HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - GLICÉRIO

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FIAM FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

JAQUELINE BARBOSA SIQUEIRA

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL – GLICÉRIO

SÃO PAULO 2018


Jaqueline Barbosa Siqueira

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL – GLICÉRIO

Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da FIAM FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para a obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor André Luiz Tura Nunes.

São Paulo 2018


Siqueira, Jaqueline Barbosa Habitação de Interesse Social – Glicério / Jaqueline Barbosa Siqueira. -- São Paulo, 2018. 99 páginas Trabalho Final de Graduação – FIAM FAAM Centro Universitário, 2018 Orientador: André Luiz Tura Nunes

Notas: 1. Habitação 2. Habitação de Interesse Social 3. Glicério


Jaqueline Barbosa Siqueira

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL – GLICÉRIO

Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da FIAM FAAM Centro

Universitário,

como

exigência

parcial para a obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor André Luiz Tura Nunes.

Data de aprovação: ____/____/_____

Banca examinadora:

_________________________________ André Luiz Tura Nunes FIAM FAAM – Orientador

_________________________________ (Nome do Professor) FIAM FAAM – professor

_________________________________ (Nome do Convidado) (faculdade)

SÃO PAULO 2018


AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus, por ter me dado saúde, força e disposição para chegar até aqui. Agradeço аоs mеυs pais е irmãos, pelo amor, incentivo е apoio incondicional durante essa difícil trajetória. Ao professor André Luiz Canton que tive o privilégio de tê-lo como professor no início e agora no fim do curso, sempre muito prestativo, dedicado e criterioso, com contribuições fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. Um agradecimento especial ao meu orientador, professor André Luiz Tura Nunes, que também tive o privilégio de tê-lo como professor em outras fases do curso, agradeço pela partilha de conhecimento, pela paciência e total disponibilidade ao longo deste processo, sempre com muita dedicação e incentivo, promovendo uma grande amizade. A ele dedico este trabalho.


EPÍGRAFE

“Acredito que as coisas podem ser feitas de outra maneira, que a arquitetura pode mudar a vida das pessoas e que vale a pena tentar.” Zaha Hadid


LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, construído ao lado de um lixão, na cidade de Santa Luzia, Maranhão...............20 Figura 02 – Conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio (o bairro mais distante da região central da cidade)..............20 Figura 03 – Conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida em Colinas do Tocantins (padronização das 500 unidades)......................................................20 Figura 04 – Residencial Ipê Amarelo do Minha Casa, Minha Vida em Tocantins (padronização das unidades e falta de infraestrutura adequada no entorno)......21 Figura 05 – Conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida em Caruaru, Pernambuco (Projeto com alta qualidade projetual, inserido em um bairro afastado da cidade, longe dos equipamentos públicos).....................................21 Figura 06 – Construções irregulares na Serra da Cantareira............................28 Figura 07 – Heliópolis - a favela mais populosa de São Paulo, com mais de 120 mil pessoas........................................................................................................28 Figura 08 – Mapa do Município de São Paulo e Área Central............................29 Figura 09 – Imóveis Notificados - Área Central de São Paulo..........................30 Figura 10 – Ocupações Irregulares em São Paulo............................................31 Figura 11 – Cortiços cadastrados nas subprefeituras da Sé e Mooca..............32 Figura 12 – Viaduto do Glicério..........................................................................33 Figura 13 – Mapa de Uso do solo – entorno da área de intervenção..................34 Figura 14 – Baixada do Glicério: Demarcação do terreno de Intervenção e referências do entorno........................................................................................35 Figura 15 – Equipamentos públicos (AMA Sé, Posto de Atendimento Várzea do Carmo, Escola EMEI Duque de Caxias e CEI Quintal da Criança)......................35 Figura 16 – Residências encortiçadas – Glicério...............................................36 Figura 17 – Zonas Especiais de Preservação Cultural e Cortiços......................37 Figura 18 – Lotes Vazios e Estacionamentos....................................................38 Figura 19 – Igreja Nossa Senhora da Paz e Centro de Estudos Migratórios......40 Figura 20 – Diagramas......................................................................................43 Figura 21 – Permeabilidade da quadra – Planta e croqui esquemáticos............45 Figura 22 – Permeabilidade da quadra – Perspectiva........................................45 Figura 23 – Estudo de Insolação (Inverno 15:00h) – (Verão 15:00h).................46


Figura 24 – Volumetria das Tipologias...............................................................47 Figura 25 – Projeto Setorizado (3º Lugar no concurso CODHAB-DF)................48 Figura 26 – Projeto setorizado...........................................................................50 Figura 27 – 3D Estrutural...................................................................................52 Figura 28 – Seção Construtiva...........................................................................53


LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – Composição do Déficit habitacional, segundo regiões geográficas, Brasil, 2015........................................................................................................18 Gráfico 02 – Imigrantes atendidos em 2016.......................................................40


LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Lotes Vazios...................................................................................38 Tabela 02 – Estacionamentos............................................................................39 Tabela 03 – Quadro de Áreas (3º Lugar no concurso CODHAB-DF)..................49 Tabela 04 – Quadro de Áreas ............................................................................51


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AGA – Alexandre Gonçalves Arquitetura AMA – Assistência Médica Ambulatorial CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo CDM – Casa do Migrante CEI – Centro de Educação Infantil CODHAB – Companhia de Desenvolvimento Habitacional EMEI – Escola Municipal de Educação Infantil FJP – Fundação João Pinheiro HIS – Habitação de Interesse Social HMP – Habitação de Mercado Popular IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OUC – Operação Urbana Centro PAR – Programa de Arrendamento Residencial PDE – Plano Diretor Estratégico PLANHAB – Plano Nacional de Habitação PMCMV - Programa Minha Casa Minha Vida PMH – Plano Municipal de Habitação PNE – Portadores de necessidades especiais UH – Unidades Habitacionais ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social ZEPEC – Zonas Especiais de Preservação Cultural


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................13

CAPÍTULO I: Habitação de Interesse social......................................................15 1.1 – O problema da Habitação no Brasil...........................................................17 1.2 – O programa Minha casa minha vida..........................................................18 1.3 – A segregação Urbana................................................................................18 1.4 – Qualidade projetual das unidades.............................................................19 1.5 – O plano Nacional de Habitação.................................................................21 1.6 – A produção de Habitação Social em áreas consolidadas.........................22

