua dimensão. Desse modo, segundo Oliveira (2014), deve-se realizar um estudo que cruze o formato operacional (a bandeira6) com o seu público alvo7 antes de se escolher o local de implantação possibilitando entender o contexto futuro e identificar elementos importantes para o sucesso do estabelecimento, como a análise da área de atuação e prováveis concorrentes através do raio de abrangência8; tipo de modal utilizado pelo cliente e qual estrutura de apoio ele necessita (estacionamento ou bicicletário, por exemplo); fluxos e rotas externas (circulação lindeira) e internas (carga e descarga) ao terreno escolhido. Outro fator determinante para a implantação dos supermercados é o Plano Diretor, que delimita as possibilidades de ocupação dos lotes das cidades brasileiras. Ou seja, mesmo encontrando o lote ideal após toda avaliação de público alvo e de formato operacional, ele só pode ser ocupado pelo empreendimento se este foi permitido pela legislação da cidade vigente e, claro, se houver sua disponibilidade. Assim, os terrenos com potencialidade são aqueles que se encontram na lacuna entre a concorrência e os possíveis clientes, sendo o público alvo o principal responsável na localização e até mesmo na concepção das lojas supermercadistas. 20
Os perfis de cliente Traçar o perfil do seu público alvo é uma das primeiras tarefas a serem cumpridas quando se pensa em abrir um negócio. É buscar entender que todas as variáveis se projetam nos usuários, nas suas necessidades e no estudo do mercado (NUÑEZ, 2000). O Estudo de Usuários (EU) é definido por Sanz Cazado (1994) como o conjunto de estudos que tratam de analisar qualitativa e quantitativamente os hábitos e informações dos usuários se utilizando da aplicação de métodos distintos, entre eles o estatístico. Cazado entende que esses estudos têm como função conhecer hábitos e necessidades dos usuários e da comunidade a quem ela atende; avaliar os recursos e medir a eficácia das unidades; e principalmente entender e adequar o espaço. O tipo de pesquisa realizado varia conforme os objetivos a serem alcançados, dependendo assim do posicionamento da empresa. A pesquisa quantitativa pode ser aplicada a estudos de frequência de uso, acesso e para determinar características como sexo e faixa etária, ou seja, pode ser aplicada para a coleta de dados quantificáveis e que recebem tratamento estatístico. Já a pesquisa qualitativa visa determinar hábitos de uso e comportamento dos usuários, bem como opiniões sobre os serviços, além de sugestões. Aponta também necessidades individuais, algo que a pesquisa quantitativa não alcança. A pesquisa qualitativa foca nas causas das reações dos usuários e na resolução de problemas informacionais,
dando mais atenção a aspectos subjetivos do comportamento humano (BAPTISTA; CUNHA, 2007). Parte dos supermercados tradicionais faz uso da pesquisa quantitativa para traçar os perfis de seus clientes. Para eles, o importante é a frequência e o volume de cada um de seus perfis anônimos, uma vez que esses dados servem para manutenção, compra e abastecimento de insumos. Ou seja, o foco recai sobre o produto em si e não sobre a experiência do usuário. Em uma compilação realizada por Figueiredo (1994), há um panorama sobre o início da centralização do usuário nos EU. Ele afirma que na década de 60, os canais formais e informais de divulgação eram o principal objeto de estudo. Já na década de 1980 a preocupação era o desempenho dos serviços. Foi só na década de 1990 que o usuário começou a ter a devida atenção e, nos anos 2000, com o surgimento das redes sociais e um maior foco na personalização, que ele se tornou peça central. Hoje, é possível encontrar não só supermercados, mas outros tipos de varejos que se utilizam da pesquisa qualitativa para trazer uma melhor experiência de compra. Através do Behavior Analytics9 e de tecnologias de personalização, cada cliente é estudado de forma singularizada. Assim, o estabelecimento consegue proporcionar comodidades e serviços que condizem com as suas necessidades, preferências e desejos. Salienta-se que todo o tipo de pesquisa qualitativa necessita da participação ativa dos usuários, ora direta ora indireta. É simples: quando se faz um cartão
6 Marca pela qual uma empresa se posiciona no mercado para remeter diferentes categorias de varejo. Uma mesma empresa pode possuir diferentes bandeiras, estando elas associadas entre si — Carrefour vs. Carrefour bairro — ou não — Carrefour vs. Atacadão. 7 Grande número de pessoas que se objetiva atingir pelo produto ou serviço de uma empresa. 8 Estudo que identifica a distância entre equipamentos de mesma natureza e qual a área de cobertura da atuação de cada um deles. 9 Do inglês, análise comportamental, é um avanço recente na análise de negócios que revela novos insights sobre o comportamento dos consumidores em plataformas de comércio eletrônico, jogos online, aplicativos da web. Tem como foco entender como e com quais motivações o consumidor age, possibilitando previsões precisas sobre como eles estão inclinados a agir no futuro. Permite ao mercado realizar uma oferta personalizada no momento certo. 21
fidelidade da empresa; quando preenche um formulário de satisfação do cliente; quando se cadastra em algum programa ou simplesmente quando se utiliza de algum aplicativo ou rede social que serve como coletora de dados, como Facebook e Google. O Behavior Analytics divide os usuários em um primeiro momento em três categorias: visitante (aquele que completa o percurso sem comprar nada); consumidor (usufruidor final do produto); e comprador
22
(indivíduo que paga por um grupo) (MAX, 2018). Cada uma dessas categorias é tratada de modo a conquistar, agradar e fidelizar. Não devemos nos esquecer de que além dos clientes das lojas físicas, há também os clientes virtuais, com outro tipo de necessidades e estilo de compra. Eles, por exemplo, tendem a possuir uma jornada mais linear e solo, com compra individual e imediata. Diferentemente dos compradores offline, que possuem um percurso flexível e que realizam suas compras de modo mais social (MAX, 2019). ■
Tudo mudou:
ressignificando o autosserviço
A tecnologia vem se enraizando cada vez mais na sociedade atual, fundamentando comportamentos e exigências que acompanham o seu constante desenvolvimento. Comparada à revolução industrial que transferiu a repetição e o esforço mecânico à máquina, a revolução da informação busca atribuir a ela o intelectual humano, criando um sistema comum de dados. Esse trouxe agilidade, alta capacidade de armazenamento e um enorme alcance, possibilitando a globalização e o reinventar de bens e serviços: resumindo, uma nova era. Agora, o imediato se torna chave para uma sociedade que tem acesso a tudo, instantaneamente, independendo de barreiras físicas, contribuindo para um mundo mais unificado e, em certos momentos, genérico. De acordo com La Casa e Barboza (2007) baseado no artigo “What consumers want in the 1990’s?”
existem quatro principais esferas da vida do homem contemporâneo que sofreram mudanças substanciais nesse novo contexto. A primeira é o arrolamento dele com o tempo e a praticidade das relações. Busca-se rapidez, independência e a possibilidade do multitasking10 como premissa cotidiana, uma vez que ele precisa despender o seu tempo de maneira produtiva e, se possível, prazerosa. Em sequência, temos a esfera da saúde, apresentando uma inédita preocupação com a composição e a origem do que se consome — reflexo de uma geração sedenta por informação — exigindo produtos naturais, diet e light. O meio ambiente também se torna um ponto de relevância, uma vez
que há uma preocupação com os recursos naturais e a minimização de danos, informando a procedência dos produtos adquiridos a um cliente que exige cada vez mais responsabilidade de seus fornecedores e do seu próprio consumo. Por último temos um novo parâmetro para a qualidade, que não mais recai apenas no histórico e status das marcas consolidadas, mas também na maior quantidade de expectativas atendidas e boas experiências de seus usuários. Sendo a informação parte integral de qualquer atividade humana, processos cotidianos são moldados por esse novo momento. O surgimento das redes sociais, moedas e bancos virtuais, e-commerce e principalmente a própria internet mostram como que as tecnologias agem sobre a informação hoje, tratando e usufruindo desta de acordo com o seu objetivo final. Uma das áreas que mais se desenvolveu com o “boom
tecnológico” foi a do varejo, que começou a direcionar os seus serviços e expandir seus negócios a partir do facilitador em questão. O contato entre a loja e o cliente foi estreitado e passar a conhecer o perfil de cada um dos seus compradores facilitou a prestação de serviços mais personalizados e assim, trouxe um maior êxito nas vendas. Além disso, os próprios clientes passaram a se comunicar com o fito de intercambiar experiências e avaliações das empresas ou de determinados produtos. Ou seja, um cliente consegue diretamente influenciar outro potencial cliente a partir da sua experiência de compra sem mesmo que ambos se conheçam. O que faz da tecnologia inimiga e aliada, pois acaba por
10 Habilidade de executar diferentes tarefas simultaneamente. 23
difundir impactos negativos ou positivos dependendo da abordagem de cada um dos envolvidos. Paralelo ao varejo tradicional, com loja e presença física, o comércio virtual surge como uma tendência de crescimento. Chamado de e-commerce, ele faz uso da internet e plataformas tecnológicas para desempenhar o mesmo papel que uma loja tradicional, mas com maior alcance e menores custos, uma vez que aluguel, energia e manutenção do espaço físico são gastos alheios a sua realidade. Por representar uma facilidade imensa ao consumidor, esse tipo de transação se difundiu pelo mundo todo, e sua taxa de adesão vem crescendo exponencialmente. Nomes como Alibaba e Amazon surgem e se destacam como empresas promissoras, faturando bilhões de dólares e reafirmando os ares da mudança.
