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Organização e edição por Jaime Anthony
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SUMáRIO
ATO - 1 Se essas paredes falassem Me leve às estrelas A balada do corcel verde velho Os mesmos dias Tijolos amarelos
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10-11
12-13 14-15
16-17
ATO - 2 Alice narcoléptica Quem vai limpar o quarto de Gregor Samsa Lírios aos anjos Linda a dor não é tão glamurosa assim afinal 4
08-09 08-09 14-15 14-15
ATO - 3 Correção Caulfield Dia comum Adeus Sofia A valsa das agua vivas
08-09
10-11
12-13 14-15
16-17
ATO - 4 Antítese Cem mil bolas de neve Essa música me diz tanto que eu nem sei como não tem meu nome Vitória 5
08-09 09-10
08-09 14-15
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“Portas, frias, me deixam sem ar E ninguém me ouvir bater Pra vir me ajudar”
ATO-1 7
Se essas paredes falassem Se essas paredes falassem Se contassem cada vez Que me vi de joelhos Na escuridão
Com medo de levantar E fitar na penumbra
Meus olhos no espelho Dizendo que não.
Não pode ser verdade Mas é tanta maldade
Jogar à fogueira o meu coração Por sentir não ter forças
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Pra calar essas bocas
E afastar os dedos de minha direção Asas, fracas
Não me deixam voar
E eu não me lembro de pedir Pra você ficar
E arrancar carne de meu peito com Tanto ódio
E gritar, pra eu me excluir De teu mundo
Já não sei mais
Há quando tempo não
Vejo o sol com meus próprios olhos Já não sei mais
Se é por medo ou se
Esqueci como olhar pra fora
Portas, frias, me deixam sem ar E ninguém me ouvir bater Pra vir me ajudar
E eu não quero mais viver Com medo ou vergonha De respirar, de existir Ou beijar teus lábios
Se estas paredes falassem
Se contassem cada vez que sonhei viver Em outro lugar
Onde Marte ama Marte, e Vênus pode passear De mãos dadas com Vênus Sem se preocupar
Com o vento covarde
Que me deixa até tarde
Com medo e sem saber se você Vai voltar Voltar
Será que estou errado
Por querer estar ao teu lado
Em jardins onde as flores não envenenam o ar?
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Me leve às estrelas Não fala mais nada e deixa viver sem culpa porque Não há nada que se possa fazer agora que Sem âncoras, este navio segue a lei do sol
E nada mais vai voltar a ser como em dias que
Os meus passos não diziam nada e eu caminhava sem saber Como ia voltar pra casa antes do dia amanhecer E, se o vento carregar pra longe o teu olhar, E tocar o céu ser dor maior que perceber Que as nuvens de algodão
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Tem marcas de minhas mãos Mesmo assim te guardarei Porque agora tanto faz
Me leve às estrelas sem pensar Que amanhã tudo pode mudar. Me deixa sonhar em paz
Porque eu já não penso em acordar.
Não fala mais nada e deixa viver sem culpa porque Não há nada que se possa fazer agora que Sem âncoras, este navio segue a lei do sol
E nada mais vai voltar a ser como em dias que
Os meus passos não diziam nada e eu caminhava sem saber Como ia voltar pra casa antes do dia amanhecer Me leve às estrelas sem pensar Que amanhã tudo pode mudar. Me deixa sonhar em paz
Porque eu já não penso em acordar.
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Balada do Corcel verde velho Escutei tua voz ao fundo mandando me dizer que não estava, e me senti um idiota porque
sei que, como sempre vou tornar a te ligar... só pra ouvir a tua voz doce me falar Que talvez amanhã pode ser,
e que ligue outro dia pra você...
Como pude ficar tão vulnerável...
E tão inseguro em tuas mãos? Caminhando com medo de que o chão
suma de mim sem dizer porquê...
Mas toda vez que você está perto de mim, Eu esqueço tudo te olhando sorrir,
E tudo soa como música até a hora em que você me beija no rosto,
E outro adeus me diz…
Tento me dizer que talvez seja melhor assim,
E que talvez teu mundo não tenha lugar pra mim.
Já perdi as contas de quantas noites passei dirigindo sem sentido,
Pensando em te dizer...
Que morri e que não precisa se preocupar porque Nunca mais vou rastejar por estar perto de ti. Me diz o que você quer de mim.
Me diz porque tem que ser assim...
E porque me deixou um recado pedindo pra não sumir...
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Os mesmos dias É tão difícil voltar e ver
que não restou nada mais.
As folhas caem com o vento e tentamos dizer que
nada mudou e que nunca irá mudar,
mesmo sabendo que ainda dói tanto lembrar já não são mais os mesmos dias
já perdemos o brilho em nossos olhos.
