TFG I | REABILITAÇÃO URBANA E AMBIENTAL: intervenção na favela Guaicuri

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REABILITAÇÃO URBANA E AMBIENTAL intervenção na favela guaicuri


UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora para obtenção de grau no curso de Arquitetura e Urbanismo

REABILITAÇÃO URBANA E AMBIENTAL intervenção na favela guaicuri

Jeniffer Crispim Orientador Rafael Giorgi Costa

figuras 01 e 02: vista parque sete campos I fonte: autora

São Paulo, 2021


dedicatória

À todos aqueles que vivem nas favelas brasileiras.

agradecimentos

À esse Deus que não podemos ver. Aos meus pais, Antonio e Patrícia, por todo incentivo sempre presente, por me ajudarem nos momentos mais críticos durante o curso, pelas comemorações a cada semestre concluído, pelo amor incondicional, e pelos ensinamentos repletos de sabedoria que contribuem constantemente para quem eu sou e ainda vou ser. À minha irmã Jéssica, que acompanhou de perto todos os longos dias de estudo e me auxiliou sempre que precisei, sobretudo, na produção deste dossiê. À grande amiga que a universidade me deu, Marina, pelo companheirismo desde o primeiro semestre e viveu comigo todos os desafios de cursar arquitetura e urbanismo. Ao corpo docente da Universidade São Judas Tadeu, pela troca e reflexões não só científ icas, em especial, ao meu orientador Rafael, pelas conversas que foram imprescindíveis para a composição deste trabalho.


resumo O presente trabalho abordará a relação da moradia em favela associada ao espaço público como elemento que contribui significativamente para uma melhor qualidade de vida, a fim de que seja possível a convivência em harmonia entre o homem e a natureza. A partir dessas reflexões, o projeto

de intervenção pretende dispor de S o m e n te q u a n d o a p o l í t i c a s e

moradia digna para aqueles que vivem

concentrar na produção e reprodução

sob condições precárias e irregulares,

da vida urbana como processo de

possibilitando a integração com o parque

trabalho essencial que dê origem a

linear por meio da recuperação da área

impulsos revolucionários será possível

de preservação permanente de um dos

concretizar lutas anticapitalistas

afluentes da represa Billings.

capazes de transformar radicalmente a vida cotidiana. Somente quando

abstract

se entender que os que constroem e mantêm a vida urbana têm uma exigência fundamental sobre o que eles

This work will address the relationship

produziram, e que uma delas é o direito

of housing in a favela associated

inalienável de criar uma cidade mais em

with public space as an element that

conformidade com seus verdadeiros desejos, chegaremos a uma política do urbano que venha fazer sentido. David Harvey, 2010.

contributes signif icantly to a better quality of life, so that it is possible to live in harmony between man and nature. Based on these reflections, the intervention project intends to provide decent housing for those who live in precarious and irregular conditions, enabling integration with the linear park through the recovery of the permanent preservation area of one of the tributaries of the Billings dam.


lista de figuras Figura 01: Vista Parque Sete Campos I Fonte: Acervo da autora

Fonte: Autor Desconhecido, PSD São Paulo| Editada pela autora

Figura 31: Diagrama Remoções Fonte: Archdaily | Editada pela autora

Linear Cantinho do Céu Fonte: Daniel Ducci

Figura 02: Vista Parque Sete Campos II Fonte: Acervo da autora

Figura 18: Quadro Setores Censitários Fonte: Favelas no Brasil e em São Paulo: avanços nas análises a partir da Leitura Territorial do Censo de 2010 | Elaborado pela autora

Figura 32: Barracos - Córrego do Sapé Fonte: Archdaily | Editada pela autora

Figura 50: Cinema ao ar Livre, Parque Linear Cantinho do Céu Fonte: Daniel Ducci

Figura 03: Vista Parque Sete Campos III Fonte: Acervo da autora Figura 04: São Paulo, Brasil Fonte: Johnny Miller, Unequal Scenes | Editada pela autora Figura 05: Paraisópolis, São Paulo Fonte: Johnny Miller | Unequal Scenes | Editada pela autora Figura 06: Morumbi, São Paulo Fonte: Johnny Miller | Unequal Scenes | Editada pela autora Figura 07: Cantagalo, Rio de Janeiro Fonte: Johnny Miller | Unequal Scenes | Editada pela autora

Figura 19: Quadro Localização dos Domicílios Fonte: Favelas no Brasil e em São Paulo: avanços nas análises a partir da Leitura Territorial do Censo de 2010 | Elaborado pela autora Figura 20: Quadro Quantidade de Favelas Fonte: Favelas no Brasil e em São Paulo: avanços nas análises a partir da Leitura Territorial do Censo de 2010 | Elaborado pela autora Figura 21: Gráfico Distribuição dos usos Urbanos na Áreas de Mananciais Fonte: Mananciais: diagnósticos e políticas habitacionais | Elaborado pela autora

Figura 08: Infográfico Direito à Cidade Fonte: Lei nº 10.257 | Elaborado pela autora

Figura 22: Mapa Áreas Protegidas Pela Lei de Proteção aos Mananciais Fonte: Moradia e Mananciais: Tensão e diálogo na Metrópole

Figura 09: Infográf ico Índices da População Brasileira Fonte: IBGE 2018 | Elaborado pela autora

Figura 23: Foto Aérea, Parelheiros - Zona Sul, 2018 Fonte: A Devastação da Mata Atlântica no município de São Paulo

Figura 10: Autoconstrução, Cidade Júlia, São Paulo Fonte: Acervo da autora

Figura 24: Foto Aérea, Parelheiros - Zona Sul, 2019 Fonte: A Devastação da Mata Atlântica no município de São Paulo

Figura 11: Mapa Favelas e Loteamentos Irregulares, Zona Sul Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 25: Bairro Popular Erguido em Local de Proteção Ambiental, Parelheiros - Zona Sul Fonte: A Devastação da Mata Atlântica no município de São Paulo

Figura 12: Córrego da Moenda, Capão Redondo Fonte: Urias Takatohi, Google Street View Editada pela autora Figura 13: Córrego Água Espraiada, Jabaquara Fonte: Google Street View | Editada pela autora Figura 14: Córrego Guaicuri, Cidade Júlia Fonte: Acervo da autora Figura 15: Aglomerados Subnormais, Morro dos Macacos, São Paulo Fonte: Kátia Flora, 32xsp | Editada pela autora Figura 16: Aglomerados Subnormais, Jardim Apurá, São Paulo Fonte: Kátia Flora, 32xsp | Editada pela autora Figura 17: Aglomerados Subnormais, Pantanal, São Paulo

Figura 26: Emerald Necklace, Boston Fonte: Autor Desconhecido, Reddit | Editada pela autora

Figura 33: Assentamentos - Córrego do Sapé Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 34: Diagrama Implantação Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 35: Condomínios - Córrego do Sapé Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 36: Espaço Público - Córrego do Sapé Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 37: Corte - favela do Sapé Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 38: Planta Dois Dormitórios Fonte: Pessoa Arquitetos | Editada pela autora Figura 39: planta três dormitórios Fonte: Pessoa Arquitetos | Editada pela autora Figura 40: Circulação Horizontal - Condomínios Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 41: Varandas - Condomínios Fonte: Pessoa Arquitetos | Editada pela autora Figura 42: Cantinho do Céu, São Paulo Foto: Fábio Knoll, Archdaily | Editada pela autora Figura 43: Cantinho do Céu, Vista Aérea Fonte:Fábio Knoll, Archdaily | Editada pela autora Figura 44: Rua sem Pavimentação, Cantinho do Céu Fonte: Fábio Knoll, Archdaily | Editada pela autora

Figura 51: Parque Novo Santo Amaro V, São Paulo Fonte: Archdaily | Editado pela autora Figura 52: Situação Anterior I Fonte: Vigliecca & Associados Figura 53: Situação Anterior II Fonte: Vigliecca & Associados Figura 54: Planta, Parque Novo Santo Amaro V Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 55: Corte AA, Bloco 3, Parque Novo Santo Amaro V Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 56: Corte BB, Parque Novo Santo Amaro V Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 57: Espaços Públicos I Fonte: Leonardo Finott, Archdaily Figura 58: Espaços Públicos II Fonte: Leonardo Finott, Archdaily Figura 59: Planta Localização Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 60: Planta 1, Bloco 3 Fonte: Archdaily | Editada pela autora Figura 61: Fachada de um dos Conjuntos Habitacionais Fonte: Archdaily Figura 62: Vista da Passarela Metálica Fonte: Archdaily

Figura 27: Rio Cheonggyecheon, Seul - Chile Fonte: Ferdinando de Sousa| Editada pela autora

Figura 45: Implantação, cantinho do Céu Fonte: Boldarini Arquitetura e Urbanismo, Soluções para Cidades | Editada pela autora

Figura 28: Horta Comunitária, CCSP Fonte: São Paulo São | Editada pela autora

Figura 46: Corte 1, Parque Linear Cantinho do Céu Fonte: Archdaily | Editada pela autora

Figura 64: Vista do Bairro Cidade Júlia Fonte: Acervo da autora

Figura 29: Favela do Sapé, Cantinho do Céu e Parque Novo Santo Amaro V Fonte: Archdaily | Editada pela autora

Figura 47: Espaços de Lazer e Atividades, Parque linear Cantinho do Céu Fonte: Daniel Ducci

