Patologias do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização: Estudos de Tijolos e Rebocos Históricos

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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Departamento de Arquitetura e Construção

PATOLOGIAS DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA INDUSTRIALIZAÇÃO: ESTUDOS DE TIJOLOS E REBOCOS HISTÓRICOS

BOLSISTA: Izadora Lirio Gonçalves, RA:091602 ORIENTADOR (A): Profª. Drª. Regina Andrade Tirello

Relatório final, referente ao período de agosto/2010 a agosto/2011, apresentado a Universidade Estadual de Campinas, em cumprimento as exigências do PIBIC/CNPQ.

CAMPINAS SÃO PAULO – BRASIL AGOSTO/2011


RESUMO A preservação do patrimônio histórico arquitetônico requer estudos especiais. Entre os princípios fundamentais da restauração, os documentos normativos internacionais destacam dois aspectos importantes: a intervenção mínima e a durabilidade e compatibilidade dos materiais. Para tanto, as características dos materiais construtivos históricos devem ser investigadas para que as intervenções possam garantir durabilidade aos edifícios. Esta pesquisa de Iniciação Científica se propôs a identificar as alterações e patologias mais recorrentes nas superfícies de edifícios históricos industriais e ferroviários de tijolos à vista presentes, tomando como estudos de caso a Fundição Mac Hardy e a Fundição Lidgerwood da cidade de Campinas. O desenvolvimento da pesquisa implicou em revisão bibliográfica sobre o tema, incluindo estudos das normas internacionais para classificação das patologias dos rebocos e registro fotográfico das alterações mais comuns nos edifícios estudados para organização de banco de dados.Realizaram-se também ortofotografias em apoio a processo de seleção de amostras para análises de caracterização dos rebocos históricos.

INTRODUÇÃO Ações de conservação, de manutenção e restauro de edifícios históricos exigem estudos aprofundados para embasar propostas de intervenção mínima, compatíveis com a natureza e as características dos materiais originais. Para seguir esses princípios é preciso analisar o estado de conservação das edificações, reconhecendo suas patologias e alterações, que estão sempre relacionadas ao tipo de material, técnica construtiva empregada, ao uso que o edifício teve ao longo da vida e às condições ambientais a que foi submetido, considerando as especificidades de cada construção individualmente. Sob o ponto de vista da preservação, estudos de patologias de edificações históricas devem englobar pesquisas históricas textuais e iconográficas, produção de fotografias e desenhos e, quando necessário, o emprego de instrumentação tecnológica e análises laboratoriais. Essas informações, somadas a dados coletados nas pesquisas de campo é que permitem um melhor identificação e entendimento da situação de degradação física das contruções antigas, possibilitando a indicação de diretrizes de restauração adequadas à natureza e história do objeto. Esta Iniciação Científica tem como objetivo identificar e mapear as patologias recorrentes desses edifícios, entendendo a necessidade de coletar informações sobre técnicas tradicionais de alvenaria portante e conhecer melhor as causas e caracteristicas degenerativas das construções históricas de tijolos a vista portantes, já que no Brasil, embora existam estudos sobre materiais pétreos e madeiras, mas não informações significativas sobre tijolos históricos. São consideradas patologias das edificações sintomas apresentados nos materiais contrutivos que indicam perda do caráter conservativo, causadas por fatores ambientais – relacionados a chuvas, ventos e outras intempéries, animais, vegetais ou microorganismos – ou alterações antrópicas – relacionados à atividade humana seja na hora da construção da edificação seja em alterações posteriores. O termo patologia é muito utilizado no Brasil, mas, nos textos internacionais, passa a ser substituído pelos termos alteração e degrado, deixando mais claras as diferenças entre as modificações encontradas que implicam e as que não implicam em perda de caráter conservativo. Os estudos sobre patologias de tijolos são muito escassos, sendo muito mais freqüente encontar bibliografia sobre patologias em pedra. Mesmo no Brasil, com um patrimônio de tijolos a vista extenso, os estudos feitos estão mais voltados para a cantaria. No Brasil, a maior parte dos trabalhos relacionados à patologia da construção é realizado pelo Programa Monumenta e pelo IPHAN. O Programa Monumenta é “um programa de recuperação do patrimônio cultural urbano brasileiro, executado pelo Ministério da Cultura e financiado pelo BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento”1 e o IPHAN é o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Os estudos do Programa Monumenta, estão relacionados de forma mais didática e possuem mais informações pertinentes a esta pesquisa de Iniciação Científica. Possui uma série de manuais técnicos, como por exemplo o Manual de Conservação de 1

Definição encontrada no site oficial do Programa Monumenta. Disponível em http://www.monumenta.gov.br/site/ Acessado em: agosto de 2011.


