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JULIANA AFONSO DE ALMEIDA

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ALFABETIZAÇÃO: QUAIS PODEM SER AS CAUSAS DO FRACASSO NA ALFABETIZAÇÃO?

JULIANA AFONSO DE ALMEIDA

INTRODUÇÃO

Há muito tempo vários autores vêm investindo nas questões relacionadas ao fracasso na aprendizagem, provocando verdadeiras revoluções nas ideias do processo de aprendizagem, porém no estágio atual da pesquisa em alfabetização, não há respostas definitivas para determinar qual é o melhor método e sim um conjunto de atributos e prioridades que precisam ser levados em consideração.

Por se tratar de um tema já debatido no campo da educação é necessário salientar os fatores que interferem na aprendizagem, buscando respostas que nos mostrem as possíveis causas do fracasso na alfabetização.

É importante compreender a atividade docente, o seu vínculo com a prática social, examinando os aspectos afetivos, sociais, físicos e biológicos, lembrando

que o conteúdo programático é apenas um dos elementos que formam o conhecimento e a construção do pensamento.

As inúmeras discussões sobre a teoria construtivista afirmam que o conhecimento é construído nas relações com os outros e com o ambiente, desse modo não é possível conceber a aprendizagem como um processo mecânico.

Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky em a Psicogênese da Linguagem Escrita (1999) as crianças elaboram conhecimentos através de diferentes hipóteses espontâneas e provisórias, baseadas em conhecimentos prévios, assimilações para tal afirmação nos perguntamos: Será que a alfabetização na perspectiva construtivista de Emília Ferreiro é um processo de construção conceitual, contínuo que se inicia antes da criança ir para a escola?

O objetivo deste artigo é apresentar um estudo sobre as possíveis causas do fracasso na alfabetização, mostrando a situação dos problemas nos dias de hoje, destacando alguns fatores que interferem na aprendizagem.

Palavras-chave: alfabetização, fracasso na alfabetização, causas, aprendizagem.

DESENVOLVIMENTO

FATORES QUE INTERFEREM NA APRENDIZAÇÃO DO ALUNO

Os fatores emocionais, orgânicos, sociais e específicos podem afetar no processo de ensino aprendizagem das crianças, além de trazer alguns distúrbios que são provocados devido a certa deficiência destes fatores. Segundo Souza (2001, p.101)

Devemos partir levando em consideração que a família é a sala de aula primordial na educação da criança. Esta metáfora sublinha os aspectos da interação familiar que podem contribuir para as dificuldades da criança na escola”.

Muitos pedagogos e psicólogos reconhecem que aspectos emocionais podem sim interferir de forma negativa no processo de ensino aprendizado do aluno.

Quando entramos na explicação porque alguns aprendem aqueles que conseguem aprender, geralmente nos remetemos a teorias cognitivas, ouvindo uma frase muito conhecida “essa criança aprende porque é inteligente”, mas nunca ouvindo que ela aprendeu porque vive em um lar harmonioso onde é muito amada e recebendo assim apoio e ajuda de seus pais.

Mas cabe ressaltar que esse apoio e o lar harmonioso vivenciado pela criança não deve ser algo a ponto de superprotegê-la, fazendo assim com que ela não consiga se desenvolver através de suas capacidades.

Por isso é importante a criança ter um desenvolvimento emocional sadio, pois esse é um fator importante para lhe assegurar uma escolaridade com êxito. As dificuldades de aprendizagem podem produzir leves desajustes emocionais e estes, por sua vez, podem agravar os problemas de aprendizagem. Assim podemos subentender que uma vez superada e compensada a dificuldade de aprendizagem, notamos que a parte emocional também melhora.

Mas quando a parte emocional da criança não está bem, muitas crianças como forma de castigo para seus pais ou por questão de serem superprotegidas resistem ao desenvolvimento na lecto-escrita (habilidade na escrita e leitura), já que para elas muitas vezes ter essa habilidade consiste em se ter certa autonomia, maturidade e tornar-se independente, consequências essas que não querem adquirir.

Outra questão no fator emocional são as respostas que emitem diante de diferentes situações, como divórcios, problemas familiares, superproteção, rivalidade entre irmãos morte de pessoas próximas, situações novas etc.

Por isso, educadores e pais devem estar bem atentos as reações das crianças, quando deparadas com certas situações, buscando uma forma de ajudálas a manejar e enfrentar estas situações, já que podem ser afetados diferentes âmbitos da sua vida, incluindo a aprendizagem.