“Enfim, as novidades tecnológicas serão muitas, mas ao mesmo tempo os consumidores buscarão cada vez mais um atendimento personalizado. Eles vão querer mais facilidades, lazer, entretenimento e mordomia. Este será o grande diferencial do varejo tradicional sob o eletrônico: a experiência real.” (FUNDAÇÃO ABRAS, 2002). Trazendo essa realidade para o varejo alimentício, nota-se que algumas empresas já disponibilizam a plataforma de compra online e entrega em domicílio, e que a taxa de adesão é ínfima comparada ao modelo de compra offline, levantando perguntas como o por quê. Não seria o sistema perfeito, uma vez que é rápido, cômodo e seguro? Parte dos produtos com que os supermercados trabalham são perecíveis e orgânicos, abrangendo uma variedade de possibilidades dentro da qualidade do “produto ideal para consumo”. Ou seja, produtos manufaturados como roupas e eletrodomésticos passam por um padrão de qualidade que se repete e que é uma constante fixa quando se adquire o produto de uma determinada marca. Já 24
comidas como frutas, verduras e carnes são produtos que, dependendo do gosto do consumidor final, têm uma característica específica para serem compradas. É extremamente complexo e dispendioso padronizar produtos como tomates, por exemplo, uma vez que tomates maduros ou verdes têm diferentes valores dependendo do gosto pessoal de quem os consome. Assim, a relatividade na escolha dos produtos pela falta de referenciais mais concretos leva parte dos clientes a optarem pela compra física para terem a garantia que sua compra será exatamente do jeito que os satisfazem. Outro ponto importante é entender também os clientes que gostam da atmosfera dos supermercados, da experiência da compra, troca e socialização. Tudo isso nos demonstra que um mesmo sistema atende uma multiplicidade de perfis diferentes e por isso, deve se adequar a cada um deles da melhor maneira possível. Necessita-se entender onde há o baixo retorno do que se é exigido pelo novo cliente. Conforme Solomon (2002), por exemplo, cada vez mais os supermercados devem diminuir as filas já que graças exclusivamente a elas 83% das mulheres e 91% dos homens já mudaram de estabelecimento. Do mesmo modo, os espaços físicos demasiadamente grandes ou mal distribuídos impactam negativamente o consumidor, levando-o à associação da compra nessas lojas à perda de tempo. Assim, deve-se buscar encontrar mecanismos tecnológicos que tornem o processo mais ágil e eficiente
bem como melhor integrado e informatizado. Caixas de autosserviço e sistemas de pagamento virtual garantem independência e delegam o manejo do próprio tempo ao cliente, assim como oferecer mais dados sobre a disponibilidade dos produtos e fornecedores participa os clientes das constantes mudanças dentro empresa. Cada um a sua maneira, alguns supermercados encontraram mecanismos que qualificam melhor os seus serviços. No geral, eles estão localizados em países com alto investimento em tecnologia como Alemanha, Holanda, Inglaterra e EUA. Os estudos de caso a seuir reunidos têm como objetivo exemplificar sistemas de sucesso e reafirmar a necessidade de se reinventar o sistema supermercadista brasileiro como um todo, já que este vem se tornando obsoleto.
Estudos de caso: sistemáticas inovadoras Tap to Go Com 130 anos de história, o Albert Heijn é a maior rede supermercadista holandesa. Foi fundada em 1887, adotando o autosserviço apenas em 1952 e já em 1998 possuía um site com vendas online. Em 2011 o supermercado fez uso de um aplicativo que possibilita a comunicação instantânea entre a loja e o consumidor e, como um bom estabelecimento holandês, a estrutura do supermercado dá apoio ao modal da bicicleta. Não satisfeito com todo o seu pioneirismo, o Albert Heijn foi o primeiro a adotar o sistema “Tap to Go” (encoste para levar), que foi um sucesso. Basicamente os clientes fazem um cartão com RFID11 que deve ser registrado em seu nome, número de identificação e cartão de crédito no aplicativo. Este permite que a compra seja realizada sem que haja a necessidade de caixas de atendimento, funcionários e nem mesmo dinheiro.O habilitado para o funcionamento basta encostar o cartão no leitor do código de barras do produto desejado e automaticamente a compra é realizada. Para evitar furtos e falsidade ideológica, esse cartão é liberado pelo aplicativo do celular cadastrado mediante senha.
29
30
11 Trata-se de um sistema de captura de dados que utiliza a radiofrequência para realizar a identificação de um produto. 25
Zaitt Seguindo uma lógica semelhante à compra sem checkout do Albert Heijn, o Zaitt é uma mistura do sistema anterior com o Amazon Go12. A ideia é que o usuário possa entrar na loja, pegar todos os produtos desejados e na saída, mediante um scanner e uma infinidade de câmeras, não precise tirar o cartão de crédito do bolso nem enfrentar qualquer tipo de fila. A conta da compra é automaticamente descontada de seu cartão cadastrado no momento anterior à entrada. Além dessa, o estabelecimento possui outra comodidade: uma cozinha de apoio com microondas, sanduicheiras e outros equipamentos para preparos rápidos no interior da loja. O supermercado é 100% autônomo, com funcionários tercerizados apenas para o abastecimento das gôndolas e limpeza do local. O
reconhecimento facial, o scanner e todo o protocolo de cadastro do cliente garantem a segurança do sistema contra furtos. O Zaitt é um supermercado experimental que inaugurou um espaço em São Paulo nesse ano (2019), mas que teve seu primeiro modelo estreado no Espírito Santo em 2018.
31
32
12 Sistema de autosserviço criado pela Amazon em que o cliente entra na loja, escolhe o produto e vai embora, sendo cobrado via cartão de crédito, através do sistema da empresa que é baseado em reconhecimento facial e uma infinidade de câmeras de segurança, que verificam as ações do consumidor no interior da loja em tempo real. 26
B&H A B&H é uma loja de eletrônicos conhecida mundialmente pelo atendimento de excelência. Mesmo não se tratando de um supermercado, ela é retratada como um estudo de caso por ser um varejo que conseguiu trazer eficiência e agilidade para os seus clientes e funcionários ao criar um sistema de esteiras suspensas responsável pelo transporte dos produtos no interior da loja. O usuário consegue circular livremente pelo estabelecimento, observar e testar todos os produtos disponíveis na sessão de exposição, receber atendimento dos funcionários e, quando finalmente escolher seus produtos, ter estes diretamente encaminhados ao caixa pelas esteiras para o pagamento e retirada. Separando o fluxo dos clientes do fluxo das mercadorias, o sistema conseguiu garantir um melhor espaço de circulação e conforto a seus clientes. Localizada em Nova York, a B&H surgiu em 1973 e até hoje circulam milhares de pessoas no mesmo edifício, que depois das adaptações certeiras acabou virando ponto turístico, não só pelos excelentes produtos, mas pela surpreendente sistemática.
33
34
27
Lockers Wait Rose O Wait Rose é uma cadeia de supermercados da Inglaterra fundada em 1904 e que possui mais de 350 unidades ativas no país. Além do sistema de autosserviço com um leitor de código de barras semelhante ao “Tap to Go”, o Wait Rose buscou ir mais a fundo na personalização e independência dos seus clientes. Percebendo que boa parte dos seus usuários eram pessoas solteiras e empregadas, a rede desenvolveu um sistema de entregas de compras personalizadas em lockers urbanos. Funciona da seguinte maneira: o cliente encomenda os produtos desejados e, no momento que sai do trabalho ele se dirige ao encontro do locker indicado pelo aplicativo onde, através da senha, ele consegue fazer a retirada do pedido. Sem o contato com intermediários, caso algum produto não corresponda às expectativas do cliente, basta ele deixá-lo no locker e notificar no aplicativo. Retirado o pedido, o valor é debitado de sua conta. O interessante desse sistema é que além do locker ser equipado com espaços refrigerados, de modo a manter a qualidade dos produtos, sua localização se dá em pontos de alto fluxo de pessoas, como paradas de ônibus e postos de gasolina, facilitando ainda mais o acesso do cliente. ■
28
35
36
Os supermercados
e o meio ambiente
Em 1972, durante a primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, o termo “desenvolvimento sustentável” surgiu em um contexto que se mostrava claramente preocupado com a gestão dos recursos naturais e comprometimento com o futuro do planeta. O crescimento populacional aliado a uma sociedade consumista representavam ameaças que deveriam ser controladas. Deste modo, a ONU cria uma comissão de estudo dos problemas globais do ambiente, propondo um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico para que a integridade ambiental e o crescimento econômico não sejam antagonistas. A questão ambiental começa então a ganhar destaque nos meios de comunicação e logo após a Agenda 21, em 1992, a responsabilidade ambiental se tornou item obrigatório a ser considerado por empresas e consumidores. Hoje, a preocupação pública com o meio ambiente tem exigido mais das empresas, que buscam soluções que sejam não apenas economicamente viáveis, mas baseadas em valores éticos e morais. Assim, procurando contribuir com o desenvolvimento social e ambiental e compreendendo seu papel frente ao esgotamento progressivo de recursos naturais, novas estratégias são incorporadas no varejo alimentício como o consumo de produtos locais, a procura por alimentos orgânicos e a adoção da logística reversa. Os alimentos orgânicos são aqueles cultivados na ausência de quaisquer agentes químicos, respeitando e buscando equilíbrio com o meio ambiente. Para assegurar um padrão de qualidade, foram criadas normas de certificação nas quais a produção deve atender a princípios rigorosos de manejo do solo, dos
animais, da água e das plantas, buscando promover a preservação de recursos naturais. Normalmente a produção advém da agricultura familiar, que hoje abastece o país, com cerca de 70% dos alimentos consumidos, sendo ainda mais sustentável se o consumo se der próximo ao lugar de produção (FAO, 2014). O consumo local estimula a economia, a geração de empregos da região, e principalmente reduz o impacto ambiental que o transporte de mercadorias causa com a emissão de CO². Por isso, um produto taxado como “verde” mas que é fruto de importações, desqualifica as outras etapas do processo, vendendo uma falsa ideia de sustentabilidade. Conceição et al. (2009) apontam para o perigo de empresas de caráter oportunista desvirtuarem a responsabilidade socioambiental, a utilizando como pretexto para aumentar lucros e seduzir a clientela. Assim, é importante que o consumidor se aprofunde e cobre dos estabelecimentos não só a informação da origem, mas todos os desdobramentos do produto até o momento da venda, para que não se engane com a legitimidade de suas ações. Todo o processo produtivo possui um ponto de partida e outro de finalização, cabendo aos seus idealizadores definir onde esses acontecem e o mais importante: se há ou não sua “ciclicidade”. No varejo alimentício, o papel do supermercado é definido como parte da primeira extremidade do processo, o “Canal Direto” (LEITE, 2009) justamente pela intermediação que ele estabelece entre o fornecedor e o cliente. Na outra ponta, temos o “Canal Reverso” (LEITE, 2009), muito defendido por ambientalistas e simpatizantes por representar o retorno de insumos e matérias- primas com potencial de reuso. 29