Cantaria (Programa Monumenta, 2000), que expõe as patologias das construções em grupos de agentes causadores de estresse interno, estresse externo, agente físico, e agente químico. Os textos internacionais são maioria e percebe-se uma grande produção de autores portugueses das Instituições LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Universidade do Minho, Universidade de Coimbra, Universidade Técnica de Lisboa e Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, no que diz respeito à constituição e funcionamento de paredes antigas. Os trabalhos relacionados a patologia possuem melhor embasamento técnico e pesquisas ligadas aos setores de engenharia, química e física. Expõem argumentos quase sempre sobre processos de formação das patologias, relações entre os tipos de materiais construtivos e suas diferenças de composições químicas. Já os textos de autoria italiana focam-se na forma de manifestação das patologias, sua representação gráfica, fotográfica e nomenclatura: a documentação. São referência o trabalho de Giovanni Carbonara2 e a norma italiana UNI 111/823, o primeiro no que diz respeito a forma e sugestão de métodos de documentação e o segundo quando se fala em criação de padrão de nomenclatura e visualização das patologias. É um exemplo claro do uso dos termos alteração e degrado em vez do termo patologia. Encontra-se na norma UNI111/82, de 2006, as seguintes definições: “alterazione: Modificazione di un materiale che non implica necessariamente um peggioramento delle sue caratteristiche sotto il profilo conservativo.” Alteração: modificação que não implica necessariamente em perda de características de caráter conservativo. “degrado: Modificazione di un materiale che comporta un peggioramento delle sue caratteristiche sotto il profilo conservativo.” Degrado: modificação implica em perda de características de caráter conservativo. Criou-se um glossário ilustrado articulando um breve estudo do tipo de manifestação, causas e efeitos das alterações que acometem tijolos antigos e argamassas de cal e também a retirada de amostras para análise fazendo mapeamento das partes sãs das construções. Deseja-se criar, dessa forma, um banco de informações técnicas que entendemos ser a primeira fase de um estudo visando a preservação de monumentos históricos, pois permite que se escolham as intervenções corretivas ou de manutenção predial com critérios preservacionistas.

1. METODOLOGIA Síntese das etapas de trabalho Os trabalhos realizados nesta pesquisa podem ser dividos em 6 etapas por ordem cronológica de produção: 1º) Revisão bibliográfica divida em quatro temas: História da arquitetura e técnicas construtivas tradicionais, Métodos científicos de análise de bens culturais, Patologias da construção, Documentação de bens culturais. 2º) Produção de uma tabela ilustrada das patologias construtivas com definições das alterações e danos mais comuns em paredes, que contém também informações adicionais sobre manifestações, causas e fatores condicionantes das patologias da construção. 3º) Visitas a campo para primeiras tomadas fotográficas e produção de mosaicos fotográficos para visualização geral das fachadas estudadas. 4º) Determinação, com utilização dos mosaicos, de patologias ou características construtivas relevantes para determinação de áreas para retirada de amostras para análises laboratoriais. 2 3

CARBONARA, Giovanni. Trattato di restauro architettonico. UTET: Torino, 1996.

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5º) Segundo ciclo de visitas de campo para fotografias específicas das áreas relevantes determinadas na análise dos mosaicos fotográficos 6º) Organização dos dados coletados e dos resultados encontrados nas etapas anteriores em banco de dados fotográficos e fichas explicativas das patologias e características construtivas relevantes.

1.1 Revisão Bibliográfica Em acordo com o cronograma, no primeiro semestre da Iniciação foi realizada uma revisão bibliográfica sobre quatro temas relacionados aos objetivos principais da pesquisa: identificar e analisar as patologias construtivas mais recorrentes em edifícios do patrimônio industrial de Campinas feito de tijolos à vista. Os quatro temas estudados foram: a) história da arquitetura e técnicas construtivas tradicionais b) métodos científicos de análise de bens culturais c) patologias da construção d) documentação de bens culturais.

a) História da Arquitetura e técnicas construtivas tradicionais Sob este tópico reúnem-se obras que versam sobre sistemas construtivos tradicionais e patologias que afetam os materiais que compõem paredes de tijolos com argamassa de cal. Foram encontrados poucos textos nacionais e internacionais que discutem patologias em tijolos especificamente, mas um grande número de artigos relativos a rebocos e argamassas de cal. Entre eles destacamos artigos e livros resultantes de pesquisas desenvolvidas no LNEC – (Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal), da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Universidade do Minho, da Universidade de Coimbra, da Universidade Técnica de Lisboa e da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro. Os trabalhos de Maria do Rosário Veiga e Martha Tavares, do LNEC, contribuíram de forma significativa nesta pesquisa do que diz respeito a caracterização do funcionamento das paredes antigas. Falando sobre este mesmo assunto as autoras afirmam: “as paredes exteriores acumulavam a função resistente com a função de protecção contra os agentes climáticos e as acções externas em geral; os materiais usados na constituição das paredes eram mais porosos e deformáveis que os usados actualmente e a capacidade de resistência e de protecção era assegurada essencialmente através da espessura.” (VEIGA e TAVARES, 2002)

Outros autores portugueses também foram de grande importância como Vitor Sousa, Fernando Dias Pereira e Jorge de Brito que discorrem sobre as principais causas de degradação de rebocos tradicionais, dividindoas em ação da água, agentes biológicos, ações mecãnicas e ações do homem, considerando a água também como maior agente de degradação dos rebocos tradicionais. Os textos brasileiros sobre técnicas construtivas tradicionais são escassos, mas encontra-se estudos de caso como o de Marilda Barra de Oliveira e Vahan Agopyan, que analisam as propriedades de argamassas com saibro na região de Uberlândia e compara a resistência à compressão entre argamasssas com saibro e argamassas tradicionais de cimento, cal e areia. Outro estudo de caso que deve ser lembrado é o de Regina Tirello, que fala sobre as intervenções realizadas na Casa da Dona Yayá, em São Paulo. O artigo trata sobre “sistemáticas de estudo e registro de resultados de sondagens de superfície que, combinadas a análises científicas e documentos, são empregadas para reconhecimento e avaliação de edifícios históricos de cronologia construtiva” (TIRELLO, 2007) e é de grande importância pois relaciona dados históricos, análise visual e prospecção, além do uso de softwares para recriar fases cronológicas.


