PAU BRASIL

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ARQUITETURA E CULTURA 1


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jean labanca + arquitetos 5


COLABORADORES

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CAROL

Dizem que é japonesa, tem o olho puxado, mas não fala Japonês. Quando Deus a criou, misturou indecisão em todos os ingredientes. Dieta a base de batata frita e comida Japonesa. Ama ler, escrever e viajar (em todos os sentidos!). Ainda não aprendeu a definição da palavra: Fofo.

GISELE

Mulher Maravilha das persianas. Ficou famosa após participar de senhor dos anéis. Vivendo na tênue linha entre a persiana e a janela. Loira exuberante com seus sapatos do Michael Jackson. Dona de um coração que não cabe no peito. Voce é Desleal? A Gisele Leal!

HANNAN

“Que Hannan?” “A Hannan Kara, Ali!!” Se tornou rica, fechando a mão. Hannanbaba e os 40 ladrões. Diretamente dos emirados árabes, todo momento com ela é uma explosão. Bonita por dentro e por fora. Seriado preferido dela: Lost.

JEAN

Conhecido como Jan, Jean-Pedro ou Muzambinho. Sofre de graves sintomas de criatividade. Em seu tempo livre, desfila pelas passarelas do mundo. #Jeanfashionweek

LAÍS

Dona de Maceió, desfila em Maragogi com sua Amarok e seu fiel escudeiro Antônio, the cat, escoltada por seus drones. Rainha do aperreio. Cozinheira de mão cheia, responsável pela alimentação do grupo. Não seja doce com ela, se não ela come.

LUIGI

LuiBear, estilo rústico, homem das cavernas. Divide seu tempo entre batucar na bateria da Ba, cortar árvores na floresta e descansar em seu quarto xadrez. Antes de Luigi, o Saara era uma floresta.

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WWW.REVISTAPAUBRASIL.COM.BR

Conselho editorial Caroline Tiemi, Gisele Leal, Hannan Kara Ali, Jean Labanca, Laís Ramos, Luigi Piorelli Editor Jean Labanca Diretora Executiva Caroline Tiemi Projeto Gisele Leal Arte Luigi Piorelli Propaganda Laís Ramos Redator Hannan Kara Ali 6 | PAU BRASIL |

Agradecimentos Pedro Khalil, Erick Coutinho, Nathan Martins, João Souza, Guilherme Lopes. Agradecimentos Epeciais Aline Nasralla, em virtude da oportunidade da criação da revista. Movimento Tropicália, por ter guiado todo o pensamento da revista.


´ SUMARIO

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São Paulo

Fundação Oscar Americano Ensaio Fotográfico

10

Biblioteca Brasiliana Ensaio Fotográfico

26 32

Rio de Janeiro

14

Ensaio Fotográfico

46 50

Cidade das Artes Ensaio Fotográfico

62 67

Instituto Moreira Salles

62

Cidade do México

Museu Nacional de Antropoligia Ensaio Fotográfico

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Centro Cultural Roberto Cantoral Ensaio Fotográfico

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A brasilidade natural, O foco no edital. A representação ideal, De um país tão plural.

A diversidade em construção, A nação, saída do papel. Vivida em concreto Viga, pilar e laje. Em uma construção pura, Na alma de um arquiteto Que o Brasil viu, e sorriu, Para a vida, um teto. Que cada palavra seja, Um berço para despertar. A arquitetura e o teu olhar Pelo Brasil a viajar... João Pedro Britto

P rojetos de A rquitetura e U rbanismo do BRASIL

Esta é uma revista com a Cara do Brasil, miscigenada como a nação, visando a valorização da nossa cultura, a fim de mostrar que o nosso berço, tem sim muitos projetos arquitetônicos gloriáveis. Salve todos os povos em uma só palavra:

Brasil! 8 | PAU BRASIL |

CROQUI das folhas e flores do pau brasil POR IGOR AZEVEDO


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~ Oscar Americano FundaCAo S

Oscar Americano, além de implementações urbanísticas com obras viárias, proporcionou ao bairro Morumbi um refúgio de Mata Atlântica em meio ao caos de São Paulo. >Hannan Kara Ali

Arquiteto: Oswaldo Bratke (1907-1997) Ano do projeto: 1950-1953

[ >Fachada da Fundação Oscar Americano (ArchDaily)

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Hoje localizado no tranquilo e arborizado bairro residencial, o Paineiras do Morumbi já foi bem diferente. Situado no topo de colinas que integram a porção sudoeste do vale do Rio Pinheiros, a região era coberta pela Mata Atlântica. No período colonial, a área começou a ser desmatada para atividade agrícola com a criação de grandes propriedades - caso da Fazenda Morumbi. O bairro nasceu pelos esforços de Oswaldo Bratke e Oscar Americano, um engenheiro e empresário brasileiro dono da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO), empreiteira que, antigamente, integrava o Grupo Odebrecht. Os dois eram amigos desde o tempo em que estudavam na Faculdade de

Localização: Av. Morumbi, 4077 Morumbi, São Paulo - SP, Brasil

Engenharia Mackenzie. Bratke idealizou o plano urbano inspirando-se no modelo dos bairros-jardins, difundidos em São Paulo desde a década de 1910 pela Companhia City, prevendo amplos terrenos apenas para a construção de casas e áreas verdes. Americano coordenou a implementação das obras viárias. Entre 1940-50 foi feito o reflorestamento do terreno da casa. Oscar contratou Otávio Teixeira Mendes que era a paisagista do Ibirapuera para projetar e implantar o parque da residência, onde plantou mais de 25.000 mudas da mata atlântica para reflorestar esse terreno. O contrato estabelecia que seus serviços fossem pagos “por árvore de qualidade, plantada e vingada”.


A vegetação original existente era constituída, sobretudo por pinheiros e eucaliptos. Foi, então, implantado um rico e diversificado parque onde estão presentes as principais árvores da Mata Atlântica, como exemplares de jacarandás, sibipirunas, angicos, paus-ferro, paus-brasil e muitos outros: um retrato vivo e condensado da extensa riqueza natural do Brasil.

Em 1950, o arquiteto Oswaldo Arthur Bratke foi convidado pelo amigo Oscar Americano para construir a residência da família. A obra foi edificada no bairro do Morumbi em uma área total de 75.000 m², onde a residência ocupa a área de 1500m². Bratke, que presidiu o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/SP) em duas gestões, de 1951 a 1954, e projetou diversas residências na cidade de São Paulo. Para o projeto da casa de Oscar e sua esposa Maria Luisa, projetou uma casa marcada por uma volumetria que não contrastasse com a natureza e se adaptasse ao perfil natural do terreno, a escolha pela horizontalidade teve como intenção que a família usufruísse da vegetação e dos jardins, além de oferecer eixos visuais da vegetação. O recuo frontal, que avança sem apoio, traz a sensação de leveza, que contrasta com a rigidez de seu desenho geométrico. A modulação estrutural se dá em pilares, vigas e lajes de concreto armado que permitem um jogo de recuos, avanços, aberturas e vazios, criando um contraste entre a rigidez modular e ordem estrutural e dão liberdade volumétrica e espacial e exalta a presença da casa em meio à natureza, e deixa que ela se misture aos seus espaços.

