centro comunitรกrio bosque das รกrvores
isadora da veiga casaroto
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO | ORIENTADOR PROF. MÔNICA DUARTE APRILANTI
CENTRO COMUNITÁRIO B O S Q U E DAS Á R V O R E S ISADORA DA VEIGA CASAROTO
2018
AGRADECIMENTOS Gostaria, primeiramente, de agradecer a minha orientadora, Profa. Mônica Duarte Aprilanti, por compartilhar seu conhecimento, pela paciência e dedicação, nunca deixando que os momentos difíceis fossem maiores que a determinação para concluir esse trabalho. Obrigada por confiar no mesmo desde o primeiro momento. Agradeço a minha mãe, por toda dedicação para com a minha formação pessoal e profissional, pelos incontáveis momentos em que me motivou a seguir em frente, por ser base para que eu chegasse até aqui, estando sempre preparada para me ajudar. Agradeço a minha prima, amiga e madrinha, Caroline Marques, fonte de inspiração e conhecimento, por sempre me apoiar, confiar e compartilhar momentos muito importantes comigo, a minha tia Rosana Garcia por compartilhar da mesma situação de vida e trazer conforto que muitas vezes eu precisava, aos meus amigos e familiares, que tantas vezes fui obrigada a me privar de momentos junto me dedicando a finalizar esse trabalho, e em especial ao meu amigo Tiago Marinho, por toda força e incentivo, sempre acreditando no meu sucesso, e principalmente, pela paciência e companheirismo ao acopanhar todo processo até a conclusão deste trabalho.
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RESUMO
A segregação separa partes da sociedade, acredito que a melhor definição seja baseada no afastamento de algumas classes de um meio social mais denso, como os centros e locais mais habitados de uma cidade ou determinado local, ela pode se dividir em diferentes tipos, porém, todas elas causam um tipo de exclusão para com determinada parcela da sociedade. A construção dos espaços urbanos depende de modelos culturais e de práticas dos grupos sociais, influenciadas por propriedades territoriais específicas. No arranjo de variáveis que daí decorre, os espaços públicos exercem um papel primordial no processo de ocupação urbana, na determinação do uso do solo residencial e das práticas do grupamento social mais abastado. Certas classes sociais tendem a se concentrar em diferentes áreas ou setores da cidade, não impedindo a presença e o crescimento de outras classes, no mesmo espaço.. O percurso e o processo de expansão urbana articulam-se através de variáveis socioeconômicas, políticas, culturais e das práticas dos grupamentos sociais mais abastados. Constituindo uma linha de ordenação do traçado intraurbano, o percurso modela a morfologia urbana, a partir dos espaços públicos, da acessibilidade e da mobilidade. O processo desenvolve-se a partir de relações específicas que estabelecem a dinâmica da segregação, assim como a formação de fronteiras e barreiras sócio espaciais na cidade.
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SUMÁRIO 03
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
INTRODUÇÃO
1 APRESENTAÇÃO
1.1. A segregação urbana e socioespacial........................................................17 1.2. Centro e centralidades......................................................................................................19 1.3. Cidade pra todos - A segregação dos espaços públicos...21 1.4. Viver a cidade “Nós e os outros”...........................................................................23
2.1. A segragação social na rocinha, RJ....................................................................26 2.1.1. Rocinha Invisível......................................................................................................................29 2.1.2. O muro no morro Dona Marta...............................................................................30
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ESTUDOS DE CASO
2.2.1. Vila Nova Jaguaré, SP......................................................................................................32 2.2.2. Projeto e Obra........................................................................................................................34 2.2.3. Localização................................................................................................................................36 2.3.1 Res. Diogo Pires........................................................................................................................38 2.3.2. Relação público e privado : O projeto....................................................39 2.3.3. O edíficio.......................................................................................................................................40
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS
MUNICÍPIO
ÁREA DO PROJETO
3.1. Centro Comunitário Rehovot - israel.........................................41 3.2. CEU pimentas - Guarulhos....................................................................45
4.1. Histórico da cidade de Santa Barbára d’Oeste.....51 4.1.2.Setor Primário....................................................................................................53 4.1.3. Setor Secundário.......................................................................................54 4.1.4. Setor Terciário...............................................................................................54 4.2. Localiação da área em relação a cidade..................59 4.3. Localização no município e no Estado de SP.............60 5.1. Macro análise - ENTORNO............................................................63 5.2. Bosque das Árvores.................................................................................67 5.3. Objetivos...............................................................................................................69 5.4. Mapa de usos do solo.........................................................................73 5.5. Mapa viário........................................................................................................75 5.6. Mapa de gabarito....................................................................................77 5.7. Programa de necessidades básico.......................................79 5.8. Levantamento fotográfico-Favela Zumbi dos Palmares....80 5.9. Levantamento fotográfico-Área de intervenção..................81 6. Pré dimensionamento de áreas........................................................83 6.1. Intenções para o TFG 2......................................................................84 6.2. Referências Bibliográficas..................................................................85
LISTA DE FIGURAS 1. Imagem panorâmica Rocinha, 2012 2. Rocinha com Pão de Açucar ao fundo 3. Rocinha 4. Segregação racial na Rocinha, 2010 5. Vista panorâmica Vila Nova Jaguaré 6. Vista aérea Vila Nova Jaguaré 7. Localização Vila Nova Jaguaré 8. Localiação Residencial Diogo Pires 9. Planta Res. Diogo Pires 10. Vila Nova Jaguaré - após processo contra segregação 11. Vista aérea - Conjunto Habitacional Vila Nova Jaguaré 12. Perspectiva - Conj. Hab. Nova Jaguaré 13. Implantação térreo 14. Corte Longitudinal 15. Plantas 1° ao 7° Pavimentos 16. Centro Comunitário Rehovot 17. Centro Comunitário Rehovot 18. Centro Comunitário Rehovot 19. Centro Comunitário Rehovot 20. Centro Comunitário Rehovot 21. Centro Comunitário Rehovot - Térreo 22. Centro Comunitário Rehovot - Implantação 23. CEU Pimentas 24. CEU Pimentas 25. CEU Pimentas
26. CEU Pimentas 27. CEU Pimentas 28. CEU Pimentas 29. CEU Pimentas - Planta térreo e circulação 30. CEU Pimentas - Planta térreo e salas 31. CEU Pimentas - Primeiro PAV e circulação 32. CEU Pimentas - Primeiro PAV e salas 33. CEU Pimentas - Corte AA 34. CEU Pimentas - Corte BB 35. Faixa etária da população barbarense 36. Evolução da Mancha Urbana RMC 37. Vetores de Expanção Urbana RMC 38. Vetores de Expanção Industrial 39. Vetor de expanção 2 - SBO 40. Distâncias Rodoviárias 41. Localização da área de intervenção - SP 42. Localização da área de intervenção SBO 43. Localização município no estado de SP 44. Dados gerais - SBO 45. Macro análise - área públicas 46. Mapa setorial do bairro 47. Pirâmide etária do setor 48. Pirâmide etária do setor X Município 49. Dados demográficos do setor
50. Residencial Bosque das Árvores 51. Residencial Bosque das Árvores 52. Residencial Bosque das Árvores 53. Residencial Bosque das Árvores 54. Mapa de usos do solo 55. Mapa de sistemá viário 56. Mapa de gabarito 54. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 55. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 56. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 57. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 58. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 59. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 60. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 61. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 62. Levantamento fotográfico - Favela Zumbi dos Palmares 63. Levantamento fotográfico - Área de intervenção 64. Levantamento fotográfico - Área de intervenção 65. Levantamento fotográfico - Área de intervenção 66. Levantamento fotográfico - Área de intervenção 67. Levantamento fotográfico - Área de intervenção 68. Levantamento fotográfico - Área de intervenção
INTRODUÇÃO
1. Um exemplo de como a segregação ocorre em sociedade, é a simples definição da por Ermínia Maricato, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP): “É impossível esperar que uma sociedade como a nossa, radicalmente desigual e autoritária, baseada em relações de privilégio e arbitrariedade, possa produzir cidades que não tenham essas características”. (MARICATO, 2001, p. 51) Através de argumentação, Villaça cita que é possível destacar que uma das características mais marcantes das metrópoles brasileiras é a segregação espacial das classes sociais em áreas distintas da cidade, a diferenciação entre os bairros, tanto no que diz respeito ao perfil da população, quanto às características urbanísticas, de infraestrutura, de conservação dos espaços e equipamentos públicos, pode ser notada com uma simples volta pela cidade: “[…] a segregação é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de bairros da metrópole.” (VILLAÇA, 2001, p. 142 – grifo no original)
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Entendo que a existe uma grande heterogeneidade das redes sociais de indivíduos pobres, embora de forma geral elas sejam menores, mais locais e menos ricas em termos de sociabilidade do que a classe média. Sugiro, entretanto, que essas condições estejam empiricamente associadas a suas condições de vida, trabalho e rendimentos demonstrando a relevância da sociabilidade dos indivíduos para a definição de suas situações sociais em um sentido amplo e de pobreza em especial. A importância do tema é ao mesmo tempo intelectual e ligada à construção de políticas públicas de corte social. Por longo período, a ênfase da literatura e das políticas de combate à pobreza foi colocada no estudo e na alteração de dimensões pessoais dos indivíduos e famílias em situação de pobreza, tentando dotá-los de características individuais que se imaginava que seriam estratégicas para que esses saíssem da pobreza e ascendessem socialmente. Essa compreensão minimalista da pobreza talvez seja explicada por uma visão que foca a existência ou inexistência de rendimentos monetários ou, no máximo, ativos individuais entendidos dentro do marco das discussões do capital humano e associados à educação, às boas condições de saúde, serviços e etc.
Segundo esta visão, esses elementos seriam importantes por permitir acesso mais fácil, ou com melhores condições, estruturas de oportunidades similares às consideradas quando se pensa apenas nos rendimentos. Dessa forma, o rendimento passa a ser proporcional a boa qualidade de vida da sociedade, sendo absolutamente essencial para a compreensão da pobreza e para o seu enfrentamento compreender que para sua extinçaõ é necessário, mesmo que em pequenas escalas, incluir o cidadão em seu meio de vivência da forma mais natural possível, criando junto com o governo, equipamentos públicos e de serviços que iram fornecer conforto e maior estabilidade para a população, como é o objetivo desse trabalho. Na contemporaneidade, todos os grandes centros urbanos possuem um arranjo espacial fracionado, isso significa que existem várias partes que compõem o todo, no entanto, cada fração com sua particularidade em diversos aspectos. Nas cidades existem áreas com foco de atuação especializada, são distribuídas em centros comerciais, financeiros, bairros industriais, residenciais, bairros com grande número de casas, além de bairros que abrigam uma grande quantidade de estabelecimentos de diversão, como boates, bares e restaurantes.
A cidade é dividida também por fatores financeiros ou de renda, as desigualdades se concretizam no contexto do arranjo urbano. Essas características são provocadas simplesmente pelo fato das desigualdades sociais estarem presentes na maioria dos países capitalistas, quanto maiores às disparidades socioeconômicas entre as classes sociais, maiores s ão as diferenças nas moradias, nos serviços públicos e na qualidade de vida. Aparentemente, existem dois modos diferentes de encarar o problema. O primeiro seria misturar as pessoas, forçando os grupos sociais mais pobres e mais ricos a conviver e interagir mais intensamente. A segunda seria melhorar as condições urbanas das áreas mais pobres, elevando-as a um padrão mais próximo das habitadas pelos mais ricos. (BRIGGS, 2001). Obviamente, as duas abordagens podem, e normalmente são, associadas. Considerando-se essas estratégias, poderíamos classificar as políticas governamentais que têm impacto sobre o espaço urbano em dois grupos principais, as políticas relativas ao espaço construído, onde s incluem as políticas de regulamentação urbana, bem como os investimentos em infraestrutura urbana nas partes da cidade habitadas pelos pobres.