Figura 65: Mapa Perímetro de Intervenção e Distritos do Entorno Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 30: Favela do Sapé Fonte: Archdaily | Editada pela autora

Figura 48: Corte 2, Parque Linear Cantinho do Céu Fonte: Archdaily | Editado pela autora

Figura 66: Foto Aérea Perímetro de Intervenção Fonte: Google Earth | Elaborado pela autora

Figura 49: Deck de Madeira Flutuante, Parque

Figura 63: Vista da Rua Zâmbia Fonte: Ediciones Arq


Figura 67: Mapa Cheios e Vazios Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 87: Mapa Gabaritos Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 107: Estudo Preliminar Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 68: Entorno Córrego Guaicuri Fonte: G1

Figura 88: Rua Guaicuri, Cidade Júlia Fonte: Google Street View

Figura 108: Guaicuri - Situação Existente Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 69: Entorno Córrego Guaicuri Fonte: G1

Figura 89: Rua Santo Alberico, Vila Missionária Fonte: Google Street View

Figura 109: Guaicuri - Situação Proposta Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 70: Entorno Córrego Guaicuri Fonte: G1

Figura 90: Rua das Orquídeas, Parque Primavera Fonte: Google Street View

Figura 71: Mapa Áreas Verdes Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 91: Mapa Uso Predominante do Solo Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 110: Parque Sete Campos - Situação Existente Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 72: Córrego Guaicuri, Sete Campos Fonte: Acervo da autora

Figura 92: Terreno Subutilizado Fonte: Google Earth | Elaborada pela autora

Figura 73: Percurso Parque Sete Campos Fonte: Acervo da autora

Figura 93: Uso Residencial Desordenado Fonte: Google Earth | Elaborada pela autora

Figura 74: Vista Aérea Parque Sete Campos Fonte: Fernanda Ocanhas | Editada pela autora

Figura 94: Aterro Itatinga Fonte: Fonte: Google Earth | Elaborada pela autora

Figura 75: Mapa Mobilidade Urbana Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 76: Av. ngelo Cristianini Fonte: Google Street View | Editada pela autora Figura 77: Rua Wilson Cantoni Fonte: Google Street View | Editada pela autora Figura 78: Rua Guaicuri Fonte: Google Street View | Editada pela autora Figura 79: Mapa Equipamentos Públicos Fonte: Google Street View | Editada pela autora Figura 80: Escola Estadual Padre Tiago Alberione Fonte: Fonte: Google Street View Figura 81: Escola Ensino Infantil Fonte: Google Street View Figura 82: Ama Vila Missionária Fonte: Google Street View Figura 83: Mapa Densidade Demográfica Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 84: Viela | Rua Coronel Isaías Fonte: Google Street View Figura 85: Viela | Córrego Guaicuri Fonte: Google Street View Figura 86: Viela | Córrego Guaicuri Fonte: Wellington Ramalhoso

Figura 95: Mapa Zoneamento Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 96: Área destinada a ZEU Fonte: Google Street View Figura 97: Área destinada a ZC Fonte: Google Street View Figura 98: Área destinada a ZEPAM Fonte: Google Street View Figura 99: Mapa Percepções do Espaço Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 100: Córrego Guaicuri Fonte: Acervo da autora Figura 101: Diagrama Córrego Existente Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 102: Diagrama Córrego Proposto Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 103: Diagrama Sistema Viário Existente Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 104: Diagrama Sistema Viário Proposto Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 105: Diagrama Assentamentos Existentes e Remoções Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora

Figura 111: Parque Sete Campos - Situação Proposta Fonte: Geosampa | Elaborado pela autora Figura 112: Diagrama Volumétrico, Quadra 01 Fonte: Elaborado pela autora Figura 113: Diagrama Volumétrico, Quadra 02 Fonte: Elaborado pela autora Figura 114: Diagrama Volumétrico, Quadra 03 Fonte: Elaborado pela autora Figura 115: Diagrama Volumétrico, Quadra 06 Fonte: Elaborado pela autora


sumário

1.

apresentação

4.

o lugar

1.1. introdução

4.1. inserção urbana

1.2. justificativa

4.2. parâmetros urbanísticos

1.3.1. objetivos gerais

4.3. cheios e vazios

1.3.2. objetivos específicos

4.4. áreas verdes

1.4. metodologia

4.5. mobilidade urbana 4.6. equipamentos públicos 4.7. densidade demográfica 4.8. gabarito

2.

4.9. uso predominante do solo

segregação socioespacial e soluções ambientais

4.10. zoneamento 4.11. percepções do espaço

2.1. segregação socioespacial e moradia digna 2.2. caracterização da urbanização precária na zona sul 2.3. programa mananciais 2.4. soluções socioambientais como caminho

3.

5.

o plano

5.1. diretrizes projetuais

estudo de caso

5.2. estudo preliminar

3.1. reurbanização do sapé

considerações finais

3.2. urbanização do complexo cantinho do céu

bibliografia

3.3. parque novo santo amaro


1.

apresentação

introdução justificativa objetivos gerais objetivos específicos metodologia

figura 03: vista parque sete campos II fonte: autora

15


1.3. objetivos gerais

1.1. introdução Enquanto moradora da favela, é

falta de infraestrutura básica, carente

Compreender a formação do espaço

inevitável não observar que mesmo

de espaços públicos e os que existem,

enquanto periferia, a partir da favela

sendo parte da cidade, ela é vista como

encontram-se degradados. As unidades

Guaicuri;

estigma diante da sociedade, pela

de moradia são precárias e ocupam

Desenvolver uma proposta de intervenção

materialidade de suas construções,

terrenos caracterizados como área de

sobre o território edificado com foco

pelos moradores que, muitas vezes

risco às margens do córrego Guaicuri,

na moradia e a recuperação de área

são tratados como responsáveis

afluente da represa Billings, um dos

ambiental para transformação em

pela criminalidade, pela cultura não

importantes reservatórios de São Paulo.

espaços públicos.

reconhecida ou referida com inferior,

A f im de mitigar os problemas

pela pobreza, quando chamados de

mencionados acima, são premissas do

invasores aqueles que ocupam como

projeto recuperar a área de preservação

forma de resistência em prol do direito

permanente do córrego, promovendo

Recuperação do córrego Guaicuri e das

de também residir.

espaços livres qualif icados e de

áreas de preservação permanente;

A partir dessa análise, esse trabalho

interação para os moradores, realocar a

Implantação de parque linear;

propõe reflexões sobre a favela Guaicuri,

população local em edificações legais

Realocação da população residente em

localizada entre os distritos Cidade

propiciando a moradia digna como toda

áreas de risco;

Ademar e Pedreira, na zona sul de

a infraestrutura necessária.

Proposta de novas unidades habitacionais

1.3.1. objetivos específicos

legais;

São Paulo. O contexto em que ela se

Dessa forma, espera-se articular o

insere é de grande vulnerabilidade

convívio do homem com a natureza,

Aumentar a oferta de comércios e serviços

social e está próxima a área de proteção

melhorando sua qualidade de vida,

locais;

ambiental de mananciais da represa

e reforçar a luta de existência da

Propor equipamento público para a região.

Billings. Considerando essa realidade,

favela como parte da cidade sem

nota-se que o local é prejudicado pela

descaracterizá-la.

1.4. metodologia

1.2. justificativa Para a realização deste trabalho serão assentamentos precários: estudo sobre

feitas pesquisas bibliográficas, coleta de

vivência no bairro e o acompanhamento Cidade Júlia, periferia de São Paulo 2008-

dados que evidenciem as problemáticas

do processo de urbanização do mesmo 2011” surge a necessidade de desenvolver

sociais do objeto de estudo, demonstrados

desenvolvido muito pelos próprios um plano urbanístico que por meio de

também através de cartografias e

moradores. Observando as carências soluções ambientais que disponha de

diagnósticos locais. A análise de referências

e condições precárias do lugar através

projetuais também será um elemento de

A escolha do tema se deu a partir da

16

infraestrutura e proporcione vida digna

da pesquisa de iniciação científ ica a população favelada.

suporte ao desenvolvimento do plano

intitulada como “A urbanização de

urbanístico. 17


2.

segregação socioespacial e soluções ambientais segregação socioespacial e moradia digna caracterização da urbanização precária na zona sul programa mananciais soluções socioambientais como caminho

figura 04: são paulo, brasil foto: johnny miller | editada pela autora

19


2.1. segregação socioespacial e moradia digna

O conceito de segregação urbana

Redirecionando a desigualdade

surgiu entre os anos 1930 e 1940, através para o espaço produzido enquanto dos pensadores da Escola de Chicago, que cidade, o maior exemplo que temos pretendiam compreender e esclarecer disso são os condomínios de luxo, onde qual era a preferência de localidade só uma parcela da população com maior residencial de distintas famílias e classes

poder aquisitivo têm acesso, ou seja, uma

sociais no território das cidades nos

segregação causada pela classe social.

Estados Unidos. (VIEIRA; MELAZZO, 2003)

Considerando que o centro está sempre

A o d e c o r r e r d o s a n o s e s s e muito bem servido de toda infraestrutura c o n c e i to s e a m p l i o u d e f o r m a necessária, próximo aos empregos, que aspectos econômicos, sociais, equipamentos culturais, comércios, políticos e ideológicos refletissem na

serviços e transporte, enquanto que, a

formação do espaço urbano e fossem

periferia, como o nome propriamente

indispensáveis para a total compreensão dito, está afastada do mesmo, o que da segregação socioespacial, uma

implica diretamente no maior tempo

vez que, o espaço social é produzido

de deslocamento dos moradores e que

figura 05: paraisópolis, sp | foto: johnny miller editada pela autora

figura 06: morumbi, sp | foto: johnny miller editada pela autora

pelo trabalho humano. (VILLAÇA , vai refletir também na qualidade de vida 2011).