Fica mais um pouco só até a chuva passar...
Diz que vai voltar pra casa quando tudo acalmar... Sei que ninguém tem culpa e que já não há como cicatrizar
o que o tempo feriu demais.
já não são mais os mesmos dias
já perdemos o brilho em nossos olhos. Pra Sempre, sempre soou tão
suave até sentir que não valia a pena...
Agora são só lembranças de dias em que tudo parecia tão certo até você partir pra não voltar.... já não são mais os mesmos dias
já perdemos o brilho em nossos olhos. já não são mais os mesmos dias
já perdemos o brilho em nossos olhos.
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Tijolos Amarelos Quantas vezes dissemos estar certos de que
não iríamos nos machucar e prometemos tanto do que sabemos que
nenhum de nós poderia cumprir só pra estarmos outra vez
fingindo que o dia ia passar e se esquecer.
E hoje eu fecho os olhos e tento fingir não saber que minha vida me atira
a um entardecer do qual
nunca mais vou poder voltar
mesmo batendo meus sapatos de cristal. São tantas derrotas
que já não sei onde guardar e mentir as vezes cansa. Tantas vezes tentei
agarrar cometas que nunca pude alcançar. Não há lugar como nosso lar... Não há lugar como nosso lar... E o furacão não veio
e meus pés doem demais agora que meus sapatos não param de dançar.
Eu só queria ter mais um dia pra acreditar
que a terra do nunca existe afinal…
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“Só sei que quero parar De fingir não ver no dia Um caminho cada vez mais longo”
ATO-2 19
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Alice Narcoléptica Ah meu amor, este suor enfermo
Blasfema meu erro, de faca em punho Clareio teu rosto, te faço meu sonho
Pra que entre eu e tu não existam segredos E se te peço perdão, é porque te amo
E se te marco meu nome é porque te venero A tua beleza, teu calor eterno Salva este coração mundano Ah meu amor, me faz oceano
Pra que dissolva em ti meu choro profano Por ter cometido o pior dos enganos
Hoje sei, sem você amor, não sou vida, Sou dor, amargura, vazio e ferida Salva este coração mundano.
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Quem vai limpar o quarto de Gregor Samsa Não vou mais me levantar. Não vou mais tentar
pois sempre acordo sem lembranças
tentando dizer que nada mais vai me machucar. Nada mais vai me fazer acreditar
ser capaz de mudar, então deixa amanhecer... Deixa outra vez sem saber porquê Deixa outra vez sem saber...
Tentaram dizer que o garoto deveria viver
sem lhe avisar que não lhe deixariam portas pra sair de seu quarto nem janelas. Não vou mais insistir.
Não vou mais tirar de mim a maquiagem borrada
e este gosto que não sabe parar.
Não vou mais tentar fingir ser forte e sorrir quando nada mais me satisfaz... então deixa amanhecer...
Deixa outra vez sem saber porquê Deixa outra vez sem saber...
Tentaram dizer que o garoto deveria correr sem parar.
Mas como correr se lhe arrancaram as pernas? Como escapar?
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Lírios aos anjos Ah, se ser feliz
Ainda me fosse objeto de paz
Por que não querida? Por que não? Vê, já fez sentido um dia
Proclamar planos e promessas
Pra não comprometer o enquanto E não sei
Não sei como preencher
O vazio sem fim destes passos Eu não sei
Não sei como comecei
A atirar lírios aos anjos
Talvez precise bem mais Que um sorriso incapaz
De me prender a atenção
Mas foi tão bonito estarmos
Sentados aqui sem dizer nada
Esperando o calor tomar corpo E não sei
Não sei como preencher
O vazio sem fim destes passos Eu não sei
Não sei como comecei
A atirar lírios aos anjos Só sei que quero parar
De fingir não ver no dia
Um caminho cada vez mais longo Só sei que quero voltar A acreditar que a vida
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Seja mais que um horizonte Me entregaram jornais
De meses que eu só queria deixar pra trás Me contaram os finais
De todos os filmes que eu sonhava assistir Silêncio, silêncio
Deixa o vento carregar
Tudo que me resta adiante Silêncio, silêncio
Deixa o jardim sufocar
A garganta e me tomar o sopro Porque eu só quero parar De fingir não ver no dia
Um caminho cada vez mais longo Não posso continuar
A acreditar que a vida
Seja algo tão distante
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Linda, a dor não é tão glamuroza assim afinal. Hoje, deixei escapar teu nome sem perceber. Tamanha injustiça me fez...
