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correio TIE1 Dezembro de 2015 Ano 0 Número 0

BASTIDORES DA RTP SURPREENDEM CURSO DE APRENDIZAGEM

Alunos do 2º ano em TÉCNICO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS do ISQ visitam em primeira-mão estúdios e museu do canal, em Lisboa Pág. 3 a 6

Nesta edição: Novo curso de Aprendizagem em Março de 2016

Intervenção nos edifícios não se limita ao departamento de Formação. Corrigir problemas causados por infiltrações e desgaste ao longo dos anos constituem as principais intervenções levadas a cabo por empresas externas e por formandos de áreas técnicas.

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Cursos de Aprendizagem: o 7-9 que é preciso? Entrevistas a formandos e ex-formandos Novos hábitos afastam os 12 público jovem das salas de cinema Escrita Criativa

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Pág. 2 e 3

OBRAS NO ISQ FORMANDOS EM CONTEXTO REAL Opinião REPORTAGEM REGRESSO AGRIDOCE À UCRÂNIA

Não às Drogas

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Violência Doméstica

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As férias de verão são sempre aguardadas com ansiedade. 13 Este é o relato na primeira pessoa de uma viagem à terra na- Corrupção no futebol tal marcada pelo sabor amargo da guerra que o resto da Eu- Crítica de Cinema: herói da 16 ropa procura esquecer. Pág. 10-12 Marvel de carne e osso


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Infiltrações foram uma das principais causas para a intervenção no edifício da Direção de Formação

Instituto de Soldadura com Qualidade Tiago Mota João Paulo O Instituto de Soldadura e Qualidade contou, desde o início do presente ano, com intervenções ao nível da manutenção dos seus edifícios. O edifício da Direção de Formação (DF) é um dos que recebeu intervenções mais profundas mas foram levadas a cabo obras de manutenção - ou seja, não se acrescentam novidades ao modelo antigo – aos restantes edifícios da empresa. Estas intervenções foram efetuadas tanto ao nível do interior como no exterior, com a finalidade de corrigir problemas causados por infiltrações e desgaste natu-

ral, ao longo dos anos. Rebu e Corrige, empresas que atuam na área da construção, especializadas em pinturas, impermeabilização e isolamento térmico; são as duas empresas externas contratadas para a realização da obra que contou diariamente com a presença de cerca de dez trabalhadores. Foram encarregues da substituição dos tetos e iluminação, pintura e cobertura exterior utilizando maquinaria Vendap (gruas e elevadores). Especificamente, na cobertura e exterior do edifício da DF foram substituídas as pedras de mármore e as juntas das mesmas, vidros e janelas. Os espaços foram pintados, os tetos substituí-

dos. No que à parte elétrica diz respeito - luzes e luminárias, calhas do chão das salas, arcondicionado e tomadas - o ISQ tomou as rédeas e conciliou mão-de-obra do próprio instituto, com a instalação de calhas elétricas nas salas de formação . A obra cumpriu o calendário e a mudança de instalações da DF foi feita a partir do passado dia 14 de Dezembro. Durante o período das intervenções, toda a DF foi deslocada do seu edifício principal, para o adjacente, intitulado Incubadora. O parque de estacionamento ficou condicionado quase na totalidade. Devido à mobilização de apenas parte dos recursos os

formandos dividiram as aulas teóricas e de laboratório entre os dois edifícios. Segundo a opinião da maioria, “os espaços onde ocorreram os módulos práticos nem sempre se encontravam sempre limpos e organizados”, no entanto, esta foi uma consequência necessária dos trabalhos a efetuar. O espaço para os utentes almoçarem também foi deslocado pois a sala destinada a refeições com as áreas maiores encerrou para manutenção. A meia hora de almoço dos formandos dos Cursos de Aprendizagem ficou assim bastante condicionada. O bar continua a funcionar no edifício da


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Formação implicando assim a deslocação dos formadores e empregados de um edifício para o outro, durante as pausas de refeição. Em suma: a mudança parcial dos recursos não facilitou a organização e o rendimento do trabalho dos colaboradores da DF. Situações incómodas mas necessárias, uma vez que a finalidade desta grande intervenção é claramente proporcionar, de agora em diante, um ambiente de trabalho e formação mais dignos a todos os utilizadores e visitantes do edifício da DF do ISQ.