No lado externo, o mosaico do piso que cobre o pavimento inferior da residência, denominado “Foz do Amazonas” é de Lívio Abramo, artista pioneiro da gravura moderna brasileira. O mural cerâmico do Pavilhão de Lazer é de Karl Plattner, pintor e desenhista italiano que trabalhou no Brasil entre 1952 e 1955. A escultura de bronze, nas imediações da área de lazer, é do artista Emanuel Manasse. As paredes são de tijolos maciços aparentes, possuem esquadrias de madeira e panos de vidro. A residência segue o estilo modernista, possuindo racionalismo, formas geométricas definidas e ausência de elementos meramente ornamentados, já que a própria obra é um ornamento na paisagem. A setorização é claramente demarcada na obra, dividida em três partes básicas: a área íntima e a de serviços nas extremidades, e a área social. O projeto segue um extenso programa, com cinco quartos, salas de recreação e de projeção, etc., sendo que o programa principal está distribuído no segundo piso, deixando o inferior para lazer e serviços.

>Moisaco do piso de Lívio Abramo.

>Oswaldo Arthur Bratke, arquiteto que ficou conhecido por suas obras modernistas. (Archdaily)

>Planta antigas dos pavimentos: superior e inferior (Archdaily)

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>O mobiliário da antiga residência (Fundação Maria Luiza e Oscar Oscar Americano)

>Vista do pátio com o espelho d’agua e corredor. (Fundação Maria Luiza e Oscar Americano)

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A fachada principal é dívida em oito módulos. O primeiro, à esquerda, é ocupado pela sala de vestir do dormitório principal, recuada em relação à estrutura modular, criando uma varanda. Suas paredes externas são de tijolos maciços aparentes. O segundo módulo é o dormitório em si, alinhado à estrutura. É frontalmente fechado por uma grande janela guilhotina de madeira pintadas de branco, fica dentro da parede – embutida, tem três folhas (a veneziana, a tela e o vidro) e pode ser fechada completamente ou aberta chamando muita atenção pela sua beleza estética na fachada e lateralmente por paredes cegas, originalmente revestidas de pastilhas, mas que posteriormente foram substituídas por mármore. Os seguintes três módulos formam um alpendre aberto de mesma largura que a varanda da sala de vestir, e separa o exterior da casa do pátio que avança sobre seu interior. O alpendre avança sobre os demais três módulos, mas já sem a presença do pátio, tornando-se a varanda do escritório, que se abre completamente sob um pano de vidro. O acesso principal à residência se dá por meio de uma escada paralela, não frontal, e despregada do alinhamento da fachada. A partir dela um corredor transversal, que ocupa a metade do sexto módulo da fachada, avança pelo edifício, lateralmente ao pátio. Termina numa parede de tijolos maciços espaçados, atuando como cobogós. O escritório, desse modo, ocupa um módulo e meio da fachada. No último módulo está a cozinha, porém suas aberturas estão na fachada lateral. Este módulo é, assim, completamente fechado por paredes revestidas de pastilhas.

O pátio, além de aberto zenitalmente, aproveita o desnível do terreno e permeia todo o nível inferior do edifício, chegando até a fachada posterior. Neste nível, estão as áreas de convivência íntima, salão de jogos e áreas de serviço, sempre recuados em relação ao volume superior.

O pátio, além de aberto zenitalmente, aproveita o desnível do terreno e permeia todo o nível inferior do edifício, chegando até a fachada posterior. Neste nível, estão as áreas de convivência íntima, salão de jogos e áreas de serviço, sempre recuados em relação ao volume superior. A leveza é outra característica fundamental do projeto. Ao passo que nas fachadas laterais e posterior esse aspecto é facilmente alcançado por meio dos balanços do nível principal e pela presença do pátio interno, na fachada principal ele é insinuado por uma discreta elevação do piso em relação ao terreno natural, deixando que somente os pilares o toquem. O projeto de interiores conseguiu desenvolver uma linguagem condizente e integrada entre o espaço interior e a casca arquitetônica através da criação de um mobiliário exclusivo que enfatizava um ponto forte do projeto, que é a criação dos visuais através das transparências e fluidez. Assim como no projeto arquitetônico, as linhas retas e a horizontalidade predominam também no projeto da mobília.

Seus interiores foram mobiliados com peças da loja Branco &Preto, que era constituída por um grupo de arquitetos formados pela Faculdade de Arquitetura Mackenzie: Miguel Forte, Jacob Ruchti, Plínio Croce, Roberto Aflalo e Carlos Millan, além do chinês I Chen Hwa (formado na Pensilvânia). O design do mobiliário da loja prescrevia como material-chave madeiras como jacarandá-da-bahia, caviúna, cabreúva ou pau-marfim, a utilização de estofamento com os desenhos de estamparia criados pelo grupo, além de materiais como mármore, vidro e ferro. A Branco & Preto utilizou nesse projeto peças do seu catálogo que eram produzidas em série, mas algumas delas foram desenvolvidas exclusivamente para essa casa. Os quartos possuíam peças que se encaixavam perfeitamente com as dimensões da arquitetura. Infelizmente o mobiliário original da loja Branco & Preto não se encontra exposto na residência.


A topografia e os eixos visuais foram considerados como elementos do partido arquitetônico do renomado Bratke e do engenheiro-arquiteto formado na Escola de Engenharia Mackenzie. Teve uma forte produção residencial no estado de São Paulo, como a casa da sua família no Morumbi e a Residência Oscar Americano, todas projetadas e construídas com a leveza dos seus traços, seguindo um partido mais ortogonal modular. Ao lado de Oscar Americano, inicia a urbanização do bairro do Morumbi. É nesse momento em que constrói a própria residência e, em seguida, a residência Oscar Americano com o mesmo partido em que construiu sua residência, mas em proporções maiores. Oswaldo Bratke construiu também importantes obras de maior porte, como o Edifício Renata Sampaio Ferreira, em São Paulo (1956), as Termas de Lindóia, concluídas em 1959, e a Estação Ferroviária de Ribeirão Preto, de 1965. De porte muito maior, está a Vila Serra do Navio, uma vila operária construída no Amapá em 1961 para a empresa de mineração ICOMI. Além das obras de arquitetura, realizou uma série de mobiliários, como a cadeira Oswaldo Bratke. Para a Vila Serra do Navio, por exemplo, o arquiteto concebeu grande parte dos móveis e luminárias.

Maria Luisa faleceu em 27 de abril de 1972 e, após dois anos, Oscar Americano instituiu a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, em homenagem à extraordinária companheira e devotada esposa que o inspirou em todos os momentos de sua vida, doando à cidade de São Paulo, além da casa em que viveram com os filhos durante 20 anos, a coleção de obras de arte e extenso parque, totalizando 75 mil metros quadrados. Recebe diariamente estudantes e apreciadores de arte e se tornou uma referência da arquitetura residencial moderna paulistana. Foi construída uma estrutura metálica na lateral da residência, que pode ser montada para receber eventos como formaturas e casamentos, cujo valor arrecadado é convertido para a manutenção da edificação e o pagamento dos

funcionários. E foram feitas algumas reformas e adaptações para receber as exposições e visitação do acervo, modificando bastante o que era a planta original moderna. O escritório foi o único lugar da residência que não sofreu a reforma, ele foi construído em 1965 pelo Liceu de Artes e Ofício e tombada pelo CONPRESP desde 2004. Onde foi construído o Pavilhão de Lazer no lado externo da casa que ficava entre a piscina e a quadra de tênis que não existem mais, hoje é apenas gramado e o pavilhão está desativado atualmente >Exposição com peças do período colonial e imperial. (Arquivo de Jornal d’aqui digital).

