Estudos sobre a Cidade e a Arte Urbana - Hip Hop: um respiro em meio ao cinza

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CADERNO DE TCC

ESTUDOS SOBRE A CIDADE E A ARTE URBANA Hip Hop: Um respiro em meio ao cinza

Julia Milan da Silva Florianรณpolis

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ESTUDOS SOBRE A CIDADE E A ARTE URBANA Hip Hop: Um respiro em meio ao cinza

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Autora: Julia Milan da Silva Orientador: Rodrigo Gonçalves 2018.1

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Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas ô preta pinta Carta marcada e calada, infância tão sabotada Pinta de arte amada, nessa cidade cercada de dor Cor preta da pele, história que cê sabe de cor Quem desconhece olha estranha e ainda sente dó O eu tô cansada com esse papo de quem sente dó No fim das contas Percebemos que ainda estamos só Mas eu espero que essa força venha da união E que a tigresa possa mais que porra do leão (...)

Tome minha boca Pra que eu só fale aquilo que eu deveria dizer Tome a caneta a folha o lápis Agora que eu comecei a escrever Que eu nunca me cale O jogo só vale quando todas as partes puderem jogar Sou mina, sou preta essa é minha treta Me deram o mic e eu vou cantar Canto pela tia que é silenciada Dizem que a pia só é seu lugar Canto pela mina que é de quebrada Que é violentada e não pode estudar Canto pela preta objetificada Gostosa, sarada que tem que sambar Dona de casa limpa, lava e passa, Mas fora do lar não pode trabalhar

Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas ô preta pinta.

Negra Tinta – Bia Ferreira e Carú Bonifácio

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Sumário

5.6.

6. 1.

Motivação ..........................................................................................7 2.1.

Objetivo Geral.............................................................................. 8

2.2.

Objetivos Específicos ................................................................... 8

7.

O Conhecimento ........................................................................ 49

Descobrindo Pontos da Ilha ........................................................... 51 6.1.

Mapa das Batalha de RAP .......................................................... 51

6.2.

Lugares relevantes para a prática de Breaking na ilha ................ 52

6.3.

Percursos de observação de Graffitis ......................................... 53

Proposta....................................................................................58

3.

Processo de Desenvolvimento do Trabalho ...................................9

7.1.

Escala da Cidade ........................................................................ 59

4.

Contextualização .............................................................................. 11

7.2.

Recorte Projetual........................................................................64

4.1.

O Olhar para a Arte e Cultura Urbana ........................................ 11

4.2.

Arte Urbana e Cultura Hip Hop .................................................. 12

8.1.

O Largo da Alfandega ................................................................. 65

Nasce uma Cultura no meio Urbano ............................... 13

8.2.

Histórico .................................................................................... 67

4.3.

O Olhar para a Cidade ................................................................ 22

8.3.

Proposta Atual ........................................................................... 68

4.4.

A Segregação Urbana ................................................................. 24

8.4.

Leitura Urbana da Região........................................................... 71

4.5.

A Arte como Micro Resistencia Urbana ...................................... 25

8.4.1.

Mapa de Entorno e Usos Relevantes ...............................71

Aprofundamentos ........................................................................... 31

8.4.2.

Mapa de Usos do Entorno..............................................72

4.2.1.

5.

8.

Compreendendo o Lugar:.............................................................. 65

5.1.

O Hip Hop no Brasil .................................................................... 31

8.4.3.

Mapa de Categorias de Preservação do Patrimônio .......... 73

5.2.

A Dança | BREAKING .................................................................. 34

8.4.4.

Mapa de Fluxos e Funções Atuais ...................................... 74

5.3.

A Pintura | GRAFFITI .................................................................. 38

9.

5.4.

A Poesia | MC - RAP ................................................................... 41

10. Inspirações Estéticas ...................................................................... 76

5.5.

A Música | DJ ............................................................................. 46

Programa Proposto ........................................................................ 75 10.1.

Experimentação Corporal .......................................................... 76

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10.2.

Estrutura do Breaking: ............................................................... 77

10.2.1. Estruturas EstĂŠtica dos Movimentos: ......................................... 77 10.3.

Elementos visuais, texturas e materiais ..................................... 78

11. Referencias ..................................................................................... 79 11.1.

Aporte TeĂłrico........................................................................ 79

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1. Motivação O que me motivou na escolha do tema para o desenvolvimento deste trabalho, foi antes de mais nada, a minha história! Já que ao longo das minhas vivencias, de uma forma ou de outra, sempre estiveram presentes os elementos do estudo aqui proposto. Há nove anos sou estudante de arquitetura e urbanismo, no entanto, há vinte e dois anos me construo enquanto sujeito dançante, portanto, não nasce agora a minha curiosidade sobre as interseções entre as artes do corpo e a sociedade. Passaram-se exatamente dez anos desde que realizei minha primeira pesquisa relacionando estes temas – “A Dança como um Reflexo da Sociedade”, se chamava, o projeto que me possibilitou fazer um intercâmbio no ensino médio para a cidade de Córdoba na Argentina, e coincidentemente (ou não) foi lá, que a partir do corpo, começa a despertar meu interesse sobre a cidade, o que me levou a escolha do caminho seguinte a trilhar. Eu já havia iniciado o curso quando o Breaking entrou na minha vida, e junto com ele veio a possibilidade da prática profissional enquanto professora de danças urbanas, a qual venho exercendo ao longo dos últimos seis anos. Não foi fácil conciliar os dois. Mas busquei levar a base de um para fortalecer o outro, e vice-versa.

Movimento Estudantil e as entidades como: o CALA, o AMA e o DCE, tiveram um papel fundamental na minha trajetória universitária, me abriram os olhos para as questões políticas, e sociais. Me propiciaram a construção de um conhecimento que não é dado nas salas de aula. Ao longo deste trajeto me descobri de inúmeras maneiras. Passei a me perceber, enquanto mulher e negra, enquanto ser político, enquanto transmissora de conhecimento e artista, enquanto estudante, mas principalmente enquanto indivíduo. Durante quase uma década, a gente é capaz de aprender muitas coisas! Para mim, este trabalho é a síntese e conexão de todos estes lugares que me construíram até aqui. Hoje escrevo como uma futura arquiteta e urbanista que pretende desenvolver o seu papel social e sensível, mas também como uma Bgirl em construção, que tem como missão disseminar o conhecimento sobre o hip hop enquanto uma cultura de resistência que é composta por tanta força e poesia. Neste momento, finalmente alcanço o desejo de juntar: corpo – cultura – cidade, neste trabalho de conclusão do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina.

A minha criação familiar, e escolar me ensinaram sobre a importância de me construir enquanto sujeito crítico. E por isso, o

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2. Objetivos do trabalho

Valorizar a arte urbana enquanto expressão de grupos sociais invisibilizados;

2.1.Objetivo Geral

Desenvolver uma leitura sensitiva do espaço urbano do Largo da Alfandega e região de entorno imediato;

Identificar eventos e agentes relacionados à cultura hip hop de Florianópolis;

Estudar a relação entre a lógica do desenho urbano e a arte urbana, a qual reflete, altera e expressa a subjetividade do vivenciar a cidade; e a partir deste estudo, fazer uma leitura sensível da ilha de Florianópolis, em busca da identificação de lugares da cidade onde ocorrem manifestações e eventos artísticos relacionados à cultura hip hop; e, quando pertinente, propor equipamentos que deem suporte a estas práticas.

2.2.Objetivos Específicos 

Estudar aspectos históricos sobre o processo de desenvolvimento da arte urbana e das cidades;

Refletir sobre aspectos que compõem uma cultura de projetos urbanos espetacularizados e segregadores;

Trazer a discussão sobre a arte urbana para o meio acadêmico;

Avaliar o potencial para propostas de intervenção nos lugares identificados;

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3. Processo de Desenvolvimento do Trabalho

Escrita

Aqui, não tenho o intuito de falar sobre ferramentas metodológicas utilizadas para o desenvolvimento do trabalho. É mais uma forma de organizar mentalmente e registrar, os processos pelos quais já passei, ou estou passando, ou ainda pretendo passar ao longo destes dois semestres de TCC. “O trabalho só acaba quando termina” – dito popular.

Após, e juntamente com este processo de abertura, inicia uma etapa mais prática: a escrita. Essa é uma etapa lenta e constante, quase permanente. Inclusive se pensarmos o ato projetual como uma espécie de exercício de linguagem. Aos poucos os assuntos e temas vão fazendo sentido, e se desenhando, ou se encaixando no meio de inúmeras portas abertas na etapa inicial.

É importante destacar que, dividi o processo em etapas, para clarear as ideias; porém elas costumam acontecer simultaneamente, e não da forma sistemática e ordenada como busquei apresentar. Constantemente me pego transitando entre elas para construir, desconstruir e reconstruir respostas necessárias.

Com o passar do tempo percebo que a construção desta etapa exige respeito aos tempos de absorção de cada assunto, para conseguir expressar em palavras, coisas que para mim estavam claras apenas de maneira sensitiva e não organizada. Ao compreender isso me tranquilizei, deixei fluir.

Abertura (Mental)

Corpo e Cidade

Neste momento busquei me aproximar de leituras e vídeos/documentários que estivessem próximos à temática do trabalho.

Aqui busco me aproximar corporalmente do tema e da cidade, através de percursos, observações, leituras, registros, fotografias, conversas e percepções sensitivas.

Também tenho comparecido a eventos, na cidade, que tenham como tema a arte urbana, a cultura hip hop; assim como, o desenho da cidade.

Além das visitas aos lugares e eventos, mantenho o corpo aberto para as percepções cotidianas da cidade e interações com a arte urbana, tentando perceber como ela atravessa a mim e aos demais habitantes. Como forma de registro, começo a escrever alguns relatos de fatos cotidianos que venho observando durante este processo.

Um momento de abrir todas as portas, fazer conexões, buscar reflexões e discussões possíveis.

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Espero realizar algumas intervenções dançantes em lugares da cidade que venham a compor vídeos para apresentação final deste trabalho Entrevistas Nesta etapa o foco é a aproximação com os agentes da cultura, graffiteiros, bboys, mc’s e dj’s de Florianópolis (Quem? O que? Porque? Como? Onde?). Compreender qual a visão dos mesmos sobre a relação entre a cidade e a arte urbana. Entretanto, não tenho como objetivo fazer um registro e sistematizar dados sobre estas impressões. Minha intensão é construir uma visão sensível sobre a atuação destes agentes.

Vídeo Por fim, para meio de um registro mais direto, e como forma de apoio às apresentações nas bancas de orientação e avaliação, pretendo compor um vídeo simples com algumas imagens coletadas em visitas, entrevistas e intervenções especificamente realizadas ao longo do processo de construção do trabalho. Acredito que através do áudio/visual será possível tornar mais clara a temática, e as nuances a que me refiro, e que cercam o tema, exemplificando o que se define como: arte urbana, cultura hip hop e sua relação com a cidade de Florianópolis.

Como quase não existem registros a cerca deste tema em Florianópolis, a partir das entrevistas busco também compreender um pouco do histórico da cultura Hip Hop na Ilha, e como se desenvolve até hoje. Desenho Após esse conjunto de registros, discussões e observações espero chegar a uma proposta de desenho para intervenção que se relacione com as necessidades, possibilidades e informações registradas e sistematizadas ao longo do processo.

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4. Contextualização Aqui começo a explicitar alguns dos elementos que compõem a lógica do trabalho!

4.1. O Olhar para a Arte e Cultura Urbana Ao falar de cultura urbana, nossa tendência é ir ao lugar comum de pensar nos hábitos, costumes, tradições e modos de vida dos habitantes de uma cidade; podemos também associar o termo à uma cultura de projeto e desenho urbano, tendo em vista que este, seria um tema mais comum dentro do campo de estudo da arquitetura e urbanismo, esta análise, virá mais adiante. Na presente sessão, busco refletir sobre uma cultura vinculada à arte urbana, sobre como o ESTAR no ambiente urbano, fruto de uma cultura de cidade, interfere no SER urbano. Como a estrutura e forma de organização das cidades interferem na subjetividade e construção daquele que a vivencia, e por consequência: como essas sensações podem muitas vezes, de inúmeras formas, se traduzir em arte – um grito, na busca de expressar, de comunicar, de falar sobre a cidade e as questões sociais inerentes a ela, criando um corpo autônomo frente ao espaço que vivencia.

A arte urbana busca intervir no ambiente urbano que não é visto de cima, mas que é vivenciado nas esquinas, nas entranhas das ruas, na textura das calçadas, na solidez dos muros. O campo de abrangência desta modalidade de arte é enorme, nas mais variadas formas de expressão artística: música, teatro, dança, pintura, escultura, literatura, malabares e outros. Mas, todos têm como base a busca por participar da cidade, vivenciar o espaço de outra forma e modificá-lo, visibilizar possibilidades artísticas que costumam ser desprezadas, que não tem um lugar na sociedade. Então qual outro lugar para ocuparem se não a rua? Quais lugares na cidade com potencial mais democrático, que a rua? Que o centro? Que a praça pública? A arte urbana surge de uma cultura de resistência, da busca por fazer ver aquilo que não quer ser visto pelo status quo, ela nasce da profunda relação da cidade com o indivíduo, da subjetividade dessa relação. Se coloca na cidade, não importa onde ou como, ela acontece, se faz ver, exige espaço, por ser fruto deste sistema social que esconde aquilo que não é padronizado, que define o que é belo e o que é arte. Surge como um grito, que fala sobre as ruas, sobre os becos, paredes e grades, sobre a densidade construída, sobre a falta de verde e a falta de gente!

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Acredito que toda expressão artística que se manifesta na rua tem como a base do seu discurso o debate sobre urbanidade, sobre uso do espaço público e sobre o direito à cidade, ainda que apenas como um pano de fundo. Mas, só pelo ato de se fazer presente no ambiente urbano, já atua no corpo presente, causando uma mudança na percepção deste ambiente, e mostrando as possibilidades de atuar ativamente no espaço público que deve ser de todos.

4.2. Arte Urbana e Cultura Hip Hop A arte urbana, como apresentada anteriormente, é uma possibilidade de manifestação artística que abrange diversos campos da expressão. Tem uma carga histórica que vem desde a Idade Média, onde a praça pública era o principal meio para manifestações de cunho artístico, com declamações de poesias, teatros e apresentações musicais os artistas utilizavam-se da praça para contar histórias, entreter o público e manifestar ideias, dramatizar a vida, era o lugar do encontro, da disputa, do negócio, da notícia e da fantasia. Ao longo dos anos, com a industrialização, o crescimento das cidades, e o intenso desenvolvimento do capitalismo cria-se uma lógica urbana baseada na heteronomia, onde o espaço público torna-

se um ambiente controlado por leis e meios de restrição de usos, e que por sua vez, definem comportamentos. Neste processo a arte de rua passa a ser desprezada, como uma cultura marginal e sem valor, é invisibilizada; enquanto, a burguesia dita que os valores estéticos e morais necessários em uma sociedade se fazem presentes apenas nas modalidades de arte que se encontram nos teatros e museus. A segregação urbana e humana, assim se reflete no meio artístico. É neste processo que alguns guetos e grupos de artistas resistem e encontram nas ruas uma alternativa para expor a sua arte, que na maioria das vezes foge aos padrões artísticos, estéticos e comerciais impostos pela sociedade. Temos, como exemplo, o surgimento do jazz e do blues que nascem de um movimento popular negro de resistência e que busca através da música a diversão, a possibilidade de interação para alivio da realidade colocada. O desenvolvimento das cidades impulsionadas pelo capitalismo, tem em sua essência a produção de mercadorias e não de signos ou simbologias, tem em seu amago a velocidade, e com ela superficialidade das interações sociais. O ambiente urbano traz a afirmação de hierarquias que buscam elitizar, comercializar e higienizar o espaço público; as ruas passam a valorizar os carros e o deslocamento. Passamos a construir cidades que são meramente imagens de relações humanas que só existem nas novelas e propagandas, que escondem e excluem os pobres, os negros, os moradores de rua, prostitutas, loucos; enfim, todos que não se

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encaixam nos padrões do modelo colocado pelo sistema econômico e social. Por tudo isso, escolho trazer para meu trabalho, como tema, a arte urbana e sua relação com a cidade, pois uma é reflexo da outra. Poderia eu, falar de maneira genérica sobre este tipo de manifestação artística, mas considerando minhas experiências pessoais, minhas vivencias, me aproximo de um segmento específico de arte urbana; então, farei o recorte da pesquisa em elementos que compõem a cultura Hip Hop. Tendo em vista que este é um tema pouco presente em termos teóricos dentro do meio acadêmico, apesar de presente na vida urbana. Acho importante aprofundar o tema trazendo uma base sobre o que é a cultura Hip Hop? Qual sua origem? Onde está presente? Quem a constrói e em que circunstancias? E porque é considerada uma cultura? 4.2.1. Nasce uma Cultura no meio Urbano O Hip Hop surge como um movimento artístico de jovens negros e latinos que viviam na periferia de Nova York na década de 70. Nasce na “ressaca” dos movimentos contra culturais dos anos 60, tendo grande influência principalmente dos movimentos negros que ganhavam força neste período, com referências de líderes políticos como Martin Luther King, Malcon X, e os Black Panthers.