As intervenções ocorreram no interior e exterior do edifício; a colocação das calhas nas salas de formação foi responsabilidade dos formandos dos cursos EFA

Do ISQ para a RTP Afonso, Alexandre, Dionísio, Dmytro, Fábio, João, Miguel, Pedro, Tiago e Vital No passado dia 29 de Setembro, os formandos do Curso de Aprendizagem em Técnico de Instalações Elétricas (TIE-1) do ISQ realizaram uma visita de estudo ao museu e estúdios da RTP, em Lisboa; no âmbito do módulo de formação sociocultural Viver em Português. A turma reuniu-se pelas 10 horas na portaria da RTP, em Chelas. A visita iniciou pelo museu na companhia da respetiva

guia e dos formadores, Lara Ramos, de Viver em Português e Nuno Santos, de Máquinas de Corrente Alternada. O museu da RTP é de acesso gratuito ao público mediante marcação prévia. O projeto visa preservar e divulgar as mais emblemáticas peças que fazem parte da história dos aparelhos de realização e receção da rádio e televisão. No seu espólio quase centenário, os visitantes podem observar a evolução destes meios de comunicação ao longo de um percurso que agrupa, por zo-

A área museológica da RTP tem mais de


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Depois da 2ª edição do curso de Aprendizagem de Eletrónica Automação e Comando foi a vez

nas expositivas distintas, aparelhos profissionais e domésticos de rádio e de televisão segundo uma lógica cronológica. “Poder ver tão de perto estas peças antigas foi o que mais me surpreendeu em toda a visita”, sublinha Alexandre Ramos, um dos formandos presentes. O registo da história e da atividade radiofónica e televisiva em Portugal fica completo no lado mais interativo do museu, onde os visitantes podem ouvir e ver algumas emissões mais marcantes, em arquivo. Os formandos do curso de TIE-1 começaram po r o bs er var um «Armário de sons» usado

nas antigas emissões de “Recordemos que, antes rádio entre os anos 30 e da era dos computado60, para simular efeitos res, os programas de rásonoros durante as radi- dio eram emitidos em dionovelas. O armário ti- reto: os atores das radionha uma porta com um novelas liam os textos e trinco, campainha, ba- ao mesmo tempo eram tente e alguns objetos simulados os sons ambiutilizados ente” – sapara reprolientou a dução do O espóleo tem o guia aos meio envolcontributo de presentes. Fernando Pessa, vente. Por Por que raMaria Leonor e exemplo, zão a RTP Pedro Moutinho, para reprotem um figuras duzir o som museu tão incontornáveis da da chuva era completo e história da rádio e utilizado um com peças saco de tão marplástico que seria ama- cantes? O espólio cresce chucado junto ao micro- diariamente graças a dofone. Pratos, talheres e a çõ es p a r t i c ula res. até um telefone seriam “Muitos aparelhos cheoutros objetos usados garam aos nossos dias para os efeitos especiais. em bom estado de con-

servação porque, ao contrário de outros países europeus, Portugal não participou na II Guerra Mundial”, explicou a guia do museu. Excelentes exemplos disto mesmo são os exemplares de uma televisão Philco Predicta, de 1958 e de um rádio Scott, de 1935. Uma grafonola 100% mecânica é outra das peças emblemáticas expostas para interação com os visitantes. Este aparelho, funciona com duríssimos discos de goma lacre ativados por meio de uma manivela. O som é controlado por meio de portas de madeira que abafam ou libertam o som dos seus altifalantes.


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A maior atração do museu é, sem dúvida, um antigo estúdio de rádio dos anos 50. A turma de Aprendizagem pôde perspetivar o ambiente radiofónico de outrora, muito antes da era dos computadores e onde o digital não passava de ficção científica. “Todos os efeitos sonoros, ou jingles, eram produzidos no próprio momento pelo locutor de rádio através deste gongo ou de um xilofone”, esclareceu a guia enquanto tocava os instrumentos. “A emissão não era programada informaticamente, como hoje em dia. A indicação da data, do início ou fim do programa e até do espaço noticioso; era efetuada desta forma manual”, remata. Outra das curiosidades era o registo das músicas tocadas diretamente na capa

do vinil. Aqui também eram assinaladas as músicas censuradas pela PIDE, proibidas de serem reproduzidas pelo seu conteúdo político ou sensual. Por oposição, do lado de fora deste estúdio, encontra-se uma mesa de mistura que simula o funcionamento de uma rádio moderna. Alguns dos alunos puderam experimentar gravando uma curta emis-

As oficinas de rádio e televisão do museu RTP proporcionaram momentos

são. “Não é tão fácil como parece”, confessa Afonso Gomes, depois de lhe faltarem as palavras ao microfone. “Ainda bem que não estava mesmo em direto!”. A parte mais emocionante e divertida da visita ao museu foi no estúdio de televisão chroma. Trata-se de uma sala inteiramente verde e muito utilizada atualmente em emissões

