DESIGN DE PRODUTO BASEADO NOS PRINCÍPIOS DA ERGONOMIA - ESTUDO DE CASO: BANCO DE BATERISTA

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FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E ARTES DE LIMEIRA DESIGN – PROJETO DE PRODUTO

DESIGN DE PRODUTO BASEADO NOS PRINCÍPIOS DA ERGONOMIA ESTUDO DE CASO: BANCO DE BATERISTA

Italo Picolomini Limeira - SP 2011


Italo Picolomini

DESIGN DE PRODUTO BASEADO NOS PRINCÍPIOS DA ERGONOMIA ESTUDO DE CASO: BANCO DE BATERISTA

Monografia apresentada à Faculdade de Administração e Artes de Limeira – FAAL, como requisito ao Trabalho de Graduação do Curso de Design de Produto. Orientador: Prof. Msc. Marcos Antonio Serafim Co-orientador: Prof. Mcs. Anderson Ricardo Bortolin Habilitação: Design de Produto

Limeira - SP 2011


FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E ARTES DE LIMEIRA DESIGN – PROJETO DE PRODUTO

ITALO PICOLOMINI

DESIGN DE PRODUTO BASEADO NOS PRINCÍPIOS DA ERGONOMIA ESTUDO DE CASO: BANCO DE BATERISTA

Monografia defendida e julgada em: ____/____/____ perante a COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Msc. Marcos Antonio Serafim - Orientador FAAL

Prof. Mcs. Anderson Ricardo Bortolin – Co-orientador FAAL

Prof. Mcs. Tomas Guner Sniker - Coordenador FAAL


Dedico este projeto aos meus pais, Ricardo e Zuleide, que sempre me incentivaram a buscar meus objetivos, aos meus irm達os, Erik, Pauline e Magali, pelo companheirismo e dedica巽達o. Aos meus orientadores Professores Mestre Marcos Antonio Serafim e ao Professor Mestre Anderson Bortolin, pelo apoio e compreens達o.


Agradeço aos meus mestres, pela paciência que compartilhou seus conhecimentos, aos meus amigos de classe, que contribuíram muito para meu aprendizado e crescimento e em especial aos mais chegados, Tiago Sanches, Rodolfo Perez, Davi Reis, Alex Takeshi, Carlos Kenji e as amáveis Tati Marques, Aline Picelli e Sandra Alves, pela amizade sincera que cultivamos nessa trajetória e a todos que direta ou indiretamente, torceram pelo meu sucesso nesta nova fase da minha vida. E acima de tudo, um muito OBRIGADO a DEUS, pela vida, saúde, força, ânimo, esperança, pela coragem de começar mais um desafio e pelo objetivo alcançado. TUDO DEUS!!!


“No que diz respeito ao desempenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem-feita, ou não faz.” (Airton Senna)

“Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir” (Steve Jobs)


SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .................................................................................. VI LISTA DE TABELAS ................................................................................ VIII RESUMO ................................................................................................ IX ABSTRACT ............................................................................................... X INTRODUÇÃO ....................................................................................... 11 1 INSTRUMENTOS MUSICAIS – ALGUNS APONTAMENTOS ................. 15 1.1

DEFINIÇÃO ................................................................................................................................ 15

1.2

PRINCÍPIOS GERAIS ................................................................................................................... 16

1.3

ORIGEM..................................................................................................................................... 17

1.4

CLASSIFICAÇÃO ......................................................................................................................... 17

2 BATERIA .......................................................................................... 32 2.1

DEFINIÇÃO ................................................................................................................................ 32

2.2

ORIGEM..................................................................................................................................... 32

2.3

COMPOSIÇÃO DA BATERIA........................................................................................................ 33

2.4

O MÚSICO ................................................................................................................................. 41

3 OBJETO DE ESTUDO ......................................................................... 42 3.1

ANÁLISE DE SIMILARES .............................................................................................................. 42

4 ANÁLISE FINAL E COMPLEMENTAR DE SIMILARES ........................... 45 5 ERGONOMIA ................................................................................... 48 5.1

ERGONOMIA DO PRODUTO ...................................................................................................... 51

5.2

ANTROPOMETRIA ..................................................................................................................... 51 5.2.1 5.2.2

5.3

ANTROPOMETRIA ESTÁTICA ...........................................................................................................52 ANTROPOMETRIA DINÂMICA .........................................................................................................53

PROBLEMA DO ASSENTO .......................................................................................................... 54

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5.3.1 5.3.2 5.3.3

SUPORTE PARA O PESO DO CORPO.................................................................................................55 CONFORTO NO ASSENTO ................................................................................................................56 DIMENSIONAMENTO DE ASSENTOS................................................................................................59

6 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ................................................. 60 6.1

ANÁLISE DO PROBLEMA DE DESIGN .......................................................................................... 61 6.1.1 6.1.2 6.1.3 6.1.4 6.1.5

6.2

ANÁLISE DA NECESSIDADE E RELAÇÃO SOCIAL ...............................................................................62 ANÁLISE DAS FUNÇÕES ...................................................................................................................65 ANÁLISE ESTRUTURAL .....................................................................................................................65 ANÁLISE DA CONFIGURAÇÃO ..........................................................................................................65 ANÁLISE DOS MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO ...............................................................67

GERAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE DESIGN ................................................................................ 68 6.2.1 6.2.2 6.2.3 6.2.4

PROPOSTA 01 ..................................................................................................................................70 PROPOSTA 02 ..................................................................................................................................71 PROPOSTA 03 ..................................................................................................................................72 PROPOSTA 04 ..................................................................................................................................73

6.3

AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE DESIGN ............................................................................. 74

6.4

REALIZAÇÃO DA SOLUÇÃO DE DESIGN ...................................................................................... 76 6.4.1 6.4.2 6.4.3 6.4.4

ESTRUTURA DO BANCO DE BATERISTA ...........................................................................................76 DESENHOS TÉCNICOS ......................................................................................................................76 DESENHOS DE REPRESENTAÇÃO (RENDERINGS) .............................................................................78 REGISTRO DO DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO .......................................................................82

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 89 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 90 ICONOGRAFIA DAS FIGURAS .................................................................................................................. 91 ANEXOS ................................................................................................................................................. 92

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Componentes da Bateria – Fonte: forum.batera.com.br .......................................................... 13 Figura 2 - Instrumentos de arco – Fonte: casadeiinstrumentos.com.br .................................................... 19 Figura 3 - Instrumentos de corda dedilhada –Fonte: allairsantanna.blogspot.com .................................. 21 Figura 4 – Piano – Fonte: synthesizerkeyboardss.com .............................................................................. 22 Figura 5 - Flauta transversa – Aerófono – Fonte: www.izzomusical.com.br .............................................. 23 Figura 6 - Aerófonos de palheta – Fonte: brasil.abatata.com.br ............................................................... 24 Figura 7 - Aerófonos de embocadura - dupiston.wordpress.com ............................................................. 25 Figura 8 - Órgão de tubo – Fonte: cafehistoria.ning.com .......................................................................... 26 Figura 9 - Instrumentos idiófonos – Fonte: artcelsior.blogspot.com ......................................................... 28 Figura 10 - Instrumentos idiófonos percutidos c/ baqueta – Fonte: www.music123.com ........................ 29 Figura 11 - Instrumentos de percussão – membranófonos – Fonte: www.musicalgrellmann.com.br ...... 31 Figura 12 – Caixa – Fonte: www.bateraclube.com.br ................................................................................ 34 Figura 13 – Bumbo – Fonte: www.bateraclube.com.br ............................................................................. 35 Figura 14 – Tons – Fonte: www.bateraclube.com.br ................................................................................. 35 Figura 15 – Surdo – Fonte: www.bateraclube.com.br ............................................................................... 36 Figura 16 – Chimbal (Hit-hat) – Fonte: www.musicpower.com ................................................................. 37 Figura 17 – Condução (Ride) – Fonte: www.musicpower.com .................................................................. 38 Figura 18 – Ataque – Crash – Fonte: www.musicpower.com .................................................................... 39 Figura 19 – Splash – Fonte: www.musicpower.com .................................................................................. 39 Figura 20 – China – Fonte: www.musicpower.com ................................................................................... 40 Figura 21 - Posições do assento – Fonte: Pride Music ............................................................................... 45 Figura 22 - Encosto do banco – Fonte: Pride Music ................................................................................... 46 Figura 23 - Detalhe fixação encosto – Fonte: Pride Music ......................................................................... 46 Figura 24 - Segunda guerra mundial - aparatos bélicos - Fonte: Gomes, 2003.......................................... 48 Figura 25 - Medidas Antropométrica Estática – Fonte: Iida, 2005 ............................................................. 53 Figura 26 - Tuberosidades isquiáticas –Fonte: Iida, 2005 .......................................................................... 55 Figura 27 - Distribuição de pressões – Fonte: Iida, 2005 ........................................................................... 56 Figura 28 - Principais problemas provocados por erros no dimensionamento assentos .......................... 58 Figura 29 - Banco HT-730 – Fonte: tama.com ............................................................................................ 66 Figura 30 – Bancos motos custom – Fonte: Do Autor ................................................................................ 68 Figura 31 - Primeiros Esboços – Fonte: Do Autor ....................................................................................... 69 Figura 32 - Proposta 01 – Fonte: Do Autor................................................................................................. 70 Figura 33 - Proposta 02 – Fonte: Do Autor................................................................................................. 71 Figura 34 - Proposta 03 – Fonte: Do Autor................................................................................................. 72 Figura 35 - Proposta 04 – Fonte: Do Autor................................................................................................. 73

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Figura 36 – Modelo (Alternativa escolhida) – Fonte: Do Autor ................................................................. 75 Figura 37 – Estrutura do banco de baterista – Fonte: Do Autor ................................................................ 77 Figura 38 – Modelo c/ encosto – Fonte: Do Autor ..................................................................................... 78 Figura 39 – Modelo com encosto em ambiente real – Fonte: Do Autor .................................................... 79 Figura 40 – Modelo sem encosto – Fonte: Do Autor ................................................................................. 80 Figura 41 – Modelo s/ encosto em ambiente real – Fonte: Do Autor........................................................ 81 Figura 42 – Corte da base do assento – Fonte: Do Autor........................................................................... 82 Figura 43 – Buchas para fixação do suporte – Fonte: Do Autor ................................................................. 83 Figura 44 – Suporte fixado – Fonte: Do Autor............................................................................................ 83 Figura 45 – Espuma modelada – Fonte: Do Autor ..................................................................................... 84 Figura 46 – Courvin com cavidades – Fonte: Do Autor .............................................................................. 85 Figura 47 - Courvin liso – Fonte: Do Autor ................................................................................................. 85 Figura 48 – Detalhe do revestimento – Fonte: Do Autor ........................................................................... 86 Figura 49 – Revestimento inferior do assento – Fonte: Do Autor.............................................................. 86 Figura 50 – Detalhe da cavidade para alívio da coluna – Fonte: Do Autor ................................................ 87 Figura 51 - Detalhe lateral do assento – Fonte: Do Autor .......................................................................... 87 Figura 52 - Detalhe frontal do assento – Fonte: Do Autor ......................................................................... 88

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Análise de Similares ................................................................................................................... 43 Tabela 2 - Análise de Similares ................................................................................................................... 44 Tabela 3 – Resultados Pesquisa com usuários ........................................................................................... 62

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Estudos indicam que bateristas sofrem muito com problemas na coluna, devido ao esforço repetitivo no mesmo lugar e na mesma posição, um bom banco é de primordial importância, pois futuramente o baterista poderá adquirir doenças e problemas na coluna que com certeza pode até fazê-lo parar de tocar o instrumento. Neste trabalho aplicaram-se estudos bibliográficos referentes à ergonomia e antropometria, também foi realizada pesquisa com usuários a fim de conhecer e entender sua relação com o banco de baterista, assim como identificar suas reais necessidades. Foi projetado e desenvolvido um banco que supra essas necessidades, alinhando ergonomia, conforto e design. Palavras Chave: Ergonomia, Banco de baterista, Conforto, Design

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Researches shows that drummers really suffer with back problems, due to repetitive stress in the same place and at the same position, a good bench is of a prime importance, as the drummer in the future may acquire diseases and spinal problems that can certainly make him stop playing the instrument. In this work it's applied bibliographic studies related to ergonomics and anthropometry. It was also conducted user research in order to know and understand their connection with the drummer's bench, such as identify their real needs. It was designed and developed a bench that matches those needs, aligning ergonomics, comfort and design. Keywords: Ergonomics, Bank drummer, Comfort, Design

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Instrumentos musicais são objetos destinados à emissão de sons e músicas para fins rituais, cerimoniais, de entretenimento ou diversão. Grande variedade de materiais prestou-se à fabricação de instrumentos musicais: junco, osso, madeira, plástico, seda e diversas ligas metálicas, como o bronze, são provavelmente os mais utilizados. A imensurável quantidade de instrumentos dá uma idéia de sua importância nas culturas musicais de todos os tempos. Segundo a Barsa (1998), os instrumentos musicais são classificados por quatro tipos, são eles: • Instrumentos de corda: baseiam-se na propriedade física segundo a qual uma corda vibrante emite um som de freqüência proporcional a seu comprimento, exemplo o alaúde, cítara, harpa, violão, violino, piano e etc. • Instrumentos de sopro: são aqueles em que o ar é o meio vibratório principal na propagação do som, exemplo, órgão de tubo, clarinete, saxofone, flauta, trompete, trombone e etc. • Instrumentos de percussão sem membrana: são aqueles em que o próprio corpo da peça entra em vibração para produzir os sons, como no caso das campainhas, castanholas, triângulo, agogô, sino, chocalho, reco-reco, matraca e etc. • Instrumentos de percussão com membrana: o som é produzido por vibração dos elementos tensos, principalmente peles (tambores, em toda a sua variedade, inclusive cuícas, chamadas tambores de fricção). Exemplos: tambor, tímpano, bumbo, bongô, atabaque, e etc.

