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[ARTE] Arte como agente transformador de uma periferia paulista.
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Isabelle Regina Martins Santos Trabalho Final de Graduação (TFG) apresentado a Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profª. Drª. Luciana Tombi Brasil
São Paulo, 2019
AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todos que se fizeram presentes, contribuindo direta ou indiretamente para o meu aprendizado durante o percurso acadêmico. Agradeço a minha orientadora, Luciana Tombi Brasil, por todos os encontros estimulantes, pelos questionamentos e orientações precisas, por despertar meu olhar, muito antes do TFG, para uma arquitetura transformadora.. uma ferramenta capaz de proporcionar a todos uma vida melhor. Aos amigos que fiz e que enriqueceram minha formação. Em especial, aqueles que estão ao meu lado até hoje. A minha família, por toda compreensão e apoio que me deram, em especial aos meus pais, que acreditaram e investiram em um sonho. A Deus, por ter permitido que eu chegasse até aqui e ter me acompanhado no caminho.
RESUMO O presente trabalho consiste na resposta arquitetônica ao estudo do bairro periférico do Itaim Paulista, localizado na zona leste de São Paulo. Bairro que, apesar da falta de infraestrutura artística e cultural, apresenta diversas manifestações espontâneas por parte de seus moradores. Propõe-se a implantação de um equipamento artístico com o objetivo de potencializar dinâmicas que já ocorrem na região do Itaim e seus arredores, através de coletivos culturais. Visa, ainda, a utilização do projeto como ferramenta transformadora, fazendo do edifício um gerador de encontros e conector entre as pessoas residentes na região e seus arredores uma vez que, propõe conexão entre os diversos bairros que estão atualmente separados pela barreira física que é a ferrovia, presente atrás do terreno. Com uma localização privilegiada, estando na Avenida Marechal Tito, principal avenida que atravessa a região e entre as estações da CPTM Jardim Helena / Vila Mara e Itaim Paulista, fator que traz visibilidade e fácil acesso aos moradores, o projeto busca estimular o convívio social e a relação de uma população com sua paisagem, fortalecer o sentimento de pertencimento desta população para com seu bairro e gerar fatores que vinculem física e sentimentalmente estas pessoas. Para dar início à ação projetual, diversas visitas foram feitas a fim de entender o que querem os moradores da região, além de pesquisas de projetos relacionados ao tema para subsidiar a consolidação programática e assim dar início a etapa de projeto. Lina Bo Bardi.
“Comer, sentar, falar, andar, ficar sentado tomando um pouquinho de sol… A arquitetura não é somente uma utopia, mas um meio para alcançar certos resultados coletivos. A cultura como convívio, livre escolha, liberdade de encontros e reuniões.”
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Sumário INTRODUÇÃO
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Objetivo Justificativa
ARTE
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Definição Arte no Brasil Arte X Periferia
A ARTE E O ITAIM PAULISTA
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Casa de Cultura do Itaim Coletivos Artísticos e Culturais Entrevistas REFERÊNCIAS PROJETUAIS
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O ITAIM PAULISTA Lugar Aproximação Histórica Terreno Uso do Solo Legislação Diretrizes Levantamento fotográfico
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PROJETO Memorial
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Pimeiras Investigações Diagramas Programa Materialidade Perspectivas Peças gráficas BIBLIOGRAFIA
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INTRODUÇÃO
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Em 2017, tive a oportunidade de iniciar pesquisas científicas junto a professora Ana Paula Koury que visavam entender a população residente no bairro do Itaim Paulista, bem como suas dinâmicas, que geravam curiosidade por ser um bairro populoso no extremo leste de São Paulo. Em algumas visitas feitas ao lugar e com o auxílio de pesquisas, pude entender como teria se dado a formação e consolidação das terras a partir da ferrovia e em função do crescimento populacional de São Paulo. Os moradores que decidiam habitar ali, acabavam tornando-se responsáveis pelo planejamento urbano sem o acompanhamento de políticas públicas e infraestrutura que comportasse o que o bairro viria a se tornar. O Itaim Paulista cresceu e com ele a população, tonando-se o distrito mais populoso da cidade de São Paulo com aproximadamente 450 mil habitantes. A falta de acompanhamento da parte pública também permaneceu, de modo que o parcelamento do solo se deu em sua grande maioria para fins residenciais caracterizando-o como bairro dormitório periférico do extremo leste. Sua população é configurada por pessoas de renda média a baixa, além de ter grande parte de seu território, inclusive as margens dos 6 córregos que percorrem o distrito ocupadas por moradores em situação irregular. Boa parte do território e dotado de comércio da própria população, o que permite que estas pessoas não precisem deslocar-se até o centro em busca de emprego, por exemplo. A outra parte da população, que não tem a mesma vantagem leva todos os dias o mínimo de uma hora e meia para chegar ao seu destino, seja ele qual for tratando-se de centro da cidade. Mais tarde, em uma palestra realizada na Universidade São Judas a respeito do Itaim, tive a chance de conhecer algumas problemáticas do bairro a partir de outro ponto de vista, o ponto de vista do então prefeito regional Gilmar Souza.
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Em seu discurso, colocou em pauta a necessidade de que a população colaborasse com iniciativas públicas, afirmando que no caso do Itaim, não aconteciam preservações nem das pequenas ações realizadas pela prefeitura e que no bairro
Figura 1- Apresentação do coletivo Estopô Balaiô na linha 12 - Safira da CPTM. Fonte: página do coletivo no Facebook. Figura 2- (página anterior) Apresentação musical de coletivos, representando a música, primeira arte. Fonte: página do coletivo no Facebook.
apesar de grande e populoso, não havia o sentimento de pertencimento da população de modo que passassem a cuidar das ruas, dos rios, dos parques. Em parte, concordei com o então prefeito. É necessário zelar pelo ambiente em que vivemos e de fato, há uma falta de cuidado de alguns moradores do Itaim no que diz respeito a lixo e reciclagem. Precisamos preservar os equipamentos adquiridos pela população, mas e quando não há equipamentos adquiridos? E quando não há o sentimento de lar? Não quero, de modo nenhum defender ações que degradam a cidade, nem mesmo incentivar a pertinência das mesmas, mas sim despertar um novo olhar sobre o bairro do Itaim Paulista, um novo olhar em direção a essas pessoas que enfrentam além de problemas socioeconômicos, problemas socioespaciais. Não pude dar continuidade as pesquisas científicas por motivos pessoais, mas algumas inquietações a respeito do lugar nunca se desfizeram em minha mente. Afinal, o que faz com que uma população goste e cuide de seu bairro? Oque faz com que se estabeleçam laços afetivos e apreciem o lugar onde moram não só por ser o lugar onde nasceram? Como espaços projetados podem tornar uma comunidade mais feliz e afetiva? Estas entre outras inquietações me serviram como diretrizes para o alcance de certos objetivos neste trabalho.
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OBJETIVO O objetivo é que, a partir da análise de como ocorrem as dinâmicas socioespaciais do bairro em questão e do entendimento das possibilidades de transformação do mesmo se possa apresentar uma proposta arquitetônica, um centro artístico que integre a comunidade a qual se insere criando vínculos físicos e afetivos, rompendo barreiras físicas e sociais e reestabelecendo a ideia de pertencimento de uma população para com o seu bairro. “Os arquitetos tem que pensar em projetos que deixem nossas cidades menos tristes e tragam o melhor do ser humano”
JUSTIFICATIVA Em função do processo de urbanização do estado de São Paulo, ocorreram a formação de grandes regiões periféricas às margens da cidade. Nestas regiões residem a população de baixa renda, os migrantes vindos de toda a parte do Brasil e seus descendentes. Por muito tempo essas regiões chamaram atenção por concentrar ali altos índices de criminalidade, mas nos últimos tempos as periferias têm chamado a atenção pela produção cultural e artística de seus moradores. No Itaim Paulista não é diferente, o bairro que sofre com a falta de espaços físicos artísticos, culturais e de lazer, é também um bairro onde a arte periférica se mostra relutante, mesmo quando as condições socioespaciais e investimentos públicos dizem não.