Fazendo uma breve análise sobre o momento histórico da época, podemos destacar dois sentimentos presentes no processo: (i) a esperança pela conquista por direitos, com a força que vinham ganhando os discursos das minorias, e a luta popular negra norte americana. E, ao mesmo tempo, (ii) a indignação pelo assassinato daqueles líderes (Malcom X, em 1965, e Luther King em 1968), unidas contra a repressão social da cultura dominante, branca e capitalista, que se fortaleceu a partir de meios políticos e estruturas governamentais, que reuniam forças para enfraquecer este crescente empoderamento negro. Tendo em vista este contexto, configura-se a base para compreender os acontecimentos seguintes, que resultaram no nascimento de uma nova cultura, e que se desenha especialmente sobre o território de um dos cinco distritos de Nova York: O Bronx. O Bronx, e sobretudo o South Bronx (Sul do Bronx), é uma região que passou por um grande processo de desvalorização urbana após a construção de uma grande via expressa que literalmente corta a região, esta via integra o plano de desenvolvimento urbano do exchefe de planejamento urbano da cidade de Nova Iorque, Robert Moses que tinha como objetivo e ideologia modernizar a cidade a partir das grandes vias, com o conceito de grandes artérias que trariam velocidade ao sistema urbano, construindo a cidade do futuro com asfalto, concreto, aço e sobre rodas.

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O resultado desta construção, que durou de 1955 a 1963, foi uma extrema depreciação imobiliária e forte segregação urbana, gerando uma mudança no perfil dos seus habitantes. Os moradores do South Bronx, que até então pertenciam a uma classe média novaiorquina, começam a abandonar seus apartamentos e casas; e camadas sociais menos favorecidas começam a habitar o local. A partir da mudança no padrão social da região, o poder público praticamente abandona o local; não são realizadas políticas de requalificação urbana e os antigos moradores, além de abandonarem suas casas, passam a provocar incêndios nas antigas edificações, afim de conseguir benefícios com o seguro do setor imobiliário. Cerca de 40% das edificações, desta área, foram incendiadas neste período, neste cenário se instala o caos.

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Imagens do fotógrafo Mel Rosenthal para a exposição “In The South Bronx of America”

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A nova população que se instala no espaço em sua maioria é composta por negros, latinos, bem como, pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, comerciantes falidos e dependentes químicos. Todos frutos de diversos processos de gentrificação, por pertencerem a uma camada étnica e socialmente invisibilizada, e marginalizada pelo resto da sociedade, e por isso, submetidos a um espaço que também não é visto pela cidade. A cena do South Bronx no início dos anos 70 parece com a de uma guerra, um verdadeiro caos urbano, os escombros deixados pelos incêndios, a falta de infraestrutura adequada faz a violência e o uso de drogas parecerem a única saída possível para uma população em constante situação de risco, insegurança e desesperança. A única organização comunitária que se formara ali, partia de gangues que dominavam determinados territórios da região. Os moradores se aliavam às gangues, com isso acabavam competindo entre si, e se tornando inimigos na disputa de um território destruído. As gangues, que se formavam a partir de aproximações étnicas, interesses no tráfico de drogas, e outros tipos de associações, apropriavam-se das ruas e dividiam a região em zonas de comando, criando setores e espaços de restrição para o ir e vir dos moradores.

Trago como referências sobre este processo, o documentário Rubble Kings (2015), dirigido por Shan Nicholson, que relata o momento ápice deste processo, onde o sentimento de ódio, medo e rejeição é generalizado, e aquilo que até então se traduzia em violência, atinge seu ápice. Os próprios líderes das gangues percebem a situação caótica em que estão colocando aqueles que são seus pares, amigos e familiares. “O inimigo é outro”. Assim, decidem se reunir para criar um acordo de paz entre as organizações, no dia 7 de dezembro de 1971, a reunião ficou conhecida como “cimeira da paz”, neste momento foi dado o primeiro passo em direção a origem da cultura hip hop. Com este acordo uma coisa fica clara: as gangues criaram uma guerra entre elas, cultivando o ódio, insatisfação e desesperança baseada na realidade que lhes foi colocada. A falta de infraestrutura, de perspectiva e de condições mínimas para a qualidade de vida, criou esse sentimento de rivalidade, porém todos ali estavam passando pelas mesmas dificuldades, e ao se conciliar percebem que o problema real vinha de fora, estava na organização econômica e social que os envolvia, proveniente da lógica estrutural do sistema capitalista. Com a união, o território urbano ganha novas possibilidades, as áreas que antes eram proibidas e reguladas passam a poder serem ocupadas e vivenciadas de outras

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maneiras. Os moradores passam a descobrir um novo bairro, frequentar novas ruas e conhecer (reconhecer) seus vizinhos. E, é justamente a partir dessas novas vivencias urbanas, que nasce um movimento artístico, como uma alternativa à violência e, como possibilidade de lazer. O Hip Hop, assim “batizado” pelo Dj Afrika Bambataa, tem sua origem oficial datada no dia 11 de agosto de 1973, a partir de uma festa organizada pelo Dj Kool Herc. Os Dj’s inicialmente foram os principais fomentadores deste movimento cultural de união que surgia. O fato se dá a partir de festas que começam a ser organizadas justamente pelos moradores, da necessidade de ocupar o espaço, e se conhecer e reconhecer. As festas chamadas de Block Partys ocorriam em praças, quadras, ruas, becos, e edifícios abandonados, e traziam a presença de quatro agentes artísticos, que chamamos de elementos:

O DJ (Disc Jockey), é quem compõe a música, mescla os ritmos através de discos criando uma nova composição musical a partir das gravações já existentes, naquele momento histórico foi responsável pela criação de um novo estilo musical chamado Break Beat, onde ao mesclar dois discos ele sempre repetia a parte instrumental das faixas, esta parte instrumental é chamada de Break Down, ao mescla-la e repetila várias vezes surge uma nova frase instrumental, com um ritmo frenético e sem fim.

O MC, é o mestre de cerimônia, o responsável pela fala, quem dá voz ao acontecimento, além de ser quem levava, conduzia a festa, como um papel de apresentador é também um poeta. Os MC’s criavam poesias rimadas que falavam geralmente sobre a sociedade, sobre o hip hop, instigavam as pessoas a dançarem, e a se divertirem. Neste processo surge o estilo musical RAP (Rythm and Poety – Ritmo e Poesia) a partir das rimas feitas pelos MC’s em cima das bases propostas pelos DJ’s.

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O Bboy/Bgirl, são os bailarinos ou as bailarinas, e representam a dança a partir de movimentos frenéticos que reverberam no corpo, ao som tocado pelo DJ. Vem daí o codinome Bboy, que é uma abreviação de Break Boy referenciando o Break Down da música, a parte mais dançada por eles. Os Bboy são os responsáveis pela criação de um novo estilo de dança chamado de Breaking, que é composto por movimentos rápidos, acrobáticos e extremamente musicais, explorando planos alto, médio e principalmente baixo, em contato com o chão.

O Graffiti Writer, é o escritor de graffiti, está em um campo associado a pintura, se expressa geralmente a partir de palavras, personagens ou frases desenhadas nas paredes, com uma tipologia específica que carrega a identidade de cada graffiteiro, é a partir deste período, com o surgimento da tinta em spray, que nasce este novo estilo de arte visual chamado de graffiti. Expressão que surge compondo o cenário urbano onde ocorriam estes eventos e encontros dos elementos da cultura hip hop.

Portanto, os Dj´s Kool Herc, Afrika Bambataa, e Grand Masterflash tiveram um papel fundamental no surgimento dessa cultura. Pois foram aqueles que organizaram as primeiras Block Partys, onde jovens do Bronx se encontravam e construíam esse novo fenômeno que é o Hip Hop. A partir das antigas gangues surgiram grupos de Breaking, e de MC’s, então os combates que antes se davam a partir da violência física, passaram a ser direcionados para batalhas de dança e rimas, onde era possível exprimir a rivalidades existentes, sem a agressão corporal. O Dj tocava, Os Bboys e Bgirls dançavam, os Mc’s rimavam e os Graffiteiros pintavam. E assim iniciou uma nova manifestação cultural e artística que viria a conquistar o mundo.

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Portanto, o hip hop surge a partir de manifestações artísticas diferentes, mas, que juntas constituem uma cultura específica, complementar e integrada; pois atua nos costumes, hábitos, vocabulário e vestuário. Cria uma forma de ver o mundo com base na luta por direitos igualitários e valores, como a paz, amor, união, respeito, conhecimento e humildade, ou humanidade. Torna-se cultura porque possui uma grafia, indica um comportamento, propõe simbologias e práticas sociais próprias, neste caso, vinculadas à vida urbana. A partir do final da década de 70 e início dos anos 80, essa cultura ganha o mundo a partir da mídia, com as músicas, videoclipes e cenas em filmes. Chega ao Brasil, e com muita força é rapidamente apropriada pelas comunidades de periferias, predominantemente as negras, que se identificam e percebem naquelas formas de expressão artística um caminho para falar sobre sua condição, e sua relação com a cidade e com a sociedade; uma possibilidade de se colocar na cidade e resistir. A cultura hip hop não foi, e não é a solução para os problemas sociais e econômicos do Bronx, e nem das periferias de modo geral, pois a pobreza, a violência, a fome, a falta de moradia, de saneamento, de infraestruturas mínimas referentes à saúde e educação continuam existindo em grande escala. Estes são

problemas estruturais, que nascem nas bases do capitalismo, e não podem ser modificados sem uma reestruturação geral do sistema político e econômico. Porém, os elementos do Hip Hop funcionam, ainda hoje, como um mecanismo de resistência e de luta contínua, sobrevivendo na busca de um respiro em meio ao cinza.

“60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial. A cada 4 pessoas mortas pela polícia, 3 são negras. Nas universidades Brasileiras apenas 2% dos alunos são negros. A cada 4 horas um jovem negro morre violentamente em São Paulo Aqui quem fala é Primo Preto, mais um sobrevivente. (...) Eu sou apenas um rapaz latino-americano Apoiado por mais de 50 mil manos Efeito Colateral que seu sistema fez. ” Racionais MC’s – Capitulo 4, versículo 3. (1997)

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4.3.O Olhar para a Cidade “Nas cidades contemporâneas não há praticamente nenhum espaço que não seja investido pelo mercado (ou pela produção para o mercado). À nossa volta existe uma espécie de evidência fantástica do consumo, criada pela multiplicação dos objetos/mercadoria, onipresentes no cotidiano da cidade – eles estão acumulados aos montes em nossas casas, expostos nas vitrines que ocupam nossas ruas, exibidos pela publicidade nas centenas de mensagens diárias emitidas pelos meios de comunicação. Sem dúvida, é possível dizer que hoje o mercado domina a cidade. Esta configuração – cidade dominada pelo mercado – é própria das cidades capitalistas. ” ROLNIK, Raquel. (O que é Cidade, 1988) Ao olharmos para as grandes cidades vemos concretamente o reflexo do sistema econômico que as rege. O fundamento capitalista se expressa nas cidades a partir do desenho urbano, que pode reforçar, ou não, a segregação social proveniente do sistema econômico. Por isso, ao meu ver, o arquiteto e urbanista, ao projetar, deve ter em mente para qual lógica de cidade ele está contribuindo com seu desenho.

Eu faço uma leitura da cidade a partir de dois pontos de vista, como numa brincadeira de cheios e vazios, quando olho para duas imagens que compõe um mesmo ambiente, e vejo: (a) a cidade espetáculo; outra, (b) a cidade cinza. Um ponto de vista – A Cidade Espetáculo: a) A cidade espetáculo é estática! Se faz de belas imagens, e cenários, ambientes higienizados e padronizados para o consumo de um estilo de vida prédeterminado e global, que contém um padrão social e estético, é uma cidade que define a utilização dos espaços conforme o interesse do capital, e com isso limita e determina as interações humanas relacionadas aos espaços e usuários. Oferece um ambiente urbano de passagem, onde o estar no espaço público é definido apenas em certos locais com apropriação regulada, definida e geralmente por um curto período de tempo. Imprime nos espaços a lógica da heteronomia, provocando um sentimento de submissão nos cidadãos, reforçando a noção de obediência social, retira toda possibilidade de autonomia do agir no espaço público. Como imagem do sistema, a cidade espetáculo é produtora de mercadorias e não de signos, nem de diversidade cultural.

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O espaço urbano é fragmentado em setores, que promovem a velocidade, o consumismo e o individualismo, dividindo os cidadãos em consumidores e não consumidores. Os lugares “espetaculares” e de consumo, portanto, atuam como ferramentas de exclusão e homogeneização, definindo quais usuários são ou não bem-vindos nestes ou naqueles espaços, retirando dos mesmos a possibilidade de diversidade, tornando-os espaços homogêneos e desprovidos de urbanidade. Segundo Anita Rink (2013), a cidade capitalista obtém uma grande tendência excludente do outro e do diferente, demostrando uma “patologia social do espaço público, onde há uma produção política de invisibilidade em que se (des)qualifica as pessoas como vulneráveis, àquelas que não consomem a contento.”

Eu vejo a cidade espetáculo como a materialização dos tempos atuais, onde as vidas estão cada vez mais virtuais e as relações humanas se constroem a partir de imagens, programadas.

assento, nem com o espaço que passa pela janela, nem com aquele tempo real de deslocamento. Para Guy Debord, “Quando uma sociedade aumenta a tecnologia que suprime as distancias geográficas, produz outros tipos de distancias, as distancias interiores”. (A Sociedade do Espetáculo, 1931 – 1994) Compondo essa lógica, crescem os grandes condomínios que vendem um estilo de vida, que tem piscina, pet shop, academia, playground, cinema, salão de festas e tantas outras utilidades que afastam estes habitantes dos demais, que estão para além dos muros. Mas, o que há para além dos muros dos condomínios, das paredes dos shoppings centers, dos espaços gourmets, dos resorts, dos ambientes fechados e monitorados? Ao meu ver, há uma grande malha de espaços cinzas, composto por ruas, praças, terminais urbanos, espaços públicos, aqueles que podem ser de todos, mas ao mesmo tempo não são de ninguém. E é nessa malha cinza que eu vejo aquela outra cidade a qual me referi no início deste capitulo, a cidade cinza. Outro ponto de vista – A Cidade Cinza:

Você entra num ônibus e a maior parte das pessoas está encapsulada, conectada a uma tela, as vezes não “comete” nenhum tipo de troca, nem com o vizinho de

b) A cidade cinza é feita de movimento! Nesse ambiente se faz presente a diversidade, há aqueles que são passageiros, comerciantes informais, moradores de

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rua, curiosos, artistas, vizinhos do bairro, passeantes, estudantes, trabalhadores. Sob esse ponto de vista, eu vejo em primeiro plano uma rede de espaços na cidade que se situa entre os objetos espetaculares que descrevi anteriormente, olho para os vazios deixados por aqueles cheios, e vejo uma malha cinza.

Cinza porque é a cor da cidade real, concreta, feita de cimento e aço – a cidade mineralizada. Mas também cinza por ser o vazio, o residual, o nãolugar, aquele que está entre o preto e o branco, entre a vida e a morte, entre o início e o fim, e por isso, é o presente, é o cotidiano é o espaço do dia-a-dia.

É neste ambiente que vejo a cidade em fluxo, onde estão as pessoas em movimento, e por isso, é onde as trocas e as relações inter-humanas acontecem, ou podem acontecer. Mas, por uma série de fatores, como o sistema político/econômico, o desenvolvimento tecnológico, a virtualidade das relações e outros elementos reguladores da sociedade contemporânea, nossa tendência é estarmos cada vez mais solitários nessa

vivência urbana, tomados por um sentimento de medo e desconfiança, que tornam essas trocas, ainda que possíveis, cada vez mais rápidas e menos frequentes. Tudo isso está relacionado a falta de autonomia dada aos cidadãos com relação ao espaço que habitam, e consequentemente, a falta de identidade e identificação com estes espaços que se tornam mais cinzas e mais vazios, apesar de por muitas vezes estarem cheios de gente.

4.4.A Segregação Urbana Estas duas formas de ver a cidade, de observar um mesmo espaço sobre dois pontos focais refletem a segregação urbana que divide o espaço. Segundo ROLNIK, “O que vai caracterizar esta cidade dividida é por um lado a privatização da vida burguesa e por outro o contraste existente entre este território do poder e do dinheiro e o território popular. “ (O que é Cidade, 1988) A segregação urbana desenha espacialmente o conflito político/econômico de classes que se traduz na luta pelo território urbano. Para os membros das classes dominantes é necessário um distanciamento em relação ao território popular, pois este, está relacionado à desordem e insegurança. E é sobre essa lógica que os burgueses “se retiram do espaço

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público”, ou melhor, criam estratégias e políticas para consolidar e ampliar seus territórios próprios, e passam a conviver entre eles (ensimesmados), em um sistema de trocas apenas entre iguais no ambiente privado. Ou, criam e constroem as relações de segregação que se expandem e afastam aqueles que não pertencem ao mesmo grupo social. A partir deste movimento modifica-se a noção de espaço público e privado, casa e rua tornam-se opostos, onde a rua “é a terra de ninguém” que traz perigos provenientes das misturas sociais, e a casa é o ambiente seguro por ser exclusivo e controlado. Este processo é o pontapé inicial para essa “arquitetura do isolamento” que temos atualmente nas grandes cidades, a qual age nas pessoas sobre a perspectiva do medo e da exclusão.

