Catálogo / Janela de Dramaturgia 2022

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Janela de ― dramaturgia · 10 anos Agosto a dezembro, 2022 Belo Horizonte

O Janela de Dramaturgia está fazendo dez anos. Durante este tempo, centenas de artistas de vários lugares do Brasil passaram pelo festival, mais de oitenta textos teatrais inéditos foram apresentados, além de uma série de oficinas de dramaturgia, debates, produção de textos críticos, lançamentos de livros e traduões de peças estrangeiras. O Janela se consolidou como o principal espaço de divulgação e fomento de escrita teatral em Belo Horizonte, e um dos principais do país. Sua melhor definição permanece, para mim, aquela dada pela artista Julia Panadés quando foi a uma das sessões do festival: “um singular acampamento dramatúrgico!”

Esta década de Janela só foi possível graças aos tantos artistas que confiaram seus trabalhos ao festival, aos profissionais que se dedicaram à sua produção, aos espaços e instituições que financiaram, apoiaram ou acolheram o projeto, ao público que esteve presente se permitindo a escuta, a imaginação e a troca. No Brasil dos últimos anos, marcado pela desvalorização da arte e da cultura, não tem sido fácil dar continuidade a uma empreitada como essa. No entanto, permaneço confiante na faculdade

das palavras para a confabulação de mundos. Sigo acreditando que o encontro tão próprio do evento teatral é força mobilizadora de transformações. A poesia como alívio, auxílio e ânimo.

Viva esta Janela, os ventos que passaram por ela até aqui e os que já vêm chegando!

Coordenador geral do Janela de Dramaturgia

Vinícius de Souza

quando pulamos

― as janelas

― por Luciana Romagnolli

Antes do ato

O olhar atravessa a janela. A janela inaugura o olhar. Serve aos olhos motivo, direção e caminho.

O olhar tateia os limites da janela para assegurar-se de que não vai cair. Encontra um quadro. A janela recorta a paisagem e, com isso, funda-a. O que existia antes era sem bordas e, por isso, ainda indefinido. Aqui: a janela suspende por um instante a instabilidade das coisas para que possamos nomeá-las.

Ainda que os olhos viagem em velocidade de avião, é o enquadramento do olhar que faz história.

Ainda que fechemos os olhos, pressentimos o que se areja pelas ventanas.

Outro nome para a fantasia pessoal que instaura a realidade de cada um: janela.

Além da contemplação, o olhar organiza um mundo.

Além do olhar, janela é coisa que se atravessa com todo o corpo. O salto no precipício ou a brincadeira de criança.

Pular janelas com a curiosidade de quem busca outros quintais.

Com a urgência da primeira sílaba.

Já-foi

Ao abrir o Janela de Dramaturgia em 24 de setembro de 2012, o teatro espanca! tinha não mais que dois anos. Era ponto de encontro de uma cena em ebulição.

Que cidade era aquela pontuada no hipercentro por um galpão sem janelas, ajustado em sala de teatro, onde podíamos respirar a quentura do mesmo ar, brindar com latinhas de cerveja e, tal como numa incubadora, germinar algo vivo?

Quem éramos em 2012? Quem há de lembrar?

Quem chegou por ali, primeiro, foi uma turma de atrizes e atores para os quais a palavra estava a ponto de pular da língua.

Havia alguns dramaturgos já. Mas o que pulsava era, sobretudo, esse desejo de dar corpo às próprias palavras e desapropriar-se delas ao proferi-las em público.

O Janela de Dramaturgia já nasceu como um projeto de escrita falada. Dizer isso ainda é pouco, uma escrita do corpo e da cena, com as qualidades particulares da voz, do timbre, do ritmo, da prosódia, do acento de cada pessoa que se autorizou a escrever dramaturgia instigada pelo projeto.

Uma jovem geração artesã de teatro de grupo que aprendera a sobreviver num circuito de recursos financeiros escassos juntando as mãos – como havia testemunhado entre aqueles que vieram logo antes: Galpão, Espanca, Luna Lunera...

Vinícius de Souza, Sara Pinheiro, Assis Benevenuto, Marcos Coletta, Marina Viana, Byron O’Neill, Raysner de Paula são alguns dos que fizeram aqueles primeiros encontros vibrarem em ritmos e sentidos tramados com a contundência de quem escrevia a partir do desejo de inventar com palavras ficções para a vida.

Fábulas contemporâneas, jogos de palavras nonsense, plagiocombinações, afetos poéticos e irônicos entoados diante de um público atento e interessado nas conversas pós-apresentações.

Ali vimos que uma palavra dita já podia instaurar a cena, e cada gesto a ampliava, e cada sugestão tinha uma força de teatralidade imprevista.

O Brasil vivia o primeiro governo Dilma, após dois mandatos do Lula. Era possível sonhar e sonhar mais alto e cobrar o tanto ainda a ser feito!

Em BH, a praia da estação, a poucos passos dali, movimentava os corpos numa política carnavalizada e num carnaval politizado pelo direito à cidade.