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As políticas de regulação urbana podem incentivar processos de mobilidade espacial que operam na direção oposta dos padrões de segregação, misturando as pessoas; também podem dirigir as futuras ações governamentais para determinadas regiões das cidades Estas que são consideradas prioridades sociais, melhorando as condições das periferias, favelas e cortiços e, assim, reduzindo a diferença entre os grupos sociais, as políticas sociais “espacialmente organizadas”, suavizando a segregação urbana por meio do grupo tradicional de políticas sociais. Esse conjunto de políticas públicas inclui, no mínimo, educação, saúde, assistência social, esportes, cultura e lazer, criando e transformando o espaço social, pois a localização de seus equipamentos (e suas diferentes características inserções no espaço) definem as condições de acesso dos vários grupos sociais que habitam na cidade, facilitando a inclusão de todos e socialização em sociedade. (Fernandes, 1998) Essas políticas são especialmente importantes por causa da invisibilidade dos mais pobres (Torres, 2001), não apenas porque eles têm maiores problemas para se organizar e vocalizar as suas demandas, mas também porque as rotinas administrativas das agências estatais nunca os consideram de forma diferenciada. 16
Isso pode acontecer em virtude do preconceito social, mas na maioria dos casos os motivos estão ligados à inserção das próprias políticas públicas, pois mesmo a informação sobre quem deve e quem não deve receber assistência é influenciada por uma definição prévia do que a assistência deve ser. Boa parte da solução desses problemas depende muito do conhecimento da exata distribuição da oferta de serviços, bem como de sua demanda em cada área. Nesse sentido, proponho para o presente Trabalho Final de Graduação o projeto de um centro comunitário que forneça condições gerais de educação, assistência social, aprendizagem e esportes, bem como outros aspectos do ambiente construído.
1.1. A segregação urbana e sócio espacial A segregação socioespacial (ou urbana), refere-se à periferização ou marginalização de determinadas pessoas ou grupos s ociais por fatores econômicos, culturais, históricos e até raciais no espaço das cidades. No Brasil, alguns exemplos de segregação urbanas mais comuns são a formação de favelas, habitações em áreas irregulares, cortiços e áreas de invasão. Pode-se dizer que a segregação urbana está quase sempre relacionada com o processo de divisão e luta de classes, em que a população mais pobre tende a residir em áreas mais afastadas e menos acessíveis aos grandes centros econômicos. Esses espaços segregados, além do mais, costumam apresentar uma baixa disponibilidade de infraestruturas, como pavimentação, saneamento básico, espaços de lazer, entre outros. A segregação urbana é o que parte da oposição entre centro e periferia e constitui-se a partir da formação de novas centralidades. Basicamente, as cidades constituem-se a partir de seus sítios ou espaços centrais, expandindo-se a partir de então. Por fim, as classes economicamente mais abastadas tendem a localizar-se nas proximidades desse centro, uma vez que são esses os espaços mais caros e valorizados (VILLAÇA, 2001, p79).
Com o passar do tempo, esses centros principais tornam-se sobrecarregados e inchados, permitindo que as práticas e serviços desloquem-se a p artir de novos subcentros. Estes vão tornando-se mais valorizados, o que encarece os preços dos terrenos e eleva os custos sociais, proporcionando o afastamento das populações mais pobres. O Estado age também nesse processo no sentido de oferecer a esses centros as melhores condições de infraestrutura, com uma maior diversidade de transportes, praças, áreas de lazer, entre outras. Dessa forma, essas áreas empregam mais do que as demais, o que proporciona uma maior mobilidade e atividade em seus espaços, incluindo os trabalhadores que residem nas periferias e que precisam deslocar-se em grandes faixas para exercerem seus ofícios. Além disso, nas chamadas “bordas” das cidades, amplia-se o crescimento desordenado dos bairros periféricos, além das favelas e das casas em áreas irregulares, como nas proximidades de cursos d´água. Essas áreas são compostas por pessoas com baixos salários, com poucas condições de renda e que não possuem outra opção a não ser residir em locais com pouca infraestrutura, o que caracteriza a segregação urbana. 17
Esse caso representa a segregação involuntária, aquela que não ocorre de forma planejada por parte de seus atores, mas é forjada pelas condições sociais e econômicas. Esse tipo de s egregação não pode ser confundido com a segregação voluntária, também chamada de autossegregação, que é aquela praticada por grupos economicamente mais ricos que buscam afastar-se do inchamento das cidades, passando a residir em locais mais ou menos isolados, geralmente em grandes condomínios residenciais luxuosos. As segregações urbanas como podemos ver, revela as contradições econômicas e sociais da sociedade contemporânea sobre o espectro do espaço geográfico. As condições de acessibilidade são construídas no espaço pelo sistema viário ao qual se associa o sistema de transporte intraurbano. Villaça (2001) ressalta que esses sistemas constituem estruturas territoriais incorporadas e subjugadas à estrutura urbana, uma vez que a infraestrutura pode ser produzida a qualquer tempo, adequando ou readequando os espaços a determinados usos, contribuindo para o enfraquecimento desses sistemas de segregação.
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1.2. Centro e centralidades Para aprofundar na questão é preciso estabelecer a distinção entre centro e centralidade. A noção de centro remete ao espaço construído e, portanto, à estrutura espacial urbana; a centralidade, por sua vez, envolve as relações socioespaciais que atuam na constituição do centro, está associada ao processo de estruturaçãO e de reestruturação, de mudanças constantes na estrutura. A centralidade pode ser redefinida na constituição de outras formas espaciais, em novas áreas de centralidade urbana. Spósito define centro e centralidade em temporalidades distintas, a partir respectivamente do que está imobilizado e constitui o ambiente construído, e das forças que se movimentam de forma contínua no espaço: Se o centro se revela pelo que se localiza no território, a centralidade é desvelada pelo que se movimenta no território, relacionando a compreensão das centralidades, do plano conceitual prevalentemente à dimensão temporal da realidade. O que é central é redefinido em escalas temporais de médio e longo prazo pela mudança na localização de atividades.
A centralidade é redefinida continuamente, inclusive em escalas temporais de curto prazo, pelos fluxos que se desenham através da circulação das pessoas, das mercadorias, das informações, das ideias e valores (SPÓSITO, 2001, p. 238). Portanto, o centro é a natureza dessa trama urbana distendida de densidades múltiplas – que combina concentração com descentralização, localizações com fluxos, imóveis com acelerados e diversos ritmos de mobilidade no interior dos espaços urbanos, que redefine o par centro-periferia, a partir da constatação de que há várias centralidades em definição e diferentes periferias em constituição, e centralidade é a apresentação de novas centralidades atreladas às novas localizações de grupos e empresas de comércio e de serviços, favorecendo a fragmentação espacial. Portanto mostra-se uma nova dinâmica espacial. Alterando a malha urbana da cidade /região, resultando no desenvolvimento da infraestrutura de alguns espaços. Também conhecida como cidade Poli nucleares por conter vários centros e uma mudança existente na hierarquia.
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As transformações que ocorrem na centralidade intraurbana têm sua origem em processos que são relativos ao espaço urbano como um todo, que estão na constituição de outro espaço e de outra cidade, redefinidos em todos os seus elementos. A formação de novas áreas de centralidade intraurbana está relacionada ao processo de urbanização, que impulsiona o rápido crescimento das cidades, e as mudanças na economia urbana, com a expansão dos setores de comércio, que favorecem a descentralização de equipamentos e atividades, que se deslocam do centro tradicional para outras áreas na cidade e seu entorno. Centro e centralidade podem ser redefinidos pelos processos de produção do espaço urbano, que se desdobram num novo sistema de produzir a centralidade intraurbana. Na articulação de extensos tecidos urbanos, o centro tradicional não exerce o mesmo papel, ao mesmo tempo em que surgem novas áreas de centralidade:
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[...] a centralidade que inicialmente se referia à cidade frente ao campo, para depois qualificar com seus atributos uma parte diferenciada da cidade, o Centro – que na sua materialização urbana conteve historicamente as condições da centralidade – terminou flutuando livremente pela cidade identificando ou criando novos espaços: os centros (TOURINHO, 2007, p. 25). Essas transformações tem como principio a mudança da estrutura de produção nas cidades, que passa para uma economia eminentemente terciária, de comércio e serviços, ou mesmo quaternária, da informação. Entretanto, outros fatores, que decorrem do processo de urbanização e da atuação dos agentes na produção do espaço, a exemplo do poder público municipal, podem interferir nesta dinâmica.
1.3. Cidade pra todos - A segregação dos espaços públicos Desde sempre, os setores privilegiados da sociedade procuram reservar para si espaços públicos, tais como vilas, ruas e praias, mediante o uso de c ancelas, barreiras e portarias. Agora, o que se observa é a segregação de vias públicas, como uma enganosa forma de democratização. Nos termos do artigo 99 do Código Civil, ruas e praças são “bens de uso comum do povo”. Essa sugestiva designação ficou ainda mais reforçada na Constituição Federal, cujo artigo 183, determina que as políticas urbanas tenham, como um dos objetivos, o “desenvolvimento das funções sociais da cidade” ABREU DALLARI, 2015). O sentido prático disso é evitar o velho vício urbanístico de dividir a cidade em áreas ricas e pobres, exigindo que a cidade, em sua inteireza, seja de todos e, principalmente, que os bens de uso comum do povo sejam efetivamente de todos, afastando segregações. Entre as funções clássicas da cidade, é preciso destacar a circulação e o lazer. O transporte público eficiente e suficiente é fundamental para o cumprimento da função social da cidade. As vias públicas devem cumprir sua função natural de permitir a livre circulação de todos, compreendendo os pedestres e os veículos.
Isso pode acontecer em virtude do preconceito social, mas na maioria dos casos os motivos estão ligados à inserção das próprias políticas públicas, pois mesmo a informação sobre quem deve e quem não deve receber assistência é influenciada por uma definição prévia do que a assistência deve ser. Boa parte da solução desses problemas depende muito do conhecimento da exata distribuição da oferta de serviços, bem como de sua demanda em cada área. Nesse sentido, proponho para o presente Trabalho Final de Graduação o projeto de um centro comunitário que forneça condições gerais de educação, assistência social, aprendizagem e esportes, bem como outros aspectos do ambiente construído. O lazer também é fundamental para a vida urbana e deve ser proporcionado a todos, por meio da criação de parques, praças, jardins, áreas verdes e equipamentos esportivos. Todos esses espaços devem ser providos de equipamentos necessários para o cumprimento de suas finalidades, tais como locais de alimentação, repouso, instalações sanitárias etc., além da manutenção adequada e da segurança dos usuários.
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Essas duas funções urbanas devem estar ligadas, no sentido de que é essencial a disponibilidade de acesso às áreas de recreação, tanto por transporte público como por meios individuais. Ou seja, para que a cidade possa proporcionar o bem-estar de todos os habitantes é preciso fomentar a harmonia e a convivência. O Brasil está pagando um elevado preço pelo fomento da disputa entre “nós” e “eles”, que não deve ser estimulada pela segregação dos bens públicos de uso comum. Acima de tudo, está o sistema viário, que é prejudicado quanto a vocação para a qual uma via foi construída, e vem sendo utilizada, é alterada para cumprir função que não lhe é própria. Transformar uma via em espaço de lazer (salvo exceções muito especiais) é desnaturar as duas coisas, prejudicando a mobilidade urbana e proporcionando condições de recreação improvisadas, muito inferiores ao que seria desejável. O fechamento de vias públicas, feito sem planejamento, de maneira desordenada e autoritária, não atende às funções sociais da cidade, não contribui para a redução das desigualdades e não proporciona a disponibilidade de verdadeiros espaços de lazer, para todos, como seria dever das municipalidades. 22
Segregar espaços públicos é uma forma de mascarar a ineficiência, de enganar, de promover a acomodação e o conformismo, gerando dividendos eleitorais, mas não resultados concretos.