Essa prática é conhecida como “logística reversa” e busca reduzir o impacto ambiental e econômico através da reutilização13 e reciclagem de embalagens, possibilitando maior controle dos desperdícios, reduzindo o impacto ambiental e econômico e, claro, garantindo a redução dos custos durante o processo (SHIBÃO, MOORI e SANTOS, 2010). A logística reversa ainda se manifesta de modo isolado e muito incipiente, tendo como principal causador da baixa adesão à descentralização e ausência de intermediários entre o consumidor (que adquire e devolve a embalagem do produto) e o fornecedor (que recebe a embalagem para ser tratada e reintroduzida). Há então a oportunidade para o supermercado desempenhar um de seus possíveis papéis sociais. Imagine o seguinte cenário: se todos os produtos fossem retirados de seus invólucros de modo a restarem apenas suas embalagens nas prateleiras dos supermercados, pelo quê estaríamos pagando? Por um material inerte, muito provavelmente de origem primária (matéria prima usada pela primeira vez) e que seria descartado de maneira inapropriada na primeira oportunidade — caracterizando no uso de um material nobre para uma única função, num curto espaço de tempo. Sendo os supermercados que selecionam quais produtos serão vendidos — e consequentemente as embalagens que os acompanharão —, por que não serem mais rigorosos com as empresas quanto ao fim de fato dos artigos comercializados? E se os supermercados fossem não só centro de distribuição, mas também de coleta de embalagens recicláveis, garantindo a devolução destas aos seus fornecedores e assim o descarte correto? É incrível perceber como tamanha responsabilidade não tenha sido associada a tal equipamento e como sua participação resultaria em melhorias significativas. Em uma pesquisa realizada pela Instituição Compromisso Empresarial Para Reciclagem (CEMPRE, 2019), consta que dos 10 bilhões
de resíduos sólidos gerado no ano de 2018, um terço é composto por embalagens. Nesse mesmo relatório, o supermercado é sempre citado como fonte primária de distribuição dessas embalagens, juntamente com o lixo doméstico, e raramente se considera o seu potencial de contribuição. Segundo a CEMPRE (2018), apenas 22% dos municípios brasileiros possuem coleta seletiva: enquanto São Paulo conta com 1541 Pontos de Entrega Voluntária (PEV) de logística reversa, o Distrito Federal possui 85 e o Tocantins apenas 3, por exemplo. Sendo assim, por que não transformar um equipamento acessível e facilmente encontrado em qualquer localidade como o supermercado em um novo PEV? Ou até mesmo distribuir pontos de coleta pela cidade, de responsabilidade do supermercado? E como convencer não só a população a aderir ao sistema, mas os próprios fornecedores? Estudos publicados pela Revista Metropolitana de Sustentabilidade (RMS, 2013) mostram que a reutilização de embalagens em um fornecedor de bebidas permitiu uma economia de 54,7% quando comparada a produção de novos vasilhames. E como não há a etapa de produção, o tempo para retornar o produto aos supermercados foi menor, diminuindo o número de vasilhames necessários em circulação. Logo, a empresa ganha com o corte de gastos; o cliente com a rapidez que o produto volta às prateleiras e com um crédito na próxima compra como incentivo a sua participação e o meio ambiente significativamente menos impactado. E o supermercado? Esse tem a possibilidade de retificar o seu próprio impacto ao meio ambiente, associar a sua imagem a uma empresa engajada com políticas socioambientais e conseguiria conquistar visibilidade, adesão e principalmente popularidade. É importante lembrar que a sustentabilidade econômica
13 A reutilização, nesse contexto, está associada às embalagens retornáveis — que segundo Novaes (2009) são aquelas que retornam após a sua utilização e ficam prontas para o reuso sem a necessidade de sofrer transformações. Diferentemente das embalagens recicláveis, por exemplo, que só retornam ao ciclo produtivo após algum tipo de transformação. 30
está embasada na possibilidade de crescimento da economia a partir de aspectos que não comprometam futuramente o seu desempenho e que não tragam
impactos negativos para a população, atendendo às necessidades do presente sem prejudicar as gerações futuras (BRUNDTLAND, 1987).
reciclagem
coleta e triagem
indústria
logística reversa consumidor
distribuidor
varejo
31
Estudos de caso: sustentabilidade Original Unverpacket Em 2012, através de um financiamento por crowdfunding14, as primeiras ideias foram traçadas: um supermercado sem embalagens. Alemão, o Original Unverpackt (OU) reintroduziu a ideia dos produtos comercializados a granel no mercado varejista, buscando reduzir a quantidade de lixo e desperdícios no consumo diário. Inaugurado em 2014, a primeira loja surgiu em Berlim em meio a muita divulgação midiática. E hoje, cinco anos depois de seu lançamento, seu público vem aumentando. O sistema consiste em produtos organizados em quilos e vendidos em quantidades personalizadas, desde que o cliente adquira no local ou traga de casa embalagem apropriada: aquela que pode ser utilizada inúmeras vezes. Os produtos são pesados e o cliente passa por um caixa tradicional, que distribui sacolas de tecidos e não plástico. A ideia da personalização das quantidades aliada à preocupação de um consumo consciente tem feito do OU referência de um novo modelo de supermercados no mundo inteiro.
37
38
14 Financiamento em grupo que consiste na obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo através da agregação de múltiplas fontes de financiamento. 32
Estação de reciclagem Pão de Açúcar + Unilever Em 2001, a rede de supermercados Pão de Açúcar e a Unilever propuseram o programa “Estação de Reciclagem Pão de Açúcar Unilever” que consistia em um Posto de Entrega Voluntária (PEV) de materiais recicláveis. Papel, vidro, plástico, metal, óleo de cozinha usado e embalagens aerossóis são coletados nas 123 estações localizadas nos estacionamento dos supermercados em todo o país. Em doze anos foram arrecadados mais de 67 mil toneladas de materiais recicláveis, consolidando o programa como o primeiro
de parceria entre varejo e indústria no cenário nacional de reciclagem. Além do caráter social da ação, com a geração de renda e a inclusão social beneficiando mais de 6,9 mil pessoas direta e indiretamente por ano, as estações de reciclagem contribuem também com a disseminação do descarte consciente. Laura Pires, diretora de sustentabilidade do Pão de Açúcar, afirma que viram a possibilidade de “inserir o conceito de sustentabilidade de maneira simples, mas concreta no cotidiano das pessoas” por meio da empresa. ■
39
40
33
Estudo de caso: forma Os estudos de caso formais aqui apresentados serão direcionados a partir de elementos arquitetônicos considerados interessantes para a proposta. Buscase atentar para a volumetria, materialidade e outras diretrizes que serão analisadas graficamente ao longo de
sua apresentação. Ressalta-se que nenhum dos estudos de caso desempenham a função de supermercados, uma vez que estes em sua maioria ou apresentam a tipologia genérica mencionada ou não atendem espacialmente a realidade do contexto proposto.
Mercado Tlaxco (México) O projeto participativo desenvolvido em 2017 pelo escritório Vrtical como parte do Plano Municipal de Desenvolvimento Urbano (PMDU) consiste em um mercado que surge para impulsionar a economia e a arte de Tlaxco. Foi concebida com o propósito de dar infraestrutura para artesãos de diferentes cidades da região, o que é possibilitado pelo modelo de gestão descentralizada. A volumetria pura associada aos arcos nas fachadas cria um diágolo entre o contemporâneo e o vernacular. O espaço flexível possibilita a utilização do edifício de acordo com as necessidades do momento, dando espaço para diferentes layouts e usos. Buscando o melhor aproveitamento da luz natural, aberturas zenitais associadas ao sistema de bandejas de luz foram adotados, bem como uma fachada de vidro na porção do volume voltada para o jardim interno que conta com espécies nativas. Semelhante ao estudo de caso anterior, o mercado possui um corredor entre arcadas que recepciona o visitante e o prepara para adentrar ao edifício. Esse mesmo espaço também foi previsto caso seja necessário estender as atividades para o exterior, funcionando como um pátio. 34
41
42
43 35
44
45 36
Baltic Station Market (Estônia) Localizado em Tallin, o projeto consiste na restauração do mercado municipal de 1993 que surgiu da restauração de um armazém de 1870. O maior desafio proposto no projeto de 2017 foi trazer uma linguagem contemporânea e inovadora ao mercado, sem perder o caráter histórico e a natureza caótica do instrumento, segundo o escritório responsável KOKO Architects.
O espaço abriga diferentes usos, como lojas de roupas, farmácia e alguns serviços; mas a atração principal é o mercado alimentício localizado no térreo. Lá, peixes, carnes, verduras e legumes são organizados lado a lado e dispostos seguindo o modelo do autosserviço.
O pé-direito duplo nessa região associado às aberturas zenitais garantem não só o mezanino, mas uma permeabilidade visual e uma amplitude espacial confotável. A cobertura do conjunto é metálica e possui uma complexidade que constrasta com o volume simples. O mesmo acontece com a escolha dos materiais que vão das pedras, tijolos e cerâmicas até o uso de metais e vidros. Assim, o edifício apresenta peso e tectônica quando observada a volumetria; modernidade e leveza quando observada sua cobertura e o estilo industrial das instalações internas.
46 37
47
A Thousand Yards Pavilion Com um terreno de 30.000 m², o projeto foi inspirado em antigas diretrizes do planejamento urbano chinês. O escritório responsável — Precht — utilizou técnicas tradicionais de orientação, zoneamento e infraestrutura, e os implementou na tipologia do pavilhão. O projeto conceitual consiste em um edifício multiuso modular e permeável com cinco diferentes funções, como centro de exibições, horta urbana, laboratório educacional, praça de alimentação e espaço flexível. Essas funções são setorizadas em módulos interligados por rampas de acesso que percorrem o lote em diferentes direções e níveis, possibilitando uma pluralidade de fluxos. Os volumes são elevados do terreno, permitindo a utilização do térreo para a circulação e criação de praças. A estrutura é leve e sua vedação permeável permite ao interior e exterior se confundirem, principalmente pelo fato da vegetação permear os módulos de forma harmoniosa e dando unidade ao conjunto. 48 38
49 39
Nursing home extension (França) Concebido pelo Studiolada, o projeto localizado em Vaucouleurs tem como principal diretriz dar um novo significado para as casas de repouso— muito associadas à hospitais. A impessoalidade e o sanitarismo ligados a essa tipologia foram substituidos por uma arquitetura leve, permeável e que valoriza o contato do morador com a paisagem e o exterior. O volume composto por formas simples pousa sobre o terreno com delicadeza e mantém o seu alinhamento com o auxílio de um muro de concreto que eleva parte do prédio e destaca a topografia.
50 40
A utilização da madeira como sistema construtivo foi extremamente importante para a sua leveza, bem como para a marcação da modulação que traz ritmo e dinâmica ao conjunto. Para garantir a permeabilidade, aberturas e janelões de vidro rasgam as placas de madeira que o vedam, trazendo o verde e luz natural para o seu interior: dois elementos considerados de extrema importância pelos seus usuários e responsáveis técnicos pelo funcionamento da instituição.