Partindo da questão econômica: deles, isto é, a distância contribuindo De acordo com Villaça (2011,

para segregação socioespacial.

p. 31): [...] nenhum aspecto da

Essa divisão da cidade entre os mais

sociedade brasileira poderá ser

ricos e os mais pobres se manifesta

jamais explicado/compreendido se não for considerada a enorme

na dimensão espacial em diversas

desigualdade econômica e

cidades, sobretudo em São Paulo. Para

de poder político que ocorre

compreender essa articulação entre

em nossa sociedade. O maior problema do Brasil não é a

processos sociais e econômicos, é preciso

pobreza, mas a desigualdade

identif icar e analisar quem produz e

e a injustiça a ela associada.

reproduz esse espaço na sociedade

Desigualdade econômica e desigualdade de poder político.

e quais são suas particularidades. (CORRÊA, 1995)

20 figura 07: cantagalo, rj | foto: johnny miller editada pela autora


direito à cidade segundo a Lei 10.257 de 2001 Partindo da identificação de cada

exercício de suas atividades, exceto a

agente social que, segundo Corrêa (1995) favela, que auto produz seu espaço e são eles: os proprietários industriais,

é justamente a classe de menor poder

terra urbana

proprietários fundiários, promotores aquisitivo da sociedade, e pouco ou imobiliários, o Estado e a sociedade civil

quase nada assistida pelas organizações

organizada, com partícipe produtor institucionais. Conclui-se que, o Estado do espaço da cidade, é possível

ratifica a segregação, tanto social quanto

apreender como cada um se comporta

urbana. (CORRÊA, 1995)

e que, apesar de distintos, suas ações se

Sabendo que a sociedade brasileira

complementam e reafirmam o processo

é desigual e que isso reflete no âmbito

de segregação urbana.

espacial, pode-se dizer que o direito

A indústria acaba por intervir

moradia

trabalho

direito à cidade

lazer

transporte

saneamento saneamento ambiental ambiental

infraestrutura urbana

serviços públicos

à cidade não contempla a toda a

diretamente em como serão dispostos os população. demais serviços e atividades da cidade,

A ideia de direito à cidade apareceu na

figura 08: infográfico direito à cidade | elaborado pela autora

uma vez que tem maiores regalias com década de 1960, quando Paris passou por uma grande crise existencial, momento

A compreensão de que o direito

os territórios que atendem aos seus em que Lefebvre começa a falar sobre

à cidade não se concentra em apenas

requisitos. Esses mesmos territórios

Direito à Cidade em seu livro de mesmo

acessibilidade aos espaços urbanos,

poderiam ser melhor aproveitados para

nome, como forma de expor suas críticas

mas também ao direito à uma vida

investimento público, por exemplo.

em relação às condições da cidade e ao

digna, e o desenvolvimento da vida

mesmo tempo um manifesto como

urbana cotidiana enquanto coletivo é

reflexão de como reverter o cenário.

fundamental para denunciar a realidade

o Estado para determinar quais são

Quanto aos proprietários fundiários, são responsáveis pela evolução da segregação residencial juntamente

Esse conceito passou por um processo

com os promotores imobiliários, de ressurgimento na última década,

é efetivo, ainda que constituído por lei.

Maricato (p.8, 2010) [...] é um mercado formal ou legal limitado que f requentemente oferece um produto de luxo para uma minoria da população. O s l u c ro s , d e c o r re n te s d e atividades especulativas com imóveis, ocupam um lugar muito importante nesse mercado, pressionando a disputa por terras

certo indicativo disso foi a criação do

Levando em conta que nossas

e ampliando seu preço. A retenção

um bem abastado de infraestrutura e Estatuto da Cidade, desenvolvido como

cidades foram e continuam sendo

de terras ociosas nas cidades é

espaços livres, e outro com o mínimo

resposta às lutas dos movimentos socias

construídas e organizadas por meio de

de infraestrutura. É a partir daí que se no Brasil. Entrou na Constituição Federal

uma urbanização capitalista, onde o

e frequentemente luxuoso, lucro

formam os bairros nobres e as favelas,

de 1988 e na Lei 10.257 de 2001 com o

que mais importa é o lucro obtido por

especulativo, ausência de políticas

há uma grande diferença na oferta de

intuito de viabilizar uma reforma na

todos esses meios de produção tendo

serviços públicos e equipamentos entre

dinâmica urbana ao longo dos anos.

aí - a cidade como um dos geradores de

das festejadas best practices),

eles, resultando na segregação urbana.

(HARVEY, 2012)

lucro -, é evidente que o direito à cidade

escassez de moradia, segregação

construindo duas tipologias de território:

22

da cidade brasileira e em como ele não

que pode ser descrita da seguinte forma:

Observa-se que todos os agentes

está limitado apenas a uma fração da

mencionados acima obtém facilmente

população: a elite. O resultado disso é a

subsídios do Estado para o devido

caracterização das cidades periféricas,

parte estrutural desse modelo que combina: mercado restrito

sociais em escala signif icativa (isto é, uma escala que vá além

e informalidade.

23


2.2. caracterização da urbanização precária na zona sul da população brasileira

13%

vive em domicílios com presença de ao menos uma inadequação

No período pré 1964, São Paulo

urbanística. (KOWARICK; BONDUKI, 1994)

passou por diversas transformações

Essa resposta apontada como solução

urbanas no que diz respeito à situação de ao problema habitacional na verdade

36,7%

dos domicílios não recebem

vida das classes populares, em como elas não foi bem uma solução, haja vista a

serviços de saneamento básico

tiveram ou não acesso à terra, moradia quantidade de assentamentos precários e infraestrutura urbana, na implantação e a contínua expansão das favelas por

46,2%

de brasileiros não concluíram

do ônibus como substituto do bonde todo o território paulista até hoje.

o ensino médio ou equivalente

e aumento da circulação de veículos devido a produção da indústria fordista. Não obstante, é nessa mesma época

30,7%

da população brasileira

em que há um crescimento elevado da

recebe somente ½ salário mínimo

população produzindo suas próprias moradias em meio à clandestinidade

figura 09: infográfico índices da população brasileira | fonte: IBGE, 2018 | elaborado pela autora

e carentes de inf raestrutura. No pós

para que o urbanismo seja de fato um

1964, há um destaque para ações de

que as alternativas para a população dos principais instrumentos de validação

planejamento urbano através do poder

de baixa renda são reduzidas, e o único

público, mas que teve como decorrência

É com esse padrão de urbanização

jeito é ocupar áreas impróprias para habitação, territórios ambientalmente frágeis e de risco, muitas vezes sem o mínimo de inf raestrutura necessária, fazendo com que as pessoas vivam sob

do direito à cidade. (MARICATO, 2010). Harvey (p. 68, 2010) [...] seu

propiciar f inanciamento ao setor

direito à cidade - seu direito a

imobiliário, como no caso das atividades

mudar o mundo, a mudar a vida

do Banco Nacional de Habitação (BNH).

e a reinventar a cidade de acordo

(KOWARICK; BONDUKI, 1994)

com seus mais profundos desejos. Esse direito coletivo, tanto como

Essas transformações trouxeram

condições insalubres, e que nada tem a

palavra de ordem quanto como

à tona uma espécie de “resposta” aos

ver com vida digna.

ideal político, nos remete à

problemas habitacionais, que era a junção

O que se espera com a criação do

antiquíssima questão de saber quem é que controla a conexão

de: loteamento periférico, casa própria e

Estatuto da Cidade, ainda que a longo

interna entre urbanização e

autoconstrução. Tal proposta consistia

prazo, é a elaboração de propostas de

produção e uso excedentes.

basicamente na comercialização de

planejamento que sejam coerentes com a realidade da cidade periférica e suas especificidades, ao invés de propiciar uma barreira de acesso aos direitos

Afinal, talvez Lefebvre estivesse certo, há mais de quarenta anos,

terras rurais para desenvolverem funções

ao insistir em que a revolução de

urbanas e que eram compradas pela

nossa época tem de ser urbana -

classe trabalhadora, que autoconstruíam

ou não será nada.

suas moradias. Tudo isso, com a

fundamentais. A fim de que a cidade

permissão do poder público e sem

seja democrática em seu espaço físico

qualquer f iscalização da legislação

figura 10: autoconstrução, cidade júlia, são paulo foto: autora

nas suas relações sociais do coletivo, 24

25


11

favelas e loteamentos irregulares na zona sul

11 12 figura 12: córrego da moenda, capão redondo foto: urias takatohi, 2018 | editada pela autora 13

favelas

12

loteamentos irregulares rede hídrica

figura 11: mapa favelas e loteamentos irregulares, zona sul fonte: geosampa | elaborado pela autora

Observa-se que nas quatro

ambientais, os moradores se tornam

regiões (norte, sul, leste e oeste) da

as principais vítimas dessas situações.

cidade de São Paulo há um padrão de

Pode-se perceber que isso é

urbanização que consiste na formação muito recorrente na porção sul da de favelas e loteamentos irregulares

cidade, com a presença de significativos

e precários, sempre próximos aos

mananciais e uma quantidade

cursos d ‘água e até mesmo em

considerável de córregos, mesmo

áreas ambientalmente protegidas, tal

com leis de proteção ambiental as

disposição de assentamentos apresenta

habitações continuam avançando

figura 13: córrego água espraiada, jabaquara foto: google street view, 2018 | editada pela autora 13

uma concentração maior na extrema cada vez mais sobre essas áreas. periferia, resultado da expansão urbana.