CAPÍTULO II: Análise Urbana de São Paulo......................................................25 2.1 – A metrópole que temos..............................................................................27 2.2 – Baixada do Glicério....................................................................................33 2.3 – O entorno...................................................................................................34 2.4 – Os cortiços.................................................................................................36 2.5 – Lotes vazios e subutizados........................................................................37 2.6 – Imigrantes entre os séculos XX e XXI........................................................39

CAPÍTULO III: O Projeto.....................................................................................41 3.1 – Partido Arquitetônico.................................................................................43 3.2 – Programa e Quadro de Áreas....................................................................48 3.3 – Memorial Descritivo...................................................................................52

CONCLUSÃO....................................................................................................55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................59

PRANCHAS DO PROJETO...............................................................................63


INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de propor a inserção de habitação social nas áreas central da cidade de São Paulo. Atualmente existem diversos imóveis vazios e abandonados nas áreas centrais que são ocupados irregularmente pela população de baixa renda, como uma alternativa para a falta de moradia. Porém, grande parte desses imóveis possui problemas de infraestrutura como rachaduras e ligações clandestinas, ampliando o risco de incêndios e até desabamentos, como na tragédia que ocorreu no Largo do Paissandu, centro de São Paulo, com o edifício de 24 andares que desabou durante um incêndio. Os programas habitacionais, que são as principais estratégias do Governo Federal para tentar eliminar o déficit habitacional, tem tendência à periferização, entregando em sua grande maioria, habitações padronizadas sem qualidade projetual, em áreas sem infraestrutura, afastadas dos grandes centros. O capítulo 1 apresenta o problema da habitação no Brasil, quanto ao déficit habitacional, o número de famílias vivendo em favelas e cortiços e os preços pagos nos alugueis, utilizando dados do IBGE e da Fundação João Pinheiro para o embasamento do capítulo. O PLANHAB (Plano Nacional de Habitação) foi utilizado como fonte de consulta, com a finalidade de verificar as estratégias da política habitacional no Brasil. No capítulo 2 é analisado o problema da habitação em São Paulo, com ênfase nos domicílios desocupados espalhados pela região, principalmente nas centrais, utilizando como fontes de consulta dados da Secretaria Municipal da Habitação e do Habita Sampa. São Paulo ainda sofre com um problema antigo da cidade, que são os cortiços, presentes no entorno da área de intervenção, com ambientes precários e insalubres. A Baixada do Glicério, que se insere cada vez mais em um constante processo de degradação do patrimônio histórico/cultural e deterioração, o que será apresentado na análise. O capítulo 3 é referente ao projeto, o partido arquitetônico para o desenvolvimento e definição da ideia, o processo da concepção com analises do entorno, o programa desenvolvido e as técnicas e detalhamentos construtivos.

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CAPÍTULO I: Habitação de Interesse social


1.1 – O problema da Habitação no Brasil

O problema da habitação no Brasil é antigo e complexo, por conta da falta de políticas públicas mais eficientes, que minimizem os problemas enfrentados pela população de baixa renda. Com a escassez de moradias e o preço da terra, a população de baixa renda tende a “migrar” para áreas mais periféricas, causando uma acelerada expansão de assentamentos informais (combinação de compra de lotes ilegais, por serem mais baratos e a autoconstrução) em lugares sem infraestrutura básica e adequada, em áreas de risco ou de proteção ambiental, gerando grande vulnerabilidade social, em que “a ilegalidade é subproduto da regulação tradicional e das violações contra os direitos à terra e à moradia” (OSÓRIO, 2004, p. 28). Segundo o Censo 2010 do IBGE, o Brasil tinha cerca de 11,4 milhões de pessoas morando em favelas, ou seja, 6% da população brasileira. O estudo feito pelo IBGE mostra que 5,6% (3.224.529) do total de domicílios brasileiros estão localizados nessas áreas. Em todo o país foram identificadas 6.329 favelas espalhadas em 323 municípios. A região Sudeste, a mais populosa do país, com 77,6 milhões de habitantes, concentrava o maior número de moradias em favelas (49,8%), com maiores incidências nos Estados de São Paulo (23,2%) e Rio de Janeiro (19,1%). Em seguida aparece o Nordeste (28,7%), Norte (14,4%), Sul (5,3%) e Centro-Oeste (1,8%). Segundo a FJP (Fundação João Pinheiro), o déficit habitacional, em 2015, correspondia a 6.186.503 milhões de domicílios. A maior parte do déficit habitacional se concentra na faixa de famílias que ganham mensalmente até cinco salários mínimos. Entre as regiões com o maior déficit habitacional absoluto destacam-se o Sudeste com 2.430 milhões de moradias e o Nordeste com 1.924, dos estados São Paulo fica em primeiro lugar com 1.306 milhão de déficit. A pesquisa mostra que um dos grandes problemas enfrentados pela população que não tem moradia é o preço excessivo dos aluguéis. Além do preço estar acima da média (gráfico 01), alguns aluguéis referem-se a residências ou cômodos com mais de uma família vivendo no mesmo espaço (os

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cortiços), imóveis que não são designados para este uso, essas habitações são precárias, deterioradas e insalubres, gerando grande vulnerabilidade social.

GRÁFICO 01: Composição do Déficit habitacional, segundo regiões geográficas, Brasil, 2015

FONTE: Dados básicos: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015.