“A história da segregação espacial se liga à história do confinamento da família na intimidade do lar, que, por sua vez, tem a ver com a morte do espaço da rua como lugar de trocas cotidianas e espaço de socialização. ” ROLNIK, Raquel (O que é Cidade, 1988)

O processo de segregação urbana utiliza como ferramenta a arquitetura e o desenho urbano para

consagrar um sistema político e os interesses do estado, que compreende o território como mercadoria. Desta forma investe com boa infraestrutura naqueles ambientes que contemplam classes mais favorecidas economicamente e deixa em situação de vulnerabilidades aqueles espaços não tão proeminentes economicamente, até um possível e futuro processo de especulação. Para além da questão espacial, o estado utiliza-se também de ferramentas como a mídia para atuar no imaginário dos cidadãos e reforçar os padrões de hierarquias e desigualdades sociais, colocando as classes em constante oposição, o que se reforça na construção de estigmas do envolvimento das classes menos favorecidas com a violência e o crime, justificando altos empreendimentos e investimentos no mercado de segurança e proteção, assim como nos meios de repressão.

4.5.A Arte como Micro Resistencia Urbana “A cidade historicamente formada não vive mais, não é mais apreendida praticamente. Não é mais do que um objeto de consumo cultural para os turistas e para o esteticismo, ávidos de espetáculos e do

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pitoresco. ” LEFEBVRE, Henry (O Direito a Cidade, 1901 - 1991) A partir dos olhares apresentados anteriormente sobre a cidade e o processo de segregação urbana, é possível pensarmos sobre como, a cidade espetáculo, que contém a imagem como foco principal da forma, obtém a visão como único impulso sensorial relevante, com isso há o empobrecimento da corporeidade na pratica e experiência urbana. Desenha-se um ambiente urbano estático e vazio, desencarnado de corpos ativos/atuantes. Os espaços públicos sempre tiveram em sua essência, o lugar da diversidade e consequentemente do conflito, e da negociação onde se fazia presente a vitalidade urbana – desde o mercado da cidade medieval, onde era o lugar do encontro da vida das trocas, da urbanidade, onde se estabeleciam as negociações comercias e sociais. Em tempos atuais, estes espaços vêm passando pelo processo de espetacularização, a partir das ditas “revitalizações urbanas” que colocam sobre os mesmos, uma estratégia homogeneizadora, genérica e pseudoconsensual, tornando-os cada vez mais, privatizados, apolíticos e não apropriados. “O aspecto crucial dessa configuração contemporânea das cidades, que interessa salientar, é o do empobrecimento da experiência urbana dos seus

habitantes, cujo espaço de participação civil, de produção criativa e vivência afetiva não apenas está cada vez mais restrito quanto às suas oportunidades de ocorrência, mas, inclusive, qualitativamente comprometido quanto às suas possibilidades de complexificação. ” BRITTO, Fabiana Dultra (Revista Fractal de Psicologia, 2009) E, é a partir desta consensualidade que diminui os conflitos, a favor da despolitização, que se faz necessária a inserção da arte como forma de resistência no ambiente urbano. Não a arte clássica, passiva, como esculturas históricas ou equipamentos ornamentares e embelezadores. Mas uma arte crítica, contemporânea, que mostra ou até cria conflitos, provoca discursos, opiniões, dissensos, que tira os corpos da passividade construída pela homogeneidade do espaço, e os faça perceber a sua condição ao questiona-la. “De acordo com a abordagem agonística, arte crítica é a arte que fomenta dissensos, que torna visível o que o consenso dominante tenta obscurecer e esquecer. Esta é constituída por uma série de práticas artísticas que buscam dar voz àqueles que foram silenciados pela estrutura da hegemonia existente. ” MOUFFE, Chantal (2007).

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A arte no/do espaço urbano coloca-se no ambiente como discurso crítico, e como corpo ativo, que revelam as contradições e conflitos políticos e sociais que se refletem na cidade. As manifestações artísticas podem conter maior ou menor grau de criticidade, porém apenas pelo ato de inserir-se no espaço público, provocam surpresas, invertem a ordem, incitam a possibilidade de ativação dos corpos naquele ambiente. O sujeito ao vivenciar a cidade passa por uma experiência corporal, sensorial e subjetiva, o corpo que caminha pelos espaços urbanos absorve sensações e estímulos que interferem na sua forma de movimentar, criando um gestual e percursos diversos, como em uma coreografia, o corpo percorre a cidade se relaciona com ela a partir do movimento causado pelos impulsos externos. Todos os corpos que vivem a cidade constroem uma corpografia que nasce dessa relação corpo/cidade, e expressa, aquilo que foi impresso nele ao longo do tempo.

“Em meio aos espaços públicos, as práticas artísticas consistem em apresentação e representação dos imaginários sociais. Sendo um campo de indeterminação, a arte urbana adentra a camada das construções simbólicas dos espaços públicos urbanos, intervindo nos modos diferenciais da produção de seus valores de uso, sua validação ou legitimação, assim como de discursos e formas sedimentadas de representação cultural ali expostas. ” PALLAMIN, Vera (2009). O artista que se manifesta no ambiente urbano tem por intuito o exercício da democracia, expõe o seu olhar sobre a cidade de forma livre, espontânea e consequentemente assume o papel de disseminador deste elemento de transformação, que modifica a velocidade dos passos, e pensamentos, causa pausas, respiros, curiosidade e atenção.

Desta forma, a arte quando manifestada no espaço público tende a intervir na subjetividade que diz respeito a percepção do indivíduo sobre o ambiente. Essa absorção não se dá de forma consciente necessariamente, mas também de forma sensitiva, atuando no campo do imaginário do sujeito. E instiga a construção de conexões sensoriais, possibilidades de movimentações, crítica e apropriações sociais ainda não imaginadas.

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4.6.Alguns Relatos Relatos de momentos, experiências, observações e trocas geradas pela arte urbana. “Saí para tirar fotos dos graffitis da região sul da ilha, no Campeche próximo a praia, há um muro extenso todo grafitado passa por mim uma família, quatro adultos e uma criança... os adultos olhando para frente ansiosos para chegar na praia. Eles focados no destino apenas passavam pela paisagem. A criança, era um menino devia ter uns sete anos, não podia tirar os olhos do muro, além da visão que se distraia com as cores e formas desenhadas, a mão experimentava o tato e a textura do muro colorido, porém de concreto. Esse sim, experiênciava o trajeto e a paisagem. – Me distraí vendo a cena, droga, não consegui fotografar a experiência do garoto. ” – Em 7 de janeiro de 2018. “Estávamos treinando Breaking no “hexágono” que é um espaço coberto com equipamentos de ginastica na Beira-mar – De vez em quando tem algum grupo de breaking da cidade treinando ali, um espaço aberto, com um chão liso e cobertura para o caso de chuva. – Enquanto treinávamos, um rapaz que fazia barras em um dos equipamentos começou a conversar com outro que também estava ali fazendo barras no equipamento ao lado, o assunto começou sobre como eram legais os movimentos de breaking. – A partir da experiência visual da dança se estabeleceu uma relação de identificação entre eles, que ficaram ali conversando e fazendo seu treino juntos por mais de uma hora” – Em 28 de dezembro de 2017.

“Outro dia, estávamos treinando na UFSC, no varandão do CCE, era férias e a Universidade estava quase vazia, de repente passa um morador de rua, com uma garrafa em uma mão, um guarda-chuva e uma sacola na outra, olha para a gente abre um sorriso e fala que o que estamos fazendo é breakdance! Movimenta o corpo, e fala enrolando as palavras que na época dele ele também fazia moinho de vento, nos parabeniza e segue seu caminho. – As memórias surgem...” – Em 22 de dezembro de 2017. “É verão e vamos a praia, meu companheiro que é bboy geralmente começa a fazer bananeiras e outros movimentos de breaking na beira da água, a criançada é a primeira a se contagiar, algumas ficam entre elas brincando de fazer estrelinha tentando fazer bananeira ou cambalhotas, algumas se aproximam perguntam o que é, pedem pra ensinar, “Faz mortal tio?”, outras ficam de longe olhando vidradas ou comentando entre elas sobre qual movimento é mais legal ou mais difícil, alguns adultos também se identificam, geralmente de longe, arriscam um movimento ou outro. – Eu gosto de ver como o movimento se espalha pelos corpos alheios, e o que era monologo vira um diálogo sem palavras” – Em dias de praia no verão. “Ocorria um evento da cultura Hip Hop em Balneário Camboriú, todos os elementos presentes Breaking, Graffiti, MC e DJ, em plena praça em frente a praia, com a cidade cheia, a energia do evento reverberava, todos que se aproximavam se envolviam. Por um momento estávamos fazendo uma cypher (roda de dança em improviso) e se aproxima uma senhora, ficou junto a roda primeiro observando, até que decidiu entrar e dançar, não poupou esforços, experimentou a dança de todas as formas, como os bailarinos estavam fazendo, e gostou dançou por uns 5 minutos sem parar, então levantou

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e saiu da roda, foi embora sorrindo, carregando uma nova experiência – Levou com ela um pouco de nós e deixou ali na cypher um pouco dela.” - 12 de Janeiro de 2018, em Balneário Camboriú. “Ainda em Balneário... Observei um casal um pouco mais velho, que julgando pelas aparências pareciam dois peixes fora d’água em meio aquele ritual, porém, estiveram presentes durante os três dias de evento, vibrando com as movimentações de dança, se embalando com a música do dj, prestando atenção no que diziam os mcs... – Aí a gente percebe o quanto o hip hop tem o poder de se comunicar com todo mundo e por isso ocupa e deve ocupar a rua.” – 14 de janeiro de 2018, em Balneário Camboriú “Mais um dia treinando no hexágono na Beira-mar, se aproxima uma menina e fica bastante tempo assistindo, fez algumas perguntas, assiste mais um pouco, até que cria coragem se aproxima de mim e pede que eu ensine um movimento que fiz, um footwork, mostra o que sabe, ela fazia capoeira e já sabia fazer um movimento similar, eu ensinei, compartilhamos conhecimentos, ela arriscou mias alguns movimentos e então teve que ir. – É gostoso treinar no espaço público por isso, a gente sempre acaba se comunicando com alguém. ” – Em 30 de janeiro de 2018.

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5. Aprofundamentos 5.1.O Hip Hop no Brasil A cultura Hip Hop chega no Brasil no início da década de 80, quando se espalha pelo mundo através das músicas tocadas nas rádios, vídeo-clips e até mesmo filmes. O filme “Flash Dance” (1983) por exemplo, continha apenas algumas curtas cenas em que apareciam bailarinos fazendo movimentos de breaking, futuramente também apareceram na abertura da novela “Partido Alto” (1984), onde havia alguns Bboys dançando breaking, junto com outras vertentes de danças urbanas, ao fundo musical de “Enredo do meu Samba” na voz de Sandra de Sá. Os elementos do Hip Hop começam a ser absorvidos a partir de “flashes”, em pequenas cenas onde essas expressões artísticas começam a aparecer na televisão, a partir destes fragmentos, desperta o interesse de vários brasileiros que começam a imitar os movimentos vistos, e buscar mais informações sobre aquela nova forma de manifestação. Muitos bboys por exemplo, relatam que viram pela primeira vez um movimento de breaking em pequenas cenas,

de filmes ou videoclipes, e a partir delas começaram a experimentar os movimentos acrobáticos vistos ali. Foi com os filmes Wild Style (1983) e Beat Street (1984), que tiveram estreia no Brasil em 1985, que os quatro elementos do Hip Hop, passaram ganhar visibilidade, e promover maior informação. Muitos jovens da época passaram a conhecer e compreender o Hip Hop a partir destes filmes. Impulsionando-se, desde então, toda uma primeira geração de Bboys, Bgirls, Mc’s, Dj’s e Escritores de Graffiti. Em vários estados do Brasil, assim como no Bronx foi uma manifestação artística que passa a conversar e compor o discurso artístico da periferia. Os elementos do Hip Hop enquanto música aproximam-se do cenário da música brasileira que, na época, contemplava o Disco, Funk Soul e o SambaRock, e vai ganhando um público principalmente negro, em festas e casas noturnas. A cultura Hip Hop ganha as periferias de todo o Brasil. Mas foi em São Paulo, inicialmente na Galeria 24 de maio, e posteriormente em 1985, na estação de metrô São Bento, que a cena do Hip Hop começa a ganhar evidencia, principalmente com o grupo de dança Funk e Cia, liderado por Nelson Triunfo que se organizam os primeiros eventos e apresentações em espaço público. Foi integrando os elementos da cultura Hip

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Hop, que trouxe para estes dois espaços de São Paulo o título de berço do Hip Hop, e consagrou Nelson Triunfo como o pai dessa cultura no Brasil. Não se pode dizer que a cultura Hip Hop no Brasil começou apenas ali, pois em vários lugares inclusive em outros estados já havia jovens que praticavam alguns dos elementos do Hip Hop, especialmente a partir das influencias da mídia, mas com certeza a Galeria 24 de Maio e principalmente a Estação São Bento foram espaços emblemáticos para a construção desta cultura em nosso país. Rapidamente o Hip Hop se tornou uma febre nacional, e a estação São Bento tornou-se um ponto cultural que possibilitava uma grande reunião de jovens na época. Todos os elementos da cultura se encontravam ali – Graffiti, RAP, Dança e Música. – E, por ocuparem um espaço com grande fluxo de pessoas, os encontros da São Bento atraíam cada vez mais novos adeptos. De lá saíram grandes e famosos grupos de RAP como Thaíde e Dj Hum e Racionais Mc’s, além de grafiteiros como Os gêmeos, e também importantes grupos de breaking como Jabaquara Breakers, Back Spin, Street Warrior, Nação Zulu, Sampa Crew, Eletric Boogies, entre outros.

“Além do átrio amplo e piso liso, mais adequado que a calçada 24 de Maio, o fato de ser uma estação de metrô carregava um alto valor simbólico. Afinal as estações e os vagões de metro nova-iorquino eram o cenário para as cenas dos filmes Wild Style e Beat Street, que tanto haviam fascinado aquela geração. ” TEPERMAN, Ricardo (2015) Com a grande repercussão e, a partir da movimentação na Estação São Bento, onde centenas de pessoas se reuniam todos os Sábados para batalhas de RAP e Breaking, abriram-se as portas para que em 1988 a gravadora Eldorado produzisse o primeiro disco de RAP que ganha destaque nacional, Hip Hop Cultura de Rua, vendendo mais de 30 mil cópias pelo país. Neste momento os elementos da cultura já haviam se afastado do caráter apenas de reprodução do hip hop novaiorquino e passavam a formar um corpo político dentro de sua própria cultura, carregando na expressão artística manifestações de protesto sobre questões sociais, raciais e até mesmo de gênero. Em 1993, após anos de uma relação conturbada com a administração da estação do metrô, foi assinado um termo de cessão do espaço que colocava fim nas atividades culturais que ocorriam na São Bento. Felizmente nesta época as

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atividades que ocorriam ali já estavam tão fortalecidas que haviam conquistado diversos outros locais da cidade, já haviam se organizado coletivos, grupos e instituições relacionados ao Hip Hop e a cultura periférica em diversos bairros de São Paulo. Isso ocorreu também em outros estados brasileiros, a exemplo, temos a Cufa – Central Única das Favelas, criada no Rio de Janeiro em 2000, pelo produtor Celso Athayde, e pelos Rappers Nega Gizza e MV Bill. O que possibilitou várias produções e premiações relacionadas a cultura Hip Hop. Está vinculado a todo este processo de construção da cultura hip hop, a presença de um quinto elemento que perpassa por todos os quatro, o quinto elemento é o conhecimento. Este, talvez seja o mais importante pois é a partir do conhecimento sobre a história, a origem, e os fundamentos do hip hop, que é garantida a essência e a permanência destas manifestações artísticas, enquanto resistência, enquanto arte de rua, que contém na sua base um papel político e questionador. Mais adiante irei aprofundar este ponto.

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5.2.A Dança | BREAKING Voltaremos um pouquinho na história, às Block Partys, no Bronx, para compreender o nome dado a essa dança: Breaking. Ela nasce a partir do impulso musical de uma parte das músicas, que passam a ser enfatizadas pelo DJ, este fragmento de música chamado de Break Down, compõe a parte instrumental da música, e ao ser repetida algumas vezes pelo Dj criava-se uma extensão desta frase musical que não contem voz, mas apenas instrumentos, geralmente de percussão. Esta prática, gerava em alguns meninos e meninas a necessidade de dançar, de uma maneira peculiar, inspirados pelo ritmo tocado com passos rápidos e acrobáticos. Por isso, os MC’s (Mestre de Cerimonia) nomearam estes bailarinos de B.Boys e B.Girls, como uma abreviação de Break Boy e Break Girl, por serem meninos e meninas que dançavam no Break Down da música. Provavelmente, este será o elemento mais explorado aqui, pois, além das pesquisas feitas, trago aqui as minhas vivencias pessoais, as que me possibilitam fazer uma análise fenomenológica, baseada na minha experiência com este estilo de dança, tanto como bailarina quanto como espectadora.