Sobre as argamassas de cal, destacam-se os textos portugueses dos autores já citados neste tópico4, que discutem e afirmam ser a água um dos principais agentes desencadeadores de patologias das paredes antigas. O funcionamento das paredes antigas de tijolos e argamassa de cal mesmas está diretamente relacionado ao fluxo interno e externo da água e à velocidade com que a água penetra e evapora dos póros dos materiais constituintes. São geralmente muito mais porosas que as paredes de concreto e cimento. Segundo Rosário Veiga e Tavares, sobre a relação das paredes antigas com a água: ”Pelo contrário, o modelo de funcionamento das paredes antigas, mais espessas e porosas, sem cortes de capilaridade, admitia a entrada de água para o interior da alvenaria mas evitava uma permanência prolongada, procurando promover a sua fácil e rápida saída para o exterior. Assim, a ascensão capilar da água através das fundações (naturalmente, em quantidade moderada), fazia parte do funcionamento normal da parede, que rapidamente promovia a sua expulsão por evaporação.” (VEIGA e TAVARES, 2002)

Fernando Dias Pereira, Vitor Souza e Jorge Brito assumem a água como maior agente degradante das paredes antigas: A água, sob as diversas formas que pode ocorrer, é o maior agente de degradação dos rebocos tradicionais, condicionando ainda a manifestação de outras causas, nomeadamente diversos agentes biológicos. (PEREIRA, SOUZA e BRITO, 2005)

Especificamente sobre paredes de tijolos, o texto “Notas sobre construções em Tijolos”5, da Brick Industry Association6 falam sobre as diferenças de coloração, defeitos de construção, durabilidade e resistência, resultantes do próprio processo de queima das peças. É importante ter essa visão para a análise das edificações campineiras estudadas na medida que isso é o que nos permite diferenciar as alterações causadas pelo tempo ou por ações antrópicas das características/defeitos próprios do material.

b) Métodos científicos de análise de bens culturais: O segundo tema é relativo aos Métodos científicos de análise de bens culturais, são textos, em maior parte estudos de caso, de procedimentos de análise de edificações históricas, utilizando métodos considerados não-destrutivos e métodos de análise laboratorial. Cláudia Bastos, em sua dissertação de mestrado, divide a documentação cadastral em levantamento histórico e levantamento técnico. Para ela, em um levantamento técnico, para a avaliação do estado de conservação e da estabilidade das edificações, os ensaios não-destrutivos e destrutivos são de grande importância, embasados por uma análise visual para escolha das amostras a serem utilizadas. Segundo Bastos “A amostragem e o planejamento da investigação são elaborados visando caracterizar os materiais empregados na edificação e fornecer subsídios para a especificação de materiais e técnicas de recuperação ou restauração.” (BASTOS, 2002, P.30) Métodos como a difração de raios-X e a microscopia eletrônica de varredura são considerados nãodestrutivos já que não trazem a necessidade de retirada de amostras do material a ser analisado. Análises laboratoriais como a medida da densidade e resistência exigem retirada de amostras consideradas, então, destrutivas. A realização desses procedimentos depende diretamente da determinação de áreas de amostragem, 4

Maria do Rosário Veiga e Martha Tavares do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Fernando Pereira Dias, da Universidade de Coimbra, Vitor Souza, Universidade Técnica de Lisboa e Escola Superior de Tecnologia do Barreiro e Jorge Brito, da Universidade de Lisboa. 5

Brick Industry Association. Notas Técnicas para a Construção em Tijolo. Revista 15. Maio, 1998. Disponível em http://www.gobrick.com 6

A Brick Industry Association é a associação comercial estadunidense representante dos distribuidores e fabricantes de tijolos e dos fornecedores de serviços e produtos relacionados. O site oficial da associação está disponível em http://www.bia.org/ Acessado em Agosto de 2011.


já que estas determinam características de áreas sãs e degradadas. Métodos destrutivos ou não-destrutivos são de extrema importância para análise da composição química e física dos materiais. A partir dessa análise será feita a comparação das área sãs e das áreas degradadas e, conseqüentemente, condicionam as ações de intervenções posteriores. De acordo com a finalidade dos estudos feitos e com o situação conservativa da edificação, procura-se um grau de aprofundamento das análises. Francesca Piquè (1999), fala da necessidade de fazer as seguintes perguntas: “o que será documentado? Qual o nível de detalhamento e qual precisão deverá ser usada”?7 A partir do momento em que essas perguntas são feitas, o estudo base para intervenção lançará mão dos procedimentos de análise adequados, escolhidos para o caso em questão. O estudo realizado nesse projeto de pesquisa está relacionado ao primeiro passo da análise de uma edificação, segundo Cláudia Bastos (2002), a análise visual. A partir dela e dos dados já conhecidos do edifício são decididos o tipo e a precisão dos próximos procedimentos utilizados para embasar uma intervenção de restauro. “Quando associada à etapa de amostragem, a avaliação visual deve fornecer a descrição genérica das amostras e, principalmente, do meio em que estavam inseridas, incluindo as manifestações patológicas observadas”. (BASTOS, 2002, p.32)

c)

Patologias das construções

As obras estudadas relacionam-se á coneituação e processos de alteração dos materiais, englobando as causas e aspecto físico das alterações. O autor José Eduardo Lucena Tinoco, por exemplo, conceitua patologias: “Patologia, no âmbito do patrimônio edificado, corresponde às investigações para o conhecimento das alterações estruturais e funcionais, produzidas por ações endógenas ou exógenas, nos materiais, nas técnicas, nos sistemas e nos componentes construtivos.”(TINOCO, J. 2009. p. 4)