Segundo Leckman (1998,p.206-236)

Os tiques são transtornos geralmente temporários, associados a distúrbios emocionais provenientes de dificuldades na vida familiar, escolar ou desempenho profissional, em que autoestima, frequentemente, está comprometida

Os tiques podem estar presentes em crianças normais ou mesmo naquelas com atraso na aquisição da fala e/ou dificuldade escolar, mas na maioria das vezes sua presença não realça preocupação por partes dos professores.

Reação está que deve ser revista, já que este tique pode se tratar de uma síndrome descrita por Gilles de La Tourette em 1885. A síndrome de Gilles de La Tourette é um transtorno de tique grave, progressivo, em que tiques motores múltiplos e vocais (tiques fônicos) ocorrem combinados, onde tem início na fase da infância.

As crianças comprometidas com a síndrome dos tiques podem apresentar associadamente, alguns distúrbios no comportamento, incluindo fala ou conduta desinibida, impulsividade, desatenção, hiperatividade motora e, tardiamente, sintomas obsessivo-compulsivos, caracterizados por rituais, ideias obsessivas, necessidade de tocar, friccionar, entre outros ( BAER, 1993, p.18-23).

2. Fatores Sociais

A relação que existe entre quem ensina e quem aprende é muito importante já que afeta a subjetividade da pessoa que aprende.

As pessoas que ensina: pais, irmãos, avós, tios professores e colegas de escolas precisam conceber para a criança que aprende a possibilidade de “ser a pessoa que aprende”, colocando-a no lugar do sujeito pensante.

A pessoa que ensina pode ser alguém que cria ou queira que a pessoa que esteja aprendendo aprenda, mas algumas vezes isso não é possível já que os pais e professores podem perturbar ou até destruir o aprender, isto por questão de conhecimento ou metodologia aplicada.

Mas o papel dos pais não é somente transmitir as informações que possuem para seus filhos e sim propiciar ferramentas ou ambiente adequado para que sejam adquiridas essas informações e assim construído o conhecimento.

O papel do professor é fundamental, já que pode estar ajudando a criança a reconhecer a si mesma como um ser que pensa e não simplesmente o que recebe as informações e sendo assim a autora de sua história.

No processo de aprendizagem a responsabilidade de quem ensina e do que aprende é compartilhada, ficando claro assim que não se pode culpar uma das partes por algo que venha a fracassar como também não privilegiar somente uma das partes pelo sucesso alcançado. O que ensina e o que aprende devem construir juntos este processo de ensino-aprendizagem.

Mas a pessoa que ensina deve entender que quando quem aprende for capaz de dizer “eu aprendi”, isto significara que ele não necessitara mais dessa pessoa que estava na posição de ensinar.

O que permanece no sujeito dentro do processo de aprendizagem após aprender, além do esquecimento do conteúdo aprendido é o prazer de dominar o que aprendeu como o material de leitura, de escrita, o lápis, ou seja, a aquisição de sua autonomia, de poder fazê-lo, de alcançá-lo.

No que se refere ao meio escolar devem ser analisadas as condições materiais de ensino, como, por exemplo, se as classes estão cheias, se as condições físicas do prédio são inadequadas ou se está se trabalhando com material inapropriado, condições estas que podem a vir prejudicar todo o processo de ensino aprendizagem da criança.

3. Fatores Específicos transtornos na área da adequação perceptiva motora, o que pode a vir afetar o nível de aprendizagem da linguagem, da sua articulação, da leitura e escrita.

Muitos problemas de aprendizagem encontram-se relacionados com uma indeterminação da lateralidade, ou seja, devemos ter claro que a norma é o uso da mão direita. A pessoa destra nas extremidades e no olho apresenta uma grafia mais uniforme e harmônica, já a criança canhota é forçada a uma decodificação precoce.

Mas o caso pode ficar ainda mais complicado quando não existe um cruzamento da lateralidade dos olhos com as mãos, provocando assim um conflito para a criança.

A neurofibromatose tipo l (NF-1) tem como principal representante deste grupo a Neurofibromatose ou Doença de Von Recklinghausen, desordem hereditária, de transmissão autossômica dominante e dependente do acometimento do ectoderma e mesoderma, caracterizado, principalmente pelas manchas cafécom-leite e neurofibromas distribuídos pelo corpo.