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No que diz respeito a cultura, o Itaim foi o primeiro distrito paulista a reivindicar pela instalação de um equipamento cultural em seu bairro. E após essa conquista
Alain Botton, filósofo.
demorada com a Casa de Cultura, os olhos culturais não voltaram a olhar para aquela região, de modo que o que sustenta hoje a cultura do bairro são coletivos artísticos formados pela própria população, atuantes nos poucos e degradados imóveis destinados a desenvolvimento cultural. É arte de rua, arte periférica. Para ter acesso a um equipamento artístico cultural de qualidade, os moradores do Itaim Paulista têm que deslocar-se por um período de pelo menos 1 hora, devido a não haver equipamentos projetados para atender à demanda e promover lazer e cultura a população. O tema do presente trabalho sustenta-se nas raízes culturais e artísticas do Itaim e na falta de infraestrutura que abrigue estas atividades, de forma que torne o bairro mais feliz, vivo e menos hostil. É fortalecido pela ideia de que a arquitetura pode ser geradora de significados que vinculem sentimentalmente o humano e o urbano. Sua localização, próximo a prefeitura regional e também ao CEU Vila Curuçá, permite conexões culturais entre os equipamentos. Resgata memórias culturais da Casa de Cultura do Itaim e a realoca, possibilitando uma diversidade de atividades e um equipamento que comporte a demanda populacional do bairro. Propõe o uso da arte, equipamento artístico como ferramenta transformadora do bairro além de promover atividades sustentáveis que podem ser o começo de uma mudança no que diz respeito a questões ambientais do bairro.
(LERNER, 2011)
“O mais importante é a visão correta, é uma competente equação de corresponsabilidade. Oque é necessário é um cenário, ou uma ideia, ou um desenho desejável. E todos – ou a grande maioria – vão ajudar a fazer. Aí, neste exato momento de realização, a autoestima da população faz a cidade avançar.”
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Na primeira parte deste trabalho procuro esclarecer a temática escolhida, registrando meu entendimento do que seria a arte e como ela acontece no Brasil, nas periferias e no bairro de estudo para projeto. Busco conceituar meu tema apoiando-me nas teses dos autores Tiarajú Pablo D’Andrea (D’ANDREA 2014), a qual descreve a formação dos coletivos artísticos periféricos e Érica Peçanha do Nascimento (NASCIMENTO, 2011), que descreve a produção cultural periférica em São Paulo. Em seguida, apresento os estudos de casos específicos nos quais me baseei de alguma forma para a concepção do projeto. Na terceira parte, apresento o lugar que é objeto de estudo, bem como diagramas de movimento, na tentativa de explicar um pouco de como é a dinâmica e a ambiência do mesmo. Nesta parte, apresento ainda diretrizes básicas para que projeto pudesse acontecer no que diz respeito a legislação, além de um levantamento fotográfico, realizado em diversos dias, na intenção de aproximar o leitor do ambiente do estudo. Na quarta parte, composta por memorial justificativo, primeiras investigações de projeto apresentadas, diagramas, perspectivas e peças gráficas , apresento minha proposta de projeto para revitalização e transformação da região em questão, o CONECT{ARTE}.
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ARTE
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DEFINIÇÃO “ -Arte não é arte até alguém dizer que é.” Se uma coisa é certa no mundo em que vivemos é que não há como definir a arte, no entanto podemos encontrar consensos gerais de que a arte é a criação consciente de algo bonito ou significativo usando habilidade e imaginação. A palavra arte tem origem no latim (ars) e significa habilidade. Pode ser compreendida como a capacidade humana de manifestação cultural. Está presente na vida do ser humano desde a pré-história, quando as paredes das cavernas eram usadas como tela para pinturas que tinham a finalidade de fazer registros relativos a caça ou simplesmente comunicar-se. Poderíamos afirmar que a arte teria surgido junto com o homem, pois ela é até os dias atuais a forma de expressão e manifestação mais profunda da alma. A arte é responsável por transmitir emoções e imortalizar fatos, pessoas, épocas e histórias. A discussão a respeito do significado de conceito de arte é antiga, tornou-se um tema muito discutido tendo nunca chegado a uma definição concreta. Platão desenvolveu pela primeira vez uma tentativa de explicar a arte. Desta forma, por muito tempo (até o final do século XVIII) o conceito de arte ficou reduzido a imitação realista do que se pode ver através da pintura. De forma que até hoje, damos mais valor a obras que retratam com perfeição a realidade a obras modernas, cubistas ou surrealistas. No período romântico do século XVIII houve ainda uma segunda atribuição do que poderia ser arte, ela passa então a ser usada pelos artistas para transmitir suas emoções e sentimentos.
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O conceito de arte vai se expandindo ao longo do tempo para abranger e incluir a ideia de originalidade dos artistas que vão surgindo. A originalidade é a chave para a designação de uma atividade ou objeto como arte.
(O sorriso de Mona Lisa. Direção: Mike Newell. Produção: Fredward Johanson. Intérpretes: Julia Roberts, Kirsten Dunst e outros. Roteiro: Lawrence Konner e Mark Rosenthal. EUA: Revolution Studios e Columbia Pictures, 2003, Filme (114min). Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=OQOl06lchN4> Acesso em: 24 mar. 2019. Figura 3- (página anterior) Dançarinas do coletivo Estopô Balaiô, representando a dança, segunda arte. Fonte: Página do coletivo no Facebook.
¹ O livro de Batteux foi uma tentativa de encontrar uma unidade entre as teorias existentes de beleza e gosto sobre “um único princípio”, ele aponta esse princípio como sendo o da imitação geral. Seus pontos de vista foram aceitos não só na França, mas em toda a Europa.
² Riccioto Canudo doi um filósofo e crítico de cinema, seu artigo foi considerado o primeiro texto no qual se define o cinema como uma arte, a sétima arte, na qual para ele se resumem as demais artes.
No ano de 1747, o francês Charles Batteux (1713-1780) publicou o livro “As belas artes reduzidas a um mesmo princípio”¹. De acordo com Batteux, seriam sete os tipos de arte: pintura, escultura, arquitetura, música, poesia, eloquência e dança. Mais tarde, em 1911 o crítico de cinema Ricciotto Canudo² elaborou o chamado Manifesto das sete artes e estética da sétima arte, que foi publicado em 1923. Nele, classificou a arte também em sete tipos, sendo eles: a música, a dança, pintura, escultura, teatro, literatura e o cinema. Com o passar do tempo e as mudanças tecnológicas e sociais, outras manifestações artísticas foram incluídas nessa numeração artística. Atualmente, existem onze tipos de arte consolidadas: a música, dança, a pintura, escultura, teatro, a literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos, jogos eletrônicos e arte digital.