1.2 – O Programa Minha Casa Minha Vida O Programa Minha Casa Minha Vida faz parte da atual política habitacional do Brasil, sendo a principal estratégia do Governo Federal para tentar eliminar o déficit habitacional. Tendo como objetivo principal “[...] criar um ambiente econômico confiável que estimule o desenvolvimento do mercado formal de habitação com subsídios governamentais para as famílias de baixa renda e de classe média”. (BRASIL, 2010, p.50). 1.3 – A segregação Urbana O PMCMV tem tendência a periferização. Com uma lógica de produções de casas em terrenos mais baratos, alguns empreendimentos acabam sendo construídos em lugares muito afastados do centro (fig. 02), não havendo uma integração com a cidade. Lugares isolados, sem infraestrutura urbana (fig. 01), 18


sem áreas de lazer e serviços como a educação e saúde (fig.05), fazendo com que a população fique ainda mais segregada e precise passar por grandes deslocamentos para chegar ao trabalho e ter acesso a esses serviços, ficando por horas no trânsito, tendo que pegar mais de uma condução por dia, agravando outro problema do país que é o da mobilidade. A segregação urbana ou ambiental é uma das faces mais importantes da desigualdade social e parte promotora da mesma. À dificuldade de acesso aos serviços e infraestrutura urbanos (transporte precário, saneamento deficiente, drenagem inexistente, dificuldade de abastecimento, difícil acesso aos serviços de saúde, educação e creches, maior exposição à ocorrência de enchentes e desmoronamentos etc.) somam-se menos oportunidades de emprego (particularmente do emprego formal), menos oportunidades de profissionalização, maior exposição à violência (marginal ou policial), discriminação racial, discriminação contra mulheres e crianças, difícil acesso à justiça oficial, difícil acesso ao lazer. A lista é interminável. (MARICATO, 2003, p.152)

1.4 – Qualidade projetual das unidades Outras críticas que o PMCMV recebe é em relação a qualidade destas moradias, que normalmente são pequenas, com materiais de baixa qualidade, sem métodos sustentáveis ou conforto, um tipo de unidade pensada apenas para um tipo de família, gerando uma auto reprodução (fig. 03 e 04) que não atende às verdadeiras necessidades, feitas para atingir uma certa quantidade e não pensando na qualidade. A padronização das unidades desconsidera os diferentes perfis das famílias, e que, em alguns casos, a implantação dos empreendimentos formam bolsões de moradia popular, similar às cidades-dormitório produzidas em décadas anteriores pelas políticas públicas brasileiras. (ROLNIK 2015, p. 310)

Habitações criadas para atender uma demanda, desconectadas da ideia de pertencimento à cidade, “os edifícios, por sua vez, são fatores essenciais na propagação da memória cultural, do sentimento de pertencimento e do conhecimento social, assim como para assegurar a continuidade do tecido urbano” (Kohler e Hassler, 2002). Quando damos uma casa que dificulta o transporte, o acesso aos centros culturais, praticamente excluímos esses grandes bairros de habitação do valor da cidade, [...] Isso vai nos custar muito caro no futuro, porque essa separação é o estopim de um confronto de classes. (VIGLIECCA apud CARTACAPITAL, 2015)

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FIGURA 01: Conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, construído ao lado de um lixão, na cidade de Santa Luzia, Maranhão.

Fonte: Blog da Raquel Rolnik, 2012

FIGURA 02: Conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio (o bairro mais distante da região central da cidade)

Fonte: Portal de notícias Extra, 2017

FIGURA 03: Conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida em Colinas do Tocantins (padronização e repetição das 500 unidades)

Fonte: Rodes - engenharia e Transportes, 2015

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FIGURA 04: Residencial Ipê Amarelo do Minha Casa, Minha Vida em Tocantins (padronização das unidades e falta de infraestrutura adequada no entorno)

Fonte: Portal do Tocantins, 2016

FIGURA 05: Conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida em Caruaru, Pernambuco (Projeto com alta qualidade projetual, inserido em um bairro afastado da cidade, longe dos equipamentos públicos)

Fonte: Blog da Raquel Rolnik, 2015

1.5 – O Plano Nacional de Habitação

O PLANHAB foi criado no ano de 2009. É um importante elemento utilizado para engrenar a nova política habitacional no Brasil, sendo que busca alternativas para solucionar o problema do déficit de moradias, tendo como principal meta: “[...] promover as condições de acesso à moradia digna – urbanizada e integrada à cidade – a todos os segmentos da população, em especial para a população de baixa renda” (BRASIL, 2009, p.12). Dentre uma das estratégias do PLANHAB está a produção de Habitação Social em áreas centrais e consolidadas.

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“Além de garantir uma necessária mistura de usos e classes sociais, aspecto relevante para impedir que as cidades brasileiras se transformem em glebas segregadas, a localização da habitação em áreas providas ou próximas às regiões concentradoras de empregos é estratégico para garantir as condições de mobilidade, um dos maiores problemas urbanos contemporâneos, que se manifesta como crítico no período recente no Brasil.” (BRASIL, 2009, p. 133).

1.6 – A produção de Habitação Social em áreas consolidadas

Dados demográficos das regiões metropolitanas do país mostram que áreas centrais e já consolidadas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte vêm apresentando, de forma crescente, índices negativos de crescimento populacional, o que difere das periferias que são mais abrangentes e estão cada vez mais densas e populosas. Nas regiões centrais, tem se acentuado a existência de imóveis abandonados, vagos e subutilizados, que poderiam ser reaproveitados para a inserção de Habitação Social. Segundo o censo de 2010, existem cerca de 6,07 milhões de domicílios vagos no Brasil. Ao promover a reforma de parte desses imóveis centrais destinandoos a estas pessoas, a política pública cuida de incluir uma parcela desta população na cidade formal, levando-a a habitar uma região consolidada, provida de toda infra-estrutura e mais próxima de locais de trabalho. Com isso pretende-se também que exista uma diminuição da pressão pela expansão das fronteiras urbanas. Para as famílias que vão morar nas áreas mais centrais, essa mudança também é transformadora. Afinal, as famílias economizarão recursos no transporte, terão maior acesso a serviços (escolas, postos médicos, creches, etc.). E ganharão tempo para outras atividades, antes perdido nas longas viagens de ônibus até as periferias. (BRASIL, 2005, p.9)

O Projeto de Lei do PDE consolida as ZEIS como instrumento de planejamento urbano e habitacional no município. As ZEIS 3 se localizam prioritariamente nas áreas centrais da cidade, com o objetivo de recuperar áreas urbanas deterioradas e aproveitar terrenos e edificações não utilizadas ou subutilizadas para a construção de novos empreendimentos com HIS, HMP ou atividades não residenciais. Nesse contexto, foi criado o Programa Morar no Centro, que tem como objetivo a reforma e reabilitação de imóveis vazios na área central para que sejam utilizados como moradia, promovendo desta forma seu repovoamento. (BRASIL, 2005, p.67).