Eliason (l986) foi um dos primeiros a relacionar a NF1 com dificuldade específica no aprendizado da leitura/escrita e distúrbios comportamentais, concluindo após sua pesquisa feita com 23 crianças portadoras, que a NF1 é uma forma distinta na categoria dos défices de aprendizagem, representando um fator causal especifico e recomendou considerar a NF1, por si só, como uma das causas de dificuldade na aprendizagem escola

As crianças com NF1 apresenta-

vam quadros leves de comprometimento mental, particularmente em termos de integração viso-espacial, determinante de uma forma especifica e diferenciada de dificuldade na aprendizagem, sendo mais acentuada nos quadros mais severos. (VERNHAGEM, 1988,p.9:257-65)

4. Fatores Orgânicos

De acordo com Paín (1992), a origem de toda aprendizagem está nos esquemas de ação desdobrados mediante o corpo. Para a leitura e integração da experiência é fundamental a integridade anatômica e de funcionamento dos órgãos diretamente comprometidos com a manipulação do entorno, bem como dos dispositivos que garantem sua coordenação no sistema nervoso central.

Quando existem no sistema nervoso central lesões ou desordens corticais encontramos uma conduta rígida, estereotipada e confusa. Desordens essas que podem ser de origem genética, neonatais, ou pós-encefálicas, traumáticas além de existir algumas outras origens.

p.59) Segundo Assencio-Ferreira (2005,

O córtex cerebral é a única região do sistema nervoso central (SNC) capaz de transformar estímulos recebidos em aprendizado. Mas para isto é necessário que todo o resto do SNC tenha que estar funcionando adequadamente em favor das funções nervosas superiores de memória, raciocínio e inteligência, em busca assim da decodificação ou do aprendizado.

Para Paín, outro aspecto que interessa especialmente para a aprendizagem é funcionamento glandular, não apenas pela sua relação com o desenvolvimento geral da criança, o adolescente, mas também porque muitos estados de hipomnésia (diminuição do estado de lembranças), falta de concentração, sonolência, assim lacunas, costumam explicar-se pela presença de deficiências glandulares. Algumas autointoxicações por mau funcionamento renal ou hepático apresentam consequências parecidas.

A autora considera também muito importante a alimentação correta feita pelo sujeito, tanto em quantidade como em quantidade, pois o déficit alimentar crônico produz uma distrofia generalizada que abrange sensivelmente a capacidade de aprender, além da moradia proporcionar um certo conforto podendo assim usufruir de algumas horas de sono tranquilas, assim se estabelecendo também como um fator importante para um maior aproveitamento das experiências vivenciadas.

O aprendizado, portanto, depende da atenção e interesse, além, é claro, da funcionalidade adequada das estruturas que vão receber ou captar os estímulos (boa qualidade visual e auditiva, entre outras).

Para Assencio-Ferreira (2005) um aspecto fundamental para o aprendizado é a atenção, função essa desempenhada por uma estrutura complexa encontrada no tronco encefálico, denominada Formação Reticular (FR).

A falta de atenção, geralmente associada à hiperatividade, é um importante fator etiológico de dificuldade de aprendizagem e pode depender de inúmeras causas dentro e fora do SNC.

De acordo com o autor Assencio-Ferreria (2005) é inadmissível aceitar como diagnóstico da causa da dificuldade no aprendizado a “doença”, denominada “hiperatividade”, embora seja muito comum encontrar pais que vão em busca de um atendimento neuro pediátrico informando que seu filho foi diagnosticado como caso de hiperatividade, isto se deve à falta de conhecimento por parte dos pais e da pessoa a qual fez este diagnóstico.

Devemos ter claro que ela, a hiperatividade, não é uma doença e sim um sintoma que pode a vir acompanhar a criança com deficiência mental, autismo, síndrome genética ou, por outro lado, criança normal, mas mal-educada, ou melhor dizendo sem limites.

As lesões ou disfunções no sistema nervoso central podem ter origem na época pré-natal, perinatais ou pós-natais.

Existe uma explicação alternativa para o fato de as dificuldades de aprendizagem aparecerem em famílias, como exemplo pais que apresentam desordens na linguagem que usam podendo estar distorcida. Nestes casos as crianças precisam de um modelo adequado para a aquisição da linguagem, caso contrário podem estar vindo a ser incluídas no grupo de crianças que apresentam dificuldade da fala e, portanto, acarretando dificuldade em seu aprendizado.

Segundo Pain ( 1983)

As perturbações: desordens na fala dos pais, funcionamento glandular, condições de saúde, alimentação, abrigo, conforto e o déficit crônico alimentar, podem gerar ou provocar problemas cognitivos mais ou menos graves. Porém estes problemas por si só não necessariamente geram um problema de aprendizagem. Mesmo sem ser a causa suficiente, aparecem como causa necessária.

