SU MÁ RIO
3
INTRUDUÇÃO
4
EDITORIAL
5
IMAGEM DA SEMANA
6
CAPA
A CARTADA DE MUJICA
12 TENDÊNCIA
A EXPLOSÃO DO POKER
15 COLUNA 16 GALERIA
FUTEBOL E ARTE
20 CULTURA 22 INFOGRÁFICO
O RACISMO EM NÚMEROS
INTRODUÇÃO Daniel Faustino Cruz 19 anos Guarujá - SP Cursando o 2º ano de Publicidade e Propaganda
Este é um projeto produzido em cima da experiência adquirida no curso “Do Projeto Editorial ao Gráfico” realizado na escola SAIBADESIGN (www.saibadesign.com.br). O projeto tem como prioridade mostrar as habilidades adquiridas na área do design editorial, por conta disso as matérias que compõem a revista foram montadas através de reportagens já existentes em edições passadas de revistas como Carta Capital e Isto É. Além das revistas, alguns sites (Carta Capital, Futura, Fifa, CinemaScope e Livraria Saraiva), blogs (Douglas “Negro” Belchior e Singrando Horizontes) e portais (Geledés Instituto da Mulher Negra).
INTRODUÇÃO • 3
EDITORIAL “Rede Globo, fantástico é o seu racismo!” por Douglas Belchior
N
o dia 3 de novembro (domingo) o programa Fantástico, em seu quadro humorístico “O Baú do Baú do Fantástico”, exibiu um episódio cujo tema é muito caro para a história da população negra no Brasil. Passado mais da metade do programa, eis que de repente surge a simpática Renata Vasconcellos. Sorriso estonteante ainda embriagado pela repentina promoção: “Vamos voltar no tempo agora, mas voltar muito: 13 de maio de 1888, no dia em que a Princesa Isabel aboliu a escravidão. Adivinha quem tava lá? Ele, o repórter da história, Bruno Mazzeo!” O quadro, assinado por Bruno Mazzeo, Elisa Palatnik e Rosana Ferrão, faz uma sátira do momento histórico da abolição da escravidão no Brasil. Na “brincadeira” o repórter entrevista Joaquim Nabuco, importante abolicionista, apresentado como líder do movimento “NMS – Negros, mulatos e simpatizantes”! Princesa Isabel também entrevistada, diz que os ex-escravos serão amparados pelo governo com programas como o “Bolsa Família Afrodescendente”, o “Bolsa Escola – o Senzalão da Educação” e com Palhoças Populares do programa “Minha Palhoça, minha vida”! “Mas por enquanto a hora é de comemorar! Por isso eles (os ex-escravos) fazem festa e prometem dançar e cantar a noite inteira…” registra o repórter, quando o microfone é tomado por um homem negro que, festejando, passa a gritar: “É carnaval! É carnaval!” ão acredito que qualquer conteúdo seja veiculado por um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo apenas por um acaso ou sem alguma intencionalidade para além da nobre missão de “informar” os milhões de telespectadores, ora com seus corpos e cérebros entregues aos prazeres educativos da TV brasileira em suas últimas horas de descanso antes da segunda feira – “dia de branco”. E me perguntei: Por que – cargas d’água, a Rede Globo exibiria um conteúdo tão politicamente questionável? O que teria a ganhar com isso? Sequer estamos em
N
4 • EDITORIAL
maio! Que “gancho” ou motivação conjuntural haveria para justificar esse conteúdo? Bom, estamos em novembro. Este é o mês reconhecido oficialmente como de celebração da Consciência Negra. É o mês em que a população afrodescendente rememora, no dia 20, Zumbi dos Palmares, líder do mais famoso quilombo e personagem que figura no Livro de Aço como um dos Heróis Nacionais, no Panteão da Pátria. Relevante não? Estamos também na véspera da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que começa nesta terça, dia 5 e segue até dia 7 de Novembro, em Brasília, momento ímpar de reflexão e debates sobre os rumos das ações governamentais relacionadas a busca de uma igualdade entre brancos e negros que jamais existiu no Brasil. Isso somado à conjuntura de denúncia de violência e assassinatos que tem como principais vítimas os jovens negros, essa Conferência se torna ainda mais importante. Voltando ao Fantástico, evidente que há quem leia as cenas apenas como um mero quadro humorístico e como exagero de “nossa” parte. Mas daí surge novas perguntas: Um regime de escravidão que durou 388 anos; Que custou o sequestro e o assassinato de aproximadamente 7 milhões de seres humanos africanos e outros tantos milhões de seus descendentes; e que fora amplamente denunciado como um dos maiores crimes de lesa-humanidade já vistos, deve/pode ser motivo de piadas? Quantas cenas de “humor inteligente” relacionado ao holocausto; Ou às vítimas de Hiroshima e Nagasaki; Ou às vítimas do Word Trade Center ou – para ficar no Brasil – às vítimas do incêndio na Boate Kiss, assistiremos em nossas noites de domingo? Ah, mas ex-escravizados festejando em carnaval a “liberdade” concebida pela áurea princesa boazinha, isso pode! E ainda com status de humor crítico e inteligente. Minha professora Conceição Oliveira diria: “Racismo meu filho. Racismo!” •
IMAGEMDASEMANA ROLEZINHO: Se não há crime, por que a juventude pobre e negra das periferias da grande São Paulo está sendo criminalizada?