A ocupação desses espaços

Esse tipo de ocupação é um

expõem a grande vulnerabilidade social

dos contribuintes para a ocorrência a que a população está submetida d e a l a g a m e n to s e i n u n d a ç õ e s , e consequentemente apartada dos ou seja, além de provocar danos direitos básicos e fundamentais. 26

figura 14: córrego guaicuri, cidade júlia foto: autora, 2021

27


Esse cenário também se repete nas demais periferias da cidade e um dos instrumentos para essa análise foi o Censo de 1991, onde o IBGE passou a adotar o

setores censitários em aglomerados sub normais

rmsp

município de sp

outros municípios

total

3.246

1.998

1.248

domicílios ocupados

596.479

355.756

240.723

população residente

2.162.368

1.280.400

881.968

área (ha)

8.834,80

4.304,60

4.530

densidade demográfica (hab/ha)

244,8

297,4

195

densidade de domicílios (dom/hab)

67,5

82,6

53,1

conceito de aglomerado subnormal para o levantamento de dados nessas áreas da cidade da seguinte forma: IBGE, (p. 27, 2010) O setor especial de aglomerado subnormal é um conjunto constituído de, no mínimo, 51 (cinquenta e uma) unidades habitacionais (barracos, casas...) carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. A identif icação dos Aglomerados Subnormais deve ser feita com base nos seguintes critérios: a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente (obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou menos); e b) Possuírem pelo menos uma das seguintes características: urbanização fora dos padrões vigentes - refletido por vias de circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais e construções não regularizadas por órgãos públicos; e precariedade de serviços públicos essenciais. Os Aglomerados Subnormais podem se enquadrar, observados os critérios de padrões de urbanização e/ou de precariedade de serviços públicos essenciais, nas seguintes categorias: a) invasão; b) loteamento irregular ou clandestino; e c) áreas invadidas e loteamentos irregulares e clandestinos regularizados em período recente.

28

figura 18: quadro setores censitários fonte: favelas no brasil e em são paulo: avanços nas análises a partir da leitura territorial do censo de 2010

Observa-se que a região metropolitana de São Paulo (RMSP) é a que apresenta uma das densidades demográficas mais altas (244,8 hab/ha), ficando atrás somente do município, com quase 100 hab/ha a mais de diferença (297,4).

figura 15 aglomerados subnormais morro dos macacos, são paulo foto: kátia flora | editada pela autora

figura 16: aglomerados subnormais jardim apurá, são paulo foto: kátia flora | editada pela autora

localização dos domicílios em aglomerados subnormais

rmsp

município de sp

outros municípios

margens de córregos, rios ou lagos

24,91

24,69

25,24

sobre córregos, rios ou lagos

1,53

1,75

1,21

unidades de conservação

1,71

2,43

0,65

aterros sanitários, lixões, áreas cont.

0,33

0,33

0,34

faixas de domínio de rodovias

0,85

0,74

1,01

faixas de domínio de ferrovias

0,76

0,94

0,49

faixas de domínio de óleodutos e gasodutos

0,38

0,09

0,81

faixas de domínio de linhas de transmição de alta tensão

1,81

1,22

2,69

encostas

20,26

19,06

22,04

colina suave

24,78

22,05

28,8

plano

19,6

23,18

14,31

outras

3,06

3,5

2,4

A maior parte das habitações estão situadas em margens de córregos, rios ou lagos e sob encostas e colinas suaves, o que evidencia claramente o alto risco de vida em que a população está submetida, vivendo em condições insalubres, e ainda possíveis alagamentos e desmoronamentos das encostas, que geralmente também provoca perca total da habitação. quantidade de favelas, área e número de famílias por subprefeitura na zona sul

figura 17: aglomerados subnormais pantanal, são paulo foto: autor desconhecido | editada pela autora

figura 19: quadro ocalização dos domicílios fonte: favelas no brasil e em são paulo: avanços nas análises a partir da leitura territorial do censo de 2010

subprefeitura

área (ha)

quantidade de favelas

área ocupada por favelas (m²)

número de famílias

campo limpo

3.670

184

3.107.405,86

57.527

cidade ademar

3.070

121

1.896.845,12

24.273

ipiranga

1.780

42

1.072.928,16

27.595

jabaquara

5.430

62

504.407,62

14.478

m'boi mirim

4.010

169

2.913.989,18

36.826

parelheiros

3.520

37

556.489,90

4.006

santo amaro

3.750

37

155.636,74

3.180

socorrro

13.420

121

2.090.530,11

26.927

vila mariana

2.650

8

28.620,91

926

total

41.300

781

12.326.853,60

195.738

figura 20: quadro quantidade de favelas fonte: favelas no brasil e em são paulo: avanços nas análises a partir da leitura territorial do censo de 2010

As subprefeituras da zona sul têm os maiores números de famílias vivendo em favelas, somando um total de 781, equivalente a 48% do total de favelas (1.616) no município de São Paulo.

29


2.3. programa manancias As bacias Guarapiranga e Billings

Essas ocupações e interferências

pertencem à área de proteção aos

ambientais estão diretamente ligadas

denominado como Política Estadual

já que ele iria abranger também a

mananciais, na porção sul da região ao processo de expansão da metrópole

de Recursos Hídricos (Lei Estadual

represa Billings e manter as ações de

metropolitana de São Paulo, e a

nº7.663/91) mas desta vez, priorizando urbanização de favelas, porém não foram

e o crescimento direcionado às áreas

o crescimento urbano desenf reado, o nome para Programa Mananciais,

maior parte dessa área corresponde periféricas. Como consequência dessas

garantir

à Mata Atlântica. Existem diversas ações, duas tipologias predominantes

possibilidade de um número considerável

formas de usos e ocupações sobre

de ocupação se destacam, mas ambas

de famílias permanecerem no local, e ampliação com mais recursos na

esse território, que foram impostos por

para habitação: loteamentos irregulares

a urbanização de favelas para conter a gestão Serra-Kassab (2004-2008), e em

meio de desmatamento entre 1989 e favelas. Além disso, o avanço da

degradação ambiental, em conjunto 2007 esse investimento mobilizou pela

e 2007 e que deram margem para

urbanização trouxe o agravante da

com o Programa Guarapiranga (1994).

primeira vez a União, Governo e Prefeitura

parte desses usos serem também poluição, resultado da falta de coleta e

Seis anos depois o Programa

de São Paulo em prol da recuperação dos

urbanos, sobretudo o uso habitacional, tratamentos de esgotos, prejudicando

Guarapiranga é finalizado, mas a nova

mananciais e da urbanização de favelas.

e que hoje apresenta alta densidade. a qualidade de água da represa Billings.

gestão (Marta Suplicy, 2000-2004) (SANTORO; FERRARA; WHATELY, 2008)

(SANTORO; FERRARA; WHATELY 2008).

decidiu dar seguimento alterando

(SANTORO; FERRARA; WHATELY, 2008)

distribuição dos usos urbanos na área de mananciais, ao sul do município de são paulo 10

9,8

o direito à moradia, a priorizadas as demandas habitacionais. O programa passou por uma

áreas protegidas pela lei de proteção aos mananciais 9,9

8

8 6 4 2 0

2,2

2,4

2,8

ocupação urbana dispersa

2,3

3,3

3,4

ocupação urbana densidade média

ocupação urbana densidade alta

1989 2003 2007 figura 21: gráfico distribuição dos usos urbanos nas áreas de mananciais fonte: mananciais, diagnósticos e politicas públicas, 2008

Como tentativa de conter esse em situações precárias e irregulares, pela crescimento urbano sobre os mananciais, população que não tinha condições de criou-se o Plano Metropolitano de acatar as alternativas que o mercado Desenvolvimento Integrado (1969)

oferecia para moradia formal. (SANTORO;

e as Leis Estaduais de Proteção aos FERRARA; WHATELY, 2008). Na década Mananciais do Estado de São Paulo

de 90 (gestão de Luiza Erundina, 1889-

(1975-76). Contudo, o efeito das leis foi

1992), um programa especificamente

exatamente o inverso do esperado:

focado na questão dos mananciais

o território foi ocupado com maior na Prefeitura de São Paulo, aparece adensamento, e consequentemente como novo instrumento para lidar com 30

figura 22: mapa áreas protegidas pela lei de proteção aos mananciais fonte: moradia e mananciais: tensão e diálogo na metrópole, 2006

31


ocupação sobre os manancias 11/12/2018

22/03/2019

2.4. soluções ambientais como caminho Considerando que a expansão urbana

Se por um lado, a infraestrutura

desordenada gera grandes conflitos no urbana vai dispor de moradia, trabalho, que diz respeito à qualidade ambiental das saúde, educação e lazer, a infraestrutura cidades, uma vez que, o uso e ocupação do verde consiste em garantir e restabelecer solo avança sobre áreas ambientalmente a qualidade de vida urbana, através de frágeis, encostas e territórios de risco, ou redes multifuncionais de fragmentos ainda cursos d’água, pode-se afirmar que permeáveis vegetados e arborizados, essas ações vão influenciar diretamente ou seja, espaços verdes interconectados figura 23: foto aérea, parelheiros - zona sul fonte: a devastação da mata atlântica no município de são paulo

figura 24: foto aérea, parelheiros - zona sul fonte: a devastação da mata atlântica no município de são paulo

no crescimento e conservação dos n a

cidade.

