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O valor da morte de Jesus

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Igreja Católica

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(ORAÇÃO DE S. AGOSTINHO DE HIPONA)

Overdadeiro Mediador, que em tua misericórdia revelaste aos humildes e lhes enviaste para que nos ensinasse a humildade, “esse mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus” apareceu entre os pecadores mortais como justo mortal; mortal com os homens, justo com Deus. Sendo a recompensa da justiça a vida e a paz, pela justiça unida a Deus destruiu a morte dos ímpios justificados, por essa morte que desejou igual à deles. Quanto nos amaste, Pai bom, que “não poupaste teu Filho único, mas por nós”, ímpios, o entregaste! Como nos amaste, quando por nós ele “não julgou rapina ser igual a ti, fez-se obediente até à morte da cruz”; único livre entre os mortos, “com o poder de entregar sua vida e o poder de retomá-la”. Por nós, diante de ti vitorioso e vítima, vitorioso porque vítima; por nós, diante de ti sacerdote e sacrifício, sacerdote porque sacrifício; fazendo de nós, servos, filhos para ti, nascendo de ti, a nós servindo. Com muita razão minha grande esperança está nele, porque curarás todos os meus males, por aquele que se assenta à tua direita e intercede por nós; de outro modo, desesperaria. Pois são muitos e grandes estes meus males; muitos e enormes. Porém muito maior é teu remédio. Teríamos podido pensar que teu Verbo estava longe de unir-se aos homens e entregarmo-nos ao desespero, se ele não se fizesse carne e habitasse entre nós. Apavorado com meus pecados e com o peso da minha miséria, revolvia no espírito e pensava em fugir para o deserto. Mas me impediste e me fortaleceste dizendo-me: “Para isto Cristo morreu por todos, para que os que vivem não mais vivam para si, mas para aquele que por eles morreu”.

Agora, Senhor, lanço em ti meus cuidados para viver e “considerar as maravilhas de tua lei”. Tu conheces minha ignorância e fragilidade; ensina-me, cura-me. O teu Único, “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”, me remiu por seu sangue. “Não me enganem os soberbos”, porque reflito no preço dado por mim; como, bebo e distribuo; e, pobre, desejo saturarme dele entre aqueles que comem e são saciados; “e louvarão a Deus aqueles que o procuram”.

(Confissões, Livro 10, Cap. 43. Santo Agostinho, que viveu entre 354 e 430, foi bispo de Hipona, no norte da África. Converteu-se à fé católica e foi batizado em idade adulta, no ano de 387, pelas mãos do Bispo S. Ambrósio de Milão. Em seguida, por um tempo, levou vida ascética. Eleito bispo de Hipona, exerceu seu ministério por 34 anos. Escreveu inúmeros sermões e livros. Suas “Confissões”, escritas em forma de oração, é uma de suas obras primas).

Nota: As frases em aspas são citações da Sagrada Escritura, que Agostinho cita livremente, mas sem a preocupação de anotar a fonte.

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