Policial com cassetete ameaça jovem após “rolezinho” no shopping Metrô Itaquera.
P
or causa do passo para dentro. Os shoppings foram construídos para mantê-los do lado de fora e, de repente, eles ousaram superar a margem e entrar. E reivindicando algo transgressor para jovens negros e pobres, no imaginário nacional: divertir-se fora dos limites do gueto e desejar objetos de consumo. Não geladeiras e TVs de tela pla-
na, símbolos da chamada classe C ou “nova classe média”, parcela da população que ascendeu com a ampliação de renda no governo Lula, mas marcas de luxo, as grandes grifes internacionais, aqueles que se pretendem exclusivas para uma elite, em geral branca • IMAGEM DA SEMANA • 5
A CARTADA DE MUJICA Com a liberação da maconha, o presidente uruguaio cada vez mais se desprende do atraso latino-americano.
E
m um episódio de 1995 do desenho animado Os Simpsons, Homer, o patriarca da família e símbolo da classe média americana, localiza, em um globo terrestre, o pequeno Uruguai, ao sul da América do Sul, e erra a pronúncia do país: “You Are Gay”. Quase duas décadas mais tarde e após três anos de um governo de esquerda, o ex-guerrilheiro tupamaro José “Pepe” Mujica deu a nosso vizinho de 3,4 milhões de habitantes tanto destaque no mapa que até Homer, sinônimo no Brasil do telespectador médio do Jornal Nacional da Rede Globo, seria hoje capaz de reconhecê-lo. Mujica é, segundo definições mundo afora, “o político mais incrível”, “o líder que faz sonhar”, “o presidente mais pobre do planeta”, que abriu mão de 90% do salário e preferiu morar em sua chácara em vez de na residência oficial. A revista americana Foreign Policy o listou entre os cem pensadores 6 • CAPA
mais importantes de 2013, por redefinir o papel da esquerda no mundo. “Quando o presidente venezuelano Hugo Chávez morreu, em março, muitos acharam que o crescente movimento de esquerda latino-americana morreria com esse populismo de camisas vermelhas. Poucos meses depois, entretanto, o movimento encontrou um novo e pouco provável guia em José Mujica, presidente do Uruguai”, anota a publicação. “A controversa agenda de Mujica, que o fez ganhar tanto amigos quanto detratores, gerou um novo debate sobre o futuro da esquerda latino-americana. Ao estabelecer uma ruptura entre o claro antiamericanismo de Chávez e também com o profundo conservadorismo social da América Latina, Mujica aponta para um possível caminho futuro para seus camaradas.”
MUJICAMANIA. O ex-guerrilheiro projetou o paĂs no cenĂĄrio mundial, um dos cem pensadores mais importantes, destaca a revista Foreign Policy.
7
P
epe despertou uma verdadeira Mujicamania até mesmo entre quem tenta esquecer seu passado de guerrilheiro que sequestrou e assaltou bancos durante a ditadura uruguaia e que passou 10 de seus 14 anos de prisão na solitária, edulcoração semelhante à produzida pela mídia mundial em relação a Nelson Mandela.
M
ujica não dá, porém, sinais de pretender interromper os seus projetos “revolucionários”, em nome da conciliação ou da governabilidade. Na campanha presidencial, nunca amenizou o discurso para conquistar ou acalmar o eleitorado conservador. “Se chego a segurar o manche, vou expor minhas ideias. Vou propô-las e, se não aceitarem, que me apresentem outro projeto”, disse, em longa entrevista ao veterano jornalista uruguaio Samuel Blixen no livro El Sueño de Pepe. “Nós, os esquerdistas, vivemos tempo demais prisioneiros de um marxismo mecanicista, que não é culpa do velho Marx, mas do que veio depois.” Em entrevista a Revista Teoria e Debate, Pepe se diz fã de Luiz Inácio Lula da Silva: gosto de falar que sou admirador do presidente Lula. Em que sentido? Lula é um senhor presidente, com um grande número do parlamento que vota contra, mesmo assim logra manejar um país com as dimensões do Brasil, com os problemas que tem. E por que ele consegue isso? Porque negocia, negocia e negocia, tem a paciência de um velho dirigente sindical. E esse é o espírito que devemos ter nesse tema. Aliás, aqui entre nós, deveríamos clonar o Lula pela América Latina.