1.4. Viver a cidade “Nós e os outros” A diversidade cultural e étnica é uma marca incontornável das sociedades urbanas num quadro de globalização. A exigência atual que se coloca a todos os indivíduos e grupos sociais é a da promoção de uma convivência comum, no respeito pela diferença que o outro representa em espaços onde todos se cruzam. Esta interação assume especial incidência nas cidades e metrópoles para onde tendem a confluir os mais variados fluxos migratórios. As vertentes culturais, étnicas, geográficas, religiosas, sociais e outras definem uma identidade pessoal pelo que as questões da multiculturalidade não podem ser fechadas somente numa ideia de coletivo, relativa a diferentes grupos, mas implicam cada indivíduo em si mesmo. (CASTRO, 2006, p. 125). Apesar do progresso, nas sociedades ocidentais as desigualdades sociais têm vindo a crescer, talvez mesmo, a exacerbar-se. Se por um lado a globalização tem potencializado uma ideia de que a cidade é de todos, simplesmente, pela difusão de estilos de vida que não estão limitados aos seus territórios de origem, por outro, a divisão social do espaço urbano acarreta segregações e discriminações que se traduzem na desigualdade de oportunidades no acesso a recursos materiais e simbólicos causando uma dificuldade de exercício ao nível da participação social que a todos afeta.
A reconfiguração das cidades para as funções que os espaços econômicos, de comunicações e serviços qualificados exigem sustenta a perda de populações do centro para as periferias, num processo de “nova urbanidade descentralizada”. A espacialização de diferenças sociais tende a revelar-se na emergência de áreas urbanas e suburbanas socialmente desfavorecidas, recorrentemente qualificadas como críticas, sensíveis ou problemáticas. A estes contextos, nichos de concentração de pobreza e de problemas sociais, segregados social e territorialmente, muitas vezes de forma compulsiva sobre aqueles que não dispõem de condições para aceder ao mercado privado de habitação, sobrepõem-se entre os diferentes grupos sociais a partir das quais se constroem modos e estilos de vida. (WACQUANT, 2007) A cidade é uma unidade social onde as relações sociais se traduzem na sua morfologia, num determinado modo de territorialidade, isto é, de relação entre o espaço físico e a vida social. Neste âmbito, as distâncias espaciais traduzem também as distâncias sociais estabelecidas na interação entre indivíduos, os grupos sociais são objeto de análise em função da sua posição espacial e na relação com a composição social da cidade, situações que influem nos processos de socialização principalmente na infância. 23
Em muitos casos, a natureza e densidade dos laços sociais, associada a uma baixa eficácia coletiva, faz emergir uma diversidade de manifestações e ações paralelas que tendem a prevalecer sobre a cultura normativa vigente e a socialização numa cultura que marca decisivamente os modos de vida e percepções. É inquestionável que, à luz das transformações sociais, o discurso sobre segregação e a cidade tem vindo a crescer em torno da insegurança e discriminação. São duas características das grandes metrópoles onde riqueza e exclusões sociais se encontram lado a lado. Decorrem de processos de forte diferenciação espacial, social e cultural que se associam a situações de risco e constituem fatores que sustentam a ansiedade parental e familiar em relação à sua própria segurança e à das suas crianças.
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ESTUDOS DE CASO
2.1. A segragação social na rocinha, RJ A Rocinha é uma favela localizada na Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no Brasil. É a maior favela do país, contando com cerca de 70 mil habitantes. A região passou a ser considerado um bairro, com alterações nos limites dos bairros da Gávea, Vidigal e São Conrado. Fica localizada entre os bairros da Gávea, São Conrado e Vidigal. A proximidade entre as residências de classe alta dos dois primeiros bairros e as de classe baixa da Rocinha marca um profundo contraste urbano na paisagem da região, o que é, frequentemente, citado como um símbolo da desigualdade social do Brasil. A Rocinha tem características peculiares: atualmente, encontra-se, no bairro Barcelos, uma grande variedade de comércio e serviços, além de muitos imóveis residenciais de qualidade. Já em outras áreas, como a Vila Macega, encontram-se casas de madeira em situação de risco e sem infraestrutura, onde diversas famílias vivem em extrema pobreza. Sua população é estimada em 120 000 moradores pelos registros do IBGE, e em mais de 150 000 segundo os próprios moradores. Para entender como isso começou é necessário recapitular algumas décadas, existe um consenso de que a segregação racial no Rio de Janeiro tem raízes históricas, no início do século 20.
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Quando a reforma urbana do prefeito Pereira Passos “empurrou” as pessoas pobres, que até então viviam em cortiços no Centro da cidade, para os morros, que à época ficavam às margens da cidade. Muitos eram negros, recém-libertos da escravidão, abolida 20 anos antes. "A cidade do Rio de Janeiro está comprimida entre o mar e a montanha". Nada mais falso. Isso vale apenas para a Zona Sul. Essa zona (a zona ocupada pela classe dominante) é assim identificada com "a cidade". Assim, quando a prefeitura abre uma nova via na Zona Norte, ela está beneficiando a Zona Norte. Quando ela abre uma via na Zona Sul, ela está beneficiando "a cidade". (BOLDARINI, 2010) Em 1938, a Estrada da Gávea foi asfaltada, tornando-se o local onde ocorria o "circuito da baratinha". Na década de 1940, acelerou-se o processo de ocupação por pessoas que acreditavam serem aquelas terras públicas, isto é, sem dono. A partir da década de 1950, houve um aumento de migração de nordestinos para o Rio de Janeiro, direcionando-se em parte para a Rocinha. Nas décadas de 1960 e de 1970, registrou-se um novo surto de expansão, agora devido aos projetos de abertura dos túneis Rebouças e Dois Irmãos, que contribuíram para uma maior oferta de empregos na região.
A partir da década de 1970, a comunidade obteve os primeiros progressos, resultado das reivindicações ao poder público, como a implantação de creches, escolas, jornal local, passarela, canalização de valas, agência de correios, região administrativa. É interessante lembrar que a primeira luz não foi elétrica. Diz o povo que um cavaleiro atravessava a Rocinha acendendo os lampiões das pequenas casas. Depois, foram implantadas cabines de energia que faziama distribuição para as famílias mais próximas. Mais tarde, foram instaladas comissões de luz. A Igreja Católica, em parceria com a pastoral de favelas, pressionou a Light S.A. para implantar energia elétrica nas comunidades e a Rocinha foi uma das primeiras beneficiadas. Em 2010, o bairro ganhou uma passarela de pedestres, a Passarela da Rocinha, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e que liga a favela ao complexo esportivo, situado no outro lado da autoestrada Lagoa-Barra. No dia 13 de novembro de 2011, a Rocinha foi cenário de uma grande operação conduzida pelas Forças Armadas do Brasil e pelas polícias do estado. O objetivo foi a retomada do território das mãos dos traficantes de drogas, visando a preparar o terreno para a futura instalação da vigésima oitava Unidade de Polícia Pacificadora da cidade.
Com a criação do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro em 1988, a coordenadoria age junto a outras esferas do governo municipal, como na criação da lei que instituiu cotas para afrodescendentes no serviço público, na aplicação das leis que instituem o ensino das culturas afro-brasileira e indígena nas escolas, e na proteção contra o racismo, um pedaço de história que busca sucumbir os muitos anos de segregação. O movimento negro e especialista avalia que ações recentes contribuem para aprofundar a desigualdade racial. O Porto Maravilha é uma região que ficou anos abandonada. Ali moravam negros e pobres da favela mais antiga do Brasil. Com as obras foram retirados, o que sobrou são prédios modernos. Além disso, há um processo de “gentrificação” nas favelas da Zona Sul. Com a expansão da cidade para Oeste, morros como a Rocinha e o Vidigal deixaram de serem locais afastados. E hoje muitos investidores estrangeiros compram terrenos nestes locais para alugar, construir empreendimentos.
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FIGURA 1 FONTE: PUC - RIO
FIGURA 3 FONTE: PUC - RIO
O bairro é um dos principais focos de tuberculose do país, apresentando uma taxa de incidência da doença de 372 casos por 100 000 habitantes. Esta taxa é 11 vezes maior que a média do país. A alta concentração da doença no bairro apresenta várias causas, como as ruas estreitas, que dificultam a penetração de luz solar e a ventilação nas casas; a elevada densidade populacional; a pobreza; e a falta de saneamento básico. Todos esses elementos estimulam a proliferação da bactéria causadora da doença. FIGURA 2 FONTE: PUC - RIO
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2.1.1. Rocinha Invisível Um importante membro e morador da rocinha, Davison Coutinho, 24 anos, que nasceu e mora na Rocinha. Bacharel em Desenho Industrial, mestrando em Design, funcionário da PUC-Rio, membro da Comissão de Moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária aponta algumas irregularidades na favela: “Se em nossa comunidade já é comum o sentimento de abandono e descaso, em algumas localidades da maior favela do Brasil a revolta é ainda maior. As localidades da Macega e Roupa Suja são lugares que nunca receberam qualquer intervenção do governo, não existe nem um prego que tenha sido colocado pelo poder público.” As casas da Macega, que são em parte construídas de madeiras na encosta do morro, mostram a verdadeira pobreza que se esconde nas obras de fachada construídas pelo PAC em torno da Rocinha. Para se chegar nesses lugares são centenas de degraus e caminhos improvisados onde correm esgotos. Na Roupa Suja os problemas com a insalubridade e a falta de infraestrutura das casas e becos transformam a vida dos moradore s em uma batalha, onde a esperança já não é quase mais presente. As crianças desses locais são as que mais sofrem na Rocinha, não têm acesso ao lazer, saúde e projetos educacionais.
São vítimas do abandono e da exclusão social. Não existem oportunidades para essa s pessoas, a luta diária é apenas pela sobrevivência, são invisíveis aos que governam e que pregam os discursos de que trabalham para o bem do povo.
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2.1.2. O muro no morro Dona Marta O governo do Rio de Janeiro expos uma proposta que se resumia a construção de muros para prevenir a expansão de favelas na capital e conter a destruição de Mata Atlântica nos morros fluminenses, o muro contornaria a Rocinha, e Dona Marta, ocupada por policiais militares desde 2008. Próximo aos muros estavam previstas ações de reflorestamento para conter possíveis avanços populacionais. O governo do Rio afirmou que a ação é exclusivamente destinada a preservar a Mata Atlântica e que o montante gasto é baixo porque foram encontradas alternativas para baratear a construção e o custo para se transportar materiais até o alto dos morros. O presidente da Federação das Associações de Moradores de Favelas do Estado do Rio de Janeiro, Rossino de Castro, critica a ação: “Nós somos contra. Não precisamos de muros. O que nós precisamos é de políticas públicas e não que transformem a favela em um gueto, os moradores não vão aceitar. A população está apreensiva achando que se protestarem o governo cortará investimentos sociais. Eles acham que colocando o muro o poder público entrará com projetos sociais. Estão enganando as comunidades. Os moradores estão entre a cruz e a espada, o muro não vai conter nada, a única coisa que contem são políticas públicas.” 30
O urbanista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Carlos Hardt afirma que, toda vez que o poder público precisa lançar mão de um obstáculo físico para conter o avanço, está provando a incapacidade de resolver o problema de outra forma. (DIÁRIO DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008) A proposta pretende limitar o crescimento para evitar novos problemas para os moradores propôs que, caso não houvesse limites, ficará difícil cuidar da comunidade. A estratégia de construir o muro envolve todos os setores do estado que entrarão na comunidade. O mapa a seguir oferece uma representação visual convincente sobre as desigualdades raciais existentes na cidade. A concentração de brancos nas áreas mais ricas e de pretos nas áreas mais pobres aponta para a longa história de segregação racial que tem suas raízes na brutal história do Rio na época da escravidão.