A residência expõe obras de arte. É possível ver peças do período colonial, imperial e de artistas do século XX, como Portinari, Di Cavalcanti, Brecheret e Lasar Segall. As peças da exposição são compostas por pinturas, pratarias, mobiliários e outros objetos de época que faziam parte do acervo da família. Seus interiores são ocupados por móveis que fazem parte desse acervo. Muitos dos móveis que se encontram na casa eram da fazenda de Oscar Americano, que se localizava onde hoje é o atual Parque do Carmo (área doada por Oscar Americano para a criação do parque). Onde antigamente era o salão de jogos, hoje abriga um Salão de Chá, atração da Fundação na cidade pelo seu famoso brunch aos domingos e serve que as infusões em si, quitutes como a torta de palmito acompanhada de salada e uma fatia de bolo do dia em meio à vegetação de rodeia a casa. Há, também, um auditório onde são realizados vários eventos culturais como concertos, cursos e palestras sobre arte, cinema, literatura, história da arte e paisagismo.

>Estudo de mobiliários para a Vila Serra do Navio. (Archdaily)

>O Salão de Chá onde é possível apreciar um delicioso brunch. (Arquivo do site da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano)

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Biblioteca Brasiliana A biblioteca Brasiliana abriga gestos gloriosos, como a doação das obras que levaram a construção de um monumental edifício, do qual prova que locais públicos podem e devem ter qualidade projetual. >Jean Labanca

Arquitetos - Eduardo de Almeida, Mindlin Loeb + Dotto Arquitetos Ano do projeto - 2013 Área - 21950.0 m2

[ >Fachada Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, USP SP - Brasil (Archdaily)

> José Mindlin diante de sua vasta coleção de obras.(oglobo) 26 | PAU BRASIL |

José Mindlin, o doador da coleção que levou a contrução da Biblioteca começou sua coleção de livros muito novo. Quando tinha apenas 13 anos de idade comprou o seu primeiro em virtude de sua antiguidade, uma edição portuguesa de 1740 do “Discurso sobre a História Universal” de Bossuet. E daí por diante começou a receber exemplares de cunho histórico brasileiro de seus familiares, a começar por seu pai que lhe concedeu os seis volumes da “História do Brasil” de Robert Southey, 1862 seguido por sua tia com “História do Brasil por Frei Vicente do Salvador, com notas por Capistrano de Abreu”,1918. Os livros fizeram Mindlin reunir obras com a temática Brasileira que tomou uma grande proporção

Localização - Biblioteca Brasiliana, Cidade Universitária, USP, São Paulo - SP Brasil

chegando a quase 33 mil títulos.


O material sobre a nação, doado em 2006, é um importante objeto de estudo pelos brasileiros para a compreensão da cultura e história do país. O conjunto é constituído por obras de literatura, de história, relatos de viajantes, manuscritos históricos e literários, documentos, periódicos, mapas, livros científicos e didáticos, iconografia e livros de artistas. Vários elementos que dialogavam com a coleção antes de ser doada também foram transportados para a biblioteca para manter a alma da Brasiliana em sua nova casa.

“Os livros desenharam o espaço” Rodrigo Mindlin

No final de 1999, o bibliófilo José Mindlin transmitiu para o neto, Rodrigo Mindlin Loeb, e para o amigo Eduardo de Almeida, uma missão: tocar o projeto da biblioteca que abrigaria a rara coleção de livros intitulada Brasiliana – o maior acervo particular do Brasil, com cerca de 17 mil títulos e 40 mil volumes que foram doados para a Universidade de São Paulo (USP). Mindlin acabou falecendo em fevereiro de 2010, aos 95 anos antes da conclusão da obra. Todavia o projeto avançava continuamente, vencendo obstáculos, e sua concretização era apenas questão de tempo. Natural de São Paulo Rodrigo Mindlin Loeb, é formado em arquitetura e Urbanismo pela FAU USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) e mestrado em Energia e Meio Ambiente pela Architectural Association School of Architecture em Londres, Inglaterra. O envolvimento de Rodrigo com Roberto Loeb se deu desde 1992 a 2001 onde estagiou e colaborou com as obras do escritório sendo a mais notável, a Biblioteca Brasiliana. O projeto em si passou por três versões, a primeira em visão de abrigar a coleção brasiliana, a segunda de incorporar mais uma coleção de livros de outro doador e a terceira e construída versão da biblioteca que também contém uma livraria, cafeteria, sala de exposições e auditório para 300 pessoas. A solução do edifício é feita de forma horizontal disposta em duas alas, a leste, a coleção das obras de Guita e José Mindlin e a ala oeste onde se localiza o instituto de estudos brasileiros e o sistema integrado de bibliotecas da USP conectadas por uma praça central coberta, porém permeável por todo público que gera assim ao mesmo tempo uma passagem e um ponto de encontro.

O princípio de conservação de energia e eficiência energética se deve em primeira parte à eleição de concreto aparente para as paredes, as fachadas são definidas por placas metálicas perfuradas que trazem em um momento do dia um véu para as janelas e outrora uma superfície opaca, a laje do vazio central também é constituída por chapas perfuradas que passam apenas 10% da iluminação, esses tipos de materiais trazem a luminosidade natural sem a passagem da radiação e a redução da necessidade de iluminação artificial, que também entra no foco da conservação de energia. Para o Projeto, o Instituto de Elétrica e Eletrônica da USP desenvolveu um sistema que consiste na instalação de placas fotovoltaicas na cobertura do edifício. Com potência de 150Kw que supre a demanda do complexo durante o dia. Por se tratar de um acervo de livros, é necessário um controle constante sobre a temperatura e também a necessidade de vidros anti-refletivos com filtro ultravioleta, todo o projeto foi embasado em função dos exemplares, a iluminação veio a ser um dos principais focos dos arquitetos que resolveram de maneira majestosa a partir de empenas de proteções soltas das caixas dos edifícios, telas em brises metálicos que geram sempre um vazio de transição entre o ambiente externo e interno, causado pelos recuos elementais das fachadas e coberturas.

>Croqui da Biblioteca Brasiliana (arquivo dos arquitetos)

>Espaço entre a caixa do edifício e chapa metálica (Fachada Principal)

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plantas

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Instituto Moreira Salles Visitar o Instituto Moreira Salles (ou IMS), no Rio de Janeiro, é como sentir ter descoberto um segredo do Rio. >Gisele Leal

Arquiteto – Olavo Redig de Campos Paisagismo - Burle Marx Ano de conclusão – 1948 Ano de Inauguração – 1951

[ >Instituto Moreira Salles

>Walther Moreira Salles em sua residência no Rio de Janeiro, atual Instituto Moreira Salles (Wikipédia) 46 | PAU BRASIL |

Encravado no bairro da Gávea, o Instituto não é um lugar que se encontra casualmente ao passear pela cidade. Apesar de ser um bairro movimentado não é exatamente um dos maiores pontos turísticos da cidade, como Ipanema, Copacabana ou a Lapa, ainda mais se considerando que está localizado em um trecho da Avenida Marquês de São Vicente um pouco mais distante do burburinho do famoso “Baixo Gávea”, região de bares e restaurantes muito famosa na cidade. O IMS do Rio de Janeiro (há outros dois, em Poços de Caldas e em São Paulo), tem por finalidade exclusiva a promoção e o desenvolvimento de programas culturais atuando principalmente em cinco áreas: fotografia, literatura, biblioteca, artes plásticas e música brasileira, ocupa uma mansão em que a família do falecido banqueiro Walther Moreira Salles residiu na cidade.

Área – 10.000m² Localização - Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea Rio de Janeiro/ RJ


O banqueiro Walther Moreira Salles nasceu em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais em 1912, ainda criança, foi morar com a família em Poços de Caldas, também em Minas. Lá, o patriarca João Moreira Salles deu início ao que hoje é uma das maiores fortunas do país. Começou com um armazém que, aos poucos, passou a funcionar também como uma casa bancária que negociava títulos de cafeeiros locais. Foi nessa área que, aos 18 anos, Walther começou a trabalhar. Dividia o tempo com os estudos sendo o único da família a cursar o ensino superior – se formou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1936.