8 • CAPA
P
ostas em prática, as ideias surpreendem o mundo pelo viés progressista. Enquanto, no Brasil, religiosos chantageiam e encurralam o governo, na terra de Mujica, só neste ano, foram legalizados o aborto até o terceiro mês e o casamento gay. Para culminar, a legalização da maconha, aprovada pelo Senado por 16 votos a favor e 13 contra na terça-feira 10 e que agora vai à sanção do presidente, é uma experiência única. O Estado controlará a produção e a comercialização em farmácias a 1 dólar o grama. Os usuários poderão cultivar até três pés da planta em suas próprias casas e organizar cooperativas de consumo. O objetivo é acabar com o tráfico da erva no Uruguai e reduzir a criminalidade. Segundo o presidente, a maconha não será legalizada, mas regulada, em substituição a um mercado à margem das regras. A oposição criticou a transformação do país em um “laboratório” e ameaçava recorrer a um referendo para derrubar o projeto. Rival de Mujica em 2009, o ex -presidente Luis Alberto Lacalle ironizou e sugeriu a criação de uma “Petrobras da erva”.
“Aqui entre nós, deveríamos clonar o Lula pela América Latina.”
A
Junta Internacional de Fiscalização de Estupefacientes, órgão das Nações Unidas responsável por supervisionar o cumprimento de convenções sobre drogas, condenou a decisão e afirmou que a lei viola os tratados internacionais assinados pelo Uruguai. Em nota, Raymond Yans, presidente da entidade, declarou “surpresa” com a aprovação e se reportou a uma convenção de 52 anos atrás. “O objetivo principal da Convenção Única de 1961 é proteger a saúde e o bem-estar da humanidade. A Cannabis está submetida a controle por esta convenção, que exige dos Estados signatários limitar seu uso a fins médicos e científicos, devido a seu potencial para causar dependência.” Um documento interno da ONU, divulgado pelo jornal britânico The Guardian no começo de de-
zembro, revela, porém, uma insatisfação crescente dos países que assinaram a convenção. A Noruega e o México criticam os maus resultados da guerra às drogas e da proibição. Para a Suíça, a repressão tende a afastar os consumidores dos serviços de saúde pública que previnem as doenças transmissíveis pelo sangue. O Equador solicitou “esforços especiais” no sentido de reduzir a demanda.
D
iante das críticas, Mujica ressaltou o caráter inovador da legislação e manteve-se firme. “Vamos ter dificuldades? Certamente, mas a quantidade de mortos por ajustes de contas por causas vinculadas ao narcotráfico representa uma dificuldade muito maior”, disse, em entrevista ao uruguaio La República. “Iniciamos um caminho para combater o vício por meio da educação e identi-
“Nós, os esquerdistas, vivemos tempo demais prisioneiros de um marxismo mecanicista, que não é culpa do velho Marx, mas do que veio depois.”
CAPA • 9
ficando os que consomem e tendem a se desviar do caminho. Einstein dizia que não há maior absurdo que pretender mudar os resultados repetindo sempre a mesma fórmula. Por isso queremos experimentar outros métodos.” Tanto o líder uruguaio quanto sua mulher, a também ex-tupamara e senadora pela Frente Ampla Lucía Topolansky, confessaram ter pouco ou zero conhecimento sobre a maconha até assumirem o projeto pela legalização. “Nós dois, como temos certa idade (ela, 69, ele, 78), éramos perfeitos ignorantes no assunto. Éramos. Agora não”, disse Topolansky, cotada para o posto de vice na chapa do provável candidato à sucessão de Mujica, o ex-presidente Tabaré Vázquez.
N
o momento em que a notícia sobre a legalização apareceu nas agências internacionais, surgiram as primeiras reações contrárias na vizinhança. No Peru, especialistas temiam que a liberação aumen-
10 • CAPA
tasse a produção de drogas no país de Ollanta Humala. Segundo levantamentos de especialistas, a maconha a ser produzida pelo sistema estatal uruguaio não daria para cobrir nem a metade da demanda de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. “O Uruguai, minúsculo em população, pode funcionar como um ‘país-laborató-
“Vamos ter dificuldades? Certamente, mas a quantidade de mortos por ajustes de contas por causas vinculadas ao narcotráfico representa uma dificuldade muito maior.”
rio’ perfeito. O potencial impacto negativo para os países vizinhos, se vier a acontecer, deverá ter proporções muito pequenas”, opina o psiquiatra Luís Fernando Tófoli, professor da Unicamp. “Ao se colocar em perspectiva o tamanho do passo dado na direção de poupar as vidas perdidas na guerra contra o tráfico, é um risco que vale a pena ser corrido.” Houve quem recebesse a brisa vinda do Sul com franco entusiasmo. O ministro das Relações Exteriores, Luis Almagro, contou que as embaixadas uruguaias têm recebido consultas de estrangeiros interessados em fixar residência no país onde a maconha é livre, mas esclareceu: não será permitido o “turismo da Cannabis” nos moldes da Holanda. E o potencial econômico da produção e comercialização começa a atrair as atenções de centenas de produtores agrícolas e investidores estrangeiros, segundo o jornal uruguaio El Observador.