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O objeto de estudo dessa pesquisa pertence ao grupo dos instrumentos de percussão, em específico a bateria. A bateria é composta por um conjunto de instrumentos de percussão, tocados por um só instrumentista, denominado baterista, que faz parte da seção rítmica de um conjunto musical. Compõe-se basicamente de um bumbo, com uma das faces voltadas para o baterista, sendo tocado com o auxílio de um pedal; dois três ou mais tambores de tamanhos diferentes; uma caixa; dois ou mais pratos simples; e um prato duplo (chimbal), suspenso por um dispositivo dotado de pedal (máquina de chimbal); com exceção do bumbo e dos pratos duplos, a bateria é tocada com o auxílio de um par de baquetas, vassourinhas ou bilros (Fig.01). Embora haja o caso de alguns tipos que podem também ser usadas as próprias mãos. Não existe um padrão exato sobre como deve ser montado o conjunto dos elementos de uma bateria, sendo que, o que define como ela será montada geralmente é o estilo musical, a preferência do músico ou as suas condições financeiras e de logísticas. Os acessórios que acompanham a bateria são diversos, eles são utilizados para contribuir de uma forma harmoniosa no conjunto da bateria, alguns deles são indispensáveis, podemos citar alguns: as baquetas, o banco, os pratos (Fig. 01). A presente pesquisa terá como foco o estudo do banco de baterista, que é um acessório onde ele se acomoda para tocar o instrumento. O baterista precisa ficar com as pernas livres para que possa acessar os pedais do bumbo e dos pratos duplos, o banco deve possibilitar o movimento rotativo, para que o baterista possa acessar também as diversas peças que compõe a bateria enquanto toca o instrumento, o banco, porém, deve permanecer fixo quanto às folgas, podendo interferir no desempenho do músico, além de potencializar acidentes. Existem no mercado muitas opções de bancos para bateristas, essas opções vão de bancos menos elaborados e construídos com materiais inferiores, não garantindo a qualidade do produto final, e opções de bancos mais completos, confeccionados com materiais de melhor qualidade, porém com um custo bem elevado e muitas vezes não acessível à maioria dos usuários, a escolha 12


pode variar de quanto tempo o músico vai utilizar o acessório, pois quando se passa muito tempo tocando o instrumento, é recomendável investir em bancos mais confortáveis, como por exemplo, com encosto, e com assento considerado ergonomicamente correto. (BARSA, 1998)

Figura 1 – Componentes Figura 01 -da Componentes Bateria – Fonte: da bateria forum.batera.com.br

Esse trabalho acadêmico tem por objetivo o desenvolvimento de um banco para bateristas, redesenhando e adequando às suas necessidades anatômicas e fisiológicas particulares, preservando suas características quanto à funcionalidade e suas qualidades, podendo ser agregadas novas funções. O intuito é minimizar as doenças relacionadas à permanência na posição sentada, oferecendo conforto, estabilidade e segurança a esta classe de profissionais.

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O objetivo principal dessa monografia é nos dar uma referência sobre o tema proposto, poderemos entender como são projetados e produzidos os bancos, os modelos disponibilizados no mercado, suas funções, suas formas, e assim propor um produto reunindo as características realmente necessárias para ele, agregando algumas funções e formas que agradem e supram realmente a necessidade do usuário. Os objetivos específicos dessa monografia são: •

Realizar revisões bibliográficas que contemplem assuntos fundamentais para a realização do estudo.

Verificar as falhas e inadequações existentes nos bancos para bateristas;

Realizar um estudo antropométrico e uma análise ergonômica, verificando os dimensionamentos mais adequados para o objeto em estudo

Realizar pesquisas/entrevistas com bateristas e identificar às necessidades ergonômicas de cada indivíduo, adequar o assento e o encosto perfeitamente às características anatômicas;

Realizar estudos sobre os materiais para o revestimento, estrutura e os sistemas mecânicos que contemplarão o produto;

Este tema foi escolhido pela necessidade encontrada na prática, levando em consideração os problemas ergonômicos encontrados nos bancos para bateristas. Além de projetar um produto ergonomicamente correto, funcionalmente eficaz e com formas agradáveis, o desafio também é descobrir novos e diferentes materiais a serem utilizados no produto, principalmente no assento do banco, como no acabamento, materiais que sejam ecologicamente corretos, descobrir novas alternativas de materiais que sejam resistentes ao escorregamento e que devam ter a capacidade de dissipar o calor e suor gerado pelo corpo.

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“Os instrumentos musicais, presentes na vida do ser humano desde a mais remota antiguidade, sofreram transformações para se adaptar às novas necessidades sociais, tendências estéticas, habilidades e conhecimentos técnicos. A organologia, ramo da musicologia que estuda os instrumentos musicais, sob seus diversos aspectos: materiais, artísticos e culturais, cobrindo três campos: a pesquisa da origem e filiações dos instrumentos; o estudo prático de suas características físicas, particularidades de construção e modo de usar; e sua classificação”. (BARSA, p. 293, 2005)

Neste capítulo iremos tomar conhecimento do universo dos instrumentos musicais, como são definidos, seus princípios, sua origem e classificação, isso nos dará uma explanação sobre o assunto e será essencial para uma boa conceituação e interpretação desse trabalho acadêmico.

1.1 DEFINIÇÃO Segundo a Barsa (2005), por definição, instrumentos musicais são objetos fabricados com o fim específico de fazer sons necessários à produção da música. A música não é feita de sons de qualquer tipo, mas apenas de alguns, organizados de maneira precisa e determinados. Assim, os objetos musicais devem ter a capacidade de produzir sons cujas propriedades possam ser controladas e modificadas segundo a vontade do executante, em relação à duração, intensidade, timbre e freqüência ou altura. Por isso pode-se dizer que um instrumento musical é uma fonte sonora construída, disposta e utilizada intencionalmente para a execução e construção da música, graças às

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suas propriedades acústicas, de produzir um efeito artístico correspondente às normas culturais de um povo, num período histórico determinado.

1.2 PRINCÍPIOS GERAIS O funcionamento, morfologia e propriedades sonoras de todos os instrumentos musicais dependem dos fenômenos físicos que regem a produção do som. A acústica investiga todas as características e variáveis físicas que intervêm na produção do som em geral e estuda as leis que atuam nos sistemas específicos utilizados em cada tipo de instrumento. Em todos os instrumentos musicais há três elementos diferenciados e imprescindíveis: •

Um elemento vibrador, feito de uma matéria capaz de vibrar e, portanto produzir ondas sonoras, que constitui a parte essencial de um instrumento musical. O vibrador pode ser formado por um ou vários elementos, corpos ou materiais rígidos ou elásticos que, uma vez postos em movimento, oscilam durante um intervalo de tempo mais ou menos prolongado. Tais elementos podem ser, entre outros, bambus, cordas, tubos ou placas mais ou menos curvados, das mais variadas formas e materiais, como cristal, madeira, metal, tripas de animais, etc.

Um elemento excitador ou gerador que, ao modificar o estado de repouso do elemento vibrante, faz com que este inicie um movimento vibratório. Os instrumentos musicais também podem ser diferenciados pelas características dos elementos geradores, de grande variedade: mecanismos de martelo, pinças, baquetas, arcos, dedos ou lábios.

Um elemento amplificador, cuja função é ampliar as ondas sonoras para sua melhor transmissão, que pode igualmente ter formas muito variadas. É a parte mais visível do instrumento, já que costuma envolvê-lo e dar-lhe forma, e tem sido tradicionalmente bem acabado e feito com muito esmero, de tal maneira que, além de seu caráter

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estritamente funcional na produção da música, é utilizado como sinal de ostentação e luxo, como adorno ou como indicador de certas funções sociais.

1.3 ORIGEM Segundo a Barsa (1993), para as velhas culturas, os instrumentos musicais foram outorgados pelos deuses, considerando que a música tinha origem divina. A criação desses instrumentos teria sido decorrência das necessidades da dança, com vistas a intensificar ritmicamente os movimentos do corpo, por meio de ruídos. Esses ruídos, a princípio, o dançarino os produzia com os pés, que pisavam com força o chão, e com batidas de mãos e dedos; adornos no corpo, entrechocando-se, deram origem aos guisos e chocalhos. No trabalho, o uso das ferramentas contribuía tanto para a obtenção de efeitos rítmicos, como para tornar patente a existência e variedade de timbres. Na atividade guerreira, sugeriam-se possibilidades sonoras através do entrechoque das armas, usos de tambores e formas rústicas de trompas. Na caça, relacionamse com os instrumentos apitos para atrair pássaros e a tensão do arco. Materiais sonoros, juntamente com o canto e com a dança, eram utilizados nos rituais religiosos primitivos, muitas vezes com finalidades mágicas. O cristianismo, percebendo esse poder dos instrumentos, procurou eliminá-los do culto, onde só reinava a voz, admitidos, todavia, os sinos, as campainhas e o órgão.

1.4 CLASSIFICAÇÃO Segundo a Enciclopédia Barsa (1998), os instrumentos musicais podem ser classificados sob duas perspectivas diferentes, conforme se escolha, entre as características já mencionadas, elemento aglutinador ou diferenciador. Assim, podem ser criados vários tipos de classificações. A maioria das propostas de classificação parte das características dos elementos vibradores que, como se viu anteriormente, podem ser constituídos por corpos e matérias diferentes. As 17


classificações habituais são duas: a que reúne os instrumentos em três grupos fundamentais – corda, sopro e percussão – que, por sua vez, são subdivididos de acordo com o elemento gerador do som, no caso dos instrumentos de corda; de acordo com o material que foi construído, no caso dos instrumentos de sopro; e por fim, segundo o tipo de som resultante, no caso dos instrumentos de percussão. Instrumentos de corda (cordófonos): Nos instrumentos cordófonos, o elemento vibrador é um corpo elástico de tração longitudinal: uma corda. Da escolha dos materiais para a fabricação das cordas (tripa, seda e metal, em geral) dependerá a qualidade do som resultante. Para produzir som, a corda deve estar esticada. Para mantê-la assim, é preciso fixá-la por uma das pontas e enrolar a outra a uma cravelha, que permite regulas o grau de tensão necessário para obter um som de determinada altura. Para que a corda possa vibrar sem impedimentos, deve estar esticada no ar ou descansar sobre dois suportes salientes. A altura do som obtido depende da grossura e do comprimento da corda. Duas cordas de mesma espessura submetidas à mesma tensão produzirão sons de alturas diferentes, de acordo com seu comprimento. Quanto menor o comprimento, mais agudo o som resultante. Analogamente, duas cordas de mesmo comprimento, submetidas à mesma tensão, produzirão sons diferentes de acordo com sua espessura: quanto mais fina a corda, mais agudo o som. Outro aspecto fundamental é a maneira pela qual se modifica o estado de repouso da corda para fazê-la vibrar, ou seja, de que forma atua o elemento gerador. Sons gerados de maneiras diferentes terão características tímbricas diferentes. Em função dos elementos geradores, podemos diferenciar os instrumentos cordófonos de arco, de cordas beliscadas ou dedilhadas e de cordas percutidas. Os instrumentos de arco ou de cordas friccionadas com um arco têm um braço de madeira, cuja extremidade se atam fortemente e esticam pêlos de crina de cavalo. Esse sistema permite produzir sons prolongados, pois podem ser sustentados enquanto durar