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televisivas pois permite a projeção de cenários reais. O apresentador fica em primeiro plano ao passo que a imagem surge virtualmente, em vídeo, na área verde da sala, em segundo plano. ``Não sabia como se fazia a magia do Harry Potter!´´, exclama Dmytro Kinal, um dos formandos que experimentou usar um grande pano verde dentro do estúdio. `` Como as paredes são verdes posso esconder parte do meu corpo com a capa e camuflar-me no cenário. É muito engraçado, funciona como o Manto da Invisibilidade do filme”, acrescenta entusiasmado. Todos os presentes passaram, um a um, por esta mágica experiência que ficou gravada para sempre num CD gentilmente cedido pelo museu da RTP.


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A segunda parte da visita desenrolou-se nos estúdios e cenários reais do canal. “Isto dava uma bela discoteca!”, sugeriu João Paulo ao aperceberse da quantidade de projetores e holofotes no teto do cenários, arrancando muitas gargalhadas a todos os presentes. O guia anuiu dizendo que um dos espaços era efetivamente palco de algumas festas institucionais da RTP. Os formandos estiveram no estúdio do programa da tarde «Agora Nós» e ainda dentro do cenário temporário onde seria posteriormente emitido o «Especial Eleições Legislativas 2015», com José Rodrigues dos Santos.

“Afinal é tudo bem mais pequeno do que parece na televisão. Até os livros das prateleiras são falsos, são de cartão”, obser vou admirado Afonso Gomes. “Nesta área trabalham dezenas de pessoas, não são apenas jornalistas. Para

montar todas estas estruturas são necessários carpinteiros, eletricistas e até informáticos” - esclareceu o guia. “ Quem sabe se não podem vir a trabalhar aqui no futuro? Temos muitos colaboradores da área da eletricidade que nos veem soli-

A turma visitou a RTP em vésperas do lançamento do novo canal de Informação RTP3

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citar estágio. Temos as portas abertas para vocês - sugeriu. A visita não ficou completa sem uma breve passagem pelo estúdio principal da RTP, concebido num open space com 1200 metros quadrados de área, onde são gravados diariamente os conteúdos informativos da RTP1, RTP2 e, a mais recente, RTP3. “ A experiencia foi memorável para mim”, refere Fábio Pereira. “É sem dúvida, uma visita a repetir pelos colegas das próximas turmas de Aprendizagem”, acrescenta Pedro Peixoto. “Agora ligamos a televisão e podemos dizer: - mãe eu estive ali!”.

ISQ conta com novo Curso de Aprendizagem Dionísio Marinho Está previsto em Março de 2016 o início de um novo curso de Aprendizagem no Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), em “Técnico de Eletrónica e Telecomunicações”. Este novo curso tem como objetivo tornar aptos os formandos a efetuarem instalações, manutenção e reparação de equipamentos e de sistemas de eletrónica e

telecomunicações, assegurando a otimização do seu funcionamento e respeitando as normas de segurança de pessoas e equipamentos. Os destinatários deste tipo de cursos são jovens com idade até aos 23 anos e com o 9º ano de escolaridade ou ensino secundário incompleto. Atualmente estão a decorrer três cursos de Aprendizagem no polo de Formação do ISQ: na

reta final, a segunda edição do Curso de Eletrónica, Automação e Comando; e o primeiro e segundo anos do Curso de Técnico de Instalações Elétricas. Segundo Anabela Viegas, uma das técnicas atualmente responsáveis por este tipo de cursos, “as turmas têm sempre de iniciar com um mínimo de 20 alunos”. Os interessados neste e em outros cursos de formação do ISQ podem

consultar o catálogo e efetuar inscrições em w w w. i s q . p t / formacao/catalogo/.

Os cursos de Aprendizagem são uma excelente alternativa à conclusão dos estudos


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Cursos de Aprendizagem Força de vontade, fé e muito trabalho Miguel Ferreira Os Cursos de Aprendizagem estão direcionados para jovens até aos 24 anos com o 9º ano de escolaridade e sem o ensino secundário. Estes cursos têm uma duração aproximada de 3 anos e conferem uma certificação profissional e escolar ao nível do 12ºano (Nível IV). Neste tipo de cursos, os formandos terão de passar por 3 períodos de estágio que decorrerão de forma intercalada ao longo de cada ano escolar e que serão todos eles de duração progressivamente superior. A componente de Formação Prática em Contexto de Trabalho (estágio) visa desenvolver novas competências e consolidar as adquiridas em contexto de formação, através da realização de atividades essenciais ao exercício profissional, bem como facilitar a futura (re)inserção profissional.