A mobilização de artistas e esquerdas crescia naquele cenário, ainda tão branco, ainda tão cisgênero, mas já prestes a ser ocupado por corpos plurais.

Se isso aconteceu, foi porque, embora naquele primeiro palco se encontrassem amigos, foi crescendo o interesse por ouvir as dissonâncias, aproximar outras cenas, outras gerações e até outras regiões do país.

Foi também porque o teatro belohorizontino mudou. A cena preta,

a cena feminista e a cena queer conquistaram espaço, ampliaram vozes, afiaram discursos.

Chegamos a 2019, a última edição presencial antes desta, com um Janela de manifestos. Corpospalavras irremediavelmente políticos, posicionados, afirmativos em suas identidades e projetos de sociedade.

O Brasil havia se transformado com a guinada fascista que destroçou os já frágeis elos do circuito das artes.

A urgência que acompanhava o Janela desde sua fundação transmutou-se.

Em 2012, escrevi: “Urgem em dizer, em encontrar um lugar de enunciação que se pareça com um lugar no mundo [...] quando recusar o automatismo e a passividade são atitudes essenciais à sobrevivência”. A urgência inicial já era de fala-ação.

Em 2019, tornou-se, mais do que nunca, reivindicativa, em uma edição-manifesto afervorada por debates de gênero e letramento racial.

A palavra sobrevivência ganhava outro significado.

[Corte]

Já-é Penso que poderia ter escrito as linhas acima no presente histórico, reavivando os acontecimentos. Mas o trauma – mais um, pós-golpe, o de uma pandemia –marca um impossível de retornar ao que havia antes.

A urgência agora é de outro tempo. Sem metáfora. É fome. Pão gás leite teto cobertor.

Talvez, por isso, ainda mais desejosa de metáforas, simbolizações e jogos de linguagem.

Não digo que arte salva essas vidas. Salva só a possibilidade de que criemos outros modos de vida.

Outro tempo que não o que massacra os corpos.

É com as palavras que elaboramos traumas. Repetidas, gastas, até que algo novo irrompa e a vida torne-se possível outra vez.

É questão de tempo espiralado e não se realiza sem historicização.

Esta Janela de Dramaturgia tem história. Histórias plurais, muito além da narrativa única que se traça aqui.

Histórias que ressoam nos corpos de cada pessoa que esteve no palco, na plateia, na técnica.

As palavras saltam das línguas e escapam do que queremos dizer.

Abrem novas janelas. E o que veremos através delas?

Desenquadrar e reenquadrar o mundo não basta.

Sigamos pulando-as alegremente em busca daquilo que ainda não conhecemos.

Abertura 20 de agosto — sábado, às 17h LEITURAS De dentro de um sonho de um cão: Uma aula-performance Vinícius de Souza + A dramaturgia de Ione de Medeiros Ione de Medeiros e Grupo Oficcina Multimedia Sesc Palladium Ingressos: R$15 (inteira) R$7,50 (meia)

De dentro de um sonho de um cão: uma aulaperformance

Vinícius de Souza foi um dos idealizadores do Janela de Dramaturgia em 2012. Nestes dez anos, além da coordenação do festival, dedicou-se a criar, pensar e ensinar dramaturgia de vários modos e em diferentes lugares do país. Na abertura da edição deste ano, o público confere uma aulaperformance do artista. Nesta aula labiríntica e cheia de autoficção, Vinícius fala sobre a técnica de escrever uma peça de teatro. Reflexões sobre a palavra, o teatro, a história e a arte se misturam a outros assuntos como o medo do fogo, o sumiço de Bas Jan Ader e alguns equívocos da civilização.

Além de dramaturgo e professor, Vinícius é também diretor e ator. É diretor artístico da plataforma Planos Incríveis. Recentemente, dirigiu o Grupo Galpão. Mestre em Teatro pela UFMG, dá aulas no Cefart-Palácio das Artes, na Pós-graduação da Puc-Minas e coordena o Núcleo de Dramaturgia do Galpão Cine Horto. É idealizador do Portal de Dramaturgia e um dos fundadores da Javali, editora que publica livros de teatro.

Vinícius de Souza

Ione de Medeiros, nome fundamental do teatro mineiro, é convidada especial da edição deste ano. A artista, que este ano completou 80 anos, é também pianista, curadora, arte-educadora e produtora cultural. Desde 1983 ela dirige o Grupo Oficcina Multimedia, coletivo que comemora 45 anos em 2022, destacado pela linguagem multimeios e pela experimentação cênica. É idealizadora e coordenadora do Verão Arte Contemporânea, um dos principais festivais de Belo Horizonte, além do Bloomsday e da Bienal dos Piores Poemas.

Na abertura do Janela, Ione de Medeiros, junto com os atores e atrizes do GOM, lê fragmentos de textos do repertório do grupo –alguns inéditos, que fizeram parte de processos criativos mas que não entraram nos espetáculos – e conversará com o público sobre o uso do texto em suas peças a partir da ótica da linguagem multimeios.