Antes de se tornar um dos maiores banqueiros do país no comando do Unibanco, Walther passou pelo Banco do Brasil, Ministério da Fazenda e foi embaixador em Washington. Era conhecido por sua educação e elegância (raras vezes desabotoava o paletó, mesmo em casa). Nesse período como embaixador tornou-se um colecionador de boas relações. Além do contato próximo com os presidentes, foi amigo e sócio de Nelson Rockfeller em suas investidas no país e hospedou personalidades mundialmente conhecidas, como Mick Jagger, Keith Richards, Henry Ford II e Christina Onassis. Em 1948, Walther Moreira Salles solicitou ao arquiteto Olavo Redig de Campos, aclamado como um dos maiores ícones da arquitetura moderna brasileira que concebesse o projeto que abrigaria sua família no Rio de Janeiro. E nesse mesmo ano, iniciou-se a execução do projeto sendo finalizado em 1951. Os jardins foram projetados em conjunto pelo famoso paisagista Burle Marx sendo referência do Movimento Modernista brasileiro.Com todo encanto da arquitetura e a integração dos jardins de Burle Marx com o entorno, a propriedade, sozinha, já faria o passeio valer a pena, é um registro da nossa arquitetura moderna; seus jardins e, em volta, todo o verde da mata atlântica (Tijuca).

Organizada em torno a um pátio central, a casa apresenta um estudado contraste entre o classicismo italiano de Redig de Campos e o informalismo imprevisto do desenho de Burle Marx. Ou, em outras palavras, entre a civilização e a natureza. Envolvido por uma ala íntima, de um lado, e por dependências sociais em outros dois lados e no meio um pátio trapezoidal se abre para o jardim com piscina e a vista da montanha, ao fundo, através de uma passagem livre ao final do volume da sala de jantar a oeste. Essa passagem é delicadamente coberta por uma marquise ondulante – elemento muito característico da arquitetura moderna carioca –, que fecha de modo sensual a composição do pátio, envolvido inteiramente por uma elegante colunata externa. Visando preservar a parte íntima da casa, o arquiteto protegeu a fachada dessa ala com quebra-sóis verticais móveis, que permitem controlar tanto a incidência solar sobre o corredor de acesso aos quartos, quanto a sua visibilidade aos olhos de visitantes e empregados. Já na área social, as paredes envidraçadas ou vazadas por rótulas e venezianas aludem a um sentido de permeabilidade e movimento, muito propício a um lugar de festas. Com pés-direitos generosos, os ambientes sociais se distribuem ao longo de três corpos edificados, sendo as salas de estar e de jantar, braços menores do volume principal, de acesso, que abriga as dependências de serviço, de um lado, e a chapelaria, o hall de entrada, o cofre-forte, a biblioteca, a sala íntima (conhecida como “sala dos azulejos”) e o terraço, de outro. Distinguindo-se do conjunto, a entrada principal da casa apresenta uma feição mais clássica do que moderna, com duas altas colunas revestidas de mármore contra o fundo de uma parede pintada em tom vermelho terroso, inspirado na famosa Vila dos Mistérios, de Pompeia. O piso é de mármore italiano Rosso Verona e Botticino, compondo um desenho geométrico losangular em vermelho e branco que acentua as diagonais e dissolve a rigidez solene da arquitetura. O mesmo piso se prolonga nas amplas áreas de circulação social da casa, que envolvem os cômodos como galerias cobertas (loggias), fechadas por portas de correr de vidro. Nas salas de estar e de jantar, o piso de mosaico é substituído por tábuas de madeira corrida, material também presente nos móveis da biblioteca, decorada em estilo inglês. Na sala íntima, as paredes e o piso são revestidos por ladrilhos hidráulicos e azulejos portugueses azuis e brancos, criando um efeito decorativo sinestésico que contrasta com a brancura dominante da casa. Decididamente, o uso

>Casa Bancária Moreira Salles Poços de Caldas (Wikipédia)

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variado de materiais nobres reforça as surpresas no percurso de visitação à casa, criando um efeito próximo daquilo que Le Corbusier definiu como promenade architecturale. A água é também um elemento importante na criação da ambiência da casa, aparecendo na fonte do pátio, na piscina do jardim e no espelho d’água situado entre a sala de jantar e a ala de serviço, arrematado por um mural sinuoso de azulejos representando lavadeiras, feito por Burle Marx. Se o mestre Lucio Costa, no projeto para os edifícios do Parque Guinle (19431952), também no Rio de Janeiro, já havia demonstrado a possibilidade de uma perfeita adequação entre um léxico moderno – corpos lineares, pilotis, superfícies envidraçadas, brise-soleil – e referências históricas e vernaculares – treliças e cobogós – Olavo Redig de Campos prolonga aqui os seus ensinamentos, adaptando-os, no entanto, a um vocabulário mais luxuoso. Vem daí o gigantismo dos módulos de elementos vazados que utiliza (blocos de concreto pintados de branco), que se distanciam da função original de sombreamento

>Fotos antigas do Instituto Moreira Salles Rio de Janeiro - RJ (Instituto Moreira Salles)

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e discrição, e assumem uma feição eminentemente decorativa, associada à monumentalidade. Se o projeto moderno em arquitetura buscou, em linhas gerais, a produção em série, rumo a uma tipologia progressivamente anônima e coletiva – daí a sua abstração geométrica –, a casa na Gávea, ao contrário, utiliza-se dessa linguagem em prol de uma formalização singular e, mais do que isso, extremamente pessoal. O sinal mais evidente disso são as maçanetas das portas, moldadas todas segundo a pegada única do seu proprietário. Mas, em que pese à especificidade particularista do programa e das soluções encontradas nesse caso, é preciso lembrar que o desvio da norma funcionalista foi uma das grandes marcas da arquitetura moderna brasileira, ocasionando tanto as duras críticas de Max Bill ao “irracionalismo” dessa produção, quanto o sincero lamento de Walter Gropius diante de obras como a casa de Oscar Niemeyer em Canoas (1952), que, apesar de muito bela, em sua opinião, infelizmente não poderia ser multiplicada. Assim, por diversas razões, a residência Moreira Salles também nasce com status de obra única. Mas o seu porte e aspecto palaciano deram-lhe maleabilidade, permitindo a sua sobrevida, em novos tempos, como instituto cultural. Os filhos também se tornaram pessoas de destaque na sociedade brasileira. Waltinho e João, ambos muito ligados ao cinema fundaram no fim dos anos 80 a VideoFilmes. Na produtora lançaram nomes importantes do cinema nacional e produziram mais de 30 filmes e documentários. Na obra de João constam documentários importantíssimos que retratam a sociedade brasileira, como Notícias de uma Guerra Particular (1999), sobre a relação da polícia com o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, e Entreatos (2004), que cobriu a campanha vitoriosa do ex-presidente Lula em 2002. Waltinho, para citar apenas alguns de seus sucessos, dirigiu Central do Brasil (1998), que concorreu ao Oscar, Linha de Passe (2008), On the Road (2012) e Diários de Motocicleta (2004). Os outros dois irmãos, Fernando e Pedro, são mais discretos em suas ações na área cultural o que não quer dizer que sejam menos engajados. O primeiro, o mais velho, gosta de literatura e de escrever poesias. É casado com a renomada designer de móveis, Claudia Moreira Salles e sócio da editora Companhia das Letras. Já Pedro é presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco e visto como o mais pragmático dos quatro. Além de afinado com arquitetura e com a postura elegante de embaixador herdada do pai, gosta de arte e possui sua própria (e vasta) coleção.