ARTE NO BRASIL A arte no Brasil é caracterizada por toda manifestação ocorrida no país desde os primórdios e a pré colonização. Inúmeras artes rupestres são encontradas em paredes de cavernas de muitos estados brasileiros datando mais de 10.000 anos. A arte indígena tem seu destaque principalmente na região da Amazônia onde fabricavam objetos de enfeite, cerâmica e as estatuetas de terracota. Após a colonização, o Brasil teve a influência da arte de seus colonizadores de forma que o estilo barroco foi introduzido pelos missionários católicos no século XVII. Como não haviam financiadores da arte no Brasil, esta era usada como funcional pela igreja no processo de doutrinação dos índios com os costumes católicos europeus. Neste mesmo período, os africanos que vinham como escravos também estabeleciam aqui seus costumes artísticos de forma que contribuíram e influenciaram muito com suas danças, comidas típicas e músicas a diversa cultura popular brasileira. No começo do século XIX com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, foi introduzido o neoclassicismo tornando-se este o estilo 25
oficial brasileiro, sendo ensinado até mesmo de forma acadêmica, como na Escola Nacional Belas Artes, fundada por Dom João VI no Rio de Janeiro. Já no século XX, ocorre o movimento artístico e intelectual que modifica sensivelmente a população brasileira tanto em níveis artísticos quanto políticos e sociais. Acontece a Semana de Arte Moderna de 1922, que visava tornar o Brasil independente, só que desta vez, na arte. Artistas, movidos pelo desejo de tornar a arte no Brasil mais brasileira, libertar-se (pelo menos intencionalmente) das raízes europeias e acadêmicas aqui introduzidas, produzindo assim sua própria arte. Podemos citar como outro momento importante para a história da arte no Brasil o Golpe de 1964, onde vários foram os grupos identificados em busca de novos experimentos, num afrontamento direto aos meios mais tradicionais da arte até então. Dado o momento que o país passava, tanto para os artistas jovens quanto para os mais experientes, a procura de uma nova forma de expressar-se artisticamente implicava acima de tudo a uma posição crítica mediante a situação política enfrentada pelo país. Podemos ver que desde muito cedo a arte no Brasil não é apenas arte, é uma junção, uma fusão de experimentos e das culturas que passaram e passam por aqui. Tornou-se uma ferramenta de comunicação, de reivindicação por direitos, uma maneira de ser visto e de chamar atenção para coisas que estão fora do lugar. Tem poder de transformação política e social.
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Figura 4 - (página seguinte) Spray de tinta representando a pintura, terceira arte. Fonte: QFita, Arte e Cultura na Kebrada.
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ARTE X PERIFERIA Para entendermos o conceito de arte periférica, primeiro se faz necessário entender o que é periferia. Periferia é o termo utilizado para designar locais que se encontram longe do que seria o centro histórico de uma cidade. Há atualmente grandes regiões periféricas em São Paulo em consequência da expansão e crescimento populacional da cidade. Os moradores das regiões periféricas são sempre em sua grande maioria pessoas de classe média, baixa, negros, migrantes e/ou filhos de migrantes. O termo passou a ser mais utilizado em virtude do “abandono” das políticas públicas do que pela distância dos bairros do centro da capital. Em 1990, as periferias paulistas teriam entrado num ciclo de pobreza e violência em virtude da falta de emprego e crise econômica vivida por toda a cidade. Os homicídios nas áreas periféricas aumentavam a medida em que a população era vista como “marginalizada” no sentido de viver a margem da lei. Sob uma realidade de pobreza, violência e falta de oportunidades, o incentivo à produção artística foi e é até os dias atuais uma forma de essa população aliviar seu sofrimento, criar conexões afetivas e sociais e possibilitar um futuro. “Um dos acontecimentos mais importantes ocorridos nas periferias paulistanas nos últimos 20 anos foi o aumento considerável de coletivos e indivíduos que passaram a produzir arte nos bairros mais empobrecidos da urbe. De fato, os bairros populares sempre foram férteis em manifestações culturais. A confluência dessa característica histórica com algumas situações específicas da década de 1990 fez com que aumentasse a quantidade e se modificasse a forma dessa produção. Hoje, colorindo os corações e denunciando a realidade, a periferia produz uma profusão de saraus, comunidades do samba, cineclubes, produções audiovisuais, grupos de teatro, grupos de dança, literatura marginal, posses de hip-hop, dentre outras atividades culturais e artísticas.”
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(D’ANDREA, 2014)
Os motivos pelos quais a periferia faz arte, vão além da “arte por arte”, tem sempre ligação com os ideais políticos, a ideia de pacificação, humanização, valorização do lugar em que vivem e sobrevivência material (porque a arte na periferia também produz renda). Em um país com tantas desigualdades, é comum encontrarmos pessoas que acreditam que a inserção de um equipamento artístico ou cultural, principalmente em uma área periférica, seja algo supérfluo, ainda mais quando comparado a importância e necessidade de uma melhor rede hospitalar, educacional ou residencial. Contudo, sua inserção em uma dada região tem intenções que vão além da promoção da própria arte. Centros culturais por exemplo, são equipamentos que funcionam como aglutinadores. Um de seus papéis é o desenvolvimento econômico de onde se insere. A cultura, bem como a arte é uma espécie de negócio, e como todo negócio movimenta a área econômica, gera ocupação, torna-se fonte de renda e consequentemente, produz desenvolvimento. JAMES D. WOLFENSOHN, PRESIDENTE DO BANCO MUNDIAL.
“Cultura está no centro das questões relativas à redução da pobreza, bem como da melhoria da qualidade de vida. O autoconhecimento e orgulho que derivam da identidade cultural dos povos são ingredientes fundamentais se a intenção é que as comunidades assumam sua autonomia e façam suas escolhas.” Também podemos caracterizar centros artísticos e culturais como ferramentas de alavanca para o desenvolvimento social. Uma vez que todo ser humano tem direito a cultura, entende-se que, quando inseridos em periferias, diminuem significativamente as desigualdades sociais e culturais, promovem encontros estimulando atividades coletivas, fomentam a sede por um lugar melhor para se viver. O equipamento artístico cultural, quando trabalhado estabelece vínculos com a população. Torna-se mais que cultura, arte ou arquitetura. Transforma-se em motivo de felicidade, valorização do lugar e aumento da autoestima de uma população.
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A ARTE E O ITAIM PAULISTA
No mapa, as casas que promovem desenvolvimento cultural no bairro do Itaim Paulista. Os coletivos que atuam no bairro, não utilizam de lugar fixo. Propagam sua arte em apresentações escolares de escolas públicas, praças, eventos culturais e na rua, de modo que a demanda pensada para este projeto seja composta por jovens e adolescventes do ensino fundamental e médio, aém de membros de coletivos.
*Casarão do Jardim Helena é o nome popular de uma casa situada na praça em frente a estação Jardim Helena/Vila Mara. A praça, bem como a construção não possuem nome nos arquivos da prefeitura.
Figura 05 - Escultura feita na Casa de Cultura do Itaim Paulista representando a quarta arte. Fonte: Victor Augustinho. Figura 06 - (página anterior) Mapa apontando lugares que estimulam atividades culturais. Fonte: . Google Earth, com intervenção do autora.
Tomando partido da realidade periférica, o Itaim conta com a admiração e diversas representações das mais variadas linguagens artísticas. Não é difícil acreditar no potencial artístico e cultural do bairro. Na parte musical, ao percorrer as ruas, podemos encontrar com inúmeros e talentosos cantores, compositores, musicistas, percursionistas, coreógrafos. O teatro também possui seu destaque, assim como a dança, a capoeira e os diversos movimentos de vanguarda existentes a mais de um século que se difundiram. Hip hop, Djs, skatistas, grafiteiros e literatura de periferia tem público denso nesta região. Os pontos de lazer e cultura são poucos e o público denso e constante, como o Clube da Cidade (onde existem piscinas e quadras esportivas) que recebe mais de 3000 visitantes a cada fim de semana, segundo a Prefeitura.