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As intervenções nas áreas centrais realizadas pelo PAR ainda estão em estágio inicial, no entanto, “se trata de um programa inovador, pois oferece uma forma diferenciada de acesso à moradia,” (Bonates, 2009, p.162). Em Porto Alegre, 4 edificações (309 unidades habitacionais) foram reabilitadas para HIS pelo PAR na região central da cidade. A importância da manutenção e da utilização de edificações antigas, sugerindo que áreas urbanas não fracassam por serem antigas, mas podem ficar velhas por terem fracassado como espaço urbano apropriado. (JACOBS, 2000, p.209)

Trazer Habitações Sociais para essas regiões centrais é uma forma de enfrentar o déficit habitacional, melhorar o problema da mobilidade, reduzindo distâncias e tempos de deslocamentos, trazendo um sentimento de pertencimento à cidade.

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CAPÍTULO II: Análise Urbana de São Paulo


2.1 – A metrópole que temos

Ao longo do século XX, São Paulo passou por um grande período de crescimento e expansão urbana, resultando grandes problemas relacionados a habitação. As áreas centrais foram se esvaziando e se degradando, deixando uma série de imóveis vazios e subutilizados e concentrando uma grande quantidade de cortiços. Houve uma mudança no perfil socioeconômico dos moradores, já que a partir dos anos 70, a população de alta renda se deslocou para as regiões da Faria Lima e Paulista (por conta da valorização imobiliária) e a população de baixa renda, “contribuindo” com o processo de crescimento exacerbado das áreas periféricas (pelo valor da terra), gerando uma grande mancha urbana em direção as áreas de proteção ambiental (fig. 06), várzeas de córregos, encostas de morros, áreas de risco e lugares sem grandes infraestruturas. A desigualdade urbana, funcional e social se aprofunda, gerando uma cidade partida e segregada. A mancha urbana se expande horizontalmente destruindo as áreas de proteção ambiental e gerando, por um lado, assentamentos precários distantes e carentes de infraestrutura, e, por outro, condomínios fechados de média e alta rendas, acessíveis apenas por meio de automóvel. [...] as áreas mais bem urbanizadas perderam população, enquanto as regiões mais distantes, as áreas de interesse ambiental e os municípios mais pobres da Região Metropolitana continuam com crescimento elevado. (BONDUKI, 2011)

Segundo dados de 2016 do PMH, a capital paulista tem um déficit habitacional de mais de 369 mil famílias. Outras 30 mil famílias recebem auxílio aluguel e aguardam as moradias definitivas. São Paulo é a metrópole com mais moradores vivendo em favelas no país (fig. 07), segundo dados do censo de 2010 divulgados pelo IBGE, a região metropolitana tem mais de 2 milhões de pessoas vivendo nestas áreas, o equivalente a 11% da população total. Morar nessas áreas afastadas, sem uma infraestrutura adequada, afeta negativamente a qualidade de vida dos moradores. A desigualdade territorial tem graves consequências para a mobilidade urbana. No distrito da República, existem mais de seiscentos empregos para cada cem moradores, índice que na Cidade Tiradentes, no extremo da Zona Leste, cai para oito. O deslocamento pendular dos bairros-dormitório para o centro expandido gera a superlotação do sistema viário e de transporte coletivo. Nessas viagens, há quem enfrente terríveis seis horas diárias em coletivos, perdendo,

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literalmente, um terço de sua vida útil no deslocamento. (BONDUKI, 2011)

FIGURA 06: Construções irregulares na Serra da Cantareira

FONTE: Estadão Conteúdo, 2008

FONTE: VC no G1, 2014

FIGURA 07: Heliópolis - a favela mais populosa de São Paulo, com mais de 120 mil pessoas

FONTE: Revista Exame, 2013

A implementação de programas habitacionais nas áreas centrais contribui para melhorar a qualidade de vida dos moradores, já que o acesso à cidade fica mais democratizado, havendo um desenvolvimento maior do comércio e dos usos noturnos, trazendo mais dinamização e movimentação à cidade. A produção de unidades de interesse social no centro teria o duplo papel: de criar alternativas viáveis para a população interessada em morar no centro e reverter o processo de abandono da área. As vantagens urbanísticas e econômicas da provisão habitacional no centro são evidentes: reduzir pressão sobre o sistema de transportes; otimizar a infra-estrutura e os equipamentos instalados; e evitar a expansão excessiva das cidades, especialmente sobre áreas de proteção ambiental. (SILVA, 2000, p.3)

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A Associação Viva o Centro, vem desde o início de 1990 mobilizando empresários e proprietários para requalificar os espaços públicos. Em 2000 foi implementada a OUC (Operação Urbana Centro), mas para introduzir uma proposta mais ampla de repovoamento da área central, em 2001 foi proposto o programa “Morar no Centro”, envolvendo os treze distritos mais centrais, sendo que um dos objetivos do empreendimento é a aproximação da residência com o local de trabalho. O PDE de 2014, reforçou essa diretriz de implementação de habitação no centro, com a ampliação das Zeis 3. Zeis 3 - Instrumento de política fundiária onde reserva ou destina de terras para HIS, [...] para inclusão e manutenção da habitação de interesse social nas áreas urbanas dotadas de infraestrutura, equipamentos sociais, áreas verdes e comércio, serviços e oportunidades de emprego. (SÃO PAULO, 2014, p.2)

Segundo o censo do IBGE de 2010, foram contabilizados 51.016 domicílios desocupados (fig. 09), entre particulares não ocupados, particulares não ocupados-vagos e os coletivos sem morador, na área central da cidade de São Paulo (que inclui os distritos de Sé, Bom Retiro, República, Santa Cecília, Consolação, Liberdade, Bela Vista, Cambuci) (fig. 08). Isto representa uma parcela de 7,85% do total de domicílios vagos do munícipio (que possui 96 distritos). FIGURA 08: Mapa do Município de São Paulo e Área Central

FONTE: Viva o Centro e Mapa Digital da Cidade de São Paulo Editado por: Jaqueline Siqueira

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FIGURA 09: Imóveis Notificados - Área Central de São Paulo