A dramaturgia de Ione de Medeiros Ione de Medeiros e Grupo Oficcina

Multimedia
Mostra setembro a novembro — sábados, às 17h Sesc Palladium Ingressos: R$15 (inteira) R$7,50 (meia)
· 1ª sessão 03 de setembro LEITURAS: Milumestórias Tomás Sarquis + Distância entre dois pontos Eduarda Fernandes + Bate-papo com os autores mediado por Mário Rosa Mário Rosa nasceu e reside em Belo Horizonte. Graduado em História (FAFICH-UFMG) e mestre em arte e educação (FaE-UFMG), é professor, pesquisador, dramaturgo e crítico teatral. Autor, juntamente com Anderson Feliciano, do livro “ O início” (2022); participou do projeto segundaPRETA e do site de crítica teatral Horizonte da Cena.

Milumestórias

Tomás Sarquis

Até onde sabemos, somos a única espécie para a qual o mundo parece ser feito de histórias. Aqui, criaturas feitas de palavras tentam decifrá-las. A natureza é uma linguagem, você pode ler? Mas se a linguagem mal toca a superfície da vida, sonhar pode ser a nossa chance.

Tomás Sarquis é ator e dramaturgo, formado pelo Cefart-MG. Atuou em peças como “Um Grito Parado no Ar” (2017), “Montagem” (2019) e “Vinte” (2019). Escreve em diferentes formatos, misturando ficção, ensaio e poesia.

· 1ª SESSÃO Janela de dramaturgia

“Milumestórias” é um texto motivado pelo desejo de investigar a relação da nossa espécie com a natureza. É uma tentativa de resposta, de oposição à ideia destrutiva de que a razão, o fato de sermos biologicamente conscientes da nossa existência, nos coloca em algum lugar apartado de todo o resto do mundo natural. A violência exploratória já nos coloca diante do colapso, no entanto, como espécie, seguimos com a crença obstinada de que conseguimos controlar o “futuro”. A natureza tem eras de história. Nela, a experiência humana é um momento, até então, breve. Quem sabe, recuperando a nossa capacidade de sonhar, a gente se lembre que não há como saber em que ponto dessa história nós estamos.

Dramaturgia é uma das muitas formas de conviver com os sentidos ao nosso redor em som, palavra e imagem. O que a distingue das outras formas, como o romance, a poesia, a música, talvez seja, também, o que a aproxima. As palavras têm movimento. Como nos romances, as palavras se perdem em dimensões temporais indefinidas. A imagem poética, ao contrário, está contida no verso. O som concilia esses opostos. Penso, então, que a dramaturgia pode ser o encontro desses elementos na ficção.

*

Tento escrever da mesma forma que componho uma melodia no violão. Não conheço as notas até que elas soem. Para compor, tem que fazer qualquer coisa soar no espaço, não na cabeça. A linguagem pode nos prender na sua natureza significante, então, às vezes eu acho bom pensar nas palavras como as notas desconhecidas do violão.

Milumestórias Tomás Sarquis

“Distância entre dois pontos” reúne três textos que exercitam o pensamento sobre o morar e a relação com o ambiente doméstico. A “casa”, este objeto-símbolo de reconhecimento universal, apresenta-se como reduto de intimidade — a morada, a guarida —, em oposição ao externo, ao evadir-se, ao partir, atravessar fronteiras. Numa sequência de discursos que reiteram seus próprios sentidos, a dramaturgia se apropria da riqueza de termos, vocábulos e conceitos usados na abordagem técnica-espacial para edificar uma linguagem crítica e poética que produza metáforas sobre o nosso tempo.

Eduarda Fernandes é atriz e professora, formada pelo Centro de Formação Artística e Tecnológica (CEFART/FSC). Cofundadora-integrante do grupo Quartatela, transita também entre práticas do audiovisual, dramaturgia, dança e educação. Nesta última categoria, coordena e ministra aulas pela Iniciativa Caminante — projeto autoral de arte-educação direcionado à educação básica.

Distância entre dois pontos Eduarda Fernanda

· 1ª SESSÃO Janela de dramaturgia

A escrita destes ensaios é resultado de uma coleção de imagens, frases, poemas, visões cartográficas e instalações artísticas, que no êxito de sua capacidade de síntese e valor simbólico, instituíam, por si só, circunstâncias cênicas passíveis de “dramaturgização”. Dispostos à minha órbita, estes materiais tinham como característica comum a apreensão de uma ameaça iminente. Retratam, em sua maioria, cenários apocalíptico-distópicos, resíduos de civilização, espaços efêmeros, transitórios, ou ainda, espaços estáveis atravessados por forças extraordinárias — guerras, desastres naturais, crimes ambientais, fluxos migratórios, imposições geopolíticas, violência dirigida... Dessa pequena coleção, germinaram três vozes textuais; discursos que articulam, crítica e poeticamente, estratégias de sobrevivência entre o ambiente interno e externo, evidenciando a relação com o ambiente doméstico e os objetos que o compõem. Ao mesmo tempo que situam esse universo íntimo na amplitude das hierarquias sociopolítico-territoriais: reconhecer que há aqui um território que se organiza segundo a própria dinamicidade, implica em reconhecer que há outro lá, que se distingue justamente por seus diferentes modos de se instalar e fazer uso do espaço. E isso se aplica tanto à demarcação do espaço concreto,