Distúrbios de Aprendizagem

5. Epilepsia

A epilepsia segundo Assencio-Ferreira (2005) é definida como um transtorno paroxístico cerebral crônico de descargas neuronais incontroláveis, que causam crises epilépticas de repetição e que não são desencadeadas por febre ou distúrbios tóxico-metabólicos. Esse transtorno é um dos problemas neurológicos mais comuns, ocorrendo em cerca de 1% da população.

A epilepsia, em boa parte das vezes, não é uma doença mais sim um sintoma associado a grande número de acontecimentos cerebrais como tumores, malformações encefálicas, doenças infectocontagiosas como encefalites e neurocisticercose (bicho de porco).

6. Autismo

De acordo com Assencio-Ferreira (2005) o autismo é um distúrbio de desenvolvimento, de origem orgânica (lesão cefálica), cuja causa específica, de componente genético, ainda não se reconhece com detalhes. Mas pode se identificar ainda na fase de bebê, mostrando assim muito quieto, não chora, não ri, não sente falta da mãe, preferindo ficar deitada no berço a estar no colo, não aprende gesto como dar tchau, mandar beijos, não balbucia e prefere “brincar” com os próprios dedos das mãos, mexendo a frente de seu rosto.

Assim é possível perceber já nos primeiros anos de vida um atraso no desenvolvimento da fala/linguagem e grande dificuldade em jogos, ocasionando assim uma dificuldade no aprendizado, já que muitas vezes prefere ficar isolado, não reagindo a um diálogo ou uma brincadeira em grupo.

As características mais comuns, que podem variar de intensidade e cuja presença não é obrigatória são:

- Não estabelece contato com os olhos;

- Parece surdo;

-Pode começar a desenvolver a linguagem, mas repentinamente isso é completamente interrompido, sem retorno;

- Age como se não tomasse conhecimento do que acontece com os outros;

- Ataca e fere outras pessoas mesmo que não existam motivos para isso;

- É inacessível perante as tentativas de comunicação com outras pessoas;

- Ao invés de explorar o ambiente e as novidades, restringe-se e fixa-se em poucas coisas;

- Apresenta certos gestos imotivados como balançar as mãos ou balançar-se;

- Cheira ou lambe os brinquedos ou objetos

- Mostra-se insensível aos ferimentos podendo inclusive ferir-se intencionalmente

7. Agressividade Seguindo a ideia de Assencio-Ferreira (2005) estabelece que o comportamento agressivo é um distúrbio de conduta, que preocupa professores na sala de aula, já que caracteriza por impulsos destruidor, verbal ou físico, contra colegas e professores, podendo em alguns casos o próprio indivíduo ser os objetos da agressão, ou seja, o agredido.

Na pré-escola é muito comum ouvir a queixa de que alguns alunos costumam morder os colegas sem ter um motivo aparente.

Já no ensino fundamental e médio, existem muitos casos e que se escutar falar que alunos se bateram, ofenderam verbalmente ou lideraram um grupo contra colegas, além de humilhar e ignorar os colegas de escola ou até mesmo a professora, sendo assim consideradas formas agressivas de se comportar.

Mas cabe ressaltar que muitas destas atitudes estão relacionadas a uma causa familiar, sendo assim o ambiente que vive e sua família, onde muitas vezes os pais acabam sendo agressivos com os filhos, superprotetores, exigentes em alto grau acabando por ser responsáveis por grande parte destes comportamentos.

8. Fobia Escolar

Segundo Assencio-Ferreira (2005,p.80)

A fobia escolar se caracteriza por um ataque agudo de ansiedade. É diferente do medo, pois quando forçada a enfrentar a situação a acriança entra em pânico, ou seja, aparece o medo irracional e incontrolável que pode levar a reações imprevisíveis de fuga, agressão ou autoagressão.

A fobia escolar não está ligada a classe social ou ao coeficiente intelectual do indivíduo, mas pode estar associada a angústia de separação, onde a criança ou pré-adolescente sente a necessidade de permanecer muito próximo dos pais, em especial da mãe.

Há que se levar em consideração que o consciente ou inconscientemente, este pânico para frequentar a escola é frequentemente alimentado pela própria mãe, a qual transfere suas inseguranças e medos pelo novo ou experiência vividas e não superadas para a criança.