A segunda edição do curso de Eletrónica, Automação e Comando iniciou em 2013 e está na reta final

motivações, dificuldades madores? Estás a gose o que representa este tar? tipo de cursos para o seu ÂS: Sim foi a área que escofuturo. lhi mas, como em tudo na vida, há sempre algo que não gostamos; assim como as matérias, algumas gostamos e outras não. O mesmo acontece com os formadores: há sempre os que não se explicam tão bem ou não se dão a entender… . Mas também Ângelo Santos, 20 anos confesso: posso sempre estu(AUT2) - 3ºano dar mais (risos).

CTIE1: Já estás no 3º CTIE1: Agora que esFomos falar com alguns ano. O que tens acha- tas na reta final, que antigos e atuais formando do curso e dos fordos e perceber as suas

conselho dás aos teus colegas mais novos? ÂS: Que tenham força de vontade, fé e que trabalhem muito para acabarem o curso.

Fábio Pereira, 22 anos (TIE1) - 2º ano


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CTIE1: Sentes-te motivado nesta formação? FP: Atualmente não.

CTIE1: Porque é que estás desmotivado? FP: Estou desmotivado porque há cada vez menos pessoas no curso, a bolsa é muito pequena e não pagam o subsídio de férias. Por outro lado, não gosto do edifício onde estamos agora. Felizmente já regressámos às antigas instalações. Acho que temos pouco tempo de almoço por isso é difícil fazer uma pausa.

CTIE1: Ao serem poucas pessoas como ficas nas aulas? FP: Sinto-me triste porque vejo os colegas a ir embora e também porque… não há “gajas” boas! (risos)

CTIE1: Achas injusto o valor da bolsa? FP: Sim, na realidade, acho que este curso deveria ser encarado como um trabalho até porque acabamos por estar efetivamente a trabalhar quando estamos a estagiar nas empresas.

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CTIE1: O que é que achas do edifício novo? FP: Preferia o outro edifício onde estávamos antes mas, estava velho e precisava de remodelações. Fomos transferidos para outro edifício que tem uma sala menos confortável, não tem bar, também não tem refeitório e, quanto a mim, não tem tomadas na sala suficientes. Mas, felizmente, esta foi uma situação temporária e já nos mudámos definitivamente.

Úmaro Baldé, XX anos (TIE1 - ex-formando)

CTIE1: Desististe do curso a meio do teu segundo ano. Qual era o teu objetivo aqui? ÚB: Queria completar o 12º ano e arranjar emprego aqui em Portugal mas, agora as coisas ficaram difíceis e tive que tomar esta pesada decisão.

CTIE1: Custou-te deixar o curso a meio? ÚB: Sim, bastante. Não

Afonso Gomes com o ex-colega Úmaro Baldé, à direita, obrigado a desistir do curso por motivos pessoais

queria mesmo deixar o curso.

ÚB: Sim.

CTIE1: Porque é que CTIE1: Pensas um desististe em concreto? dia voltar a estudar? ÚB: A decisão foi difícil, vou ser pai como sabes, a minha família já não vive cá e praticamente sou obrigado a mudar de país para assegurar o futuro do meu filho mas, apesar de emigrar, sei que vou continuar a ter uma vida instável.

ÚB: Sim, queria muito. Mas só quando tiver uma vida mais estável.

CTIE1: Que recordações guardas da tua passagem pelo curso?

ÚB: Foi muito bom estar no curso, aprendi muito enCTIE1: Foste viver para quanto lá estive. A turma onde? era boa, dávamo-nos muito ÚB: Para a Áustria. bem apesar de sermos tão diferentes e não, não queria CTIE1: Tens algum em- ter desistido. Desejo muita sorte a todos. prego à espera?

Uma mensagem a todos os formandos:

CTIE1: Porque é que achas que deverias receber subsídio de férias? Faz-te falta? FP: Não me faz falta, simplesmente acho que deveria ser como numa empresa.

Motivem-se. Só iremos piorar a nossa situação fazendo com que continuemos a não conseguir nada na nossa vida. A única coisa que vamos conseguir é continuar desmotivados. Há sempre as questões pessoais que pesam. Mas, independentemente de tudo, ficar desmotivado piora a forma em como nos iremos sentir durante o curso. Devemos pensar que tudo isto seve para melhorar as nossas vida. Basta termos força de vontade.