Além disso, dá exemplo de elaboração de fichas sistemáticas para anotação dos danos indeficados em uma construção, bem como aponta e a formas de intervenção para saná-las. Essa informaçoes organizam-se por meio de gráficos que relacionam as patologias estudades e a áreas degradas através de legendas numéricas e fotografias. Alguns autores portugueses falam mais especificamente sobre causas e processos químicos e físicos dos danos. Maria Rosário Veiga e Martha Tavares (2002), quando analisam o comportamento das paredes antigas em relação à água, focam-se em seu modelo de funcionamento, no fluxo interno de água e nas características químicas e granulometria dos rebocos utilizados em intervenções para que haja compatibilidade. Maria do Rosário Veiga (2005), trabalha da mesma forma, estudando características dos rebocos de paredes antigas, a resistência e a durabilidade. Vitor Souza, Fernando Dias Pereira e Jorge de Brito (2005), falando sobre as principais causas de degradação de rebocos antigos, trabalham as causas da degradação, especificam os sais solúveis e prejudiciais carregados pela água, consideram as famílias dos organismos vivos responsáveis por degradação de edificações e até mesmo as colorações dos pigmentos liberados por cada uma delas. A Normal UNI 111828, define nomenclatura e dá exemplos fotográficos de patologias da construção. Trata-se de uma norma que rege as intervenções de conservação e restauro na Itália, no que diz respeito à identificação de patologias. É uma das normas editadas pela Commissione NORMAL9, que caracterizam materiais chamados pétreos e descrevem danos relacionados a eles. É importante lembrar que nesse conjunto de normas 7

PIQUÈ, Francesca. A Protocol for Graphic Documentation, Seminário: Graphic Documentation Systems in Mural Painting Conservation, Roma, pp. 30‐42, 16‐20 de novembro de 1999. p. 33. 8

ENTE NAZIONALE ITALIANO DI UNIFICAZIONE. UNI 11182 - Materiali lapidei naturali ed artificiali - Descrizione della forma di alterazione - Termini e definizioni, Milano: UNI, 2006 9

Formada em 1979, na Itália, pelo Instituto Central de Restauração (ICR), com objetivo de elaborar métodos de estudo e preservação de materiais pétreos. As UNI são comissões que elaboram recomendações para materiais pétros em forma de documentos publicados. A UNI 11182 é um desses documentos e serviu de base para estudo da nomenclatura de patologias nesta pesquisa de Iniciação Científica.


considera-se dois tipos de materiais pétreos: a “pedra natural” – as rochas naturais que passam apenas por processo de refinamento (são exemplos o concreto e o mármore) e a “pedra artificial” – de produção humana com a utilização de materiais naturais (são exemplos o estuque e os tijolos cerâmicos). A partir disso, pode-se entender o tijolo cerâmico como material pétreo e aplicar a ele o reconhecimento de patologias proposto pela Normal UNI 11182. Outro conceito proposto pela Normal UNI 11182 é o uso dos termos alteração – para quando há modificação que não implica em problemas de caráter conservativo do material – e degrado – para quando a modificação implica em problemas de caráter conservativo do material. Considerando o material encontrado sobre patologias da construção nos textos Manual de Conservação de Cantaria, do Programa Monumenta; Rebocos Tradicionais: Principais Causas de degradação, dos autores Vitor Souza, Fernando Dias Pereira e João Brito; e a Normal 11182 foi produzida uma tabela para organizar as informações encontradas sobre causas, manifestações e observações sobre danos, na bibliografia nacional e internacional, que seriam possivelmente encontrados no patrimônio industrial de tijolos aparentes da cidade de Campinas, incluindo os edifícios estudados nesta pesquisa. (ANEXO 1)

d) Documentação de bens culturais Pesquisaram-se textos que tratam de métodos de documentação, coleta e armazenamento de dados em estudos de bens culturais para basear intervenções futuras. O texto mais representativo é o artigo de Francesca Piquè, para o GraDoc GraDoc - Graphic Documentation Systems in Mural Painting Conservation, Seminário de 1999, realizado em Roma – em que divide a documentação em três fases: planejamento, coleta de dados e organização de dados. A aplicação desses conceitos nesta pesquisa está ligada à escolha dos locais para as tomadas fotográfica e a organização posterior. Nas primeiras visitas a campo foram feitas fotografias gerais que deram base ao planejamento das visitas posteriores, na medida que permitiram escolher os locais mais representativos para fotografar nas visitas posteriores de coleta de dados (neste caso, as fotografias específicas de patologias e alterações construtivas). A montagem do banco de dados iconográfico faz parte da etapa de organização de dados, que dá origem ao produto final da pesquisa realizada. É sem dúvida necessário um planejamento e traçado de objetivos, principalmente no que diz respeito ao tempo gasto e a precisão das informações que serão coletadas. A partir disso, o processo de coleta e organização de dados será mais eficiente e gerará produtos possivelmente melhor aproveitados para consultas posteriores.