51
52 41
53
Pachacamac (Peru) Fruto de um projeto colaborativo de estudantes de Zurich e Lima, a instalaWção de apoio para arqueologistas no deserto de Pachacamac foi construída se inspirando em materiais locais e naturais. Assim, bambu, linho, madeira e terra foram utilizados para conceber a marquise de 37m² composta por quatro corredores lineares e um pátio de areia. Todos os componentes foram produzidos in-loco: o piso é formado por tijolos de adobe compactado combinado a areia do local. Já os painéis de bambu foram tecidos a mão e servem de vedação para sala de armazenamento de pequenos artefatos antes que esses sejam transferidos para o museu, localizado próximo à instalação, para conservação. A estrutura foi projetada em Tornilo — madeira tropical encontrada facilmente no Peru. A leveza do projeto se dá no jogo de cheios e vazios contido dentro dos próprios materias e na esbeltez dos elementos. Com o pé direito moderado, o volume ganha horizontalidade e não agride o contexto inserido. 42
54
55 43
44
Depois de traçado um panorama geral,
percebe-
se todos os pontos que influenciam na concepção de um supermercado. A sistemática consolidada começa a apresentar necessidade de transformação e adequação às exigências de uma nova era tecnológica e mais sustentável. Assim, especular como seria um supermercado que busca ressignificar a sua relação com o cliente, com a cidade e com sua própria essência é o objetivo desse projeto. Para isso, algumas diretrizes foram traçadas, sanando deficiências e ressaltando acertos, até chegar no produto final: uma poposta de um novo sistema, um novo conceito.
45
46
Nasce o Caju company: um supermercado brasileiro que acredita na experiência do cliente como espinha dorsal da marca. Aqui, nos concentramos em compreender a individualidade a fim de oferecer a vivência ideal para cada usuário. O Cajuco, carinhosamente apelidado, traz no seu nome a brasilidade da fruta que sem desperdício consegue ser 100% aproveitada. Ele traduz a sustentabilidade que, juntamente com a autonomia, versatilidade e integração compõem pontos-chave a serem consolidados nesse novo modelo. Nos espelhamos em outros supermercados inovadores e já implementados
no exterior para propor algumas modificações práticas e coerentes à realidade do nosso país de origem. O objetivo é potencializar o serviço para que este acompanhe as expectativas modernas sem deixar de lado a natureza democrática que o supermercado tem. O Cajuco também acredita na desconstrução da figura do supermercado como um espaço artificial e impessoal, bem como no seu isolamento em relação a cidade. Somo um ponto de encontro e troca, agilidade e personalização, conforto e autonômia. Somos possibilidades.
47
Para quem? Perfis de compra Se tratando de uma proposta inovadora e consciente da necessidade de se concentrar no cliente, nos utilizamos da análise qualitativa para traçar um público alvo e ter o entendimento de quem seriam os usuários do Cajuco e quais as suas exigências. A segmentação de mercado é uma estratégia utilizada por publicitários e designers para identificar, dentro de um mercado heterogêneo, indivíduos com mesmas respostas e preferências semelhantes a determinado produto. Dentro dessa estratégia há a ferramenta de usabilidade que propõe a criação de personas (arquétipos de usuários) para que estes direcionem as ações da empresa. Assim, a empresa decidiu adotar as estratégias da segmentação de mercado na criação dos seus próprios arquétipos de usuários. E para isso, precisou levantar parâmetros que nos levem a possuir uma noção mais fiél à realidade desse cliente. Percebeu-se que o tipo,
o volume e a frequência de compra são parâmetros que merecem destaque — bem como o tipo de modal1 que o usuário utiliza — justamente por influenciarem diretamente na experiência do usuário. Outro parâmetro que também se mostrou relevante foi o da disponibilidade do cliente para o ato da compra e consequentemente o meio de compra utilizado — físico ou virtual. É importante ressaltar que entende-se a afetividade como um parâmetro de disponibilidade, ou seja: também é uma possibilidade não gostar de ir ao supermercado. Foram criados seis perfis dividos em duas categorias: usuários físicos e virtuais. Em ambas há a necessidade de se instituir um processo de compra intuitívo, ágil, organizado e principalmente articulado2. O fluxograma a seguir serve como um mapa para o cliente descobrir com qual perfil ele mais se identifica.
1 Meio de transporte (a pé, ônibus, carro, bicicleta, metrô, táxi). 2 Implica uma boa comunicação da loja com o estoque evitando viagens vãs ocasionada pela falta incomunicada dos produtos costumeiros. 48
Frida
Tim
Jorge
não
está com pressa?
loja física
mas estou indo pelo passeio...
sim qual o volume da compra? P
M
G
estou disponível para ir às compras?
sim não
qual o volume da compra?
não
P
M
G
loja virtual
tem alguém para nos receber?
sim Lena
Guga 49
horários restritos/indisponibilidade dependência do transporte público compras pequenas e médias compras de manutenção facilidade de incluir na rota diária
perfis virtuais
Lena
horários restritos/ indisponibilidade baixa mobilidade compras médias e grandes atendimento domiciliar
Os arquétipos que personificam as necessidades do meio virtual são Lena e Guga. A primeira faz menção as pessoas que têm dependência do transporte público e com isso têm seu volume e horários de compra limitados. Suas compras costumam ser mais frequentes e de manutenção, tornando mais indicado para Lena ter a possibilidade de incluir a ida ao supermercado na sua rota diária. Ou seja: desviando o mínimo possível do caminho costumeiro da cliente. Lena também não possui alguém que possa receber suas compras para se utilizar do benefício da entrega à domicilio. Assim, a solução encontrada para abranger esse perfil de cliente foi a de criar os “Lockers Cajuco” (semelhantes ao da 50
Guga
empresa Waitrose) em pontos urbanos estratégicos: paradas de ônibus, metrô, Universidades, bancos e até postos de gasolina. Já o perfil do Guga, apesar dos horários restritos e da baixa mobilidade, consegue possuir um volume maior de compras. Isso se dá pela disponibilidade do usuário para receber em seu domicílio os produtos comprados. Tanto Guga quanto Lena devem realizar suas compras ou por aplicativos de celular ou sites integrados ao sistema do supermeracado. Assim eles têm acesso a todos os produtos disponíveis, promoções, informações básicas e tudo que venha a ser essencial saber antes de realizar a compra desses.
precisa de agilidade modal variado compras pequenas e médias compras de manutenção facilidade de incluir na rota diária
Frida
conforto e praticidade facilidade com modal compras de volumes variados compras de abastecimento Tim
contato com o produto
perfis físicos
espaço dedicado à integração conforto acolhimento para todos os usuários Jorge
(não só clientes do supermercado)
No meio físico temos Frida, Tim e Jorge. Aqui, as demandas são atendidas por meio de um bom design de serviço combinado a uma arquitetura que o possibilite. Frida precisa de agilidade e rapidez na hora de fazer suas compras, que são de manutenção e de baixo/médio volume. A diferença ente Frida e Lena é que a primeira faz questão de entrar em contato com o produto, tê-lo em mãos antes de comprá-lo. Mas simultaneamente não está disposta a dedicar muito tempo às compras. Nesse caso, deve haver indispensavelmente a utilização de ferramentas tecnológicas para substituição dos caixas tradicionais e suas filas. A solução encontrada para sanar esse problema que abrange qualquer usuário
do meio físico foi adotar o sistema “Tap to Go” (descrito anteriormente nos estudos de caso) e mesclá-lo com os aplicativos de celulares. A idéia é que as compras possam ser realizadas tanto por meio do RFID do cartão Cajuco quanto pela leitura do QR code pela câmera dos celulares. Dessa forma o usuário não depende de apenas um canal de compra. Tim representa o perfil do usuário que possui gosto pelo supermercado, facilidade de deslocamento e procura conforto ao realizar suas compras de abastecimento, uma vez que despende muito tempo dentro do supermercado. Esse conforto se traduz na facilidade de se locomover no espaço, sem barreiras 51
_aplicativo
compras online compras físicas consulta de preços informações produto tabela nutricional histórico de compras nota fiscal mapa de produtos disponibilidade consulta de créditos
gôndolas
abastecimento automatizado otimização espacial separação de fluxos conforto articulada ao app estoque integrado maior organização ajuste de preços otimizado
52
cartão cajuco
compras físicas crédito e débito RFID flexível substitui os caixas substitui o celular substitui o dinheiro leve compacto
carrinhos cajuco
compras físicas estrutura dobrável sacolas do cliente sustentável compacto sistema de segurança onidirecional leve gôndolas
locker cajuco
tótens cajuco
encomendas online retirada física refrigerados senha individual recolhe embalagens volumes P e M pagamento via app pontos de alto fluxo
cadastro consultas retirada de cartão compra de créditos regulamento manual do cliente reclamações e dúvidas central de informação reportar erro
embalagens
retorno embalagens devolução às empresas responsáveis conversão em créditos de compra lojas físicas pontos de alto fluxo na cidade (urbano)
balança
sem plástico sistema inteligente pesagem manual conectada ao app loja física produtos personalizáveis
físicas e falta de orientabilidade. Deve haver também uma boa articulação para que os produtos que se mostram disponíveis no aplicativo estejam de fato nas prateleiras e com os seus valores compatíveis. Mais uma vez o aplicativo do celular é uma solução, por possuir mapas dos produtos e consulta a todos os parâmetros que os tangem. E para melhorar a experiência dos fluxos internos desse espaço, algumas alterações em equipamentos básicos dos supermercados tradicionais foram propostas. Começando pelo carrinho, que foi compactado e se tornou onidirecional, além de dobrável. Assim, ele ocupa menos espaço, tem maior facilidade de ser guiado e deixa de ser um peso durante o processo. Outra novidade é que o carrinho sofreu melhorias para que contribua com um supermercado mais sustentável e sem plástico: suas sacolas são de tecido reciclado e se encaixam ao suporte oferecido pelo supermercado. Na saída, o cliente retira sua sacola e a leva pra casa.
Essa preocupação com o meio ambiente e a responsabilidade ambiental do supermercado também se estende a certas políticas internas. Intenta-se incentivar parcerias com empresas que utilizem embalagens mais sustentáveis e, sempre que possível, trabalhem com logística reversa. O supermercado seria um ponto de coleta dessas embalagens, devolvendoas para os seus produtores e convertendo em créditos internos para os usuários que contribuírem. Por isso que pontos de recolhimento serão distribuídos no interior das lojas. O último perfil traçado foi o do Jorge, que faz menção àquelas pessoas que vêem no supermercado uma oportunidade de passeio e contato com outrem. Para Jorge, parte do espaço deve ser dedicado para essa experiência pontual, sendo agradável e acolhedor. Isso se traduziu em um café não só para os usuários do Cajuco mas para qualquer pessoa que ali transita.
percurso online
O esquema acima demonstra o sistema de abertura do carrinho disponibilizado pelo Cajuco. A estrutura dobrável possibilita a compactação dessa ferramenta, que ocupa menos espaço físico da loja. As sacolas (que pertencem ao usuário) são acopladas no carrinho, que funciona também como sistema de segurança contra furtos: ele possuí interno a sua estrutura um leitor de RFID carregado por uma bateria abastecida pela energia cinética do carrinho. Assim, ele se conecta a conta do cliente e sabe se é compatível aquilo que ele coloca no carrinho com aquilo que ele registra no sistema.