FONTE: Mapa Digital da Cidade de São Paulo Editado por: Jaqueline Siqueira

Movimentos em defesa do direito à moradia estimulam as ocupações de imóveis abandonados pela cidade. “Reafirmamos mais uma vez: as ocupações não são uma escolha, mas a única opção para milhares de famílias, diante da grave crise que assola o país e da falta de políticas públicas de habitação. [...] Enquanto morar for privilégio, ocupar é um direito.” (MTST apud REDE BRASIL ATUAL, 2018) Segundo o levantamento feito pela Secretaria Municipal da Habitação (fig. 10), 206 imóveis estão ocupados por sem-teto em toda a cidade de São Paulo. Essas ocupações têm sido feitas por movimentos populares, tanto para encontrar uma solução de moradia para as famílias ocupantes como para denunciar o problema habitacional e o abandono de edifícios públicos e privados no centro. A partir das ocupações, os movimentos têm tido a cooperação de assessorias técnicas para desenvolver projetos e têm buscado negociar com a Caixa e outros organismos alternativas de financiamento para reformar os prédios e garantir seus direitos de moradores (SILVA, 2000, p.20)

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FIGURA 10: Ocupações Irregulares em São Paulo

Fonte: Secretaria Municipal da Habitação (2018)

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Segundo Raquel Rolnik em entrevista ao Brasil de Fato, 2015 “As ocupações aparecem como uma alternativa. Evidentemente, a existência de edifícios vazios, subutilizados e terrenos vazios completam esse quadro”. No dia 01/05/2018, São Paulo passou por uma tragédia com o edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou após um incêndio deixando 6 vítimas. O edifício ficava na região do Largo do Paissandu, no centro, e era tombado como Patrimônio Histórico da cidade desde 1992. Cerca de 150 famílias ocupavam o prédio de forma irregular. O CAU de São Paulo criticou o “descaso do Poder Público” com a situação urbanística da capital paulista e da política habitacional da cidade, alertando ainda para a iminência de “novas tragédias” em função de construções completamente esquecidas espalhadas pela metrópole. Além dos imóveis desocupados no Centro, São Paulo ainda sofre com um problema antigo da cidade, que são os cortiços. Segundo o Habita Sampa, apenas nas subprefeituras da Sé e Mooca, foram cadastras 2.334 cortiços (fig. 11). Os cortiços são considerados assentamentos precários que se caracterizam como habitações coletivas precárias de aluguel, e que frequentemente apresentam instalações sanitárias compartilhadas entre vários cômodos, alta densidade de ocupação, circulação e infraestrutura precárias, acesso e uso comum dos espaços não edificados e altíssimos valores de aluguel por m² edificado. As maiores concentrações de cortiços se dão nas regiões centrais da cidade. (HABITASAMPA, 2018)

FIGURA 11: Cortiços cadastrados nas subprefeituras da Sé e Mooca

FONTE: Mapa Digital da Cidade de São Paulo Editado por: Jaqueline Siqueira

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A população de baixa renda busca o cortiço como uma forma de habitação, devido a sua localização em áreas centrais, havendo uma proximidade ao local de trabalho, fácil acesso ao transporte, lazer, serviços e infraestrutura, porém, paga-se um preço caro para ter acesso a esses serviços, já que enfrentam aglomerações de pessoas, condições insalubres e indignas de moradia. Reduzir as desigualdades também significa aproximar a habitação, incluindo a social, dos empregos e equipamentos, mediante duas ações estratégicas combinadas: levar a urbanização, a regularização fundiária, empregos e serviços para as áreas periféricas, que devem ser estruturadas e qualificadas do ponto de vista urbanístico, e estimular o uso residenciais, com incentivos e subsídios para as rendas mais baixas nas áreas que concentram os empregos - centro expandido e zona sudoeste. Dessa forma, podem-se reduzir a necessidade e o tempo de deslocamento, reduzindo a necessidade de uso do automóvel e meio de transporte motorizado. (BONDUKI, 2011)

2.2 – Baixada do Glicério A Baixada do Glicério foi uma região ocupada por chácaras e Vilas para locação e venda aos que chegavam (sendo imigrantes ou não), para trabalhar nas indústrias que se instalavam ao longo do Rio. Atualmente, abriga uma grande população de baixa renda, é caracterizado pela presença muito forte de cortiços, imóveis abandonados ou subutilizados, lotes vazios, um constante processo de degradação do patrimônio histórico e cultural e deterioração, que tem se intensificado, após a construção do Viaduto do Glicério (fig. 12), que foi construído em 1969, com 540 metros de extensão e que na época era a principal ligação da zona leste com o centro. Não é estranho observar a proximidade das áreas mais degradadas com o eixo de passagem da Ligação Leste-Oeste, comprovando que a via, desde a sua construção, modificou o espaço construído, promovendo um considerável desastre urbano para a região. (SOUZA, 2016, p.18)

FIGURA 12 – Viaduto do Glicério

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FONTE: Jaqueline Siqueira, 2017

2.3 – O entorno Por ser uma área Central (Zeis 3), o bairro possui infraestrutura (fig. 13, 14 e 15). A região é munida de comércios, serviços diversificados, usos institucionais, equipamentos públicos, acesso à cultura e lazer, fácil acesso ao transporte e proximidade com o local de trabalho. FIGURA 13 – Mapa de Uso do solo – entorno da área de intervenção

FONTE: Mapa Gegran - GeoSampa Editado por: Jaqueline Siqueira

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FIGURA 14 – Baixada do Glicério: Demarcação do terreno de Intervenção e referências do entorno

FONTE: Foto Aérea - Google Earth 2017 Editado por: Jaqueline Siqueira

FIGURA 15 – Equipamentos públicos (AMA Sé, Posto de Atendimento Várzea do Carmo, Escola EMEI Duque de Caxias e CEI Quintal da Criança)

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Fonte: Jaqueline Siqueira, 2017.