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a fricção da corda. A esse grupo pertencem os instrumentos mais importantes da orquestra: violino, viola, violoncelo e contrabaixo. No violino, o mais agudo deles, a caixa de ressonância é curvada tanto para cima (tampo) como por baixo (fundo). Uma plaqueta de ébano e o traste estão presos ao tampo e o sobre o braço. As cordas são esticadas sobre uma ponte e pressas à caixa e às cravelhas situadas no extremo superior do braço, o que permite e regular sua tensão para afiná-las. (Fig. 02) O violoncelo, devido a seu comprimento, de cerca de 1,3m, exige que o executante se sente para tocar, colocando o instrumento entre as pernas, apoiando no chão. Antes do final do século XVIII (dezoito) esse instrumento deixou de cumprir a função de baixo e teve valorizada a grande riqueza e personalidade de seu timbre, muitas vezes semelhante à voz humana. (Fig. 02)

Figura 2 - Instrumentos de arco – Fonte: casadeiinstrumentos.com.br

Instrumentos de cordas dedilhadas ou percutidas: neles, as cordas são tocadas com os dedos com uma palheta segura entre os dedos ou com um plectro posto em funcionamento por um sistema mecânico. O dedilhado com palheta manual é o método geralmente usado para tocar alaúde, bandurra e balalaica, entre outros. 19


Na harpa, as cordas são puxadas e movidas diretamente pelos dedos. A harpa de concerto adquiriu sua forma atual no século XIX (dezenove). Apresenta uma caixa de ressonância apoiada no chão pela base, à qual se fixam as cordas por meio de cravelhas; uma coluna, que se une à caixa sobre um pé, que serve de base ao instrumento, e um consolo, que fica na parte de cima, onde também se fixam as cordas com cravelhas. Nos dois lados da coluna há sete pedais, um para cada som da escala, e cada um tem três posições, o que permite modificar o comprimento das cordas correspondentes e assim obter notas cromáticas. As cordas, retesadas paralelamente a coluna, são geralmente 46, todas de comprimentos diferentes, o que confere ao instrumento sua forma triangular característica. Sua utilização na orquestra se generalizou no final do século XIX. (Fig. 03) O violão é um instrumento de cordas dedilhadas. No século XVII (dezessete) ficou praticamente fixada sua forma atual. É um instrumento de braço largo, atravessado pelos trastes, e a caixa de ressonância ovalada e de fundo plano, que se estréia no centro. No extremo superior do braço há um cavalete que levanta as cordas. Estas ficam presas a um sistema se cravelhas que permite a afinação. (Fig. 03) Entre os instrumentos de corda dedilhados com plectros1 ou palhetas, destacam-se o alaúde, a mandolina, o banjo, a bandurra e a guitarra. O cravo é o exemplo típico de cordas beliscadas por plectros de funcionamento mecânico. A força com que o plectro puxa uma corda não varia de acordo com a força aplicada pelos dedos às teclas do instrumento, ao contrário do que ocorre no piano. Esse tipo de teclado é chamado não sensível e por isso o cravo é incapaz de variações de dinâmica, emitindo todas as notas em intensidades uniformes. (Fig. 03)

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Plectro: Varinha de madeira, ouro ou marfim, para fazer vibrar as cordas da lira. (AURÉLIO, 1987)

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Figura 3 - Instrumentos de corda dedilhada –Fonte: allairsantanna.blogspot.com

Instrumentos de cordas percutidas: nesses instrumentos as cordas são percutidas por martelos acionados por um teclado, como no piano, ou diretamente com baquetas, como no címbalo húngaro. O piano surgiu no século XVIII (dezoito) e substituiu o cravo, de cordas beliscadas por plectros, e o clavicórdio, cujas cordas eram percutidas por marteletes. O piano tem uma caixa de ressonância colocada em torno do cepo, originalmente feito de madeira e, mais tarde, de metal, ao qual se fixam 224 cordas, triplas e de aço, exceto no registro grave, em que são simples e revestidas de fios de cobre. O teclado tem de 85 a 88 teclas. Cada uma controla um martelo e um abafador, por meio de um complexo mecanismo que chega as ter 70 peças e alavancas, que asseguram que o som produzido varie de acordo com o modo como as teclas são pressionadas. O piano tem dois ou três pedais que permitem ao pianista usar efeitos diversos de intensidade e sustentação de sons.(Fig. 04)

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Figura 4 – Piano – Fonte: synthesizerkeyboardss.com

Instrumentos de sopro: Também chamados de aerófonos, os instrumentos de sopro podem ser de vários tipos: de bisel, de palheta, de embocadura livre ou de ação mecânica. Entre os de origem mais remota estão a flauta, o clarinete, o oboé, o fagote, a trompa, o trombone e o órgão. Nesses instrumentos o elemento vibrador é formado por uma massa de ar delimitada pelas paredes de um tubo. Os sons produzidos pela vibração do ar dependem: •

Do comprimento da coluna de ar. Quanto maior o comprimento, mais grave o som.

Da emissão, da qual depende a altura do som obtido. Para comprimentos iguais, quanto maior força de emissão, mais agudo o som.

Para combinar esses princípios e obter uma grande variedade de sons, são utilizados os seguintes procedimentos:

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• Orifícios nos tubos. Nesses casos a coluna de ar é encurtada ou alongada a partir do fechamento de maior ou menor número de furos. O instrumentista pode fazer isso com os dedos ou mediante um sistema de chaves que abrem e fecham os orifícios. • Pistões ou varas. São mecanismos que permitem alongar ou encurtar diretamente o comprimento do tubo e, com ele, a coluna de ar em seu interior. Todo instrumento de sopro tem um dispositivo especial que põe em vibração o ar soprado e disso depende a sonoridade. Aerófonos de embocadura livre: a esse grupo pertencem todas as flautas, subdivididas em flautas doces, tocadas na posição vertical e com embocadura numa das extremidades; e transversas, tocadas horizontalmente, com embocadura na lateral. As flautas doces são as mais antigas. Seu tubo, na forma de um cone invertido, normalmente de madeira de lei, tem seis a nove orifícios. Essas flautas formam uma família constituída por sopranino, soprano, contralto, tenor e baixo. A flauta transversa é feita de um tubo cilíndrico de cabeça cônica, construído em alpaca, prata, ouro ou platina. Mede 67 centímetros e tem três partes que se encaixam: a cabeça com a embocadura, metálica e ligeiramente retangular; o corpo com treze orifícios e suas chaves correspondentes; e o pé, com três orifícios a mais. (Fig. 05)

Figura 5 - Flauta transversa – Aerófono – Fonte: www.izzomusical.com.br

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Aerófonos de palheta: As palhetas são lâminas flexíveis, de bambu ou metal, presas somente por uma das extremidades. Assim, podem vibrar com o ar soprado no instrumento. Quando vibram, abrem e fecham alternadamente a passagem do tubo em que estão e assim se produz a vibração do ar no interior desse tubo. Existem três tipos de palhetas: Palheta simples, que tapa uma abertura pouco maior que ela mesma e, em conseqüência, tem um movimento para dentro e para fora. Sobre ela o instrumentista coloca os lábios. As gaitas são instrumentos de palheta livre. Palheta simples batente, que tapa uma abertura menor que ela e, ao vibrar, se choca com as bordas dessa abertura. Alguns dos instrumentos se palheta livre são muito conhecidos, como o clarinete e o saxofone. (Fig. 06) Palheta dupla, que consta de duas laminas separadas entre si, o que deixa um espaço mínimo indispensável para a vibração. Dentre os instrumentos que utilizam esse sistema estão o oboé, o corne-inglês e o fagote. (Fig. 06)

Figura 6 - Aerófonos de palheta – Fonte: brasil.abatata.com.br

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Aerófonos de embocadura de bocal: o bocal é um pequeno acabamento arredondado onde o executante encosta os lábios quase fechados, de tal forma que estes atuam como se fossem palhetas e produzem assim a vibração do ar soprado e, em conseqüência, a vibração do ar contido no interior do tubo. Para obter os diferentes sons, são utilizados essencialmente dois sistemas: de válvulas ou pistões e de varas. Assim funcionam todos os instrumentos de sopro conhecidos como metais, ou seja, o trompete, a trompa, o trombone (tanto o de vara como o de pistões) e a tuba. O trompete atual é feito de um tubo de cobre dobrado sobre si mesmo, que dispõe de três válvulas e termina alargando-se e formando um pavilhão. É um instrumento transpositor, com variantes afinadas em diferentes tonalidades, sendo as mais usuais si bemol, ré e dó. O trombone de uma vara que se move dentro da parte fixa do instrumento, alongando ou encurtando a coluna de ar. O tubo se torna cônico a partir do lugar onde a vara alcança, terminando num pequeno pavilhão. O som amplo e majestoso do trombone é tradicionalmente associado a festas e cortejos. O maior instrumento desse grupo é a tuba, de forma cônica, que pode ter três, quatro ou seis válvulas. O tubo enroscado sobre si mesmo termina num largo e profundo pavilhão. (Fig. 07)

Figura 7 - Aerófonos de embocadura - dupiston.wordpress.com

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Aerófonos de emissão artificial: A esse grupo pertencem os instrumentos em que o ar é introduzido por um fole ou outros meios mecânicos. Entre este se destaca a gaita de foles, que tem um saco de ar do qual saem dois ou três tubos com palhetas simples ou duplas. Há também instrumentos de fole que funcionam com palhetas livres, como os acordeões e concertinas. Por ultimo, é preciso incluir entre os aerófonos o órgão, instrumento que possui um complexo mecanismo com foles, teclados, registros e tubos de vários tipos, com e sem palhetas. (Fig. 08)

Figura 8 - Órgão de tubo – Fonte: cafehistoria.ning.com

Instrumentos de percussão: Entre os instrumentos de percussão incluem-se os idiófonos, cujo elemento vibrante é um corpo rígido naturalmente sonoro, e os membranófonos, nos quais uma membrana ou pele esticada produz o som. Daí se inclui que qualquer objeto utilizado para produzir sons pode ser considerado um instrumento de percussão, o que amplia 26


enormemente o numero de possibilidades. Um percussionista pode tocar vários instrumentos, mas geralmente se especialliza em um ou alguns deles, pois as técnicas de execução são muito variadas. Muitos instrumentos de percussão produzem sons de altura indeterminada. Outros, como o xilofone, a kalimba e o berimbau (idiófonos) e a cuíca e o tímpano (membranófonos) podem produzir notas exatas. Alguns deles são tradicionalmente tocados em naipes, com vários instrumentistas fazendo o mesmo desenho rítmico simultaneamente, e outros deram destaque a solistas virtuoses, como o pandeiro, o xilofone e a bateria. Entre as formações coletivas de percussão, cabe destacar a bateria das escolas de samba, formada por centenas de integrantes que tocam harmoniosamente surdos, taróis, pandeiros, tamborins, cuícas e outros instrumentos, regidos por um mestre que usa os toques de um apito estridente para coordenar os músicos. Tímpanos, pratos, sinos, tambores, pandeiro, xilofone e celesta são alguns dos instrumentos de percussão usados na orquestra sinfônica. O pandeiro, instrumento de origem árabe, tornou-se um dos mais importantes da musica brasileira e celebrizou solistas como João da Baiana, Carlinhos Pandeiro de Ouro, Jackson do Pandeiro e Marcos Suzano, que criaram formas originais de tocá-lo. Instrumentos idiófonos: Os instrumentos idiófonos como citado anteriormente são aqueles em que o elemento vibrante é um corpo rígido naturalmente sonoro. Pode ser feito de diversos materiais e que não precisa de tensões adicionais para produzir sons. Esse corpo rígido pode estar livremente suspenso, fixo por apenas um ponto, fixo por dois pontos ou apoiado de tal maneira que só uma pequena parte do mesmo esteja em contato com o suporte ou com o corpo do músico. O elemento vibrador pode ser de madeira, metal, cerâmica ou outros materiais. Os idiófonos podem ser sacudidos, como os chocalhos, caxixis e suas variantes, feitos de recipientes ocos em cujo interior há sementes secas, grãos de areia ou outros pequenos objetos. Outros instrumentos produzem som por fricção. O reco-reco é um exemplo: é feito de um pedaço largo de bambu no qual são escavadas linhas em baixo relevo as quais, 27


ao serem friccionadas com um bastão fino, emitem sons secos. As maracas funcionam de forma mista: são chocalhos sobre os quais se aplica uma rede móvel com contas, que pode ser arrastada ritmicamente sobre a áspera superfície da esfera. Há idiófonos compostos de dois ou mais objetos parecidos ou idênticos que o musico faz chocar entre si. São assim os pratos, dois discos metálicos mais ou menos côncavos, em cujo centro há uma alça de couro e que existem em todos os tamanhos; as castanholas, par de pequenas conchas de madeira dura ou de marfim unidas por um cordão; as claves, dois pedaços roliços de madeira que se percute um contra o outro; e os cocos, duas metades de uma casca de coco, agogôs e triângulos tocados da mesma maneira (Fig. 09)

Figura 9 - Instrumentos idiófonos – Fonte: artcelsior.blogspot.com

E por fim, o grupo mais amplo e variado é o dos idiófonos percutidos com baquetas e objetos semelhantes, que inclui os gongos, sinos, xilofones, marimbas, metalofones, berimbaus. (Fig. 10) O xilofone é feito de uma série de lâminas de madeiras afinadas que, apoiadas sobre uma base, são golpeadas com baquetas. O atual xilofone europeu tem de 36 a 42 lâminas de 28


madeira dura ou resinosa, todas de mesma largura, mas de comprimentos diferentes, de 15 a 38 centímetros. As lâminas, presas em fila sobre duas barras de madeira, normalmente duas, alternam sons de escala natural e cromatismos. São percutidas com baquetas de cabeça de madeira ou de feltro, conforme o timbre que se queira obter. A marimba é um xilofone ao qual foram acrescentados tubos metálicos sob cada lâmina, com função de ressonadores. O metalofone é um xilofone com lâminas de alumínio e a celesta é um metalofone que tem a forma de um pequeno piano vertical, mas que em vez de cordas tem lâminas metálicas, golpeadas por martelos acionados por um teclado. O triângulo usado na orquestra e também muito importante na musica popular nordestina, é uma vara de aço moldado em forma de triangulo eqüilátero aberto num dos ângulos. É golpeado com uma pequena vara metálica. O agogô, também inteiramente metálico, é típico das escolas de samba e consiste de dois cones, um de som mais agudo e outro mais grave, soldados a uma haste dobrada.