53
Carrinhos dobráveis e sacolas de tecido diponíveis para a utilização dos usuários cajuco
54
Cartão cajuco nominal e com código RFID
Uniforme dos funcionários do atendimento aos ítens personalizáveis (açougue, padaria e café) 55
Tanto nos perfis físicos quanto nos perfis virtuais, há um processo de iniciação dentro da marca. Assim, todos os clientes devem estar cadastrados no sistema, oferecendo dados básicos como CPF, número do cartão de crédito, e-mail e uma foto. Esse cadastro pode ser feito no site, no aplicativo e nos tótens localizados nas entradas da loja. Esses dados são coletados não só para previnir furtos, mas também para possibilitar diversas personalizações do serviço: o cliente pode salvar sua lista de compras no aplicativo; ser notificado quando produtos favoritados estiverem em promoção; pode reabastecer os créditos de seu cartão cajuco; pode receber em seu e-mail sua nota fiscal...
Feito o cadastro, para entrar na loja o cliente passa por uma cancela mediante a leitura do código em seu celular ou seu cartão cajuco. Assim, a loja sabe quando o cliente está dentro dela. Todos os primeiros usuários têm direito a duas sacolas que devem ser retiradas no tótem no interior da loja. E se desejarem outras, estas estarão a venda no mesmo local. A idéia é incentivar o consumo consciente e a ciclicidade das sacolas, que podem ser usadas acopladas ao carrinho ou apenas a tira colo. As imagens a seguir se referem ao percurso do cliente dentro do site ou da loja, se utilizando de quase todas as
percurso online 1
Acesse o site ou app do supermercado
2
Faça seu cadastro com os seus dados pessoais
4
Selecione o modo de entrega escolhido
BVEM InDO lena_correria@ login
3
56
Escolha o produto
locker cajuco
5
residência
Compra efetuada!
ferramentas já mensionadas. São os passos básicos para que o sistema do supermercado seja compreendido e
lugar ao projeto físico do espaço: sua arquitetura. É
usufruido pelo usuário. Mas, obviamente, um sistema
das necessidades dos clientes, ferramentas de solução
precisa ser abrigado por um espaço, podendo ele potencializar seu funcionamento ou se tornar um empecilho. Assim, findamos esse primeiro momento de familiarização da sistemática da empresa para darmos
importante ressaltar que apenas após a compreensão dessas necessidades, fluxos dos usuários e funcionários que foi possível inciar seu anteprojeto. É crucial saber para quem e como, antes de executarmos o onde.
percurso físico 1
No primeiro acesso, cadastre-se ou no app ou no tótem
3
No tótem, passar o código QR do cartão ou do app para entrada e saída
5
O pagamento pode ser realizado por celular ou pelo cartão via RFID
2
Cada cliente tem direito a um cartão cajuco e a duas sacolas de compras.
4
Escolhido o produto escaneie com o celular para acessar suas informações
6
Compra efetuada! Faça seu checkout na cancela e apoveite pra tomar um cafézinho!
57
Terreno Assim como dito anteriormente, o estudo para escolha de terrenos dentro do setor supermercadista é diretamente dependente de fatores como público alvo, concorrência, disponibilidade de lotes e principalmente sistemática da marca. Há também a preocupação com a regionalidade e todo um estudo de implantação do empreendimento para que haja a adesão popular. Se tratando de um projeto conceitual, que busca especular maneiras de solucionar problemas relacionados aos supermercados e principalmente reformular uma linguagem genérica, compreendeu-se como prudente propor um protótipo construído a partir de um
universo que, mesmo sintetizando problemas reais, não faça menção específica à localidade alguma. Contudo, o terreno escolhido se assemelha aos lotes destinados a supermercados em Brasília (por orientação da banca avaliadora) para a adoção de parâmetros básicos como metragem e vias de acesso. Assim, o lote possui 3.000 m² e tem suas quatro fachadas acessando vias, sendo a porção frontal do supermercado voltada para a área residencial. Cartas solares e análises bioclimáticas devem ser levadas em consideção quando o terreno não for virtual, um protótipo: o que não é o caso a seguir pelas justificativas acima enumeradas.
unidade de vizinhança
3.000 m²
lote comercial
via
al
ip inc
pr
50m
60m
u
ec
s via
58
ria
á nd
Volumetria Ao entender os clientes e suas necessidades, o maior desafio foi traduzir esse espaço com coerência. E durante inúmeras tentativas, por fim, entendeu-se que: se os perfis são diferentes, por que o espaço seria o mesmo? Assim se iniciou a idéia da criação de três volumes que personificassem as três principais características dos perfis físicos. O volume maior seria o dedicado às compras personalizadas e onde o cliente investe mais tempo no interior da loja. Nele estariam alguns serviços que contam com a presença de atendentes,
como açougue e padaria, bem como a área técnica. O segundo volume seria dedicado às compras rápidas e já porcionadas, garantindo agilidade e poupando o tempo do consumidor. Para trazer objetividade e uma noção de movimento, o volume é linear e pode ser acessado pelas suas extremidades , com um formato de túnel que conecta duas porções paralelas do lote. Por último, foi criado um volume suspenso que conecta os dois primeiros,sugerindo a integração: seria o volume aberto ao público e que possuiria um café .
1
Criação do volume maior
2
Criação do volume linear
3
Criação do volume conector
4
Extrusão dos volumes
5
Extrusão dos vazios
6
Ampliação do piso externo
7
Angulação das coberturas
8
Ampliação da cobertura
9
Colocação de pilares sentido do movimento
59
volume padrão
a
personalização
b
rapidez
volume express
c
volume café
Outras diretrizes foram cruciais para a composição volumétrica: o projeto deveria ser permeável visualmente para aproveitar a iluminação natural e trazer a paisagem para o interior. Grandes esquadrias e jardins foram trabalhados em conjunto de modo a permitir essas qualidades sem possibiltar contaminação cruzada ou contato direto do sol com os produtos. Cada volume, além da sua função específica, tem elementos que marquem a sua individualidade. O volume padrão, apesar de ser maior, é discreto e serve de fundo para não competir com o volume linear e o café. Sua materialidade é levee contida, se atendo ao metal, pintura branca e vidro. Uma de suas fachadas contém a área técnica e foi utilizada como carga e descarga ara 60
socialização
o abastecimento do supermercado. Já o volume express possui uma abordagem mais agressiva: pilares seriados em madeira sugerindo um movimento continuo. A laje de teto e piso seguem essa mesma materialidade, com exceção da cobertura queseria pintada de branco. O café segue a mesma lógica do volume rápido, funcionando quase como uma extensão deste. Por isso podemos observar a marcação das entradas pelas coberturas anguladas em ambos. Por serem divididos apenas pelos pilares e treliças, ambos têm visuais um do outro. Toda essa permeabilidade só foi possibilitada por duas decisões cruciais para o projeto: primeiro a proposição das gôndolas autoalimentáveis e segundo pelo sistema estrutural adotado.
Projeto esc 1:333
61
Planta baixa - térreo 1277m² | esc 1:333
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
62
loja principal área técnica açougue câmara fria padaria atendimento padaria banheiros cadastro café jardim loja express estacionamento carga e descarga
C
B
12
VISTA 2
10
10
10
4
3
13 A
VISTA 3
1
5
6
10
2
7
8
VISTA 4
A
11 9
10
10
11 12
C
B
VISTA 1
63
Para conseguir o maior número possível de fachadas livres e consequentemente uma maior permeabilidade, foi preciso repensar os fluxos internos e externos aos prédios. Entendendo que havia a necessidade inevitável de uma fachada técnica, fez-se nela o ponto de recebimento e distribuição das mercadorias, bem como o local que se abriga as áreas de atendimento personalizável. Contudo, essa área ocuparia mais da metade do volume padrão se abrigasse o estoque, além de corroborar com a clássica mistura de fluxos dos supermercados tradicionais. O espaço da loja se tornaria pequeno, desconfortável e com o abastecimento acontecendo simultaneamente ao momento de compra dos usuários. Ou seja: a experiência do usuário seria péssima.
Surge então a solução das “gôndolas autoalimentáveis”, com um movimento vertical e automático das prateleiras dos produtos. Divididas em quatro tipos para atender as condições de armazenamento de cada produto, elas possuem sensores que identificam a necessidade de reposição. A resposta é imediata: a prateleira é retirada e substituida por outra que estaria completa. Assim, o estoque se localizaria no subsolo, juntamente com outras áreas técnicas complementares. Os funcionários montariam essas prateleiras assim que os produtos chegassem, possibilitando um maior controle do estoque. No subsolo outras áreas importantes são alocadas: sala de geradores, armazenamento de embalagens, vestiário e banheiro dos funcionários, copa, administração e áreas de serviço. O abastecimento do estoque acontece por meio de um montacarga,
64
carrinhos de transporte e empilhadeira. Esse subsolo é ventilado por um fosso inglês e venezianas instaladas na diferença de altura dos dois volumes principais. Além disso, sugere-se a colocação de ar condcionado nas áreas técnicas para maior conforto térmico. O subsolo liga todos os volumes, criando um estoque único para as unidades express e padão. Cada uma comporta uma escada de emergência prevendo fuga facilitada em situações de risco. Assim, saídas de emergência foram alocadas em porções opostas do terreno: no volume padrão próxima as áreas técnicas e no volume express no átrio triangula. A área técnica térrea no volume padrão abriga também banheiros para a utilização dos usuários, bem como bebedouros e DML. Uma porta de vidro canelado separa essa área de fluxo misto da loja, seguindo as normas da Anvisa a respeito da contaminação cruzada; e das áreas técnicas - próximo ao montacarga. Essa conexão facilitada foi criada caso exista alguma falha do sistema, ou necessidade de manutenção sem que as vendas sejam prejudicadas. As entradas dos dois edifícios são marcadas com peculiaridades. O express possui rampas delimitadas por uma parede diagonal que direciona o fluxo pro interior do volume, como um funil. Já o volume padrão possui um hall de entrada, separado por um vidro canelado e conectado por uma rampa à loja. Nele estão localizados os tótens de cadastro, consulta e centro de informações. Em todas as entradas cancelas fazem o controle de entrada e saída dos clientes.
Mapa de produtos esc 1:333
mercearia perecĂveis hortifruti
personalizĂĄveis congelados entrega embalagens
cafĂŠ
65
Gôndolas esc 1:333
Gôndola padrão: todos os ítens de mercearia (20 un.) Gôndola refrigerada: folhas e verduras, laticínios, embutidos (4 un.) Gôndola pistonada: hortifruti e congelados (4 un.) Gôndola fundo falso (1 un.)