Distância entre dois pontos Eduarda Fernandes

quanto subjetivo; dos corpos-territórios em constante expansão. Desse modo, pensar a dissolução do lugar habitual, o corpo sem refúgio, é também pensar a instauração de um território comum que nos coloque em convivência com o outro, o estrangeiro, o desconhecido, a alteridade.

*

A dramaturgia é o empenho, consciente, de criar engajamento entre elementos heterogêneos próprios da cena ou não; por vezes, a dramaturgia é um enunciado, uma promessa; dar à palavra poder de evocação; um exercício de avizinhamento de códigos e signos, a princípio, insociáveis; o resultado de uma coleção; uma desconfiança da realidade; a convocação de comunidades temporárias; a tentativa de criar situações que não seriam possíveis fora do perímetro cênico; uma prática premonitória; a conversa das coisas com as coisas; um desvario semântico; a vida na sua fenomenologia.

*

Quando penso em uma ideia dramatúrgica, quase nunca ela vem acompanhada de figuras, temporalidades ou espaços delimitados, mas chega até mim como atos de fala, articulados por circunstâncias cênicas específicas. Percebo que há uma constância, uma continuidade, uma busca: são ideias que, apesar de distintas, provém da mesma necessidade [mutável] política e poética, ética e estética, de ver e pensar o mundo. Sob essa lógica, escrever uma dramaturgia é mediar esforços

entre o concreto — a materialidade da cena inscrita na realidade — e sua intangibilidade — as saídas que se produzem a partir dela e suas possíveis interpretações.

De alguma forma, a capacidade de determinação de certas circunstâncias cênicas deriva, também, da intimidade com outras esferas do conhecimento humano e não humano. Diante disso, busco sempre ouvir essa polifonia; acredito que também se aprende a escrever com as pedras, os animais, a geografia, a biologia, os mapas, as línguas que não falamos, as cidades em ruínas, as florestas erguidas, a história contada e a história de fato, a tecnologia, a matemática, a medicina, a pedagogia, os estrangeirismos… A dramaturgia torna-se, então, pangéia; ponto de encontro onde todas essas matérias se reúnem para disputar espaço na teatralidade. Incontornavelmente, minha prática de escrita é atravessada pela tateabilidade da minha experiência e formação como atriz. Este repertório é determinante para a incidência de fluxos verbais, o caminho da palavra no corpo e no espaço, e para inflexões da própria linguagem, de forma que a escolha de recursos cênicos extraverbais se tornem indispensáveis para a completude de sentido que, por vezes, a dramaturgia suscita. O ato dramatúrgico é a totalidade desses elementos, evocado e encantado pelas palavras.

Distância entre dois pontos Eduarda Fernandes

sessão

de outubro

Toledo é pesquisador, criador e

em

cênicas,

Mestre em Sociologia pela UFMG, com pesquisa sobre

contemporânea,

política

Autor das peças “Fábrica de Nuvens”, “Clínica do Sono” e “Controle de Estoque”, “Talvez eu me despeça” e “Nossa Senhora [do Horto]”, fundou em 2010 o coletivo T.A.Z. É editor do site Horizonte da Cena, integrante da DocumentaCena e filiado a AICT - Associação Internacional de Críticos de Teatro.

· 2ª
01
LEITURAS: Caleidoscópio Arthur Barbosa + Rebordose Amora Tito + Bate-papo com os autores mediado por Daniel Toledo Daniel
crítico
artes
performance e artes visuais.
arte
participação
e site specificity.

lados

Barbosa é graduado em Teatro pela UFMG e ator formado pelo Curso Técnico em Teatro do Centro de Formação Artística e Tecnológica (CEFART, FCSMG) e pela Escola de Teatro PUC Minas. Foi aluno do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro, além de estagiar nos Núcleos de Dramaturgia do Galpão Cine Horto e do SESI-SP. Em 2021, lançou sua primeira dramaturgia “Retorno em torno de um prato” na 1ª Mostra de Dramaturgia do Vale do Aço. Além da escrita, trabalha como ator, produtor cultural e

de teatro.