CASA DE CULTURA DO ITAIM Há aproximadamente 35 anos, o CAM (Cultura e Arte em Movimento) e o EADEC (Espaço Aberto para o Desenvolvimento Cultural), movimentos que atuavam no Itaim Paulista, começaram uma série de reinvindicações em prol da criação de uma espécie de Centro Cultural que beneficiasse a população. Em abril de 1985 o espaço que hoje leva o nome de Casa de Cultura foi inaugurado, como Centro Cultural Itaim Paulista, sendo o único espaço cultural de São Paulo criado pelo poder público após exigências da população e dos integrantes dos coletivos. Podemos notar a partir daí a força e importância que os coletivos tiveram no bairro. Atualmente, a Casa de Cultura do Itaim Paulista encontra-se em total descaso, além da falta de investimento por parte do poder público.
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COLETIVOS ARTÍSTICOS & CULTURAIS Atualmente, as cidades brasileiras concentram serviços das mais diversas áreas em regiões específicas. Em São Paulo, por uma questão histórica e cultural, estes centros culturais coletivos estão localizados no centro e zona oeste, dotando de uma bela arquitetura. Aos moradores das periferias, que tem seus bairros como “dormitório”, e são a maior parcela da população, a alternativa é deslocar-se aos centros que estão sempre a mais de uma hora de seus bairros. Outra alternativa, que se deu em Itaim Paulista, é a criação de coletivos artísticos e culturais, que é uma iniciativa antiga da população, visto que há uma luta histórica para levar infraestrutura cultural para o bairro. Estes coletivos, formado por pessoas dispostas a levar a prática da cultura a realidade periférica, acontecem nas ruas, nas pseudo-praças, na chuva e onde lhes permitirem.
MAP – Movimento Aliança da Praça Fundado em 04 de abril de 2013, o MAP é um coletivo artístico que contribui para o fomento das ações artísticas e culturais, proporcionando microfone, espaço e público para artistas se apresentarem, formando jovens no universo da literatura e poesia, distribuindo livros, debatendo títulos e temas sociais e levando suas ações para dentro de escolas públicas, tornando-se referência no bairro. O grupo também realiza oficinas nas praças locais, incentivando a leitura, auxiliando na escrita criativa e gerando fanzines, livretos e livros como forma de geração de valor. Além dessas, o MAP organiza outros coletivos, como o Sarau da Praça, Banca da Poesia, Slams – Batalhas de Poesia, entre outras atividades que promovem a exposição de talentos da periferia e agregam cultura ao bairro.
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O coletivo reúne cerca de 250 pessoas semanalmente na tradicional Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, podendo ocupar outros lugares públicos para a realização dos encontros.
RAFAEL DA SILVA, organizador do coletivo em entrevista.
“Pra mim, o MAP significa um momento de união da quebrada, onde nós nos agrupamos para compartilharmos das mesmas sensações e sentimentos, para aprendermos e desenvolvermos juntos.”
Figura 07 - Sarau na praça, representando a literatura, sexta arte. Foto: MAP, Movimento Aliança da Praça.
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ARTE E CULTURA NA KEBRADA O projeto Arte e Cultura na Kebrada é um coletivo artístico que acontece nas ruas do Jardim Maia, situado atrás do terreno abordado por este trabalho. Foi fundado em 2007, por um grupo de moradores da região que visavam a transformação das ruas e da realidade do bairro. A reunião das pessoas na rua em prol da arte, trazia segurança para o bairro. O espaço público é, até hoje o palco dos espetáculos, com diversas apresentações como o teatro, as danças folclóricas, a capoeira, entre outras ações que ocorrem de maneira integrada. Em seus 11 anos de existência o coletivo tornou-se um dos maiores eventos de Grafitti e da cultura Hip Hop da região, destaca-se também pelo potencial cultural que atrai público da própria comunidade, além de pessoas de outros bairros da região. O coletivo “Arte e Cultura na Kebrada” surgiu da vontade de reunir pessoas que tivessem paixão pela arte. O projeto cresceu de tal forma que atualmente é um promotor de lazer e cultura que integra diferentes tipos de linguagens artísticas, pessoas e a comunidades.
COLETIVO ESTOPÔ BALAIÔ O coletivo foi formado há 8 anos por artistas migrantes residentes no Itaim Paulista e seus arredores, na necessidade de expressar-se e encontrar seus lugares numa terra desconhecida. Atua hoje em Casarões, linhas ferroviárias e na rua com peças teatrais, dança, literatura e circo. O conteúdo artístico é sempre uma luta, uma crítica, ou apenas o modo de externar a saudade de suas terras natais. Composto por 8 talentosos artistas que atuam desde a produção das apresentações até a encenação e edição das imagens de fotografia e vídeo, o coletivo escolheu a periferia paulistana pela semelhança cultural proveniente da população que também é em grande parte migrante.
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Texto retirado da descrição do coletivo em seu site. < https://coletivoestopobalaio. com.br/> Acesso: Março | 2019
“A distância geográfica de nossas lembranças e paisagens nos levaram a uma tentativa inútil na busca por pertencimento à capital paulista. Era preciso reinventá-la para poder praticá-la. Na busca pelo lugar perdido de nossa memória seguimos para fora e à medida que nos distanciávamos de um tipo de cidade localizada em seu centro geográfico, fomos nos aproximando de outras cidades, de outros modos de vida e de novos compartilhamentos. O cinturão periférico da cidade no seu vetor leste nos revelou um pedaço daquilo que tinha ficado para trás. Havia um Nordeste em São Paulo que estava escondido das grandes avenidas e dos prédios altos do centro paulistano.” Uma de suas peças teatrais, “A cidade dos rios invisíveis” que tem como base o livro do autor Italo Calvino “Cidades Invisíveis”, busca apresentar-nos os bairros que rodeiam a linha 12 da CPTM como sendo cidades invisíveis ao olhar do viajante. Por fim, usam a arte para retratar as experiências dos moradores com as enchentes que assolaram esse pedaço de cidade que vive invisível ao olhar de grande parte da metrópole. Entre seus intuitos, a conscientização ambiental dos moradores.
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ENTREVISTAS As entrevistas foram realizadas em diversas datas e através de redes sociais com moradores do Itaim Paulista, numa tentativa de entender as necessidades da população e oque queriam as pessoas que moram no bairro que é objeto de estudo do presente trabalho. Ao indagar as pessoas, pedi para que me respondessem a duas perguntas: Como é morar no Itaim Paulista? Oque você gosta de fazer nas horas livres? E1- Ah, aqui é um lugar bom, mora muita gente boa e humilde. A Vila é legal, só é muito parado, não tem nada pra fazer, só vou pra escola todo dia e volto. [...]E se eu pudesse eu me mudaria daqui... Iria mais para a cidade onde tem bastante coisas pra fazer sabe, lugares pra ir.. aqueles lugares que atraem a gente.. Deve ser um luxo. Aqui não tem uma distração, divertimento [...] Quando não to fazendo nada gosto de ir no cinema, ou dançar. E2 - Nossa, que pergunta difícil. Moro aqui desde que eu nasci e sei lá, não é ruim. Só é longe de tudo né. Pra ir trabalhar você passa tipo, metade do dia no trem. É meio que dormitório. Você só vem, dorme e até quando é pra ir pra um lugar mais diferente assim, é tudo lá no centro. [...] Parque, essas coisas culturais, não tem. [...] Quando eu to tranquilo eu curto tocar bateria, gosto dessas paradas de música sabe..