Figura 10 - Instrumentos idiófonos percutidos c/ baqueta – Fonte: www.music123.com

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Instrumentos membranófonos: São instrumentos com uma ou duas membranas esticadas sobre uma caixa de ressonância. O som é produzido mediante a percussão dessas membranas, com as mãos ou com baquetas. As caixas de ressonância podem apresentar diversas formas: tubular, hemisférica e circular. As tubulares, por sua vez, podem ser cilíndricas, cônicas, em forma de barril, de ampulheta etc. entre os membranófonos estão os tambores em suas múltiplas variantes: bumbo, surdo, zabumba, caixa, tarol, tantã etc. Antigamente esses instrumentos tinham as duas aberturas cobertas por membranas de pele de cabrito ou carneiro (substituídas nos modelos industrializados por um tipo de folha acrílica fina e transparente) que são esticadas sobre dois aros de ferro fixos sobre a borda da armação. A afinação é feita por meio de peças reguladoras da tensão da membrana, dispostas sobre o segundo aro. O instrumento é tocado com grossas baquetas com a ponta revestida de pele, feltro ou espuma. O bumbo, o surdo e a zabumba têm maiores dimensões e som mais grave que os demais tambores, quanto maior o tambor mais grave será o som, e quanto menos mais agudo será. A cuíca, de origem africana, é usada nas escolas de samba. Trata-se de um tambor que tem por dentro, preso ao centro de sua pele, um bastão. O instrumentista utiliza um pano molhado e com ele fricciona o bastão, o que produz um som agudo, chorado e longo, que pode soar como uma voz humana. (Fig. 11)

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Figura 11 - Instrumentos de percussão – membranófonos – Fonte: www.musicalgrellmann.com.br

Neste capítulo tomamos conhecimento em detalhes do universo dos instrumentos musicais, sua definição, seus princípios, a origem e classificação através dos apontamentos realizados aqui, com a descrição de cada tipo de instrumento existente. Essa explanação é muito importante para nos ambientar sobre o propósito dessa pesquisa, pois o objeto de pesquisa (banco de baterista) está inserido nesse universo, como um acessório indispensável à bateria, pois é nele que o músico (baterista) se acomoda, para tocar o instrumento. No próximo capítulo será abordada a bateria, conheceremos de forma prática o instrumento.

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Nesse capítulo iremos tomar conhecimento em detalhes da bateria, como é definida, sua origem e sua composição, esse que é considerado um instrumento de percussão completo, de acordo com as características das peças e partes que a constitui, assim definidas no capítulo anterior.

2.1 DEFINIÇÃO Conjunto de instrumentos de percussão, tocados por um instrumentista isolado, e que faz parte da seção rítmica de uma banda ou conjunto musical. O termo também é empregado no Brasil para definir o conjunto de instrumentos de percussão de uma escola de samba, tocados cada qual por um instrumentista, e que é formada por uma grande variedade de instrumentos. No sentido empregado nessa monografia, refere-se especificamente à bateria descrita na primeira definição, e que pode ser vista como o elemento mais constante e característico de uma banda, seja ela de jazz, rock, funk e demais estilos. (MIRADOR, 1987)

2.2 ORIGEM A origem da bateria se encontra nos grandes instrumentos de percussão dos negros africanos, modificados, adaptados e aculturados no Novo Mundo (ocidente), principalmente nos EUA sendo utilizada especialmente no jazz. O tambor pode ter sido, nos primórdios da humanidade, o pai de todos os instrumentos musicais, já que foi da percussão que a música surgiu. 32


De sua função primitiva, que era apenas marcar os tempos, a percussão evoluiu junto com a música afro-americana. Na década de 1910, a bateria pode ser vista como o elemento mais constante e característico dos conjuntos de jazz. A partir de 1920, graças à improvisação própria da execução jazzística e ao talento de alguns percussionistas, a bateria emancipou-se e adquiriu uma autonomia que a igualou em importância aos instrumentos de seção melódica. No começo da década de 40, o surgimento do be-bop (banda de jazz moderno), causou uma revolução nas concepções rítmicas, que teve como conseqüência principal proporcionar aos instrumentistas grande liberdade de invenção. Para os bateristas, essa foi a base da experiência polirrítmica, depois da qual alguns conjuntos passaram a prescindir da bateria e priorizar, na seção rítmica, o contrabaixo. Com o rock and roll, a bateria retomou sua função de marcação explícita. (MIRADOR, 1987)

2.3 COMPOSIÇÃO DA BATERIA A bateria é uma combinação de diversos elementos usados nas orquestras. Tambores: todos os tambores têm duas peles, numa extremidade do casco, e na pele da outra. A pele que se toca chama-se pele batedeira ou de ataque e tem a função de receber o impacto da baqueta a fim de transmitir a vibração provocada até a pele de baixo, que tem a função de responder a essa vibração, sendo denominada, portanto, como pele de resposta. Existem alguns tambores e instrumentos de percussão que não tem a pele de resposta, produzindo sonoridades diferentes. Ponto de afinação: os pontos de afinação são os parafusos que pressionam a pele ao casco cilíndrico do tambor, é através deles que podemos regular a tensão da pele, e conseqüentemente, a quantidade de vibração que ela produzirá e também a nota produzida pela percussão do tambor. 33


Caixa / Snare drum É o tambor mais agudo, ela e o bumbo são os tambores que tem mais afinações, por ser uma das principais peças da bateria. As caixas, em particular podem ser feitas de madeira ou metal. Geralmente é tocada com baquetas de madeira. A caixa é muito valorizada na música cubana, no funk, no jazz e na música brasileira, até dispensando o uso de tons e surdos. O som particularmente agudo dela se deve a uma esteira de fios metálicos que é colocada na parte de baixo, quando percutido, o tambor faz essa esteira vibrar também, resultando no som peculiar da caixa. Suas medidas não variam tanto, a maioria das caixas possui em média diâmetros de 14''. São também os tambores que em geral apresentam as menores profundidades. Todas as caixas possuem um componente denominado automático, que tem a finalidade de esticar ou afrouxar a esteira metálica, afim de regular o contato entre a pele e a própria esteira, alterando assim o som tirado do tambor. (Fig. 12)

Figura 12 – Caixa – Fonte: www.bateraclube.com.br

Bumbo / bass drum O bumbo é o tambor mais grave da bateria, são geralmente tocados com baquetas com ponta de feltro ou pedais com batedores de pontas também de feltro. O bumbo é geralmente o componente mais usado na bateria, na maioria das vezes é o tambor que apresenta as maiores medidas, tanto em diâmetro quanto em profundidade, geralmente entre 20'' e 22'' ou até 24"(polegadas). (Fig. 13) 34


Figura 13 – Bumbo – Fonte: www.bateraclube.com.br

Tons / high tons: São os tambores mais agudos entre a caixa e o bumbo, são usados principalmente pra executar viradas, que são combinações de notas que podem incrementar a estrutura de um compasso, preencher vazios na harmonia da música ou mesmo acompanhar as notas dos outros instrumentos musicais. Normalmente os tons ficam na frente do baterista, seja ele canhoto ou destro. Podem ser montados em cima do bumbo ou em racks, ou podem ser suspendidos por pedestais. Suas medidas variam bastante, desde 8''(polegadas) até 18''(polegadas), com profundidades um pouco maiores que a caixa. (Fig. 14)

Figura 14 – Tons – Fonte: www.bateraclube.com.br

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Surdo / floor tons: Os tambores mais graves da bateria, usados também nas viradas, tem um som mais pesado que os tons comuns. Normalmente ficam à direita do baterista destro e à esquerda do baterista canhoto. Na maioria das vezes eles possuem uma estrutura própria pra se manter em pé, mas podem também serem suspensos em pedestais e racks. Possui varias medidas, desde 14”, 16" ou 18"(polegadas), geralmente possuem grandes profundidades, as vezes comparáveis com os bumbos, podendo ter o dobro ou o triplo da profundidade de uma caixa. (Fig. 15)

Figura 15 – Surdo – Fonte: www.bateraclube.com.br

PRATOS Eles servem basicamente pra conduzir ou dar uma harmonia a mais na música. Todos os pratos possuem corpo e cúpula, a cúpula é a parte mais elevada em relação ao corpo, localizada no centro do prato. O corpo é ressonante e grave, a cúpula tem um som mais seco e agudo. Ligas de pratos: Latão: de baixa qualidade, utilizada na fabricação de pratos para 36


estudantes,

fabricantes

nacionais

e

estrangeiros

a

usam

com

freqüência.

B8: de qualidade boa, utilizada pratos para intermediários, usada por fabricantes nacionais e estrangeiros. Liga B10: liga metálica de qualidade mediana, usada em pratos semi-profissionais. Fabricantes nacionais e estrangeiros usam B15: liga metálica de qualidade médio-alta, que abrange pratos semi-profissionais

e

profissionais. usada

por fabricantes

nacionais

e

estrangeiros.

Liga B20: liga metálica da melhor qualidade, utilizada em pratos profissionais. Utilizada por fabricantes estrangeiros (no Brasil ainda não se produz a liga B20).

Tipos de pratos Chimbal / Hi-hat

Formado por dois pratos montados um sobre o outro, fechando de modo que as duas cúpulas ficam opostas. O chimbal é o principal componente da batera, usado muito para a condução, também é muito usado na marcação dos tempos ou contra tempos. Dele podem-se tirar efeitos bem peculiares, já que são dois pratos soando ao mesmo tempo, geralmente o prato colocado em baixo é mais espesso que o de cima, e usando o pedal da máquina de chimbal que sustenta os dois pratos é possível abrir e fechar para multiplicar o som ou então abafá-lo. Suas medidas podem ser de 12, 13, 14 ou 15”(polegadas). (Fig. 16)

Figura 16 – Chimbal (Hit-hat) – Fonte: www.musicpower.com

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Prato de condução / Ride: É usado para condução, e às vezes, para acentuação (principalmente no jazz). É muito duro e pesado pra ser usado como um prato de ataque, por isso é utilizado para condução. As principais características deste prato são o seu peso, sua rigidez e sua cúpula grande. Com tudo isso é possível tirar um "som de sino" dele, e sua é rigidez serve exatamente pra isso. Percutindo o corpo de um condução é possível um som mais aberto e ressonante. Já tocando a cúpula você vai produzir um som mais seco, agudo e menos ressonante. O prato de condução é o tipo de prato com as maiores medidas e que variam de 20 a 24” (polegadas) de diâmetro, já que precisa de bastante área de contato com as baquetas. Há pratos de condução que não possuem cúpula (denominados flat - rides), e que possuem o efeito de ressonância com mais potência. (Fig. 17)

Figura 17 – Condução (Ride) – Fonte: www.musicpower.com

Prato de ataque / Crash O prato de ataque é bem maleável, para que possa ressoar bastante, a ressonância é a principal característica do crash, ele emite um som bem aberto e mais "violento", comumente utilizado para fechar ou abrir os compassos com mais volume, pode também ser tocado durante uma virada, ou ser usado para condução. Normalmente tocado em conjunto com o 38


bumbo ou com a caixa. Possui medidas medianas, um pouco maiores ou até do mesmo tamanho que os chimbais, essas medidas vão de 14 a 20”(polegadas). (Fig. 18)