P
ara o ex-presidente mexicano Vicente Fox, hoje um ativista e futuro investidor da maconha liberada, a legalização foi um “dia de festa”. “Parece-me que o Uruguai vai ganhar uma grande reputação. A medida é correta, vai evitar ser um território com violência e narcotráfico como no México. É uma decisão muito vanguardista.” Em maio, o ex-presidente se associou ao ex-executivo da Microsoft Jamen Shively, que registrou a primeira marca de maconha, a Diego Pellicer, em homenagem a um antepassado de Shively. Até o momento, a dupla conseguiu reunir os 10 milhões de dólares necessários para investir em uma casa de distribuição de Cannabis no estado de Washington, um dos dois estados americanos onde é permitida a venda de maconha para uso recreativo. O outro é o Colorado. Em 18 estados, o uso medicinal é permitido. Presume-se que apenas nos EUA o negócio da maconha poderá movimentar 20 bilhões de dólares anuais. Obviamente, a ideia do socialista Mujica, ao chamar para o Estado a produção e comercialização da maconha, não é transformar o vício em negócio. Ao contrário. O presidente do Uruguai conquistou fãs ao redor do mundo por sua posição anticonsumo, como ficou explícito no célebre discurso na Assembleia das
RESUMO
Nações Unidas, em setembro. “A política, eterna mãe do acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado”, criticou. Não seria com a maconha, uma planta, que Mujica iria agir diferente, em busca de divisas para sua nação.
A
principal dúvida recai sobre o modelo estatal de produção e comercialização. “Acho excessivamente regulamentado, diante de uma planta tão ‘anárquica’. Pode incentivar a desobediência civil a alguns pontos, como a necessidade de cadastro ou o limite de cultivo. Mas ainda é cedo para julgar”, pondera Tófoli. “O plano está posto. Vamos vê-lo em funcionamento na sociedade uruguaia para podermos criticar, sugerir melhoras e, principalmente, pensar como proceder no Brasil.” Em um subcontinente dividido entre a névoa do socialismo do século XXI e uma esquerda desenvolvimentista à moda dos anos 60 do século passado, Mujica mostra-se uma liderança sintonizada às demandas da modernidade. Logo ele, mais parecido a um personagem saído de algum romance latino-americano do século XIX •
PRODUÇÃO Será possível ter até seis pés em casa para uso próprio ou produzir em comunidades. COMÉRCIO Clientes registrados poderão comprar no máximo 40 gramas por mês nas farmácias. PREÇO U$ 1 por grama. TEOR DE THC Entre 2% e 3%.
CONSUMO É liberado desde 1974 em lugares abertos.
LIMITES PARA USO Haverá punições para quem for pego dirigindo após fazer uso da erva mas essas medidas ainda não foram definidas. CAPA •11
A EXPLOSÃO DO
POKER
Depois de superar o estigma de jogo de azar e ser transformado em modalidade esportiva, o pôquer ganha cada vez mais adeptos no Brasil e atrai estrelas do exterior para o campeonato nacional.
N
a mesa os rostos são de tensão, em jogo, meio milhão de reais. Um pequeno grupo acompanha a partida em cadeiras enfileiradas em forma de arquibancada. Um telão mostra as cartas que vão sendo reveladas e o burburinho e a emoção tomam conta nos lances decisivos do Brazilian Series of Poker (BSOP), o campeonato brasileiro de pôquer cuja etapa final ocorreu em São Paulo na semana passada. “Adoro esportes. Jogo futebol, basquete, vôlei, tudo. Mas o único que faz minha adrenalina subir como em uma corrida é o pôquer”, afirma o campeão de Stock Car Thiago Camilo, um dos participantes. Reconhecido mundialmente como esporte em 2010 pela International Mind Games Association (IMSA), o pôquer conquistou adeptos Brasil afora. O número de jogadores tem crescido exponencialmente no País, a ponto de o BSOP ter se tornado o terceiro maior do mundo em seis anos. Em sua edição inaugural, em 2006, houve menos de 100 inscritos. Neste ano, foram mais de 1.600. Ricardo Tavares, o vencedor da etapa final, saiu da mesa de jogo quase às duas horas da manhã e faturou R$ 500 mil. Ao todo, foram distribuídos mais de R$ 2 milhões em cinco dias.