A obra acontece. Em uma roda, impulsionada por uma música composta por batidas fortes, quebradas e repetidas, o corpo envolve-se pelo som até o ponto onde não consegue ficar parado, criando uma sequência de movimentos improvisados que vem conforme a emoção do aqui e agora. Os movimentos vão aparecendo no corpo a partir da sensação momentânea da relação do indivíduo com a música, o espaço em que se coloca, e as pessoas em seu entorno. O corpo movimenta-se de forma rápida e acrobática, com movimentos explosivos e ritmados; é como se o corpo se enchesse da música a tal ponto que os limites da natureza e gravidade perdessem o sentido permitindo pular sobre uma mão, girar de cabeça para baixo, rolar no ar, explorar o chão como se este fosse parede, cama ou teto, variar movimentos que se alternam entre fluxos, congelamento e explosão. Os movimentos nascem como frutos de uma vontade incontrolável de expressar, comunicar, o que o corpo sente diante da música, do espaço e da energia compartilhada pela roda, como em um ritual, a roda interfere diretamente na criação do bailarino, que sente a emoção, a adrenalina, ou a indiferença dos que estão ali assistindo e compartilhando deste momento de criação.

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O Bboy e a Bgirl, no breaking treinam a técnica para que a mesma esteja presente em seu corpo como linguagem, assim, quando a música toca o corpo pode falar, sem se preocupar com quais palavras utilizar, apenas coloca aquilo que está sentido no exato momento do expressar. O choque é uma experiência, pela qual, o público que presencia a obra de breaking, passa por diversas vezes ao longo da apresentação, devido à intensidade envolvida, na movimentação corporal do bailarino relacionada à música. O estilo musical Break Beat, utilizado na dança, não é muito conhecido, e por isso pode causar surpresa ao escutar, e, somado a experiência de ver o artista ali, totalmente envolvido pelo som, é algo que, para mim, só pode ser descrito como surpreendente e envolvente. O Breaking traz em sua corporeidade uma carga de espontaneidade, muito grande, e por isso coloca variadas referencias nas movimentações, que geralmente tem a ver com a vivência daquele que está dançando. Muitas vezes é possível perceber influências da capoeira, e outras lutas, de danças latinas como salsa e samba, e até mesmo referencias vindas de filmes e desenhos animados.

A dança, geralmente é compartilhada de duas formas, em cypher ou batalha: 1) A Cypher é uma roda, onde se constrói uma atmosfera de troca, um indivíduo de cada vez compartilha a sua energia através da dança com os demais que compõem esta roda. Cria-se ali uma locução individual daquele que dança, com os demais que o cercam, instigando inúmeros impulsos corporais de possibilidades de diálogo para os bailarinos que estão em volta. 2) A Batalha, pode acontecer em roda ou em formato de apresentação, compõe uma forma de diálogo/disputa onde um bailarino coloca seus argumentos através da dança e o outro responde com a mesma intensidade, é um espaço onde cada bailarino disputa o seu espaço de dança, e coloca a prova sua linguagem corporal que foi construída ao longo de suas vivências. Segundo André Rockmaster no documentário Break é Fome (2016), diz que, ao batalhar o bboy/bgirl não apenas está provando seus movimentos, mas a sua própria história de vida.

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“Sem as batalhas o B-Boying não existiria por si próprio. Todos os aspectos da dança foram criados para a competição, e cada movimento é julgado de acordo com sua eficiência durante sua execução. Durante a batalha, B-Boys e B-Girls aprendem a usar seu aprendizado como um fundamento para a criatividade. Eles transformam precisão e sutileza em símbolos de uma agressão expressa por movimentos, não pelo contato físico. Eles atacam sem piedade, mesmo vendo seus oponentes como distintos e valorosos seres humanos. Finalmente, com as batalhas, aprende-se a como usar o estilo para combater a força do adversário, uma habilidade que pode estar no coração do Hip-Hop. ” SHCLOSS, Joe (Introdução – Arte da Batalha, de Alien Ness)

Quando começam a aparecer os elementos da cultura Hip Hop no Brasil, na década de 80, ainda não havia o advento da internet, portanto como colocado no tópico anterior, as informações eram muito mais lentas e incompletas, haviam apenas alguns flashes e fragmentos de imagens que ilustravam esta dança, mas eram suficientes para instigar meninos e meninas a imaginar e experimentar aqueles novos movimentos que tinham

visto, praticando sozinhos ou em pequenos grupos formados por amigos, principalmente dos bairros. Em Florianópolis não foi diferente. Em entrevista realizada por mim, com o B.Boy Gui Fant, ele conta que aos 16 anos, em 2003, começou a praticar movimentos de Breaking a partir de alguns videoclipes que eram exibidos na televisão, e continham B.Boys dançando; ele se interessou pelas movimentações acrobáticas e começou a praticar junto a alguns amigos do bairro, chegando até a formar um pequeno grupo no bairro da Tapera. Conta que nesta época ele não sabia sobre a cultura Hip Hop e seus demais elementos, para eles, era apenas uma brincadeira. Apenas em 2005 soube de uma roda de Breaking que acontecia na Praça XV, onde se reuniriam Bboys, Bgirls e MC’s, apenas neste momento conheceu outros Bboys como Wagner Wagz, por exemplo, que lhe possibilitou o conhecimento sobre a cultura Hip Hop e o Breaking, enquanto dança e estrutura. Wagner Wagz é Bboy e Grafiteiro, e é um dos grandes responsáveis pela disseminação do conhecimento da cultura Hip Hop em Florianópolis, principalmente no meio do Breaking.

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Em 2008, ele inicia um projeto chamado Escola Aberta Breakers, no Instituto Estadual de Educação, onde oferecia gratuitamente, aos sábados, aulas de Breaking e outros estilos de danças urbanas, e deste projeto saíram inúmeros Bboys e Bgirls que hoje compõem a cena do Breaking em Floripa. O projeto Escola Aberta teve espaço no I.E.E até final de 2012, após este período se mudou para sede do IFSC em São José, e continuou neste local até 2015. Durante todo este percurso, aconteceram inúmeros eventos, onde se reuniam os elementos da cultura, e sempre teve o conhecimento como foco principal do projeto, por isso foi a semente para diversas crews (grupos) de breaking da cidade, como: Nos Trink Criu, South Flavor, Positive Origens, Brooklin 26, e outras.

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5.3.A Pintura | GRAFFITI Pode-se dizer que o graffiti tem uma origem préhistórica, pois se pensarmos nessa manifestação enquanto pinturas feitas em paredes que relatam a história de uma época, podemos ver essa prática como descendente das pinturas rupestres (com o perdão da licença poética!). O próprio nome faz referência a isso, já que o termo graffiti vem da palavra graffito de origem italiana e que significa “escrita feita com carvão”. O graffiti só começa a se aproximar da estética que conhecemos hoje, após o surgimento da tinta látex em spray, nos anos 50. Porém, antes mesmo deste fato, já eram executadas intervenções estéticas em muros com a utilização de piche, um material de difícil remoção e manuseio. Daí vem o termo “pichação”, que foi associado a um ato de vandalismo, e este estigma também foi herdado, ou transferido para a prática de graffiti nos anos seguintes. A tinta látex trouxe a possibilidade de um material simples com grande durabilidade, e fácil manuseio que possibilita que as intervenções sejam feitas rapidamente. “Assim que as pessoas passaram a ter acesso aos sprays, diversas ações coletivas puderam se tornar

públicas e as ideias pessoais ou de pequenos grupos ganharam extrema visibilidade.” RINK, Anita (Graffiti: Intervenção Urbana e Arte, 2013) Na década de 70 estas práticas começam a compor a estética do graffiti, contendo uma estrutura artística mais complexa, com variedades de cores, estilos de letras e desenhos. Os vagões dos metros da cidade de Nova York passam a ser o grande alvo destas intervenções, principalmente pelo fato dos estacionamentos onde os trens ficavam parados se situarem nos bairros da periferia de Nova York, incluindo a localidade do Bronx. Portanto, pode se dizer que o Graffiti surgiu no Bronx e os grafiteiros realizavam seus desenhos nos vagões, com o intuito de que o trem levasse a sua mensagem para o resto da cidade. Seguindo esta ideia, os graffitis começam a conquistar também os muros, esperando imprimir naquele local uma arte que possa ser vista por todos que transitarem por aquele espaço, tornando-se uma expressão artística extremamente democrática. A prática do graffiti construiu a imagem e estética de um cenário urbano, que se relacionava e compunha com as demais práticas artísticas urbanas da época. O graffiti é incorporado como um dos elementos da cultura hip hop por compartilhar um mesmo lugar e construir um

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discurso. Carregando em sua essência a possibilidade de expressar uma realidade de opressões, vivida por parte da sociedade, portanto, podendo caracterizar-se como “uma voz que reflete a verdade das ruas”. No Brasil, as primeiras intervenções com uso da tinta látex em spray aparecem em 1964, na época do regime militar, e foi um forte instrumento para imprimir nas cidades, mensagens de insatisfação da população com o momento político vivido. Neste período as mensagens eram apenas escritas, sem nenhum tipo de elaboração estética, contendo puramente a lógica da transgressão. Por isso, estas intervenções ainda não podem ser classificadas como graffiti, e sim como pichação. O graffiti chega no Brasil por duas vias. Uma, está associada a disseminação da cultura Hip Hop pelo mundo, onde o graffiti aparece compondo este cenário urbano associado ao RAP e ao Breaking, (conforme descrevi no tópico 5.1.) E, essa via passa a dialogar mais com a população das periferias. A segunda, se deu por um caminho mais tradicional das artes visuais. Com a efervescência do graffiti em Nova York alguns artistas visuais entraram, e como um novo estilo incorporaram essa linguagem a seus trabalhos, fazendo criações em muros. Como foi o caso de Keith

Haring, que ao trazer referencias do graffiti para suas obras, expõe em 1983, na Bienal de Arte de São Paulo, junto a outros grafiteiros; levando, assim, esta forma de composição estética até espaços mais tradicionais das artes como museus e galerias. Entretanto, está na essência do graffiti a lógica efêmera e transgressora que carrega; ele pode ocupar espaço em galerias, porém cumpre com seu real papel democratizante quando está na rua e pode ser visto por todos, quando ocupa a cidade e comunica-se com os diversos sujeitos inseridos nela. “Desde o primeiro cara que pegou um spray e riscou, sei lá, qualquer coisa na rua, ele já está de certa forma questionando isso, como a cidade pode ser usada? Não só pra veicular um produto, para se vender um carro ou qualquer coisa assim, mas para fazer arte também né. ” Diz o grafiteiro Nunca no Documentário Cidade Cinza (2013). Por obter esse caráter, transgressor, o graffiti e os graffiteiros passam por diversas formas de repressão. A exemplo disso, temos o início de ações da prefeitura de São Paulo, em 2008, relatadas no documentário Cidade Cinza, quando foram apagadas inúmeras obras das ruas de São Paulo, incluindo um painel de mais 600m². E a

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retomada dessas ações a partir do projeto “Cidade Linda”, em 2015, que também contava com a retirada dos graffitis, chegando a apagar o painel que era considerado como o maior mural de graffiti a céu aberto da América Latina, contendo obras de cerca de 200 artistas. Hoje, o Brasil contém graffiteiros que tem sua arte reconhecida mundialmente, que levam a imagem de personagens e da cultura brasileira para diversos países do mundo, entre eles estão Os Gêmeos, Nunca e Nina que já pintaram em diversos lugares do mundo; incluindo, Portugal, Estados Unidos, Itália, Canadá, Índia e outros. Em Florianópolis o graffiti é facilmente encontrado nas ruas, compondo um movimento urbano que vem crescendo fortemente e hoje ajuda a tecer a estética da cidade. É possível construir, a partir da arte feita nos muros, uma leitura dos espaços, atuando no imaginário do sujeito, que ao identificar personagens e elementos estéticos, se direcionam para determinados pensamentos, questionamentos e sensações.

Wagz, um sorriso aberto ou uma mulher submersa da Gugie. E inúmeros outros personagens que conversam com a subjetividade dos habitantes dessa ilha. Essas intervenções, atingem o sujeito de forma a modificar o “ver a cidade”, constroem pausas no olhar que muitas vezes é viciado ao longo de um trajeto, tecem a identidade do lugar, e consequentemente a identidade de quem se deixa atingir pelas mesmas. Em julho de 2017 as graffiteiras, Monique Cavalcante (Gugie) e Sara Duarte (Sari) abriram em Florianópolis o Agenda – Centro de Artes Urbanas, situado no bairro do Itacorubi, onde são oferecidas aulas de diversas modalidades vinculadas à cultura hip hop e à arte urbana, incluindo aulas de graffiti. No Agenda, também ocorrem eventos que buscam reunir diversos artistas urbanos da cidade, convidando-os a compartilhar suas vivencias e conhecimento, fortalecendo este cenário cultural.

Ao transitar pela cidade comumente nos deparamos com algum camaleão do Rizo, uma mensagem escrita: Vejam, um bboy, bgirl ou outras figuras do hip hop do

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5.4.A Poesia | MC - RAP Pesquisando sobre a etimologia da palavra, há várias teorias sobre a origem do termo RAP. A mais conhecida, coloca R.A.P. como uma sigla para “Rhythm and Poetry “ (Ritmo e Poesia) coincide com surgimento deste gênero artístico vinculado à cultura Hip Hop nos anos 70, no Bronx, (Nova York). No Brasil muitos rappers atribuem à palavra, os significados: “Revolução Através da Palavra” ou “Ritmo, Amor e Poesia” Pensando no RAP, enquanto a prática de construir narrativas a partir de poesias ritmadas, Ricardo Taperman no Livro “Se Liga no Som – As transformações do RAP no Brasil” traz como referência a possibilidade de origem desta prática nascer nas savanas africanas, com as narrativas dos griôs, que eram poetas e cantadores tidos como sábios. O autor cita também, a prática artística de versos improvisados e falados de forma rítmica, que já existem no nordeste do Brasil desde meados do século XIX, através de manifestações como o Repente e a Embolada.

Ainda antes dos anos 70, e do RAP se configurar como um dos elementos do Hip Hop e conter a estrutura musical que conhecemos hoje, já eram praticados por todo o mundo, inclusive em diversas localidades dos Estados Unidos, muitos jogos e brincadeiras que continham em sua essência os desafios de rimas, feitos geralmente de forma a depreciar o adversário. Um destes jogos é relatado no livro autobiográfico “Die, Nigger Die! ” Lançado em 1969, e escrito por H. Rap Brown, um dos líderes do movimento Panteras Negras. Brown incorporou a palavra “Rap” no seu nome, pois a mesma constava nos dicionários de inglês com um significado próximo a algo como “bater” ou “criticar”1. Portanto, é possível acreditar que se dá o nome de RAP ao novo movimento musical que surgia na década de 70, por uma junção destes fatores citados anteriormente: tanto pelo significado combativo enquanto palavra; quanto pela simbologia autoexplicativa enquanto sigla. O sujeito que faz o RAP é chamado de MC (Mestre de Cerimonia). O MC nas festas da cultura Hip Hop era quem utilizava o microfone para “animar” a festa, fazia isso

O livro “Se Liga no Som – As transformações do RAP no Brasil”, traz as seguintes definições para o termo “rap” segundo o dicionário Merriam Webster: “ (1) to strike with a sharp blow; (2) to utter suddenly and forcibly; (3) to cause to be or come by raps <rap the meeting to order>; (4) to criticize sharply”.