FIGURA 4 FONTE: FUNDAÇÃO PAULO MEDELLÍN
A criminalização de pobres, negros, moradores das favelas, evidenciada na recente política de interromper a ida de jovens negros da Zona Norte para as praias e nas mudanças nas rotas dos ônibus com o intuito de evitar o acesso das Zonas Norte e Oeste à Zona Sul, consolidam a desigualdade espacial e a exclusão vividas pela população negra e parda da cidade. Os mapas da distribuição racial da cidade proporcionam uma clara imagem sobre como raça e geografia estão interligados no Rio de Janeiro. 31
2.2.1. Vila Nova Jaguaré, SP A proposta dessa referência projetual é mostrar quais transformações são passiveis de acontecerem num local segregado quando o interesse do governo realmente acontece, e as mudanças que isso pode proporcionar na vida das pessoas. A apropriação do espaço não faz sentido se não estiver situada em indivíduos ou grupos sociais, pois sua compreensão depende de quem, para que e em que contexto se apropria determinado espaço. Isto é, a ocupação temporária ou permanente para o desenvolvimento de certas atividades ocorre através da leitura do lugar, uma projeção de valores que faz com que o espaço adquira significado. Por isso, a apropriação é um processo que se dá entre as pessoas e o espaço, e seu estudo envolve entender as regras sociais e as categorias que o organizam e o classificam. O núcleo urbanizado Vila Nova Jaguaré está localizado no distrito do Jaguaré, zona oeste de São Paulo, perto da Universidade de São Paulo, do Ceasa e do rio Pinheiros. A formação do bairro se deu antes da segunda guerra mundial, nos anos 30, quando foi escolhido para implantação de um parque industrial devido a sua ótima acessibilidade, proximidade com o rio e ampla oferta de terras.
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O plano de urbanização da área contava com loteamentos industriais e residências e áreas institucionais, entre elas um parque público de 150 mil m². No final dos anos 50, as indústrias da região já haviam invadido a área do parque e desmatado alguns locais para retirada de solo. No início dos anos 60, já constavam cerca de 10 famílias no local. Em razão de sua boa localização, a população cresceu rapidamente e a favela já contava 3 mil famílias na década de 70. Nos anos 80 e 90, a área foi progressivamente sendo ocupada, avançando nos miolos de quadra e áreas de alta declividade. Na medida em que as áreas livres se esgotavam, a favela continuava se adensando por verticalização. Antes da urbanização em 2006, verificava-se que as áreas de ocupação mais antiga estavam mais consolidadas e apresentavam melhor infraestrutura, enquanto miolos de quadra e encostas abrigavam em geral barracos de madeira em condições bastante desfavoráveis de habitabilidade. Segundo levantamento realizado em 2003, a área abrigava 3.600 domicílios e sua densidade habitacional chegava a 737 habitantes por hectare. Hoje, são mais de 4.500 domicílios e 15 mil moradores. (COBRAPE, 2003)
FIGURA 5 FONTE: FUNDAÇÃO PAULO MEDELLÍN
FIGURA 6 FONTE: FUNDAÇÃO PAULO MEDELLÍN
Área de estudo inclui ainda a favela Diogo Pires, uma vez que esta recente ocupação está ligada à demora no processo de reassentamento de famílias removidas da Vila Nova Jaguaré.
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2.2.2. Projeto e Obra Em 2003, no contexto de uma série de avanços na política urbana nacional, foi lançado o Programa Bairro Legal, que articulava requalificação urbana a programas sociais de geração de emprego e renda, e uma das áreas escolhidas para receber projetos foi a Vila Nova Jaguaré. Após encontros entre os arquitetos responsáveis e moradores, a proposta final do projeto envolvia a remoção de 48% das moradias e reassentamento das famílias em 1743 unidades, 745 em áreas externas. As áreas de provisão habitacional seriam implantadas em áreas de risco de alagamentos e deslizamentos. Nas encostas, as edificações projetadas serviriam como elementos de contenção, aproveitando-se as áreas planas para vias e áreas verdes. Ainda, a abertura de novas ruas e vielas possibilitaria o enfrentamento da precariedade nos miolos de quadra. Em 2005 as obras não haviam começado, e a mudança de gestão municipal engendrou alterações no projeto, no âmbito do novo Programa Urbanização de Favelas. Principalmente, o olhar mais sistêmico das precariedades da favela deu lugar a uma intervenção focada na provisão habitacional. Das principais diferenças entre o projeto e a obra executada, destacam-se a redução da provisão habitacional a somente dois setores internos, o abandono da abertura de novas vias e a implantação de uma grande área de lazer. 34
O número de unidades internas foi reduzido e os conjuntos Kenkiti Simomoto e Alexandre Mackenzie foram implantados em lotes vizinhos. Parte das edificações internas à Vila Nova Jaguaré foram construídas em encostas, mas não adotaram a tipologia do projeto. Foram implantadas nas bermas e restaram os taludes como áreas livres. Um dos setores de provisão habitacional foi transformado em uma grande praça por motivos de custo e condições do solo, fatores que inviabilizaram a produção de unidades na área. O saldo final da intervenção foi de 1879 famílias removidas e somente 942 unidades habitacionais produzidas, incluindo-se aquelas implantadas em áreas externas. Hoje, a infraestrutura e os equipamentos urbanos introduzidos alteraram a imagem da antiga favela, que se elevou à posição de núcleo urbanizado. Muitas coisas melhoraram com inserção da comunidade no cadastro da cidade e a regularização de vias e serviços urbanos. Com endereço formalizado, os moradores passaram a ter acesso aos correios e serviços de entrega, empréstimos e financiamentos bancários e a segurança da posse se fortaleceu. Com a promessa de regularização da posse, satisfeita em 2015 com a entrega dos títulos, a favela foi paulatinamente se inserindo na cidade legal e incorporando novas dinâmicas.
As principais transformações da Vila Nova Jaguaré estão relacionadas à segurança da posse, que produziu segurança também aos investimentos e culminou em maior preocupação com a imagem da comunidade. Os comércios se multiplicaram, muitas fachadas foram embelezadas e a área sofreu forte valorização imobiliária. Com os preços em alta, muitos moradores construíram novos pisos para venda ou aluguel. Entretanto, esta não foi a principal oportunidade trazida pela intervenção. Diversos grupos sociais com diferentes interesses vêm conduzindo uma reocupação sistemática das áreas livres abertas pelas obras. Incluem-se nesse processo famílias sem acesso a outras opções de moradia ou interessadas em abrir um comércio para complementar a renda, proprietários de veículos que transformam alargamentos de vias em estacionamentos ou constroem garagens particulares e, principalmente, a produção ininterrupta de novas moradias para aluguel. Ao conduzir a regularização urbanística e coroar sua consolidação, a intervenção produziu importantes transformações na área, muitas das quais ainda não totalmente compreendidas. A principal preocupação dos moradores está relacionada à reocupação de áreas verdes e taludes, que está implicando em novas situações de risco. Em suma, a intervenção produziu uma resultante situada entre a garantia de direitos sociais e a reafirmação de novas precariedades urbanas. 35
2.2.3. Localização
FIGURA 7 FONTE: FUNDAÇÃO PAULO MEDELLÍN
A Vila Nova Jaguaré é hoje um núcleo urbanizado, ou seja, uma favela onde, após as obras de urbanização entre 2 006 e 2011, regularizou-se o acesso aos serviços urbanos básicos e, em 2015, outorgou-se a Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia, etapa final da regularização fundiária. A comunidade está situada no Jaguaré, distrito da Zona Oeste de São Paulo limítrofe ao município de Osasco e próximo à confluência dos rios Pinheiros e Tietê. O Jaguaré foi um dos primeiros bairros planejados da cidade, cuidadosamente projetado na década de 1930 para abrigar o Centro Industrial Jaguaré, e que se transformaria em uma das regiões mais industrializadas do município nos anos 1970, atraindo muitos trabalhadores. Porém, a desconcentração econômica e a obsolescência das antigas plantas industriais afetaram profundamente a economia local. 36
Atualmente, o distrito ainda persiste como importante centro industrial, mas vive um processo de requalificação. Os antigos lotes industriais dão lugar a atividades do setor terciário, ramo que, em 2014, já empregava aproximadamente 75% dos trabalhadores formais do bairro. As obras de urbanização reviveram as contradições desse processo de urbanização da favela. Assim como as intervenções precedentes, as obras proporcionaram um adensamento particular e resultaram em novas precariedades. Também, a nova condição do assentamento enquanto núcleo urbanizado não mudou a lógica do poder público de atuar sempre em resposta a reivindicações, fazendo com que continue havendo a necessidade da ação direta da população para implantar novas infraestruturas, combater abusos das concessionárias de serviços públicos e enfrentar as ações do crime. Aliás, essa perspectiva reforça que é indispensável que a questão da criminalidade seja pautada nos debates sobre urbanização de favelas, o termo clientelista busca qualificar uma cidadania que vem a reboque, pois depende de uma constante luta popular, como se os direitos conquistados não fossem permanentes.
Ignorar as dinâmicas de criminalidade é equivalente a consentir que o domínio dos benefícios gerados pela intervenção seja usufruído por uma parcela minoritária da população. Nesse sentido, constata-se que o desenvolvimento urbano da Vila Nova Jaguaré foi produzido no encontro entre melhorias em termos de cidadania e infraestrutura e processos de precarização de direitos e condições de vida. Todas as tentativas de garantir a cidadania plena foram frustradas, de modo que a Vila Nova Jaguaré reencontra-se, mais uma vez, com sua condição de favela. Em função desse impasse histórico, o processo de garantia de direitos nunca se completa, contradição que se expressa tanto no discurso da população – a favela urbanizada é ao mesmo tempo favela, comunidade e bairro – quanto na política pública – para a administração municipal, o núcleo urbanizado não é mais favela, mas continua sendo assentamento precário. Sendo assim, o desenvolvimento urbano da Vila Nova Jaguaré sustenta o argumento de que a urbanização da favela se dá simultaneamente à favelização do urbano, processo em que nunca se elimina a herança da favela, somente a reconfigura e lhe dá novas conformações.
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2.3.1 Res. Diogo Pires O Residencial Diogo Pires se insere nas ações de urbanização da Favela Nova Jaguaré em São Paulo com o objetivo de realizar parte do reassentamento das famílias moradoras nas áreas de risco ou afetadas por obras de infraestrutura. Localizado em um terreno com aproximadamente 7.950,00m2 é composto por 240 unidades habitacionais, 14 unidades comerciais e um conjunto de espaços destinados ao lazer, recreação e estudo, distribuídos em duas laminas com 6 e 8 pavimentos equipadas com elevadores. O projeto explora as relações entre público e privado ao propor espaços e usos variados, especialmente os estabelecidos no térreo, que enfatizam a importância da “vida coletiva” como elemento indispensável para a construção de uma cidade mais democrática. A inflexão do corpo principal conforma uma praça que articula os espaços coletivos, ora de domínio público ora privado, e os diversos usos como comércios, serviços e atividades comunitárias. O programa do edifício incorpora novas demandas implícitas na vida cotidiana. Espaços que darão suporte para atividades que qualificam a morada.
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Junto à praça foi proposto um espaço comunitário que faz a transição entre o “dentro e fora”, cinco andares acima na cota 736.60 um espaço de contemplação como uma praça elevada, uma grande varanda, com vista para o pátio, para praça, para a cidade O espaço destinado ao estudo e concentração esta localizado no nível 733.88 estabelecendo uma relação direta do conjunto com a cidade.
FIGURA 8 FONTE: BOLDARINI ARQUITETOS ASSOCIADOS
2.3.2. Relação público e privado : O projeto Um projeto que tem como elemento principal a importância da ‘vida coletiva’ para a construção de uma cidade mais democrática. O conceito adotado pelo escritório Boldarini Arquitetura e Urbanismo na concepção do Residencial Diogo Pires, uma habitação de interesse social que faz parte das ações de urbanização da favela Nova Jaguaré, explora as relações entre público e privado por meio de espaços de usos variados. O objetivo? Realizar parte do reassentamento das famílias moradoras nas áreas de risco ou afetadas por obras de infraestrutura.