2.4 – Os Cortiços A região possui vilas e casas, que são caracterizadas como ZEPEC (fig. 17), no entanto, essas residências em sua maioria, são utilizadas como cortiços (fig. 16) e estão em avançado estado de degradação, devido ao descaso dos proprietários e ao uso predatório do espaço. Dados da prefeitura de São Paulo mostram que na subprefeitura da Sé, onde fica a área de intervenção, existem cerca de 4.419 famílias vivendo nessas condições FIGURA 16 - Residências encortiçadas – Glicério

Fonte: Jaqueline Siqueira, 2017

36


FIGURA 17 – Zonas Especiais de Preservação Cultural e Cortiços

FONTE: Mapa Gegran - GeoSampa Editado por: Jaqueline Siqueira

2.5 – Lotes vazios e Subutilizados

A presença de comércio ilegal na região é visível, o que torna o lugar mais vulnerável, fazendo com que algumas famílias acabem por abandonar seus imóveis, deixando ambientes vazios e ociosos. Enquanto muitas famílias se aglomeram em pequenas habitações insalubres e moradores de rua dormem, “jogados” visivelmente “em cada esquina”, existem lotes totalmente vazios e subutilizados (fig. 18). A maior parte desses lotes são de responsabilidade da Prefeitura Municipal de São Paulo (Tabela 01), destinados aos órgãos que são responsáveis pela construção de habitação de Interesse Popular. Parece estranho perceber que em um lugar onde a terra tem um valor considerável e a população sofre com os limites da falta de espaço para habitação, cultura e lazer, sejam ainda encontrados lotes totalmente vazios, sendo utilizado apenas para o descarte irregular do lixo e o uso de entorpecentes por parte de alguns. (SOUZA, 2016, p.11)

37


TABELA 01 – Lotes Vazios

FONTE: Baixada do Glicério: um patrimônio encortiçado - SOUZA, 2016

Além de lotes vazios sendo utilizados para o comercio ilegal, como depósitos de lixo ou ferro velho, ainda existem grandes áreas sendo usadas apenas como estacionamentos. FIGURA 18 – Lotes Vazios e Estacionamentos

FONTE: Mapa Gegran - GeoSampa. Editado por: Jaqueline Siqueira

Dados da pesquisa feita por Souza (2016, p. 12) (Tabela 02) mostram que, “dos 23 estacionamentos verificados é possível identificar 15 com metragem superior a 500m², caracterizando-os como imóveis subutilizados”. 38


TABELA 02 – Estacionamentos

FONTE: Baixada do Glicério: um patrimônio encortiçado - SOUZA, 2016 A absolutização da propriedade, ou seja, o reconhecimento do direito de acesso se desvincula da condição e efetiva ocupação, e sua monetarização, o que significa que a terra passou a adquirir plenamente o estatuto de mercadoria. (Rolnik, 1997, p.23)

2.6 – Imigrantes entre os séculos XX e XXI O Glicério também é marcado por acolher uma grande leva de imigrantes. A igreja Nossa Senhora da Paz dispõe da “Missão Paz”, uma entidade que atende a população migrante no Glicério (fig. 19), e oferece serviços de documentação, assistência social, atendimento psicológico, de saúde e encaminhamento para cursos profissionalizantes. Muitos encontraram no Glicério, de imediato, um local de constante acolhimento e por ser uma área que possui equipamentos e infraestrutura, uma posterior possibilidade de emprego. Entre os principais grupos de imigrantes destacam-se: Os Italianos, na primeira década do século XX, os japoneses (1914-1918) e os sulcoreanos em 1963. A destruição causada pelo terremoto no Haiti em 2011, provocou uma saída em massa de jovens do país tornando o Brasil o terceiro país que mais recebeu imigrantes haitianos. (SOUZA, 2016, p. 9).

No início, a CDM atendeu na sua grande maioria migrantes internos (cerca de 95%), mas também atendia imigrantes e refugiados. Hoje 90% dos acolhidos são imigrantes e/ou solicitantes de refúgio (gráfico 02).

39


FIGURA 19 – Igreja Nossa Senhora da Paz e Centro de Estudos Migratórios

Fonte: Jaqueline Siqueira, 2017.

GRÁFICO 02 – Imigrantes atendidos em 2016

Fonte: Missão Paz, 2018.

No Glicério eles encontram um primeiro lugar de apoio e moradia. Porém, por estarem em estado de vulnerabilidade, acabam não tendo condições de irem para moradias dignas e acabam se instalando em cortiços, piorando a situação da região e consequentemente aumentando o déficit habitacional.

40


CAPÍTULO III: O Projeto


A segregação urbana é um dos grandes problemas enfrentados pela população de baixa renda, já que a maior parte dos programas habitacionais propõem moradias em áreas periféricas, afastados dos centros e da infraestrutura, causando grandes deslocamentos para a população. A produção de habitação social no Centro é relevante em diversos âmbitos, já que além de trazer qualidade de vida, ainda serve como uma solução para o problema do abandono das áreas centrais. A habitação no centro ajuda a diminuir o problema da mobilidade, já que se tem fácil acesso ao transporte público, ao trabalho e aos serviços. A mistura de usos traz dinamização às ruas, já que o centro passa a ter, além do uso diurno (pelas empresas e comércio), o uso noturno (gerado pelos moradores), diminuindo a sensação de insegurança por conta da presença urbana. A Baixada do Glicério é uma região localizada próxima às estações de metrô Liberdade e Sé. Como outras áreas centrais, o bairro possui toda a infraestrutura de um grande centro. O terreno de intervenção fica na Rua Glicério, onde existe uma escola, uma creche, dois postos de saúde, diversos comércios e serviços. Porém, existem vários problemas relacionados à habitação na região, quanto ao adensamento, além das habitações precárias. A inserção de habitação social nesta região seria uma alternativa para a população de baixa renda, que deseja morar em áreas centrais, mas por conta da valorização imobiliária, só encontram os cortiços como opção. 3.1 – Partido Arquitetônico O conceito inicial propôs uma implantação que levasse em consideração a integração do projeto com o entorno. Um projeto que democratiza a cidade, que se relaciona com a redondeza e qualifica os espaços públicos. FIGURA 20 – Diagramas O formato do terreno é triangular, então a primeira ideia foi tentar ocupar mais o terreno criando uma edificação mais horizontalizada e uma praça central. 43


A existência de uma praça em frente ao terreno e edificações vizinhas verticalizadas, fez com que eu optasse em verticalizar mais a edificação e abrisse em L para que houvesse uma integração com a praça existente.

Para que a edificação não ficasse retilínea e sem movimento, foi demarcada algumas áreas para serem retiradas.

Com a retirada das áreas demarcadas a edificação ganhou um certo movimento das fachadas, um acesso que corta a edificação facilitando a transposição e uma marquise.