Instituto Moreira Salles (IMS) e sua Projeção Na casa onde Walther foi criado, em Poços de Caldas, foi instalada primeira unidade do IMS em 1992. Depois, em 1996, o instituto passou a contar com uma unidade em São Paulo, num casarão localizado no bairro de Higienópolis, na região central da cidade, no entanto nenhuma comparável à atual sede no Rio de Janeiro. De 1995 a 1999, depois de 15 anos sem uso, a casa passou por um rigoroso processo de adaptação para abrigar a sede, a inauguração da unidade, em 1999, na mansão projetada por Olavo Redig de Campos e paisagismo foi feito por Burle Marx, onde Walther e Elisa Margarida Gonçalves criaram os três filhos que tiveram juntos, Pedro, Waltinho (como é chamado pelos íntimos) e João, o caçula. Fernando é fruto do primeiro casamento, com Hélène Marie Blanche Tourtois, filha de um alto executivo da Coty, criador do famoso Chanel nº5. O IMS e as salas de cinema do Espaço Unibanco, hoje Espaço Itaú de Cinema, foram a principal atividade de Walther até 2001, ano de sua morte. “O Walther passou aos quatro filhos a ideia da necessidade de constituir um legado. Isso está muito no metabolismo deles hoje e acontece naturalmente. Mas a missão do pai é uma questão que sempre pesou e ainda pesa”, conta Flavio Pinheiro, do IMS. Na conservação, organização e difusão de seus acervos, o IMS tem imensas tarefas. A Fotografia cuida de 800 mil imagens, dos mais importantes testemunhos do século XIX. A Música dá conta dos primórdios das gravações de canções brasileiras. A coleção está abarrotada de discos em 78 RPM, um repositório de 80 mil fonogramas, que tem como sustentáculos os inestimáveis acervos de José Ramos Tinhorão e Humberto Franceschi. Mas há também acervos de três seminais compositores que fecundam a fortuna musical brasileira – Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha. Cartas, papéis, documentos diversos e livros compõem os acervos de Literatura. Arquivos pessoais de Otto Lara Resende, Erico Verissimo, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Paulo Mendes Campos, entre outros, merecem a atenção de pesquisadores e enriquecem com informações valiosas o conhecimento sobre a atividade literária no país. Pré-história da Fotografia, a Iconografia do IMS, toda ela expressa em papel (aquarelas, gravuras, desenhos), é precioso registro feito,

sobretudo por artistas viajantes que vieram para o Brasil a bordo de expedições diplomáticas ou especificamente culturais no século XIX. São destaques desta coleção as belas aquarelas do inglês Charles Landseer, que aportou aqui em 1825, e os desenhos do alemão Von Martius (Carl Friedrich Philipp), que desbravou a natureza brasileira entre 1817 e 1820. Agora o IMS projeta-se para o futuro com novos desafios. E o primeiro deles é a construção em São Paulo de um novo instituto cultural na Avenida Paulista, coração da cidade e hoje importante corredor cultural. Desenhado pelo escritório de arquitetura Andrade Morettin, o novo museu terá amplos espaços expositivos, um cinema/auditório, além de uma biblioteca de referência em Fotografia, salas de aula e espaços para workshops. >O casal Elisa e Walther Moreira Salles rodeado por seus filhos Pedro, João e Walter. (Itaú Unibanco 90 anos) >O casal Walther Moreira Salles em um baile no Plaza. (Carta/capital)

>Walther Moreira Salles e os quatro filhos, em foto de 1992: Walter Jr., João e Fernando (em pé) e Pedro. (GQ)

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Cidade das Artes No centro de uma baixada de catorze quilômetros de extensão onde se desenvolveu recentemente o novo grande bairro do Rio e Janeiro, a Barra da Tijuca, emerge a Cidade das artes. >Laís Ramos

Arquiteto: Christian de Portzamparc Ano do Projeto 2012 Área do terreno 95.644 m2

[ >Fachada Cidade das Artes Rio de Janeiro - RJ (Archdaily)

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Num entorno uniforme, até mesmo monótono, carente de traços urbanos fortes e de espaços públicos, o terreno é definido por duas avenidas que se cruzam e no centro desta cruz imaginada por Lucio Costa está o cerne desta nova cidade, o imponente prédio projetado pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc. A Cidade das Artes é vista como uma grande casa, uma varanda sobre a cidade, homenagem a um arquétipo da arquitetura brasileira. Sua arquitetura é uma pequena urbe contida em uma grande estrutura elevada e construída sobre uma enorme esplanada a dez

Área construída 90.000 m2 Área útil 23.000 m2 Localização - Rio de Janeiro - RJ Brasil

metros de altura - de onde se pode ver a montanha e o mar – que flutua sobre um parque público, um jardim tropical e aquático concebido por Fernando Chacel. Inicialmente batizada de Cidade da Música, o projeto para tornar-se a sede da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), ideia prevista pelo arquiteto Affonso Reidy nos 50, porém, no atual MAM – Museu de Arte Moderna no centro do RJ, foi encomendado a Portzamparc, reconhecido internacionalmente como expert em salas de música, com mais de 30 propostas já executadas em cidades da Europa e da América do Norte,


Christian de Portzamparc conhece e admira, desde muito jovem, as obras dos mestres Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Affonso Reidy e outras grandes figuras do modernismo no Brasil. Membro de uma geração de profissionais europeus formada durante os anos dourados da arquitetura brasileira, em seu primeiro projeto no país, incorpora elementos consagrados por nossos profissionais - grandes vãos livres, pilotis e rampas esculturais, uso extensivo e exuberante do concreto e valorização da cultura da sombra. Nascido em Casablanca, Marrocos, em 1944, estudou pintura e arquitetura na Escola de Belas-Artes de Paris, pela qual se diplomou em 1969. Recebeu o Prêmio Pritzker em 1994. É autor de projetos como a Embaixada da França em Berlim, a Torre LVMH em Nova York, a em Paris e a Filarmônica de Luxemburgo. Entre as duas superfícies horizontais da cobertura e da esplanada há grandes paredes curvas de concreto que envolvem os espaços em um jogo de cheios e vazios. O projeto é um símbolo público, um novo marco para o Rio, um sinal urbano de grande visibilidade que flutua sobre a baixada. Segundo Portzamparc, sua intenção era trabalhar a partir do lugar, da paisagem, do clima, da dinâmica do programa, da necessidade de isolamento acústico, da técnica estrutural adaptada ao Brasil. Ao contrário da situação encontrada em outros locais onde tem atuado cujas áreas de implantação, sempre limitadas, fazem com que a arquitetura fique submetida a regulamentos muito restritivos, o projeto da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, pedia amplitude: o sítio, com 95,6 mil metros quadrados, está localizado em meio a uma gigantesca planície urbana.