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convidando as pessoas a dançar, chamando os nomes de amigos, e dançarinos, criando apelidos e criando frases divertidas. Através de falas improvisadas e provocativas o MC muitas vezes instigava pessoas a pedirem o microfone para dar uma resposta. E assim, começam a surgir os primeiros duelos de rimas, em uma prática onde pequenas equipes se juntavam para desafiar outras. Alguns MC’s começam a criar versos previamente pensados, que eram chamados de routines, com a lógica de um refrão, mas que por serem criações relativamente curtas não chegavam a ser consideradas canções. Em outros momentos praticavam também, um livre improviso junto ao DJ, o que hoje chamamos de freestyle. O RAP continha, toda uma lógica baseada no efêmero das festas e do improviso, continha em sua essência o “aqui e agora”, no encaixe das rimas com as bases propostas pelo DJ, e na energia e fervor que era gerado no público ao ouvir as rimas. Por isso, não perecia possível que fosse gravada em estúdio, uma canção de RAP, pois ao fazer isso se perderia toda a mágica que envolvia aquela manifestação. Por isso, até o final da década de 70, as canções e batalhas de RAP realizadas no Bronx e no Harlem, só eram escutadas nas próprias festas, ou

reproduzidas e disseminadas através de fitas cassetes, gravadas de forma amadora. Apenas em 79, com o lançamento “Rapper’s Delight”, a primeira música de RAP, gravada em estúdio, o estilo musical passa a ser escutado massivamente, conquistando o interesse da indústria fonográfica, fato que impulsionou a gravação de dezenas de outros discos de RAP, como indicado a seguir. Ainda neste momento as músicas que eram gravadas e tocadas nas rádios continham puramente um conteúdo festivo e divertido, direcionadas para o entretenimento. Até que em 1982, é lançada a música “The Message” pelo DJ Grandmaster Flash e o grupo de MC’sThe Furious Five, que relatava a realidade, as faltas, e a desesperança vividas no Bronx. Essa gravação tem um papel extremamente importante, pois aponta um novo caminho para o RAP, trazendo o papel social e político como fundamentais para a construção dessa manifestação artística. “(...) O conceito era uma grande ideia, que mudou o paradigma de que tipos de músicas seriam feitas, e que tipos de coisas seriam abordadas. Foi uma música que permitiu às pessoas verem o potencial disso como arte. Ela mostra que o Hip Hop pode ser muito explicito sobre

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a política. Pode falar sobre dor, sobre raiva, e sobre todas essas coisas que antes dela não haviam sido ditas ” Trecho retirado da Série/Documentário “Hip Hop Evolution” – Ep. 2 “Do underground ao rádio” (2016), dirigido por Darby Wheeler. A partir dessa nova perspectiva, o RAP se espalha pelo mundo através da mídia, e ocupa este espaço de expressão artística que obtém um conteúdo crítico, que fala das mazelas da sociedade, e dá voz a uma parcela da população socialmente segregada. Torna-se um espaço artístico onde as minorias sociais principalmente negras e periféricas passam a se identificar e apropriar enquanto discurso. No Brasil, essa identidade política e social compõe a essência do RAP. É justamente com esse tipo de narrativas, que surgiram os principais nomes do RAP nacional, como: Racionais MC’s, RZO, MV Bill, Facção Central, Criolo, Sabotage, e muitos outros. Com os anos a massificação dos meios de comunicação sobre o RAP, fez o estilo transitar por diversas temáticas nas canções, da crítica social à curtição da noite, passando pelo romance e o estilo gangster de ostentação. Sobre tudo nos anos 90 e 2000, estes temas se fortaleceram nas canções mais tocadas nas rádios e televisão.

No Breaking e no Graffiti a mensagem política e social é expressa através de símbolos e imagens que compõem uma mensagem indireta e subjetiva, deixando lacunas para variadas interpretações sobre aquilo que está sendo comunicado, no RAP, a mensagem colocada fica totalmente clara, e a partir das palavras são expressas de maneira direta as opiniões e indagações feitas pelos ou pelas MC’s. A cena do RAP, em Florianópolis vem crescendo muito nos últimos anos, dentre os elementos da cultura presentes na cidade, talvez seja o que mais tem se fortalecido. Sendo que, hoje acontecem na ilha, cerca de nove batalhas de RAP em diversos bairros, construindo uma agenda que compõe eventos desse tipo todos os dias da semana. O movimento do RAP em Florianópolis teve Edsoul e Negro Rudhy como figuras precursoras no final dos anos 90. Porém o movimento começa a ganhar uma nova perspectiva na cidade a partir das batalhas, que passam a dar voz e apresentar a realidade e as vivencias das populações periféricas, construindo um movimento coletivo de cunho social, político e cultural. Essas práticas começaram a surgir em 2009, inicialmente no Mercado Público e em seguida migraram

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para a Praça da Alfandega, aos poucos foram ganhando mais força e mais adeptos, até que em 2014 o poder público decide pelo fim das batalhas naquele local. Porém o Hip Hop é uma cultura de resistência, e com essa proibição o movimento só se fortaleceu e se organizou mais, envolvendo inclusive o apoio de entidades e organizações políticas vinculadas aos movimentos sociais. Deste período em diante, com o fortalecimento da cena do RAP na cidade, várias batalhas começam a se organizar e fortalecer também em outras regiões da ilha e continente, e todas ocupando espaços públicos, com consciência da importância de apropriação destes, de maneira autônoma, de forma a democratizar a arte, o conhecimento e o próprio espaço. “O RAP no Brasil enraizou muito essa cultura politizada, da periferia, de mudança, e isso aí assusta né, imagina um bando de preto inteligente, sabendo o que tá falando, com a capacidade de mudança em mãos, nossa, nego treme né, a burguesia vai tremer. A partir do momento que você chega na rua e que essa informação pode ser alcançada por qualquer pessoa que estiver passando na rua naquele momento aí “nois” fica mais perigoso ainda. (...). Porque qualquer

pivete que tá ali passando com a mãe pode parar, ouvir, abraçar uma informação pra caminhada e mudar o dia a dia ao redor dele a partir daquele momento, tá ligado. Então na rua somos mais acessíveis a levar essa mensagem que o RAP nos ensinou no decorrer de todos esses anos “ Diz o MC Vini no documentário A Causa é Legitima - Batalha da Alfandega é o Direito a Cidade, produzido por Ricardo Henrique Pesseti. (2016) As Batalhas se organizam em duas categorias: Batalha de Sangue e de Conhecimento:

1) As Batalhas de Sangue são uma disputa de rimas improvisadas entre dois MC’s, e onde um deve usar de todo seu arsenal para tirar o valor do outro. É uma forma de descarregar toda uma raiva acumulada internamente e toda uma vontade de grito reprimido, direcionando-a através de rima ao outro MC 2) A Batalha de Conhecimento, também tem a mesma lógica de disputa de rimas improvisadas, porém, acerca de temas sugeridos pelo público, geralmente referentes a preconceitos, opressões,

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polĂ­tica e vivĂŞncias cotidianas. As batalhas de conhecimento exigem que os MC estejam sempre estudando e se informando, para estarem preparados a responder sobre os variados temas propostos, de forma improvisada. AtravĂŠs da rima se tem forma direta de compartilhar o conhecimento sobre os temas com o pĂşblico.

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5.5.A Música | DJ O Dj é o sujeito responsável pelo pilar principal da cultura Hip Hop – a música “the beat”. Foram eles que começaram a organizar as festas deste movimento cultural no Bronx nos anos 70. A primeira festa registrada que ficou conhecida por ter dado origem ao Hip Hop, aconteceu em 11 de agosto de 1973 e foi organizada pelo DJ Kool Herc. Kool Herc viera da Jamaica para Nova York, mais especificamente para o oeste do Bronx em 1967, e trouxe de lá a experiência de festas de rua realizadas com grandes equipamentos de som chamados Sound System, e organizadas por DJ’s (Disc Jockey). Esse termo era utilizado para referenciar os locutores de rádio, na época, por serem “operadores” de discos, daí vem o nome DJ ou Dee Jay. Nesta época o grande cenário musical de Nova York girava em torno da música Disco, que exaltava glamour e ostentação. O Hip Hop vem na contramão desta tendência e buscava como base musical o funk e o soul mixando músicas de James Brown, Babe Ruth e Incredible Bongo Band, por exemplo. Estas músicas e discos não eram tocados nas rádios, e apareciam naquelas festas fazendo as pessoas

delirarem principalmente ao fazerem uma mixagem estendendo o Break Down das canções, repetindo de um disco para o outro a mesma frase musical, ou seja, ampliando a parte instrumental de precursão, que eram vistas pelos DJ’s, como a parte principal da música, esta prática na época foi chamada de carrossel. As festas de Kool Herc começam a crescer e ele passa a contar com a ajuda de um amigo, Coke de La Rock como Mestre de Cerimonia, fazendo as primeiras rimas que deram origem ao RAP. Assim foi plantada a semente do Hip Hop e do DJ como raiz desta cultura. As festas de Kool Herc inspiraram muitas pessoas, na época, inclusive outro importante nome da cultura Hip Hop – O DJ Afrika Bambaataa. O qual, além de um grande DJ, foi o responsável por nomear, quase acidentalmente, em uma entrevista este movimento que vinha acontecendo de “Hip Hop”. Bambaataa, nascido no Bronx, quando jovem integrou uma gangue chamada Black Spades, uma das maiores e temidas gangues de Nova York; com o acordo de paz entre as gangues e as novas manifestações que vinham surgindo, ele percebe no Hip Hop uma possibilidade de união daquela população enquanto comunidade. E, a partir disso cria uma organização político-social chamada Zulu Nation

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que desenha a cultura Hip Hop enquanto ferramenta para compartilhar os princípios de paz, amor, união e diversão. A partir da Zulu Nation, Bambaataa vê uma alternativa para modificar os pensamentos criados pelas gangues, e incentivar a busca pelo conhecimento, sabedoria, compreensão, liberdade e igualdade. Kool Herc foi responsável pelo pontapé inicial, e Bambaataa trouxe à cultura o elemento do conhecimento. Porém, desde o DJ é necessário falar de um terceiro personagem desta história que revolucionou a forma de fazer as mixagens e operar os discos e aparelhos de som. Grandmaster Flash é o DJ responsável pelos principais clássicos dessa época que fazem todo Bboy e Bgirl se arrepiarem ao escutar. Grandmaster Flash descobre uma forma de lidar com os equipamentos de som misturando inteligência, técnica e tecnologia. Passa a fazer as mixagens não apenas com crossfader, mas utilizando as mãos para girar o disco e posicionar no tempo correto da música, assim ao transitar de um disco para o outro, as batidas se misturam de forma continua. O desenvolvimento dessa técnica impulsiona diversos novos DJ a experimentarem a mesma, entre eles Grand Wizzard

Theoddore, o responsável por criar o Scratch, que se torna uma das práticas mais utilizadas pelos DJ’s em todo o mundo, produzindo o som do disco “arranhado” ao arrastá-lo para frente e para trás repetidas vezes. A prática do DJ, desde a década de 60 até hoje, evoluiu de diversas maneiras, e passou da pura reprodução das músicas através dos discos, para a composição de novas músicas através de técnicas de discotecagem; as quais, trouxeram inúmeras novas possibilidades para composições musicais, impulsionando inclusive o surgimento de novos gêneros como a música eletrônica. Vinculado a cultura Hip Hop o Dj é um dos pilares do movimento, pois deu origem ao estilo musical Break Beat que impulsionou a dança Breaking, e também é parte integrada ao RAP, no que diz respeito a base musical desta manifestação. Para os MC’s rimarem a batida utilizada não é acelerada e frenética como o Break Beat, mas contém um ritmo constante e marcado. O Dj compõe o Ritmo para que seja feita a Poesia. Por isso, é muito comum a união de DJ’s e MC’s em grupos musicais que produzem RAP, a exemplo disso, temos os clássicos Thaide e DJ Hum que foram os

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primeiros no Brasil, a terem um Disco de RAP gravado, ou o Grupo Racionais MC’s, que tem em sua composição os MC’s Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e o Dj KL Jay. Aqui em Florianópolis também é possível encontrar esse tipo de configuração em jovens grupos de RAP que vem surgindo. A exemplo disso temos o coletivo de mulheres Trama Feminina que surgiu a partir dos encontros das Batalhas da Minas2 e é construído com a participação de várias MC’s e da DJ Barbara Brum.

para Bboys, Bgirls e outros bailarinos vinculados às danças urbanas, que percebem ali um espaço para o encontro e a troca, a partir da dança e da música. Vários grupos e crews já foram convidados a participar formalmente do espaço, e comumente acontecem cyphers (rodas de dança) espontâneas nestes eventos.

Em Florianópolis, existe também desde 2010, um projeto chamado “Sounds in da City” idealizado pelo DJ Allen Rosa, que está vinculado à gêneros variados, mas costuma se aproximar mais da música eletrônica. Apesar de não estar relacionado diretamente ao Hip Hop, trago esse projeto como referência aqui, pois ele tem como princípio ocupar a cidade com arte e levar a música através do DJ para o espaço público. E, esta é a estrutura básica da cultura Hip Hop, inclusive por esse motivo e por essa identificação de discurso e lugar de ocupação, os eventos do “Sounds in da City” costumam ser também ponto de encontro A Batalha das Minas é um encontro de mulheres MC’s, que ocorre todos os sábados à noite no terminal Cidade de Florianópolis, desde 2016. O movimento surgiu a partir de algumas “minas” que ao participarem das batalhas da Alfandega começaram a questionar atitudes machistas na cena do RAP, e perceberam a necessidade de se organizar e criar um espaço feminino de empoderamento, e para a construção dessa prática feita por mulheres; bem como, a descoberta do discurso que carregam essas sujeitas ao fazerem suas rimas e a possibilidade de motivação para novas mulheres que queiram entrar neste meio.

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5.6.O Conhecimento O conhecimento, como o quinto elemento da cultura Hip Hop é para mim uma via que vai em duas direções, pois se configura tanto como o conhecimento que o artista vinculado a cultura pode proporcionar aos demais através de sua arte, quanto o conhecimento que a própria arte, em desenvolvimento, gera aos artistas que muitas vezes não tem acesso aos espaços formais para a construção do saber. Historicamente o conhecimento foi incorporado à cultura Hip Hop como elemento, a partir do DJ Afrika Bambaataa em 1977. Nesta época os quatro elementos (DJ, Graffiti, Breaking e MC) já eram muito populares na periferia de Nova York, e fortemente utilizados como um mecanismo de combate a violência, utilizando as batalhas artísticas como uma forma de competição e direcionamento das rivalidades. Bambaataa começa a propagar a ideia da existência deste quinto elemento, com o intuito de manter as raízes destas manifestações que naquela época já começavam a ser exploradas pela mídia. O elemento do conhecimento entra no Hip Hop como um

contraponto, principalmente para que o RAP não seja reduzido a um simples produto do mercado. “A partir do início dos anos 80, muitos rappers passaram a escrever letras que alimentavam o que Afrika Bambaataa chamava de quinto elemento: o conhecimento. ” TEPERMAN, Ricardo (2015) Inúmeras letras de RAP, tanto internacionais como nacionais, deixam muito claras as potencialidades do Hip Hop como instrumento de transformação social e interna (pessoal). Por mais que a indústria musical e a mídia contribuam massivamente para que haja um desvio dos temas políticos e sociais para assuntos alegóricos e consumistas. Atualmente, nas batalhas de RAP existem uma categoria apenas para o desenvolvimento do conhecimento, as chamadas “batalhas de conhecimento”, que trazem aos MC’s a necessidade de estudar e expandir seu campo do saber para poder argumentar através das rimas sobre os variados temas propostos. Ao fazer isso eles estão apreendendo e compartilhando novos conhecimentos ao mesmo tempo. Mas, não só o RAP leva a arte atrelada ao quinto elemento. No Breaking por exemplo, os Bboys e Bgirls

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ao desenvolver a dança necessitam construir um grande conhecimento sobre o corpo, sobre equilíbrio e força, sobre energia, formas de comunicação e expressão corporal. E compartilham esse conhecimento através do movimento, gestos e emoção envolvida na ação.

Afinal, a cultura Hip Hop parte de uma lógica urbana, o que traz uma ligação direta entre a arte desenvolvida e o espaço/tempo onde se encontra. Por isso, muitos artistas passam a perceber sua própria condição social e contexto urbano a partir do contato com essas modalidades de arte.

Segundo o Bboy Remind no documentário Break é Fome (2016), o Breaking tem em sua essência “quebrar”, “Estamos quebrando os limites, regras, limitações, mentalidades. Quebramos tudo aquilo que esteja nos segurando. ” A partir dessa lógica fica claro que o Breaking pode não ser tão explicito quanto RAP, mas tem em sua essência ser tão questionador quanto.

O conhecimento é o quinto elemento dessa cultura e talvez o mais importante pois é o que a mantém viva e em constante evolução ao longo dos anos.

Da mesma forma, o graffiti, e o Djing exigem demasiada dedicação, estudo e prática, daqueles que o vivenciam. O Hip Hop é uma cultura que reúne nesses diversos instrumentos artísticos e personagens, um mesmo contexto, uma mesma lógica de pensamento que é capaz de formar sujeitos críticos e artistas grandiosos, exatamente por ter como parte de sua essência a busca pelo conhecimento histórico, pelas origens e bases da cultura, mas sem perder de vista o contexto em que está inserido que o constrói como sujeito.

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6. Descobrindo Pontos da Ilha 6.1.Mapa das Batalha de RAP

Identificação dos bairros e eventos onde ocorrem batalhas de RAP na ilha de Florianópolis: 1) Centro – Batalha da Alfandega. Praça da Alfandega – Quintas Feiras às 19h 2) Centro – Batalha das Mina. Terminal Velho - Sábados às 19h 3) Trindade – Batalha da Trinda. Pista de Skate da Trindade – Quartas Feiras às 20h 4) Canasvieiras – Batalha do Norte. Trapiche de Canasvieiras – Domingos às 18h 5) Lagoa da Conceição – Batalha da Lagoa. Pracinha da Lagoa – Sábados às 17h 6) Campeche – Batalha da Central. Av. Pequeno Príncipe – Terças Feiras às 19h 7) Armação – Batalha da Armação. Centrinho da Armação – Sextas Feiras às 19h 8) Tapera – Batalha da TapeRAP. Em frente ao Centro de Saúde – Sábados às 18h 9) Costeira do Pirajubaé – Batalha da Costeira. Pista de Skate da Costeira – Quartas Feiras às 19h

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6.2. Lugares relevantes para a prática de Breaking na ilha

Crews de Breaking: South Flavor / Nos Trink Criu / Positive Origens / All Step Moving / Brooklyn 26 / Jato Breakers

Lugares onde ocorrem aulas, treinos e eventos de Breaking: Agenda Centro de Artes Urbanas – Itacorubi Eventos e aulas de Breaking Cenarium Escola de Dança – Itacorubi Aulas de Breaking UFSC (Varandão do CCE e outros) – Trindade Treinos de Breaking Mutama Centro de Movimento – Trindade Aulas de Breaking Parque Estadual do Morro da Cruz– Morro da Cruz Eventos de Breaking Hexágono (Equipamento de musculação) – Beira Mar Treinos de Breaking Canasvieiras Aulas/ Treinos de Breaking

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6.3. Percursos de observação de Graffitis

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Percurso Sul da Ilha: Costeira do Pirajubaé, Rio Tavares, Armação, Campeche e Lagoa da Coneição.

