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As práticas quaresmais

Para vivermos profunda e proveitosamente o tempo da graça que é a Quaresma, a Igreja nos propõe o exercício das três práticas tradicionais: a oração, o jejum, a esmola. Já no primeiro dia da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas, é proclamado o evangelho no qual Jesus fala sobre elas, ensinando que, agora, na vida nova dos cristãos, vivida sob a grande luz do Reino de Deus, devem ser vivenciadas de modo muito mais interior, isto é, interiorizadas. O desejo sincero de quem ora, jejua ou dá esmolas deve ser unicamente este: buscar a Deus, corresponder à Sua amizade, responder à altura da bondade divina. Quem descobre a grandeza e a profundidade do amor de Deus não consegue mais buscar outras metas inferiores, não busca a si mesmo, não procura honras e destaque social (Mateus 6, 1-6.1618). Jesus convida os seus discípulos a percorrer este caminho de desprendimento interior, em vista de uma grande liberdade espiritual e de um coração simples, cristalino, trans-parente. Nos corações assim livres é que a graça divina pode agir mais profunda e poderosamente, como também é verdade que é aos “pequeninos” que Deus revela seus segredos, conforme a bela expressão de Jesus (Mateus 11).

Uma breve palavra sobre cada um dos exercícios quaresmais:

1.Oração - É uma comunicação familiar com Deus, como o grande Amigo que ele é. E isto é realmente impressionante: a possibilidade que temos de ser, não somente servos e colaboradores (o que já é muita coisa), mas também amigos daquele que é o nosso Senhor. Deus nos convida a nos unirmos a Ele nesse nível, nessa dimensão da amizade, mesmo sendo ele, evidentemente, imensamente superior a nós. Por isso o caminho da oração é uma aventura espiritual maravilhosa, em que o orante que se deixa conduzir por Deus, sendo conduzido para alturas que jamais imaginou. A oração sempre eleva a pessoa humana, porque a une a Deus, o Criador e fonte de todo o ser. Um efeito que sempre acompanha a oração autêntica é a abertura aos outros e a toda a Criação.

“Vigiai e orai”, exortou Jesus no Horto das Oliveiras, num momento humanamente muito difícil (Marcos 14, 32-38). É através da oração que vamos obter luzes e forças para nossa vida e em todos os momentos, especialmente os mais complicados. Sem oração, isto é, sem a comunicação com Deus (que se dá, claro, por vias misteriosas), nossos corações se tornam demasiadamente secos, frios espiritualmente, tendendo a uma mentalidade muito mais exterior e “materialista”. Existe uma luz que só Deus pode conceder!

Existem, infelizmente, alguns equívocos comuns em relação à oração. Um deles é que na oração bemfeita precisamos de muitas palavras especiais e abundantes, como uma “performance” da qual dependesse a qualidade e a profundidade da nossa oração. Jesus, no Sermão da Montanha, condena explicitamente esse modo de pensar. São os “pagãos”, afirma Jesus, que têm essa ideia da eficácia das palavras em si mesmas, que assim ficam parecidas com os rituais mágicos (comuns na antiguidade e que hoje reflorescem). A oração cristã, ao contrário, independe das palavras, porque acontece na alma, no interior da pessoa. Lá em nosso interior mais profundo, no lugar onde Deus habita (ou deseja habitar), é que a oração (ou seja, a comunicação com Deus) acontece. “Deus ouve não as palavras, mas o coração”, conforme um escritor eclesiástico antigo. Isso não significa que as palavras da oração não tenham valor. Pelo contrário, mas com a condição de que expressem realmente o coração da pessoa que reza, sua intenção sincera de amar a Deus e unir-se a ele. Na oração tanto pessoal como também comunitária (litúrgica) existe o risco de uma ação externa sem a necessária participação interior, isto é, faltando a atitude de procura e o desejo de se aproximar de Deus. É Jesus mesmo que nos adverte a respeito desse perigo real (Mateus 6).

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