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INTRODUÇÃO
O papel da universidade na sociedade é fundamental para a constante evolução da comunidade como um todo, formando profissionais que entendam o bem comum e contribuam para a solução de problemas e conflitos de toda natureza. Para Anísio Teixeira, “São as universidades que fazem, hoje, com efeito, a vida marchar. Nada as substitui. Nada as dispensam. Nenhuma instituição é tão assombrosamente útil” (TEIXEIRA, 1988).
Partindo desse princípio, devemos também lançar o olhar para a sociedade e estrutura que envolve o ambiente acadêmico. Muito se discute sobre a grade curricular e boa qualidade de prédios e estruturas para a formação do indivíduo quanto profissional, por outro lado, questões ligadas ao bem-estar e suporte a formação do mesmo são tidas como elementos secundários.
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Se nos últimos anos houve avanço nos programas de ingresso ao ensino superior privado, aqui podemos citar as iniciativas como Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e Programa Universidade Para Todos (PROUNI), que alteraram o cenário até então elitista dominante e possibilitaram o acesso de grupos com menos poder aquisitivo e muitas vezes a margem da sociedade de estar no ambiente acadêmico, os programas de auxílio para a permanência destes indivíduos não acompanharam tal avanço. Esse cenário fez e faz com que uma parcela dos estudantes de instituições privadas desista da graduação em decorrência de fatores como mensalidade, alimentação, transporte, moradia que se somam muitas vezes a rotina de trabalho e estudo.
Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) no ano de 2020, a evasão em universidades privadas cresceu em 31%, os fatores apontados para este crescimento é o conjunto de perda de renda somados aos custos que envolvem uma formação privada.
Entendendo que um aspecto como moradia é de primeira grandeza nas preocupações de tais estudantes, que muitas vezes não residem próximos ou no mesmo município das universidades, o sistema de apoio oferecido pela moradia estudantil de baixo custo se torna essencial para a retenção desses discentes. Se enquadrando, assim como os programas de ingresso citados anteriormente, instrumento de uma transformação social.
Dentre as tipologias de moradia existentes reservadas a estudantes, podemos apontar, segundo a Secretaria Nacional da Casa de Estudante - SENCE, três tipos básicos: alojamento estudantil; casa de estudantes e república estudantil.
• Denomina-se alojamento estudantil a moradia de propriedade da instituição de ensino superior, e /ou secundaristas públicas que com estas mantenham vínculo gerencial administrativo; • Casa de estudante é a moradia estudantil administrada de forma autônoma, segundo estatutos de associação civil com personalidade jurídica própria, sem vínculos com a administração de instituição de ensino superior ou secundarista; • República estudantil é o imóvel locado coletivamente para fins de moradia estudantil (SENCE, 2006)
Nesse estudo vamos nos ater a tipologia de casa do estudante, apresentada acima, por se tratar de uma moradia desvinculada de administração pública ou de instituições de ensino, o que se enquadraria em soluções já ofertadas por universidades e que não atendem o montante que necessita da mesma, e, também não ser de inteira responsabilidade do estudante como uma república estudantil, que dentre outros aspectos exigem do morador custos e garantias que acabam se somando as dificuldades da graduação particular.
Por isso, o termo escolhido, casa do estudante, se torna um tipo de habitação que possibilita o subsídio de baixo custo ao estudante, sem vínculos com imobiliárias locais ou com proprietários, tornando o acesso mais democrático com relação a burocracias e mais inclusivo se levarmos em conta os cenários socioeconômicos.
Essa problemática, embora atual, não é novidade dos nossos tempos, já que num breve olhar sobre a história, percebemos que a relação entre a busca por ensino e conhecimento se correlaciona também com o deslocamento e assim com a necessidade moradia.