12 • TENDÊNCIA
D
urante décadas, o pôquer foi tratado como um dos jogos de azar, que são ilegais no País desde 1946. “A lei levou ao fechamento dos cassinos, que eram os locais onde o pôquer era jogado. Por isso ele acabou sendo visto por muitos como proibido”, diz Igor Trafane, CEO do BSOP e presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em, a modalidade mais popular. A lei diz que são jogos de azar aqueles que dependem exclusiva ou principalmente da sorte. Segundo praticantes e especialistas, não é o caso do pôquer. Estudos de universidades respeitadas mostram que a aleatoriedade da distribuição das cartas influi pouco no resultado final das partidas. Contam mais a estratégia e noções de probabilidade. Foi com um compilado desses estudos que os organizadores dos primeiros eventos conseguiram na Justiça o direito de promover campeonatos de pôquer. Nos últimos dois anos, as brigas judiciais cessaram, e o pôquer entrou, este ano, no calendário oficial do Ministério do Esporte.
CRESCIMENTO
1.612
1.446
1.000
780
Em quatro anos o Brazilian Series of Poker, campeonato brasileiro do esporte, já é o terceiro maior do mundo. Entre 2009 e 2012 o número de participantes dobrou.
2009 2010 2011 2012
“Poker não é um jogo de azar, sou bom nisso porque estudei.” Leonardo Martins, campeão brasileiro.
E
m um jogo talvez a sorte tenha um papel fundamental, mas é a habilidade que define os campeões a longo prazo, explica Trafane. Por essa razão, os campeonatos são, em geral, divididos em várias fases durante o ano. O BSOP tem nove etapas, cada uma com uma média de cinco a oito torneios. O vencedor de cada uma delas ganha prêmios, mas o campeão brasileiro é quem teve o melhor desempenho o ano todo. Em 2012, o vencedor foi Leonardo Martins, 29 anos. Ele começou a jogar pôquer com amigos da faculdade há sete anos. No início, era apenas uma brincadeira, mas hoje ele dedica todo o tempo em que não está trabalhando no mercado financeiro para ler livros de estratégia, ver vídeos e jogar na internet. Martins conta que no início seu pai ficava desconfiado, achava que estava viciado na jogatina. “Demorei um tempo para convencê-lo de que pôquer não é um jogo de azar. Sou bom nisso porque estudei”, diz. Hoje, o pai torce por ele nos campeonatos.
A
gora, o país começa a atrair personalidades internacionais do pôquer. A americana Vanessa Rousso, 29 anos, por exemplo, participou pela primeira vez do campeonato brasileiro. Ela é uma das mulheres que mais ganharam prêmios nesse jogo dominado por homens. No Brasil, 90% dos jogadores são do sexo masculino. Em seu primeiro ano competindo em torneios profissionais, Vanessa ganhou mais de US$ 760 mil. “Eu tinha 23 anos, estava na faculdade, mas comecei a pensar que poderia viver como jogadora de pôquer”, diz. Foi assim que ela passou a se dedicar totalmente ao jogo e conseguiu ganhar mais de US$ 4 milhões em um ano. Este ano, o iraniano Antonio Esfandiari levou US$ 18 milhões ao vencer a principal etapa do campeonato mundial realizado anualmente em Las Vegas. Estrelas brasileiras, como André Akkari, começam a despontar no Exterior. Desde 2006 ele está entre os cinco maiores vencedores online da América Latina e já acumulou cerca de US$ 1 milhão em prêmios.
TENDÊNCIA •13
A
lcançar essas cifras milionárias, porém, é para poucos. Primeiro porque as inscrições podem ser caras: em algumas categorias do BSOP a taxa era de R$ 1.800. Segundo, porque é necessário ter muita habilidade. Bom raciocínio lógico é essencial, uma vez que o jogo se baseia no estudo das probabilidades. Campeonatos na internet são os mais indicados para aprender. Ali, há competições gratuitas e sem prêmios, outras com preços e prêmios modestos e, claro, as profissionais, com valores tão astronômicos quanto os campeonatos presenciais. “Na internet todos os dias é possível encontrar competições com 1.600 pessoas. Não há lugar melhor para treinar o raciocínio”, diz o campeão Leonardo Martins. Não é tudo. “É essencial saber ‘ler’ as outras pessoas e entender suas intenções. Assim como é preciso evitar que elas ‘leiam’ você”, explica a americana Vanessa Rousso.