1.2 Documentação Fotográfica: realização de panorâmicas e de mosaicos

fotográficos dos edifícios de interesse Levando em consideração a importância da documentação nos estudos iniciais e nos processos de intervenção para conservação e restauro, procurou-se usar, nesta pesquisa, a linha de pensamento de Francesca Piquè10(1999), que define a importância do planejamento de estudo, coleta de dados e organização dos dados11, em seu artigo sobre documentação gráfica de patrimônio histórico. Para tal finalidade, foram realizadas as primeiras visitas a campo para realização de fotografias gerais que, após serem corrigidas com o software Adobe Photoshop® com a ferramenta lens correction, foram unidas com a ferramenta photomerge, do mesmo software. A ferramenta lens correction corrige distorções criadas pela lente da câmera e pelo posicionamento da câmera no momento da tomada da foto – faz correções horizontais e verticais para permitir que as fotografias 10

PIQUÈ, Francesca. A Protocol for Graphic Documentation, Seminário: Graphic Documentation Systems in Mural Painting Conservation, Roma, pp. 30‐42, 16‐20 de novembro de 1999. 11

Planejamento, coleta de dados e organização dos dados são etapas de estudo definidas por Francesca Piqué para documentação gráfica de patrimônio histórico em artigo no Seminário GraDoc: : Graphic Documentation Systems in Mural Painting Conservation, em Roma.


isoladas possam se tornar um conjunto sem distorções. Já ferramente photomerge une os pontos comuns das fotografias permitindo o mínimo de distorção possível, formando um pano originado de fragmentos das fotos originais. Os dois processos, correção e união das fotografias, resultaram nos chamados mosaicos fotográficos das fachadas a serem estudadas (ANEXO 1). Esses mosaicos tornaram mais fáceis as visitas a campo posteriores, já que dão uma visão geral da fachada e de suas alterações, permitindo a escolha das áreas a serem fotografadas com a câmera mais aproximada. É possível encontrar correção e união de fotografias de forma semelhante em outros trabalhos relacionados a documentação de edifícios históricos como por exemplo os trabalhos de mestrado de Luís Gustavo Gonçalves Costa12, da Universidade Federal da Bahia, que utiliza o software Photomodeler® Pro5 para correção fotográfica e mesmo os exercícios dos alunos da disciplina ‘‘AU814 Técnicas Retrospectivas” do Curso de Arquitetura da Unicamp 13, do ano de 2007, que também produziram mosaicos semelhantes para expor, em figura única, fachadas de grande extensão que só possibilitam a fotografia em partes. As figuras (FIG.1, FIG.2, FIG.3, FIG.4 e FIG.5) mostram um exemplo de processo de união das fotos:

Figuras 1, 2, 3, 4 e 5 - Foram utilizadas cinco fotografias previamente corrigidas unidas por pontos comuns entre elas. É possível ver nas quatro primeiras figuras, o encaixe dos fragmentos selecionados pelo software. As fotografias utilizadas devem possuir, nas extremidades laterais, áreas presentes em mais de uma fotografia, para que a ferramenta photomerge encontre pontos comuns para uni-las.

A partir desses mosaicos fotográficos e do dados históricos das edificações, apreendidos a partir do estudo das pranchas de exercícios da disciplina AU81414 do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp – de 12

COSTA, Luís Gustavo Gonçalves. Geração de Ortofotos para Produção de Mapas de Danos. Congresso: Sociedade Iberoamericana de Gráfica Digital, São Paulo, 2009. 13

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Disciplina ministrada pela Profª Drª Regina de Andrade Tirello para alunos do 5º ano de Arquitetura e Urbanismo.

Os alunos utilizaram fontes de arquivos do Centro de Memória da Unicamp e do CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas).


onde extraímos informações básicas como data de construção, função do edifício e período de funcionamento – escolher locais representativos de alterações antrópicas, patologias ou áreas consideradas potenciais de retiradas de amostras. Podemos entender a etapa de produção dos mosaicos como parte do planejamento do estudo pois foi a referência para as próximas visitas no que diz respeito ao encontro das áreas para a realização de novas fotografias, mais aproximadas e específicas.

1.3 Fotografias específicas das áreas relevantes para o estudo das patologias e

características construtivas das fachadas Em campo, em um segundo ciclo de visitas, foram realizadas fotografias de forma mais específica: foram escolhidas áreas consideradas mais relevantes no que diz respeito à recorrência das patologias encontradas e sua gravidade, além de áreas consideradas sãs e, portanto, potenciais para retirada de amostras para análises laboratoriais ou para uso como parâmetro de comparação com outros pontos degradados. Inicialmente foi feita uma fotografia geral, em uma linha normal à fachada – ou seja, com a câmera de frente para o local a ser fotografado – para ser utilizada de referência da localização da situação a ser fotografada. Essa fotografia foi tirada sempre na calçada oposta à calçada da fachada, tendo quase sempre a distância aproximada da largura da rua. Em seguida, foram tomadas, fotos de média distância, preferencialmente normal à fachada, tomadas a uma distância de aproximadamente dois metros, que permitem localizar, mais especificamente que a foto normal, o local onde seriam feitas as próximas fotografias: as macrofotografias. São recursos presentes nas câmeras mais recentes que permitem fotografar de distâncias muito próximas – a proximidade chega a menos de 1 cm dependendo do recurso tecnológico utilizado. Nesta pesquisa as macrofotgrafias foram feitas o mais próximo possível do que desejava-se explicitar, sendo manifestações patologicas, granulometria da argamassa, coloração de tijolos, modificações de portas ou janelas. As fotografias gerais tomadas normais à fachada devem obter o máximo de informação possível, para localizar a área fotografada em um contexto. Mas nas fotos normais de média distância é interessante reduzir ao máximo a área fotografada, para tornar possível a localização nelas, facilmente, do conteúdo das macrofotografias.