No corpo principal está a praça que alia os trechos de domínio público e privado, além dos diversos ambientes para usos comerciais, serviços e atividades comunitárias. A valorização da relação entre os espaços é estabelecida, justamente, em função da proximidade do edifício com a rua e pela opção por pátio interno como área coletiva. Junto à praça localiza-se a parte comunitária. Está a cinco andares, na cota 736.60, há uma grande varanda, que nada mais é do que um espaço de contemplação, com vista para praça, pátio e cidade. (VIEIRA, 2012)
FIGURA 9 FONTE: BOLDARINI ARQUITETOS ASSOCIADOS
FIGURA 10 FONTE: BOLDARINI ARQUITETOS ASSOCIADOS
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2.3.3. O edíficio Situado em um terreno de, aproximadamente, 11 mil m², o edifício tem 240 unidades habitacionais, 13 comerciais e um conjunto de áreas destinadas a lazer, recreação e estudos – ambientes distribuídos em duas lâminas justapostas com seis e oito pavimentos.
FIGURAS 11 E 12 FONTE: BOLDARINI ARQUITETOS ASSOCIADOS
FIGURAS 13, 14 E 15 FONTE: BOLDARINI ARQUITETOS ASSOCIADOS IMPLANTAÇÃO DO TÉRREO, CORTE LONGITUDINAL E PLANTAS 1° AO 7° PAVIMENTOS
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS
3.1. Centro Comunitário Rehovot - ISRAEL
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FIGURA 16 FONTE: ARCHDAILY – KIMMEL ESHKOLOT ARCHITECTS - 2016
FIGURA 18 FONTE: ARCHDAILY – KIMMEL ESHKOLOT ARCHITECTS - 2016
FIGURA 17 FONTE: ARCHDAILY – KIMMEL ESHKOLOT ARCHITECTS - 2016
Concluído em 2016, o programa do projeto inclui uma variedade de espaços, além de criar uma nova praça urbana. O centro comunitário possui estúdios de dança, música, esportes, uma oficina de artesanato, uma biblioteca, salas para artes marciais, um salão multifuncional e uma "ala para jovens". Ao lado do edifício principal está uma biblioteca, que atua como um centro multimídia, atraindo visitantes de todas as idades para uma variedade de atividades. Os dois edifícios são projetados para operar em conjunto e também separadamente. O projeto foi construído em um novo bairro na cidade de Rehovot, chamado New Rehovot, uma área que se encontra em desenvolvimento.
O terreno está localizado no centro do bairro, designado para edifícios públicos - alguns dos quais já foram construídos, como uma escola primária e um centro esportivo. Edifícios residenciais ainda não foram construídos na área. Uma vez que a escala dos equipamentos urbanos nesta área é bastante grande, em uma escala urbana amigável, ou seja, que não só os usuários usufruíssem da praça interna do projeto, mas também que os pedestres a utilizassem como atalho e acabassem passando pelo projeto enquanto se direcionam para outro lugar. Essa ideia foi um dos partidos do projeto e levou ao posicionamento dos dois edifícios em torno de um pátio protegido, que também se conecta com a escola do lado leste e com o centro desportivo ao norte. O prédio principal tem dois pavimentos, sendo que o andar superior paira sobre o térreo, proporcionando sombreamento contra o sol quente do verão. Também é projetado de forma a expor as atividades, como os estúdios de dança, para atrair pessoas a vir e participar. A biblioteca é projetada em torno de uma parede de livros, que também se projeta para as fachadas. Seu telhado serve como um terraço que proporciona um acesso separado à ala de jovens através de uma pequena ponte. As escadas que sobem ao telhado incluem áreas de estar, criando um espaço intimista de anfiteatro para pequenas performances ao ar livre.
FIGURA 19 FONTE: ARCHDAILY – KIMMEL ESHKOLOT ARCHITECTS - 2016
FIGURA 20 FONTE: ARCHDAILY – KIMMEL ESHKOLOT ARCHITECTS - 2016
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FIGURA 21 - PLANTA DO TÉRREO- ESCALA 1:500 FONTE: ARCHDAILY – KIMMEL ESHKOLOT ARCHITECTS - 2016
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FIGURA 22 - IMPLANTAÇÃO - ESCALA 1:500 FONTE: ARCHDAILY – KIMMEL ESHKOLOT ARCHITECTS - 2016
A sustentabilidade é de grande importância no projeto. As fachadas possuem elementos de sombreamento de perfis de bambu, e o pátio é parcialmente sombreado ao longo do ano, sendo também protegido contra o ruído das ruas. O edifício é totalmente acessível para pessoas com deficiência. Para aqueles que atravessam a praça, as escadas ao ar livre, a ponte e o terraço, o brise alternado expõe as atividades internas. O BPC é construído como um perfil que permite ocultar a construção em sua largura. O material de composto de polímero de bambu é feito para Condições externas, ao mesmo tempo em que traz uma sensação de aconchego para o ambiente de gesso claro e pedra cinza.
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3.2. CEU pimentas - Guarulhos
FIGURA 23 - LOCALIZAÇÃO FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
FIGURA 24 FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
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O CEU Pimentas localiza-se e Guarulhos, no bairro dos Pimentas (São Paulo, Brasil), um local carente de equipamentos comunitários voltados ao ensino, lazer e esporte. O projeto configura-se em uma linha, materializada em uma grande cobertura metálica que abriga nas bordas de sua dimensão longitudinal os diversos usos, articulados por um vazio central que culmina na área dedicada ao uso esportivo. Os diversos usos se distribuem em blocos, ora em concreto pré-fabricado, ora em concreto moldado in-loco. Biblioteca, salas de aula e refeitório se localizam no lado oeste do eixo. No lado oposto, localizam-se os volumes das salas de aula, ginástica olímpica, dança e auditórios. O vazio central é a praça. Sem programa previamente definido, articula e da continuidade à programação ao seu redor através de percursos sugeridos no térreo e pontes no primeiro pavimento, acolhendo permanências e usos diversos ao longo de seus bancos espaços livres. Contribuem para essa diversidade e atmosfera lúdica as cores escolhidas para as fachadas internas, que variam do verde ao amarelo, em diversas matizes.
FIGURA 25 FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
FIGURA 26 FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
FIGURA 27 FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
FIGURA 28 FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
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FIGURA 29 - PLANTA TÉRREO CIRCULAÇÃO FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
FIGURA 30 - PLANTA TÉRREO SALAS FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
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FIGURA 31 - PLANTA PRIMEIRO PAV CIRCULAÇÃO FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
Em um país socialmente carente, educação e arte devem vir invariavelmente acompanhadas de uma estrutura forte e saudável, de preferência moldada no aço e concreto. É nesse contexto que é criado o projeto do Centro de Artes e Educação dos Pimentas, localizado na cidade de Guarulhos, São Paulo, no bairro de mesmo nome – uma região carente de alternativas comunitárias voltadas ao ensino, lazer e esporte. O financiamento é da Secretaria da Educação municipal, e o projeto foi concebido pelo escritório Biselli & Katchborian. Inicialmente seria um centro de arte e educação e somente depois foi adaptado ao programa CEU. A construção tira partido do estreito e comprido terreno plano de 30.780 m² que determina o desenho linear da escola destacada pela grande cobertura metálica de 250m de comprimento e 30m de largura. Basicamente, ela tem a função de proteger a circulação que interliga todo o programa. “Como se fosse uma rua coberta e contínua ao passeio público”, explica o arquiteto Mário Biselli, sócio fundador do escritório. Nas bordas do lado oeste, a cobertura abriga equipamentos culturais (biblioteca, auditórios e salas de música e de dança, por exemplo); na área oposta, o uso esportivo (ginásio, quadras e piscinas).
FIGURA 32 - PLANTA PRIMEIRO PAV SALAS FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
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Tudo distribuído em blocos ora de concreto pré-fabricado, ora de concreto moldado in-loco, com alternância de trechos abertos e fechados, articulados por um vazio central. O vazio central é a praça que articula, acolhe e dá continuidade aos usos ao seu redor, por meio de percursos sugeridos no térreo, nas pontes no primeiro pavimento e nosbancos. A atmosfera lúdica vem das cores das fachadas internas, variantes entre os matizes de verde e amarelo. O arquiteto Mário justifica que, para chegar a esses tons, houve um elaborado estudo cromático. O objetivo era impedir que esse grande eixo se tornasse um espaço monótono e não convidativo
FIGURA 33 - CORTE AA FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
FIGURA 34 - CORTE BB FONTE: BISELLI E KATCHBORIAN ARQUITETOS
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MUNICÍPIO
4.1. Histórico da cidade de Santa Barbára d’Oeste A fundação de Santa Bárbara d’Oeste remonta ao início do século XIX, com a abertura de uma estrada entre Campinas e Piracicaba. A partir daí, sesmarias começaram a ser vendido, o que atraiu para a região Dona Margarida da Graça Martins, a fundadora da cidade. O município cresceu e se desenvolveu especialmente em função da agricultura, mas a partir da década de 1970 começou a deixar para trás a tradição agrícola. Parques industriais foram implantados, criaram-se distritos especialmente para essa finalidade e o desenvolvimento acentuou-se na indústria e comércio. Com uma população que se aproxima de 200 mil habitantes, Santa Bárbara d’Oeste, definitivamente, ocupa seu espaço e assume o papel como uma das cidades médias que mais se destacam no Estado de São Paulo. A busca do crescimento sustentável, a preservação da história e a manutenção da qualidade de vida não são apenas objetivos, mas síntese de uma realidade na qual estão inseridos seus cidadãos. Dona Margarida da Graça Martins, viúva do sargento-mor Francisco de Paula Martins, comprou uma sesmaria de duas léguas quadradas, delimitada a norte com o rio Piracicaba e a nordeste com o ribeirão Quilombo.
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Na época, começavam a ser demarcadas sesmarias para a venda, aproveitando a abertura de uma estrada ligando a Vila de São Carlos de Campinas (atual Campinas) à Freguesi a de Santo Antônio de Piracicaba. A estrada permitiu conhecer uma região fartamente banhada por cursos de água, com terras do tipo massapé, próprias para plantação de cana e cereais. O interesse aumentou e, entre as pessoas que vieram para a região, estavam a fundadora e sua família. Donos Margarida, junto com seus filhos, parentes e agregados, mudou para suas terras em 1817, formando uma fazenda de engenho de açúcar, doando terras para construção de uma capela sob a invocação de Santa Bárbara. Como a capela foi erguida em 1818, a data de fundação é considerada 4 de dezembro daquele ano. A região foi sendo povoada e novos lavradores chegaram. As sesmarias acabaram divididas em sítios e fazendas, dedicando-se à cultura de cana e cereais. Os moradores urbanos limitavam-se às profissões liberais, trabalhando como comerciantes, ferreiros, carpinteiros, latoeiros e curadores homeopatas.A capela foi elevada à categoria de “curada” em 16 de abril de 1839 e nomeado um cura para dar assistência aos fiéis. O progresso acentuou-se ainda mais com novos engenhos de açúcar, mais lavouras de cereais e fumo, mais comércio e mais tropas cargueiras surgiram.
