mulher REVISTA
ESPECIAL O LEGADO DO VESTIR NOS ÚLTIMOS CEM ANOS
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mulher ESPECIAL O LEGADO DO VESTIR NOS ÚLTIMOS CEM ANOS
DÉCADA DE 20 ....................................................................................................................PG3
DÉCADA DE 30 ................................................................................................................. PG4
DÉCADA DE 40 ................................................................................................................... PG5 DÉCADA DE 50 ................................................................................................................... PG6 DÉCADA DE 60 ................................................................................................................... PG7 DÉCADA DE 70 ................................................................................................................... PG8
DÉCADA DE 80 ................................................................................................................. PG9
DÉCADA DE 90 .................................................................................................................. PG10
Editoras: ANA PAULA KOMAR JENIFER MAGRI TATIELLE EUZEBIO
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Uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazz-bands e pelo charme das melindrosas - mulheres modernas da época, que freqüentavam os salões e traduziam em seu comportamento e modo de vestir o espírito da também chamada Era do Jazz.
Asociedadedosanos20,alémdaóperaoudoteatro,também freqüentava os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e seus astros, como Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford. A cantora e dançarina Josephine Baker também provocava alvoroço em suas apresentações, sempre em trajes ousados. A boca era carmim, pintada para parecer um arco de cupido ou um coração; os olhos eram bem marcados, as sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis; a pele era branca, o que acentuava os tons escuros da maquilagem.
A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda, deixando braços e costas à mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos exigidos pelo Charleston - dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno. O modelo mais popular era o "cloche", enterrado até os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos, a "la garçonne", como era chamado.
A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos. Em1927,JacquesDoucet(1853-1929),figurinistafrancês, subiuassaiasaopontodemostrarasligasrendadasdasmulheres - um verdadeiro escândalo aos mais conservadores. A década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda a década Chanel lançou uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso. Outro nome importante foi Jean Patou, estilista Coco Chanel
francês que se destacou na linha "sportswear", criando coleções inteiras para a estrela do tênis Suzanne Lenglen, que as usava dentro e fora das quadras. Suas roupas de banho também revolucionaram a moda praia. Patou também criava roupas para atrizes famosas.
Os anos 20, em estilo art-déco, começou trazendo a arte construtivista - preocupada com a funcionalidade, além de lançamentos literários inovadores, como "Ulisses", de James Joyce. É o momento também de Scott Fitzgerald, o grande sucesso literário da época, com o seu "Contos da Era do Jazz".
No Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna, realizada por intelectuais, como Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, levou ao Teatro Municipal de São Paulo artistas plásticos, arquitetos, escritores, compositores e intérpretes para mostrar seus trabalhos, os quais foram recebidos, ao mesmo tempo, debaixo de palmas e vaias. A Semana de Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural do período, que lançou as bases para a busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira, que começou a surgir nos anos 30. O período, que lançou as bases para a busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira, que começou a surgir nos anos 30. Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das fábricas, do rádio e do início do cinema falado, que criaram, principalmente nos Estados Unidos, um clima de prosperidade sem precedentes, constituindo um dos pilares do chamado "american way of life" (o estilo de vida americano). Toda a euforia dos "felizes anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929, quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda a economia dos Estados Unidos, e, consequentemente, o resto do mundo.
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Após uma década de euforia, a alegria dos “anos loucos” chegou ao fim com a crise de 1929. A queda da Bolsa de Valores de Nova York provocou uma crise econômica mundial sem precedentes. Milionários ficaram pobres de um dia para o outro, bancos e empresas faliram e milhões de pessoas perderam seus empregos.
Em geral, os períodos de crises não são caracterizados por ousadias na forma de se vestir. Diferentemente dos anos 20, que havia destruído as formas femininas, os 30 redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância refinada, sem grandes ousadias. As saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. Os vestidos eram justos e retos, além de possuírem uma pequena capa ou um bolero, também bastante usado na época. Em tempos de crise, materiais mais baratos passaram a ser usados em vestidos de noite, como o algodão e a casimira. O corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30, que elegeram as
costas femininas como o novo foco de atenção. Alguns pesquisadores acreditam que foi a evolução dos trajes de banho a grande inspiração para tais roupas decotadas. A moda dos anos 30 descobriu o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol. Os mais abastados procuravam lugares à beira-mar para passar períodos de férias. Seguindo as exigências das atividades esportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e os decotes chegaram até a cintura, assim como alguns modelos de vestidos de noite.