Figura 6 – Croqui esquemático em planta da exemplificação da tomada das fotos normais à fachada. A câmera de frente para a fachada na tentativa de documentar a maior área possível. Esse tipo de fotografia foi também utilizado para a montagem dos mosaicos fotográficos. As linhas pontilhadas mostram a extensão do local fotografado e as áreas sombreadas mostram a sobreposição do alcance da câmera em cada dupla de fotos. Essa sobreposição permite ao programa Adobe Photoshop® a união das fotografias.


Figura 7 – Esquema mostrando o método adotado nesta IC para tomadas fotográficas: a fotografia chamada geral normal à fachada serve para contextualizar as fotografias de média distância. Estas devem documentar, de uma distância de aproximadamente 2m, uma área já presente na fotografia geral. As macro fotografias são tomadas o mais próximo possível de uma área presente em um fotografia normai de média distância. É, então, a mais específica das tomadas fotográficas realizadas em campo.

1.4 Organização dos dados coletados nas etapas anteriores A organização dos dados coletados consiste na criação de um banco de dados iconográfico15 tomado durante as visitas e na produção das fichas de análise dos danos e características construtivas relevantes para seleção de locais de amostragem. Foi criada uma nomenclatura especifica para relacionar o edifício, tipo de foto e local da foto feita em uma determinada fachada. O ANEXO 2 deste texto é composto por exemplo do tipo de listagem organizada a partir de fotos em miniatura e código de classificação. Os códigos alfanuméricos para classificação das consulta. A saber:

fotografias realizadas buscam organizar a futura

1) Identifica-se o edifício, pelas letras LW, para Fundição Lidgerwood, e MH, para Fundição MacHardy. 2) Identifica-se a fachada do edifício fotografado por F1, F2, F3. (Cada fachada trabalhada do edifício deve receber um número de identificação: no caso da Lidgerwood, estudamos três fachadas, por isso são identificadas por F1, F2 e F3.) 3) Identifica-se o tipo de foto: N para foto normal, adicionado de NM para foto normal de média distância, P para panorâmica – referente aos mosaicos produzidos com as fotos corrigidas da primeira visita - seguido de um número de ordenação. Uma alternativa para as fotos históricas é usar esse mesmo tipo de classificação substituindo N ou P por H. 4) Para fotos macro, adiciona-se à identificação normal de média distância, a letra m e o número do macro correspondente. Por exemplo, temos a fotografia MHF1_N022_NM001_m002, do banco de dados desta pesquisa: sabemos que ela é uma macro da fachada denominada 1 da fundição MacHardy.

Figura 8 – Macro: MHF1_N022_NM001_m002

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Todas as fotografias foram feitas com uma câmera Sony modelo HX1.


relativa à fotografia de média distância MHF1_N022_NM001, que tem conteúdo presente na normal MHF1_N022.

Figura 9 – Fotografia normal de média distância: MHF1_N022_NM001

Figura 10 – Fotografia normal: MHF1_N022

A etapa subseqüente do trabalho foi a produção de fichas ilustradas das patologias e características construtivas consideradas relevantes para seleção de locais de amostragem, que chamamos de fichas de documentação iconográfica (ANEXO 4). A ficha possui, inicialmente, a identificação do edifício estudado e um breve histórico, que abrange suas funções originais, modificações de uso e função atual, além de datação de construção e reformas. Se houver restauros, a datação e as informações sobre as modificações realizadas também devem ser descritas nesta etapa. A segunda etapa da ficha consiste na identificação da fachada, que deve conter o mosaico fotográfico produzido para as visitas iniciais que neste momento funcionará como visão geral da fachada, na medida que dará o contexto onde estão inseridas as fotografias presentes na ficha. Deve haver também a localização da rua, se possível com a planta do perímetro do edifício com a fachada de análise sinalizada. A partir daí, inicia-se a análise dos danos ou características relevantes para o estudo do estado de conservação da fachada. É interessante adotar uma direção de leitura da fachada (da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita, para tornar mais fácil a leitura posterior da ficha.) Outra alternativa interessante é trabalhar em diferentes análises, por exemplo, uma análise sobre patologias relacionadas à água, uma outra relativa a modificações das aberturas (portas e janelas), uma outra relativa á coloração dos tijolos em relação aos períodos de construção.

2. RESULTADOS Os resultados obtidos ao fim do segundo semestre das pesquisas foram: uma tabela síntese de patologias (ANEXO 2), o banco de dados das fotografias tomadas em campo (ANEXO 3) e as fichas de análise das fachadas externas dos edifícios de estudos – Fundição Lidgerwood e Fundição MacHardy. Tratando-se de um resutado muito extenso, apresenta-se duas fichas como modelo (ANEXO 4), ambas do edifício da Lidgerwood, por serem representativas de locais possíveis de retirar amostras – áreas sãs – e de diferenças de coloração de tijolos em relação aos períodos de construção. É importante deixar claro que o resultado dessa iniciação – banco de dados fotográfico e fichas de organização dos dados – possui resultado gráfico muito extenso e grande volume de fotografias que serão disponibilizados no arquivo do G-COR16 como auxílio ao projeto de pesquisa da FAPESP “Patologias do Patrimônio Arquitetônico: estudo de tijolos e rebocos históricos”.