Figura 18 – Ataque – Crash – Fonte: www.musicpower.com

Splash Eles são como pratos de ataque, porém de tamanhos menores, não tem tanto som quanto os pratos de ataque. O som deles é extremamente cortante. Como os crashes, os splashes são usados para acentuação, mas quando se exige um volume menor e uma vibração que dure menos tempo, pode ser usado para condução, pode também ser tocado junto com o bumbo, caixa, durante as viradas. É o prato que apresenta as menores medidas entre 6" e 13"(polegadas) de diâmetro. (Fig. 19)

Figura 19 – Splash – Fonte: www.musicpower.com

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China É o prato que emite o som mais exótico (referência aos gongos chineses). É um tipo de prato de ataque que apresenta uma curvatura em sua borda, essa curvatura lhe confere um som extremamente "sujo" e perfeito para aplicação de efeitos em certas regiões da música, pode ser tocado junto com a caixa, bumbo ou fazer parte de uma virada também, normalmente possui a medida de um prato de ataque, ou maior. (Fig. 20)

Figura 20 – China – Fonte: www.musicpower.com

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2.4 O MÚSICO Todas as partes da bateria são acionadas e percutidas com grande rapidez, com os pés e as mãos. Ao mesmo tempo a percussão desses instrumentos tem de ser feita em absoluta sincronia, a fim de se obter o som desejado pelo baterista. Por isso, o executante deve ser pessoa dotada de grande resistência física e coordenação psicomotora, a fim de usar este ou aquele pé ou esta ou aquela mão, no momento e com a força determinada. Como a bateria reúne vários instrumentos que antes eram tocados individualmente, o baterista passa a ser responsável por uma complexidade de timbres, e tem de desenvolver uma técnica especial para adaptar-se ao seu instrumento e participar com ele do conjunto musical ou banda. Nesse capítulo conhecemos como é definida, como originou e como é composta a bateria, podemos conhecer em detalhes as principais partes que formam o conjunto. As informações adquiridas até aqui serão essenciais para um bom entendimento dessa pesquisa, o objetivo é chegar ao objeto da pesquisa (o banco de baterista), que será apresentado no próximo capítulo, sendo feita uma análise dos similares.

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O objeto de estudo desta pesquisa, como já citado anteriormente, é o banco de baterista, nesse capítulo iremos conhecer melhor, suas características básicas, sua função, onde está inserido como acessório indispensável, e através da análise de similares conheceremos os produtos disponíveis no mercado, relacionando as características de cada um, suas qualidades e diferenciais, para que seja possível uma análise detalhada dos mesmos e assim propor um novo produto, trabalhando com essas qualidades e criando novas alternativas.

3.1 ANÁLISE DE SIMILARES Na análise de similares do banco de baterista, foram relacionados na Tabela 01, os produtos das principais marcas encontradas no mercado. Foram separados dois modelos de cinco marcas, sendo um modelo sem encosto e outro com o encosto. Relacionando todos os modelos entre si, podemos separar entre eles o banco com valor de compra mais elevado, possui ótimo acabamento, estrutura bastante reforçada e robusta. É o lançamento de 2011 da marca Pearl, o modelo D-2000BR que está disposto como Item 04 na Tabela 01. Entre os modelos de banco inferior comparando todos os relacionados apontamos o modelo DTRA-1118 da marca Premium, é o modelo mais simples e com menor custo, porém tem um diferencial no sistema de regulagem, que é um sistema pneumático. Podemos identificar várias qualidades nos bancos relacionados e analisados, com o intuito de coletar esses dados para o posterior desenvolvimento de um banco de baterista, com certeza o que merece mais destaque é o modelo D-2000BR DA Pearl, suas formas são as mais modernas, em termo de design e ergonomia, porém é o mais caro dentro todos os outros, e por isso não tão acessível à maior parte dos usuários e consumidores, o desafio desse trabalho acadêmico é conseguir reunir as melhores características encontradas, de forma orgânica e funcional, desenvolvendo e apresentando um novo conceito do produto. 42


Tabela 1 - Anรกlise de Similares

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Tabela 2 - Anรกlise de Similares

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O produto similar escolhido para ser analisado mais detalhadamente e que será um referencial para este projeto de design de produto é o banco da Marca Pearl, modelo D-2000BR, foi escolhido esse modelo pelo referencial que a marca é na indústria de baterias e acessórios tanto para bateria como bateristas, esse modelo possui várias características que merecem destaque, porém é hoje o modelo de banco mais caro encontrado no mercado, chegando a custar mil reais, foi lançado no ano de 2011, com inovações que serão destacadas nesta análise. O modelo D-2000BR possui assento em duas posições, onde um lado tem ângulo frontal que oferece maior liberdade de movimento da perna, e no outro lado uma pequena cavidade que alivia a compressão da coluna. O modelo vem com ajuste total da altura e do suporte lombar, proporcionando maior alívio à fadiga associada a longos shows e gravações. (Fig. 21).

Figura 21 - Posições do assento – Fonte: Pride Music

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O formato único do encosto, disponível no modelo D-2000BR, permite maior liberdade de movimento ao musico, para acesso irrestrito às peças da bateria. Isso elimina a possibilidade de contato entre encosto do banco e o cotovelo do músico, algo comum em outros formatos de encosto de banco. (Fig. 22)

Figura 22 - Encosto do banco – Fonte: Pride Music

O assento usa uma braçadeira reforçada com duas posições de montagem, para permitir instalar o encosto em ambos os lados, e possui parafusos duplos de fixação à haste maciça trapezoidal rosqueada de 24 mm, para ajuste da altura. (Fig. 23)

Figura 23 - Detalhe fixação encosto – Fonte: Pride Music

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A base possui quatro pés, com hastes duplas, para maior estabilidade. São complementadas com sapatas de borracha de tamanho grande, para posicionamento seguro e sem oscilações laterais. Esses são os destaques desse modelo de banco, as maiores contribuições para esse projeto são as formas inovadoras do assento e encosto. Serão exploradas formas semelhantes considerando a ergonomia, levando em consideração a funcionalidade necessária ao objeto e características que tornem o produto atraente aos consumidores, suprindo suas necessidades e, além disso, proporcionando uma satisfação completa ao usuário.

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Nesse capítulo iremos tomar conhecimento de como surgiu, como se desenvolveu e algumas definições dadas à ergonomia, e também as áreas que a envolvem, pois possui um caráter multidisciplinar. Segundo Gomes (2003, p.17), a ergonomia nasceu informalmente a partir do momento em que o homem primitivo construiu seus primeiros objetos para garantir sua sobrevivência (design de objetos rudimentares, como armas, utensílios, moradias, ferramentas, vestimentas, veículos, etc.) fazendo uso apenas de sua intuição criativa e bom senso. Dul e Weerdmeester (2004, p.1) complementam esse conceito, descrevendo que a ergonomia desenvolveu-se durante a II Guerra Mundial (1939-45). Pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia, ciências humanas e biológicas para resolver problemas de projeto. Médicos, psicólogos, antropólogos e engenheiros trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram muito gratificantes, a ponto de serem aproveitados pela indústria, no pós-guerra.

Figura 24 - Segunda guerra mundial - aparatos bélicos - Fonte: Gomes, 2003

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Ao contrário de muitas outras ciências cujas origens se perdem no tempo e no espaço, a ergonomia tem uma data “oficial” de nascimento: 12 de julho de 1949. Nesse dia, reuniu-se pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Na segunda reunião desse mesmo grupo, ocorrida em 16 de fevereiro de 1950, foi proposto o neologismo ergonomia, formado pelos termos gregos ergon que significa trabalho e nomos, que significa regras, leis naturais. (IIDA, 2005) Segundo Iida (2005, p.5), o termo ergonomia foi adotado nos principais países europeus, substituindo antigas denominações como fisiologia do trabalho e psicologia do trabalho. Nos Estados Unidos adotou-se a denominação human factors (fatores humanos), mas ergonomia já é aceita como seu sinônimo, naquele país. Existem diversas definições de ergonomia. Todas procuram ressaltar o caráter interdisciplinar e o objeto de seu estudo, que é a interação entre o homem e o trabalho, no sistema homem-máquina-ambiente. Ou, mais precisamente, as interfaces desse sistema, onde ocorrem trocas de informações e energias entre o homem, máquina e ambiente, resultando na realização do trabalho. Diversas associações nacionais de ergonomia apresentam as suas próprias definições. A mais antiga é da Ergonomics Society2 da Inglaterra: “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento.”

2

Disponível em www.ergonomics.org.uk

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No Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia3 adota a seguinte definição: “Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhoras; de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas.”

No âmbito internacional, a International Ergonomics Association4 aprovou uma definição, em 2000, conceituando a ergonomia e suas especializações: “Ergonomia (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica, que estuda as interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem estar humano e o desempenho global de sistemas.”

Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.2), a ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando cargas), fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima, agentes químicos), informação, (informações captadas pela visão, audição e outros sentidos), relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas adequadas, interessantes). A conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana. A Ergonomia tem um caráter multidisciplinar e faz uso de diversas áreas do conhecimento, como, por exemplo, da Organização do trabalho, da Medicina, Fisiologia e Psicologia do Trabalho; da Psicologia Cognitiva; da Psicologia da Percepção Visual; da Sociologia; da Antropologia e Antropometria que será descrita a seguir; da Teoria da Informação; das Engenharias (de Produção, Industrial, de Segurança, de Sistemas e outras) da Arquitetura e Urbanismo; do Design (do produto, Gráfico, Moda, Ambiente, “Light”, “Sound” e outros); da Comunicação Social e de tecnologias diversas, como da Informática, Cibernética,

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Disponível em: www.abergo.org.br Dispnível em: www.ieac.cc

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Telemática, Robótica, e outras, alem de normas nacionais e internacionais (ABNT, ISSO, SAE, DIN, etc.). (GOMES, 2003, p. 18)

5.1 ERGONOMIA DO PRODUTO Conceituamos o termo produto para todo e qualquer ambiente, objeto, sistema de produtos e sistemas de informações que mantém com o homem uma efetiva relação de utilização em nível intelectual, físico e sensorial. Gomes (2003, p.24) ratifica essa afirmação dizendo que os produtos passam então a ser considerados como meios para que o homem possa realizar determinadas funções e, por meio destas, usufruir de benefícios práticos, operacionais, de conforto, de segurança, de informação, de lazer, lúdicos, psicológicos e outros. Naturalmente, os níveis dessas funções podem se interrelacionar e variar dependendo do tipo, da natureza e das características da maior ou menor complexidade dos referidos objetos.

5.2 ANTROPOMETRIA De acordo com Dul e Weerdmeester (2004) a antropometria ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano. Parece tão simples, mas não é, quando se pretende obter medidas representativas e confiáveis de uma população, que é composta de indivíduos dos mais variados tipos e dimensões. Além disso, as condições em que essas medidas são realizadas (com roupa ou sem roupa, com ou sem calçado, ereto ou na postura relaxada) influem consideravelmente nos resultados. A indústria moderna precisa de medidas antropométricas cada vez mais detalhadas e confiáveis. De um lado, isso é exigido pelas necessidades da produção em massa de produtos como vestuários e calçados. No projeto de um carro, o dimensionamento de alguns centímetros a mais, sem necessidade, pode significar um aumento considerável dos custos de produção, se considerar a

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série de centenas de milhares de carros produzidos. Outro exemplo ainda mais dramático é o da indústria aeroespacial, onde cada centímetro ou quilograma tem uma influencia significativa no desempenho e economia da aeronave. A seguir será apresentada e definida a antropometria estática, que é uma parte da antropometria e um referencial para este projeto de produto, se tratando de um banco de baterista.