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu interesse pelos chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram muitos modelos e adornos. Alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de feltro, em estilo militar. Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões das grandes maisons.
A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de beleza da atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres. Aliás, o cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood, através de suas estrelas, como Katharine Hepburn e Marlene Dietrich, e de estilistas, como Edith Head e Gilbert Adrian, influenciaram milhares de pessoas.
Durante a guerra, o chamado "ready-towear" (pronto para usar), que é a forma de produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu. Através dos catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes. Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos.
Alguns modelos novos de roupas surgiram com a popularização da prática de esportes, como o short, que surgiu a partir do uso da bicicleta. Os estilistas também criaram pareôs estampados, maiôs e suéteres. Um acessório que se tornou moda nos anos 30 foram os óculos escuros. Eles eram muito usados pelos astros do cinema e da música.
Em 1935, um dos principais criadores de sapatos, o italiano Salvatore Ferragamo, lançou sua marca, que viria se transformar em um dos impérios do luxo italiano. Com a crise na Europa, Ferragamo começou a usar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi a palmilha compensada.
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Na Grã-Bretanha, o "Fashion Group of Great Britain", comandado por Molyneux, criou 32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era criar roupas mais atraentes, apesar das restrições. O corte era reto e masculino, ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o "tweed", muito usado na época.
Gabrielle Chanel continuava sendo sucesso, assim como Madeleine Vionnet e Jeanne Lanvin. A surpreendente italiana Elsa Schiaparelli iniciou uma série de ousadias em suas criações, inspiradas no surrealismo. Outro destaque é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em Paris. Seus modelos, em geral, eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de Vionnet.
Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris, ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta-costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países. A escassez de tecidos fez com que as mulheres tivessem de reformar suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. Mesmo depois da guerra, essas habilidades continuaram sendo muito importantes para a consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso.
A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do "sportswear' americano. Com isso, o "readyto-wear", depois chamado de "prêt-à-porter" pelos franceses, que até então havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir. polietileno, que ficaram conhecidos como Tupperware. invadiu as ruas, assim como os ritmos do jazz e as meias
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Com o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos anos 50 se tornou mais feminina e glamourosa, de acordo com a moda lançada pelo “New Look”, de Christian Dior, em 1947. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias. Essa silhueta extremamente feminina e jovial atravessou toda a década de 50 e se manteve como base para a maioria das criações desse período. Apesar de tudo indicar que a moda seguiria o caminho da simplicidade e praticidade, acompanhando todas as mudanças provocadas pela guerra, nunca uma tendência foi tão rapidamente aceita pelas mulheres como o “New Look” Dior, o que indica que a mulher ansiava pela volta da feminilidade, do luxo e da sofisticação. E foi o mesmo Christian Dior quem liderou, até a sua morte em 1957, a agitação de novas tendências que foram surgindo quase a cada estação.
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Com o fim da escassez dos cosméticos do pósguerra, a beleza se tornaria um tema de grande importância. O clima era de sofisticação e era tempo de cuidar da aparência. A maquiagem estava na moda e valorizava o olhar, o que levou a uma infinidade de lançamentos de produtos para os olhos, um verdadeiro arsenal composto por sombras, rímel, lápis para os olhos e sobrancelhas, além do indispensável delineador. A maquiagem realçava a intensidade dos lábios e a palidez da pele, que devia ser perfeita. Grandes empresas, como a Revlon, Helena
Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée Lauder, gastavam muito em publicidade, era a explosão dos cosméticos. Na Europa, surgiram a Biotherm, em 1952 e a Clarins, em 1954, lançando produtos feitos a base de plantas, que se tornaria uma tendência a partir daí. Era também o auge das tintas para cabelos, que passaram a fazer parte da vida de dois milhões de mulheres - antes eram 500 -, e das loções alisadoras e fixadoras. Os penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte Bardot. Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com mechas caindo no rosto e as franjas davam um ar de menina.
Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos 50, o das ingênuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o das pin-ups americanas, loiras e com seios fartos. Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade. As pioneiras das atuais top models surgiram através das lentes dos fotógrafos de moda, entre eles, Richard Avedon, Irving Penn e Willian Klein, que fotografavam para as maisons e para as revistas de moda, como a Elle e a Vogue.
Durante os anos 50, a alta-costura viveu o seu apogeu. Nomes importantes da criação de moda, como o espanhol Cristobal Balenciaga - considerado o grande mestre da alta-costura -, Hubert de Givenchy, Pierre Balmain, Chanel, Madame Grès, Nina Ricci e o próprio Christian Dior, transformaram essa época na mais glamourosa e sofisticada de todas. A partir de 1950, uma forma de difusão da alta-costura parisiense tornou-se possível com a criação de um grupo chamado “Costureiros Associados”, do qual faziam parte famosas maisons, como a de Jacques Fath, Jeanne Paquin, Robert Piguet e Jean Dessès. Esse grupo havia se unido a sete profissionais da moda de confecção para editar, cada um, sete modelos a cada estação, para que fossem distribuídos para algumas lojas selecionadas. Assim, em 1955, a grife “Jean Dessès-Diffusion” começou a fabricar tecidos em série para determinadas lojas da França e da África do Norte. O grande destaque na criação de sapatos foi o francês Roger Vivier. Ele criou o salto-agulha, em 1954 e, em 1959 o salto-choque, encurvado para dentro, além do bico chato e quadrado, entre muitos outros. Vivier trabalhou com Dior e criou vários modelos para os desfiles dos grandes estilistas da época. Em 1954, Chanel reabriu sua maison em Paris, que esteve fechada durante a guerra.
Os anos 50 chegaram ao fim com uma geração de jovens, filhos do chamado “baby boom”, que vivia no auge da prosperidade financeira, em um clima de euforia consumista gerada nos anos do pósguerra nos EUA. A nova década que começava já prometia grandes mudanças no comportamento, iniciada com o sucesso do rock and roll e o rebolado frenético de Elvis Presley, seu maior símbolo. A imagem do jovem de blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas, mostrava uma rebeldia ingênua sintonizada com ídolos do cinema como James Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade. Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de juventude em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que influenciados pelas idéias de liberdade “On the Road” [título do livro do beatnik Jack Keurouac, de 1957] da chamada geração beat, começavam a se opor à sociedade de consumo vigente. O movimento, que nos 50 vivia recluso em bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos 60 e influenciaria novas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo do final da década. Nesse cenário, a transformação da moda iria ser radical. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento. Na moda, a grande vedete dos anos 60 foi, sem dúvida, a minissaia. A inglesa Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas palavras da própria Mary Quant: “A idéia da minissaia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua que a inventou”. Não há dúvidas de que passou a existir, a partir de meados da década, uma grande influência da moda das ruas nos trabalhos dos estilistas. Mesmo as idéias inovadoras de Yves Saint Laurent com a criação de japonas e sahariennes [estilo safári], foram atualizações das tendências que já eram usadas nas ruas de Londres ou Paris. O sucesso de Quant abriu caminho para outros jovens estilistas, como Ossie Clark, Jean Muir e Zandra Rhodes. Na América, Bill Blass, Anne Klein e Oscar de la Renta, entre outros, tinham seu próprio estilo, variando do psicodéli-
co [que se inspirava em elementos da art nouveau, do oriente, do Egito antigo ou até mesmo nas viagens que as drogas proporcionavam] ou geométrico e o romântico.