(HERZOG,

2010).

recursos naturais, como, por exemplo, Tal infraestrutura pode ser implantada diminuição das áreas verdes urbanas, em diversas escalas, sendo elas de contaminação do solo, poluição do ar e abrangência nacional, estatudal,

06/05/2019

da água e etc. (CORMIER; PELLEGRINO, municipal, regional, local e particular. 2008). Dessa forma, se faz necessário (CORMIER; PELLEGRINO, 2008,).Os falar sobre processos e estratégias de elementos urbanos que conf iguram planejamento por meio de infraestrutura esses espaços são: urbana que busquem mitigar os impactos da urbanização no meio ambiente:

figura 25: bairro popular erguido em local de proteção ambiental, parelheiros - zona sul fonte: a devastação da mata atlântica no município de são paulo

De acordo com a avaliação dos

saneamento, continuam despejando na

gestores atuais do Programa, há represa. Pode-se concluir que, apesar das uma desordem nas obras. Mesmo

intervenções, as questões como poluição

com as ações de urbanização com

da água e a urbanização crescente

saneamento para transferir o esgoto

não foram solucionadas. É importante

para o tratamento necessário em curso, ressaltar que, apesar dos projetos de

32

não foram concluídas até o momento, o

intervenção, ainda falta uma articulação

que implica diretamente no surgimento

em volta de uma política de proteção que

contínuo de novos núcleos habitacionais,

sirva para orientar a ação pública além

e além disso, os existentes que possuem

da experiência de aplicar a legislação.

coleta de esgoto mas ainda sem

(SANTORO; FERRARA; WHATELY, 2008)

ZMITROWICZ; NETO; (p.5, 1997) [...] pode ser conceituada como um sistema técnico de equipamentos e serviços necessários ao desenvolvimento das funções urbanas, podendo estas funções ser vistas sob os aspectos social, econômico e institucional. Sob o aspecto social, a inf ra-estrutura urbana visa promover adequadas condições de moradia, trabalho, saúde, educação, lazer e segurança. No que se refere ao aspecto econômico, a infra-estrutura urbana deve propiciar o desenvolvimento das atividades produtivas, isto é, a produção e comercialização de bens e serviços. E sob o aspecto institucional entende-se que a inf ra-estrutura urbana deva propiciar os meios necessários ao desenvolvimento das atividades político-administrativas, entre os quais se inclui a gerência da própria cidade.

01. unidades de conservação e parques regionais;

02.

canais e áreas de preservação

permanente (app’s);

03. cinturões e estradas-parque; 04.

parques urbanos, ecológicos

e multiuso;

05. bulevares e passeios; 06. praças e vias verdejadas; 08. jardins, pátios, estacionamentos; 09. telhados e paredes verdes 33


A infraestrutura verde auxilia em

As intervenções em escala particular são

condições ambientais melhores e

aquelas que acontecem em edificações,

também do espaço urbano através de

por meio de tetos verdes e/ou jardins, que

adaptações técnicas que vão refletir na

auxiliam na absorção da água da chuva,

inf raestrutura da cidade. Além disso, reduzindo o efeito chamado ilha de quando devidamente planejadas podem

calor urbano (zonas cujas temperaturas

servir como base para a resiliência urbana, são elevadas quando comparadas às aumentando a capacidade de resposta a

demais regiões no entorno), também

recuperação a eventos climáticos, menor contribuem para a melhor qualidade consumo de energia, diminuição de do ar e da água. (FARIAS; MARCON; enchentes e deslizamentos, incentivando SCHMITT; SIEBENEICHLER, 2018). transportes como caminhada e bicicleta

figura 26: emerald necklace - boston, cadeia de parques de 450 ha ligados por vias públicas e vias navegáveis foto: autor desconhecido | editada pela autora

Pode-se mencionar ainda, estratégias

e consequentemente melhorando a como ruas compartilhadas que são saúde da população. (HERZOG, 2010)

arborizadas e dotadas de mobiliário,

Essas intervenções por meio de que conciliam usos diversos, combinam infraestrutura verde, quando aplicadas diversas tipologias, priorizam o pedestre em escala nacional, municipal e estadual e criam recuos para o transporte público podem ser exemplificadas como ligações e ciclovias seguras. na paisagem, isto é, sistemas de áreas

A agricultura urbana, que consiste

verdes conectados por toda a malha na produção de hortas, agroflorestas urbana, também em áreas de proteção e o u t ro s e s p a ç o s q u e u n e m a ambiental, além de proporcionar espaço atividade produtiva à conservação para plantas nativas e habitat para da biodiversidade e dos serviços comunidade de animais. (BENEDICT; ecossistêmicos, favorecendo a educação MCMAHON, 2006 apud VASCONCELLOS,

acerca da produção. (PACHECO, 2018).

2011).

Conclui-se que, existem estratégias

figura 27: rio cheonggyecheon, seul - chile recuperação do leito natural do rio, drenagem sustental e oferta de espaço público foto: ferdinando de sousa | editada pela autora_

Já na escala local, os parques possíveis para serem aplicadas em lineares demonstram uma solução

projetos arquitetônicos e urbanísticos

efetiva em conectar demais parques,

e servem como suporte para soluções

quando associados aos cursos d’água,

ambientais diante do crescimento e

evidenciam também uma estratégia de desenvolvimento urbano, de medo que proteção ambiental e gestão das águas

os recursos naturais sejam preservados a

pluviais, sem contar sua função social de

fim de garantir a salubridade das cidades

promover interação entre a sociedade e e o bem-estar das pessoas. oferecer múltiplos usos. 34

figura 28: horta comunitária, centro cultural são paulo meio de educação ambiental e construção da paisagem urbana foto: CCSP| editada pela autora_

35


3.

estudo de caso

reurbanização do sapé urbanização do complexo cantinho do céu parque novo santo amaro

figura 29: favela do sapé, cantinho do céu e parque novo santo amaro v foto: archdaily | editada pela autora

37


3.1. reurbanização do sapé

Localizada na zona oeste de São Paulo, a favela do Sapé possui cerca de 6,7 mil habitantes e pode ser caracterizada por uma morfologia linear que acompanha o córrego de 3,5 metros de largura e cerca de 1,5 quilômetros com largura variável. O ponto de partida do projeto se dá através da junção das margens do córrego (área de preservação ambiental) como oportunidade de promover espaços públicos. Observou-se as condições físicas e sociais da favela e grande precariedade. Dessa forma, a reurbanização pretendia ofertar além de espaço público e qualidade ambiental, novas habitações, já que haviam assentamentos em áreas de risco e precisaram ser desapropriados, inf raestrutura urbana como suporte às moradias, trabalho e sistemas de mobilidade urbana e conexões com equipamentos públicos no entorno imediato do bairro, a fim de melhorar a qualidade de vida da população local.

Arquitetos: Base Urbana, Pessoa Arquitetos Local: Rio Pequeno, São Paulo Área: 82.000m² Ano: 2014

figura 30: favela do sapé, são paulo foto: pedro vannucchi | editada pela autora

39


Para executar a reurbanização da precárias e em áreas irregulares.

A partir das áreas estudadas para

associado ao parque linear com espaços

favela foi feito um diagnóstico de

A maior quantidade de remoções

desapropriação foram desenvolvidos

de lazer e mobilidade. Foram criadas

to d a s a s re m o çõ e s n e ce s s á ri a s ,

acontece nos perímetro identif icado

espaços para os novos assentamentos três áreas condominiais com condições

seguindo critérios distintos, já que a como área non aedificandi, às margens

nas proximidades do córrego, que foi

região apresentava muitas unidades do córrego Sapé que denomina a favela.

canalizado respeitando a calha original e esgoto, luz, coleta de lixo, e iluminação.

figura 31: diagrama remoções | fonte: archdaily | editado pela autora

figura 34: diagrama implantação | fonte: archdaily | editado pela autora

remoção por: área non aedificandi 527 edificações

40

risco emergencial 105 edificações

novas edificações 354 edificações

figura 32: barracos - córrego do sapé foto: base urbana + pessoa arquitetos editada pela autora

adequação projeto urbanístico 98 edificações

implantação sistema viário 98 edificações

total de remoções 1082

figura 33: assentamentos - córrego do sapé foto: pedro vannucchi editada pela autora

mínimas de infraestrutura como água,

implantação condomínio 1

meio urbanizado

figura 35: condomínios - córrego do sapé foto: pedro vannucchi editada pela autora

condomínio 3

condomínio 3

figura 36: espaço público - córrego do sapé foto: pedro vannucchi editada pela autora