O projeto final se solta do térreo com um pavimento de área de lazer, as habitações ganharam guarda corpo com gradil metálico, gerando transparência e painéis de correr como venezianas para proteção solar, trazendo uma identidade própria a edificação FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018.

O projeto busca uma unidade, a quadra é permeável (fig. 20), com áreas comerciais, espaços de estar, de encontros e convívio social (fig. 21), focando 44


nos valores qualitativos dessa ocupação e trazendo uma integração com o entorno. FIGURA 21 – Permeabilidade da quadra – Planta e croqui esquemáticos

FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018.

FIGURA 22 – Permeabilidade da quadra – Perspectiva

FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018.

45


Na Rua Glicério as edificações são predominantemente altas e causam sombras no terreno escolhido (fig. 22). Já na Av. Prefeito Passos, o gabarito é mais baixo e existe uma grande praça em frente ao terreno, que encontra-se abandonada, porém, possui vegetações significantes para a região. FIGURA 23 – Estudo de Insolação (Inverno 15:00h) – (Verão 15:00h)

FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018

O formato do terreno também influenciou a implantação. Possuindo formato triangular e recuos obrigatórios, se definiu um edifício mais compacto e verticalizado, com taxa de ocupação de 41%. Como o terreno não possui gabarito de altura máxima, foi possível atingir o coeficiente de aproveitamento máximo de 4, que resultou em 5.365 m² de área computável, com 14 pavimentos. O projeto tem formato de L, a escada e elevadores ficam no encontro desse L e formam um núcleo rígido, trazendo estabilidade à edificação. No primeiro pavimento, foi pensada uma grande área de lazer e estar para os moradores. Os pilares são circulares e possuem fechamentos transparentes, que são recuados com relação ao limite da edificação, trazendo leveza ao edifício. As circulações e aberturas das áreas de serviço, estão voltadas para a rua Glicério, pois o gabarito é mais alto e gera sombra nessas regiões. As aberturas dos quartos e sala de estar estão voltados para a fachada leste por conta da ventilação e iluminação, e possuem vista para a praça existente. Levando em consideração os diferentes perfis das famílias, foram estabelecidos 3 tipos de tipologias (fig. 23): com um, dois e três dormitórios. Todas as tipologias possuem varandas integradas às áreas de estar, que são 46


mais recuadas, proporcionando maior qualidade espacial para as unidades e trazendo uma movimentação e identidade visual ao edifício. FIGURA 24 – Volumetria das Tipologias

FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018

47


3.2 – Programa e Quadro de Áreas

Para a criação do programa, foi usado o projeto de 3º Lugar no concurso CODHAB-DF para edifícios de uso misto em Santa Maria/DF, desenvolvida por AGA – Alexandre Gonçalves Arquitetura. A proposta utiliza o máximo potencial construtivo, que resulta em 4.800 m² de área computável. Resultando em 8 pavimentos tipo, com um total de 64 UH, e térreo com 8 unidades comerciais e portaria com hall de acesso às residências. FIGURA 25 – Projeto Setorizado (3º Lugar no concurso CODHAB-DF)

48


FONTE: archdaily.com.br, 2018. Editado por: Jaqueline Siqueira

TABELA 03 – Quadro de Áreas (3º Lugar no concurso CODHAB-DF)

Habitação

Serviços

Comercial

Lazer

Circulação

AMBIENTES Tipologia 1 (2 dormitórios) Tipologia 2 (2 dormitórios) SUBTOTAL Guarita Hall Administração condomínio Resíduos Sólidos D.M Bicicletário SUBTOTAL Lojas Central das Lojas SUBTOTAL Área de Convívio SUBTOTAL Circulação Vertical Circulação Horizontal SUBTOTAL TOTAL

% 53% 47% 79%

3%

8% 2%

7% 100%

FONTE: archdaily.com.br, 2018. Editado por: Jaqueline Siqueira, 2018.

49


O projeto possui térreo mais 14 pavimentos. As 7 unidades comerciais ficam no térreo, se dividindo em duas unidades: A (mais compacta com duas aberturas) e B (mais longa com apenas uma abertura). No primeiro pavimento,

uma grande área de lazer e estar para os

moradores. O edifício conta com 65 unidades habitacionais, distribuídas em 13 pavimentos. Possui 3 tipologias: Tipologia A (2 dormitórios) - 39 unidades, tipologia B (3 dormitórios) - 13 unidades e tipologia C (1 dormitório) - 13 unidades. As tipologias consideram a acessibilidade universal, dessa forma, facilmente poderão ser adaptadas às necessidades de PNE. FIGURA 26 – Projeto setorizado

50


FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018

TABELA 04 – Quadro de Áreas AMBIENTES Tipologia A (2 dormitórios) Habitação Tipologia B (3 dormitórios) Tipologia C (1 dormitório) SUBTOTAL Hall Serviços Depósito de Lixo Medidores SUBTOTAL Unidade Comercial A Comercial Unidade Comercial B Unidade Comercial C SUBTOTAL Lazer Lazer Coberto SUBTOTAL Circulação Vertical Circulação Circulação Horizontal SUBTOTAL TOTAL

QT ÁREA UN. ÁREA TOTAL 39 49,38 1.925,82 13 66,74 867,62 13 31,34 407,42 3.200,86 24,92 10,46 10,46 45,84 2 41,18 82,36 1 64,12 64,12 3 58,6 175,80 322,28 355,42 355,42 371,70 1.050,53 1.422,23 5.346,63

% 60% 27% 13% 60% 54% 23% 23% 1% 26% 20% 55% 6% 7%

27% 100%

FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018

51


3.3 – Memorial Descritivo Por se tratar de um edifício de habitação social de baixo custo, os sistemas construtivos adotados seguem padrões de economia de recursos, sem prejuízo à qualidade do empreendimento. A estrutura é de concreto moldado in loco, pelo fato de ser econômico e não exigir uma mão de obra muito especializada. A modulação estrutural é de 6m por 4,06m (fig. 26). As vigas possuem 45 cm e as lajes são maciças de 15 cm. FIGURA 27 – 3D Estrutural

FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018

As janelas dos quartos a caixilho de alumínio com folhas de correr e bandeiras inferiores fixas. As salas de estar possuem varandas com portas de correr, já as janelas das áreas de serviço (cozinha, lavanderia e banheiro) possuem alinhamento de caixilhos. O projeto foi cuidadosamente pensado com base em estudos de insolação e ventilação. Ao criar aberturas em dois lados nas tipologias, a ventilação 52


cruzada é potencializada em todas as unidades (fig. 27), garantindo conforto térmico para os habitantes. Para o controle solar nos dormitórios, os painéis de alumínio de veneziana, correm nas fachadas, se movimentando para controlar a entrada de luz e as salas de estar possuem varandas que funcionam como elementos de controle solar. A caixa d’água superior, mantem-se enclausurada sobre a escada, aproveitando a estrutura. Na cobertura foram instaladas telhas metálicas e sistema de captação de águas pluviais para reuso em irrigação e vasos sanitários. Sob as telhas, placas solares para o aquecimento de água, contribuindo para a eficiência energética. FIGURA 28 – Seção Construtiva

FONTE: Jaqueline Siqueira, 2018

53


CONCLUSÃO


CONCLUSÃO

Ao demonstrar que a falta de habitação é um dos maiores problemas sociais contemporâneos, a intenção deste projeto foi enfatizar a importância de se construir habitação social de qualidade, inserida nos centros e não desconectada da cidade. A Habitação social no centro não acaba com todos os problemas, mas mostra que é possível propor algo melhor, rever os critérios e definir prioridades, pensando no problema social e não apenas no financeiro. O projeto busca uma unidade, levando em consideração o contexto urbano para que haja além da integração, uma requalificação do espaço, a fim de trazer movimentação e vida para a região. Traz uma arquitetura de qualidade, com tipologias projetadas levando em consideração os diferentes perfis das famílias. Contribui em diversos âmbitos, pois a população faria utilização dos recursos públicos, já que os equipamentos existentes não são utilizados (em sua totalidade) por conta do esvaziamento dessas regiões. Traria qualidade de vida, já que haveria uma aproximação da população com o trabalho, serviços, equipamentos culturais e áreas de lazer, ajudando a solucionar os problemas relacionados à mobilidade.

57


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Estatísticas

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62


PRANCHAS DO PROJETO


CA

NA

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06

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IMPLANTAÇÃO ESCALA 1:2500

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LEGENDA: 01 - AMA SÉ 02 - COMUNIDADE NOVO GLICÉRIO 03 - CEI QUINTAL DA CRIANÇA

04 - CENTRO DE ESTUDOS MIGRATÓRIOS 05 - E.M.E.I. DUQUE DE CAXIAS 06 - HOSPITAL SANCTA MAGGIORE

07 - POSTO DE ATEN. VÁRZEA DO CARMO 08 - INSS


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26

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1

ESCALA 1:250

N

2

3

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A

PLANTA TÉRREO

B

A

3

B

6

726

LEGENDA: 01 - ESCADA PROTEGIDA 02 - DEPÓSITO DE LIXO 03 - MEDIDORES

04 - HALL 05 - UNIDADE COMERCIAL A 06 - UNIDADE COMERCIAL B

07 - UNIDADE COMERCIAL C 08 - PRAÇA


PRAÇA MINISTRO FRANCISCO SÁ CARNEIRO

2

1

26

○7

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C

A

2

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1

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2

ESCALA 1:250

3

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A

PLANTA 1º PAVIMENTO

6

N

LEGENDA: 01 - ESCADA PROTEGIDA 02 - DEPÓSITO DE LIXO 03 - SALÃO DE FESTAS

04 - SANITÁRIOS PNE 05 - ACADEMIA 06 - BRINQUEDOTECA

07 - LAZER DESCOBERTO 08 - ÁREA DE CONVÍVIO


PRAÇA MINISTRO FRANCISCO SÁ CARNEIRO

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26

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25

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A

PLANTA PAVIMENTO TIPO ESCALA 1:250

4,06

02

B

A

3

B

6

04

N

LEGENDA: 01 - ESCADA PROTEGIDA 02 - DEPÓSITO DE LIXO 03 - PASSARELA DE CIRCULAÇÃO

04 - TIPOLOGIA A 05 - TIPOLOGIA B 06 - TIPOLOGIA C


PRAÇA MINISTRO FRANCISCO SÁ CARNEIRO C

A

2

26 ○7

25

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C

A

PLANTA DE COBERTURA ESCALA 1:250

02

N

LEGENDA: 01 - RESERVATÓRIO DE ÁGUA 02 - TELHA METÁLICA

03 - CALHA 04 - PAINEL SOLAR + BOILER


1

2

6

3

3

4,06

A

B

TIPOLOGIA A (A= 49,38m²) ESCALA 1:75 1

2

6

3

3

4,06

A

B

TIPOLOGIA A (ADAPTADA) ESCALA 1:75

0,8

Área de Manobra 360º 1,5

Área de Manobra 180º 1,2

1,2

Modulo de Referência

1,5

1,5


1

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A

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TIPOLOGIA B (A= 66,74m²) ESCALA 1:75 1

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3

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4,06

A

B

TIPOLOGIA B (ADAPTADA) ESCALA 1:75

0,8

Área de Manobra 360º 1,5

Área de Manobra 180º 1,2

1,2

Modulo de Referência

1,5

1,5


1

2

6

4,06

A

B

TIPOLOGIA C (A= 31,34m²) ESCALA 1:75 1

2

6

4,06

A

B

TIPOLOGIA C (ADAPTADA) ESCALA 1:75

0,8

Área de Manobra 360º 1,5

Área de Manobra 180º 1,2

1,2

Modulo de Referência

1,5

1,5


44,25 41,30 38,35 35,40 32,45 29,50 26,55 23,60 20,65 17,70 14,75 11,80 8,85 5,90 2,95 0,00

CORTE AA ESCALA 1:250


44,25 41,30 38,35 35,40 32,45 29,50 26,55 23,60 20,65 17,70 14,75 11,80 8,85 5,90 2,95 0,00

CORTE BB ESCALA 1:250


44,25 41,30 38,35 35,40 32,45 29,50 26,55 23,60 20,65 17,70 14,75 11,80 8,85 5,90 2,95 0,00

CORTE CC ESCALA 1:250


ELEVAÇÃO 1 ESCALA 1:250


ELEVAÇÃO 2 ESCALA 1:250


ELEVAÇÃO 3 ESCALA 1:250






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