Figura 08 - Coletivo artístico Estopô Balaiô numa apresentação representando o teatro, quinta arte. Fonte: Ramilla Souza
E3 - Olha... depende do ponto de vista (risos). Tipo, não tem muita coisa. É longe do centro né deve ser por isso. Aqui todo mundo é humilde sabe, todo mundo meio que se conhece. O pessoal fica tudo na rua, na calçada conversando, não tem muita cosia pra fazer, nem muito lugar pra ir que seja aqui então é isso. [...] Quando eu não to trabalhando eu tento ir pra um parque com a minha filha, mas até pra isso a gente tem que “viajar”.
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Figura 09 - Foto tirada na sessão de Cine Vila representando o cinema, sétima arte. Fonte: Coletivo Estopô Balaiô, página do Instagram.
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REFERÃ&#x160;NCIAS PROJETUAIS
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Figura 10 - Projeto para a Associação de Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba. Fonte: Estúdio Módulo.
AEAS - ASSOCIAÇÃO DE ENGENHEIROS E ARQUITETOS DE SOROCABA. ESTÚDIO MÓDULO | Projeto de 2019 | Sorocaba, São Paulo.
Segundo os arquitetos responsáveis pelo projeto, o proposta para a Associação de Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba pretende equilibrar a sensação da escala monumental, da escala urbana e da escala humana. Além de ser um local para experiências técnicas e de materialidades, de modo a ser ela mesma a exposição permanente das soluções estudadas e aplicadas. A estrutura metálica sobre os pilares de concreto trazem um ar mais leve e permeável que combinados a uma fachada microclimática permitem uma relação de permeabilidade visual para dentro do edifício que é o fator que busquei trazer para o meu projeto.
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MUSEU DA MEMÓRIA
ESTÚDIO AMÉRICA | Projeto de 2009 | Santiago, Chile. O Museu, descrito pelos arquitetos como “projeto capaz de criar lugares e marcos físicos ou mentais, onde se possa oferecer condições para que o conhecimento germine do interior de cada indivíduo”, entra neste trabalho como referência pois tem sua implantação num nível abaixo da rua, oque lhe permitiu criar vários acessos, além de ter proposto uma solução inteligente ao locar comércio (bares e restaurantes) organizados em torno de um jardim franqueado à praça, que se dispõe a ficar ali, aguardando pelos encontros. O Uso do desnível para propor a vivência de pessoas, o uso, os encontros é oque busquei levar para o meu projeto. De forma poética e com toda uma base na temática do edifício, aproveita da estrutura comercial e coloca uma lâmina, uma massa ortogonal acima de um vazio. Fator que permite a permeabilidade física e visual entre os lados do museu.
Figura 11 - Gica Fernandes. “Museu da Memória / Estudio America” 02 Nov 2011. ArchDaily Brasil. Acesso em: 4 Mai 2019. <https://www.archdaily.com. br/715/museu-da-memoria-estudio-america> ISSN 0719-8906
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CENTRO CULTURAL SÃO PAULO
EURICO PRADO LOPES E LUIZ TELLES | Projeto de 1979 | São Paulo. O projeto, que integra-se à paisagem de São Paulo constitui-se como passagem e ponto de encontro para uma variada gama de pessoas diariamente, entra como referência em meu projeto de diversas maneiras. Em especial, de forma programática. Com o vasto programa que vai de biblioteca a ateliês de arte e horta comunitária, o centro cultural consegue ser o destino de diversas pessoas, de diversas regiões, não só para que usufruam de seu programa, mas também para que utilizem o seu espaço. Danças livres, teatro, saraus, tudo acontece lá, ao mesmo tempo. O centro cultural é acolhedor. É sobretudo referência intencional.
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Figura 12 - Centro Cultural São Paulo / Eurico Prado Lopes e Luiz Telles” 26 Mai 2017. ArchDaily Brasil. Acesso em: 5 Mai 2019. <https://www.archdaily.com.br/ br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles> ISSN 0719-8906 Figura 13 - Casal dançando no CCSP/ https://www.hellomoto.com.br/os-grupos-de-danca-do-centro-cultural-sao-paulo/ Acesso em: 05 Mai 2019.
AUDITÓRIO IBIRAPUERA
OSCAR NIEMEYER | Projeto de 2005 | São Paulo Um auditório com geometria simples, um grande trapézio branco, com uma escultura sinuosa da artista Tomie Ohtake em sua frente, tornando convidativa a entrada que fica ainda mais grandiosa ao se deparar com um foyer em escala monumental. No nível do auditório, ao fundo do palco, escondida atrás das cortinas, uma extensa porta pode-se abrir para o gramado do parque aumentando os espectadores de 800 (capacidade do auditório) para 15 000 pessoas, na área externa do parque.
Figura 14 - Auditório do Ibirapuera. Fonte: Nelson Kon.
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Figura 15 - Centro Paula Souza. Foto: Nelson Kon.
CENTRO PAULA SOUZA
SPADONI AA + PEDRO TADDEI ARQUITETOS ASSOCIADOS | Projeto de 2013 | São Paulo. O Centro Paula Souza, localizado no bairro da Luz, é o responsável pelo ensino técnico no Estado de São Paulo, concentrando 268 escolas e faculdades. O projeto nasceu com a aquisição pelo Governo de uma quadra com mais de 7.000 metros quadrados. O edifício sede possui 77,5 metros de comprimento onde concentra em seus cinco pavimentos a parte administrativa e um museu arqueológico. Os demais edifícios, ligados a escola, distribuem-se pela quadra de forma mais plural, acima da praça.
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Figura 16 - Corte Perspectivado do Centro Paula Souza com intervençaõ da autora. Fonte: Archdaily. Figura 17 - Cobertura metálica, Centro Paula Souza. Foto: Nelson Kon. Figura 18 - Edifício sobre a praça, Centro Paula Souza. Fonte: Nelson Kon. Figura 19 - Mezanino, Centro Paula Souza. Fonte: Nelson Kon.
O Centro Paula Sousa entra como referência neste trabalho de diversas formas: organizacional, plástica mas sobretudo, estrutural. Assim como neste, em meu projeto também hávia a necessidade de vencer um grande vão com uma cobertura. E usando a referência do Centro Paula Souza, foi adotado uma estrutura metálica, que neste projeto foi aplicada pontualmente, apenas no mezanino do museu, passarelas e coberturas que ligam os edifícios. O restante da estrutura, toda em concreto armado, mostra-se muitas vezes expressivo, como em sua quadra suspeensa ou em seu mezanino sinuoso, além de ser elemento organizador do desenho. É composta por lajes em grelha com secções de 40 a 45 cm. Os elementos em estrutura metálica, destacam-se das demais massas por sua leveza. As vigas de aço longitundinais das coberturas possuem secções de 95cm e cumprem vãos variados de até 30 metros. Estão situadas na cota a 30 metros, que é a máxima permitida pelo bairro.
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ROBERTO BURLE MARX Pinturas e paisagismo
Dentre os escritórios de paisagismo mais conceituados mundialmente, encontramos o escritório de Roberto Burle Marx, paulistano que se aventurou em diversas áreas da arte, como a pintura, desenho e tapeçaria. Em todas as suas manifestações de arte, podemos encontrar pontos que nos levem a Burle Marx, a curva. Seus projetos paisagísticos, sempre tornam-se verdadeiras obras de arte que possuem em sua coposição a utilização da água, através de espelhos; desenhos sinuosos, dando forma aos canteiros, incorporação de grupos de vegetações entre outros elementos arquitetônicos. As obras de Burle Marx foram usadas como referência em meu projeto para tornar a área verde um lugar de apreciação e na tentativa de quebrar a ortogonalidade colocada pelo edifício.