41


A drenagem do córrego além de

aproxima o nível de água do passeio,

respeitar a topograf ia original e não que foi arborizado com o intuito de criar realizar grandes modif icações nas

planta dois dormitórios - 46m²

praças e incentivar atividades, como por

cotas de fundo e suas larguras, foi exemplo a mobilidade, através da ciclovia desenhada com tipologias de seções

implantada que possui conexão com

hidráulicas, estratégia que visualmente equipamentos existentes do entorno. vias compartilhadas

novas unidades habitacionais

espaços de lazer

implantação de ciclovia

figura 40: planta dois dormitórios | fonte: pessoa arquitetos | editada pela autora

figura 37: corte - favela do sapé | fonte: archdaily | editado pela autora

Quanto ao projeto arquitetônico dos

também com tipologias específicas para

conjuntos habitacionais, foram definidas

comércio e serviços. Foram priorizadas

sete tipologias a partir do estudo da

a ventilação cruzada e a circulação

planta três dormitórios - 52m²

dinâmica familiar da favela, são elas: horizontal através das varandas coletivas, dois dormitórios, três dormitórios, duplex

como espaço de convivência entre os

e unidade de acessibilidade integral, moradores do mesmo andar, é também variando entre 46 e 50m², contando uma referência aos encontros nas vielas.

figura 38: circulação horizontal - condomínios foto: pedro vannucchi | editada pela autora

42

figura 39: varandas - condomínios foto: pedro vannucchi | editada pela autora

figura 41: planta três dormitórios | fonte: pessoa arquitetos | editada pela autora

43


3.2. urbanização do complexo cantinho do céu Cantinho do céu é um bairro do Grajaú, próximo a represa Billings, zona sul de São Paulo. Considerando as condições de precariedade dos assentamentos, o projeto foi elaborado por diretrizes compostas pela Secretaria Municipal de Habitação juntamente com a Promotoria Pública. O grande desafio do projeto era intervir em uma área de proteção ambiental, consolidada e muito adensada, com diversos acessos diretos à represa e p r i n c i p a l m e n te a s o c u p a ç õ e s inadequadas às margens, que impactavam justamente no saneamento básico. Sendo

assim,

as

intervenções

consistiram em mitigar os déf icits de inf raestrutura, qualif icar e integrar a moradia à cidade e promover espaço coletivo de caráter público.

Arquitetos: Boldarini Arquitetos Associados Local: Grajaú, São Paulo Área: 150.000m² Ano: 2008

figura 42: cantinho do céu, são paulo foto: daniel ducci

45


figura 43: diagrama remoções fonte: archdaily | editado pela autora

Para a execução do projeto, foram previstas cerca de 20 a 30% de remoções das unidades habitacionais seguindo os seguintes critérios:

edif icações

que estivessem comprometendo a qualidade da água da represa Billings, áreas de risco, assentamentos que

figura xx: catinho do céu, vista aérea foto: fábio knoll

figura xx: rua sem pavimentação, catinho do céu foto: fábio knoll

impediam a implantação do sistema de

A principal diretriz que o projeto adotou foi voltar as moradias para a represa

esgoto sanitário, liberação das linhas de

Billings, como uma forma de valorização da paisagem. Para os usos do parque,

drenagem e adequação ao sistema viário.

foram propostas atividades de lazer e recreação junto à preservação da margem, que recebeu a manutenção e reconstituição das espécies nativas. figura 45: implantação, catinho do céu fonte: boldarini arquitetura e urbanismo | editada pela autora

construções consolidadas construções removidas/reassentadas linhas de transmissão de alta tensão residencial dos lagos - ampliação

figura 44: diagrama sistema viário fonte: archdaily | editado pela autora

No quesito mobilidade, o projeto desenvolveu melhorias no sistema viário por meio de adequações tais como, criação de novas vias para conexão com as existentes, implantação de novos acessos e ligações que são feitas através da represa. Também foram propostos fluxos principais associados às áreas de estar dispostas ao longo do parque linear. implantação vias locais vias principais vias propostas retorno para automóveis ligações / acessos

46

fluxos principais ligações propostas via represa locais de estar - parque área verde - preservação área verde - conservação / lazer

01. brinquedos 02. mirante 03. pista de skate 04. campo de futebol 05. deck de madeira 06. academia da terceira idade 07. capoeira e dança de rua

08. deck flutuante 09. pingue - pongue 10. passarela de madeira 11. árvores frutíferas 12. estacionamento 13. arquibancada 14. biciletário

15. cancha de malha 16. canteiro pluvial 17. horta 18. cinema aberto 19. futebol de areia 20. vôlei de areia 21. trajeto transporte público

47


pavimentação de vias

pista de skate

espaços de lazer

arborização frutífera

mobiliário urbano

figura 46: corte 1, parque linear cantinho do céu | fonte: archdaily | editado pela autora

_figura 49: deck de madeira flutuante, parque linear cantinho do céu foto: daniel ducci

É como um sonho”, resume Vera Lucia Basalia, de 61 anos, 23 vividos no Parque Residencial dos Lagos, por onde passa o parque linear [...] “Antes, a gente tinha que ir até o centro de São Paulo para conseguir se divertir. Agora não. Ganhamos o nosso Parque do Ibirapuera. Muitos vêm do centro de São Paulo para conhecer a região. Hoje, temos orgulho do bairro. Vera diz que a revitalização do espaço público reduziu a violência e o número de adolescentes envolvidos com drogas. “Os jovens não tinham o que fazer [...] Agora, querem praticar esportes e jogar capoeira [...] “Ninguém mais quer mudar daqui” [...] “Até a água da represa está mais limpa.

figura 47: espaços de lazer e atividades, parque linear cantinho do céu foto: daniel ducci transposição via represa

relato extraído por bianca nunes fonte: veja

deck elevado espaços de lazer

espaços de lazer arquibancada

figura 48: corte 2, parque linear cantinho do céu | fonte: archdaily | editado pela autora

48

figura 50: cinema ao ar livre, parque linear cantinho do céu foto: daniel ducci

49


3.3. parque novo santo amaro v O projeto está situado na zona sul de São Paulo,

na área de mananciais

da represa Guarapiranga. Um dos elementos que def inem a região é a presença de um curso d’água central e encostas densamente ocupadas. O córrego recebia esgoto das ocupações irregulares e também águas pluviais que vinham das encostas e com isso, a vegetação que havia nas proximidades foi extinta. Conhecendo tais condições do lugar, a diretriz que norteia o projeto consiste em criar um parque linear a partir do córrego e recuperar as nascentes de água limpa, eixo central que estrutura todas as intervenções e a inserção dos conjuntos habitacionais.

Arquitetos: Vigliecca & Associados Local: São Paulo, São Paulo Área: 21. 900m² Ano: 2012

figura 51: parque novo santo amaro v, são paulo foto: leonardo finotti

51


espelho d’água

conjunto habitacional

córrego canalizado espaço de lazer

figura 52: situação anterior I foto: vigliecca & associados

figura 53: situação anterior II foto: vigliecca & associados

Pensando em como fazer as pessoas

Além disso, a disposição das lâminas

se apropriarem desse espaço, foram

de habitação proporciona não somente

propostos vários pontos de atração, um o acesso às unidades como também deles é o campo de futebol, localizado

a transposição por entre a quadra e o

a oeste do perímetro de intervenção. parque linear. figura 54: planta, parque novo santo amaro v fonte: archdaily | editada pela autora

figura 55: corte aa, bloco 3, parque novo santo amaro v fonte: archdaily | editado pela autora

rua zâmbia

córrego canalizado

rampa de acesso às unidades habitacionais rua zâmbia

espaço de lazer

planta do local 1. parque infantil 2. bloco de apartamentos 3. campo de futebol

4. espaço de lazer 5. espaço para idosos

6. centro comunitário 7. escola estadual josé porphyrio da paz

A leste do perímetro de intervenção,

para vencer a topograf ia acentuada

estão distribuídos os espaços de estar

do terreno. Foi prevista uma via com

e lazer, como anf iteatros abertos, uso prioritário para passeio do parque, parque infantil e pista de skate. Variadas

mas que também pode ser usada por

espécies de árvores foram plantadas

veículos de manutenção, está localizada

para melhorar a condição ambiental do ao fundo de vale e estrutura no sentido local. Patamares e bancos foram usados 52

longitudinal da área.

figura 56: corte bb, parque novo santo amaro v fonte: archdaily | editado pela autora

53


figura 57: espaços públicos I foto: leonardo finott

Algumas

ocupações

figura 58: espaços públicos II foto: leonardo finotti

f o r a m risco. A tipologia dos conjuntos dispõem

desapropriadas, dessa forma, as famílias de portais, que são aberturas por onde foram relocadas para as novas unidades são feitas transposições para o parque

figura 61: fachada de um dos conjuntos habitacionais foto: leonardo finotti

nos conjuntos habitacionais projetados e o acesso ao edifício. Outro elemento na mesma área. Com uma quantidade de

usado para circulação horizontal foram

apartamentos significativa, os conjuntos as passarelas metálicas, que conectam atendem também a demanda de outros

ambas as encostas, sob o parque linear.

lugares com famílias em situação de figura 59: planta localização fonte: archdaily | editada pela autora

figura 62: vista da passarela metálica foto: leonardo finotti

figura 60: planta 1, bloco 3 fonte: archdaily | editada pela autora

54

figura 63: vista da rua zâmbia foto: leonardo finotti

55


4.

o lugar inserção urbana parâmetros urbanísticos cheios e vazios áreas verdes mobilidade urbana equipamentos públicos densidade demográfica gabarito uso predominante do solo zoneamento percepções do espaço