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Reportagem Ucrânia: Tão perto e tão longe da Europa Dmytro Kinal Objetivo da viagem: visitar a família em Ternopil. Não confundir com Chernobil! Saímos de Portugal a 1 de Agosto em direção à Ucrânia. Pelo caminho passámos pela Espanha, França, Alemanha e Polónia. A viagem demorou três dias. Gostei de passar pelo centro da Europa mas estava ansioso pelo fim da viagem: a chegada à terra natal. Estas foram as minhas férias de verão: um reencontro com as minhas raízes. Dois anos de saudades. Os “amigos” também não foram esquecidos: nas primeiras duas semanas ainda nos falávamos. Foi estranho voltar à aldeia. No início era maçador, os dias todos iguais quase sempre passados em casa. Ainda chegámos a ir passear ao parque da cidade e às discotecas, tal como faço em Portugal. Aqui, a primeira multa de mota porque ultrapassei os 50 km/h! Um belo dia, houve um desentendimento com a namorada do melhor amigo. Amizades desfeitas, começam as saudades de Portugal… .

Estava na hora de ir a Donetsk do lado oposto da Ucrânia, quase na fronteira com a Rússia. Sente-se a ocupação dos soviéticos em todo o lado. A visita ao meu pai biológico não correu bem. Reagiu mal quando me viu pela primeira vez e não quis explicar porque é que me abandonou com a minha mãe. Fiquei a saber que tenho mais dois irmãos: um é mais velho e já é casado com dois filhos, outro ainda só tem cinco anos. Fomos visitar ambos. Foi engraçado saber que já sou tio. Momentos felizes mas que não duraram muito tempo. Na família temos uma

situação muito triste porque o meu primo foi mandado para a guerra e dois amigos da mesma aldeia também. O recrutamento na Ucrânia é obrigatório e quem não cumprir o destacamento acaba a vida na prisão

por ordem do governo. A questão da Europa versus Rússia está longe de estar sanada: um país dividido entre os próEuropa e pró-Russia que continua a ceifar vidas todos os dias. No dia 20 de Setembro telefonaram

“o meu primo foi mandado para a guerra e dois amigos da mesma aldeia também. O recrutamento militar na Ucrânia é obrigatório“


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da Ucrânia com más notícias: um dos amigos da família morrera na guerra. Dois meses de destacamento bastaram. Esperemos que a guerra acabe depressa porque as pessoas estão a morrer por culpa do presidente. Agora o dinheiro é que manda no mundo. Diferenças ente Portugal e a Ucrânia? Cá em Portugal não há lixo nas ruas e os polícias, na maioria, são bastante atléticos. Sim, atléticos. Na Ucrânia não existe a palavra desporto entre as autoridades: só latas de cerveja e donuts, e passam o dia sentados em cima do capô dos carros patrulha. As regras na Ucrânia são muito diferentes. Em Portugal as

pessoas são cumpridoras, ao passo que, na Ucrânia, estacionam onde querem e não cumprem regras básicas de trânsito, tais como, respeitar semáforos e passadeiras. Lá, ninguém se parece importar. Os próprios polícias bebem tudo o que é passível de ser bebido e quando lhes apetece, mesmo em serviço. As estradas são outro problema: estão cheias de buracos. No ano passado o carro do meu pai chegou a perder uma roda: estava com pressa e entrou num buraco que tinha uns 40 cm! Em Portugal as regras são para todos e todos as respeitam. As estradas são lisas e não há buracos. Não há como os da

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Ucrânia, acreditem. Os jardins são limpos, não têm lixo e todos se respeitam uns aos outros. Até a polícia ucraniana nos mandou parar - por termos matrícula portuguesa - e pediram-nos dinheiro. A vida aqui em Portugal é muito mais calma e ninguém faz mal a ninguém. Regressámos da Ucrânia no dia 15 de Setembro: para trás ficaram a família e os amigos. No entanto, estava particularmente feliz por sair de lá e voltar. No longo regresso uma paragem em Paris para visitar um primo da parte do meu “verdadeiro” pai.

de Setembro, à meianoite. Acabaram-se as férias. Era sábado mas a escola Ucraniana não dá tréguas e na segundafeira o Curso de Aprendizagem. De recordação trago comigo a Ucrânia que vi. Desde o começo da guerra que nada se alterou e continuam a morrer pessoas todos os dias. Na parte oeste está tudo calmo, em Kiev, na parte central ou enclaves estão a lutar contra as próprias autoridades: querem mudar as regras e o trabalho mas, só querem dinheiro e não fazem quase nada por isso. Não cumprem a lei, bebem e fazem que querem. Algo tem de mudar.