5.2.1 ANTROPOMETRIA ESTÁTICA Segundo Iida (2005, p. 110) a antropometria estática é aquela em que as medidas se referem ao corpo parado ou com poucos movimentos e as medições realizam-se entre pontos anatômicos claramente identificados conforme (Fig. 25). Ela deve ser aplicada ao projeto de objetos sem partes móveis ou com pouca mobilidade, como no caso do mobiliário em geral. O seu uso é recomendado apenas para projetos em que o homem executa poucos movimentos. Um produto melhor adaptado à anatomia do usuário pode significar maior conforto e menores riscos de acidentes e de doença ocupacionais. Hoje são disponíveis muitas medidas antropométricas, realizadas principalmente na Alemanha e EUA, mas também em outros países. Recentemente, a partir da década de 1990, surgiram também medidas dos povos asiáticos, em conseqüência da emergência econômica dessa região. (IIDA, 2005)

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Figura 25 - Medidas Antropométrica Estática – Fonte: Iida, 2005

5.2.2 ANTROPOMETRIA DINÂMICA De acordo com Iida (2005), a antropometria dinâmica mede os alcances dos movimentos. Os movimentos de cada parte do corpo são medidos mantendo-se o resto do corpo estático. Exemplo: alcance máximo das mãos com a pessoa sentada. Deve-se aplicar a antropometria dinâmica nos casos de trabalhos que exigem muitos movimentos corporais ou quando se devem manipular partes que se movimentam em máquinas ou postos de trabalho. No caso do baterista ele precisa alcançar os tambores e pratos que fazem parte do conjunto, isso é feito com auxilio das baquetas que é um acessório essencial para o baterista. Outro aspecto importante a ser analisado no caso do banco de baterista são os movimentos produzidos pelas pernas, não são considerados movimentos muito bruscos, isso vai depender do baterista, esses movimentos são realizados usando os pedais da bateria, a fadiga maior é gerada na parte inferior das coxas e nas tuberosidades isquiáticas, indicados nas figuras 27 e 28.

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5.3 PROBLEMA DO ASSENTO “O assento é provavelmente, uma das invenções que mais contribuiu para, modificar o comportamento humano. Na vida moderna, muitas pessoas chegam a passar mais de 20 horas por dia nas posições sentado e deitado. Diz-se até que a espécie humana, homo sapiens, já deixou de ser um animal ereto, homo erectus, para se transformar no animal sentado, homo sedéns. Daí deriva-se o termo sedentário, que significa sentado.” (IIDA, 2005, p.148)

O problema do assento tem despertado grande interesse entre os pesquisadores em ergonomia. Análises sobre posturas são encontradas desde 1743, quando Andry, o “pai” dos ortopedistas, faz diversas recomendações para corrigir más posturas, na sua obra Orthopedia. Essas más posturas causam fadiga, dores lombares e cãibras que, se não forem corrigidas, podem provocar anormalidade permanente da coluna. Há diversas vantagens em trabalhar na posição sentada: • Consome menos energia, em relação à posição em pé e reduz a fadiga; • Reduz a pressão mecânica sobre os membros inferiores; • Reduz a pressão hidrostática da circulação nas extremidades e alivia o trabalho do coração; • Facilita manter um ponto de referencia para o trabalho (o corpo fica oscilando); e • Permite o uso simultâneo dos pés (pedais) e mãos – caso do baterista A desvantagem é o aumento da pressão sobre as nádegas e a restrição dos alcances. Um assento mal projetado pode provocar estrangulamento da circulação sanguínea nas coxas e pernas. No caso dos bancos de bateristas a região das coxas e pernas deve estar desimpedida por conta dos movimentos que são realizados pelos bateristas quando estão tocando o instrumento.

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5.3.1 SUPORTE PARA O PESO DO CORPO Na posição sentada, todo o peso do tronco, acima da bacia, é transferido para o assento, aliviando a pressão sobre os membros inferiores. Segundo Iida (2005, p.149), o corpo entra em contato com o assento praticamente só através de sua estrutura óssea. Esse contato é feito por dois ossos de forma arredondada, situados na bacia chamadas de tuberosidades isquiáticas (Fig. 26), que se assemelham a uma pirâmide invertida, quando vistos de perfil com duas protuberâncias que distam, entre si, de 7 a 12 cm. Essas tuberosidades são cobertas apenas por uma fina camada de tecido muscular e uma pele grossa, adequada para suportar grandes pressões. Em apenas 25 cm² de superfície da pele sob essas tuberosidades concentram-se 75% do peso total do corpo sentado.

Figura 26 - Tuberosidades isquiáticas –Fonte: Iida, 2005

Até recentemente, costumava-se recomendar estofamento duro, pois é mais adequado para suportar o peso do corpo. Os estofamentos muito macios não proporcionam um bom suporte porque não permitem um equilíbrio adequado ao corpo. Por outro lado, o estofamento muito duro provoca concentração da pressão na região das tuberosidades isquiáticas, gerando fadiga e dores na região das nádegas (Fig. 27). Porém, uma situação intermediária, com uma leve camada de estofamento mostrou-se benéfica, reduzindo a pressão máxima em cerca de 400% e aumentando a 55


área de contato de 900 para 1050 cm², sem prejudicar a postura. Esse estofamento deve ser montado sobre uma base rígida, para suporte o peso do corpo.

Figura 27 - Distribuição de pressões – Fonte: Iida, 2005

Portanto um estofamento pouco espesso, de 2 a 3 cm, colocado sobre uma base rígida, que não se afunde com o peso do corpo, ajuda a distribuir a pressão e proporciona maior estabilidade ao corpo, contribuindo para a redução do desconforto e da fadiga. O material usado para revestir o assento deve ter característica anti-deslizante e ter capacidade de dissipar o calor e suor gerados pelo corpo, não sendo recomendados, por conseguinte, plásticos lisos e impermeáveis.

5.3.2 CONFORTO NO ASSENTO De acordo com Iida (2005 p.150), conforto é uma sensação subjetiva produzida quando não há nenhuma pressão localizada sobre o corpo. É mais fácil falar em ausência de desconforto, pois este pode ser avaliado. O desconforto é medido de forma indireta, através de tabelas especificas para identificar o desconforto. Pode-se também registrar a freqüência das mudanças de posturas. As freqüências elevadas evidenciam o desconforto.

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O conforto no assento depende de muitos fatores e é muito difícil de estabelecer as características que o determinam. Em principio, há um tipo de assento mais adequado para cada finalidade. Cada pessoa adapta-se melhor a certo tipo de assento. Assim, o conforto é influenciado por muitos fatores e preferências individuais, até pela sua aparência estética (IIDA, 2005) Em geral, as avaliações de conforto podem ser realizadas após 5 min no assento e não variam muito as avaliações de longa duração, de 2 a 3 horas. De acordo com Iida (2005), existem seis princípios gerais sobre assentos derivados de diversos estudos anatômicos, fisiológicos e clínicos da postura sentada, porém citaremos apenas os quatro primeiros princípios, que são os mais importantes e relevantes para o estudo do objeto (banco de baterista), que é o produto proposto nesse trabalho acadêmico.

Princípio 1 - As dimensões do assento devem ser adequadas às dimensões antropométricas do usuário. A dimensão antropométrica critica é a altura poplítea (da parte inferior da coxa à sola do pé), que determina a altura do assento. Os assentos cujas alturas sejam superiores ou inferiores à altura poplítea não permitem um apoio firme das tuberosidades isquiáticas a fim de transmitir o peso do corpo para o assento. Podem também provocar pressões na parte inferior das coxas, que são anatômica e fisiologicamente inadequadas para suportar o peso do corpo. Para acomodar as diferenças individuais, a altura do assento deveria ser regulável, entre o mínimo de 35,1 cm (5% das mulheres) até no Maximo de 48 cm (95% dos homens), pelas medidas tabeladas. Contudo, pode-se acrescentar mais 3 cm para a altura dos calçados (38,1 a 51,0cm). A largura do assento deve ser adequada à largura torácica do usuário (cerca de 40 cm). A profundidade deve ser tal que a borda do assento fique pelo menos 2 cm afastada, para não comprimir a parte

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interna da perna (Figura 28). A Associação brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 13962 recomenda largura de 40 cm e profundidade útil entre 38 a 44 cm para o assento.

Figura 28 - Principais problemas provocados por erros no dimensionamento assentos – Fonte: Iida, 2005

Princípio 2 - O assento deve permitir variações de postura. As freqüentes variações de postura servem para aliviar as pressões sobre os discos vertebrais e as tensões dos músculos dorsais de sustentação, reduzindo-se a fadiga. Essas mudanças de postura são ainda mais freqüentes se o assento for desconfortável ou inadequado para o trabalho, essas mudanças também contribuem para a nutrição da coluna.

Princípio 3 - O assento deve ter resistência, estabilidade e durabilidade Segundo Iida (2005, p.153) para o assento ser resistente, deve ter solidez estrutural para suportar cargas. A norma ABNT NBR 14110 recomenda resistência a uma carga mínima de 1100 N (cerca de 58


112 Kg). Estabilidade é a característica do assento que não tombe facilmente. Quando os assentos são pouco estáveis, as pessoas sentem-se inseguras e ficam tensas. Durabilidade é a característica do assento de não se danificar com o uso contínuo. Todas as características citadas anteriormente são importantes no projeto de um banco de baterista, para garantir segurança e conforto ao usuário quando toca seu instrumento. Princípio 4 – Existe um assento mais adequado para cada tipo de função Isso quer dizer que não existe um tipo absoluto de assento, ideal para todas as ocasiões. Mas há um assento recomendável para cada tipo de tarefa. Assim, um assento de automóvel pode ser confortável para dirigir, mas provavelmente seria desconfortável para uso em escritório, e vice-versa: uma cadeira confortável para um digitador não seria adequada para ser instalada em um automóvel. Os assentos mais comuns para bateristas são no formato redondo, outros modelos são do tipo “selim” com o formato parecido com o banco de bicicletas, são considerados assentos ergonômicos, pois se adequam a posição das pernas abertas, pois e a posição em que o musico se acomoda para tocar o instrumento, de forma que acesse os pedais tanto do chimbal como o do bumbo.

5.3.3 DIMENSIONAMENTO DE ASSENTOS De acordo com Iida (2005), existem muitas recomendações diferentes para o dimensionamento dos assentos. Essas diferenças podem ser explicadas por três causas principais: • Os assentos diferenciam-se quanto às aplicações, por exemplo, assento de um motorista de ônibus é diferente de um assento para uso em fábrica ou escritório e diferente de um assento para bateristas (objeto de estudo). • Há diferenças antropométricas entre as populações e, portanto, diferentes autores podem apresentar recomendações que não coincidam, pois podem ter-se baseado em diferentes amostras populacionais;

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• Há preferências individuais, principalmente na avaliação de variáveis subjetivas como o conforto. Deve-se considerar também que muitos projetos são baseados nas respectivas normas técnicas. Existem diferenças entre as normas de diversos países. Além do mais, elas são freqüentemente alteradas. Na sua elaboração podem prevalecer interesses e influências ocasionais do governo, indústria ou associações de consumidores. No Brasil, existem as normas ABNT NBR 13962 e ABNT NBR 14110. Esta última descreve os ensaios de estabilidade, resistência e estabilidade das cadeiras. Observa-se que as alturas mínimas do assento recomendadas pelos autores de ergonomia (Diffrient, Panero & Zelnick e Grandjean) são respectivamente de 35, 36 e 38 cm. No caso brasileiro, a altura mínima da regulagem seria de 37 cm, correspondendo à altura poplítea de 5% das mulheres. Entretanto as normas brasileiras ABNT NBR 139628 recomendam a faixa de 42 a 50 cm, resultando em uma regulagem de apenas 8 cm, quando o ideal seria de 37 a 53 cm, ou seja, o dobro da faixa recomendada pela norma. Para o banco de baterista é recomendado a regulagem de 37 a 55 cm podendo variar cerca de 5 cm para mais, essas medidas podem ser maiores que a altura poplítea do usuário pois alguns preferem sentar de forma que a curvatura das pernas seja maior que 90°.

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Nesse capitulo será iniciado o desenvolvimento do produto, sendo o objeto, o banco de baterista, baseado nos conceitos da ergonomia explanados no capitulo anterior. Será utilizada no desenvolvimento a metodologia de design do Bernd Lobach publicada em seu livro (Design Industrial, 2001). “O trabalho do designer industrial consiste em encontrar uma solução do problema, concretizada em um projeto de produto industrial, incorporando as características que possam satisfazer as necessidades humanas, de forma duradoura.” (LOBACH, 2001, p.141)

Lobach, 2001, definiu o processo criativo e o dividiu em 4 fases, são elas: 1ª-Fase de preparação (Análise do problema); 2ª-Fase de geração (Geração de alternativas); 3ª-Fase de Avaliação (Avaliação das alternativas) e 4ª-Fase de Realização (Realização da solução de problemas), cada fase é composta por etapas especificas, que são métodos que irão colaborar e enriquecer o desenvolvimento do produto. “Como o processo de design pode se desenvolver de forma extremamente complexa (dependendo da magnitude do problema) nos parece útil, para fins didáticos, dividi-lo em quatro fases distintas, embora estas fases nunca sejam exatamente separáveis no caso real. Elas se entrelaçam umas às outras, com avanços e retrocessos.” (LOBACH, 2001, p.141)

6.1 ANÁLISE DO PROBLEMA DE DESIGN “Quando há conhecimento de um problema e intenção de solucioná-lo, segue-se uma cuidadosa análise do mesmo. O âmbito dessa análise depende da abrangência e da importância da solução do problema. Dependendo do caso, ela pode ser detalhada ou

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ampliada ao entorno do mesmo. Na primeira fase do processo de design, é muito importante recolher todas as informações que se possam conseguir e prepará-las para a fase posterior de avaliação. Para isto é essencial a coleta de conhecimentos sobre o problema sem censuras. Todos os dados podem ser importantes, para a base sobre a qual se construirá a solução. Na solução de um problema de desenvolvimento de produto são numerosos os fatores a analisar.” (LOBACH, 2001, p.143)

6.1.1 ANÁLISE DA NECESSIDADE E RELAÇÃO SOCIAL Foi realizada uma pesquisa qualitativa e coletada informações com uma amostra de oito usuários, buscando identificar as possíveis necessidades e a relação com o objeto. A tabela 03 nos mostra os resultados da pesquisa, seguem às conclusões sobre as perguntas. A amostra pesquisada é de oito usuários com idade entre 17 a 31 anos, que tocam o instrumento de 5 a 16 anos.

