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O Espírito, fonte de água viva

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Igreja Católica

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(SANTO AFONSO DE LIGÓRIO)

Disse nosso Redentor à Samaritana: “Quem beber da água que eu lhe der jamais terá sede” (Jo 4, 13). A água é o amor para o sedento, pois quem está imbuído de verdadeira caridade nada mais busca nem deseja, já que em Deus encontra todo bem.

Com razão queixava-se o Senhor de tantos que vão como que mendigando breves satisfações incapazes de saciar, sem reparar sequer nele, que é bem infinito e fonte de alegria: “Eles me abandonaram, a fonte de água viva, para cavar para si cisternas furadas que não podem reter água” (Jr 2,13).

Por isso Jesus Cristo, que deseja ver-te feliz, levanta sua voz para gritar: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba... do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7, 3738). Que significa: Derramarei os dons do Espírito Santo sobre os que me seguem, em abundância tal, que transbordarão a si mesmos e afogarão aos demais.

Que esta água viva seja o Paráclito, declara-o muitas vezes o mesmo Evangelista: “Referia-se ao Espírito que haviam de reeber aqueles que cressem nele” (Jo 7,39).

A oração é a chave que abre para ti o canal dessa água viva. Onde senão nela se dispõe o coração e se dilata a vontade para acolher os consolos e dons de quem é o doador de todo bem? Quando desce sobre ti seu celestial orvalho, senão quando sentindo-te terra seca te entregas à comunicação íntima com ele?

Certa oração da Igreja diz: “Que a infusão do Espírito Santo purifique nossos corações e fecunde-os com sua chuva interior”. Isso porque o Espírito suaviza a paixão, aniquila os sentimentos duvidosos, faz germinar a caridade, e amadurece o fruto dos bons propósitos.

Se te sentes cego, confuso ou pobre, ora ao Espírito que habita em ti. O mesmo que te fez filho de Deus e do teu desamparo te grita: “Pai!” te devolverá à vida. Enviará à tua mente um raio de sua luz, para que te conserves na verdade. Para que cresças na caridade, ele te afogará em seu amor. Ele te fortalecerá para que no combate da fé não te rendas.

O Espírito é a bondade de Deus. E, contudo, quem o conhece, quem o invoca? Quantos cristãos teriam de dizer com os neófitos de Éfeso: “Se há um Espírito Santo, o conhecemos muito pouco, e o invocamos menos ainda”.

Ó Espírito Santo, Advogado, Luz dos corações e Pai dos pobres, Amor de Deus e Santificador da Igreja... dai-me de beber a água de teus dons. Minha alma é terra seca que não produz mais que espinhos e abrolhos.

Ó fonte de água viva, inunda-me com teu caudal. Não permitas que eu vá beber águas contaminadas. Rega meu coração em tempo de seca. Que o tédio não sufoque nem mate a vida que me infundes. Vem, Espírito Santo, e enche-me de teus dons.

(“Novena ao Espírito Santo”. Santo Afonso de Ligório, 1696-1787. Nasceu em Nápoles. Aos 16 anos, consegue o doutorado em Direito Civil e Canônico, atuando como advogado eminente. Inicia sua vocação de serviço aos pobres no Hospital dos Incuráveis de Nápoles e ordenase sacerdote aos 30 anos. Funda a Congregação do Santíssimo Redentor – os redentoristas – em 9 de novembro de 1732. Em 1748 inicia sua grande obra “Teologia Moral”. Ao longo de sua vida, publica mais de cem títulos de caráter espiritual e pastoral. É consagrado bispo em 1762. Morre em 1 de agosto de 1787 e é canonizado em 1839. Declarado “Doutor da Igreja” em 1871).

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