A única guia a me afastar de perder o caminho sem pregos na fonte. Glamour, me diz ser.
Romance viver assim.
Mas não sabe o quanto
me faz estalar as memórias.
Não me condena a outra tarde neste inferno covarde
porque eu sei que o de verdade
me aguarda no paraíso, meu lar, onde o tempo me espanca.
Dor, não me arranca da vida. Me diz porque me castigas
se meu amor, eu só te quis bem? Dor, como pensar em poesia
ou se as palavras conflitam se, meu amor, já não tenho a ti? O primeiro a morrer.
O primeiro a escrever
versos em folhas secas para o acaso levar. De que me adianta anotar frases que não vou usar?
Linda, já não faz diferença...
E é tão fútil dizer ser incerto
se eu sei bem o que eu mais quero.
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“É só um dia então como outro dia qualquer, em que você não é ninguém especial pra ninguém.”
ATO-3 29
Correção Correção -
Não deves compreender a ida. Acorda cedo...
Acorda pra ver
quanto tempo perdeu
com tanta areia na vista. O corpo decompõe...
o corpo decompõe aos poucos e não há nada que devolva a sensação de ainda
termos tanto a viver, termos tanto a ver
com correntes nas pernas e a boca em xilocaína não deixando saber...
não deixando sentir o gosto das sobremesas pelas quais
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trocamos nossas vidas. Correção -
Em “dialética materialista”
erguemos estátuas faraônicas que representam
arquétipos da satisfação em versões que
não rodam em Linux
e que não vão deixar teu acesso
ultrapassar a segurança da rede. O que farias ao constatar que a Dolly de Jeová
tem o DNA de Gates e Lênin
e que curamos a revolução sexual com sarcomas de kaposi, nosso quintal armazena teus erros e acertos...
e que brindamos ao mesmo
“O Capital” estudado em Harvard e pelo qual reciclamos utopias em petróleo.
Pandora, agora é tarde demais...
O Zyklom B está por toda parte e estáticos frente a comerciais
movemos dínamos e engrenagens: Trabalhar e prosperar, estudar e alcançar
o nirvana patriarcal...
Aprender a processar
e a parcelar as dívidas.
Kafka, morfina e Anthrax. Correção -
Música popular
deve anestesiar as mentes em refrões atóxicos...
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Calfield Não vou saber dizer o que há
Não vou poder jamais explicar Os dias em que pensei ter Respostas para tudo
Fingindo ser forte e negar
Que eu nem sei se eu quero saber Se amanhã vai ser igual (ou não) Porque me assusta tanto
Não ter histórias pra te ouvir contar Quão mais tentei saber e falar Mas tropecei em minha língua Esperas que eu seja forte Atrás desse escudo
Que nunca me deixou enxergar
Que eu nem sei se eu quero saber Se amanhã vai ser igual (ou não) Porque me assusta tanto
Não ter ninguém pra poder abraçar Teorias de viver
Não me deixaram rumos
E agora eu estou parado As pessoas vão e vêm E é tudo tão confuso
Eu só queria voltar pra casa Mas agora nem mesmo você Está aqui pra me explicar Eu juro, eu tentei correr
Mas acho que foi tarde demais Agora quem vai se importar?
Meus dois braços não vão bastar E ninguém vai me ajudar
A tirar as crianças do campo
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Dia comum Foi-se o tempo em que ter o que dizer serviu pra alguma coisa
e encontrei sentido em manter passos que nada de novo
oferecem ou esperanças de que tudo isso irá ter fim.
Porque “hoje é mais um dia
como outro dia qualquer” e meus olhos não acham sentido algum quando a luz se apaga
e já não vejo as placas. Me diz pra onde eu vou quando a voz se cala
e só me restam mágoas.
Me diz quem é que eu sou
quando a um mar de nada entrego minhas forças
e desisto de entender.
De que vale olhar tanto o espelho se ninguém vai te procurar ?
De que vale guardar tanto segredo se ninguém se interessa
por tudo o que você pensa
ter de melhor nessa vida ? É só mais um dia comum
em que o céu desaba e estrelas de lata ferem nossas mãos. É só outra ambição a ser cultivada e depois destroçada.
É só outra ilusão. Me diz pra que então pensar não ser água e tentar inflamar
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nossos corpos em vão. Me diz qual a razão de cultivar a estrada quando sei que nada nasce de nossas mãos. É inocência então crer sobreviver ao dia comum
quando na verdade ele é quem
manda em nossa vida e nos dá o gosto da partida mesmo sem nunca termos saído daqui.
É só um dia então como outro dia qualquer, em que você não é ninguém especial pra ninguém.