RESULTADOS PESQUISA COM USUÁRIOS 01 - Você experimenta o banco quando vai comprar? Se sim, qual o motivo?

SIM - 100%

Motivo (Conforto) 100%

02 - O preço influencia na compra?

SIM - 75%

NÃO - 25%

03 - Considerando o conforto você pagaria mais caro por um banco?

SIM - 25%

NÃO - 75%

04 - O que observa primeiro no banco no momento da compra?

CONFORTO - 100%

05 - Numere em ordem de importância o que deve ser considerado em um projeto de um banco para baterista. CONFORTO | MATERIAL | DESIGN | SISTEMA REGULAGEM | PREÇO 1°

CONFORTO

50%

CONFORTO

50%

PREÇO

50% MATERIAL 50%

DESIGN

75%

SIST. REGULAGEM

50%

SIST. REGULAGEM

25%

SIST. REGULAGEM

25%

PREÇO

25%

PREÇO

25%

MATERIAL

25%

MATERIAL

25%

DESIGN

25%

06 - Você já usou banco com encosto? Se sim, como avalia?

SIM - 100%

AVALIAÇÃO

POSITIVA - 62,5% NEGATIVA - 37,5%

REFERÊNCIA AJUSTE DE ALTURA 07 - Como costuma ajustar a altura do banco? O que utiliza como referência para o ajuste? COXAS PARALELAS AO PISO - 100%

Tabela 3 – Resultados Pesquisa com usuários

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A seguir estão descritas as perguntas e respostas da pesquisa. 1. Você experimenta o banco quando vai comprar? Se sim, qual o motivo? Todos os usuários entrevistados disseram que experimentam o banco no momento da compra e que o principal motivo é o conforto, isso tem a ver com o formato e espessura do assento, a maioria deles citaram que utilizam bancos comuns do tipo redondo e que a altura da espuma é baixa, causando certo desconforto quando toca o instrumento, outro aspecto importante é a estrutura, ela deve proporcionar estabilidade e segurança ao usuário, sendo livre de oscilações laterais, para isso é necessária ao banco uma estrutura reforçada. 2. O preço influencia na compra? Dos oito entrevistados, seis disseram que o preço é o critério que mais influência na compra, e os outros dois declararam que o preço não influencia tanto na compra. 3. Considerando o conforto você pagaria mais caro por um banco? Dos oito usuários entrevistados dois estariam dispostos a pagar mais caro por um banco considerando o conforto. Podemos analisar que o conforto alinhado a um bom preço é essencial para chamar a atenção e até levar o usuário a adquirir o produto. 4. O que observa primeiro no banco no momento da compra? Essa pergunta tem ligação com a primeira e a resposta de todos também foi o conforto.

5. Numere em ordem de importância o que deve ser considerado em um projeto de um banco para baterista.

( )Conforto ( )Material ( )Design ( )Sistema regulagem ( )Preço

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A quinta pergunta da pesquisa sugere que o usuário defina por ordem de importância o que deve ser considerado em um projeto de banco. Para quatro dos oito usuários o conforto seria o primeiro item a ser considerado e para os outros quatro seria o sistema de regulagem o principal critério a ser considerado. Isso nos dá uma noção de que no projeto do banco deve estar alinhado o conforto e o sistema de regulagem, para assim satisfazer as necessidades dos usuários. 6. Você já usou banco com encosto? Se sim, como avalia? Três dos oito entrevistados disseram não preferir os bancos com encosto, por se sentirem um tanto desconfortável quando usaram, pelo fato de não possuir boa mobilidade e facilidade de movimentos, pelo fato de se movimentarem bastante enquanto tocam o instrumento, porém a maioria prefere o banco com encosto, por se sentirem mais a vontade e confortável, portanto é ideal que no projeto desse novo modelo de banco possua o encosto, podendo também ter a opção do mesmo banco sem o encosto. 7. Como costuma ajustar a altura do banco? O que utiliza como referencia para o ajuste?

Todos os entrevistados declararam ajustar a altura do banco de forma que a coxa fique paralela em relação ao piso, essa posição é de certa forma “padrão” e considerada a mais ideal e confortável para o baterista, mas existem bateristas que preferem usar o banco mais alto do que a maioria usa, sendo a curvatura da perna maior que 90°. Por isso o banco deve possuir uma boa possibilidade de regulagem, as alturas mínimas e máxima são definidas de acordo com medidas padrão citadas no capítulo anterior (dimensionamento de assentos).

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6.1.2 ANÁLISE DAS FUNÇÕES De acordo com Lobach (2001), a análise da função é um método para estruturar as características técnicas funcionais de um produto, que podem ser observadas através de suas qualidades funcionais. As funções do banco de baterista são acomodar o músico quando toca o instrumento, de forma que fique numa posição confortável e segura. O banco deve proporcionar liberdade ao musico de acessar as diversas partes do instrumento, como os pratos, os pedais de bumbo e chimbal, assim como os tambores. O banco também deve permitir a ajuste de altura, possibilitando ao usuário regular da forma que fica mais confortável ou também de acordo com sua necessidade.

6.1.3 ANÁLISE ESTRUTURAL Nos bancos de baterista encontrados no mercado sua estrutura é composta na maioria dos casos por três pés, podendo ser encontrado em alguns modelos quatro pés, esses aparentemente possuem maior estabilidade, mas quando usados em locais (pisos ou palcos) com alguma irregularidade não vão se adaptar bem podendo causar certo desconforto ao usuário, por isso os de três pés são mais recomendados. Nos pés são fixadas sapatas para um bom posicionamento e aderência ao solo. Esses pés são fixos a um tubo, podendo ser “dobrados” de forma que facilite o transporte e armazenagem. Nesse tubo está localizada a haste de regulagem que é fixada no assento. (Figura 29). São encontrados alguns tipos de assentos, por exemplo: o redondo, com perfil alto ou médio e o tipo selim sendo considerado mais anatômico, pois se molda a forma das pernas e nádegas.

6.1.4 ANÁLISE DA CONFIGURAÇÃO Segundo Lobach (2001), a análise da configuração estuda a aparência estética dos produtos existentes, com a finalidade de se extrair elementos aproveitáveis a uma nova configuração. A estética dos bancos existentes vai depender do público alvo que deseja alcançar, por exemplo, um 65


banco mais elaborado e mais robusto ou com formatos inovadores terá um público alvo segmentado, mais exigente, sendo encontrados modelos tipo “luxo”, com materiais mais nobres, assim agregando maior valor ao produto. Dentre os bancos relacionados na pesquisa de similares no capítulo 3, nas tabelas 1 e 2, os destaques na questão estética são os modelos D-2000BR da marca Pearl (Fig. 21), inovando no formato, possui em um dos lados um anglo frontal que oferece maior liberdade de movimento da perna, e no outro lado uma pequena cavidade que alivia a compressão na coluna. O modelo HT-730 da marca Tama (Fig. 29), traz uma proposta de acabamento mais elaborado, o assento é revestido com couro, com um acabamento bordado que agrega maior valor ao produto, o formato do assento é híbrido, sendo redondo e selim. O que também chama a atenção é o formato dos pés, com perfil curvo, dando um aspecto arrojado ao produto.

Figura 29 - Banco HT-730 – Fonte: tama.com

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6.1.5 ANÁLISE DOS MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO O material utilizado na confecção da estrutura da grande parte dos bancos é o aço, que passa por diversos processos até chegar às formas finais de cada item do produto. Por exemplo, os pés e reforços são confeccionados em chapas de aço cortadas e moldadas em prensas. Esses pés são fixados por meio de rebites, pinos e/ou parafusos. A estrutura também possui borboletas de aperto fundidas em aço, estão localizadas nas partes em que são necessários ajustes. Outra parte importante na estrutura dos bancos é a haste de regulagem, que é fixada ao assento. Existem basicamente três tipos de haste de regulagem de altura nos bancos encontrados no mercado atualmente, são elas: a haste lisa de ajuste com memória, a haste com rosca trapezoidal de ajuste com memória e o sistema de ajuste pneumático com alavanca. As sapatas que são fixas nos pés, são confeccionadas em borracha, para posicionamento seguro e sem oscilações laterais. Os assentos são confeccionados em espuma, de alta densidade nos modelos mais elaborados e com valor mais alto, e nos modelos intermediários e inferiores são utilizadas espumas convencionais, todas essas espumas são de PU (Poliuretano). O formato do assento é moldado pelo processo de injeção, isso quando o formato é mais complexo e no caso dos formatos mais simples, são cortados utilizando máquinas específicas para esse processo. Um dos materiais que podem ser empregados no revestimento dos bancos é o couro, ele é um material que possui maior durabilidade, porém pode encarecer o produto, uma boa opção para o revestimento hoje é o courvin, que é um couro sintético, possuindo uma grande variedade de opções, como cores e texturas. Para esse projeto de banco possivelmente será usado no revestimento um tipo de courvin de característica aderente possuindo um relevo especial, esse tipo de courvin é utilizado geralmente em bancos de motos, ele colabora também para dissipar o calor produzido pelo corpo em contato com o assento.

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6.2 GERAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE DESIGN Esta fase segundo Lobach (2001) é a etapa onde serão geradas as idéias e onde será realizada a produção das diversas alternativas para solucionar o problema em questão. Logo após realizarmos a etapa anterior das diversas análises do problema, determinamos que o foco e diferencial do novo produto a ser desenvolvido fosse o assento, levando em consideração o conforto, o custo acessível e outras opções de revestimentos. Na configuração geral do produto para a estrutura, será proposta uma ferragem reforçada, o sistema de regulagem será de haste com rosca trapezoidal com trava por porca e o encosto com regulagem de altura. Foram coletadas como referência para o processo de criação e geração de alternativas, imagens de modelos de bancos de motos tipo custom, conhecidas como estradeiras, nelas os motociclistas viajam por várias horas, por isso o banco deve ser extremamente confortável, existe uma semelhança entre o banco de baterista e o banco de motos que é o posicionamento das pernas, nos dois casos o usuário fica com as pernas abertas para acessar os pedais de freio e marchas no caso da moto e pedais do chimbal e bumbo no caso do baterista. (Fig. 30)

Figura 30 – Bancos motos custom – Fonte: Do Autor

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Segue as imagens dos primeiros esboços das formas para o assento. (Fig. 31)

Figura 31 - Primeiros Esboços – Fonte: Do Autor

A seguir foram realizados esboços detalhados das propostas mais promissoras, foram coletadas formas dos esboços do conceito e alternativas com possíveis combinações, nessa etapa surgiram novas opções de formas. (Fig. 32, 33, 34, 35)

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6.2.1 PROPOSTA 01 Na proposta 01 (Fig. 32), foi determinado inicialmente as principais dimensões do assento, levando em conta os estudos ergonômicos realizados no capítulo 05. O formato geral é redondo, com um perfil diferenciado na parte traseira. O que não ficou bem resolvido nesse modelo foi o desenho da cavidade para alívio da pressão na coluna, assim como a profundidade que ficou excessiva.

Figura 32 - Proposta 01 – Fonte: Do Autor

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6.2.2 PROPOSTA 02 Na proposta 02 (Fig. 33), foi desenvolvida a cavidade de alívio da pressão na coluna passando por todo assento e também foi diminuída a profundidade.

Figura 33 - Proposta 02 – Fonte: Do Autor

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6.2.3 PROPOSTA 03 Na proposta 03 (Fig. 34), foi desenvolvido um formato diferente para o assento, este é um modelo híbrido, sendo a junção do modelo redondo e do selim. Para o desenho da cavidade para alívio da pressão na coluna foi realizada uma composição um pouco diferente das anteriores.