Três dias de viagem depois chegámos finalmente a Portugal, no dia 18 A Ucrânia quer entrar para a União Europeia, mas para isso tem de cumprir uma série de regras e sinto que não vai conseguir. A pobreza, a cultura, os salário muito baixos. A Ucrânia só vai entrar na Europa quando mudar de dentro para fora e isso só acontecerá quando mudarem o presidente. As promessas de mudanças foram muitas mas nada mudou. E agora são muitos mais a fugir da Ucrânia porque a partir dos 20 anos são obrigados a ir para a guerra.

A cidade de Ternopil, nas margens do rio Seret, é umas das mais importantes no lado ocidental da Ucrânia. Em 2010, a população era de 218 641 habitantes.

Por enquanto, está tudo bem com o resto da fa-


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mília. Espero bem que ele regresse vivo. A guerra não é brincadeira. Todos dizem de forma valente que vão combater se acontecer algo mas, na realidade, fogem. A guerra é o pior o que pode acontecer a um pais.

A popularidade do presidente da Ucrânia Petro Poroshenko está em queda. Tem recebido algumas críticas por parte de opositores e antigos aliados pela lentidão nas reformas e na gestão do conflito no leste.

Pirataria afasta formandos dos cinemas Pedro Peixoto Os hábitos de cinema dos formandos frequentadores dos cursos de aprendizagem do ISQ são bastante diversos. A tendência vai ao encontro dos números nacionais . Apesar de, nos últimos anos, a crise ter afetado o número de espectadores nas salas de cinema; no primeiro trimestre deste ano, o número voltou a crescer. Segundo o Instituto do Cinema e Audiovisual, registou-se um aumento de 2,9 milhões de euros e cerca de 574.000 espectadores nas salas de cinema, comparando com o mesmo período de 2014.

Instalações Elétricas do 2º ano, do curso de Aprendizagem, revelou que os formandos vão, em média, três vezes ao ano. “Prefiro ver através da internet para não gastar dinheiro” é a razão mais apontada pelos inquiridos. No entanto, João Paulo foge à regra, “gosto muito da experiência de ir ao cinema, por isso vou em média três vezes por mês”, refere.

A pirataria é um dos principais motivos para afastar os espectadores das salas de cinema. São exemplo os sítios TOPPT— que possibilita ver filmes e fazer downloads—ou o WAREZTUGA, o maior site português de pirataria que acabou por fechar sem aviso Numa sondagem feita prévio O que poderá ser no âmbito da turma de

feito para mudar estes hábitos? Algumas empresas tais como a NOS LUSOMUNDO – o principal importador de filmes em Portugal - já faz alguns pacotes económicos para famílias. A empresa líder de mercado, é responsável pela gestão de 214 salas de cinema e foi precursora no processo de digitalização da indústria cinematográfica e introdução de plataformas digitais de distribuição de conteúdos e 3D digital no cinema em Portugal e na Europa. Outras salas de cinema portuguesa contam também com uma nova tecnologia chamada IMAX. . Imagem Maximum, ou IMAX, é um formato de filme que tem uma capacidade de mostrar imagens muito maiores em tamanho e

em resolução do que os sistemas convencionais de exibição de filmes. O ecrã tem em media cerca de 22 metros de largura e 16 metros de altura. Em Lisboa, já podemos encontrar esta tecnologia nos Cinemas do Centro Colombo ou em Alvalade.

As salas de cinema aderiram às novas tecnologias para tornar a experiência cinematográfica mais real


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danças nos padrões de consumo.

Opinião Drogas? Diz não!

por Alexandre Ramos

vividas. Surgem as curiosidades, os questionamentos, há vontade de conhecer, de experimentar «o novo» mesmo sabendo dos riscos e um sentimento de ser capaz de tomar as suas próprias decisões.

Entende-se que a adolescência é uma fase conflituosa da vida devido às transformações biológicas e psicológicas

Surgem as drogas. Hoje em dia são cada vez menos os que consomem só um tipo. A ligação da droga ao consumo em festas está a levar a mu-

Os adolescentes começam a querer experimentar de tudo, entre os 13 e 14 anos, principalmente os de classe média, nas discotecas, nas festas de amigos e nas ruas ou bairros sociais. Os impactos? Começam por faltar à escola, a perder o interesse por estudar pois só pensam em matar o vício. Mudam de comportamento. Começam a querer roubar lojas e a própria família. Vendem os seus perten-

ces e o dos seus familiares. Na melhor das hipóteses, acabam num colégio interno ou, no pior cenário, ser presos ou até morrer. Não concordo com as drogas e não consumo porque ficamos viciados, podemos ficar dependentes de vários tipos de drogas, apanhar doenças e destruir o nosso futuro. E todas elas são viciantes. Todas.