O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola. Pela primeira vez, a mulher ousava se vestir com roupas tradicionalmente masculinas, como o smoking [lançado para mulheres por Yves Saint Laurent em 1966]. A alta-costura cada vez mais perdia terreno e, entre 1966 e 1967, o número de maisons inscritas na Câmara Sindical dos costureiros parisienses caiu de 39 para 17. Consciente dessa realidade, Saint Laurent saiu na frente e inaugurou uma nova estrutura com as butiques de prêt-à-porter de luxo, que se multiplicariam pelo mundo também através das franquias. Com isso, a confecção ganhava cada vez mais terreno e necessitava de criatividade para suprir o desejo por novidades. O importante passaria a ser o estilo e o costureiro passou a ser chamado de estilista. Entretanto, os anos 60 sempre serão lembrados pelo estilo da modelo e atriz Twiggy, muito magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com delineador. A maquiagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco estava nos olhos, sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo brancos e os produtos preferidos deviam ser práticos e fáceis de usar. Nessa área, Mary Quant inovou ao criar novos modelos de embalagens, com caixas e estojos pretos, que vinham com lápis, pó, batom e pincel. Ela usou nomes divertidos para seus produtos, como o “Come Clean Cleanser”, sempre com o logotipo de margarida, sua marca registrada. eram tanto. sico do guarda-roupa masculino. de roupas coloridas e como na música, usava botinha sem meia e cabelo na testa [como os Beatles]. A palavra de ordem era “quero que vá tudo pro inferno”. Nesse contexto, nenhum movimento artístico causou maior impacto do que a Arte Pop. Artistas como Andy Warhol, Roy Lichetenstein e Robert Indiana usaram irreverência e ironia em seus trabalhos. Warhol usava imagens repetidas de símbolos populares da cultura norte-americana em seus quadros, como as latas de sopa Campbell, Elvis Presley e Marilyn Monroe. A
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Esta é a moda que caracteriza os anos 70: hippies e românticos. Os revolucionários dos anos 60 começaram a se acalmar nos anos 70. O “hipismo” teve início em uma comunidade idealística que vivia em HaightAshbury, distrito de San Francisco, se esquivando da convocação militar para lutar no Vietnã. Originalmente concentrada em um estilo de vida ideal, sem guerras e competições de ego, o hippie acabou virando modismo. O estilo hippie teve uma exposição global em 1969 durante o festival de Woodstock, em
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Nova York, influenciando milhares de pessoas a adotar o visual. Silhueta Romântica, sonhadora e natural. Moda Os primeiro hippies rejeitavam o consumismo e olhavam para o Oriente como inspiração religiosa. A devoção a culturas e religiões exóticas foi absorvida também nas roupas. Sob forte inspiração étnica, ciganas, túnicas indianas, estampas florais e símbolos da paz se misturaram ao básico americano, como o jeans e a camiseta; A onda do anti-consumo deixou os cabelos crescerem em desalinho. Elegeu os brechós como alternativa para agregar ao visual hippie ícones nostálgicos dos anos 20 e 30, como os chapéus desabados, veludos, cetins e estolas de pluma que ao serem usados por ídolos como Janis Joplin ou Jimmi Hendrix viravam manias; O ácido (droga) estava sendo testado criando uma fase “psicodélica” que influenciou todas as expressões de arte, da música e da moda; A onda do feito a mão valorizou tinturas especiais como o “tie-dye” e os trabalhos de “patchwork”, além de toda uma admiração ao artesanato manual que vende bem até hoje nas feiras chamadas de hippie; Os estilistas cultuados na época eram Thea Portes, que fazia roupas com sofisticados tecidos árabes e turcos, e Laura Ashley, a dama do estampado “liberty”, ambos com lojas em Londres. “Faça o amor, não a guerra” era o lema do início da década que acaba influenciando a moda. Entre túnicas batik, micros e maxi saias, o jeans acaba sendo o vencedor, de preferência surrado e cheio de enfeites. Quando a década estava terminando iniciava o fenômeno das discotecas, que no Brasil teve seu auge na novela Dancin’ days. Algodões estampados com pequenas flores (Laura Ashely), anáguas com encaixes de renda, chapéus de palha adornados com flores, cabelos “prérafaelistas” suavemente ondulados. O oriente exerce influência e sedução, mas o domínio foi do “Flower-power - hippie”, nascido em São Francisco, na Califórnia. Os jovens vestiam jeans bordados de flores, pantalonas tipo “Oxford” e saias longas e vaporosas até o chão. Inicia o domínio de materiais mais sinuosos e suaves, tecidos para todos os tipos de roupa e peças coladas ao corpo realçando a silhueta natural. Com as mulheres se posicionando em cargos anteriormente ocupados por homens, surgem as roupas formais com um deliberado corte masculino e visual unissex.
foi a Chanel com a contratação de Karl Lagerfeld. Com a idéia de individualidade surgiu e de exclusividade, e o estilista alemão tem em Inés de la Fressange sua preferida e exclusiva, dando início ao conceito de topmodel. Os orientais, especialmente os japoneses, fizeram escola em Paris, ditando moda. O slogan “less is more” (“menos é mais”) era a ideologia. Em contraposição, o francês Christian Lacroix tentava reavivar a alta-costura com suas criações tão extravagantes quanto possível. Para ele, “more is more”: mais é mais”.