Figura 34 - Proposta 03 – Fonte: Do Autor

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6.2.4 PROPOSTA 04 Na proposta 04 (Fig. 35) o diferencial foi o desenho e composição da cavidade para alívio da pressão na coluna, sendo um formato mais simples e orgânico, visando a viabilidade e facilidade da fabricação e acabamento.

Figura 35 - Proposta 04 – Fonte: Do Autor

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6.3 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE DESIGN As dimensões dos modelos dos assentos propostos estão de acordo com a norma NBR 13962 que recomenda a largura de aproximadamente 40 cm e profundidade útil entre 38 a 44 cm, somente a dimensão da profundidade está menor, sendo 36 cm nos modelos 01 e 02 e nos modelos 03 e 04, 35 cm. O que está sendo explorado nos modelos propostos é a questão do conforto, e um dos aspectos abordado nos quatro modelos é o chanfro frontal que ameniza a tensão produzida na parte inferior das coxas, e a cavidade na parte traseira do assento que possibilita o alívio da compressão na coluna. A altura do assento foi determinada considerando que a altura mínima ideal para bancos de bateristas é de 4 a 5 cm, para proporcionar o mínimo de conforto ao usuário. Comparando alguns tipos de bancos que utilizam até 10 cm de espessura, porém essa altura não fará muita diferença quanto a questão do conforto e também acaba aumentando o custo do banco, por isso foi definida a altura de 8 cm ideal para o projeto desse novo banco, unindo o conforto e a diminuição do custo com materiais. Nos modelos 03 e 04 foi proposto um desenho não muito comum entre os fabricantes de bancos que na sua maioria optam pelo modelo redondo ou o tipo selim, mas esse modelo é híbrido, é a junção do redondo com o selim, com formas suaves, facilitando o processo de fabricação e diminuindo custos, como o da modelagem e acabamento com aplicação do revestimento, sendo também atraentes visualmente, além de tudo. Analisando todos os aspectos focados nesse estudo e o que foi proposto nos quatro modelos, o que mais se adéqua e representa a melhor solução encontrada de uma forma que une todos esses aspectos é o modelo 04, diferenciando do modelo 03 somente no desenho da cavidade para alívio da coluna, pois foi proposto um formato mais simples e funcional. (Fig. 36) 74


Figura 36 – Modelo (Alternativa escolhida) – Fonte: Do Autor

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6.4 REALIZAÇÃO DA SOLUÇÃO DE DESIGN 6.4.1 ESTRUTURA DO BANCO DE BATERISTA Para a estrutura do novo modelo de banco de baterista, optamos por utilizar um tipo de banco já encontrado no mercado, pois o foco e objetivo principal desse projeto é o assento, porém iremos detalhar como será essa estrutura, suas características e funcionalidades. A estrutura é confeccionada em aço, com exceção das sapatas que são de borracha, o revestimento da porca trava que é de plástico e o encosto que possui a base de madeira, o corpo modelado em espuma de PU (Poliuretano) injetado de alta densidade revestido com courvin. Os pés da estrutura são retráteis, facilitando o transporte e armazenagem. O sistema de regulagem é feito por uma haste com rosca trapezoidal, uma espécie de espiral em volta da haste, e essa haste é travada por uma porca com o mesmo formato dessa espiral, porém na parte interna, assim o usuário ajusta a altura que mais lhe agrada, travando o sistema para que fique livre de oscilações, proporcionando conforto e segurança enquanto toca o instrumento. Esse banco possui regulagem mínima de 35 cm e máxima de 55 cm, essas medidas correspondem à altura que vai do piso a face superior do assento, correspondendo com os estudos ergonômicos e antropométricos abordados no capítulo 5 (Ergonomia). O encosto também possui regulagem tanto de altura como de profundidade, proporcionando um maior conforto ao usuário. (Fig. 37)

6.4.2 DESENHOS TÉCNICOS O foco dessa nova proposta de banco para bateristas é o desenvolvimento do assento. Foram detalhadas as peças que constituem o assento. Estão em anexo a este trabalho os desenhos técnicos. ANEXO A - Base do Assento e ANEXO B – Assento.

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Figura 37 – Estrutura do banco de baterista – Fonte: Do Autor

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6.4.3 DESENHOS DE REPRESENTAÇÃO (RENDERINGS) Nesse tópico iremos apresentar algumas imagens do modelo digital da proposta do novo modelo de banco de baterista, modelado e renderizado no software SolidWorks. Modelo com encosto.(Fig.38) e Modelo com encosto em ambiente real (Fig. 39)

Figura 38 – Modelo c/ encosto – Fonte: Do Autor

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Figura 39 – Modelo com encosto em ambiente real – Fonte: Do Autor

A seguir temos imagens renderizadas do modelo do banco sem o encosto (Fig. 40) e modelo sem encosto em ambiente real. (Fig. 41)

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Figura 40 – Modelo sem encosto – Fonte: Do Autor

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Figura 41 – Modelo s/ encosto em ambiente real – Fonte: Do Autor

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6.4.4 REGISTRO DO DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO Foi confeccionado o protótipo do novo modelo de banco de baterista, iremos apresentar neste tópico algumas etapas do processo, assim como as imagens identificando as etapas. 1ª Etapa - A base foi confeccionada em compensado de madeira de 10mm (milímetros) de espessura, para o corte foi utilizado um modelo de papel no formato real do assento, esse modelo foi fixado sobre a madeira e então cortada com a ferramenta para corte manual tico-tico. (Fig. 42)

Figura 42 – Corte da base do assento – Fonte: Do Autor

2ª Etapa – Nessa etapa foram colocadas as buchas para fixação do suporte do assento. (Fig. 43 e 44)

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Figura 43 – Buchas para fixação do suporte – Fonte: Do Autor

Figura 44 – Suporte fixado – Fonte: Do Autor

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3ª Etapa – A seguir foi fixado o bloco de espuma de PU (Poliuretano) de densidade D45 e modelado o assento. (Fig. 45)

Figura 45 – Espuma modelada – Fonte: Do Autor

4ª Etapa – Nessa etapa foi revestido o assento, os materiais utilizados no revestimento é o courvin, que é um couro sintético, os tipos escolhidos são os mesmo utilizados em revestimentos de bancos de motos, para a parte superior do assento foi definido um tipo de courvin aderente com pequenas cavidades e minúsculos orifícios nessas cavidades que ajudam a dissipar o suor produzido pelo corpo em contato com o assento, tornando o produto ainda mais confortável e visualmente atraente. (Fig. 46). Para o revestimento da lateral e parte inferior foi utilizado um tipo mais comum de courvin, o liso. (Fig. 47)

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Figura 46 – Courvin com cavidades – Fonte: Do Autor

Figura 47 - Courvin liso – Fonte: Do Autor

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A seguir temos imagens do modelo final. (Fig. 48, 49, 50, 51 e 52)

Figura 48 – Detalhe do revestimento – Fonte: Do Autor

Figura 49 – Revestimento inferior do assento – Fonte: Do Autor

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Figura 50 – Detalhe da cavidade para alívio da coluna – Fonte: Do Autor

Figura 51 - Detalhe lateral do assento – Fonte: Do Autor

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Figura 52 - Detalhe frontal do assento – Fonte: Do Autor

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Com base nos estudos conclui-se que é muito importante o estudo da ergonomia e antropometria para se desenvolver novos produtos para uso do homem, tanto para o lazer, trabalho ou quaisquer atividades que exijam movimentos repetitivos, melhorando essas condições pode-se evitar muitos problemas relacionados à saúde e conseqüentemente melhorar a qualidade de vida dos usuários desses produtos. Um dos fatores importantes abordados nesse trabalho foi o conforto do usuário ao utilizar o banco de baterista e a partir da pesquisa realizada com uma amostra de usuários, conseguimos identificar as reais necessidades e possíveis melhorias a serem propostas nesse novo modelo de banco. Foram também realizados diversos estudos ergonômicos e antropométricos, para adquirirmos parâmetros corretos e fundamentais para a realização desse projeto. Outro diferencial desse novo projeto de banco para bateristas foi a utilização de novas alternativas de materiais, como a do revestimento do assento, que possibilita um conforto ainda maior ao usuário, assim como um custo final abaixo do modelo semelhante encontrado no mercado, agregando qualidades desejadas pelo usuário e atribuindo competitividade em relação ao mercado. O desenvolvimento deste projeto foi muito importante para minha formação como designer, pois aprendi a superar dificuldades criando alternativas simples, que em alguns momentos parecem ser o mais difícil, mas depois que alcançarmos os objetivos tudo se torna mais claro, e assim vamos crescendo profissionalmente. Na medida em que fui amadurecendo ao longo do projeto, aprendi que o tempo é um elemento que se não for aproveitado de maneira correta pode prejudicar todas as etapas do desenvolvimento de um projeto, uma boa organização é essencial para o sucesso.

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BARSA, Nova Enciclopédia, Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações LTDA. Rio de Janeiro – São Paulo, 1993

BARSA, Nova Enciclopédia, Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações LTDA. Rio de Janeiro – São Paulo, 1998

BARSA, Temática, Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações LTDA. Rio de Janeiro – São Paulo, 2005

DUL, Jan; WEERDMEESTER Bernard, Ergonomia Prática, tradutor Itiro Iida 2ª Edição ver. e ampl. – São Paulo: Edgard Blücher, 2004

GOMES Filho, João, Ergonomia do Objeto: sistema técnico de leitura ergonômica, Escrituras, São Paulo, 2003

IIDA, Itiro Ergonomia, Projeto e Produção 2ª Edição ver. e ampl. – São Paulo: Edgard Blücher, 2005

LOBACH, Bernd, Design Industrial 1ª Edição – São Paulo: Edgard Blücher, 2001

MIRADOR, Enciclopédia Internacional, Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda, São Paulo-SP, 1987

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Figura 01 - http://forum.batera.com.br/forum_posts.asp?TID=56798&title=dw-collectors-seriesarthur-rezende-c-video Figura 02 - http://casadeiinstrumentos.com.br/loja/index.php/violino/violino-eagle-3-4-ve431.html Figura 03 - http://allairsantanna.blogspot.com/2010/10/ilustracoes-p-livro.html Figura 04 - http://synthesizerkeyboardss.com/ Figura – 05 - http://www.izzomusical.com.br/produto/flauta-transversal-do-niquel-dolphin Figura 06 http://brasil.abatata.com.br/cva/96752536_Sax_Alto_Arena_2001_E_Boquillha_Jazz.html Figura 07 - http://dupiston.wordpress.com/2010/10/21/historia-e-descricao-do-trompete/ Figura 08 - http://cafehistoria.ning.com/photo/aquecedor-museu-caraca-mg/next?context=latest Figura 09 - http://artcelsior.blogspot.com/2010/05/reco-3-molas_11.html Figura 10 - http://www.music123.com/Concert-Percussion/Concert-Mallet-Percussion/ConcertMarimbas/YM6100C-5-Octave-Keiko-ABE-Grand-Marimba-with-Cover.site7prod502731.product Figura 11 http://www.musicalgrellmann.com.br/loja/catalogo.php?loja=54103&IdDep=82&fm=Izzo&f=g Figura 12-13-14-15 http://www.bateraclube.com.br/loja/product_info.php?cPath=34&products_id=1714 Figura 16-17-18-19 - http://www.musicpower.com Figura 20 - http://www.artdrum.com/WUHANCHINACYM.HTM Figura 21, 22 e 23 – Pride Music Figura 24 - GOMES Filho, João, Ergonomia do Objeto, 2003, pág. 18. Figura 25(pág.117), 26(pág.149), 27(pág.150), 28(pág.152) - IIDA, Itiro Ergonomia, Projeto e Produção, 2005. Figura 29 – www.tama.com Figura 30 – Produzida pelo Autor Figura 31 – Produzida pelo Autor Figura 32 – Produzida pelo Autor Figura 33 – Produzida pelo Autor Figura 34 – Produzida pelo Autor Figura 35 – Produzida pelo Autor Figura 36 – Produzida pelo Autor Figura 37 – Produzida pelo Autor Figura 38 – Produzida pelo Autor 91


Figura 38 – Produzida pelo Autor Figura 39 – Produzida pelo Autor Figura 40 – Produzida pelo Autor Figura 41 – Produzida pelo Autor Figura 42 – Produzida pelo Autor Figura 43 – Produzida pelo Autor Figura 44 – Produzida pelo Autor Figura 45 – Produzida pelo Autor Figura 46 – Produzida pelo Autor Figura 47 – Produzida pelo Autor Figura 48 – Produzida pelo Autor Figura 49 – Produzida pelo Autor Figura 50 – Produzida pelo Autor

ANEXOS Anexo A - Base do Assento (Desenho Técnico) Anexo B – Assento (Desenho Técnico)

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