9. Síndrome do Déficit de Atenção/Hiperatividade

Crianças hiperativas com atenção prejudicada (TDAH) são aquelas que são agitadas, desatentas, com grande dificuldade de socializarem-se. Elas sentem e causam frustração nos professores e pais que tem enorme dificuldade em estabelecer regras e ordem, não conseguindo fazer com que as crianças fiquem quietas para ouvir uma explicação.

As crianças com esse distúrbio quase sempre são encaminhadas para tratamento multidisciplinar com médico neuropediatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo e fonoaudiólogo.

De acordo com Assencio-Ferreira (2005), cabe ressaltar que nem toda criança agitada é portadora de TDAH, daí se fazendo necessário o diagnóstico diferencial com um neuropediatra e psicólogo, pois existem casos de crianças com TDAH que não apresentam hiperatividade.

10. Dislexia

A dislexia representa um distúrbio do desenvolvimento da linguagem, definida como uma alteração, transitória ou permanente, da compreensão da leitura, soletração, escrita, comunicação expressiva e receptiva, em criança com adequado cuidado auditivo e visual, interessada na sua aquisição.

A associação Brasileira de Dislexia coloca as características das pessoas com Dislexia, subdivididos em três fases de desenvolvimento: Pré-Escola, Idade Escolar e Adulto.

Como afirma Nunes(1992,p.26)

É possível que as crianças levem desvantagens, ou seja, mais lentas do que outras crianças no reconhecimento de formas em geral. Uma diferença dessa natureza provavelmente constituiria uma deficiência, uma vez que, ao ler, muitas pessoas podem reconhecer algumas palavras, como um todo, com base em sua forma global

11. Disgrafia

É a dificuldade em passar para a escrita o estímulo visual da palavra impressa. Caracteriza-se pelo lento traçado das letras, que em gral são ilegíveis.

A criança digráfica não é portadora de defeito visual nem motor, e tampouco de qualquer comprometimento intelectual ou neurológico. No entanto, ela não consegue idealizar no plano motor o que captou no plano visual.

Segundo José e Coelho (2002 p.96)

Tanto as crianças canhotas ou aquelas que ainda não apresentam dominância lateral definida estão sujeitas a disgrafia, se não forem devidamente orientadas sobre a postura do corpo, a posição do pa-

12. Disortografia

Seguindo o pensamento de José e Coelho (2002), a disortografia se caracteriza pela incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas e confusão de letras. Esse distúrbio começa a ser evidenciado após o 2º ano do ensino fundamental, já que se pode considerar antes disto normal a existência da troca em relação entre a palavra impressa e os sons, pois ainda não obtém esse domínio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível visualizar que a escola deve estar voltada para os problemas de aprendizagem do educando a partir do conhecimento das especificidades de cada criança, padrões, valores, experiências, cultura e o que pode verdadeiramente proporcionar a ela de forma intencional e significativa, refletindo e redimensionando suas práticas, através da reflexão-ação-reflexão expressas no seu Projeto Pedagógico, construído de forma democrática com toda a comunidade escolar.

Faz-se necessário professores capazes de repensar suas propostas constantemente, pautados no diagnóstico e observação de seus alunos, a fim de realizar cada vez melhores intervenções significativas que os ajudem a superar suas dificuldades.

Existem inúmeros distúrbios provocados pela incidência de fatores internos e externos a criança que interferem em sua aprendizagem como: problemas familiares, superproteção, rivalidade entre irmãos, morte de pessoas próximas e situações novas e inesperadas.

- Fatores sociais a partir das relações estabelecidas com as pessoas envolvidas em seu cotidiano, são as pessoas que ensinam e transmitem conhecimentos (pais, irmãos, avós, tios, professores e colegas).

- Fatores específicos que vem acompanhados de dificuldades de

percepção motora, lateralidade e desordem, hereditária.

- Fatores orgânicos, que são a correta funcionalidade dos órgãos e os dispositivos que garantem a sua coordenação no sistema nervoso central, sendo que lesões ou desordem interferem muito no processo de aprendizagem de cada criança.

Alguns comportamentos não devem ser ignorados tendo assim uma relevância com maior incidência que são: déficit de atenção, dislexia, disgrafia, além dos casos congênitos de necessidades especiais.

Sendo assim, após pesquisa concluí que são inúmeros os fatores internos e externos desencadeadores de dificuldades no processo de alfabetização e letramento, não busco apontar culpados ou vítimas, mas sim, reafirmar, que mais importante do que conhecer as possíveis causas é nos posicionarmos diante dos problemas e nos mobilizarmos na busca de caminhos: parcerias, estudos teóricos, estratégias de diagnósticos, observação, registro que apontem propostas de inter-

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