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Figura 20 e 21 - Pinturas de Roberto Burle Marx Fonte: https://blog.mariafilo.com.br/
Figura 22 - Passarela Paleisbrug Fonte: Janens Linders. Figura 23 - Passarela Paleisbrug Fonte: Janens Linders.
PASSARELA PALEISBRUG
BENTHEM CROUWEL ARCHITECTS | Projeto de 2015 | ‘s-Hertogenbosch, Holanda Segundo os arquitetos, o Paleisbrug é um parque elevado e uma passarela para pedestres em um só projeto. Foi implantado para promover uma ligação de 250 metros sobre os trilhos do trem entre o centro histórico de ‘s-Hertogenbosch e o Paleiskwartier, na Holanda. Feita de aço com uma cor enferrujada e tratado, de forma que pode ficar exposto, a ponte terá vida útil de pelo menos 100 anos. Entra como referência em meu projeto pois nele há a necessidade de se criar uma conexão por cima de uma ferrovia de modo agradável e menos hostil.
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O ITAIM PAULISTA
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Itaim Paulista numa escala de estado.
escala de cidade
escala de bairro
Figura 24 - (Página anterior) Trilhos da CPTM em direção ao Itaim Paulista. Fonte: autora.
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Figura 25 - Itaim Paulista (estado, cidade e bairro.) Fonte: Geosampa com intervenção da autora.
O LUGAR Para a concepção do projeto, o terreno escolhido encontra-se na Zona Leste de São Paulo, entre as estações Jardim Helena – Vila Mara e Itaim Paulista. O bairro é composto por dois distritos: Vila Curuçá, que é ocupante da parte oeste, e o próprio Itaim Paulista. Os dois distritos são separados pelo Ribeirão Lageado. O Itaim Paulista é ainda o distrito mais populoso da cidade de São Paulo contanto com 450 mil habitantes segundo a prefeitura. Um bairro composto em sua maioria por migrantes nordestinos que vieram em busca de uma vida melhor. Grande, cheio de pessoas, ideias, sonhos e arte. Vazio de oportunidades. “Várias fitas, vários pipas várias dores, várias cores mesmo não tendo flores há cerveja, futebol, samba garoa, dança e umbanda mesmo vivendo na corda bamba embora não tenha todo o amor que necessita ele segue amando o Itaim Paulista ...mesmo com os perigos, despista.” Autor: Jeffão.
Figura 26 - Mapa de Limites Administrativos. Fonte: Geosampa, com intervenção da autora.
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APROXIMAÇÃO HISTÓRICA Seu histórico é dado a partir do século XVII, na chamada Fazenda Biacica (atualmente tombada pelo IPHAN), pertencente a Lopo Dias, que após sua morte deixa a fazenda em posse dos Carmelitas. A movimentação nesta região se dá a partir de 1922 com o início da construção da Estrada de Rodagem São Paulo - Jacareí, que em 1928 sofre ampliação, levando - a até o Rio de Janeiro. Até o início do século XIX, o atual Itaim Paulista era composto por pequenas comunidades rurais e pequenas ruas, sendo denominado como área rural da cidade. No ano de 1934, a linha ferroviária que antes servia apenas ao transporte de cargas é destinada a passageiros. Posteriormente, em 1937, teve início a construção da Companhia Nitro Química, (fábrica presente até hoje no distrito de São Miguel Paulista em atual processo de tombamento) que por não exigir mão de obra qualificada, atraiu a atenção de muitos migrantes nordestinos, dando início a efetiva urbanização da região em função do considerável crescimento da população. O Itaim integrou o distrito de São Miguel Paulista até 1980, quando ocorreu a sua emancipação política.
Figura 27 - Itaim Paulista, vista aérea. Fonte: Google Earth , com intervenção da autora. Figura 28 - Fazenda Biacica. Fonte: Acervo da evolução histórica do Itaim.
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Figura 29 - Vista aérea do centro do Itaim (1966). Fonte: Acervo da evolução histórica do Itaim.
Figura 30 - Estação Itaim Paulista liberada para transporte de passageiros em 1934. Fonte: Acervo da evolução histórica do Itaim..
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Figura 31 - Estação Itaim Paulista liberada para transporte de passageiros em 1934. Fonte: Acervo da evolução histórica do Itaim.
Figura 32 - Antiga Estrada São Paulo-Rio, atual Av. Marechal Tito. Fonte: Acervo da evolução histórica do Itaim.
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Até então, a administração do Itaim Paulista estava sob cuidados da administração de São Miguel, porém o orçamento para investimento era aplicado apenas ao que se tratava de seu próprio distrito, de forma que o Itaim Paulista, servia só como um número favorável ao recebimento de verba, que era sempre a terceira maior da cidade. Os investimentos, que deveriam servir também a essa população, ficavam sempre no bairro vizinho. Com sua emancipação, e criação da Prefeitura Regional do Itaim Paulista, as verbas puderam ser destinadas diretamente a essa população. De acordo com o Censo de 2010 do IBGE, o bairro contava com aproximadamente 373.127 habitantes, distribuídos numa área de 21,70 km² ou 1,4% da área de São Paulo, razão que faz da Prefeitura Regional do Itaim Paulista a com maior densidade demográfica, com 213,2 hab/ha, mais que o dobro da densidade média do município (102,0 hab/ha).
O TERRENO “Vias alargadas, calçadas diminuídas, árvores suprimidas, guias rebaixadas para dar acesso a lanchonetes Drive-Thru e imensas áreas de estacionamento de quarenta mil metros quadrados reduziram muitas das nossas paisagens urbanas a zonas de automóveis nas quais a vida dos pedestres é apenas uma possibilidade teórica.” O terreno compreende hoje a estrutura precária de um Supermercado em um extremo e uma franquia de uma rede de Fastfood em outro extremo, deixando ocioso o meio, onde acontecem temporária e esporadicamente a ocupação para implantação de um circo viajante. Além destas, encontramos atrás do terreno assentamentos irregulares, localizados as margens da ferrovia, onde aproximadamente 122 famílias vivem em condições precárias, em virtude da localização de suas moradias, falta de infraestrutura, saneamento e salubridade.
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SPECK, Jeff. Cidade Caminhável. Edição 1. São Paulo: Perspectiva, 2016.
Figuras 33 e 34 - Parte interna, por onde circulam os moradores dos assentamentos irregulares. Fonte: Autora.
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A frente está voltada para a atual Avenida Marechal Tito, que é até hoje uma via de extrema importância apesar de ter sido construída de maneira desestruturada, sem promover conexões que seriam fundamentais para articular o território internamente, além de terem promovido um viário único tratando-se de eixo arterial. O sistema, de poucas vias gera, por um lado, uma centralidade linear nas áreas próximas à Avenida e às estações da ferrovia, mas, por outro, problemas graves de mobilidade, levando a mais de 37,3% de trabalhadores a gastarem mais de uma hora e meia no deslocamento da casa ao trabalho e dificultando o acesso a qualquer equipamento público. No início do século XIX, a ferrovia (atual linha 12 – Safira da CPTM) foi um elemento de grande importância do território. Atualmente, representa de certa forma uma barreira física e visual. Seus grandes muros, impedem a passagem e a visibilidade entre seus lados. Do outro lado da ferrovia, dentro do trecho estudado, encontram-se os distritos: Jardim Helena, Jardim Maia, Jardim Noêmia, Vila Seabra e Parque Paulistano. Há ainda, situado a frente do terreno, depois da Avenida Marechal Tito, o CEU Vila Curuçá, com o qual pretende-se criar uma conexão cultural, visto que o CEU comporta hoje 659 alunos do fundamental I e II, que serão parte da demanda do Centro Artístico proposto.