66
67
Gôndola padrão São utilizadas para a maioria dos produtos de mercearia, com movimentação vertical e individual das prateleiras através de duas garras coletoras suportadas por hastes móveis. São gôndolas autoportantes, e por isso contam com os suportes laterais que ultrapassam os dois níveis dos volumes. 68
Na porção frontal das prateleiras estão posicionados os códigos de cada produto para leitura. O espaço existente entre as gôndolas acima foi criado em função da estrutura. Criou-se então uma luminária nesse vazio, tomando partido desse vão.
170 8
37
28
48
28
31
170
Viga em Glulam
Suporte da gôndola
392
Sistema elevatório
Prateleira móvel
144
Prateleira fixa
Motor da gôndola
Corte gôndola padrão esc 1:33 ⅓
69
Gôndola refrigerada Assim como as gôndolas padrão, a gôndola refrigerada conta com as hastes móveis e as garras coletoras para a movimentação vertical e individual das prateleiras. A diferença entre elas está no sistema de refrigeração e nas portas que mantêm a 70
temperatura ideal para o armazenamento de folhas, laticínios e embutidos. Também consiste em uma gôndola autoportante e que se utiliza do vão entre as lajes de piso para conectar os pavimentos.
225
130
Gôndolas fechadas com portas de vidro
Sistema de refrigeração
Viga em Glulam
625
Sistema elevatório Vedação em vidro 70
68
47
30
33
Portas de vidro
27
27
27 18
60
Motor da Gôndola
Corte gôndola refrigerada esc 1:33 ⅓
71
Gôndola pistonada Difere das demais gôndolas por possuir um mecanismo pistonado que realiza a movimentação vertical mas em módulos. Atende aos produtos do hortifruti — que possuem mais peso e provável movimentação. Os nichos que comportam as frutas 72
e verduras são suportados por uma base metálica ligada ao pistão. Eles são trocados de acordo com o abastecimento, que quando em execução fecha suas portas retráteis evitando acidentes. Na extremidade da gôndola foram alocadas balanças.
15
25 25 5
115
Porta retrátil aberta e embutida Fechamento fixo em madeira
Pistão elevatório vertical
Porta retrátil se fechando para passagem dos nichos
Nichos móvel para frutas e verduras
Porta retrátil fechada durante o abastecimento dos nichos
Corte gôndola pistonada esc 1:33 ⅓
73
C
B
VISTA 2
A VISTA 4
VISTA 3
A
Planta chave esc 1:333
74
C
B
VISTA 1
4 3
5 6
7
17
14
16
15
Área técnica
132,5 m² | esc 1:100 3 4 5 6 14 15 16 17
7
7
açougue câmara fria padaria atendimento padaria circulação mista circulação restrita montacarga DML
75
1
13
76
5
1
4
3 11
7
2 10
6
8 9
12
1
balança
1
balança
2
serra de fita
8
batedeira indutrial
3
moedor
9
geladeira industrial
4
fatiadora de frios
10 torre de espera
5
seladora
11 dispensa
6
vitrine
12 forno industrial
7
varal de armazenamento
13 fatiadora de pĂŁes 77
C
B
VISTA 2
A VISTA 4
VISTA 3
A
Planta chave esc 1:333
78
C
B
VISTA 1
1. forno elétrico 2. máquina expresso 3. espremedor de frutas 4. liquidificador 5. geladeira horizontal 6. microondas 7. cafeteira
Café
25,5 m² | esc 1:100
79
Planta baixa - subsolo 1330,5 m² | esc 1:333 7 15 16 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
80
banheiros circulação restrita montacarga vestiários administração copa área de serviço armazenamento de embalagens geradores gôndolas abastecimento loja principal gôndolas abastecimento loja express estoque monta carga devoluçã o embalagens
C
B
28 25
27
25
24 A
19
7
19
20 21
16
15 23
B
28
A
25 22
C
26
7
25
81
7
19
20
7
19
21
23
Área técnica (subsolo) 89,7 m² | esc 1:333 7 15 19 20 21 22 23
82
banheiros circulação restrita vestiários administração copa área de serviço armazenamento de embalagens
22
1 2 9
8
1
pallets
2
carrinho de transporte
3
estoque
4
gôndolas
5
DML/ serviço
6
copa
7
administração
8
lockers funcionários
9
chuveiros
7
6
3
5
4
83
84
Estrutura esc 1:333
85
A utilização da madeira como principal material do conjunto vem não só da sua valorização estética mas por se tratar de um material tecnológico, quando se fala em CLT e madeira Glulam. São leves, resistentes e permitem vãos médios sem a necessidade de grandes alturas, possibilitando lajes mais finas e pilares menos robustos. Esse sistema se mostrou ideal para o volume express dadas as suas proporções. Era de extrema importância para o projeto que um grande vão livre fosse criado no interior da loja padrão. Contudo, não se desejava a utilização de treliças espaciais justamente por essas remeterem a uma tipologia que se evita revisitar. A solução encontrada foi a da criação de um sistema único laje-viga-laje em madeira, suportando a cobertura em telha sanduíche. É na cobertura que se encontram a caixa dágua e as condesadoras dos ares condicionados, mas suportados por uma estrutura não associada ao restante da cobertura embutidos de modo a serem ocultados. Uma escada de marinheiro permite o acesso à esta laje técnica. As águas pluviais captadas no telhado descem
86
pelos pilares metálicos do volume padrão e são guardadas em um reservatório localizado abaixo da rampa lateral, próximo ao jardim principal. Esse jardim foi possibilitado graças a estrutura de concreto que suporta uma caixa de um metro de profundidade, preenchida com terra. Abaixo dela estão localizadas as áreas técnicas do subsolo, como a copa e a administração. Para possibilitar a movimentação vertical das gôndolas de abastecimento, as lajes de piso são modulares: em madeira, no volume express e em concreto alveolar no volume padrão. Assim foi possivel criar vãos de acordo com o layout solicitado pelas gôndolas. Os sistemas construtivos utilizados variam entre os volumes e pavimentos: enquanto todo o volume express é sustentado por vigas e pilares em madeira, o volume padrão se utiliza de vigas e pilares metálicos (com exceção da cobertura em madeira). Já o subsolo é todo estruturado em concreto armado. No final do caderno constam as tabelas que quantificam essas estruturas classificados por materialidade e função estrutural.
C
B
VISTA 2
1%
VISTA 4
5%
A
1%
1%
VISTA 3
5%
A
1%
1%
C
B
VISTA 1
Planta de cobertura esc 1:333
87
C
B
VISTA 2
VM1 VM1 VM1 VM1 VM1( x 2) VM1 VM1 VM1
A
A VISTA 4
VISTA 3
VM1( x 2) VM1 VM1 VM1 VM1( x 2) VM1 VM1 VM1 VM1
C
B
VISTA 1
1
Planta estrutural
cobertura volume principal esc 1:333
88
C
B
VISTA 2
PMT1
VM5
PM1
PMT1
PMT1
VMT2
PM2 VM2
VM2
VM5
PM3
PMT1
PM3
A
PM3
VMT12
VM5
VMT4
PM3 VM6
VM5 VM6
PM3
VM6
VM6
PMT1
PM3
VMT6
VM5
PMT1
PM3
PM3
PM3
VM7
PM3
PM3
VM2
VM12
VM10
VM10
VM10
PM2 VM2
PM1
VM4
VM4
VM5
PM4
PM4
PM4
PM6
PM6
VM15
VM13 PM1
PMT1
PMT1
PMT1
VMT16
PC1
PMT1
PM5
VM11
VM9
VM5
PC1
VMT1
PMT1 PMT1
PM2
VMT1
VMT8
VM8
PC1 VM8
PM3
VMT18
VM5
PMT1
VM6
VM5
PMT2
PM3
VMT18
VM6
PM3
PM3
VM7
VM6
VM6
PM3
VM8
PM3
VM6
PM3
VMT14
VM6
VM6
VM5
VM6
VISTA 3
PM3
A
PMT1
PMT1
VISTA 4
PM3
PMT1
VMT10
VM5
PM1
PMT1
PMT1
VM4
VM4
PM1
PM6
C
B
VISTA 1
Planta estrutural
cobertura volume express esc 1:333
89
C
B
VISTA 2
VB1
PMT1
VB3
PM3
VB2
PM1
PM1
VB2
PM1
PMT1
PMT1
PMT1
PM2
PM3 PMT1
VM17
PM3
VM17
PM3
PM3
VM17
PM3
A
VM17
PM3
VM17
PM3
VM17
PM3
VM17
PM3
VISTA 4
PMT1
VISTA 3
A
PMT1
PMT1
PM3
PM3
PMT1 PM3
VB5
PM3
PM3
PM3 PM3
VB5
PM3
PM3
VB9
PM3
PMT1
VB9
VB1
PM1
VB7
PM4
PM4
PM6
PM6
VB4
PM2 PM4
PM1
VB4
VB3
VB2
PM2
VB2
PMT1
PMT1
PMT1
PMT1
PMT1
PM5
VB9
PM6
C
B
VISTA 1
2
Planta estrutural piso elevado esc 1:333
90
C
B
VISTA 2
L05
L06
L05
L06
L01 L01 L01 L01
L08 L10 L10
L09 L11 L11
L02 L02 L02 L02
L08
L09
L14
L15
L14
L15
LM 05
L07 L07
L12L12
L13 L13 L16 L16
LM 01
LM 02 LM 01
LM 01
LM 01
L31 L31 L17 L17
L18 L18
L17 L17
L19 L19
L32 L32 LM 01
A
L31
VISTA 4
L03 L03 L03 L03
VISTA 3
A
L32
LM 01
L33 L20L20 LM 01
LM 01
LM 01
LM 01
LM 07
L04 L04 L04 L04
L21 L21 L23 L23
L20L20
L22 L22 L24 L24
L33 L33 L33
LM 01
LM 02 LM 01
LM 03
LM 03
LM 03
LM 04
LM 06
L26
L28
L26
L28
L27
L29
L27
L29 L30 L30
L33 L34 L34 L34
LM 06
C
B
VISTA 1
Planta estrutural lajes de piso esc 1:333
91
C
B
A
Planta baixa - subsolo 1330,5 m² | esc 1:333
92
C
B
A
C
B
VC10
VC2
VC2 PC4
VC7
PC4
VC9
PC5
VC9
PC5
VC11
PC5
PC5
VC11
PC5
PC5
VC11
VC3
PC5
VC5
VC3
PC2
PC4
VC5
PC5
VC4
VC4
VC5
VC4
PC4
VC7
PC4
VC7
A
VC12
PC2
VC3
PC4
C
VC1
VC9
VC4
PC2
PC5
VC6
PC2
VC7
VC4
VC1
PC4
VC6
PC2
VC5
VC4
PC2
PC4
VC6
VC1
VC3
VC4
PC2
VC6
VC4
PC2
PC2
VC6
VC4
A
VC1
PC2
PC3
VC4
VC1
PC2
VC2
VC2
B VC2
VC1
PC2
3
Planta estrutural vigas laje térrea esc 1:333
93
1
2
3
94
C
B
VISTA 2
+0,00
+0,00
+0,00
det. A A VISTA 4
VISTA 3
A
+0,70
det. B +0,00
+0,70
+0,00
C
B
VISTA 1
Planta baixa - térreo 1277 m² | esc 1:333
95
caju co.