Com os anos 80, a moda ganhou novamente outra dinâmica. Plural e múltiplo, eis aí as referências da moda dos anos 80. As grifes dos anos 70 entraram pelo novo decênio, entretanto, foram as tribos que deram a maior identidade ao período. Essas também vieram da década anterior só que em maior difusão. Eram punks, góticos (aqui chamados de darks), heavy metal, skinheads, yuppies (que têm em Giorgio Armani o grande referencial de moda, com seu clássico renovado tanto para a moda masculina como para a moda feminina), o new wave, o new age, os ecológicos etc., fizeram da década um verdadeiro caldeirão de influências.
Os anos 80 são marcados pelo exagero e a exibição. A moda acompanhavaessasambições,criandoumestilonadasimples. As jeans alcançaram o topo, ganhando fama e os centros comerciais tornaram-se o paraíso das pessoas consumistas. A juventude trouxe de volta o que já era considerado antiquado: roupas feitas à medida e vestidos de baile. Os anos 80 seguem o charme e a sofisticação dos anos 60, mas com um certo exagero.
Os vestidos passaram a valorizar mais o corpo feminino, com cintura marcada e fendas, tudo acompanhado de acessórios dourados. O visual era extravagante com ombreiras e calças de cós alto, mini-saias com leggings, macacões e calções. As cores cítricas fizeram muito sucesso, como o verdelima, amarelo e o cor-de-laranja fluorescentes. Na maquilhagem, as mulheres abusaram do colorido da época com sombras fortes, olhos bem pintados e batons de cores vivas, como o vermelho, rosa e castanho-escuro.
A individualidade foi a grande busca. Era o tal paradoxo, uma vez que o tentar ser diferente dos outros o tornava igual entre aqueles de mesma ideologia. Ser diferente era ser igual aos da mesma tribo, que por sua vez, eram distintos das outras tribos. Os jovens e suas influências musicais ditavam comportamento e moda.
O conceito de rejuvenescimento foi difundido, não só nas academias de ginástica, como também, na cosmética, na medicina e em outras áreas. A moda como pertencente ao aspecto cultural de cada época não ficou para trás ao começar a rejuvenescer marcas famosas. A primeira delas
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Também nos anos 90, o desconstrutivismo, introduzido na moda pelos belgas na moda, trouxe uma intelectualidade ao setor ao se inspirarem no caos para chegarem à forma, uma espécie de desconstruir para reconstruir e, na visão comercial, isso se transformou, por exemplo, em overlock aparente e bainha desfiada.
Porém, no final da década, a alta-costura ressurgiu. Nomes fortes do mercado financeiro adquirem nomes fortes da moda e, sobretudo, rejuvenescendo-os com o sangue novo de talentos contemporâneos. A tecnologia têxtil foi se sofisticando, com os famosos tecidos inteligentes ou “com memória”.
Finalmente, os 90
O aspecto de releitura histórica foi outra característica nessa década. Buscar inspiração no passado foi uma forma de reinventar a própria roda, uma vez que o totalmente novo ficava difícil tamanha a multiplicidade de opções. Anos 90, finalmente. A moda ainda trazia a pluralidade, as tribos, as top-models, as releituras, a tecnologia, a informática e outras coisas mais dos anos 80, porém, com suas inovações, renovações e identidades próprias. A idéia de tribo continuou com os grunges, novamente influenciados pela música e pelo comportamento jovem das ruas. Aí talvez esteja uma das essências de toda a década. O streetwear se impôs de uma tal forma que a situação se inverteu totalmente. O ateliê que guardava as idéias a sete chaves antes de lançá-las nas passarelas passou a se inspirar no que os jovens já estavam usando, reinterpretando para uma proposta mais sofisticada.