Arthur
professor
Caleidoscópio Arthur Barbosa De quantos
se pode ver uma mesma situação? Quanto tempo 10 segundos podem durar? As coisas já estavam lá. uma garrafa. um prato. um vestido. Aqui estou eu falando com um objeto, novamente. O quão solitário é isso? Um Jorro De Palavras Que De Alguma Maneira Se Encontram Por Três Perspectivas Diferentes Você Consegue EncontrarSe Aqui? · 2ª SESSÃO Janela de dramaturgia

Um menino queria falar algo pra casa que nunca conheceu, e decidiu escrever. Como ele não tinha memórias dela, tomou para si uma outra, e se perguntou como seria se as testemunhas daquele acontecido falassem. Tudo aconteceu em segundos, poucos segundos. Talvez tenham sido 4 segundos ao todo, mas muita coisa acontece em tão pouco tempo.

(pausa de 4 segundos)

Eu, o menino, tenho um adjetivo que caminha comigo, por ter sido chamado assim na infância: o tagarela. Então decidi passar a tagarelice aos objetos testemunhas de uma memória, e foi nascendo algo ali. (de repente, um prato, uma garrafa e um vestido entram nesse espaço. Aqui, neste papel, e começam a falar)

Prato – Eu ainda não fui arremessado. (pausa) Por que eu disse isso?

Garrafa – Tem uma mão forte e quente que me segura agora, antes tava tudo geladinho, aiai será que hoje é dia?

Vestido – Saí do cabide às 09:30 da manhã. Não voltei mais. (eles saem de cena, ou a luz se apaga)

Voltei. O menino, o autor, o Arthur. Pra falar que o que me leva é como o título: um caleidoscópio.

Caleidoscópio Arthur Barbosa

A vontade de falar e ver algo por muitas perspectivas, de confundir e se perguntar o que de fato aconteceu ali. Um casamento entre a memória e a mentira.

Talvez seja por aí.

*

Dramaturgia é teia, é jogo, é link e hyperlink. Dramaturgia pode explodir o sentido do texto, da palavra e da ação. Acredito nela como a parte mais mutável e, ao mesmo tempo, resiliente da arte. Ela está presente nas relações humanas que estabelecemos uns com os outros, pela própria origem da palavra: “organização da ação”. Quando acordamos, todos os dias, fazemos escolhas sobre quem somos, o que queremos, e quais ações vamos organizar naquele dia. Acredito nisso. Mesmo que essa “organização” seja a desordem – porque não coloco essa organização como algo burocrático, cartesiano, fechado, não. A dramaturgia é o que nos guia durante uma experiência - seja para criar sentidos explícitos, ou confundir. Ela nos joga de um lado a outro, de ação a reação, de fragmento a fragmento.

Ela pode ser até aquele sentimento de quando se entra em um espaço e algo parece ter acontecido ali, como se as paredes falassem. Mas antes das paredes, veio uma estrutura, um chão, terra, solo. E tudo ali fala. Resumidamente, dramaturgia seria isso: as pedras que falam sobre o tempo que vivemos.

*

Escrevo, antes de tudo, como um fluxo. Deixo minha mente escrever o quanto quiser até o momento em que ela desacelera. E digo desacelerar como algo físico mesmo, o ritmo da escrita em fluxo, a velocidade em que aperto as teclas ou escrevo com o lápis vai diminuindo até parar, de fato. Aí sim vou começar a escrever a dramaturgia ou a ideia. Esses fluxos de pensamento algumas vezes aparecem no textocomo no que escrevi para o Janela, mas por vezes ficam ali como um embrião da escrita, um fantasma que me ronda e volta, de vez em quando, em fragmentos. Meus processos normalmente começam pelo que tenho em cima da mesa ou do lugar que uso de apoio para escrever, mesmo que a ideia em si não tenha relação com nada que está ali. Há sempre uma intrusão de algo que acontece no momento em que escrevo, e que dá mais motivo ou contrabalanceia a ideia. Agora na minha mesa tem uma pasta, livros, um alicate, máscaras, uma bandeja, um adesivo e alguns origamis. Queria saber como seria uma conversa entre esses objetos, às vezes, e daí também saem ideias. Tem um rodo apoiado na minha janela do lado de fora. Tem você, que lê isso agora. Tem o tempo. Brinco muito com essas coisas.

Caleidoscópio Arthur Barbosa

Rebordose Amora Tito

uma pessoa não binarie encontra com outras pessoas cores lembranças y objetos inanimados depois de uma noite de chapação em um não-lugar. elu não sabe mais onde começa sua corpa e termina o mundo!

Amora Tito é atriz, dramaturga e diretora formada pelo CEFART e atualmente cursa licenciatura em teatro na Escola de Belas Artes da UFMG. Pesquisadora das dramaturgias contemporâneas, fez parte do Núcleo de Dramaturgia SESI-SP e do Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia do Galpão Cine Horto e faz parte do NEDNúcleo Experimental de Dramaturgia da UFMG. É integrante e co-fundadora da Breve Cia e compõe a equipe pedagógica da Breve Cursos Livres.