O Silêncio dos Inocentes

por Afonso Gomes

mulher para mulher, de homem para mulher, de mulher para homem ou até entre pais e filhos! No entanto, a mulher continua a ser, na maioria das vezes, a principal vítima. Segundo o jornal Correio da Manhã de 25 de Janeiro de 2015 “o ano de 2014 fica marcado pela morte de 42 mulheres em ambiente doméstico. Destas, 35 morreram às mãos dos atuais ou ex-maridos, companheiros ou namorados. As outras sete mulheres foram também assassinadas em ambiente doméstico, mas pelo pai, tio ou sogro”.

Violência Doméstica. Já algum tempo que estas duas palavras aterrorizam centenas e centenas de casas e infelizmente em muitas delas a vitima nem chega a ser aterrorizada: é espancada até à morte. Já a maior parte sofre em silêncio com medo de denunciar o agressor. A violência doméstica pode ser cometida física As estatísticas de 2014 e psicologicamente, de indicam que, em média, homem para homem, de morreram quatro mulhe-

res por mês durante o ano, à percentagem de uma por semana. No domicílio em que estão presentes este tipo de crimes, normalmente existem problemas de álcool, drogas, stress ou desequilíbrio financeiro. Casos há em que se conjugam vários fatores e despertam-se facilmente

acessos de raiva. Julgo que a violência nunca foi a forma certa de resolver qualquer problema e que essas pessoas—vítimas e agressores- devem procurar urgentemente a ajuda profissional. Não fiques em silêncio. Pode matar-te.


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Crónica Desportiva Limpinho, limpinho, limpinho Vital Gomes A corrupção no futebol tornou-se como um cancro: combate-se de um lado aparece no outro e Portugal não foge à regra, aliás, quem não se lembra do famoso caso Apito Dourado envolvendo presidentes de vários clubes? Dentre o mais conhecido, Pinto da Costa? Hoje em dia a corrupção atinge grande parte do futebol mundial e longe vão os tempos em que se jogava limpinho limpinho, limpinho. Quem pensava que a crise poderia atenuar um pouco a corrupção, engane-se, pois os clubes com uma maior capacidade financeira acabam por jogar com a crise. Os clubes pequenos vivem no limite das suas possibilidades e é aí que entram os chamados “clubes grandes” com as suas artimanhas, emprestando uns quantos jogadores que depois não podem jogar futuramente contra eles. Temos o caso do Carlos Martins que, emprestado pelo Benfica ao Belenenses, nunca jogava contra o ex-Benfica, causando assim alguma indignação entre os adep-

tos do Belém e não só. Como tudo na vida, ninguém empresta ou dá nada a ninguém sem querer alguma coisa em troca. Os chamados “clubes pequenos” em dificuldades financeiras têm como único objetivo a autossustentação e a permanência na primeira liga de futebol. Como sabem, basta um determinado número de pontos para a permanência e os bons jogadores são sempre bem-vindos; se isso implicar entregar um jogo a «um grande» para poder obter bons jogadores e dessa forma construir uma equipa sólida para subsistirem na

primeira liga, então não hesitam. Como se costuma dizer mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. Esta é uma das formas mais simples de corrupção no nosso país, outra das formas é o aliciamento de jogadores e treinadores de clubes rivais, com salários milionários, de forma a enfraquecer o rival em termos humanos e psíquicos. Como esquecer o mais recente caso Jorge Jesus no Sporting? A Federbet é uma organização Belga sem fins lucrativos que tem atualmente como missão monitorizar o mercado das

apostas. De resto, os casos de corrupção são investigados pelos órgãos de cada país transgressor. E os casos sucedemse. Recentemente o departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou nove dirigentes de associação criminosa. Em causa estavam subornos na ordem dos 140 milhões de euros. O futebol deve projetar valores como o desportivismo, a justiça e a verdade. A luta tem sido árdua com o único objetivo de trazer a verdade desportiva e pôr fim a corrupção no futebol mundial.