Outros grupos também se impuseram, todos eles com o caráter de underground. As subculturas, os excluídos e os desfavorecidos passaram a ser o referencial.
Talvez isso tudo seja a globalização metaforizada para a moda. A junção de tudo e de todos dentro de um liquidificador em que o composto foi a liberdade de expressão levada às últimas conseqüências. Os diametralmente opostos num único conceito de pluralidade multiplicado pela própria pluralidade. Foi o que definiu o sociólogo inglês Ted Polhemus como “supermercado de estilos”.
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Vale a pena deixar registrado a inversão em comportamento que se deu no decorrer desse centênio. A moda antes da Segunda Guerra Mundial era definida pelos adultos e copiada pelos mais jovens. Logo após a guerra, há duas realidades distintas: a moda do adulto e a moda do jovem. E no final do século a situação se inverteu totalmente, e esse conceito continua ainda nesse início do século 21. Até a metade da década de 90, o exagero dos anos anteriores influenciou a moda. Foram lançados, por exemplo, as jeans coloridas. Isso influenciou a moda íntima, que criou peças para serem usadas à mostra, com novos materiais e cores.  Essa é uma década marcada pela diversidade de estilos que convivem harmoniosamente. A moda seguiu cada uma dessas tendências, fornecendo peças para cada tipo de consumidor e para todas as ocasiões. O rock influenciou a moda e o comportamento dos adolescentes com o seu estilo de calças largas e camisas de xadrez.
Principais Acontecimentos 1990 - O Iraque invade o Kuwait, e nos EUA, nasce o primeiro serviço comercial de acesso à rede por linha discada (300 mil computadores interligados), e inicia-se o Projeto Genoma Humano. 1991 - Começa a Guerra do Golfo, A URSS se desfaz, e no Brasil a FAPESP faz a primeira conexão com a Internet.
1992 - Rebelião no Presídio do Carandiru (Pavilhão 9) em São Paulo acaba com 111 presos mortos, e em Brasília acontece o afastamento do Presidente Fernando Collor por processo de impeachment, assumindo em seu lugar Itamar Franco.
por linha discada (300 mil computadores interligados), e inicia-se o Projeto Genoma Humano. 1991 - Começa a Guerra do Golfo, A URSS se desfaz, e no Brasil a FAPESP faz a primeira conexão com a Internet. 1992 - Rebelião no Presídio do Carandiru (Pavilhão 9) em São Paulo acaba com 111 presos mortos, e em Brasília acontece o afastamento do Presidente Fernando Collor por processo de impeachment, assumindo em seu lugar Itamar Franco.
VAMOS AGORA PARA UM FLASHBACK VISUAL DOS ANOS 90...
MODA
1993 - Bill Clinton é eleito como 42º presidente dos EUA, e um carro bomba explode no estacionamento do World Trade Center.
1994 - Ayrton Senna morre em acidente no GP de Ímola (Itália), Brasil conquista seu Tetra-Campeonato Mundial de Futebol, e o Ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique, lança o Plano Real.
1995 - Fernando Henrique Cardoso toma posse como Presidente do Brasil, Terremoto em Kobe (Japão) mata mais de 6 mil pessoas, e o DVD é inventado, enquanto isto, a internet não para de crescer (mais de 6 milhões computadores). 1996 - A Câmara aprova a CPMF com objetivo de melhorar a Saúde Pública no Brasil, e nasce o primeiro mamífero clonado (ovelha Dolly).
1997 - Bill Clinton começa seu 2º mandato como Presidente dos EUA, um acidente automobilistico controverso mata a Princesa Diana, e o resto do mundo enfrenta uma grave crise financeira iniciado com a queda da Bolsa de Valores de Hong Kong.
1998 - A Sonda espacial Galileu envia dados de uma das luas de Júpiter indicando um provável oceano líquido debaixo de camadas de gelo, Fernando Henrique é reeleito Presidente do Brasil, e Bill Clinton se envolve em escândalo sexual com a estagiária Monica Lewinsky. 1999 - O Euro começa a ser usado em transações eletrônicas em 11 países da Europa, enquanto nos Estados Unidos, Bill Clinton enfrenta um processo de impeachment.
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