A arquitetura seria um objeto isolado e precisava se destacar como uma referência forte e audaciosa. E o tema da música daria inteira liberdade ao arquiteto para trabalhar acústica e desenho em formas livres. No contexto da obra de Portzamparc, a Cidade das Artes surge como uma síntese de suas reflexões sobre a relação entre cheios e vazios e a sobrelevação de estruturas. Em alguns de seus trabalhos anteriores, o programa aparece separado e abrigado em diferentes blocos de formatos irregulares, permeados por átrios públicos que se interpenetram no interior de um grande volume regular. Com variações, o conceito foi utilizado na Cité de La Musique, em Paris, e também na Cidade das Artes. Enquanto nos climas frios o volume recebe fechamentos de vidro ou concreto, no Rio ele foi elevado, para se destacar ao longe, e aberto lateralmente, expondo o movimento dos blocos irregulares e permitindo vistas para o mar, lagos e montanhas ao longe. O conceito que norteou o projeto foi, então, o de uma ampla varanda elevada apartada do solo, dos carros, e aberta para a paisagem, paradigma da arquitetura brasileira dos anos 1950. Contido entre dois planos horizontais (duas lajes de 90 x 200 metros, a do piso a dez metros do solo e a da cobertura a 30), o imenso belvedere abriga os vários itens do programa em cinco blocos de formatos irregulares, separados por vazios que propiciam sombras e passagem de ar e luz. Para o isolamento acústico deles, foram criadas grandes cascas de concreto protendido, as velas cilíndricas que sobem do solo. A estrutura tem um papel fundamental na Cidade das Artes, pois são as duas grandes lajes e paredes de concreto aparente que definem suas formas esculturais, leves e ao mesmo tempo monumentais. A dimensão excepcional do projeto exigia grande número de pilares de sustentação. De início, as dezenas de apoios não agradaram Portzamparc, que desejava um número reduzido. Durante um voo para Berlim, refletindo sobre o trabalho estático das cascas de proteção acústica e suas ligações com os pilares abaixo, o arquiteto chegou à conclusão de que esses casulos portantes, encurvados e cilíndricos, poderiam partir do próprio solo e subir apoiando tudo, não apenas duas lajes. E para que estas resultassem esbeltas, utilizaria o concreto protendido. Definida a lógica estrutural, o escritório pôde preparar a maquete definitiva. “Os desafios eram monumentais, não só por conta dos vãos, de 30 a 35 metros, mas também por causa do peso e da robustez das lajes do belvedere [1,5 metro de espessura], a

>Arquiteto Christian de Portzamparc (canal próprio do youtube)

>Master Plan Cidade das Artes (Livro Cidade das Artes)

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>Auditório Cidade das Artes (Archdaily)

>Sala de ensaio da Orquestra (Archdaily)

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dez metros de altura, e da cobertura [1,7 metro de espessura], a 30 metros do solo, e ainda por alguns pilares inclinados. É um prédio de grande porte, sobre apoios leves e suaves - apesar da aparência de leveza conferida por sua forma, as paredes são muito pesadas por conta das necessidades acústicas. Sem a técnica da protensão e os recursos de projeto proporcionados pela informática, o edifício seria algo bem diferente, e dificilmente poderíamos materializar as ideias de leveza e monumentalidade que Portzamparc desejava”, testemunha Bruno Contarini, membro da equipe brasileira do projeto. O edifício é composto por estruturas principais, as quatro lajes que definem a obra (do subsolo, do teto do subsolo, da esplanada e da cobertura); elementos estruturais, englobando as paredes e pilares que suportam as lajes; e estruturas secundárias, que são lajes, vigas, escadas, paredes e pilares dos cinco blocos que abrigam o programa e trabalham no contraventamento e no enrijecimento da estrutura como um todo. As lajes do belvedere e da cobertura receberam estruturas em grelha; as do piso e da cobertura do subsolo são maciças, com 25 centímetros de espessura; e nos níveis intermediários foram lançadas lajes e vigas. Todo esse esforço resultou para adequação de um marco artístico-arquitetônico na região e de um extenso programa de necessidades apresentada pela OSB, e também pela prefeitura, que queria uma sala para concertos sinfônicos transformável em teatro de ópera. Além do grande auditório, com variações para música e ópera, foram projetadas salas para outros gêneros musicais: música de câmara e música popular/jazz/eletroacústica, todas com padrão de audição internacional. Camarins, 13 ambientes de ensaio, 13 salas de aulas de música e de dança, midiateca, depósito de instrumentos, escritórios da administração da orquestra, três cinemas de arte, restaurante, café, lojas, foyer musical, jardins, espelhos d’água e estacionamentos também foram demandados. A Grande Sala com 2.738 m2, a maior sala do complexo permite duas configurações para espetáculos. A maior, denominada Filarmônica, comporta 1.639 espectadores. Já na configuração Ópera / Dança / Teatro são retirados os quatro camarotes móveis nas laterais (02) e no fundo (02), e o fosso recebe a orquestra, reduzindo a capacidade para 1.231 lugares. O palco da grande sala tem 20 metros de boca de cena – uma das maiores da cidade – e 16 metros de profundidade, Boca de Cena com Regulador Fixo: 12m / Altura: Mínima: 6 e Máxima: 10m, podendo abrigar espetáculos

de grande complexidade cenográfica. O teatro conta com quatro camarins coletivos e seis individuais. Com paredes na forma elicoidal, o Teatro de Câmara é revestido com painéis de madeira com isolamento acústico, tecido e rebatedores metálicos no fundo do palco, além de tetos acústicos em estruturas curvas metálicas revestidas com camadas de placas de gesso acartonado. O piso é de madeira de lei. Duas cabines técnicas permitem gravações de áudio e vídeo. Neste espaço, há um palco giratório que permite configurações para espetáculos camerísticos e de jazz, com integração do público em 85 poltronas. Na arquibancada da plateia há 354 poltronas, totalizando 439 lugares.

A Sala de Ensaio de Orquestra tem um mezanino com 144 poltronas e cabine de gravação de áudio e vídeo, que atende também à sala de Ensaio de Coro e Sala de Ensaio de Percussão. A Sala de Ensaio de Dança tem vestiários masculino e feminino, duas salas de Ensaio parciais e Sala de Ensaio de Voz. O piso flutuante é composto por um colchão de ar entre a laje estrutural do prédio e uma segunda laje de concreto, apoiada com aparelhos pneumáticos (amortecedores), revestido com madeira de lei, isolando a sala de qualquer vibração sonora. As paredes são duplas, executadas com blocos de concreto, formando entre elas um colchão de ar e apoiadas em aparelhos pneumáticos com revestimento de painéis de madeira, o que confere ao espaço um excelente tratamento acústico.


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BEM VINDO AO ´ MEXICO! ARQUITETURA LATINA

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Museu Nacional de Antropologia ´ do MExico Os corredores de exposição do Museu Nacional de Antropologia do México levam a uma viagem pelo tempo até a época das grandes civilizações pré-colombianas. >Luigi Rega Piorelli

Arquiteto: Pedro Ramírez Vázquez Ano de conclusão: 1964 Área: 45.000m²

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No fim do século XVIII, parte da coleção (incluindo a pedra do sol e as esculturas de Coatlicue) foram alocadas na Universidade Real e Pontifícia do México, formando o núcleo do que viria a se tornar o Museu Nacional de Antropologia. Na mesma época, foi estabelecido o Museu de História Natural que, em 1865, foi transferido para a antiga casa da moeda. No início do século XX, a coleção de história natural foi movida para o edifício Chopo. Quatro anos mais tarde o museu foi reinaugurado com o nome Museu Nacional de Arqueologia, Historia e Etnografia. Em 1940, o acervo histórico foi separado novamente do restante do museu sendo movido para o Castelo de Chapultepec onde perma-

Localização: Av Paseo de la Reforma &Calzada Gandhi S/N, Chapultepec Polanco, Cidade de México, México.

nece até hoje. Já a outra metade da coleção permaneceu no museu ate a inauguração do Museu Nacional de Antropologia, no ano de 1964. Localizado no Parque de Chapultepec na Cidade do México, uma das obras mais importantes para a cultura mexicana, o Museu Nacional de Antropologia, possui uma abordagem rítmica diferente das encontradas nos museus europeus. Buscando dar uma identidade ao projeto que remetesse a história e herança do povo mexicano, o arquiteto Pedro Ramírez Vázquez, faz uso de uma configuração parecida com a encontrada no Cuadrángulo de las Monjas em Uxmal, o sítio arqueológico mais famoso do país.