Vista 1 | e
Vista 2 | e
Vista 3 | e
Vista 4 | e 96
esc 1:250
esc 1:250
caju co.
esc 1:250
esc 1:250 97
Corte AA |
Corte BB |
Corte CC | 98
+5,10 +4,10
+0,70 00 -1,00
-4,00
| esc 1:250
+5,10
+0,70 00 -1,00
-4,00
| esc 1:250
+4,50 +2,60 00
-4,00
| esc 1:250 99
Telha sanduíche trapezoidal
Beiral
61
29
Calha metálica
Tubo de queda
Pilar metálico perfil “u” soldado
Acesso para manutenção
60
20
Laje modulada em CLT
Ralo linear
70
290
Módulo estrutural composto laje/viga em madeira Glulam
Reservatório de águas pluviais
Detalhe A - Drenagem cobertura esc 1:33 ⅓
100
Laje em OSB
23
Manta asfáltica
300
40
Vigas em madeira laminada colada (Glulam)
Pilar em CLT
Suporte esquadria
40
Veneziana para ventilação subsolo
20
20
Laje modulada CLT
Inclinação para o jardim Muro de concreto
Detalhe B - Ventilação subsolo esc 1:25
101
Paisagismo Buscando complementar a paisagem criada pelo supermercado, as vegetações adotadas foram escolhidas levando em consideração a cor, tipo de folhagens e as suas diferentes composições volumétricas. Foram escolhidas espécies tropicais e típicas ao território brasileiro, se dividindo em forrações, arbustos e árvores de pequeno porte. O formato orgânico adotado no jardim central surge de uma tentativa de contrastar 102
com as linhas ortogonais dos prédios. Sugerem um percurso que direciona a porção traseira do lote - saindo do estacionamento - até a porção frontal - o deck elevado do café. Foi criado um longo banco de concreto que acompanha as linhas curvas do jardim, possibilitando desfrutar do natural e ter visuais de todos os ambientes: café, unidade padrão e express. As espécies ao lado são sugestões.
1. Syngonium podophyllum 2. Agave attenuata 3. Dypsis lutescens 4.Pilea cadierei 5.Tradescantia zebrina 6. Bambusa vulgaris 7. Fittonia albivenis 8. Yucca elephantipes
103
104
Renders
105
Acesso via principal | Unidade padrĂŁo
106
Acesso via principal | Unidade padrĂŁo e jardim
107
Visual entrada via principal | Unidade padrĂŁo
108
Visual entrada via principal | Unidade padrĂŁo e jardim
109
Vista unidade padrĂŁo | Unidade express e jardim
110
Vista unidade padrĂŁo | Hall de entrada e cadastro
111
Vista unidade padrĂŁo | TĂłtens de cadastro
112
Vista unidade padrĂŁo | GĂ´ndolas dos enlatados
113
Vista unidade padrĂŁo | Padaria
114
Vista unidade padrĂŁo | Padaria
115
Vista unidade padrĂŁo | Atendimento Padaria
116
Vista unidade padrĂŁo | Padaria
117
Vista unidade padrão | Bebidas não alcóolicas
118
Vista unidade padrĂŁo | GĂ´ndola dos congelados
119
Vista unidade padrรฃo | Atendimento aรงougue
120
Vista unidade padrĂŁo | GĂ´ndola refrigerada
121
Vista unidade padrĂŁo | Detalhe luminoso
122
Vista unidade padrão | Bebidas não alcóolicas
123
Visual corredor das bebidas | Unidade padrĂŁo
124
Visual corredor das bebidas | Unidade padrĂŁo
125
Acesso rampa | Jardim e CafĂŠ
126
Jardim | Unidade padrão e Café
127
Acesso via principal | Unidade padrĂŁo, jardim e unidade express
128
Acesso principal | Unidade express
129
Unidade express | Corredor lateral e jardim
130
Unidade express | Corredor lateral e via
131
Unidade express | Acesso pela via principal
132
Unidade express | Acesso via secundária e café
133
Jardim | Unidade express
134
135
Via lateral | Unidade express
136
Via lateral | Unidade express
137
Acesso via secundária | Unidade express e Café
138
Acesso via secundária | Unidade express e Café
139
Acesso via secundária | Unidade express e Café
140
Acesso via secundária | Café
141
Acesso via secundária | Unidade padrão e Café
142
Acesso via secundária | Unidade padrão e Café
143
Acesso via secundária | Unidade padrão, Café e bicicletário
144
Bicicletário | Café
145
Hall entrada principal | Unidade padrĂŁo e CafĂŠ
146
Café | Jardim
147
Café| Jardim
148
Café
149
Acesso via secundária | Unidade express, Café e Unidade padrão
150
Acesso via secundĂĄria | Unidade padrĂŁo e estacionamento
151
Acesso via secundรกria | Estaconamento e carga e descarga
152
Acesso via secundรกria | Estacionamento
153
Estacionamento
154
Via lateral | Carga e descarga
155
Foto aĂŠrea | Jardim
156
Foto aĂŠrea| Jardim e Unidade express
157
Foto aérea | Via secundária
158
Foto aĂŠrea | Via principal
159
Quadro de áreas Categoria
Uso
Pavimento
Quadro de áreas UEX (m²)
UPA (m²)
Uso
Área (m²)
Açougue
—
19,2
Categoria
Bicicletário
31,5
Padaria
—
8,5
Carga e descarga
145
Estacionamento
84,5
Praça
187
Guloseimas Hortifruti
Programa básico
Público
Higiene pessoal
Café
114
Laticínios
Jardins
254
Congelados Embutidos
Térreo
Área total 141,5
Estrutura
Bebidas alcóolicas
Pilar
Bebidas não alcóolicas Limpeza Enlatados Mercearia
Programa operacional
Hall entrada
70
42,7
Check- in
—
28,3
Circulação técnica
—
21
Circulação mista
—
7
Cozinha padaria
—
Câmara fria
Dimensões
Quantidade
PMT1
40x20x360
14
PMT2
40x20x290
1
PM1
20x20x393
4
PM2
20x20x354
4
PM3
20x20x320
20
PM4
20x20x372.5
3
PM5
20x20x454.5
1
22,35
PM6
20x20x463
3
PC1
40X20x240
3
—
10
PC2
40x20x410
12
Banheiros clientes PNE
—
4
PC3
40x60x410
1
Banheiros clientes
—
15,3
PC4
40x60x340
8
Banheiros funcionários
—
20
PC5
40x20x340
9
Vestiários
—
20
Escada de emergência
12,5
22
Estoque
170
910
Área de serviço
—
11,7
Armazenamento de embalagens
—
33,7
Copa
—
30
—
14,8
Casa de máquinas
—
Montacarga Laje técnica
PMT = metálico | PM = madeira | PC = concreto Estrutura Viga
Dimensões
Quantidade
VMT1
30x20x760
2
VMT2
50x20x662
1
VMT4
50x20x685
1
VMT6
50x20x678
1
VMT8
50x20x700
1
25,6
VMT10
50x20x652
1
—
3
VMT12
50x20x665
1
—
33,6
VMT14
50x20x659.5
1
DML
—
2
VMT16
50x20x668.5
1
Área
247
964
VMT18
30x20x382
2
Administração
Área total
160
816
572
Subsolo
1211
Nível: térreo | laje de teto UPA
Material
Metálica
Estrutura
Estrutura Laje
Dimensões
Quantidade
40x20x3084
17
L01
372x120
4
VM2
20x20x375
4
L02
322x120
VM3
40x20x2227
2
L03
702x120
VM4
20x20x320
4
L04
695x120
VM5
20x20x670
11
L05
743x110
VM6
20x20x350
12
L06
700x110
VM7
20x20x670
11
VM8
20x20x680
3
Viga VM1
Dimensões (HxLXC)
Quantidade
Material
Nível
Cobertura UPA Madeira
L07
650x111.5
L08
247.5x152 175x150
20x20x440
2
L09
VM10
20x20x665
4
L10
743x84.7
VM11
20x20x520
L11
690x84.7
VM12
20x20x645
L12
322x80
VM13
20x20x1010
VM9
VM15
1
20x20x727.5
L13
322x82
L14
742.5x100
VM17
40x20x765
7
L15
680x100
VC1
50x20x1340
6
L16
650x136
VC2
50x20x673
6
VC3
50x20x457.5
4
VC4
20x255x100
10
VC5
50x20x722.5
VC6
50x20x692
VC7
50x20x670
VC8
50x20x682
VC9
50x20x620
L17
502.5x87.5
4
L18
502.5x100
2
L19
502.5x180.5
1
542.5x87.5
4
L21
542.5x100
4
L22
108.5x542.5
L23
742.5x76.5
1
L24
690x76.5
2
L25
712x82
L26
645x100
4
VC10
50x20x937.5
1
VC11
50x20x760
4
VC12
50x20x1387.5
1
VB1
20x40x670
2
VB2
20x50x685
4
VB3
20x40x760
2
VB4
20x250x1384,5
2
VB5
20x50x1717.5
VB7 VB9
Concreto
L27
645x85 472.5x202
L29
472.5x84
L30
712x109
L31
790x143
3
L32
790x115
3
3
L33
790x125
5
L34
790x144
3
40x20x1000
2
LM01
330x350
12
40x20x697.5
3
LM02
170x350
2
VM= madeira | VC= concreto
Placa de concreto alveolar préfabricada
UPA
2
L28
Térreo Baldrame
Unidade
2
L20
Subsolo - Laje de teto
Material
LM03
1200x330
3
LM04
1200x277,5
2
LM05
880x300
1
LM06
1200x205
2
LM07
1200x300
1
Express
CLT Café
L0x= laje em concreto | LM0x= laje em madeira (CLT)
161
Referência fotográfica
162
1. Exterior da mercearia Piggly Wiggly antes do surgimento
16. Imagem da doceria que veio a se tornar o supermercado
dos supermercados.