_figura 64: vista do bairro cidade júlia foto: autora_

57


4.1. inserção urbana santo amaro

4.2. parâmetros urbanísticos sacomã

jabaquara

campo grande

cursino

cidade ademar

pedreira

cidade dutra

figura 65: mapa perímetro de intervenção e distritos do entorno fonte: geosampa | elaborado pela autora

O perímetro de intervenção está Brasil. O êxodo rural em 1970 contribuiu localizado no bairro de Cidade Júlia,

significativamente para o adensamento

situado entre dois distritos da zona

populacional da região, principalmente

sul de São Paulo, Cidade Ademar e pela oportunidade de comprar o próprio Pedreira, ambos fazem parte da área de proteção aos mananciais e estão

lote. Como o bairro ainda pertencia à

próximos a represa Billings, importante região Administrativa de Santo Amaro reservatório da cidade. O bairro surgiu até 1996, acabou se desenvolvendo após a explosão industrial na década sem investimento público, carente de de 1960, que impulsionou a formação

equipamentos como saúde, educação,

dos bairros e vilas através do processo asfalto, creches, transporte e sobretudo,

58

de urbanização, com loteamentos

condições de moradia digna. Somente

feitos por fazendeiros e posteriormente

em 1997 foi criada a Subprefeitura Cidade

comprados pelos operários migrantes

Ademar, o decreto veio da gestão Paulo

que vieram de diversas regiões do

Maluf na época. (PMSP, 2020)

figura 66: foto aérea perímetro de intervenção fonte: google earth | elaborado pela autora

A legislação incidente na área está dividida por quatro tipos de zoneamento: ZEIS 1 Coeficiente de aproveitamento máximo: 2,5 Taxa de ocupação: 70% Recuos mínimos: Frente 5m Fundo e lateral 3m ZMa Coeficiente de aproveitamento máximo: 1 Taxa de ocupação: 50% Recuos mínimos: Frente 5m Fundo e lateral, altura inferior a 10m: N/A Fundo e lateral, altura superior a 10m: 3m

ZCa Coeficiente de aproveitamento máximo: 1 Taxa de ocupação: 70% Recuos mínimos: Frente 5m Fundo e lateral, altura inferior a 10m: N/A Fundo e lateral, altura superior a 10m: 3m ZEPAM Coeficiente de aproveitamento máximo: 1 Taxa de ocupação: 20% Recuos devem ser estudados cada caso pelo Executivo 59


4.3. cheios e vazios

N o p e rí m e t ro d e i n te r ve n ç ã o atualmente existem porções do

68

território onde a ocupação que era dada por edificações, agora restam apenas entulhos de construção e acúmulo de lixo devido ao número de demolições que aconteceram no local e a não remoção do mesmo. Logo, apesar de adensado, pode-se figura 68: entorno córrego guaicuri foto: g1

considerar que existem muitas áreas vazias de construções consolidadas de fato ou ainda, áreas que estão

69

em processo de transformação.

68

69 figura 69: entorno córrego guaicuri foto: g1

70

70

perímetro de intervenção edificações quadra viária

figura 67: mapa cheios e vazios fonte: geosampa | elaborado pela autora

60

figura 70: entorno córrego guaicuri foto: g1

61


4.4. áreas verdes Apesar da presença de arborização significativa na área, o bairro possui

72

apenas um parque municipal, área de várzea da represa Billings e está dentro da área de preservação aos mananciais. O parque Sete Campos atualmente encontra-se degradado por falta de manutenção, ainda assim atrai moradores do seu entorno i m e d i a to, s o b r e t u d o c r i a n ç a s .

figura 72:: córrego guaicuri, sete campos foto: autora

73

córrego guaicuri figura 73: percurso parque sete campos foto: autora 74 72

73

parque sete campos

perímetro de intervenção arborização áreas verdes rede hídrica área de proteção aos mananciais

represa billings

74

figura 71: mapa áreas verdes fonte: geosampa | elaborado pela autora

figura 74: vista aérea parque sete campos, foto: fernanda ocanhas | editada pela autora

63


4.5. mobilidade urbana

A mobilidade urbana local é limitada a linhas de ônibus, não há incentivo

76

a meios de transporte alternativos c o m o p o r exe m p l o, c i c l ov i a s .

figura 76: av. ângelo cristianini foto: google street view editada pela autora 77 76

77 figura 77: rua wilson cantoni foto: google street view editada pela autora

78

78

perímetro de intervenção pontos de ônibus linhas de ônibus

figura 75: mapa mobilidade urbana fonte: geosampa | elaborado pela autora

figura 78: rua guaicuri foto: google street view editada pela autora

65


4.6. equipamentos públicos

Os equipamentos predominantes no bairro são voltados à educação infantil

80

e unidades básicas de saúde. Apresenta carência de serviços de segurança como postos policiais, e nenhum equipamento cultural foi identificado, como por exemplo, bibliotecas, m u s e u s o u c e n t ro s c u l t u r a i s . figura 80: escola estadual padre tiago alberione foto: google street view

82

81 80

81

figura 81: escola ensino infantil foto: google street view

perímetro de intervenção educação rede pública fund. e médio educação rede privada educação rede pública infantil

82

equipamento esport. da comunidade unidade básica de saúde

figura 82: ama vila missionária foto: google street view figura 79: mapa equipamentos públicos fonte: geosampa | elaborado pela autora

67


4.7. densidade demográfica Os maiores números de habitantes por hectare estão presentes nas

84

áreas def inidas como favelas, que é justamente onde acontecem as autoconstruções devido a baixa renda dessas famílias. As edificações apresentam condições precárias e insalubres, com dificuldades de acesso que acontecem geralmente por vielas.

figura 84: viela | rua coronel isaíais foto: google street view

84

85

85

figura 85: viela | córrego guaicuri foto: g1

86

86

perímetro de intervenção favelas 0 - 92 hab/ha 92 - 146 hab/ha 146 - 207 hab/ha 207-351 hab/ha

figura 83: mapa densidade demográfica fonte: geosampa | elaborado pela autora

figura 86: viela | córrego guaicuri foto: wellington ramalhoso

69


4.8. gabaritos

O bairro em sua grande maioria é formado por edif icações de baixo

88

gabarito, se destacam construções maiores tais como escolas ou igrejas.

figura 88: rua guaicuri, cidade júlia foto: google street view

XX 88

XX 89

89

figura 89: rua santo alberico, vila missionária foto: google street view 90 XX

90

perímetro de intervenção até 03 pavimentos 03 a 05 pavimentos

figura 90: rua das orquídeas, parque primavera foto: google street view figura 87: mapa gabaritos fonte: geosampa | elaborado pela autora

71


4.9. uso predominante do solo

O uso do solo nã o apresenta diversidade de atividades, sendo o residencial de baixo padrão quase que total no entorno do perímetro de intervenção, evidenciando que há uma necessidade de serviços para atender essa demanda. Existem ainda, terrenos subutilizados como na figura 92. Há quadras em que o uso residencial avançou de forma tão signif icativa

figura 92: terreno subutilizado foto: google street view

que as edificações estão praticamente grudadas uma na outra, de forma desordenado, dificultando o acesso, vide f igura 93. O mesmo acontece próximo ao Aterro Itatinga, figura 94.

figura 93: uso residencial desordenado foto: google street view

ampliação das imagens perímetro de intervenção residencial. horiz. baixo padrão comércio e serviços residencial/comércio e serviços equipamentos públicos sem predominância/informação

_figura 94: aterro itatinga foto: google street view_ figura 91: mapa uso predominate do solo fonte: geosampa | elaborado pela autora

73


4.10. zoneamento 96

Quando comparado o uso do s o l o a o zo n ea m e n to v i g e n te ,

96

existem algumas disparidades, como por exemplo a área definida como ZEU, que é destinada aos usos residenciais e não residenciais com densidade demográf ica e construtiva alta, mas não é o que acontece de fato. Além disso, não

figura 96: área destinada a ZEU foto: google street view

há espaços públicos como previsto nessa área. Vide figura 96. O mesmo acontece na ZC, os usos continuam sendo majoritariamente residenciais,

97

sem a presença de outras atividades. A única área onde o zoneamento parece ser efetivo é na ZEPAM, vegetação que está às margens da represa Billings. Vide f igura 98.