>Museu de Antropologia do México (Archdaily)

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em uma viagem pela história do povo mexicano, e a segunda oferece uma visão de como vivem a população descendente de astecas, maias e olmecas, entre outras, em uma exposição executada pelos próprios indígenas. Entre os objetos expostos no museu estão a Pedra do Sol (conhecida como Calendário Asteca é um dos objetos mais misteriosos e estudados na História da Arqueologia latino-americana) e a estátua asteca de Xochipilli datada do século XVI.

>Cuadrángulo de las Monjas em Uxmal, o sítio arqueológico mais famoso do país (viaggiaresempre)

>Pedra do Sol (Arquivo da Superinteressante).

Implantado em um terreno de 125.000 m², apenas 45.000m² foram utilizados para o edifício, deixando o restante como uma integração entre o museu e o parque onde está inserido. O museu está dividido em quatro volumes independentes que abrigam a recepção, os ateliês, as salas de exposição e as áreas de apoio, dispostos a redor de um pátio no qual se encontra um jardim aquático e uma estrutura de cobertura de 52x82m apoiada apenas por uma grande coluna central revestida em bronze com relevos alusivos às culturas pré-colombianas, conhecida como um guarda-chuva gigante da qual cai uma cascata de água artificial.

Em torno do Museu Nacional de Arqueologia na Cidade do México, os visitantes se deparam com réplicas, localizadas nos jardins do museu, de esculturas oriundas de áreas como Chiapas, Oaxaca e Yucatan conhecidas como sítios arqueológicos no México.

>Coluna central (MX XITY)

Cada volume apresenta uma fachada configurada com uma pele metálica, feita com uma malha que protege da luz direta e, ao mesmo tempo, cria um efeito cinético ao caminhar para a entrada dos mesmos. No interior, a estratégia projetual, com foco no ritmo da exposição, torna-se evidente com a distinção dos dois pavimentos de cada volume, dividindo-se entre Etnologia e Antropologia, criando uma separação clara entre as áreas. Considerado um dos melhores em sua categoria e sendo o maior e o mais visitado na Cidade do México, o museu possui mais de 20 salas de exposição e está dividido em duas sessões, a antropológica e a etnológica. A primeira é composta por um dos maiores acervos arqueológicos do mundo, levando o visitante 80 | PAU BRASIL |

Arquiteto, urbanista e humanista mexicano do século 20, Pedro Ramírez Vázquez foi responsável pela construção de vários prédios emblemáticos do México e se formou aos


24 anos, em 1943, sendo influenciado pelo movimento moderno europeu, por arquitetos modernos latino-americanos e pela cultura pré-colombiana. Concreto, foi o material que mais utilizou em seus trabalhos. Focalizou seu trabalho em enriquecer a vida dos usuários com suas obras arquitetônicas, com seus sonhos, como funcionário público e como humanista. Em 1944 começou a trabalhar no Ministério de Educação Pública e desenvolveu um sistema de construção para escolas rurais utilizado em diversas escolas no México e no exterior. Ganhou vários prêmios por resultados notáveis, conceitos criativos e inovadores e benefícios a longo prazo para a profissão de design industrial, suas funções educacionais e a sociedade em geral. Além de ministro de Infraestrutura Pública e Assentamentos Humanos, foi fundador e

reitor da Universidade Autónoma Metropolitana e formou parte da faculdade da UNAM, tendo recebido vários diplomas honoríficos concedidos por diversas universidades. Atuou como presidente do comitê organizador dos Jogos Olimpicos do México em 1968 e da Copa do Mundo em 1970. O momento mais baixo de sua carreira foi em 1968, quando foi considerado culpado por associação pela morte de dezenas de manifestantes para os soldados do governo (seu maior cliente) momentos antes da cerimônia de abertura. Também projetou moveis para interiores e mobiliario urbano. Seu primeiro trabalho foi uma cadeira feita com madeira e couro, depois desenvolveu uma linha de moveis em chapas de aço e com o mesmo conceito projeta bancos para mobiliario urbano.

>Mobiliarios, Cadeira Equipal e Mesa Radial Paloma (Arquivo do Architonic).

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Centro Cultural Roberto Cantoral Seu projeto e a acústica resultam uma experiência única na América Latina, sendo o espaço favorito para os amantes da música e entretenimento devido a sua funcionalidade, gerando uma surpresa em seu interior. >Caroline Tiemi

Arquitetos: Broissin Architetcs Colaboradores: Enrique Guillen, Adrian Tellez, Gabriela Maldonado, Ruben Zepeda, Luis Muñoz, Erik Rubín, Jose Luis Durán, Sara Villanueva, Elizabeth Salinas, Juan Manuel Vargas, Pamela Moreno.

[ >Fachada do Centro Cultural Roberto Cantoral (poggenpohl magazine)

>Maestro Roberto Cantoral García 94 | PAU BRASIL |

O Centro Cultural Roberto Cantoral é um espaço para a cultura e o entretenimento criado pela sociedade de autores e compositores do México para a apresentação, promoção e desenvolvimento da música e outras atividades culturais, conta com uma sala ideal para concertos, exposições, recitais e obras; são realizadas apresentações de artistas internacionais e nacionais, assim como artistas emergentes de Cidade de México. O auditório tem capacidade para 850 pessoas e conta com acessibilidade.Nomeado em homenagem do Maestro Roberto Cantoral García que foi Presidente do Conselho da Sociedade de Autores e Compositores de México (SACM) desde 1982 até seu falecimento em 2010.

Ano do Projeto: 2012 Área: 9.287 m2 Superfície Terreno: 17.679 m2 Localização: Calle Puente Xoco S/N Puerta A, Benito Juarez, Xoco, Coyoacán, Cidade do México


A concepção do projeto iniciou em 2008 e sua construção começou em 2010 e a sua abertura foi em 07 de Junho de 2012, sua função principal consiste em promover a obra de autores e compositores por meio de concertos, exposições e festivais de diferentes gêneros: rock, regional, bolero, pop e música de concerto, entre outros, sem deixar de fora atividades de outras disciplinas artísticas como literatura, artes plásticas, dança, cinema e fotografia, assim como por médias e grandes empresas que pretendem impressionar com a apresentação de seus produtos, conferências empresariais e outras atividades como essa. Já houve apresentações de artistas como: do Alejandro Sanz, da famosa banda mexicana Reik, Natalia Lafourcade, cantora e compositora mexicana ganhadora de três MTV Video Music Awards Latinoamérica, do compositor e cantor Noel Schajris (Argentino), a realização de festivais como Las Bohemias que são eventos exclusivos do Centro Cultural, cujo objetivo principal é conhecer o rosto por trás das músicas famosas e que as pessoas cantem e conheçam o rosto dos melhores cantores, autores e compositores do México. Em um ambiente descontraído, em uma atmosfera íntima, o NY Jazz All Stars que conta com a participação de músicos reconhecidos internacionalmente.

Centro Cultural Roberto Cantoral e sua Projeção O desenho do edifício é inspirado no movimento da batuta de um maestro, é composto de cinco lajes de concreto em movimento para cima e para baixo em harmonia para dar forma, espaço e luz para o projeto. As lajes representam as 5 linhas de um pentagrama musical, sempre constante e paralelas assim como o momento que o compositor intervém nelas. Cada ângulo toma a forma exata que gera uma acústica através de cada canto no espaço e oferece uma excelente qualidade acústica. Todo o edifício é ecológico contém tecnologias para a economia em tratamento de água e energia, como a luz natural dentro da sala de concertos que poupa anualmente 14,600kwh que é igual a 10 toneladas de CO2 não emitidas à atmosfera. O projeto de fachada e telhado economiza anualmente 75,600kwh por causa da redução do uso do ar condicionado. A ideia dos arquitetos foi um projeto que viva pelas árvores e façam parte dele, eles pensavam que não podiam pensar em uma sala de concerto escura e tradicional quando o terreno do projeto está em uma área como Coyoacán de antigas árvores, o volume se desintegra e se junta ao verde a seu entorno.