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Escrita Criativa

O

lhou durante alguns minutos para o rosto da rapariga que estava com uma expressão bastante curiosa. Os raios solares já não batiam no copo de vidro que tinha sumo de limão com aroma a hortelã; o gelo derretera durante a troca de olhares penetrante. De repente, sem muitas hesitações, cai uma lágrima do canto do olho do rapaz. A lágrima serpeia nas olheiras e escorre pela bochecha, desaguando no maxilar inferior. Já pareciam ter passado alguns meses mas o rapaz queria que a rapariga fosse a primeira a falar com aquela voz doce e amarga, rouca mas firme, e com pausas delicadas a cada frase. Então a rapariga finalmente afirma:

mente. Podes confiar em fosse uma lua de mel, e correu loucamente pela mim? areia em direção à beiraO céu perdera a cor cemar. Pousou-a na areia e lestial, a lua já espreita a disse: esplanada, as estrelas acompanham a lua co- - Não te quero magoar. Há sempre solução para mo se fossem segui-la. tudo e, neste caso, existe. - A rapariga com um pé Só preciso da tua confiatrás na conversa resança. ponde: Ao dizer estas palavras - Sim… ! mergulhou no mar escu- Então deixa-me mos- ro e frio, mas calmo. Pastrar-te o meu mundo! - sado uns segundos, notaexclamou o rapaz deve- se uma pequena agitação ras contente. na água e emerge o rapaz O rapaz pegou na rapa- de maneira diferente do riga ao colo, como se que a rapariga conhecia.

Estava em tronco nu, cada músculo da cintura para cima estava definido porém, da cintura para baixo não era humano: tinha uma cauda comprida com escamas brilhantes que brilhavam ainda mais com a luz da lua e, no fim, uma linda barbatana que parecia desenhada. Tímido o rapaz diz-lhe: - Aceitas-me e vives comigo? Afonso Gomes

Foz do Lizando, Ericeira

- Eu ficava o dia todo a viajar nos teus olhos mas, para isso, terás de me dizer o teu segredo. O rapaz esboçou um sorriso de confiança e questiona: - Depois tudo o que já passámos, as voltas ao mundo que dei, confias em mim? Sei que ainda mal nos conhecemos mas a chama que nos junta está cada vez mais forte e esse teu sexto sentido não

Conheci-o quando me deparei com ele. Vinha de longe, agitado e confuso, de uma devasta tempestade no céu nublado. Apesar de gostar da exibição amarga das suas ondas a rebentarem na costa, este acalma-me. Aquela agitação na água prega sustos e medos aos desconhecidos mas, torna-se belo ao lado da traição e tristeza, liberta algumas mágoas e expande a inspiração porque ele torna-se único e um só. Apenas o Mar.

João Paulo R.


Crítica de Cinema O Homem Formiga

Fábio Pereira Estreou no passado mês em Julho O Homem formiga ou Ant-man na versão original.

que pretende remediar a vida para poder reconquistar a sua filha, é convencido por um cientista a torna-se num superherói graças à fórmula secreta que lhe permite tornar-se no homem formiga, aumentando e diminuindo de tamanho quando quer. Este filme faz parte do universo Marvel, onde que as bandas desenhadas ganham vida no ecrã.

Durante a segunda guerra, um cientista descobre uma fórmula para encolher tornando-se um soldado imparável. Já no A película é produzida séc. XXI um ex-recluso, por Peyton Reed, mais

reconhecido nos filmes de comédia do que por filmes de ação. Por exemplo, Yes man tem o seu cunho. Em histórias cheias de ação e aventura onde monstra vários efeitos especiais, o produtor conta também com a ajuda de Stan Lee o famoso escritor de banda desenhada notório por criar as personagens da Marvel mais queridas do público, tais como, Homem Aranha, Quarteto Fantástico, Thor, entre outros. Para os amantes das histórias da Marvel, este é um filme a não perder!

A não perder também, estreada em Outubro a comédia, O estagiário, com Anne Hathaway, Robert De Niro, Drena De Niro e Rene Russo; e o thriller Black Mass, Jogo Sujo, com Kevin Bacon.

The Antman chegou aos cinemas no verão

Ficha Técnica Redação: Formandos do Curso de Aprendizagem em Técnico de Instalações Elétricas (1ª edição) - Afonso Gomes, Alexandre Ramos, Dionísio Marinho, Dmytro Kinal, Fábio Pereira, João Fernandes, Miguel Ferreira, Pedro Peixoto, Tiago Mota e Vital Gomes Edição: Lara Ramos Coordenação Técnica: Anabela Viegas Coordenação Pedagógica: Marina Batista Impressão: Vítor Nogueira


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