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Percurso Centro da Ilha: Córrego Grande, Carvoeira, Centro, Agronômica, Trindade

3)

Percurso Norte da Ilha:

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É possível fazer uma leitura urbana dos espaços a partir dos graffitis expostos na cidade. É possível identificar, por exemplo, em alguns bairros mais simples, que a presença dos graffitis impressos ali também contém uma estética mais simples, contendo maior presença de bombs3 que são “graffitis assinaturas”, com uma variedade menor de cores e técnicas de desenho. Em bairros mais turísticos, há a maior presença dos personagens já conhecidos e, que se apresentam estampados por toda a cidade, com temáticas praianas e descontraídas. Observando a temática e os graffitis conseguimos perceber quais são aqueles que tem um incentivo financeiro externo, e aqueles feitos por conta a apenas do grafiteiro, ou grafiteira. E, se prestarmos atenção será possível, inclusive perceber a presença de alguns graffitis feitos por visitantes da ilha, que contém uma outra linguagem no desenho. Este tema vem ganhando importância, e outros grupos, estudantes e até profissionais de arquitetura vem avançando e identificando roteiros e percursos relacionados a arte urbana em Florianópolis. Como é o caso do grupo Traços Urbanos, que associado ao projeto centrosapiens e recentemente (22/06/2018) postou uma publicação denominada Rota Arte Urbana, centrosapiens.com.br. (https://centrosapiens.com.br/circuito-baixo-centro/rotaarte-urbana). Onde é apresentado uma rota, indicando

algumas imagens de representações em graffitti e identificado seus autores. Na sequência apresento algumas imagens capturadas no roteiro realizado pelo sul da Ilha.

Bomb – É considerado um graffiti rápido, feito com letras “gordinhas” e mais simples, que costumam compor a assinatura do(a) greffiteiro(a), geralmente utilizando apenas duas ou três cores de tintas, para preencher as letras e contornar.

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7. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

7.1. 7.2.

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7.1. Escala da Cidade Diretriz de Projeto: Abordar o quinto elemento da Cultura Hip Hop - O Conhecimento. A partir de três escalas de intervenção, indico a proposição de uma rede de estruturas que deem suporte às práticas artísticas vinculadas à cultura Hip Hop na Ilha:

1) Escala permanente e fixa: Foco na arte e educação/ A construção do conhecimento (Relação Arte – Artista). Configura um espaço de trabalho para os artistas desenvolverem profissionalmente a sua modalidade artística, além de possibilitar a prática e estudo da mesma, sendo um espaço de múltiplas atividades dentro do campo da arte urbana. Além de possibilitar o exercício didático sendo um espaço para atuação dos artistas urbanos enquanto professores e facilitadores do conhecimento sobre o Hip Hop e outras vertentes da Arte de rua. Localização: Agenda – Centro de Artes Urbanas, no Itacorubi. 2) Escala semipermanente: Com o foco na comunicação, divulgação e infraestrutura para eventos. / Propagação do conhecimento (Relação Arte – Público).

Espaços que possibilitem a exposições e apresentações de trabalhos de artistas urbanos da cidade vinculados ao hip hop. Por exemplo: exposições de trabalhos gráficos de graffiti; banca para venda de produção músical dos MC’s; Equipamentos que deem suporte para a prática das batalhas de MC’s e apresentações de Breaking. Estes espaços carregam a lógica de comunicar e compartilhar o conhecimento desta cultura com outros públicos. Estes espaços “Caixas” compostos por containers, podem ser implantados em diferentes lugares da ilha de forma modular. Possíveis Localizações: Largo da Alfandega (detalhado), Campeche e Canasvieiras (proposição). 3) Escala Transitável: Com o foco em práticas e estudos móveis. / Conexão do conhecimento (Relação Arte – Cidade) Espaços transitáveis que servem como ferramentas de deslocamento para troca e diálogo entre artistas de diferentes regiões da cidade. Assim como para práticas de percursos de ensino, estudos e intervenções artísticas a serem impressas no espaço urbano de toda a cidade. Localização: A Cidade – A partir de ônibus que possibilitem os percursos. (Lógica do contêiner móvel)

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Abaixo apresento o “modelo lógico-mental da proposta de projeto e intervenção”:

Encaro essa rede de equipamentos, que tem como base o elemento do conhecimento sobre o Hip Hop, como um ponto de partida para minha proposta! Entretanto, não irei detalhar em projeto estas três escalas, apenas um equipamento da Escala 2 (Semipermanente) pois pretendo inseri-lo em meu local de intervenção: O Largo da Alfandega! As outras duas escalas, são apenas indicadas como parte de um projeto maior que pretende valorizar e qualificar estas modalidades de arte urbana em diversos âmbitos da construção do conhecimento!

REDE DE EQUIPAMENTOS

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Escala Permanente: AGENDA - CENTRO DE ARTES URBANAS [ ITACORUBI ] O Agenda é um espaço localizado no bairro do Itacorubi que foi inaugurado em Julho de 2017, e é dirigido por duas artistas urbanas – graffiteiras de Florianópolis, Monique Cavalcante (Gugie) e Sara Duarte (Sari). E tem como objetivo ser “A casa da rua”, um espaço voltado para a prática e ensino da arte urbana, onde os artistas possam reunir seus trabalhos, se encontrarem e conectarem. Identifico este espaço no meu projeto como o equipamento da escala permanente que permite a construção do conhecimento sobre o Hip Hop tendo em vista que o centro cultural oferece oficinas e eventos de diversas modalidades artísticas da cultura hip hop.

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Escala semipermanente: LARGO DA ALFANDEGA [ CENTRO ], PRAÇA SAINT-EXUPÉRY [CAMPECHE ], TRAPICHE [ CANASVIEIRAS ] Nestes espaços ocorrem batalhas de RAP já históricas na cidade, a Batalha da Alfandega, Batalha do Norte (Campeche) e Batalha da Central (Canavieiras). Ocupam espaço públicos que geralmente não possuem uma estrutura mínima de luz, banheiro, som e por isso acabam dependendo de equipamentos móveis com bateria ou, comerciantes que liberem uma tomada ou o uso do banheiro. Por isso, busco propor um equipamento numa estrutura de container que possa dar uma mínima infraestrutura para esses acontecimentos além de possibilitar a fixação de um ponto de venda e distribuição de artigos vinculados a cultura hip hop, como produção musical dos (as) MC’s, quadros e demais produções com graffiti, e outros. Um espaço para a distribuição e apresentação deste conhecimento construído com a cultura Hip Hop. E que possa também abraçar outras modalidades de arte urbana. Gostaria que os containers sejam vistos como um modelo que possa ser cado em outros espaços de interesse da ilha.

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Escala Transitavel PELA CIDADE Neste espaço transitório se faz a prática da conexão entre essa rede de equipamentos. A partir da possibilidade de percursos educacionais que possam ser ministrados a partir das oficinas do Agenda em conexão com escolas da rede pública, por exemplo, ou da possibilidade de levar infra-estrutura de equipamentos como som e luz a outros pontos onde ocorrem eventos urbanos. Idealizo um dispositivo móvel como um ônibus adaptado para essa prática que possa percorrer a cidade e conectar fisicamente os artistas urbanos e as práticas artísticas que se fazem presentes em toda a ilha e continente. O ônibus traz a lógica de que a Arte Urbana não tem um lugar único e específico de atuação, é efêmera e transitória, além de referenciar a origem da prática artística do graffiti, quando os metrôs eram pintados no Bronx com o intuito de levar uma mensagem para o resto da cidade. Por tanto, a possibilidade de levar o conhecimento para outros espaços e outros e comunidades que os eventos ainda não alcançaram.

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7.2. Recorte Projetual Como recorte para o desenvolvimento de um projeto enquanto exercício prático do trabalho, escolhi detalhar os equipamentos de containers que indico no Largo da Alfândega, e tendo em vista a singularidade de todo este lugar para a arte e cultura urbana escolho desenvolver em projeto uma Proposta de requalificação do Largo da Alfandega. Com o intuito de garantir a estrutura mínima de uso, deste espaço público, a fortalecer os eventos e uso popular do Largo a partir de práticas artísticas como as batalhas de RAP da Alfandega, que já estão consolidadas historicamente naquele local desde 2009. E, de modo a registrar, bem como, sinalizar e abraçar a importância deste processo para outros eventos de cunho popular e urbano, que também ocupam este espaço regularmente. Assim, minha proposta de intervenção se encaminha nesta direção, como uma manifestação, um registro e uma reflexão sobre a importância deste espaço para a resistência deste grupo e da cultura urbana em Florianópolis, em especial no Largo da Alfandega por sua representatividade.

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8. Compreendendo o Lugar: 8.1. O Largo da Alfandega

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8.2. Histórico

O Largo da Alfandega, como se conhece hoje, só adquiriu esta configuração nos anos da década de 70 com a implantação do aterro da Baia Sul. Até ali, quando o mar ainda banhava a área fronteiriça ao prédio da Alfandega, este espaço era denominado Largo do Príncipe e acolhia atividades comerciais e fiscais, relacionadas ao porto e ao mercado. O que marca e dá nome ao lugar é a presença do prédio da Alfandega, que após um incêndio em 1866, ganhou a forma atual. Entre os anos de 1874 e 1876 foi inaugurado o novo prédio pelo presidente da Província de Santa Catarina na época João Tomé da Silva, com a forma atual, a qual vem sendo preservada e mantida desde o seu tombamento. Com o alargamento da rua Conselheiro Mafra e a mudança das funções portuárias, esta área vai ganhando novos usos e apropriações ligadas a preservação da história, da cultura e do turismo. Passa a ser espaço de manifestações populares e culturais, e de grande representatividade para a cena urbana da cidade de Florianópolis. Atualmente o Largo da Alfandega abriga uma grande diversidade de usuários, que trazem para o local diversos usos.

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8.3. Proposta Atual (Dados da proposta formal institucional – PMF) Neste ano de 2018, foi lançado um edital de licitação para realização da obra de um novo projeto de revitalização do Largo da Alfandega, que teve seu início em 2014. A Obra tem início previsto para 2019. O projeto define um orçamento da ordem de R$7,8 milhões, e deverá ser custeado através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento para Cidades Históricas) promovido pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Abaixo apresento, como registro, algumas informações e matérias que circularam em jornais e redes sociais sobre a proposta de revitalização: Jornal A Hora sobre o projeto: http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2018/ 02/revitalizacao-do-largo-da-alfandega-divide-opinioes10170700.html Opiniões e Diretor do Iphan: http://floripamanha.org/2018/02/revitalizacao-do-largo-daalfandega-divide-opinioes/

Sobre o projeto: http://floripamanha.org/2014/05/largo-da-alfandega-serarevitalizado/ Video – Reportagem RIC Notícias: https://ricmais.com.br/sc/programas/balanco-geralflorianopolis/largo-da-alfandega-devera-ser-todo-revitalizadoem-2018 Site do Iphan sobre a obra: http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4540 Complementarmente, a seguir, coloco em destaque algumas informações presentes nas reportagens, que me parecem interessantes para o desenvolvimento do trabalho, e análise da situação em questão. Gean Loureiro, prefeito de Florianópolis disse que as obras de readequação nestes locais é uma vitória para o município. “As obras de readequação no entorno do Largo da Alfândega e Mercado Público trazem uma nova perspectiva urbanísticas para estes espaços, evitando o abandono, degradação e ocupação desordenada destes espaços históricos do município de Florianópolis. ”

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“O projeto respeita as características culturais e arquitetônicas do Largo da Alfândega e Mercado Público de Florianópolis, locais que fazem conexão com outros espaços do município, como o Centro Histórico de Florianópolis. Todos ganham quando as ações são feitas em conjunto e sintonia. Queremos fazer revitalizações em outros espaços culturais e históricos de Florianópolis, como o Calçadão João Pinto e Praça XV” Fonte: http://www.informefloripa.com/index.php/editorias/cotidiano/it em/8231-prefeitura-e-iphan-assinam-convenio-de-revitalizacaodo-entorno-do-largo-da-alfandega-e-mercado-publico

“Todo o local será modificado. O atual monumento em homenagem às rendeiras será removido. Ao invés de bilros, instrumento de madeira usado pelas rendeiras para fazer a renda, uma cobertura metálica será construída com os desenhos da renda. O pequeno palco, onde ocorrem as batalhas de rap toda semana, deve ser desmanchado. De acordo com Mittmann, não será construída uma estrutura fixa. Quando tiver eventos no Largo, terá que ser montado um palco provisório. ”

Fonte: http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2018/ 02/revitalizacao-do-largo-da-alfandega-divide-opinioes10170700.html Algumas impressões minhas sobre o projeto proposto: Conforme as leituras e análise do projeto proposto, me arrisco a dizer que a cidade se propõe a abraçar um projeto que na prática pode atuar como uma ferramenta para o processo de espetacularização do espaço, que acaba por promover a gentrificação e higienização da área em discussão, tendo uma forte tendência a compor uma extensão para o espaço “gourmet” do vão do mercado público. A partir da lógica de preservar o patrimônio arquitetônico se cria o desenho de uma arquitetura-imagem, que coloca as edificações como foco principal e visual daquele lugar, priorizando a imagem que deve ser contemplada, e em prol disso, o espaço deixa de ser vivido, pois é proposto um ambiente que exclui muitas áreas de sombra e possibilidades autônomas de apropriação, já existente nos usos atuais da praça. Coloca-se, portanto, o padrão estético em primeiro plano, tendo a arte e cultura tombadas como imagem deste padrão que já é aceito e afirmado na cidade. Em contraposição a arte e cultura urbana, que é viva e se apropria de forma espontânea do espaço público, é expulsa; e, ao ser rotulada como desordenada, como fez

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o prefeito Gean Loureiro, sendo desvalorizada enquanto expressão artística e cultural capaz de representar uma parcela da sociedade. O Largo da Alfandega é historicamente um lugar popular e democrático, não apenas o lar das Batalhas de RAP, mas de várias manifestações, artísticas, políticas e culturais. Por isso, a partir da minha proposta acadêmica, eu gostaria de propor um exercício que busque garantir a possibilidade destes movimentos culturais continuarem ocupando aquele espaço, principalmente mantendo a estrutura física do Palco; acrescentar equipamentos que compõem a minha rede de sistemas do conhecimento sobre o Hip Hop, com a implantação de contêineres que deem suporte as diversas práticas artísticas que ocorrem ali; e, propor outras funções que afirmem o uso e caráter popular do espaço. Gostaria de pensar a alfândega como um espaço democrático que valorize a arte, enquanto patrimônio material, e imaterial que se revelam na arquitetura como expressão de um tempo, mas que também, com o mesmo grau de relevância, abre espaço para a arte e cultura de rua permanecerem vivas e ativas!

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8.4. Leitura Urbana da RegiĂŁo 8.4.1. Mapa de Entorno e Usos Relevantes

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8.4.2. Mapa de Usos do Entorno.

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8.4.3. Mapa de Categorias de Preservação do Patrimônio

Descrição das Categorias (Segundo o SEPHAN): P1 – Imóvel a ser totalmente conservado ou restaurado, tanto interna como externamente pelo excepcional valor Histórico, Arquitetônico, Artístico ou Cultural de toda a unidade.

P2 – Imóvel partícipe de conjunto arquitetônico cujo interesse histórico está em ser desse conjunto, devendo seu exterior ser totalmente conservado ou restaurado, mas podendo haver remanejamento interno, desde que sua volumetria e acabamento externos não sejam afetados, de forma a manter-se intacta a possibilidade de aquilatar-se o perfil histórico urbano.

P3 – Imóvel adjacente a edificação ou a conjunto arquitetônico de interesse histórico, podendo ser demolido mas ficando a reedificação sujeita a restrições capazes de impedir que a nova construção ou utilização descaracterize as articulações entre as relações espaciais e visuais ali envolvidos, devendo ou não manter a volumetria, a critério do órgão Municipal de Planejamento.