O grande impulso da indústria açucareira surgiu a partir de 1877, quando o major João Frederico Rehder comprou, de Prudente de Moraes, a Fazenda São Pedro, iniciando o cultivo da cana em larga escala. Em 1883, montou o primeiro grande engenho do município. Seis anos depois, em 1889, inaugurou a destilaria de álcool. Esse processo culminou com a escolha da Fazenda São Pedro para instalaçã dausina açucareira, inaugurada em 25 de julho de 1914 (posteriormente, Cia. Industrial e Agrícola Santa Bárbara – Usina Santa Bárbara). Na sequência, foram surgindo outras grandes usinas, como Furlan, Cillos e Galvão. Apenas a primeira continua em atividade. Novas indústrias surgiram com opassar dos anos, produzindo tecidos, implementos agrícolas e tornos mecânicos. Em 1956 começou a produção do primeiro automóvel brasileiro: o “Romi-Isetta”. Com o desenvolvimento da indústria (máquinas operatrizes computadorizadas, injetoras de plásticos, fiação e tecelagens, usinas de açúcar e álcool) foi acelerado o crescimento urbano. Essa expansão ocorreu de tal forma que, atualmente, Santa Bárbara d’Oeste e Americana formam apenasum núcleo urbano em vários bairros, com as cidades sendo separadas apenas por ruas. (Prefeitura de Santa Bárbara D’Oeste)
Em 2010, a população do município foi contada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 180 148 habitantes, sendo o quadragésimo terceiro mais populoso do estado e apresentando uma densidade populacional de 663,55 habitantes por km². Segundo o censo de 2010, 89 311 habitantes eram homens e 90 837 habitantes eram mulheres. Ainda segundo o mesmo censo, 178 728 habitantes viviam na zona urbana e 1 420 na zona rural. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Santa Bárbara d'Oeste, considerado elevado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é de 0,819, sendo o 70° maior de todo estado de São Paulo. Considerando apenas a educação o índice é de 0,906 (muito elevado), enquanto o do Brasil é 0,849; o índice da longevidade é de 0,813 (o brasileiro é 0,638); e o de renda é de 0,738 (o do país é 0,723). A cidade possui a maioria dos indicadores médios e parecidos com os da média nacional segundo o PNUD. A renda per capita é de 16 182,78 reais. O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, é de 0,38, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor. A incidência da pobreza, medida pelo IBGE, é de 16,50%, o limite inferior da incidência de pobreza é de 10,87%, o superior é de 22,14% e a incidência da pobreza subjetiva é de 12,16%. 52
4.1.2.Setor Primário No ano de 2000, a população barbarense era composta por 136 064 brancos (80,00%); 5 083 negros (2,99%); 27 255 pardos (16,03%); 569 amarelos (0,33%); 173 indígenas (0,10%); além dos 933 sem declaração (0,55%). (Prefeitura de Santa Bárbara D’Oeste) O Produto Interno Bruto - PIB - de Santa Bárbara é o 135º maior do Brasil, destacando-se na área de prestação de serviços. De acordo com dados do IBGE, relativos a 2008, o PIB do município era de R$ 3 040 874,306 mil. 403 813 mil são de impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes. O PIB per capita é de R$ 16 182,78. O município está entre os que mais geram novas vagas de emprego no estado de São Paulo.
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A agricultura é o setor menos relevante da economia de Santa Bárbara d'Oeste. De todo o PIB da cidade 6 700 mil reais é o valor adicionado bruto da agropecuária. Segundo o IBGE em 2009 o município possuía um rebanho de 300 equinos. Em 2009 a cidade produziu 80 mil litros de leite de 110 vacas. Na lavoura temporária são produzidos principalmente a cana-de açúcar (960 000 toneladas), o trigo (325 toneladas) e a soja (302 toneladas). Santa Bárbara d'Oeste vem deixando em segundo plano sua vocação agrícola, especificamente a produção de cana-de-açúcar, com a abertura de novos parques industriais e com o f ortalecimento do comércio do município. Com isso a tendência é que o setor primário continue a se rebaixar.
4.1.3. Setor Secundário
4.1.4. Setor Terciário
A i ndústria, atualmente, é o segundo setor mais relevante para a economia do município. 1 218 617 reais do PIB municipal são do valor adicionado bruto da indústria. Atualmente predominam a média e pequena empresa, com segmentos bastante diversificados, pontificando as indústrias metal-mecânicas, têxteis e de confecção de roupas. Entre as principais indústrias instaladas na cidade pode-se mencionar a Romi, Goodyear, Canatiba, Denso, entre outras. Outros segmentos também são muito bem representativos como: borracha, químico, auto peças, bebidas, açúcar, álcool, brinquedos, dentre outras. Mas Santa Bárbara possui também centenas de indústrias de médio e grande porte. A cidade também se destaca no pioneirismo. No município foi construído o primeiro trator; o primeiro automóvel brasileiro, a Romi-Isetta; o primeiro Controle Numérico Computadorizado - CNC, de aplicação nas máquinas-ferramenta produzidas e exportadas para dezenas de países de todos os continentes
A prestação de serviços rende 1 411 745 reais ao PIB municipal. O setor terciário atualmente é a maior fonte geradora do PIB barbarense. De acordo com o IBGE, a cidade possuía, no ano de 2008, 5 076 unidades locais, 4 939 empresas e estabelecimentos comerciais atuantes e 83 606 trabalhadores, sendo 44 857 pessoal ocupado total e 38 749 ocupado assalariado. Salários juntamente com outras remunerações somavam 643 215 reais e o salário médio mensal de todo município era de 3,1 s alários mínimos. Um dos principais pontos comerciais da cidade é o Tivoli Shopping, inaugurado em 1998. (Prefeitura de Santa Bárbara D’Oeste) (Figura 35) FAIXA ETÁRIA DA POPULAÇÃO BARBARENSE
Idade
Habitantes
(%)
0 a 4 anos
10.621
5,90
0 a 14 anos
35.102
19,50
15 a 64 anos
131.947
73,30
65 anos e +
12.961
7,20
Fonte: IBGE Censo 2010 FIGURAS 35
54
FIGURAS 36 FONTE: PREFEITURA DE CAMPINAS EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA- REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS
A região Metropolitana de Campinas, registrou entre a década de 80 e o ano de 2000 um aumento de cerca de 17 mil hectares de área urbana, representando um acréscimo de 30%. Nota-se no mapa acima, uma mancha urbana contínua, ao longo da Via Anhanguera, de Vinhedo à Sumaré, e de Sumaré à Santa Bárbara d’Oeste, configurando uma extensa área em conjunto de sete municípios.
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A região Metropolitana de Campinas, registrou entre a década de 80 e o ano de 2000 um aumento de cerca de 17 mil hectares de área urbana, representando um acréscimo de 30%. Nota-se no mapa acima, uma mancha urbana contínua, ao longo da Via Anhanguera, de Vinhedo à Sumaré, e de Sumaré à Santa Bárbara d’Oeste, configurando uma extensa área em conjunto de sete municípios. Com relação à evolução da mancha urbana, a mesma indica tendência de novas formas de ocupação, impulsionada por empreendimentos residenciais, comerciais e de serviço voltados para as camadas de média e alta renda, na direção dos municípios de ocupação característica do período da industrialização, que é o caso das cidades: Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste, Americana, Cosmópolis e Monte Mor , cuja expansão é resultado do processo de periferização da região e a expansão da mancha caracteriza a continuidade das áreas já urbanizadas com a ocupação dos vazios entre elas (Prefeitura de Campinas). Contudo, a demanda por habitação pela população de baixa renda permanece sem solução na região como um todo, contribuindo para o surgimento de favelas e ocupações ilegais. A cidade de SBO, sinaliza um continuo processo de segregação da população de baixa renda, agravando a situação de desigualdade e exclusão da região.
A decorrente ausência de planejamento urbanístico e intensa especulação imobiliária articulada a partir de interesses públicos e econômicos promoveu um processo de ocupação inadequado que promovera crescentes danos ao meio ambiente no município. Consequentemente, a cidade foi sendo constituída sob uma estrutura disseminada e desarticulada internamente, formada por núcleos autônomos entre si e vários bairros dispersos, que se relacionam diretamente com Campinas e cidades vizinhas da região Metropolitana de Campinas, trazendo à cidade propriedades de periferia regional e de cidade dormitório.
A decorrente ausência de planejamento urbanístico e intensa especulação imobiliária articulada a partir de interesses públicos e econômicos promoveu um processo de ocupação inadequado que promovera crescentes danos ao meio ambiente no município. Consequentemente, a cidade foi sendo constituída sob uma estrutura disseminada e desarticulada internamente, formada por núcleos autônomos entre si e vários bairros dispersos, que se relacionam diretamente com Campinas e cidades vizinhas da região Metropolitana de Campinas, trazendo à cidade propriedades de periferia regional e de cidade dormitório. Essa região era bem privilegiada no passado. Com o desenvolvimento da cana-de-açúcar ela consolidou a ligação com a região de São Paulo. Posteriormente com o desenvolvimento da produção de café garantia a implantação das ferrovias. Nos anos 70 aconteceu um incentivo para a interiorização da indústria no estado de São Paulo, isso impulsionou a expansão da região metropolitana e atraiu tanto a população quanto investimentos. Essa interiorização garante um desenvolvimento econômico que vai além das indústrias, trazendo muitos benefícios quantos malefícios, modificand o bastante os perfis das cidades.
FIGURAS 37 FONTE: PREFEITURA DE CAMPINAS VETORES DE EXPAÇÃO URBANA
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FIGURAS 38 FONTE: AUTORIA PRÓPRIA NA MATÉRIA DA PROJETO URBANO
No vetor 1 (Monte Mor) localizado no eixo Sudeste/Noroeste teve um acentuado crescimento populacional, porém com manutenção do perfil do município dormitório ela abriga uma população que trabalho e/ou estuda em Campinas. No vetor 2 (Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa, Americana, Santa Bárbara) ocorre a consolidação da ocupação através do adensamento de vazios urbanos e da intensificação da conturbação, a manutenção da subcentralidade do município de Americana, estabelecendo relações de Independência com SBO e Nova Odessa. 57
Sendo assim a manutenção da função enquanto principal eixo de concentração de atividades econômicas, principalmente industriais concentra uma população de baixa renda, muitas vezes residindo em favelas e ocupações irregulares. Na escala metropolitana constatou-se que Campinas e Americana encontram-se na faixa de maior valor do solo, se comparados com os demais municípios estudados. Já os municípios de Hortolândia e Santa Bárbara D´Oeste encontram-se na faixa mais baixa. No final da década de 1980, a ocupação urbana corresponde a cerca de 15,3% do território da Região Metropolitana de Campinas - cerca de 55 mil hectares, tomando por base a interpretação da imagem de satélite. Pode se observar uma mancha urbana, praticamente contínua, ao longo da via Anhanguera, de Vinhedo à Sumaré, e de Sumaré à Santa Bárbara d’Oeste, configurand o uma extensa conturbação de sete municípios que, em 1991, concentram 80% da população da RMC.
FIGURAS 39 FONTE: SUMÁRIO DE DADOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS - EDIÇÃO 2002 VETOR DE EXPANSÃO 2 SISTEMA VIÁRIO PRINCIPAL – RMC
FIGURAS 40 FONTE: SUMÁRIO DE DADOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS - EDIÇÃO 2002 DISTÂNCIAS RODOVIÁRIAS
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4.2. Localização da área em relação a cidade
ENGENHEIRO COELHO
ARTHUR NOGUEIRA SANTO ANTONIO DE POSSE HOLAMBRA COSMOPOLIS JAGUARIUNA AMERICANA
PEDREIRA PAULINIA
SANTA BÁRBARA D’OESTE
NOVA ODESSA
SUMARÉ HORTOLÂNDIA
CAMPINAS MORUNGABA
MONTE MOR VALINHOS ITATIBA VINHEDO
INDAIATUBA
BRASIL > ESTADO DE SÃO PAULO > REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS(RMC) > SANTA BÁRBARA D’OESTE ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO FIGURAS 41 FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
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4.3. Localização no município e no Estado de SP
FIGURAS 42 FONTE: PREFEITURA DE SANTA BÁRBARA D’OESTE
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Mulheres representam 50,43% Os números mais recentes divulgados pelo IBGE são do Censo realizado em 2010, quando a população era de 180.009 habitantes. Esses dados indicavam uma prevalência da população feminina em relação à masculina. Eram 90.787 (50,43%) para 89.222 homens (49,57%) (Prefeitura de Santa Bárbara D’Oeste).