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GCOR‐Arquitetura/Unicamp :Grupo de Conservação e Restauro da Arquitetura do Curso de Arquitetura da FEC Unicamp..O grupo, certificado pelo CNPQ, é composto por pesquisadores e estudantes da Unicamp e de outras universidadesconveniadas, e tem como objetivo o desenvolvimento de atividades e pesquisas científicas interdisciplinares relacionadas àtemática da preservação da arquitetura e sítios históricos.

http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0079604AKW5CMY


3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS Esta pesquisa de Iniciação Científica teve como principal objetivo catalogar as patologias construtivas mais recorrentes encontradas em exemplares da arquitetura ferroviária e industrial de tijolos à vista da cidade de Campinas para tornar possível a utilização dos resultados em estudos de propostas de intervenções de conservação e restauro. Pensou-se também na formação de um conjunto de informações que proporcionasse apoio ao G-COR – Grupo de Conservação e Restauro, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp – na pesquisa FAPESP intitulada “Patologias do Patrimônio Arquitetônico: estudo de tijolos e rebocos históricos”. Um aspecto importante deste trabalho é a união de extensa bibliografia nacional e internacional sobre o tema patologias da construção e a comparação feita entre nomenclatura utilizada e métodos de documentação, que nos fornece parâmetros para criação de novos métodos de representação gráfica de patologias. Sabendo que é comum encontrarmos fachadas de edificações históricas com grande comprimento, o trabalho ajuda na medida em que propõe um método de registro fragmentado mas que possibilita a união das fotografias e ao mesmo tempo as organiza para qualquer evental consulta. Além disso, torna possível a descrição de processos patológicos e características construtivas desde o contexto geral em que está inserido – a fachada – até os detalhes dos materiais componentes – que podem ser vistos detalhadamente nas macrofotografias. As dificuldades encontradas na aplicação do método proposto são relacionadas à quantidade de informação a ser coletada e organizada, dependendo portanto de planejamento prévio, principalmente no que diz respeito aos trabalhos de campo.

Site do GCOR: http://www.fec.unicamp.br/~gcor_arquitetura/


ANEXO 1 – MOSAICOS FOTOGRÁFICOS PRODUZIDOS A PARTIR DAS FOTOS NORMAIS À FACHADA

Fundição Lidgerwood Fachada 1: Norte

Fundição Lidgerwood Fachada 2: Leste

Fundição Lidgerwood Fachada 3: Sul

Fundição MacHardy Fachada 1: Norte

Fundição MacHardy Fachada 2: Leste

Fundição MacHardy Fachada 3: Sul


ANEXO 2 – TABELA DE INFORMAÇÕES SOBRE PATOLOGIAS NA BIBLIOGRAFIA NACIONAL E INTERNACIONAL Esta tabela apresenta uma síntese das informações encontradas nos textos do Manual de conservação de cantaria do programa Monumenta, no texto dos autores portugueses Souza, Pereira e Brito17 e da norma italiana UNI 11182. As patologias foram graduadas de acordo com o método de Negri e Russo18. Eles usam três parâmetros: perda de matéria, alteração de matéria e ganho de matéria e classificam os danos em graus diferentes desses parâmetros, ou seja, entre eles. No que diz respeito ao patrimônio industrial de tijolos aparentes, achou-se mais conveniente usarmos apenas o termo alteração cromática para alteração cromática e mancha, entendendo-se que trata-se de uma mesma situação, apenas em diferentes escalas. Neste anexo encontra-se um fragmento inicial da tabela pois trata-se de uma extensa lista de patologias. Gradação segundo

UNI 11182 (norma italiana) Rebocos tradicio-nais: Principais causas de Degradação. (Autores: Sousa,

Negri e Russo: de acordo com a modificação da matéria, do substrato

Perda de matéria

Nomenclatura

LACUNA

PERDA

17

Imagem representativa da norma

Dados encontrados

Perda de continuidade da superfície (parte de um reboco e pintura, pedaço de massa ou telhas de cerâmica, mosaicos, etc) .

Perda de elementos tridimensionais (o braço de uma estátua, passagem de uma decoração em relevo, etc..)

Pereira e Brito.)

Programa Monumenta(Manual de

Termos finais utilizados para Observações

conservação de cantarias)

Aqui é chamado de perda, mas a definição é a mesma da norma italiana.

Ambas manifestações são relativas à perda. A mudança está na escala. Nossos trabalhos são relativos à tijolos portante, portanto apenas a definição lacuna é suficiente para representar o sintoma.

classificação no patrimônio industrial de tijolos aparentes de Campinas

LACUNA

Vitor Souza, da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, Fernando Dias Pereira, da Universidade de Coimbra e Jorge de Brito, da Universidade Técnica de Lisboa.

SOUZA, Vitor; PEREIRA, F. Dias; BRITO, Jorge de. Rebocos tradicionais: principais causas de degradação. Modelo de degradação de rebocos. Revista Engenharia Civil da Universidade do Minho, n. 23, Portugal, 5-17 pp., 2005. 18

Antonella Negri e Jacopo Russo são arquitetos italianos que propõem uma simbologia gráfica para classificar degradação de materiais pétreos. A proposta relaciona modelos de cores (Hue, Saturation, Lightness) e patologias de pedras naturais e artificiais (é comum para os italianos utilizar para tijolos o termo pedra artificial).


ALVEOLIZAÇÃO

PITTING

Formação de furos cegos e numerosos. Têm geralmente forma hemisférica, com um diâmetro de poucos milímetros.

Remoção de material da superfície que na maioria dos casos se apresenta compacta. EROSÃO

ESFOLIAÇÃO

SCAGLIATURA

INCHAÇO

Processo de formação chamado erosão alveolar. Causada pela rápida cristalização de sais solúveis principalmente na superfície (mais sujeita à ação do vento e às variações de temperatura).