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8.4.4. Mapa de Fluxos e Funções Atuais

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9. Programa Proposto Desenvolver o trabalho no Largo da Alfandega é um grande desafio, pois é um espaço ímpar da cidade, não só pelo fator histórico mas porque reúne em seu território diariamente uma enorme quantidade e diversidade de pessoas que compartilham o mesmo espaço. Estudantes, consumidores, transeúntes, artistas, comerciantes formais e informais, moradores de rua, adultos e crianças. Portanto, meu maior objetivo com este exercício é buscar ferramentas para garantir que essa diversidade e o uso popular do espaço continuem vivos, que o desenho abrace as variadas necessidades presentes no espaço e ao mesmo tempo esteja aberto e estruturado para receber manifestações artísticas de modo geral.

Diretriz de Projeto: Manter o caráter democrático e popular do Largo da Alfandega. Projetando um ambiente que permita maior autonomia na utilização dos espaços. Usos Propostos: • Áreas de Estar com sombra, mobiliários e vegetação; • Palco Democrático; • Equipamentos de Apoio à Arte Urbana (Containers) • Banheiro Público; • Restaurante/Café popular + Oficinas; • Casa de Apoio à População em Situação de Rua; • Loja de Cerâmica;

Usos Atuais: Entre os serviços e equipamentos que se instalam ali e constroem essa composição de um espaço democrático. Destaco: • A Feira; • As áreas de sombra e mobiliário urbano de estar; • Comerciantes informais; • Artistas de rua

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10. Inspirações Estéticas 10.1.

Experimentação Corporal:

Na busca por inspirações para a partida estética a utilizar no desenho do projeto realizei algumas experimentações corporais, dançando sobre um papel com um giz de cera e registrando os movimentos da dança, reconhecendo os padrões e linhas que expressam a dança que contenho corporalmente. Pude observar que o Breaking na maioria dos seus movimentos em contato com o chão tem um ponto fixo e a movimentação circunda este ponto como um compasso, criando movimentos geralmente circulares e linhas mais curvas e orgânicas, seguindo o movimento natural do corpo. As linhas quebradas e retas geralmente são frutos de uma intenção corporal ativa que propõe uma quebra no fluxo dos movimentos circulares.

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10.2. Estrutura do Breaking: Busquei também analisar a estrutura básica de movimentação do Breaking, a dança se divide nas categorias de movimentos:  

Top Rock – Plano Alto (corpo na vertical): É a introdução da dança – utiliza deslocamentos e linhas retas. Foot Work – Plano Baixo (corpo abaixado em contato com o chão): É o desenvolvimento da dança – utiliza deslocamentos e movimentos circulares. Freeze – Plano Alto e Baixo (corpo abaixado ou de cabeça para baixo): É um momento de quebra no fluxo da dança – utiliza pausas, congelamentos, respiros. Power Move – Plano Baixo, Alto e Aéreo (corpo acrobático): É a “cereja do bolo”, a explosão corporal em movimentação – utiliza impacto e formas corporais mais complexas. 10.2.1. Estruturas Estética dos Movimentos:

  

É possível relacionar todas essas estruturas e conceitos com os que aplicamos ao projetar um ambiente, quando pensamos nos fluxos de deslocamentos das pessoas pelo espaço, no ritmo gerado pelos objetos propostos, na impressão e sensação do indivíduo ao experienciar o espaço, assim como as questões de horizontalidade e verticalidade nas linhas do desenho, a escolha por linhas mais orgânicas ou retas. Essa relação ocorre tendo em vista que tanto o desenho arquitetônico ou urbano, quanto a dança, a pesar de trabalhar em escalas diferentes são expressões de uma linguagem. E por isso busquei trazer a referência de uma para outra, na busca por inspirações e direcionamentos para o desenho proposto.

Flow – Fluxo – deslocamento de energia pelo corpo. Bounce – Ritmo – Impulsos musicais/ quebras geradas pela música Flavor – Individuo – Personalidade e corpografia do bailarino expressa na dança.

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10.3. Elementos visuais, texturas e materiais

Cypher ou Roda Tanto o Breaking quanto o RAP são praticados geralmente em roda, em círculo. O círculo enquanto referência formal compõe a estrutura básica do desenho.

Piso Xadrez É característico e muito utilizado pelos bboys e bgirls um “tapete” emborrachado de piso com um desenho xadrez para a prática do Breaking principalmente na rua. Metrôs A imagem dos metrôs grafitados me instiga a trabalhar o projeto com estrutura metálica e mais leves que podem ser pintadas ou não.

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11. Referencias 11.1. Aporte Teórico ROLNIK, Raquel. O que é Cidade. 3ª ed. – São Paulo: Editora Brasiliense, 2004. – (Coleção Primeiros Passos; 203) DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução: Estela dos Santos Abreu. 1ª ed. – Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 1997 LEFEBVRE, Henry. O Direito a Cidade. Tradução Rubens Eduardo Frias. 1ª ed. – São Paulo: Editora Moraes, 1991 RINK, Anita. Graffiti: intervenção urbana e arte. 1ª ed. – Curitiba: Editora Appris, 2013 TEPERMAN, Ricardo. Se Liga no Som: As transformações do RAP no Brasil. 1ª ed. – São Paulo: Editora Claro Enigma, 2015. – (Coleção Agenda Brasileira) OLIVEIRA, Roberto Camargos de. Rap e Política: Percepções da vida social brasileira. 1ª ed. – São Paulo: Editora Boitempo, 2015. PALLAMIN, Vera. Arte Cultura e Cidade: Aspectos estéticopolíticos contemporâneos.1ª ed. – São Paulo: Editora Annablume, 2015

MOUFFE, Chantal. Quais espaços públicos para práticas de arte crítica?. Arte e Ensaios: revista do ppgav/eba/ufrj, Rio de Janeiro, n. 27, p. 181 – 199, dezembro. 2013. FERREIRA, Marcelus Gonçalves. Corpo/Cidade: Uma corpografia do medo. Contemporânea, Rio de Janeiro, ed. 18, v. 9, n.2, p. 87-98, 2011. JACQUES, Paola Berenstein. Corpografias urbanas: O corpo enquanto resistência. Cadernos PPG-AU/FAUUFBA / Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Ano 5, número especial, p. 93-103. – Org. Ana Clara Torres – Salvador: PPG-AU/FAUUFB, 2007. JACQUES, Paola Berenstein. Corpografias urbanas. Portal Vitruvius, sessão: arquitextos, 093.07, ano 08, fev. 2008. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/0 8.093/165> Acesso em: agosto de 2017. NESS, Alien. A Arte da Batalha. Portal SP Cultura. Disponível em: <http://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/files/project/200/(a llien+ness)+a+arte+da+batalha..pdf>Acesso em: dezembro de 2017.

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A Causa é Legitima: A batalha da Alfandega é o direito à cidade. Direção: Ricardo Henrique Pessetti. Produção: Ricardo Henrique Pessetti e Brigadas Populares, Florianópolis, 2016. Documentário, 40min44s. disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=k2h0x72NdGQ> Acesso em: junho de 2017.

<https://www.netflix.com/title/80141782?jbv=80141782 &jbp=1&jbr=0> Acesso em: março de 2017. Break é Fome. Direção: Luka Galante. Produção: Luka Galante e André Rock Master. Brasil, 2016 - 2017. Serie documental, 9 Episódios, 10 min. disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=t2ElYyMyR58> Acesso em: dezembro de 2017.

Rubble Kings. Direção: Shan Nicholson. Produção: Jim Carrey, Shan Nicholson, Cristina Esterás-Ortiz, Ben Velez, Michael Aguilar e Dito Montiel. Nova York, 2015. Documentário, 1h07min37s. disponível em: <https://www.netflix.com/search?q=rubble%20kings&jbv =80053919&jbp=0&jbr=0> Acesso em: março de 2017. Cidade Cinza. Direção: Marcelo Mesquita e Guilherme Valiengo. Produção: Marcelo Mesquita, Peppe Siffredi e Raphael Bottino. São Paulo, 2013. Documentário, 1h19min30s. disponível em: <https://www.netflix.com/search?q=cidade%20cinza&jbv =80194556&jbp=0&jbr=0> Acesso em: julho de 2017. Hip Hop Evolution. Direção: Darby Wheeler. Produção: Darby Wheeler, Sam Dunn e Scot McFadyen. Nova York, 2016. Serie documental, 1ª Temporada – 4 Episódios, 48min. disponível em:

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APENDICE: IMAGENS DA PROPOSTA


Proposta Geral IMPLANTAÇÃO Escala 1/500


5 2 7 ( 6

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Bancos de Concreto Comprido

Bicicletário

Lixeira

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Setor 1 PLANTA BAIXA Escala 1/250


Setor 2 PLANTA BAIXA Escala 1/250

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Bancos de Concreto Individual

Bancos de Concreto Individual

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Setor 3 PLANTA BAIXA Escala 1/250

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Palco CORTE Escala 1/200

Todo este setor contará com iluminação de ƉŝƐŽ͘ Žŵ ĮƚĂƐ ĚĞ > ŝŶƐƚĂůĂĚĂƐ ŶĂƐ ďŽƌĚĂƐ ĚŽ ĚĞŐƌĂƵƐ ĚĂ ĂƌƋƵŝďĂŶĐĂĚĂ Ğ ƉĂƚĂŵĂƌĞƐ͘ ƚĂŵďĠŵ ĂŵĞŶŝnjĂŵ Ă ƉŽůƵŝĕĆŽ ǀŝƐƵĂů ŐĞƌĂĚĂ ƉĞůŽƐ ƉŽƐƚĞƐ ĞůĞǀĂĚŽƐ͘ Ž ƉĞŶƐĂƌ ƋƵĞ ŽĐƵƉĂƌ Ž ĞƐƉĂĕŽ Ġ ĚĂƌ ǀŝĚĂ ĂŽ ŵĞƐŵŽ͘ ĐƌĞĚŝƚŽ ƋƵĞ ƵŵĂ ŝůƵŵŝŶĂĕĆŽ ŵĂŝƐ ĞĮĐĂnj ƉŽĚĞ ŐĂƌĂŶƟƌ ƵŵĂ ŵĞůŚŽƌ ƵƟůŝnjĂĕĆŽ ĚŽ >ĂƌŐŽ ŵĞƐŵŽ ĚƵƌĂŶƚĞ Ă ŶŽŝƚĞ ĂũƵĚĂŶĚŽ ŶĂ ƐĞŐƵƌĂŶĕĂ ĚŽ ĂŵďŝĞŶƚĞ ŶĞƐƚĞ ŚŽƌĄƌŝŽ Ğŵ ƋƵĞ Ž ĞŶƚƌŽ ĐŽƐƚƵŵĂ ĞƐƚĂƌ ǀĂnjŝŽ͕ ŵĂƐ Ġ ƋƵĂŶĚŽ ĂĐŽŶƚĞĐĞŵ ĂƐ ďĂƚĂůŚĂƐ ĚĞ Z W ƉŽƌ ĞdžĞŵƉůŽ͘ ƉŽĚĞŵ ŽĐŽƌƌĞƌ ŝŶƵŵĞƌĂƐ ŽƵƚƌĂƐ ĨŽƌŵĂƐ ĚĞ ĂƉƌŽƉƌŝĂĕĆŽ͘

Bancos “Desconstruídos” de Concreto Ϯ hŶŝĚĂĚĞƐ ůŽĐĂůŝnjĂĚĂƐ ƉƌſdžŝŵĂƐ ĂŽ ƉĂůĐŽ͘ Žŵ ĐĞƌĐĂ ĚĞ ϲŵ ĚĞ ĐŽŵƉƌŝŵĞŶƚŽ Ğ ϭ͕Ϯŵ ĚĞ ůĂƌŐƵƌĂ͘ ůƚƵƌĂƐ Ğ ŝŶĐůŝŶĂĕƁĞƐ ǀĂƌŝĂǀĞŝƐ ĞŶƚƌĞ ϰϬĐŵ Ğ ϭŵ͘ WĞƌŵŝƚĞŵ ŽƵƚƌĂƐ ƉŽƐƐŝďŝůŝĚĂĚĞƐ ĚĞ ƵƐŽ ĚŽ ŵŽďŝůŝĄƌŝŽ͘ dĞŵ Ă ƐƵĂ ĨŽƌŵĂ ďĄƐŝĐĂ Ğŵ ĨŽƌŵĂ ĚĞ ĂƌĐŽ͕ ĂĐŽŵƉĂŶŚĂŶĚŽ Ă ĨŽƌŵĂ ĚŽƐ ƉĂƚĂŵĂƌĞƐ ŶŽ ĞŶƚŽƌŶŽ ĚŽ ƉĂůĐŽ͘


Bancos “Desconstruídos” de Madeira

Bancos “Relevo”

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Ϯ hŶŝĚĂĚĞƐ ůŽĐĂůŝnjĂĚĂƐ ƉƌſdžŝŵŽƐ ĂŽƐ ĐŽŶƚĂŶĞƌƐ WŽƐƐƵĞŵ ĞƐƚƌƵƚƵƌĂ ĚĞ ĐŽŶĐƌĞƚŽ Ğ ĂƐƐĞŶƚŽ ͬ ĞŶĐŽƐƚŽ Ğŵ ŵĂĚĞŝƌĂ͘ Žŵ ĐĞƌĐĂ ĚĞ ϰŵ ĚĞ ĐŽŵƉƌŝŵĞŶƚŽ Ğ ϭ͕Ϯŵ ĚĞ ůĂƌŐƵƌĂ͘ ŽŶƐƚƌŽĞ Ă ĨŽƌŵĂ ĚĞ Ƶŵ ƌĞůĞǀŽ ĐŽŵ ĂůƚƵƌĂ ĚĞ ϭ͕ϱŵ͘

WĞƌŵŝƚĞŵ ŽƵƚƌĂƐ ƉŽƐƐŝďŝůŝĚĂĚĞƐ ĚĞ ƵƐŽ ĚŽ ŵŽďŝůŝĄƌŝŽ͘ dĞŵ Ă ƐƵĂ ĨŽƌŵĂ ďĄƐŝĐĂ Ğŵ ĨŽƌŵĂ ĚĞ ĂƌĐŽ͕ ĂĐŽŵƉĂŶŚĂŶĚŽ Ă ĨŽƌŵĂ ĚŽ ƉŝƐŽ͘

WĞƌŵŝƚĞŵ ŽƵƚƌĂƐ ƉŽƐƐŝďŝůŝĚĂĚĞƐ ĚĞ ƵƐŽ ĚŽ ŵŽďŝůŝĄƌŝŽ͘ dĂŶƚŽ Ž ĂƐƐĞŶƚŽ ƚƌĂĚŝĐŝŽŶĂů ŶĂ ƌĞŐŝĆŽ Ğŵ ŵĂĚĞŝƌĂ ƋƵĂŶƚŽ Ă ƉŽƐƐŝďŝůŝĚĂĚĞ ĚĞ ĞƐĐĂůĂƌ Ğ ĚĞŝƚĂƌ ŶĂ ƌĞŐŝĆŽ Ğŵ ĐŽŶĐƌĞƚŽ͘​͘

^ĞŐƵĞ Ă ŵĞƐŵĂ ůſŐŝĐĂ ĚŽ ĚĞ ĐŽŶĐƌĞƚŽ ŵĂƐ ƉŽƌ ƐĞƌ ĚĞ ŵĂĚĞŝƌĂ ĐŽŶǀĞƌƐĂ ŵĂŝƐ ĐŽŵ Ž ůŽĐĂů ĚĞ ŝŶƐĞƌĕĆŽ͘

WŽĚĞ ƐĞƌ ĞdžƉůŽĂĚŽ ƚĂŵďĠŵ ƉĞůŽƐ ƉƌĂƟĐĂŶƚĞƐ ĚĞ ďŝŬĞ Ğ ƐŬĂƚĞ͘

ƐƐĂ ƌĞŐŝĆŽ ĐŽŶĮŐƵƌĂ Ă ĐŽŶĞdžĆŽ ĚŽƐ ŽŶƚĂŝŶĞƌƐ ĐŽŵ Ž ZĞƐƚĂƵƌĂŶƚĞ WŽƉƵůĂƌ͕ ƚŽĚŽ ĞƐƚĞ ƐĞƚŽƌ ĚĞǀĞ ĨƵŶĐŝŽŶĂƌ ĐŽŵŽ Ƶŵ ƉĄƟŽ ƉĂƌĂ Ž ĂƐĂƌŝŽ͕ ĐŽŵŽ ƵŵĂ ŐƌĂŶĚĞ ^ĂůĂ ĚĞ ƐƚĂƌ ƋƵĞ ƉƌŽŵŽǀĞ Ă ůŝǀƌĞ ĂƉƌŽƉƌŝĂĕĆŽ͕ ĄƌĞĂƐ ĚĞ ĞƐƚĂƌ ĐŽŵ ƐŽŵďƌĂƐ Ğ ĞƐƉĂĕŽ ƉĂƌĂ ĞdžƉŽƐŝĕƁĞƐ ĂŽ Ăƌ ůŝǀƌĞ͘