Figura 35 - (Página anterior) Terreno escolhido para projeto.) Fonte: Google Earth, com intervenção da autora.
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O terreno está onde podemos chamar de meio dos bairros, e seu uso de maneira correta poderia beneficiar não só ao Itaim, mas a todos os distritos que o circundam. No presente trabalho há a compreensão da necessidade de uma intervenção que vá além dos limites do terreno, adquirindo dimensões pontuais urbanas que qualifiquem o espaço público.
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Figuras 36 e 37 – Muros e grades que dividem, segregam e impedem a visibilidade entre os lados da ferrovia. Fonte: Autora.
Segundo a prefeitura, existem ao todo quinze transposições para veículos ao longo dos quase 7 km da ferrovia dentro do perímetro da Prefeitura Regional do Itaim, sendo um, o Viaduto da China, presente no trecho de estudo ao lado do terreno. Além disso, encontramos nove passarelas para pedestres, todas em estado muito precário de utilização e localizadas em contextos de lugares perigosos, estando uma delas presente nas margens do terreno.
Figuras 38 - Passarela para pedestres as margens do terreno de estudo. Fonte: Autora.
Figuras 39 - Vista do Viaduto da China em direção as margens do terreno de estudo. Fonte: Autora.
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A região em questão está há uma distância de 40 quilômetros do centro da capital Paulista. Isso, somado a falta de planejamento do espaço e acompanhamento das políticas públicas, resultou na predominância de terrenos baratos e, consequentemente, na vinda de uma população de baixa renda para a região, caracterizada hoje como bairro periférico com o quinto pior IDH entre as prefeituras regionais da capital. Com um território bastante árido, o bairro possui baixa cobertura vegetal. Apenas 5,5 m² de cobertura vegetal por habitante, índice dez vezes menor que o do Município de São Paulo.
USO DO SOLO Na Prefeitura Regional do Itaim Paulista, o uso do solo para fins residenciais é predominante, representando 65,5 % do total da área construída. As tipologias de habitação verticais estão concentradas principalmente na parte da divisa com a Prefeitura Regional de São Miguel Paulista, próximas à área da estação da CPTM (Linha 12 – Safira), e onde se concentram os conjuntos habitacionais (CDHU) mais antigos. O tecido urbano é bastante denso, com escassez de quantidade e qualidade dos espaços livres e verdes de lazer. A visão residencial muda quando percorremos a Avenida Marechal Tito, que tem suas bordas voltadas em boa parte para comércio/serviço dos próprios moradores da região.
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Figuras 40 - Uso do solo no Itaim Paulista. Fonte: Geosampa, com intervenção da autora. Figuras 41 - Mapa de uso do solo aproximado (terreno em destaque). Fonte: Geosampa, mais intervenção da autora.
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Escolas públicas de ensino fundamental e médio nas proximidades do terreno. Demanda do equipamento.
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ESCOLA E.E Caetano Zamitti Mammana E.E Mario Kozel Filho E.E Adolpho Pluskat E.M.E.F José Honório Rodrigues
Nº ALUNOS 813 1118 211 134
Figuras 42 - Vista superior do bairro. Fonte: Google Earth, com intervenção da autora.
ESCOLA Nº ALUNOS CEU Vila Curuçá 193 E.E Profª Laurinda Rodrigues Pereira Leite 667 E.M.E.F Madre Maria Imilda 409 E.M.E.F Armando Cridey Righetti 324 MÉDIA TOTAL 3.869
Figuras 43 - Vista superior do bairro. Fonte: Google Earth, com intervenção da autora.
FLUXO MODERADO DE PEDESTRES FLUXO MODERADO DE VEÍCULOS FLUXO ALTO DE VEÍCULOS
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DIAGRAMA DE MOVIMENTO
ESTAÇÕES JARDIM HELENA E ITAIM PAULISTA (CPTM) ROTAS DE ÔNIBUS FERROVIA - LINHA 12 SAFIRA DA CPTM.
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DIAGRAMA DE TRANSPORTE
Figuras 44 - Vista superior do bairro. Fonte: Google Earth, com intervenção da autora.
Figuras 45 - Vista superior do bairro. Fonte: Google Earth, com intervenção da autora.
RIOS: ÁGUA VERMELHA E RIBEIRÃO LAJEADO ÁREA VERDE (CAMPOS DE FUTEBOL E ÁREA ALAGÁVEL DO RIO)
69 DIAGRAMA DE ÁREAS VERDES
LEGISLAÇÃO As áreas encontradas as margens da Av. Marechal Tito e da linha ferroviária, são parte do Arco Leste, sendo caracterizadas como Macroáreas destinadas a Estruturação Metropolitana, definidos pelo Plano Diretor Estratégico - PDE, Lei nº 16.050/14, onde o intuito é promover transformações estruturais no setor da orla ferroviária e fluvial. A outra parte do território faz parte da Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana. Nesta, encontram-se áreas com baixa qualidade urbana e ambiental. É caracterizada pela existência dos altos índices de vulnerabilidade social, e baixos índices de desenvolvimento humano
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Figuras 46 - Macroárea de Estruturação Metropolitana. Fonte: Plano Diretor Estratégico/2014 com intervenção da autora.
Figuras 47 e 48 - Mapa de zoneamento da Prefeitura Regional do Itaim Paulista Fonte: Plano Diretor EstratĂŠgico/2014.
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De acordo com os arquivos de zoneamento de São Paulo, aproximadamente 89% do terreno encontra-se em uma área ZEUP (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana Previsto), estando 11% em uma área demarcada como ZEIS 1. De acordo com o Plano Diretor, as ZEIS são porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação urbanística, regularização fundiária e produção de Habitações de Interesse Social – HIS e que para usufruir desta parte do terreno de aproximadamente 3.500 m² seria necessário destinar 50% para HIS, 30% para HIS ou HMP e 20% para outros usos do total de área construída computável.
DIRETRIZES Para que o projeto pudesse acontecer, seria utilizada a Transferência do Direito de Construir, que me daria a possibilidade de exercer o potencial construtivo da ZEIS 1 em outro lote, afim de manter a baixa densidade no terreno escolhido. O Estatuto da Cidade, no seu artigo 35 estabelece que esse instrumento pode ser utilizado em áreas que o Poder Público considere necessárias para a implantação de equipamentos urbanos e comunitários entre outros fins. Compreende-se que a área destinada a ZEIS 1, presentes no terreno que é objeto de estudo é insuficiente para atender as 122 famílias lá existentes, garantindo as mínimas condições de infraestrutura, salubridade e acessibilidade. Propõe-se que a área dessa ZEIS seja realocada para a mesma região, apenas duas quadras à frente, num terreno também caracterizado como ZEIS 1 com 13.092m² que atualmente apresenta ociosidade e abandono. Portanto, seria muito mais proveitoso que essa área, ao invés de continuar sendo um vazio urbano, fosse revertida para a habitação de interesse social. O projeto proposto, equipamento cultural, visaria trazer infraestrutura, olhares de investidores, lazer e cultura não só para estes moradores realocados, mas para toda a região. Com esta grande área destinada a habitação social, outras famílias em más condições de moradia poderiam ser realocadas, como exemplo, as que residem atualmente em barracos precários as márgens dos corregos do Itaim.