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Adeus Sofia Diz que não é tarde
Diz que não vai começar A dizer que já vai
Comece uma frase
E eu te digo outra vez mais “Tudo bem... Tanto faz...”
Diz pra mim que vais estar lá Sempre pra me segurar Se eu deixar que
Me atires rumo ao céu
Me diz, que eu vou acreditar
E nem vou pensar se me chamar pra fugir contigo outra vez
Não vou pensar se amanhã A certeza será talvez Há tanto medo agora
Que vamos ver o que restou Após a tempestade
Tanto se fez perder E é tão errado
Escolher o deserto
Pra ancorar nossas pernas Não permitas
Que a solidão me seja o fim Ao gritar por teu nome
Diz que eu vou guardar-te sempre em meu rosto este mesmo olhar
E nem vou pensar se me chamar pra fugir contigo outra vez
Não vou pensar se amanhã
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A certeza será talvez.
Comece uma frase Sofia,
Qual aquelas que acendiam estrelas Me deixa uma vez mais
Encantado pela voz que vence madrugadas. Ah, sofrer em teus braços Seria o meu prazer
E viver em mil pedaços Seria tudo pra mim
E nem vou pensar se me chamar pra fugir contigo outra vez
Não vou pensar se amanhã A certeza será talvez
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A valsa das Agua-Vivas Eu faria tudo outra vez, se soubesse que ouviria o eco responder a tudo aquilo que
por noites em claro busquei no radar mas as antenas não traziam nada, então fiz da estática
O mar em que com cinzas nos pulmões, afoguei as mágoas por não escutar
nas conchas as ondas
E acabei me enforcando em freqüências sem sinal Terminar seria o fim se não fosse uma variável
Nos beijos de quem transmite em línguas que eu não sei eu não tenho a tecla SAP
Para poder ler entre as linhas Quando o sal distorce a visão
E entre bolhas tento soltar meus pés e as algas querem dançar só mais uma valsa,
somos um casal rodando entre as águas-vivas.
Laocoonte não conseguiu conectar seu computador
E serpentes do mar não lhe deixaram gravar seus avisos
Pois as caixas postais estão lotadas, ninguém dá ouvidos a Cassandra
Pois Helena, todos contemplam teu sorriso E eu já não ouço a banda tocar Em teus braços me deixo levar
E meus dedos desenham círculos na areia
E há quem diga, que nem o mais profundo mar Conseguiu limpar o brilho nos olhos
E o sorriso tão ímpar desta Mona Lisa
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“porque hoje o sol nasceu declarando o fim destas lágrimas”
ATO-4 41
Antítese Foi sem querer que eu pensei ser
Capaz de atravessar o céu em frases
Que soubessem tudo sobre mim.
Juro, eu tentei não remolver os olhos
E curar-me do vício de querer bem Mais do que posso ver quando sei
Que é muito mais do querer ser. E é tão ruim pensar
Que não há nada que eu possa fazer
E nada que me afaste de ser assim E querer provar tudo
E ter respostas a todas as perguntas.
E por que não?
A vida me tem sido tão
Complacente, que jamais me negaria
Uma vez mais, só pra ter em mãos
E dizer adeus, e eu pensaria uma
Vez mais, ter o poder de enganar
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43 Quem me faz casa e alimenta, Me abraça e orienta...
Será que eu nunca vou me mudar?
Me parece tão regular voltar para
Jantar todos os dias, mesmo que eu
Sinta a mesa se equilibrar entre os Postes no fio de alta tensão.
E por que não?
É só fingir que estamos firmes no Chão e nada vai acontecer...
E nada vai deixar de ser como
sempre foi e eu vou olhar pra
baixo
E te ver passar
E te dizer uma vez mais:
Você não gostaria de subir
pra tomar uma xícara de chá
e falar dessas vidas
tão usuais quanto as nossas?”
Na teoria funciona...
Cem mil bolas de neve As vezes tudo em que digo acreditar parece tão idiota e eu nem sei se
já fui derrotado antes mesmo de erguer minhas armas as nuvens.
Será que as minhas trincheiras me esconderam demais, me cobri de poeira e nada pude ver?
Teorias tropeçam na mesa do bar e no fundo sabemos que já não há um dragão gigantesco apenas que precise cair
para o sol um dia voltar a brilhar, e que na verdade ele pode estar te dando um sorriso agora que amortecido acordas e não sabes o que quer.
Se os porcos tomaram a casa dos senhores e andam em duas patas porque não ouves a voz que grita em teu coração a dizer que é hora de morrer
para o inimigo que vive em você?”