FIGURAS 43 FONTE: PREFEITURA DE SANTA BÁRBARA D’OESTE
População estimada em 2017: 191.889 habitantes A população estimada de Santa Bárbara d’Oeste é de 191.889 habitantes, de acordo com números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2016. O último censo foi realizado em 2010 e esses dados não se referem à contagem populacional, são apenas estimativas, levando em conta indicadores da própria localidade.
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FIGURAS 44 FONTE: PREFEITURA DE SANTA BÁRBARA D’OESTE
ÁREA DO PROJETO
5.1. Macro análise - ENTORNO TIVOLI SHOPPING VIC CENTER SANTA BÁRBARA 3
CENTRO COMERCIAL PINGUIM
4 3
TEATRO MUNICIPAL MANOEL LYRA
2
4
1
1
CAMINHO DOS FLANBOYANS ESTAÇÃO CULTURAL
2
3 2
MUSEU DA IMIGRAÇÃO 2
1
PREFEITURA MUNICIPAL DE SBO
1
FUNDAÇÃO ROMI PARQUE INFANTIL TOM LEITE CINEPLEX
PARQUE DOS JACARANDÁS PARQUE DOS IPÊS ÁREA DE IMPLANTAÇÃO FIGURAS 45 FONTE: GOOGLE MAPS 2017. DADOS A PARTIR DO IBGE. ORG PELA AUTORA
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Pode se, a partir dos dados oficiais do IBGE pré definir áreas no município de Santa Bárbara D'Oeste com menor concentração de equipamentos públicos de lazer, esporte e cultura. Equipamentos que promovam convívio comunitário e sentimento de pertencimento. Este levantamento macro da cidade, nos mostra que os equipamentosde cultura e lazer (teatro, museus, centro cultural e bibliotecas), estão concentrados na região central da cidade. Obviamente o terminal rodoviário municipal é um ponto acessível e de grande circulação de pessoas, porém, se não há um estimulo nas áreas mais afastadas (periféricas) desse centro visando a utilização desses equipamentos, essa acessibilidade físicA acaba não atingindo a todos os habitantes de igual maneira. Não considerei as escolas nesse levantamento macro, pois entendo que são voltadas a um publico especifico: os estudantes, não oferecendo atividades ao restante da população no seu entorno.
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Micro análise - Mapa setorial do bairro 1 3
5
2 4
3
1 2
4
FIGURAS 46 FONTE: AUTORIA PRÓPRIA BAIRROS 1 - PARQUE RESIDENCIAL DO LAGO 2 - VISTA ALEGRE 3 -JARDIM SANTA RITA DE CASSIA 4 - PARQUE DE CILLOS 5 - RECREIO ALVORADA
LIMITE DOS BAIRROS ÁREAS EDUCACIONAIS 1 -CAIC IRMA DULCE 2 - PROF IRENE DE ASSIS SAES 3 - EE DIRCEU DIAS CARNEIRO 4 - CIEP PROF JOSE RENATO PEDROSO
ACESSSO PRINCIPAL (ESTRADA DOS BARREIRINHOS /RUA DOS TUCANOS) ÁREA DE INTERVENÇÃO ÁREAS VERDES
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Pirâmide etária do setor
FIGURAS 47 FONTE: CENSO 2010 - IBGE
Dados demográficos do setor
FIGURAS 49 FONTE: CENSO 2010 - IBGE
Pirâmide etária do setor X Município
FIGURAS 48 FONTE: CENSO 2010 - IBGE
Por meio da simples análise dos dados do censo de 2010, pode se notar que, primeiramente, na comparação entre as pirâmides etárias do setor e do município, a população predominante do setor é de pessoas entre 10 e 29 anos, classificando a pirâmide do setor como jovem, independente se são ativos ou não em sociedade. A taxa de fecundidade é superior no setor, indicando que nascem mais crianças no local do que na maioria dos outros setores da cidade, evidenciando o que foi visto na visita, onde a maioria das famílias é formada por mães solteiras com três filhos ou mais. 66
5.2. Bosque das Árvores No caso do condomínio Bosque das Árvores, foram mais de 20 anos de espera, e em 2017, 320 famílias realizaram o sonho de ter a casa própria, este que faz parte de um empreendimento de interesse social financiado pelos programas Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, e Casa Paulista, do Governo do Estado de São Paulo, sendo destinado às famílias de baixa renda. Os condomínios possuem área de 177.695,91 m² em investimento na ordem de R$ 126,7 milhões. Cada uma das 1.320 unidades possui 47,83 m² com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. São seis condomínios equipados e cada um conta com área de lazer, quadra poliesportiva, salão de festa e estacionamento privativo. Todas as unidades são adaptáveis para o uso de pessoas com necessidades especiais - 40 delas entregues com os equipamentos de acessibilidade instalados. Dados esse fatores e juntamente com a visita que fizemos em aula no dia 06 de setembro de 2017, ouvindo moradores do local e entendendo seu ponto de vista, levando em conta que foram levantados diversos problemas. Entendo que como premissa, a intenção era proporcionar as pessoas que moravam na Favela dos Zumbis, uma melhor qualidade de vida, porém, alguns problemas ficam evidentes no caminho ao local e consequentemente no próprio local. 67
Na conversa com os moradores, alguns problemas foram ressaltados, a grande distanciação do local do empreendimento com locais para atendimento ás necessidades básicas de vida, como postos de saúde, supermercados, do centro comercial e principalmente abastecimento de água, já que em muitos momentos houve falta da mesma. Houve uma falha muito marcante na elaboração dessas moradias, onde, a opinião dos moradores não foi ouvida tão pouco levada em consideração, sendo que, na concepção da maioria, a nova moradia é tão precária quanto à antiga. Os moradores simplesmente foram retirados da Favela dos Zumbis onde tinham diversos vínculos, tanto de trabalho, família e escola, sem período prévio ou qualquer proposta de adaptação com o novo local onde iriam morar, nesse momento surge à preocupação desses moradores com a dificuldade de adaptação que vem ocorrendo, e ainda mais com o fato de que não tem recursos para que isso mude, já que o poder público “esqueceu” da sua existência. Dessa forma, acredito que houve um jogo de interesses imenso desse projeto com a candidatura do Prefeito Denis Andia, pois indo ao local, percebemos coisas que a maioria da população não vê, e isso se dá justamente pela localização afastada do empreendimento para com a maioria de serviços públicos da cidade, consequentemente, distante da visão do resto da sociedade, que não conseguem compreender as necessidades que esses moradores ainda têm, pois apesar do fato de terem a própria moradia, não possuem infraestrutura para coexistir no local.
Alguns depoimentos demonstraram que a maior dificuldade deles é para com o pagamento do condomínio que fica aproximadamente 120 reais por mês, muitas famílias não possuem renda fixa e geralmente são grandes, e com muitas crianças, outra preocupação é para com a liberdade que essas tinham de brincar, correr e se divertir, a maioria diz que as crianças não tem liberdade pra brincar nas áreas externas do condomínio e caso aconteça são geradas multas, aumentando ainda mais o preço do condomínio. O condomínio foi construído as pressas e acusa várias patologias construtivas como rachaduras, bolor e trincas. Penso que uma solução viável seria a inclusão dos próprios moradores no cuidado com o condomínio, como força de trabalho, para melhorar suas próprias condições de vida, onde a prefeitura oferecesse emprego á eles como iniciação de um processo para construção de uma renda e melhoria de vida. A retirada das grades também seria fundamental, já que instauram certo desconforto, caracterizando uma espécie de “prisão”. Acredito também que a iniciativa de colocar ações sociais como propostas anteriormente, as pessoas que ali estão poderão aprender algum tipo de profissão de forma que possam exercer algum trabalho autônomo em busca da melhoria na renda familiar.
Tenho a impressão que essa inciativa veio pra mascarar certa necessidade do governo de encontrar espaço para áreas comerciais, onde se localiza a favela dos Zumbis, dessa forma, foi criada uma proposta de realocação para os moradores da favela, para que a populaçãoacreditasse que essa mudança fosse para melhorar a vida desses moradores e não afastá-las da sociedade ainda mais, e simplesmente fecharam os olhos para o que viria depois e os problemas de adaptação que iriam existir, de forma que essa parcela da população se encontra abandonada pelo poder público até hoje. Outro partido importante do projeto visa estudar a mudança entre as vivencias da favela versos a nova moradia e entender como o edifício pode contribuir para que as pessoas se apropriem do novo local em que residem, isso foi feito primeiramente na visita feita ao condomínio o bosque das arvores, no mês de setembro de 2017, onde foi possível conversar com alguns moradores e entender suas maiores necessidades. A transformação de um lote abandonado em um local de lazer, educação e vivencia em comunidade, ajudará a minimizar a sensação de insegurança que o local transmite, uma vez que, o projeto tem a preocupação de tornar-se parte da comunidade e um local de pertencimento.
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5.3. Objetivos A presente pesquisa tem como objetivo geral fundamentar o desenvolvimento do projeto de um centro comunitário que traga melhorias para o espaço, mediante os estudos e levantamentos realizados, atendendo às necessidades da população local e contribuindo para a inclusão de todas as classes sociais existentes no bairro e seu entorno, a fim de proporcionar um ambiente de socialização aos moradores. Pretende-se proporcionar um espaço onde todos possam se sentir importantes para o local onde habitam, desenvolvendo atividades das mais diversas formas e acessíveis a todas as idades. Trago então como objetivos específicos: Analisar os acessos à área escolhida, e qual a relação destes com o processo de implantação do edifício; Estudar referências destinadas a edifícios públicos de inclusão social; Compreender os conceitos de lazer e cultura e entender como esses fatores podem atrair mais pessoas para o local; Levantar informações da área incluindo histórico e plantas baixas; Entender a reais necessidades dos moradores residentes no entorno da área escolhida;
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A necessidade de promover práticas educativas, culturais e sociais, irá funcionar como pontos de transformação e fortalecimento da comunidade e cultura local, a grande premissa é oferecer uma combinação de programas que visam incluir essas comunidades nas lógicas econômicas e cívicas da “sociedade da informação”, ofertando cursos de informática, línguas, esporte, idiomas, artes, dessa forma, modificar e melhorar positivamente a educação da população, principalmente devido ao acesso aberto aos serviços de internet e de computadores, de forma que, a vida coletiva, como extensões de espaço público urbano. A estratégia principal é usar a arquitetura para produzir um novo senso de comunidade e cidadania, por meio de coabitação e interação informais, caracterizada pelas diversas formas de convívio e interações interpessoais. Tais atividades têm como premissa intensificar as formas de apropriação uso dos moradores para com o local, e as potenciais interações sociais que podem produzir, consequentemente, a aproximação dos moradores, já que a união da comunidade é o que verdadeiramente “endossa” o valor coletivo.
O centro comunitário possui estúdios de dança, música, esportes, uma oficina de artesanato, uma biblioteca, salas para artes marciais, um salão multifuncional e uma "ala para jovens". Ao lado do edifício principal está uma biblioteca, que atua como um centro multimídia, atraindo visitantes de todas as idades para uma variedade de atividades. Os dois edifícios são projetados para operar em conjunto e também separadamente. Uma vez que a escala dos equipamentos urbanos nesta área é bastante grande, quero que os edifícios introduzam uma escala urbana amigável, ou seja, que não só os usuários usufruam da praça interna do projeto, mas também que os pedestres a utilizassem como atalho e acabassem passando pelo projeto enquanto se direcionam para outro lugar. Essa ideia foi um dos partidos do projeto e levou ao posicionamento dos dois edifícios em torno de um pátio protegido, que também se conecta com o centro desportivo. A sustentabilidade será de grande importância no projeto. Os materias utilizados serão pensados de forma que absorvam e melhores a sensação térmica, devido a predominância do clima quente na cidade, parcialmente sombreado ao longo do ano, sendo também protegido contra o ruído das ruas. O edifício será totalmente acessível para pessoas com deficiência.