Pão de Açúcar. Autor desconhecido.
Fonte : Acervo Piggly Wiggly (1910)
18. Folheto dedivulgação supermercado Pão de Açúcar
2. Interior do primeiro self service da marca americana
durante a inflação.
Piggly Wiggly.
Fonte: Acervo Pão de Açúcar (1986)
Fonte : Acervo Piggly Wiggly (1910)
19. Recorte de jornal com propaganda da rede Peg Pag.
3. Estacionamento do supermercado Piggly Wiggly em
Fonte: Arquivo público do Estado de São Paulo (1959)
1955.
20. Recorte de jornal sobre o primeiro supermercado peg e
Fonte : Acervo Piggly Wiggly(1955)
pag no brasil.
4.Estacionamento do supermercado Jumbo.
Fonte : Arquivo público do Estado de São Paulo (1959)
Fonte: Arquivo Pão de Açúcar
21. Supermercado de vizinhança da rede pão de açucar no
5.Exterior do primeiro supermercado Piggly Wiggly
setor de açougue.
Fonte : Acervo Piggly Wiggly (1910)
Fonte: Autor desconhecido.
6. Checkout do primeiro self service da marca Piggly
22. Supermercado da rede Guanabara.
Wiggly.
Fonte: Autor desconhecido.
Fonte : Acervo Piggly Wiggly (1910)
23.Hipermercado da rede extra com um mix de produtos.
7. Caixa do supermercado Piggly Wiggly.
Fonte: Autor desconhecido
Fonte: Acervo Piggly Wiggly (1955)
24. Supermercado de vizinhança da rede pão de açúcar no
8. Cartaz em supermercado durante o plano de
setor de hortifúti.
estabilização econômica (1994).
Fonte: Autor desconhecido
Fonte : autor desconhecido.
25. Supermercado de vizinhança da rede carrefour.
9.Exterior do supermercado Peg e Pag.
Fonte: Autor desconhecido
Fonte: Autor desconhecido
26. Supermercado de vizinhança da rede pão de açucar.
10.Policial fiscalizando a adequação de produtos durante a
Fonte: Autor desconhecido
inflação (1986).
27.Supermercado do Walmart visto do seu estacionamento.
Fonte: Autor desconhecido.
Fonte: Autor desconhecido
11. Dona de casa realizando compras com o auxílio de
28.Interior do supermercado walmart, logo na entrada da
carrinhos na inauguração do supermercado A&P.
loja e próximo aos checkouts Fonte : autor desconhecido.
Fonte: Acervo A&P (1978)
29.Fachada do supermercado Albert Heinj na Holanda.
12.Interior da mercearia Piggly Wiggly antes do
Fonte: Material de divulgação do site Albert Heinj
surgimento dos supermercados.
(2017)
Fonte : Acervo Piggly Wiggly (1910)
30.Cartão tap to go da rede Albert Heinj e sua
13,14,15 e 17. Folheto de propagandas do supermercado
aplicabilidade.
Jumbo
Fonte: Material de divulgação do site Albert Heinj (2017)
Fonte: Arquivo Pão de Açúcar
31.Fachada do supermercado compacto da rede Zaitt no
Espírito Santo.
Alterado pela autora.
Fonte: Imagens de divulgação do site da companhia
43.Vista da fachada de vidro e jardim interno.
32. Usuário demonstrando o processo de check-in no
Fonte: Rafael Gamo, Enrique Márquez Abella (2017).
supermercado Zaitt.
Alterado pela autora.
Fonte: Imagens de divulgação do site da companhia
44. Vista interna da área de venda do mercado e a
Fonte: Imagens de divulgação do site da companhia
disposição das mercadorias.
33. Fachada exterior da loja B&H.
Fonte: Tõnu Tunnel, com alterações da autora.
Fonte: Site da companhia B&H.
45. Vista interna da área de vendas alimentícias e do
34.Sistemas de esteiras da empresa B&H em nova york.
mezanino superior com a área destinada a venda de
Fonte: Site da companhia B&H.
produtos não perecíveis.
35. Lockers urbanos da empresa waitrose em momento de
Fonte: Tõnu Tunnel, com alterações da autora.
coleta de produtos solicitados.
46.Vista externa da fachada do acesso principal ao mercado;
Fonte: Imagem de divulgação do site da companhia
Fonte: Tõnu Tunnel, com alterações da autora.
36. Esquema de explicação do uso do locker elaborado pela
47. Vista Geral do projeto não construído proposto pelo
empresa.
escritório Precht.
Fonte: Imagem de divulgação do site da companhia
Fonte: Site da empresa
modificada pela autora.
48. Perspectiva interna do projeto não construído proposto
37.Imagens interna do espaço utilizado pela empresa
pelo escritório Precht.
Original Unverpackt.
Fonte: Site da empresa
Fonte: Imagens de divulgação do site da companhia.
49. Perspectiva externa do projeto não construído proposto
38. Sistema a granel utilizado pela Original Unverpackt, na
pelo escritório Precht.
Alemanha.
Fonte: Site da empresa
Fonte: Imagens de divulgação do site da companhia.
50.Varanda lateral da casa de repouso.
39. Estação de reciclagem Pão de Açucar e Unilever.
Fonte: ArchDaily
Fonte: Imagem de divulgação do site da companhia Pão de
51. Volume suspenso da casa de repouso.
Açúcar(2016)
Fonte: ArchDaily
40.Estação de reciclagem Pão de Açucar e Unilever.
52. Porção trazeira da casa de repouso apoiada no muro de
Fonte: Imagem de divulgação do site da companhia Pão de
concreto.
Açúcar
Fonte: ArchDaily
(2016)
53.Pátio central da instalação
41. Hall de entrada visto dos nichos de exposição.
Fonte: ArchDaily
Fonte: Rafael Gamo, Enrique Márquez Abella (2017).
54.Corredor interno
Alterado pela autora.
Fonte: ArchDaily
42. Nichos de exposição vistos do hall de entrada.
55.Detalhe dacobertura
Fonte: Rafael Gamo, Enrique Márquez Abella (2017).
ArchDaily 163
Referências bibliográficas
ABRAS. Relatório Abras 2018. Associação Brasileira de Supermercados. São Paulo. 2018. ABRAS, A. B. D. S. 40 Anos de Supermercados no Brasil. Associação Brasileira de Supermercados, São Paulo, p. 186, 1993. ABRAS, F. Cinquenta anos de supermercado no Brasil. Abras, São Paulo, 2002. ALBUQUERQUE, M. P. D. C. Análise da evolução do setor supermercadista brasileiro: uma visão estratégica. Rio de Janeiro: Faculdade de Economia e Finanças IBMEC - Programa de Pós-Graduação, 2007. ALMEIDA, L. G. D.; ALMEIDA, M. L. D. Logística Reversa como estratégia sustentável para a redução de custos: um estudo em uma engarrafadora de bebidas. Revista Metropolitana de Sustentabilidade, p. 78 - 98, 2013. BAPTISTA, S. G.; CUNHA, M. B. Estudos de usuário: visão global dos métodos de coleta de dados. 2. ed. Belo Horizonte: Perspectiva em ciências da informação, v. 12, 2007. BRUNDTLAND. Our Common Future. Rio de Janeiro: Oxford University Press, 1987. CABRAL, M. Porque o Walmart não é o Walmart no Brasil. Época - Negócios, 01 Junho 2016. CASADO, S. Manual de estudios de usuários. Madrid: Fundación Germán Sanchez Ruipérez, 2000. CASAS, A. L. L.; BARBOZA, V. A. Estratégias de marketing para varejo. [S.l.]: Novatec, 2007. CEMPRE. Relatório 2019. Compromisso Empresarial Para Reciclagem. São Paulo. 2019. COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM, C. Panorama geral de gestão de resíduos e coleta seletiva. [S.l.]. 2018/2019. CONNOR, J. M.; SCHIEK, W. A. Food processing: and industrial powerhouse in transition. New York: Joh Wilwy and Sons, 1997. COSTAS, R. Sete aspectos da vida no Brasil que mudaram com o Real. BBC, 30 Junho 2014. CYRILLO, D. C. O papel do supermercado no varejo de alimentos. São Paulo: Instituto de pesquisas econômicas, 1987. FIGUEIREDO, N. M. D. Estudos de uso e de usuário da informação. Brasília: IBICT, 1994. FISHER, A. B. What consumers want in the 1990’s. Fortune, 1990. 164
IBGE, I. B. D. G. E. E. Pesquisa de Orçamento Familiar. São Paulo. 2008 - 2009. KOTLER, P. Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 1999. LEITE, P. R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pretince Hall, 2009. MARINS, R. Como era a vida no Brasil da hiperinflação? Superinteressante, 04 Julho 2018. MAX, R. Behavior Analytics Retail. Behavior Analytics Retail, 2018. Disponivel em: <https://behavioranalyticsretail. com/technologies-tracking-people/>. Acesso em: 05 Abril 2019. NIELSEN. Relatório Nielsen Janeiro 2019. Nielsen. São Paulo. 2019. NIELSEN, A. C. Estrutura do Varejo Brasileiro. São Paulo. 1997. NOVAES, F. A logística reversa de caixas de papelão e e seu impacto ambiental. Gestão e Saúde, p. 24 - 35, 2009. OLIVEIRA, L. G. D.; ALMEIDA, M. L. D. LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS COMO ESTRATÉGIA SUSTENTÁVEL PARA REDUÇÃO DE CUSTOS: UM ESTUDO EM UMA ENGARRAFADORA DE BEBIDAS. Revista Metropolitana de Sustentabilidade, v. 3, n. Celso Machado Júnior. ISSN 2. PAULA, I. A. N. Por qué requerimos una metodología para el estudio de las necessidades de formación e información en las organizaciones y comunidades. Madrid: Cuadernos de documentación multimedia, v. 10, 2000. RENNÓ, R. Do mármore ao vidro - mercados públicos e supermercados, curva e reta sobre a cidade. São Paulo: Annablume, 2006. SESSO FILHO, A. U. O setor supermercadista no Brasil nos anos 1990. São Paulo: Tese de Doutorado em Economia Aplicada, 2003. SESSO FILHO, U. A. Crescimento e desempenho de redes de supermercados na década de 90. São Paulo. 2001. SHIBÃO, F. Y.; MOORI, R. G.; & SANTOS, M. R. A logística reversa e a sustentabilidade ambiental. Curitiba. 2010. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor. 5. ed. São Paulo: Bookman, 2002. SUPERHIPER, R. 370 Supermercados: Os maiores do país. Revista SuperHiper, 1990. WILDER, A.; SESSO, U. A. Distribuição de alimentos: transformações na década de 90. Informações Fipe, p. 28 - 30, 2002. 165