Setor 4 PLANTA BAIXA Escala 1/250

Conjunto de Containers ^ĆŽ ĂƐ ĞĚĮĐĂĕƁĞƐ ƉƌŽƉŽƐƚĂƐ͕ ƋƵĞ ƐĞ ŝŶƐƚĂůĂŵ ŶĂ ƉƌĂĕĂ compondo a Escala Semipermanente da Rede de ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐ ĐŽŵƉŽŶĚŽ Ƶŵ ƐŝƐƚĞŵĂ ĚĞ ĂƉŽŝŽ ăƐ ƉƌĄƟĐĂƐ ĂƌƟƐƟĐĂƐ ĞdžŝƐƚĞŶƚĞƐ ŶĂƋƵĞůĞ ĞƐƉĂĕŽ͕ Ğ ĂŽƐ ĂƌƟƐƚĂƐ ƵƌďĂŶŽƐ ĚĂ ĐŝĚĂĚĞ͘ EŽ ƚĠƌƌĞŽ ůŽĐĂůŝnjĂŵͲƐĞ ĚĞ Ƶŵ ůĂĚŽ ĂŶŚĞŝƌŽƐ WƷďůŝĐŽƐ͕ Ğ ĚŽ ŽƵƚƌŽ Ƶŵ ĞƐƉĂĕŽ ƉĂƌĂ ĞdžƉŽƐŝĕĆŽ Ğ ǀĞŶĚĂ ĚĂ ƉƌŽĚƵĕĆŽ ŝŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞ ĚĞ ĂƌƟƐƚĂƐ ƵƌďĂŶŽƐ ĚĂ ĐŝĚĂĚĞ͘

EŽ ƉĂǀŝŵĞŶƚŽ ƐƵƉĞƌŝŽƌ ƚĞŵŽƐ ĚĞ Ƶŵ ůĂĚŽ͗ Ă >ŽũĂ ĚĞ ĞƌąŵŝĐĂ ƋƵĞ ũĄ ŽĐƵƉĂ ĞƐƚĞ ĞƐƉĂĕŽ ŚĄ ĂŶŽƐ͕ Ğ ƚĞŵ Ž ƉŽŶƚŽ ĐŽŶƐŽůŝĚĂĚŽ ŶŽ ůŽĐĂů͘ Ğ ĚŽ ŽƵƚƌŽ ůĂĚŽ ǀŝŶĐƵůĂĚŽ ĂŽ ƉŝƐŽ ƚĠƌƌĞŽ͕ ĞƐƉĂĕŽƐ ƉĂƌĂ ŐƵĂƌĚĂ ǀŽůƵŵĞƐ͕ ĚĞƉſƐŝƚŽ ƉĂƌĂ ĞƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐ ĚĞ ƐŽŵ͕ ŝŶƐƚƌƵŵĞŶƚŽƐ ŵƷƐŝĐĂŝƐ͕ Ğ ĂĮŶƐ͕ Ğ ƵŵĂ ĐŽƉĂͬĐĂŵĂƌŝŵ ƋƵĞ Ěġ ƐƵƉŽƌƚĞ Ă ƉŽƐƐŝǀĞŝƐ ĂƉƌĞƐĞŶƚĂĕƁĞƐ͘ ^ŝƐƚĞŵĂ ĚĞ ĐŝƌĐƵůĂĕĆŽ ǀĞƌƟĐĂů ĐŽŵ Ƶŵ ƉůĂƚĂĨŽƌŵĂ ĞůĞǀĂĚŽƌĂ ƐŝŵƉůĞƐ͕ Ğ ĞƐĐĂĚĂ ŵĞƚĄůŝĐĂ


hĆ&#x;ĹŻĹ?ÇŒÄ‚ÄšĹ˝Ć? Ď° Ä?ŽŜƚĂĹ?ĹśÄžĆŒĆ? ĚŽ Ć&#x;ƉŽ ,Ĺ?Ĺ?Ĺš Ͳ ĆľÄ?Äž ƋƾĞ Ä?ŽŜĆšÄ Ĺľ Ď­ĎŽÍ•ϭϾώž ĚĞ Ä?ŽžĆ‰ĆŒĹ?žĞŜƚŽ dž ĎŽÍ•Ď°ĎŻĎ´Ĺľ ĚĞ ĹŻÄ‚ĆŒĹ?ĆľĆŒÄ‚ dž ĎŽÍ•ϴϾϲž ĚĞ Ä‚ĹŻĆšĆľĆŒÄ‚

Ć?Ć?Ĺ?Ĺľ Ä?ŽžŽ Ä‚ Ĺ?ĹśĆ?ÄžĆŒÄ•Ä†Ĺ˝ ĚĞ ƾžÄ‚ Ä?Ĺ˝Ä?ÄžĆŒĆšĆľĆŒÄ‚ ĚĞ ÄŽÄ?ĆŒĹ˝Ä?Ĺ?žĞŜƚŽ pintada elevada, que se afasta da cobertura metĂĄlica do container criando uma camada de ar que desempenha função de isolamento tĂŠrmico.

Com sistemas que incluem a captação da ĂĄgua da Ä?ŚƾǀĂ Ä‚ Ć‰Ä‚ĆŒĆ&#x;ĆŒ ĚĞ Ä?ĂůŚĂĆ? Äž ƚĞůŚĂĚŽ Ĺ?ĹśÄ?ĹŻĹ?ŜĂĚŽ Äž Ĺ˝Ć? paineis solares, contribuem para que ele funcione quase como um equipamento autĂ´nomo.

E algumas paredes com lã de vidro no sistema Steel Frame por onde passam tambÊm algumas instalaçþes mais importantes que não devem estar aparentes.

K Ĺ?Ć?ŽůĂžĞŜƚŽ ĆšÄ ĆŒĹľĹ?Ä?Ĺ˝ Ä Ć‰ÄžĹśĆ?ĂĚŽ Ä‚ Ć‰Ä‚ĆŒĆ&#x;ĆŒ ĚĂ ĞůĞǀĂĕĆŽ do mesmo em 32 cm, soltando a estrutura do solo, com 8 apoios em concreto de 15cm x 15cm. para cada caixa de container.

Mas neste caso o maior fator de isolamento tĂŠrmico ĂŠ a vegetação do entorno que mantĂŠm as estruturas na maior Ć‰Ä‚ĆŒĆšÄž ĚŽ ƚĞžƉŽ Ć?ŽžÄ?ĆŒÄžÄ‚ÄšÄ‚Ć?͘ Äž ĨŽĆŒÄ‚Ĺľ žŽĆ&#x;ǀŽĆ? ĚĂ ÄžĆ?Ä?ŽůŚĂ ƉĞůŽ ĹŻĹ˝Ä?Ä‚ĹŻ ĚĞ Ĺ?ĹśĆ?ÄžĆŒÄ•Ä†Ĺ˝ ĚŽ Ä?ŽŜŊƾŜƚŽ ĚĞ Ä?ŽŜƚĂĹ?ĹśÄžĆŒĆ?͘ ]h ]I=I

1 Pvto PLANTA BAIXA Escala 1/125

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'(3Ă?6,72 $ PĂ° :& 31( $ PĂ°

TĂŠrreo PLANTA BAIXA Escala 1/125

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(/(9$'25 $ PĂ° L

Os containes funcionam como mĂşdulos que possam ser aplicados combinada ou separadamente em outros possiveis pontos de interesse da ilha. WŽĚĞŜĚŽ Ç€Ä‚ĆŒĹ?Ä‚ĆŒ ŜĂ Ä?ŽžĆ‰Ĺ˝Ć?Ĺ?ĕĆŽ Ͳ Ć&#x;ƉŽĆ? Äž ŜƾžÄžĆŒĹ˝Ć? ĚĞ žſÄšƾůŽĆ?͘ Por exemplo, no campeche poderiam ser aplicados apenas dois žſÄšƾůŽĆ?Í— Ä‚ ůŽŊĂ͏ĞdžƉŽĆ?Ĺ?ĕĆŽ Äž Ĺ˝ Ä?ĂŜŚĞĹ?ĆŒĹ˝ ƉơÄ?ĹŻĹ?Ä?Ž͕ ĚĞǀĹ?ĚŽ Ä‚Ĺ˝ ÄžĆ?ƉĂĕŽ reduzido da praça em que seria inserido.


hŵĂ ĚĂ ƉƌşŶĐŝƉĂŝƐ ƋƵĞƐƚƁĞƐ ƋƵĞ ĞŶǀŽůǀĞŵ ĞƐƚĞ ƚƌĂďĂůŚŽ Ă ĐĞƌĐĂ ĚĂ ƌƚĞ hƌďĂŶĂ Ğ Ă ŝĚĂĚĞ Ġ Ă ŝŶǀŝƐŝďŝůŝnjĂĕĆŽ ƋƵĞ ĂƐ ŵĂŶŝĨĞƐƚĂĕƁĞƐ Ğ ŽƐ ĂƌƟƐƚĂƐ ƐŽĨƌĞŵ ƉŽƌ ƉĂƌƚĞ ĚĂ ƐŽĐŝĞĚĂĚĞ͕ ĚŽ ƐƚĂƚƵƐ ƋƵŽ Ğ ĚŽ ĞƐƚĂĚŽ͘ ZĞƐƚĂƵƌĂŶƚĞ WŽƉƵůĂƌ н KĮĐŝŶĂƐ

Proponho a instalaçao de um Restaurante Popular na Estrutura do ĂƐĂƌŝŽ ƋƵĞ Ġ ƵŵĂ ĞĚŝĮĐĂĕĆŽ Ğŵ ĚĞƐƵƐŽ ĐŽŵ ĨƌĞŶƚĞ ƉĂƌĂ Ž >ĂƌŐŽ ĚĂ ůĨĂŶĚĞŐĂ Ğ ƉĂƌĂ Ă ZƵĂ ŽŶƐĞůŚĞŝƌŽ DĂĨƌĂ͘ ĞĚŝĮĐĂĕĆŽ ĞƐƚĄ ŶĂ ĐĂƚĞŐŽƌŝĂ WϮ ĚĞ ƉƌĞƐĞƌǀĂĕĆŽ ĚŽ ƉĂƚƌŝŵŽŶŝŽ͕ ƉŽƌƚĂŶƚŽ ƉŽĚĞ ƐŽĨƌĞƌ ĂůƚĞƌĂĕƁĞƐ ŝŶƚĞƌŶĂƐ ŵĂƐ ŶĆŽ ĞdžƚĞƌŶĂƐ͘ ŽŶĨŽƌŵĞ ŵĂŶƵĂů ĚŽ ŐŽǀĞƌŶŽ ĨĞĚĞƌĂů ĚĞ ĐŽŵďĂƚĞ ă ĨŽŵĂ͕ ŽƐ ƌĞƐƚĂƵƌĂŶƚĞƐ ƉŽƉƵůĂƌĞƐ ĚĞǀĞŵ ƐĞƌǀŝƌ ĂůŝŵĞŶƚĂĕĆŽ ŶŽƐ ǀĂůŽƌĞƐ ĞŶƚƌĞ ϭ Ğ ϱ ƌĞĂŝƐ͘ ŝĚĠŝĂ Ġ ƋƵĞ Ž ĞƐƉĂĕŽ ƉŽƐƐĂ ƐĞƌ ƵƟůŝnjĂĚŽ ƚĂŵďĠŵ ƉĂƌĂ Ă ƌĞĂůŝnjĂĕĆŽ ĚĞ ŽĮĐŝŶĂƐ ĐŽŵƵŶŝƚĄƌŝĂƐ ŶŽƐ ŚŽƌĂƌŝŽƐ Ğŵ ƋƵĞ ŶĆŽ ĞƐƚĄ ĨƵŶĐŝŽŶĂŶĚŽ ĐŽŵŽ ƌĞƐƚĂƵƌĂŶƚĞ ŽƵ ĐĂĨĠ͘

WŽƌ ŝƐƐŽ ĐŽŵ Ă ƉƌŽƉŽƐƚĂ ĚĞ ŝŶƚĞƌǀĞŶĕĆŽ ƉĞŶƐŽ ŶĂƋƵĞůĞƐ ƋƵĞ ĞƐƚĆŽ ĂŝŶĚĂ ŵĂŝƐ ă ŵĂƌŐĞŵ Ğ ƐĆŽ ĂŝŶĚĂ ŵĂŝƐ ŝŶǀŝƐŝďŝůŝnjĂĚŽƐ ŶŽ ĚŝĂ Ă ĚŝĂ ĚĂ ĐŝĚĂĚĞ͗ Ɛ ƉĞƐƐŽĂƐ ƋƵĞ vivem em situação de rua, e tantos outros excluidos socialmente pelo um ƐŝƐƚĞŵĂ ƉŽůşƟĐŽ Ğ ĞĐŽŶƀŵŝĐŽ͘ ĐƌĞĚŝƚŽ ƋƵĞ ĐƌŝĂƌ ŵĞĚŝĚĂƐ ŝŶƐƟƚƵĐŝŽŶĂŝƐ ƋƵĞ ƉŽƐƐŝďŝůŝƚĞŵ ĐŽŶĚŝĕƁĞƐ ŵşŶŝŵĂƐ ĚĞ ǀŝĚĂ͕ ĐŽŵŽ ĂůŝŵĞŶƚĂĕĆŽ͕ ƐĂƷĚĞ͕ ŵŽƌĂĚŝĂ Ġ ƵŵĂ ĨŽƌŵĂ ĚĞ ĞŵƉĂƟĂ͕ ĚĞ ĂƉƌŽdžŝŵĂƌ Ğ ŽůŚĂƌ ƉĂƌĂ ĂƋƵĞůĞ ƋƵĞ ĞƐƚĄ ŝŶǀŝƐŝǀĞů͕ ĂŽ ŝŶǀĠƐ ĚĞ ƐŝŵƉůŝƐŵĞŶƚĞ ĞdžĐůƵŝƌ͘

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dĞŶĚŽ Ğŵ ǀŝƐƚĂ Ă ŐƌĂŶĚĞ ƋƵĂŶƟĚĂĚĞ ĚĞ ƉĞƐƐŽĂƐ ƋƵĞ ƐĞ ĞŶĐŽŶƚƌĂŵ Ğŵ ƐŝƚƵĂĕĆŽ ĚĞ ƌƵĂ ĂƚƵĂůŵĞŶƚĞ ŶĂƋƵĞůĂ ƌĞŐŝĆŽ͕ ƉƌŽƉŽŶŚŽ ƋƵĞ Ž ƉƌĠĚŝŽ ŝŶĚŝĐĂĚŽ ŶĂ ĨŽƚŽ ĂŽ ůĂĚŽ ƐĞũĂ ŝŶĐŽƌƉŽƌĂĚŽ Ă ƉƌŽƉŽƐƚĂ ŐĞƌĂů ĚŽ >ĂƌŐŽ ĐŽŵŽ Ƶŵ ĞŶƚƌŽ ĚĞ ƉŽŝŽ ă ƉŽƉƵůĂĕƁĞƐ Ğŵ ƐŝƚƵĂĕĆŽ ĚĞ ƌƵĂ͘ ^ĞŐƵŝŶĚŽ Ž ƉƌŽŐƌĂŵĂ ĚĞĐƌŝƚŽ͘ ƐƚĂ ĞĚŝĮĐĂĕĆŽ ƚĂŵďĠŵ ĞƐƚĄ Ğŵ ĚĞƐƵƐŽ Ğ Ġ Ƶŵ ƉƌĠĚŝŽ ƉƷďůŝĐŽ͕ ŽŶĚĞ ĞƐƚĂǀĂ ŝŶƐƚĂůĂĚŽ Ž /W ^ ;/ŶƐƟƚƵƚŽ ĚĞ WƌĞǀŝĚĞŶĐŝĂ ĚŽ ƐƚĂĚŽͿ ƉŽƌĠŵ ƋƵĞ ĂƚƵĂůŵĞŶƚĞ ĞƐƚĂ Ğŵ ƐŝƚƵĂĕĆŽ ĚĞ ĂďĂŶĚŽŶŽ͘ dĞŶĚŽ Ğŵ ǀŝƐƚĂ Ă ƉŽƐŝĕĆŽ ƉƌŝǀŝůĞŐŝĂĚĂ Ğŵ ƌĞůĂĕĆŽ ĂŽ >ĂƌŐŽ Ğ ĂƐĂƌŝŽ͕ ĨŽŝ ƋƵĂƐĞ ĞƐƉŽŶƚĂŶĞŽ ĐŽŶƐŝĚĞƌĄͲůŽ ŶĂ ŵŝŶŚĂ ƉƌŽƉŽƐƚĂ͕ ƉĞůŽ ŵĞŶŽƐ ĞŶƋƵĂŶƚŽ ůĂLJŽƵƚ͘


Mapa de Iluminação Proposto

Poste com 4 pontos de Luz 10m de Altura

Poste jĂĄ existente no local com 3pontos de Luz 5m de Altura

=›ŠÂ›Ă‚•‚ VĂˆĂœĂŁÂ›Ăœ •› ɡɜà VĂˆĂœĂŁÂ›Ăœ •› ɝà Ęž¸Âƒ ›þ¯ĂœĂŁÂ›Ă‚ĂŁÂ›ĂœĘ&#x; 0Ÿçà ¯Ă‚Â‚Â“ÂŒĂˆ •› VÂ‚Ă˜Â›Â•Â› 0Ÿçà ¯Ă‚Â‚Â“ÂŒĂˆ •› VÂŻĂœĂˆ 0Ÿçà ¯Ă‚Â‚Â“ÂŒĂˆ •› = ĘžÂ›à ¨¯ã‚Ę&#x;


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