A intenção é estimular a convivência, a criação de vínculos entre os moradores e uma proposta de aprendizagem, partindo desde a compreensão do seu espaço/bairro/cidade, até a oferta de oficinas e cursos profissionalizantes. Em amplo sentido, ocorre o fortalecimento da cidadania, a disseminação de ideias e conhecimento, a profissionalização, o lazer e a interação social dos moradores do entorno. A proposta norteadora deste Trabalho Final de Graduação é a implantação de um espaço comprometido com o ensino e o aprendizado, voltado a futuros cidadãos de olhar crítico. O espaço comunitário tem como premissa, estimular atividades de incentivem o compartilhamento de experiências e conhecimentos de maneira coletiva, humanizando as relações entre cidadãos e fortalecendo vínculos. São novas formas de viver e estar, baseadas na informação, motivação, apoio, afeto, responsabilidade e ação. Promovendo um laço social entre as pessoas. Finalizando, o olhar crítico, a individualização na experiência coletiva pode induzir uma sociedade a diminuir as diferenças sociais e incentivar a formação de cooperativas que trabalhem contra as desigualdades que impedem o acesso á educação e as decisões políticas.
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Os principais alvos são a família e a comunidade, como forma de suprir algumas necessidades dessa população com função de minimizar os efeitos da exclusão social, como agentes principais têm a participação das pessoas, famílias e grupos sociais, e fator desenvolvedor dessa iniciativa será o progresso local, social e de promoção da cidade. Um espaço público principalmente para os moradores, tanto para aqueles que vão para cursos e oficinas quanto àqueles que vão somente para conversar e descansar nas áreas livres do centro comunitário. Como partido, utiliza-se a praça central como área principal de encontro, e através dela o acesso a todos os blocos irão compor o centro comunitário , é uma proposta de implantação toda térrea, adequando se assim ao gabarito da região, conseguindo também uma ligação mais direta entre todos os edifícios.
FIGURAS 50 FONTE: RESIDENCIAL BOSQUE DAS ÁRVORES
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FIGURAS 51E 52 FONTE: RESIDENCIAL BOSQUE DAS ÁRVORES - ARQUIVO PESSOAL
FIGURAS 53 FONTE: RESIDENCIAL BOSQUE DAS ÁRVORES
Organograma funcional da proposta CENTRO COMUNITÁRIO
LAZER
ACOLHIMENTO
PRAÇA ÁREAS VERDES
ENSINO DIVERSIFICADO
APRENDIZAGEM
ESPAÇO PÚBLICO
VALORES
POPULAÇÃO / COMUNIDADE FORTALECER A CONVIVÊNCIA EM COMUNIDADE
COMO?
OBJETIVO?
RESULTADO?
Atuar como apoio a escola, através de reforço escolar e ações que envolvam: música, leitura, atividades em grupo e encontros comunitários.
Travar o processo de segregação que se instalou desde a chegada dos moradores do condominio bosque das arvores
Tornar a comunidade mais unida e com maior senitimento de apropriação do espaço publico, fazendo que este seja mais utilizado e melhor conservado
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5.4. Mapa de usos do solo USO RESIDENCIAL USO COMERCIAL USO INDUSTRIAL ÁREA VERDE IMPLANTADA APP ÁREAS VERDES NÃO IMPLANTADAS ÁREA DE INTERVENÇÃO VIAS
USO RESIDENCIAL USO COMERCIAL USO INDUSTRIAL ÁREA VERDE IMPLANTADA APP ÁREAS VERDES NÃO IMPLANTADAS ÁREA DE INTERVENÇÃO VIAS 73
FIGURAS 54 FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
Analisando o mapa de usos, pode se notar que existe uma grande diferenciação entre os usos urbanos e rurais no local, principalmente se consideradas as áreas de preservação permanente, indo até o local, descobri que algumas dessas áreas e outras delimitadas como áreas verdes estão atualmente, ocupadas por esgoto a céu aberto, interferindo na boa qualidade do ar e causando grande desconforto na população. O entorno é predominantemente residencial, ainda mais depois da chegada dos moradores que anteriormente moravam na favela dos zumbis ao residencial Bosque das árvores. Continuando a análise é fácil encontrar alguns estabelecimentos de origem autônoma, onde os próprios moradores se organizam para fornecer serviços a comunidade, juntamente misturados com alguns estabelecimentos comerciais de pequeno porte, existe também, algumas áreas institucionais, sendo elas, igrejas e salões pertencentes ás mesmas, todas de uso particular. Todos estes estabelecimentos não contribuem efetivamente para as funções econômicas as quais carecem a população, qualificando cada vez mais o bairro, em sua totalidade, como insuficiente e escasso de serviços públicos adequados, que promovam o sentido de lugar, de pertinência, orgulho e satisfação com seu local de moradia.
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5.5. Mapa viário VIAS LOCAIS VIAS ARTERIAIS VIAS COLETORAS APP área de intervenção
VIAS LOCAIS VIAS ARTERIAIS VIAS COLETORAS APP área de intervenção FIGURAS 55 FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
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O local de intervenção se localiza a menos de um quilometro da rodovia Luiz de Queiróz, e acredito que a implantação de um equipamento de lazer e aprendizagem vão fazer muita diferença, já que a partir disso as pessoas vão se interessar por conhecer o local e consequentemente o bairro ficará mais povoado, como essa rodovia é de trânsito rápido, apesar do acesso um tanto restrito ao local, acredito que isso não será empecilho, uma vez que esse equipamento esteja implantado e faça com que as pessoas se interessem em conhecer o local. Analisando em micro escala, vias de bairro são superfícies por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central, em grande maioria o bairro é composto por vias locais, propondo um deslocamento simples aos moradores, entretanto, o maior problema é o acesso ao bairro, que se da apenas pela Estrada dos Barreirinhos que é a via arterial principal e com alguns trechos de terra, e em seguida existem algumas vias coletoras que se distribuem dando continuidade até as vias locais. Existem vias locais mais próxima s do terreno que são ruas sem saída, sendo assim, a proposta para o Trabalho Final de Graduação é pensar os espaços locais para que sejam de uso múltiplo, reduzindo a necessidade de deslocamento das pessoas, em busca de lazer e conhecimento. Isto passa por revitalizar e repovoar o bairro degradado e levar a oferta de equipamentos sociais e culturais para as áreas suburbanas que atualmente apresentam forte caráter residencial.
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TÉRREO + 1 PAVIMENTO 2 OU MAIS PAVIMENTOS
5.6. Mapa de gabarito
TERRENOS VAZIOS ÁREA VERDE IMPLANTADA APP ÁREA VERDE NÃO IMPLANTADA ÁREA DE INTERVENÇÃO VIAS
EDIFICAÇÕES TÉRREAS TÉRREO + 1 PAVIMENTO 2 OU MAIS PAVIMENTOS TERRENOS VAZIOS ÁREA VERDE IMPLANTADA APP ÁREA VERDE NÃO IMPLANTADA ÁREA DE INTERVENÇÃO VIAS 77
FIGURAS 56 FONTE: AUTORIA PRÓPRIA
O mapa de gabarito explana as alturas das edificações, de sua fundação até o topo, analisando o mapa de entorno, pode se notar que poucos lotes possuem construções com mais de um pavimento além do térreo. As edificações que em maioria, são térreas, destinadas a uso residencial, deixando uma minoria para escolas de ensino fundamental e EMEI’s, como também, a alguns estabelecimentos autônomos, de iniciativa dos próprios moradores. Alguns locais em laranja são indicados como sem usos no zoneamento principal de Santa Bárbara D'Oeste, alguns com propostas de intervenção, porém, esses projetos não tem perspectiva de sair do papel, tornando esses projetos inaplicados por tempo indeterminado.
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5.7. Programa de necessidades básico O edifício tem como principal objetivo incentivar a aproximação social, por meio do ensino, lazer, esporte e atividades diversas, visto que, como dito anteriormente, em sua grande maioria, os novos moradores da região não conseguem se relacionar com os moradores que já residiam no local. Para isso, o programa deverá proporcionar atividades variadas para atingir diversos tipos de público. Este será composto de: • Praça de Convivência, • Espaço para exposições. • Centro Esportivo • Aulas de diversas áreas: Arte, com ateliês de pintura, bordado, desenho, música, teatro, dança e artesanato. • Além de áreas de estar e banheiros • Área de jogos eletrônicos • Biblioteca multimídia
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5.8. Levantamento fotogrรกfico - Favela Zumbi dos Palmares
FIGURAS 57 FONTE: O LIBERAL - SBO - 2016
FIGURAS 58 FONTE: O LIBERAL - SBO - 2016
FIGURAS 59 FONTE: O LIBERAL - SBO - 2016
FIGURAS 60 FONTE: O LIBERAL - SBO - 2016
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5.9. Levantamento fotográfico - Área de intervenção
FIGURAS 61 FONTE: O LIBERAL - SBO - 2016
FIGURAS 62 FONTE: O LIBERAL - SBO - 2016
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FIGURAS 63 FONTE: ARQUIVO PESSOAL
FIGURAS 64 FONTE: ARQUIVO PESSOAL
FIGURAS 65 FONTE: ARQUIVO PESSOAL
FIGURAS 66 FONTE: ARQUIVO PESSOAL
FIGURAS 67 FONTE: ARQUIVO PESSOAL
FIGURAS 68 FONTE: ARQUIVO PESSOAL
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6. Pré dimensionamento de áreas ESPAÇO HALL/RECEPÇÃO ADMINISTRAÇÃO COORDENAÇÃO ATENDIMENTO/CAFÉ PÁTIO DESCOBERTO SUBTOTAL QUADRAS POLIESPORTIVAS ARTES MARCIAIS BIBLIOTECA VESTIÁRIOS+BANHEIROS ACADEMIA PÁTIO COBERTO SUBTOTAL SALAS DE AULA SALA DE COMPUTADORES SALA MULTIUSO SALA DE DANÇA OFICINAS DE CURSOS VESTIÁRIOS+BANHEIROS SUBTOTAL REFEITÓRIO/CANTINA COZINHA ALMOXARIFADO DEPÓSITO ESTACIONAMENTO SUBTOTAL TOTAL
83
PROGRAMA DE NECESSIDADES ÁREA (m²) ACOLHIMENTO 100 50 300 450 LAZER/ESPORTE 800 25 220 50 100 250 1275 APRENDIZAGEM 25 25 25 50 25 50 370 APOIO 200 100 50 50 400 800 2645
6.1. Intenções para o TFG 2
Propor atividades educativas e sociais; Humanizar a convivencia entre antigos e novos moradores; Garantir novos usos para a área abandonada; Eliminar a sensação de insegurança que o local transmite; Conciliar conhecimento e lazer; Criar cultura de pedestres; Garantir direito a cidadania e inserção social;
84
6.2. Referências Bibliográficas CAMPOS FILHO, Candido Malta. Reinvente seu bairro. São Paulo: Editora 34, 2003. KAISER, Edward J.; GODSCHALK, David R.; CHAPIN, F Stuart. Urban land use planning. Urbana: University of Illinois Press, 1995. KELLY, Eric; BECKER, Barbara. Community planning: an introduction to the comprehensive plan. Washington: Island Press, 2000. LEUNG, Hok-Lin. Land use planning made plain. Toronto: University of Toronto Press, 2002. PIVA, Naiady. Segregação racial tem raiz n a história do Rio de Janeiro. 2016. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/ vida-e-cidadania /futuro - das - cidades/segregacao-racial-tem-raiz-na-historia-do-rio-de-janeiro- 56ae1hhcziyd4i562k7m3w1e7>. Acesso em: 11 set. 2017. COUTINHO, Davison. A ROCINHA E SUAS LOCALIDADES. 2017. Disponível em: <https://www.brasil247.com/pt/247/favela247/144944/A-Rocinha-e-suas-localidades- invisíveis.htm>. Acesso em: 10 set. 2017. CARRIEL, Paola. Muro na favela. 2009. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/muro-na-favela-protecao-ou- segregacao-social-bih9sn9xh9q1jqwmjuxt14gum>. Acesso em: 13 set. 2017. 85
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