Presença de cavidades de formas e tamanhos variados, chamadas alvéolos, frequentemente com distribuição interligada e desigual.

PITTING

Arrastamento de partículas sólidas causado por vento, água, agentes biológicos, chuvas ácidas.

Formação de uma ou mais porções de espessura laminar e muito pequenas subparalelas umas as outras.

EROSÃO

Destacamento em camadas do substrato superficial.

Presença de peças de forma irregular, firmes e não-uniformes, geralmente com a interrupção do material original.

Levantamento localizado da superfície do material em forma e textura variáveis.

ALVEOLIZAÇÃO

ESFOLIAÇÃO

SCAGLIATURA

Indicação de umidade em excesso

INCHAÇO


ANEXO 3 – BANCO DE DADOS ICONOGRÁFICO Parte da lista de fotos (com miniatura) do banco de dados das fotografias tomadas em campo. Trata-se de uma lista extensa, trezentas e nove fotografias relativas à Fundição Lidgerewood e 234 relativas à Fundição MacHardy, portanto este anexo é apenas uma parte da lista dos dados. A gradação de tons de cinza usada na tabela auxilia na procura das tomadas mais específicas: as normais de distância média e as macros. Quanto mais escura a cor, mais específica a tomada, portanto as macro fotografias estão marcadas em cinza mais escuro. LIDGERWOOD FACHADA 1

LWF1_P001

LWF1_N001

LWF1_N002

LWF1_N003

LWF1_N004

LWF1_N005

LWF1_N005_NM00 1

LWF1_N005_NM001_m00 1

LWF1_N005_NM001_m00 2

LWF1_N006

LWF1_N007

LWF1_N008

LWF1_N009

LWF1_N010

LWF1_N011

LWF1_N012

LWF1_N013

LWF1_N014

LWF1_N015

LWF1_N016

LWF1_N017

LWF1_N018

LWF1_N019

LWF1_N020

LWF1_N020_NM001

LWF1_N020_NM00 2

LWF1_N020_NM00 3

LWF1_N020_NM003_m00 1

LWF1_N020_NM003_m00 2


ANEXO 4– FICHAS DE DOCUMENTAÇÃO ICONOGRÁFICA. Foram produzidas fichas com os danos e características mais relevantes para tomada de áreas sãs. Todas as fotos podem ser encontradas no banco de dados formado pelas fotos de campo.



Esta ficha, referente à fachada 1 do edifício Lidgerwood é um exemplo de análise de apenas um fator: a procura de áreas com argamassas e tijolos sãos.


Referência Bibliográfica SOUZA, Vitor; PEREIRA, F. Dias; BRITO, Jorge de. Rebocos tradicionais: principais causas de degradação. Modelo de degradação de rebocos. Revista Engenharia Civil da Universidade do Minho, n. 23, Portugal, 5-17 pp., 2005. Brick Industry Association. Notas Técnicas para a Construção em Tijolo. Revista 15. Maio, 1998. Disponível em http://www.gobrick.com TINOCO, J. E. Lucena. Mapa de danos – Recomendações básicas, Textos para discussão: Série 2 – Gestão de Restauro, Olinda, volume 43, 23f, 2009. NASCIMENTO, C. Bastos do. Deterioração de forro em estuque reforçado com ripas vegetais: O caso Vila Penteado – FAUUSP.2002. 265f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2002. ENTE NAZIONALE ITALIANO DI UNIFICAZIONE. UNI 11182 - Materiali lapidei naturali ed artificiali - Descrizione della forma di alterazione - Termini e definizioni, Milano: UNI, 2006 PIQUÈ, Francesca. A Protocol for Graphic Documentation, Seminário: Graphic Documentation Systems in Mural Painting Conservation, Roma, pp. 30‐42, 16‐20 de novembro de 1999. CARBONARA, Giovanni. Trattato di restauro architettonico. UTET: Torino, 1996. COSTA, Luís Gustavo Gonçalves. Geração de Ortofotos para Produção de Mapas de Danos.

Congresso: Sociedade Ibero-americana de Gráfica Digital, São Paulo, 2009. Exercícios da disciplina AU814, disciplina ministrada pela Profª Drª Regina de Andrade Tirello para o 5º ano do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas. Disponíveis no arquivo do G-COR – Grupo de Conservação e Restauro do curso de Arquitetura e Urbanismo. http://www.fec.unicamp.br/~gcor_arquitetura/ VEIGA, M. Rosário – Comportamento de rebocos para edifícios antigos: Exigências gerais e requisitos específicos para edifícios antigos. Seminário “Sais solúveis em argamassas de edifícios antigos”. Lisboa, LNEC, 14-15 de Fevereiro de 2005. VEIGA, M. Rosário; TAVARES, Martha. Características das paredes antigas: requisitos dos revestimentos por pintura. In: Atas do Encontro A indústria das tintas no início do século XXI. Lisboa, APTETI, 2002 OLIVEIRA, M. Barra de; AGOPYAN, V. Verificação de algumas propriedades de argamassas com saibro da regição de Uberlândia para assentamentos de tijolos cerâmicos. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil ; BT/PCC/73, 40 p. São Paulo: EPUSP, 1992. Disponível em <http://publicacoes.pcc.usp.br/PDF/BTs_Petreche/BT73-%20Oliveira.pdf> Acessado em: janeiro de 2011. TIRELLO, R. A Arqueologia da arquitetura: um mode de entender e conserver edifícios históricos. Revista CPC-USP, São Paulo, n. 3, 145-165 pp., nov 2006/abr 2007


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