Janela de dramaturgia
· 2ª SESSÃO

em 2021 participei da 13° turma do Núcleo de Dramaturgia SESI-SP; durante minha vivência lá escrevi uma dramaturgia chamada DESFIBRILADOR, que tem como ponto de partida o ‘encontro’. certamente esse desejo dialoga com o momento atual em que voltamos a encontrar amigas(os), afetos e amores. as cenas dessa dramaturgia, que são divididas por mesas onde diferentes encontros acontecem, terminam com algo que acontece do lado de fora de um bar em que todas as relações e “levantamento de copos” são interrompidas. sem dar muito spoiler: algo acontece com alguémum dois três barulhos ensurdecedores - a ruptura de várias relações de uma outra “história”, o desejo de compor mais sobre essa pessoa que vem e rompe. rasga. daí nasce Rebordose. comecei a murilar sobre... de onde esta pessoa está vindo? qual a sua urgência e pulsão? logo percebi que é material para uma nova peça. Ainda não sei se uma trilogia, tetralogia ou um multiverso (risos). ambas as peças se encontram no fim, na estrutura dramatúrgica e na necessidade du outre.

* dramaturgia é truque. é ekè. estratégia. legítima defesa. aquendação. registro textual (ou não) do que urge e pulsa para quem compõe. é tráfico de ideias. registro do que se sangra. Um caminho. um oceano profundo. gesto. corpo.

movimento. palavra lugar de (des)amparo. Algo novo que tá pra nascer. pensamento embarazado. parir o compor. em datilografia. pré-ponto-de-vista.

*

escrevo para enfrentar, vomitar verborragia entalada na garganta há mais de 500 anos. escrevo para me divertir, para não adoecer, padecer, desistir. escrevo para dar contorno, formas, textura, f(r)icção e imagem aos ecos das orações da minha vó que desenhava o nome de todes da família pedindo bençá!. como forma de pichar ali marcas (cicatrizes e tatuagens) de nossa ‘escrevivência’. cresci vendo minha mãe debruçada em seus diários, escrevendo coisas sobre suas vivências e sobre mim: meu nascimento, meu umbigo, primeiro dente, primeira palavra, primeiro dia na escola, primeira vez que sofri racismo e meus passos distantes de seus braços alados. aprendi a friccionar o real no terreiro de casa com minhas tias, primos, tombos, tatu-bolas e meus bonequinhos do Dragon Ball. nuvem voadora sobrevoando meu bairro e pensamentos. o terreiro lá de casa foi o meu primeiro palco. ali fiz minhas primeiras dramaturgias. escrevo para me TRANSfor-mar em mim e em várias outras que soul y ainda não fui. teatro é o que me mantém presente nessa forma de viver que fomos condicionadas. logo, dramaturgia pra mim é fuga.

Rebordose Amora Tito

sessão

05 de novembro

Guilherme Diniz é pesquisador e crítico teatral do site Horizonte da Cena (BH). É graduado em Teatro pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais e mestrando em Literatura Brasileira pela Faculdade de Letras da mesma universidade. É um dos produtores e consultores do Prêmio Leda Maria Martins de Artes Cênicas Negras.

· 3ª
LEITURAS: Botão Zíper Carmen Marçal + Receita Nayara Leite + Bate-papo com os autores mediado por Guilherme Diniz

o tempo das coisas que reminescem se arrastam pra fora - lastro, rastro, gosma – e me deixam, ainda presentes, caracol espiral vertigino!so arrebento numa tristeza ignorante feita anzol que não mexe. rabisco que é só rabisco e nada mais… e nada mais me atiça fora o que resta e resta assim: devagarinho, brisando sem lugar. eu quero o descontrole da promessa entretanto promessa com data marcada de beijo e quero esse beijo assim: molhado escorrendo pelo pescoço, encharcando minha roupa de significado.

Carmen Marçal é escritora, dramaturga e artista-pesquisadora. É estudante do curso de Letras - Estudos Literários e do curso técnico do Teatro Universitário, ambos na UFMG. É autora do livro Baba nas costas (2022), produzido na residência artística Escrita dos Dias. É uma das idealizadoras e dramaturgas do coletivo Diz Trava Através do Olhar, que desenvolve atualmente um projeto de escrita dramatúrgica aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Pesquisa a possibilidade do encontro e do encantamento através da arte a partir de uma perspectiva decolonial e transgênera.

Botão Zíper Carmen Marçal

Janela de dramaturgia
· 3ª SESSÃO

Com a retomada das atividades presenciais, a negociação com o tempo cronológico tem se mostrado um trabalho não só individual, mas também coletivo. Além disso, tenho refletido em como, enquanto uma pessoa transgênera, experiencio o tempo e os ciclos da vida, buscando conciliar a vivência própria do mundo com a demanda das coisas, que são submetidas a um sistema de produção alienante.

*

Dramaturgia para mim é imaginação, possibilidade. Um desejo, um esboço, um ensaio. É algo que já é, viagem, e ao mesmo tempo potência, projeto, constelação.