A
chegada dos brasileiros nos campeonatos internacionais não tem passado despercebida. “Quando tem um na mesa, todo mundo sabe de longe”, diverte-se o espanhol David Carrion, diretor de eventos ao vivo da América Latina da PokerStars, a maior operadora do mundo de jogos presenciais e online de pôquer. Ao contrário do estereótipo do jogador típico, o brasileiro é ruidoso, gosta de festejar e está sempre em grupos grandes. E agora também participa das principais mesas •
14 • TENDÊNCIA
NORUEGUÊS PROVA A POLÍTICO QUE POKER É UM JOGO DE HABILIDADE
O
poker ganhou mais um adepto. Após ser atropelado pelo grinder Ola “Odd Oddsen” Amundrud, em um duelo nos feltros de Pot-Limit Omaha, o deputado norueguês Erlen Wiborg mudou o seu conceito sobre o esporte da mente. “Depois de jogar apenas mil mãos já estava impressionado. Sabia que iria perder. Me dei conta de toda a concentração que o jogo exige, sem falar nos conceitos matemáticos que são necessários para vencer uma mão. Aqueles que acreditam que o poker é um jogo de azar deveriam enfrentar um profissional”, contou Wiborg.
Indignado com a situação do poker na Noruega, “Odd_Oddsen” decidiu convocar os políticos de seus país para um duelo. Se alguém o derrotasse, receberia € 124.341, já em caso de derrota, o mesmo teria que trabalhar para o processo de legalização do esporte da mente. Ola “Odd_Oddsen” Amundsgård é um dos principais nomes dos high stakes online. Apenas em 2013, ele faturou 1,7 milhão de dólares, a melhor marca entre todos que passaram pelos feltros do PS •
CADEIA É UM LUGAR POVOADO DE MALDADE
por DrAUZIO VARELLA
Na repressão ao crime continuamos atolados nos dilemas da Idade Média: sabemos prender, castigar e construir cadeias, nada mais.
A
perda da liberdade, a solidão, os guardas, a rotina imposta, a ausência de privacidade, as horas que se arrastam, os dias idênticos, as arbitrariedades do sistema carcerário, a identidade substituída por um número de prontuário e o uniforme que a todos iguala, não chegam aos pés do sofrimento causado pela convivência com os companheiros de infortúnio. Os perigos inerentes a esse convívio são tão ameaçadores, que o maior de todos os desejos do prisioneiro não é recuperar a liberdade perdida, mas permanecer vivo, tarefa que exige elaborar uma estratégia segundo a qual sua presença atenda aos interesses do grupo. Em aparente contradição, está o fato de que a restrição do espaço físico diminui a violência entre os primatas, ao contrário do que acontece com roedores espremidos em gaiolas comportamentais, como documentaram fartamente os primatologistas Frans de Waal e Richard Wrangham. À medida que somos obrigados a compartilhar o espaço vital, nós nos tornamos menos violentos, por razões evolutivas: a formação e a preservação do grupo foram essenciais para o êxito ecológico de nossa espécie. Hominídeos que não souberam conviver com os demais ficaram expostos aos predadores e não deixaram descendentes. A rotina diária na prisão exige processos adaptativos que servem de base para a criação de um código penal
daconiano, capaz de prever todos os acontecimentos da vida comunitária - da proibição de delatar o companheiro, aos modos de comer à mesa; do respeito às famílias visitantes, aos cuidados com a higiene pessoal. Ao contrário da justiça morosa e burocrática das sociedades civilizadas, em que o intervalo entre a prática do crime e a aplicação da penalidade pode exigir anos de tramitação nos tribunais, entre presidiários as sentenças são de execução imediata. O desrespeito às regras estabelecidas deve ser punido com rigor, sumariamente, para impedir que se instale a barbárie. As particularidades e a abrangência desse código de transmissão oral se repetem em presídios do mundo inteiro, estejam eles na Holanda, Dinamarca, Nigéria ou na periferia de São Paulo. As leis que regiam as relações interpessoais numa prisão siberiana do século XIX, relatadas por Dostoievski ou Tchekhov, não são muito diferentes das que descrevi no livro Estação Carandiru. Similaridades de comportamentos que se mantêm durante séculos, em lugares e culturas distintas só podem ser explicadas à luz da evolução. O poder é um espaço abstrato que os homens jamais deixam no vazio. No ambiente prisional a força física é de pouca valia. Um dos homens mais fortes que conheci morreu, enquanto dormia em sua cela, queimado com água fervente por um desafeto de 1 metro e meio. Na disputa
pelas posições de mando, assumem a liderança aqueles capazes de formar a coalizão mais numerosa. O que a sociedade chama de população carcerária está longe de constituir massa amorfa que reage de modo irracional, como às vezes acontece nas rebeliões, episódios raros na história de qualquer cadeia. Mulheres e homens presos fazem parte de uma comunidade organizada, segundo leis e regras próprias que ficarão impregnadas no espírito de todos os que passaram pela experiência de viver atrás das grades. A eficácia imediata do aprisionamento na redução dos níveis de violência nas cidades está bem documentada na literatura científica. Quando um assaltante vai preso, é um a menos a roubar nas ruas. O que ainda não foi estudado são as repercussões a longo prazo do encarceramento. A sociedade vive a exigir mais prisões e penas mais longas, a ressocialização fica relegada à retórica. Na repressão ao crime continuamos atolados nos dilemas da Idade Média: sabemos prender, castigar e construir cadeias, nada mais. Para sair desse impasse serão necessários conhecimento técnico, bom senso e ousadia na reorganização do sistema penal brasileiro. Diante da epidemia da violência urbana que nos atormenta, o medo de errar não pode servir de pretexto para o conformismo e a apatia paralisante em que nos encontramos • COLUNA •15
FUTEBOL ARTE &
As 12 sedes da Copa do Mundo da FIFA 2014 se uniram no dia 12 de dezembro para acrescentar um ingrediente a mais à preparação para o torneio de futebol. No decorrer do dia, cada cidade/estado organizou o próprio evento de lançamento dos cartazes das sedes.