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Essa música me diz tanto que nem sei como não tem meu nome Não é pedir demais querer ficar em paz,
trancar as portas e dizer pro mundo que morremos. Fica então aqui, que é tão ruim estar assim e eu já não quero mais silêncio.
Aumenta o som que essa música me diz tanto que nem sei como não tem meu nome. Sou uma criatura estranha, com uma solidão tamanha. Daquelas que sempre tem
que estar perto de alguém pra conseguir ficar bem.
E que, quando não tem ninguém faz manha.
São Paulo é assim, mas acho tão bom dormir
ouvindo a chuva na janela, embaixo das cobertas. Então me abraça, que é só você que eu quero e eu quero ser tudo pra te ver sorrir. Eu cresci assim,
menino genioso e impulsivo.
E acho que gosto desse meu jeito. Uso as mesmas camisetas,
sempre tenho mil problemas,
nunca escondo meus defeitos. Sempre ligo pros amigos quando me sinto sozinho,
mesmo sem nada pra dizer. Sempre digo que consigo. Às vezes até acredito.
E às vezes até que me dou bem.
E hoje eu só quero ficar com você, aqui mesmo, em casa, vendo TV.
A gente faz graça sobre nossos planos
e dos enganos desses trinta e poucos anos.
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Vitória Declaramos o fim desta era em que sempre sentimos
as nossas vidas morrerem através das janelas Não mais respeitaremos
nenhuma lei que diga o que não podemos ou o que temos que fazer Porque hoje o sol nasceu
declarando o fim destas lágrimas
e eu vou jogar aos céus meus braços e não olhar mais para trás
Hoje cantamos sobre as ruínas
de suas instituições ultrapassadas
e declaramos para toda nossa vida um estado eterno de felicidade
Hoje celebramos a nossa vitória
sobre o império da tristeza e do medo na escuridão Nunca mais viveremos à sombra de teus deuses e reis
Brindamos mil paixões e dançaremos porque hoje o sol nasceu
declarando o fim destas lágrimas e eu vou jogar aos céus
meus braços e não olhar mais para trás
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O projeto Uma das matérias mais aguardadas por todos os alunos
da Escola de Design da UEMG é a Prática Projetual III. Desde os primeiros meses do curso, alunos veteranos
comentam sobre a matéria nos deixando ansioso (pro bem e pro mal, afinal não é atoa que o 5º período é chamado “carinhosamente” de o Quinto dos Infernos). Por ironia
do destino, ou por azar mesmo, na nossa vez a matéria,
infelizmente, foi ministrada à distância (mais um pra sua conta Coronavírus!).
Claro que este novo método de estudo atrapalhou
bastante o andamento do projeto, fazendo, inclusive, com
que temas que já havíamos escolhido previamente tivessem que ser alterados, devido ao prazo e a nova metodologia de estudos.
Felizmente os professores foram extremamente dedicados e conseguiram fazer com que todo o conteúdo fosse passado com maestria e com que o projeto fosse
concluído com sucesso (com expectativas devidamente ajustadas ao momento).
No fim das contas fiquei muito feliz com o projeto
principalmente por ter conseguido concluí-lo, apesar de todos os contratempos.
Jaime Anthony Gonzaga
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O Dance of Days surgiu em 1996, a partir de um projeto do escritor/vocalista (Fábio) Nenê Altro, caindo nas graças do público e saindo rapidamente do anonimato. A formação Marcelo Tyello (guitarra), Marcelo Verardi (guitarra), Fausto Oi (baixo) e Samuel Rato (bateria) consolidou o Dance of Days como uma das bandas mais importantes, presentes e ativas no rock paulista. E, para qualquer um que esteja antenado no circuito nacional de rock alternativo nos últimos anos dispensa apresentações. Completando a marca de dez anos de estrada, a banda conquistou toda uma estrutura de trabalho que a faz estar 24 horas por dia envolvida. Não é por menos que o Dance of Days conta com seu próprio estúdio e com sua própria loja na Galeria do Rock, além de viajar incessantemente por todo país. A discografia oficial da banda conta com albuns muito bem sucedidos como “A História Não Tem Fim” (2001) que chegou a 20 mil copias vendidas, “Coração de Tróia” (2002), “ A Valsa de Águas Vivas” (2004) que inclui participação de Fernanda Takai do Pato Fu e Badaui do Cpm 22. “Lírios aos Anjos” (2005), “Insônia” (2008), além do dvd “Metropolis em Chamas”. O Dance of Days escreve dia após dia uma história de dedicação, paixão pela estrada, intensidade, polêmicas e, principalmente, boas canções. Neste livro estão reunidas algumas das letras mais memoráveis da banda organizadas em forma de poesia e acompanhadas por ilustrações pessoais do autor.
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