*

Costumo escrever a partir do que me inquieta. Uma sensação sem nome vem e procuro escutá-la, dialogar com ela, expressar por meio de palavras e transformar o incômodo em abraço. No processo de escrita tento recriar os movimentos dessa coisa estranha, tornando-a feitiço. Feitiço como desvio do esvaziamento provocado pela colonialidade, como transformação, como encontro de afetos.

Botão Zíper Carmen Marçal

Não, eu não vou engolir. Você está muito mal-acostumado. Eu não quero e não querer é mais do que o suficiente. Não, lide com isso. Sim, eu continuo na negativa. Não sigo por esse caminho, não vou repetir essa mesma história, nós já conhecemos o final. Está grafado aqui, corpo, é a minha vez e eu te digo não. Eu não vou. Não posso! Não mereço! Não preciso!

Nayara Leite é atriz, arte-educadora, dramaturga, contadora de histórias e uma das idealizadoras do projeto A minha família conta, que investiga o ato de recontar histórias familiares. É autora da dramaturgia Búzio (2022), produzida na residência artística Escrita dos Dias. Atualmente é integrante da companhia Teato do Amanhã e é estudante da Licenciatura e do Técnico em Teatro na Universidade Federal de Minas Gerais.

Receita Nayara Leite

· 3ª SESSÃO Janela de dramaturgia

Receita é uma escrita que tem sido arduamente exercitada por mim, construída a partir do desejo de dizer não. Começo de casa, com a observação das mulheres da minha família e a percepção de um ciclo de violência que nos persegue, de geração a geração. Quero negar a herança do silenciamento e tenho pensado em uma escrita que me guie no processo de criar a minha história.

*

Dramaturgia é fofoca. Uma escrita guiada por um desejo intenso de se contar histórias.

*

Antes de ser dramaturga eu sou contadora de histórias, então gosto de ouvir bastante as minhas velhas antes de iniciar um processo de escrita. Joana Fernandes Vieira, minha mãe, é a minha maior referência, ela me aproxima de tudo que considero importante para a minha escrita, minhas raízes, meu terreiro, a leveza, a brincadeira, a memória, e a vivência de histórias que sinto no corpo e na alma. Por ter muita influência da oralidade, eu sempre gosto de imaginar que a minha escrita é feita para ser celebrada pela boca, já que as palavras têm poder, gosto que elas sejam ditas em voz alta e repetida várias vezes, assim como as histórias que escuto.

Receita Nayara Leite
Encerra — mento 03 de dezembro — sábado, às 17h LEITURAS: Método Domec de interpretação & O ator das multidões Eduardo Moreira Sesc Palladium Ingressos: R$15 (inteira) R$7,50 (meia)

· Encerramento

Método Domec de Interpretação & o Ator das Multidões Eduardo Moreira

Janela de dramaturgia

Eduardo Moreira é o convidado que encerra esta edição. O premiado ator, diretor e dramaturgo é um dos fundadores do Grupo Galpão, que esse ano celebra 40 anos. Dirigiu inúmeros espetáculos em parceria com diferentes grupos como o Dell’Arte Company da Califórnia (EUA) e o Clowns de Shakespeare de Natal (RN) Como dramaturgo escreveu vários textos como “De Tempo Somos”, “Nós” e “Outros”, montados pelo Galpão, além de ter feito várias adaptações.

Eduardo – que também escreveu e publicou uma série de diários de montagem, memórias e reflexões sobre o Galpão – lê, no encerramento do Janela, duas peças inéditas, de sua autoria, que falam sobre a técnica do ator e as relações entre teatro e vida.

Sesc Palladium

Laboratório de Escrita

— setembro a dezembro

Sesc Palladium

Três primeiras quintas-feiras de cada mês.

às 22h

O Janela de Dramaturgia promove em sua edição comemorativa o Laboratório de Escrita: um espaço para experimentar e discutir propostas dramatúrgicas que dialogam com a cena teatral contemporânea. O Laboratório é dividido em 4 módulos, cada um deles ministrado por um artista convidado que compartilha com os participantes sua pesquisa dramatúrgica, suas ferramentas de trabalho e seu processo de escrita.

19

Módulo I

Dramaturgia fanzine com Marina Viana

01, 08 e 15 de setembro

O fanzine é uma publicação caseira produzida por entusiastas de um determinado assunto para um público que compartilha do mesmo interesse. O termo é uma aglutinação das palavras "fã" e "magazine", popularizado nos anos 30 dentre fãs de ficção científica, posteriormente adotado por comunidades de quadrinhos, rock, punk, RPG e cultura japonesa.

Já o teatro fanzine, cunhado pela multiartista Marina Viana, se utiliza da estética-política do fanzine para a criação de números, experimentos e outras invenções cênicas. A plagicombinação, procedimento no qual obras preexistentes são recombinadas e reconfiguradas, é um dos recursos de escrita desenvolvidos nesse módulo, ao lado de outros recursos utilizados pela artista: bricolagem de ideias, paródias, mixagem de idiomas e carnavandalização (Vandalizar o carnaval talvez seja invadir o desfile das campeãs ou mesmo reinventá-lo em sua cidade natal, por outras vielas e sem patrocínio!)