Rio de Janeiro - RJ Cada camada do cartaz carioca representa um aspecto da cidade: a praia, a montanha, o Pão de Açúcar, o mar e o céu.
Curitiba - PR A Araucária é o símbolo de Curitiba e do Paraná. Nas conotações, o pinheiro adulto se ergue para o infinito, feito taça de luz.
16 • GALERIA
Belo Horizonte - MG A Igreja de São Francisco de Assis, que integra o conjunto da Pampulha, aparece em destaque no desenho da capital mineira.
Porto Alegre - RS Um jogador chutando a bola e a imagem da Usina do Gasômetro representam o pôster de Porto Alegre.
Cuiabá - MT Tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, está representado por Cuiabá. O futebol é representado pela bola nos pés do jogador.
GALERIA •17
Brasília - DF A imagem faz uma estilização da Catedral, uma das obras que simbolizam o Distrito Federal e um ícone arquitetônico mundial.
Fortaleza - CE Uma bola que sai como se fosse lançada a partir do Castelão é a imagem da capital cearense. Natal - RN O verde das matas. O amarelo das areias escaldantes. O azul do mar representam o cartaz de Natal.
Salvador - BA O Elevador Lacerda transformado em trave e uma bola estufando a rede que o envolve aparecem no cartaz de Salvador.
18 • GALERIA
Manaus - AM Cartaz de Manaus mostra que, no coração da maior floresta tropical do mundo, somos todos torcedores por natureza.
Recife - PE O cartaz do Recife é repleto de movimento, cores e remete ao frevo.
São Paulo - SP O caráter cosmopolita e múltiplo de São Paulo é destacado no cartaz da capital.
GALERIA •19
CINEMA
Serra Pelada (2013)
S
erra Pelada apresenta uma viagem ao interior da maior mina a céu aberto dos tempos modernos. O ano é 1980. Os amigos Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) deixam São Paulo em busca do sonho do ouro. Os dois chegam à Floresta Amazônica como outros milhares de homens, repletos de sonhos e ilusões. Mas a vida no garimpo muda tudo. A obsessão pela riqueza e pelo poder os destrói. Juliano se torna um gangster. Joaquim deixa seus valores para trás. Uma história sobre a febre do ouro, sobre ganância e violência. Sobre uma grande amizade e seu fim. A pesquisa foi realizada por Eloa Chouzal, e algumas das imagens originais da época foram usadas no filme, um dos pontos fortes do longa de Heitor Dhalia, sem dúvidas, é a Direção de Fotografia. Lito Mendes Da Rocha (Natimorto) é o responsável por tornar as imagens tão similares, tornando difícil saber em certos momentos tratar-se de um arquivo real. Juntamente com a fotografia vem o cenário, apesar de não conseguirem gravar no local
20 • CULTURA
original da história, que era o desejo da produção, encontraram locais que permitiram traduzir o que foi Serra Pelada sem grandes problemas. Além do local do garimpo as casas dos garimpeiros e a cidade chamada de 30 (chamada assim por estar a 30 km de Serra Pelada) o que deu um ar único ao local. Outro ponto muito positivo foi a trilha sonora, marcadas pelas guitarradas bregas da época, o que trabalhou muito bem com o filme e a cenografia. A única coisa que incomoda é a música que toca no momento em que Tereza, personagem de Sophie Charlotte, tenta fugir de Juliano e é perseguida pelos seus capangas. A música suaviza o fato de a personagem ser tratada como uma mulher-objeto e por não ter suas escolhas respeitadas •
MÚSICA
O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013)
A
pós uma trajetória muito bem-sucedida com duas mixtapes, dois EPs e três turnês internacionais, Emicida coloca nas ruas “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”, seu primeiro álbum de estúdio, seu disco de “estreia”. O rapper foi pesquisar nas raízes da música brasileira a sonoridade que queria para embalar o seu rap, em um processo orgânico, com os músicos no estúdio criando todos os instrumentais. Amigos como Rael, Pitty, MC Guime, Fabiana Cozza, Juçara Marçal, Quinteto em Branco e Preto e Wilson das Neves vieram somar. Assim nasceu o álbum, em que vai do funk ao soul, com forte presença do samba, tudo como pano de fundo para suas rimas - ainda mais afiadas e certeiras do que nos trabalhos anteriores -, costuradas lindamente por um texto da atriz e poetisa Elisa Lucinda •
LIVRO
Quarto de Despejo (1960)
Q