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Figura X - Mudança de loteamento irregular para HIS em terreno destinado a ZEI 1 Fonte: Geosampa com intervenção do autor.
Figura 49 - Realocação dos moradores em situação irregular. Fonte: Google Earth com intervenção do autor.
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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
Figura 50 - Indicação de fotos tiradas para levantamento fotográfico. Fonte: Google Earth mais int3ervenção do autor.
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Figura 51 - Avenida Marechal Tito, em direção ao supermercado.
Figura 52 - Avenida Estrela da Noite em direção a passarela existente.
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Figura 53 - Passarela e linha do trem. (Linha 12- Safira da CPTM)
Figura 54 - Vista da Passarela em direção as moradias irregulares.
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Figura 55 - Terreno.
Figura 56 - Terreno para realocação das 122 famílias em moradias irregulares.
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Figura 57 - Rua Alvarado, ao lado da ZEI.
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Figura 58 - Rua ao lado do terreno..
Figura 59 - Rua Ficheira
Figura 60 - Supermercado existente no terreno.
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Figura 61 - Avenidqa Estrela da Meia Noite, em direção ao terreno.
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Figura 62 - Entrada para as moradias irregulares.
Figura 63 - CEU Vila Curuรงa, na Avenida Marechal Tito. Figura 64 - Paredes do CEU Vila Curuรงa, pintadas por alunos.
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PROJETO
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MEMORIAL O projeto propõe a conexão entre os bairros separados pela ferrovia existente, buscando resgatar o valor do entorno e reorganizar o chão da cidade através da permeabilidade tanto visual, quanto física, impedida atualmente pelos muros que acompanham a ferrovia, dividem e segregam os bairros. A transposição da ferrovia, presente em meu projeto como barreira urbana serviria para reforçar o percurso do pedestre, estimular e potencializar o uso do equipamento artístico, uma vez que promovendo boas conexões, a sua demanda aumentaria. A partir dessas diretrizes e do contexto em que o projeto está inserido, seu partido surge com a concepção do térreo em dois níveis, sendo um deles, abaixo do nível da Avenida Marechal Tito, acessado por escadas, rampas ou elevadores, onde poderemos encontrar uma rede de comércios que poderiam servir como ponto de encontros e ativador do solo, além de um auditório com 400 lugares, que poderia ser usado não apenas pelo centro artístico mas, por toda comunidade. Este nível ainda da acesso a uma grande praça pública, onde poderiam acontecer os encontros de coletivos, shows e apresentações, oficinas sustentáveis , horta comunitária, visando atentar os moradores da região para questões ecológicas e melhorar seus hábitos no que diz respeito a natureza. A praça foi implantada tendo em vista a aridez da região e a falta de espaços de lazer. Em seu segundo térreo, estando este no mesmo nível da Avenida Marechal Tito, encontramos a parte administrativa do equipamento, junto a uma grande área de exposição e eventos.. Ambos os térreos são vedados por vidro e concreto. Acima do térreo e em três níveis, se desenvolve o programa artístico do equipamento, sendo o primeiro pavimento voltado para oficinas e estúdios, o segundo para salas de dança, música, fotografia além de um mezanino para as oficinas e o terceiro destinado a midiateca, aulas de teatro e música coletivas. Os três níveis são vedados por vidro e uma fachada microclimática que proporciona uma permeabilidade visual, conforto térmico, lumínico, além de possuírem circulação periférica, melhorando a questão acústica do edifício.
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PRIMEIRAS INVESTIGAÇÕES
Croquis - 1º semestre.
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Croquis iniciais - 1º semestre. Croqui - 1º semestre. Passarela verde - promover transposição entre os lados da ferrovia. Figuras 65 e 66 - Fotos da maquete - 1º semestre.
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DIAGRAMAS - ACESSOS E FLUXOS
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Figuras 67 - Implantação do Projeto
PERSPECTIVA EXPLODIDA COBERTURA 3º PAVIMENTO 2º PAVIMENTO 1º PAVIMENTO MEZANINO TÉRREO SUPERIOR
TÉRREO INFERIOR
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PROGRAMA
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TOTAL GERAL : 12.306m²
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MATERIALIDADE TELA TENSIONADA MICROCLIMÁTICA
CIMENTO QUEIMADO
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As fachadas microclimáticas são compostas por telas compósitas de alta tecnologia aliadas a um sistema de estrutura metálica que juntos resultam numa fachada leve e de fácil instalação. São compostas por poliéster revestido por PVC, oque agrega a ela um valor sustentável. Este tipo de fachada pode gerar ainda, inúmeros fatores de luz e sombra quando instalados juntamente a uma face envidraçada. A solução oferece conforto térmico, visual e lumínico, tendo esses sido os fatores que me levaram a escolha do material: tornar permeável a visualização para dentro do edifício e agradável a permanência nele.
ALAMBRADO GALVANIZADO - GUARDA-CORPO
ESTRUTURA METÁLICA - COBERTURA
ESCADA METÁLICA CONCRETO
Figuras 68 a 75 - Materialidade
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FACHADA - CENTRO ARTÍSTICO E CULTURAL | IMAGEM NOTURNA
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VISTA A PARTIR DO VÃO CENTRAL
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97
98
PASSARELAS E ÁTRIO CERTRAL
99
100
MEZANINO DO ESPAÃ&#x2021;O COMPARTILHADO
101
VISTA EM DIREÇÃO AO AUDITÓRIO
102
ESPAÃ&#x2021;O PARA OFICINAS
103
FACHADA VOLTADA PARA A AVENIDA MARECHAL TITO
104
VISTA EM DIREÇÃO AO AUDITÓRIO
105
VISTA A PARTIR DA PASSARELA SOBRE A FERROVIA EM DIREÇÃO AO CENTRO ARTÍSTICO
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PASSARELAS E ÁTRIO CENTRAL
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FACHADA VOLTADA PARA A AVENIDA MARECHAL TITO
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PROJETO
BIBLIOGRAFIA SPECK, Jeff. Cidade Caminhável. Edição 1.São Paulo: Perspectiva,2016. SILVA, Mariana. O espaço público na relação com o equipamento cultural. Dissertação de Mestrado - Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa: 2002. LERNER, Jaime. Acupuntura Urbama. Edição 3. Rio de Janeiro: Record, 2005. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1980. SABOYA, Renato. Transferência do direito de construir. Disponível em: < http:// urbanidades.arq.br/2008/06/transferencia-do-direito-de-construir/> KOURY, Ana Paula; CAVALLARI, Talita; Desenvolvimento urbano em áreas de fronteira: o caso do Itaim Paulista. 2017. 15F. Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. Universidade São Judas Tadeu. São Paulo, 2017. Programa de Metas Itaim Paulista. Disponível em: < https://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/gestao/arquivos/Itaim%20Paulista.pdf> Acesso em 01 MAR. 2019. MARES, R. M. A produção do espaço e a reprodução da vida na periferia pobre das cidades médias: o estudo do bairro Cruzeiro em Vitória da Conquista/BA. 2011. 150f. Monografia (Licenciatura em Geografia) Departamento de Geografia. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Vitória da Conquista, 2011. SANTOS, J; SERPA, A. A produção espacial do comércio e do serviço na periferia, 1999.Apud: SERPA, A. (Org.) Fala periferia! Uma reflexão sobre a produção do espaço periférico metropolitano. Salvador: UFBA, 2001.
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