Marina Viana é atriz, dramaturga e diretora teatral. É integrante dos grupos Mayombe Grupo de Teatro, Teatro 171, Cia Primeira Campainha e colabora com outros coletivos no Brasil.

· Laboratório de Escrita Janela de dramaturgia

Da personagem ao argumento com Germano Melo

06, 13 e 20 de outubro

Germano Melo é ator, dramaturgo, roteirista e preparador de elenco. Integrou por quatro anos o Centro de Pesquisa Teatral, dirigido por Antunes Filho, e trabalhou com importantes diretores como Antônio Abujamra, Luiz Carlos Vasconcelos, Dennis Carvalho e Cibele Forjaz. No cinema atuou nos longas “Aquarius” de Kleber Mendonça Filho; “Sinfonia da Necrópole” de Juliana Rojas e “O Que Se Move” de Caetano Gotardo.

O módulo parte da investigação de procedimentos e exercícios da construção de uma personagem, baseados na realidade cotidiana dos participantes ou em sua memória afetiva. Esse material realista, concreto, servirá de base para o surgimento de narrativas que serão experimentadas, em um primeiro momento, por meio da atuação confessional. O participante, ao invés de narrar a personagem em terceira pessoa, se colocará como intérprete, para que, deste modo, identificado em primeira pessoa, possa traduzir a experiência narrativa com maior profundidade. O ato de improvisar sobre essa dramaturgia íntima auxilia na descoberta do comportamento lógico e verossímil de uma personagem – seus objetivos, subjetividades, mecanismos de defesa - para que o autor se aproprie deste ponto de vista com autenticidade, ao invés de meramente ilustrar o significado de suas palavras e ações.

A apropriação das regras da verossimilhança necessárias para a construção da personagem é fundamental para desenvolver um eixo narrativo. Esta será a base do argumento a ser desenvolvido pela escrita com os seus elementos, tais como premissa, tema, tempo, espaço, acao, atos, arco dramático, lembrando que o tipo de argumento proposto pela oficina é a descrição do enredo de um filme, seja longa ou curta, narrado em prosa.

Sesc Palladium
Módulo II

Módulo III

Peça-conversa com Marcos Coletta

03, 10 e 17 de novembro

O termo peça-conversa foi proposto pelo Grupo Quatroloscinco durante a criação do espetáculo Fauna (2016) para se referir a uma experiência teatral onde a conversa com o público era o principal dispositivo dramatúrgico da obra.

A partir dessa concepção, Marcos Coletta aprofunda, em sua pesquisa de doutorado (EBA/ UFMG), as possibilidades de coparticipação entre atores e espectadores, em diálogo com as noções de teatro convivial e teatro performativo. Nesta oficina, desenvolveremos discussões dramatúrgicas sobre propostas cênicas que investigam as relações de cocriação do público no momento do acontecimento teatral e experimentaremos exercícios dramatúrgicos alinhados à ideia de peça-conversa.

Marcos Coletta é doutorando em Artes da Cena e mestre em Artes, ambos pela EBA/ UFMG. Desenvolve trabalhos como ator, diretor, dramaturgo e pesquisador. Cofundador e integrante do Grupo Quatroloscinco – Teatro do Comum. Integrou o Mayombe Grupo de Teatro e a Uma Companhia de Improvisação e escreveu para diversos outros coletivos de Belo Horizonte.

· Laboratório de Escrita Janela de dramaturgia

Vocorpografia, expansão e simbiose com Renato Negrão

A palavra tem sido o eixo da produção criativa de Renato Negrão, desaguando em suportes e linguagens variadas, entre elas a performance. As estratégias, os disparadores e as inquietações que se expandem para a cena serão pensados a partir de performances como Odisseia vácuo, Voeviagem, Partida do sensível e indiferença, que por sua vez se desdobrarão em novas proposições nos quatro encontros do Laboratório de dramaturgia.

Renato Negrão é um artista da palavra e da imagem. Formado na UEMG/Guignard. Autor dos livros No Calo (1996), Vicente Viciado (2012),Odisseia Vácuo (2016), entre outros. Atua, desde 1996, com linguagens e suportes variados, do livro à performance, da letra de canção à fotografia. Em 2022 realizou shows, performances e lançamentos de livros em Barcelona, Lisboa e Berlim.

Sesc Palladium Módulo IV

FICHA TÉCNICA

Idealização

Vinícius de Souza e Sara Pinheiro

EDIÇÃO 2022

Coordenação geral, curadoria e coordenação de produção

Vinícius de Souza

Assistência de produção

Vinícius Santos Assessoria de imprensa Joyce Athie

Identidade visual e projeto gráfico Filipe Lampejo

Fotos

Davidson Alves Rocha

Agradecimento especial Ludmilla Ramalho

IG @janeladedramaturgia

janeladedramaturgia@gmail.com

Correalização

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