O Problema da possibilidade do conhecimento

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O problema da possibilidade do conhecimento

Como justificamos as nossas crenças? Será que é possível conhecer?


Definição tradicional (ou tripartida) de conhecimento Conhecimento

Crença Verdadeira Justificada Crença Verdade Justificação


As fontes de justificação do conhecimento proposicional


As fontes de justificação do conhecimento


As fontes de justificação do conhecimento Conhecimento a priori Conhecimento a posteriori Aquele que podemos adquirir recorrendo ao pensamento ou à razão. Podemos saber que um triângulo tem três lados ou que o todo é maior do que a parte refletindo acerca dos conceitos de triângulo e de todo. Podemos descobrir que tais proposições são verdadeiras apenas pensando, sem precisarmos de fazer nenhuma observação.

Só pode ser adquirido através da experiência. Por isso, também pode ser chamado conhecimento empírico (de «empeiría», palavra grega para experiência). Para saber, por exemplo, que as avestruzes não voam e que a segunda maior cidade portuguesa é o Porto, é preciso observar o mundo. Sem alguns dados empíricos, por muito que pensasse nenhuma pessoa conseguiria obter esses conhecimentos.


Racionalismo O primado da razão

• O conhecimento tem um fundamento racional: as crenças básicas provêm da razão. • Há crenças sobre o mundo que podem ser justificadas a priori.

Empirismo Os sentidos e a experiência têm um papel fundamental

• O conhecimento tem um fundamento empírico: as nossas crenças básicas provêm da experiência. • O conhecimento a priori não é substancial (sobre o mundo).


O problema da possibilidade do conhecimento Ceticismo e Fundacionalismo


NÃO! Será que podemos conhecer??

Podemos sim!


O ceticismo

Pirro de Élis, o pai do Ceticismo (360 a.c. – 270 a.c.)


O desafio cético O ceticismo é a perspetiva segundo a qual devemos suspender o juízo relativamente à verdade ou à falsidade de qualquer proposição, pois no geral as nossas pretensões de conhecimento são injustificadas.

Tese • Não podemos afirmar que temos conhecimento porque nenhuma fonte de justificação das nossas crenças é satisfatória.


Sexto Empírico expôs os principais argumentos céticos contra a pretensão dogmática de conhecer a verdade absoluta: o Divergência de opiniões; o Ilusão; o Regressão infinita da justificação.


Argumento da Divergência de Opiniões Se fosse possível justificar as nossas crenças, não haveria lugar para divergências de opinião. Há divergências de opinião. Logo, é impossível justificar as nossas crenças.

Argumento da Ilusão Tudo o que é uma fonte segura do conhecimento não nos engana. Os sentidos enganam-nos. Logo, os sentidos não são uma fonte de justificação segura de conhecimento. O quarto de Ames: https://youtu.be/hCV2Ba5wrcs

Argumento da Regressão Infinita da Justificação A justificação de qualquer crença é inferida de outras crenças. Se a justificação de qualquer crença é inferida de outras crenças, então dá-se uma regressão infinita. Se há uma regressão infinita, as nossas crenças não estão justificadas. Logo, as nossas crenças não estão justificadas.


Argumentação Cética Justificação

Justificação

Justificação

Justificação Justificação

Como as cadeias de justificações ou terminam arbitrariamente numa crença injustificada, ou voltam-se sobre si mesmas de modo viciosamente circular, ou regridem infinitamente, não são capazes de justificar seja o que for. Por conseguinte, o conhecimento não é possível.


Algumas objeções ao ceticismo Alguns autores consideram que o ceticismo é autorrefutante – isto é, demonstra a sua própria falsidade, uma vez que parece comprometer-se com a ideia de que é possível saber-se que o conhecimento não é possível. Contudo, o cético pode defender-se desta acusação afirmando que se limita a suspender o juízo. Bertrand Russell, por sua vez, fez notar que não há justificação possível para colocarmos em suspenso todas as nossas crenças em simultâneo, pois se todas as nossas crenças estão suspensas, nenhuma delas pode servir de justificação seja para o que for. Já David Hume considera que se puséssemos permanentemente em causa determinadas ideias que no dia a dia assumimos como garantidamente verdadeiras, poderíamos acabar por nos tornar incapazes de fazer fosse o que fosse.


Fundacionalismo Ambas as respostas que vimos há pouco – racionalismo e empirismo – são respostas fundacionalistas. De facto, ambas refletem, entre outras coisas, sobre a origem das crenças básicas.


O Fundacionalismo O Fundacionalismo é a perspetiva segundo a qual o conhecimento está alicerçado em fundamentos certos, seguros e indubitáveis – as crenças básicas. Tais fundamentos podem encontrar-se na razão (Racionalismo) ou na experiência (Empirismo).

Tese • O conhecimento está fundado em crenças básicas (racionais ou empíricas).

Para um fundacionalista, renunciar a esta base significa inviabilizar a possibilidade de justificar qualquer crença ou conhecimento!


O Fundacionalismo Distinção entre crenças básicas e crenças não-básicas. Crenças Básicas • São de tal modo evidentes que não precisam de ser justificadas por outras crenças – justificam-se a si mesmas, são autoevidentes. • “Eu existo”; “Estou a ter a experiência de ler um livro”; “2+2=4”.

Crenças Não-Básicas • Não são autoevidentes. São inferidas a partir de outras crenças. • "Existem outras mentes para além da minha”; “A obra Guerra e Paz tem mais de 200 páginas”.


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