uarto de Despejo é um relato de fatos verídicos vivenciados ou presenciados pela autora, que faz questão de registra-los quase que diariamente. Em seu diário, Carolina Maria de Jesus descreve a favela do Canindé, as pessoas e o tipo de vida que levam. Relata as brigas constantes entre marido, mulher e vizinhos, a fome, as dificuldades para se obter comida, as doenças a que estão sujeitos os moradores da favela, seus hábitos e costumes, as mortes,
o suicídio, a presença constante da miséria de uma sociedade Embora tenha despertado a atenção de vários autores norte-americanos, é uma obra que ainda está a merecer uma análise mais aprofundada por parte da crítica nacional. É importante ressaltar que foram vendidos em torno de um milhão de exemplares em cerca de quatorze países. É uma das obras brasileiras mais vendidas, tendo sido traduzida em mais de treze línguas. Ao ser publicado em São Paulo, em agosto de 1960, o livro obteve imediato sucesso, com a venda de trinta mil exemplares, surpreendendo a própria editora, que recebeu pedidos de todo o país •
TV
Breaking Bad (2008 - 2013)
A
morte anunciada de Breaking Bad, em sua quinta e última temporada, ameaça produzir na audiência de tevê a mesma síndrome de abstinência que acomete os drogaditos que batem à porta da usina de metanfetaminas do professor-traficante Walter White (Bryan Cranston). A primeira reação ao seriado, que estreou nos EUA em janeiro de 2008, foi áspera, inamistosa, contaminada de ceticismo, quando não de repulsa. Quem haveria de imaginar o sucesso de público e de estima da descabelada história de um professor de química que adere, com o melhor dos pretextos, aos ritos sanguinários do tráfico? O argumento de Vance Gilligan (ex-X Files) parecia não dispor de musculatura dramática para além de uma temporada. O dilema humano do Dr. Jekyll-Mister Hyde de Albuquerque, com a cumplicidade de seu aluno Jesse Pinkman (Aaron Paul), arriscava-se a se converter num xarope aguado. Mas Gilligan, à frente de um afiado time de roteiristas, soube se esquivar das armadilhas éticas e, 62 episódios e 191 mortes depois (provocadas pela porção Heisenberg do professor White), o seriado se conclui em clima de unanimidade. Os diálogos são tudo em Breaking Bad, ou quase tudo, já que o soberbo desempenho dos protagonistas também dá uma forcinha à trama. Até o cenário ajuda. Se não fosse o deserto do Novo México, onde é que os dois traficantes iriam ocultar, com tal facilidade, os cadáveres de suas vítimas? • CULTURA • 21
ORACISMOEMNÚMEROS Hoje no Brasil os números comprovam uma dura realidade: enquanto mais da metade da população brasileira é negra, os negros enfrentam desvantagens no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), no analfabetismo, no desemprego, no salário médio, no acesso ao saneamento básico e até no número de assassinatos por ano.
O Brasil foi o principal destinatário do comércio internacional de escravos africanos entre os séculos XVI e XIX. Além disso, foi o último país das Américas a abolir o regime escravocrata, em 1888.
Os negros, que representam a soma de pretos e pardos, passaram a representar 53% da população residente no Brasil em 2012.
22 • INFOGRÁFICO
Dados: www.futura.org.br (19/11/2013). Foto: Missa em Ação de Graças pela Abolição da Escravatura (17/05/1888). Produzida por A. Luiz Ferreira.
Uma pessoa negra com o mesmo grau de escolaridade de uma pessoa branca recebe, em média, 40% a menos.
Entre 2002 e 2010, o número de homicidios contra negros cresceu 29,8% no Brasil. Em 2010, para cada branco vítima de homicidio morreram 2,3 negros. Pará, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte são os lugares mais afetados.
IDH
x
20% dos brancos em idade esperada para ingressar no ensino superior estão nas universidades, enquanto 93,7% dos negros na mesma faixa etária não estão matriculados. Nas 12 principais universidades brasileiras, o número de professores pretos e pardos não chega a 1%. Pretos e pardos: 0,753 Brancos: 0,838 Dos 68 juizes dos Tribunais Superiores, apenas 2 foram identificados como pretos ou pardos e 2 como amarelos, sendo todos os demais brancos.
87% dos entrevistados admitem que há racismo no Brasil.
Porém, apenas 4% se reconhecem como racistas. INFOGRÁFICO • 23
danielfaustino4@hotmail.com facebook.com/cruzfaustinodaniel behance.net/japasjapa