As linhas que compõe a fachada se movem para cima e para baixo como os ramos que se movem no vento, deixando a luz do sol passar através deles criando algumas sombras incríveis. E passo a passo, o visitante descobre o projeto enquanto ele caminha através da praça de acesso, com a mente relaxada, só observando tudo ao redor dele e ao entrar sente a sala de concerto e é mais do que só metal e concreto, é um convite para reflexão e a apreciação do ambiente e da cultura.

Além disso, tem uma tecnologia de estúdio de gravação moderna, onde os modelos, gravações e quaisquer formatos de gravações podem ser feitas. Este espaço tem uma cabine de 26 metros e uma sala de controle 27 metros, banheiros, áreas de alimentação, enfermagem, camarins e sala verde. Todos os 07 de junho, às 12:00 horas, o triângulo em uma claraboia no átrio onde entra um feixe de luz está alinhada com uma figura e o nome de Roberto Cantoral e cria um efeito de luz que ilumina a imagem do mestre. Esta parte do projeto esteve a cargo do arquiteto mexicano Gerardo Broissin, a intenção de Broissin, ao criar este efeito foi a lembrar a cada ano do Roberto Cantoral, um dos presidentes mais importantes do SACM. O uso da alta tecnologia é também usado em algumas áreas de exposição e circulação do edifício, existem dispositivos que fornecem informações sobre a sua concepção e biografia de Roberto Cantoral, através do sistema de leitura de código QR. É edifício que te envolve e sua forma se torna a forma da música. E leva na sua forma toda a qualidade acústica que ele pode oferecer em cada espaço, cada assento do Centro Cultural. O concreto branco na fachada representa a pureza e a originalidade da música mexicana, por dentro, a sala de concerto vermelha representa a paixão dos compositores.

>Fachada Principal do centro Cultural Roberto Cantoral (arquivo do escritório)

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EXPOSICOES E EVENTOS S

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SAO PAULO E X P O S I C ~ A O

MUBE Pedra no Céu: Arte e a Arquitetura de Paulo Mendes da Rocha

MCB Design na Aviação Brasileira

Design na aviação brasileira, o caso de sucesso da Embraer S.A., que apostou, desde sua fundação em 1969, no potencial inovador da engenharia e da criatividade nacional

Exposição 1 JUN – 20 AGO | Gratuito Local Museu da Casa Brasileira Av. Faria Lima, 2705 – São Paulo. (11) 3032-3727 www.mcb.org.br

E X P O S I C ~ A O

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Abertura 1 ABR 2017 – SÁBADO – 12h30-15h Exposição 2 ABR – 2JUL | TER – DOM | 10h – 18h Local MuBe – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia Av. Europa, 218 – São Paulo mube@mube.art.br www.mube.art.br

SALA SÃO PAULO

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Mazzola e Lortie Ensaio da Orquestra Sinfônica do estado de São Paulo

Data 1 JUN | QUINTA | 1h Ingresso R$10,00 Local Praça Júlio Prestes, 16 - Campos Elíseos, São Paulo - SP, (11) 3367-9500 www.salasaopaulo.art.b

CAIXA BELAS ARTES Era o Hotel Cambridge

Drama - 1h 39m Refugiados recém-chegados ao Brasil dividem com um grupo de sem-tetos um velho edifício abandonado no centro de São Paulo.

Horários14h | 21h Ingresso – R$28,00 Local R. da Consolação, 2423 - Consolação, São Paulo – SP

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MCB Hugo França Escalas em contraste

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Exposição Prorrogada até de 30 OUT Local MuBe Museu da Casa Brasileira Av. Faria Lima, 2705 São Paulo. (11) 3032-3727 www.mcb.org.br 110 | PAU BRASIL |

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rio de janeiro E X P O S I C ~ A O

INSTITUTO MOREIRA SALLES J. Carlos: originais - A exposição reúne trabalhos de um dos maiores cronistas visuais do Rio de Janeiro no século XX.

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Exposição 22 MAR - 22 OUT |TER – DOM | 11h – 20h Local Instituto Moreira Salles - R. Marquês de São Vicente, 476 - Gávea, Rio de Janeiro - RJ www.ims.com.br

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CIDADE DAS ARTES Exposição Vicente de Mello | Utopia Lírica + Fugitivo

Em Utopia lírica, a curadora quis desenvolver uma visão particular sobre a arquitetura e o urbanismo da cidade | Já Fugitivo são experiências com o uso dos recursos cinematográficos

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Exposição 01 ABR – 28 JUN | 10h - 18h Local Cidade das Artes - Av. das Américas, 5300 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ www.cidadedasartes.org

MUSEU DO AMANHÃ Inovança -

Apresenta cerca de 40 inovações – do high ao low tech, destacando as tecnologias sociais.

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Data 25 ABR – 22 OUT | TER – DOM | 10h – 17h Ingresso R$20,00 inteira Local Museu do amanhã - Av. das Américas, 5300 Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ museudoamanha.org.br

CIDADE DAS ARTES D A N C A

Os opostos se atraem...

Os Opostos se Atraem” é um espetáculo de dança cuja montagem surgiu de uma criação coletiva utilizando diversas técnicas de teatro, ballet clássico e hipHop.

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Data 27 JUN | 16h gratuito Local Cidade das Artes - Av. das Américas, 5300 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ www.cidadedasartes.org

INSTITUTO MOREIRA SALLES C I N E M A

A mulher que se foi Horacia passou os últimos 30 anos numa penitenciária feminina.

Datas 28 JUN – 31 JUN | 16h Local Instituto Moreira Salles - R. Marquês de São Vicente, 476 - Gávea, Rio de Janeiro - RJ www.ims.com.br ~ | eventos e exposicoes | 111 ´


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Visando esse grande vale de falta de informações procuramos trazer para essa edição a Arquitetura Latina, que traz duas grandiosas obras exemplificando edifícios de cunho histórico e de valor patriarcal. Também trazemos obras que contemplam nosso cenário de ouro da Arquitetura Moderna Brasileira como o Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro e a Residência Oscar Americano, atualmente conhecida como Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, que são pedaços da nossa história. Além de obras da Arquitetura Contemporânea como a Cidade das Artes no Rio de Janeiro e a Biblioteca Brasiliana em São Paulo, para mostrar que ainda temos projetos criados por arquitetos que estão em busca de espaços culturais que agreguem conhecimento no local inseridos.

R$ 40,00

Após uma longa conversa sobre Arquitetura, pudemos notar que a mesma nem sempre é, a princípio, relacionada à cultura, muitas vezes para os mais desinformados ela é meramente ligada à estética. A partir de 2010, o governo federal passou a considerar a Arquitetura e Urbanismo como cultura, porém pouquíssimas vezes é encontrado algo voltado para obras nacionais. Os Brasileiros estão sempre presos ao habito de vangloriar as grandes construções e enaltecer projetos arquitetônicos de outros países e os relacionam a “passeios” turísticos; realizam viagens para o exterior e vislumbram grandes construções, vão a museus, visitam os centros e chegam até a entrar em edifícios históricos, entretanto, e os grandes projetos nacionais? E a América Latina?

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WWW.REVISTAPAUBRASIL.COM.BR


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