97

figura 97: área destinada a ZC foto: google street view perímetro de intervenção ZEIS 1 - zona especial de interesse social ZMa - zona mista ambiental ZC - zona de centralidade

98

ZEPAM - zona especial de proteção ambiental ZEU - zona eixo de estruturação da transformação urbana praça/canteiro

98 figura 98: área destinada a ZEPAM foto: google street view figura 95: mapa zoneamento fonte: geosampa | elaborado pela autora

75


4.11. percepções do espaço

Segundo o HabitaSampa, a favela Guaicuri

01. o local apresenta uma quantidade

(perímetro de intervenção) foi ocupada

signif icativa de córregos, afluentes

em 1942 e tem aproximadamente

da represa Billings, dois deles, a

715 domicílios, com 2.502 habitantes.

céu aber to, Guaicuri e Apucás; 02. existe uma concentração de favelas às margens dos córregos, sobretudo no perímetro que acompanha o córrego Guaicuri, logo, muitas famílias vivendo na área de app e risco geológico baixo 03. as famílias que moram de

perímetro de intervenção favelas afluentes represa billings principais eixos

f rente ao parque estão sujeitas a risco de alagamento dada a p rox i m i d a d e co m o có rre g o e antiga área de várzea da represa;

vielas córrego guaicuri centralidade clube esportivo da comunidade área de risco geológico baixo escolas área de alagamento

0 4 . o s a c e s s o s à s re s i d ê n c i a s no perímetro de inter venção acontecem através da vielas devido a ocupação desordenada da quadra; 05. Só há diversidade de usos na zona de centralidade situada ao norte do perímetro, o que reforça o caráter majoritariamente residencial do entorno

parque municipal

e a dificuldade de acesso da população

supermercado

aos comércios e empregos na região; 06. não há nenhum tipo de equipamento cultural na região;

figura 99: mapa percepções do espaço fonte: geosampa | elaborado pela autora

77


5.

o plano

diretrizes projetuais estudo preliminar

figura 100: córrego guaicuri fonte: autora

79


5.1. diretrizes projetuais A partir das questões abordadas nos

leituras e diagnósticos desenvolvidos

capítulos anteriores sobre o processo

no capítulo quatro sobre o lugar, foram

01. recuperação do córrego guaicuri Considerando a sinuosidade do córrego e a grande concentração de

de formação de favelas na cidade e das definidas as seguintes diretrizes:

edif icações em toda sua extensão e que o adensamento avançou sobre

01. recuperação do córrego guaicuri

ele (demonstrado nos levantamentos

nova canalização com dispositivos

do capítulo 4) , para recuperá-lo será

de f iltragem sucessiva da água;

necessário uma nova canalização sem tamponamento a fim de alinhar o curso

02. novas vias comuns e de acesso

da água.

implantação de novo sistema viário para proporcionar melhor acesso e mobilidade aos moradores e adequação a circulação dentro das quadras através de vias

córrego guaicuri parque sete campos

compartilhadas; 03. reassentamento da população gerar novas unidades habitacionais para

figura 101: diagrama córrego existente fonte: geosampa | elaborado pela autora

relocar a população residente das áreas

Para a recuperação do córrego, foi

de risco, área de app do córrego e em

proposto uma nova canalização sem

situação de precariedade, oferecendo

tamponamento e que se adequa ao

condições de moradia digna;

alinhamento linear das quadras. À medida em que ele se aproxima do

04. suporte às moradias

Parque Sete Campos, o desenho dispõe

destinar áreas a comércios, serviços,

de ampliações no curso d’água para

trabalhos e equipamentos públicos;

mitigar os alagamentos que existem na área. Também estão previstos pontos

05. proteção e contato com o meio

de tratamento da água.

ambiente criar um espaço público de qualidade para os moradores através de parque linear implantado na área de app com pontos

pontos de tratamento

de estar, encontro, convívio atividades de

córrego guaicuri parque sete campos

recreação e lazer.

80

figura 102: diagrama córrego proposto fonte: geosampa | elaborado pela autora

81


02. novas vias de circulação e acesso

03. reassentamento da população A partir dos primeiros 15m de faixa não

Como a mobilidade do local é

edif icável da área de app (30m) foram

prejudicada por quadras extensas,

identificadas as edificações que precisam

há muitas vielas em quase todo o

ser desapropriadas por estarem muito

perímetro, alternativa de caminhos

próximas ao córrego, em condições

criada pelos próprios moradores da

precárias e de risco, aproximadamente 261

região.

domicílios. Outro critério adotado foram as adequações ao projeto com cerca de 85 domicílios desapropriados. Dessa forma, serão previstas novas edif icações para relocar as 1.211 famílias. faixa não edificável - 15m remoções - área não edificável remoções - adequação ao projeto edificações mantidas sistema viário existente córrego guaicuri parque sete campos

vielas sistema viário existente córrego guaicuri parque sete campos

figura 103: diagrama sistema viário existente fonte: geosampa | elaborado pela autora

figura 105: diagrama assentamentos existentes e remoções fonte: geosampa | elaborado pela autora

04. suporte às moradias

Para melhorar a transposição no

05. proteção e contato com o meio

sentido transversal das quadras, foram propostas vias comuns que se

ambiente

conectam com o entorno imediato.

A relocação da população será em edifícios

Dentro das quadras, as vias serão

de HIS, alguns com térreo ativo promovendo

compartilhadas e com o uso prioritário

a diversidade de usos. O parque linear às

de pedestres.

margens do córrego será o principal espaço livre e também um elemento de proteção ambiental. área destinada as novas edificações (his) área destinada ao comércio área destinada a equipamento público área destinada ao uso misto

vias comuns vias compartilhadas sistema viário existente córrego guaicuri parque sete campos

82

figura 104: diagrama sistema viário proposto fonte: geosampa | elaborado pela autora

área destinada a espaços livres públicos edificações mantidas sistema viário existente córrego guaicuri parque sete campos

figura 106: diagrama assentamentos mantidos e áreas de projeto fonte: geosampa | elaborado pela autora

83


5.3. estudo preliminar

programa 7. academia ao ar livre 8. equipamento público 9. praça 10. novas vias compartilhadas 11. horta comunitária 12. edifício comercial e serviços

1. conexão parque sete campos 2. bicicletário 3. parque linear 4. edifício residencial 5. parque infantil 6. edifício de uso misto quadro de áreas perímetro de intervenção sistema viário espaços livres públicos unidades habitacionais comércio e serviços equipamentos públicos

m² 101.302 4.201 54.262 24.594 4.208 619

% 100 4,14 53,56 24,27 4,15 0,6

ha 10,13 4,20 5,42 2,45 0,42 0,06

a área construída de unidades habitacionais representa 378 domicílios, beneficiando um total de 1.326 famílias.

bb

6

1

9

6

10

4 11

6

bb

12

4 4 7

aa

8

4

4

2

4

5

6

3 4

aa

figura 107: estudo preliminar fonte: geosampa | elaborado pela autora

84

0

20

50m

85


rua wilson cantoni

edificações existentes

córrego guaicuri

edificações existentes

rua guaicuri

guaicuri - situação existente corte aa

0

3

5

10m

figura 108: guaicuri - situação existente fonte: geosampa | elaborado pela autora

rua wilson cantoni

edificações mantidas

jardim interno

novos edifícios (his)

novos edifícios (uso misto)

jardim interno

rua guaicuri

edificações mantidas

rua compartilhada parque linear

guaicuri - situação proposta corte aa figura 109: guaicuri - situação proposta fonte: geosampa | elaborado pela autora

86

6,00

6,00

15,00

21,00 30,00

15,00

6,00

6,00

0

3

5

10m

21,00 30,00

87


campo de futebol

parque sete campos

córrego guaicuri

edificações existentes

0

parque sete campos - situação existente corte bb

av. antônio vieira marcondes

3

5

10m

figura 110: parque sete campos - situação existente fonte: geosampa | elaborado pela autora

campo de futebol

parque sete campos

parque sete campos - situação proposta corte bb figura 111: parque sete camposs - situação proposta fonte: geosampa | elaborado pela autora

88

mobiliário urbano

10,00

ampliação córrego guaicuri

praça acesso ao parque

18,00

15,00 43,00

0

3

5

10m

89


tipologia das quadras

figura 112: diagrama volumétrico, quadra 01 fonte: elaborado pela autora

figura 113: diagrama volumétrico, quadra 02 fonte: elaborado pela autora

Nesta quadra, foram previstos novos edifícios habitacionais junto às edificações

Com praticamente toda a parte sul da quadra mantendo as edificações existentes,

mantidas, no sentido oeste, há o incentivo à diversidade de usos e atividades com

as intervenções se concentram ao norte, também promovendo a diversidade de

um edifício de comércio e serviços, além do espaço público central através do

usos com fachada ativa e sistema de áreas verdes que se conectam ao parque.

parque linear.

figura 114: diagrama volumétrico, quadra 03 fonte: elaborado pela autora

90

figura 115: diagrama volumétrico, quadra 06 fonte: elaborado pela autora

A partir da possibilidade de intervir em toda a quadra, foram propostos edifícios

Onde há maior permanência de edificações existentes, a tipologia de HIS segue

habitacionais com tipologias diferentes e estabelecer conexão com os espaços

o padrão de lâminas, sem ultrapassar o gabarito local e priorizando os espaços de

livres e usos comerciais.

circulação adequados.

91


considerações finais A partir da compreensão de que a novos edifícios habitacionais e demais formação de favelas se dá através de um

edificações, a fim de promover cidade de

processo de segregação socioespacial

forma mais igualitária, acessível a todos

que ocorre nas cidades, e evidencia

e em equilíbrio com o meio ambiente.

também a diferente oferta de serviços entre as classes sociais, é possível perceber que o direito à cidade não está presente em todo o território e não atende a todos os grupos formadores da sociedade, traz à tona as condições de vulnerabilidade social em que muitas pessoas vivem, sobretudo, nas favelas. Este cenário foi identificado na favela Guaicuri, através dos estudos e levantamentos urbanos demonstrados neste trabalho. Considerando o nível de precariedade do território, as áreas ambientalmente f rágeis e ocupadas e a falta de infraestrutura necessária para uma vida digna aos moradores, foi elaborado o estudo preliminar. É importante ressaltar que esta é a primeira par te do Trabalho Final de Graduação, logo, terá uma continuação desse plano urbanístico. Para a continuação do projeto, serão avaliadas de forma mais aprofundada as condicionantes do território, a f im de promover parcelamento do solo, adequação à topograf ia, redesenho urbano e paisagístico, sistema de drenagem adequada aos cursos d’água recuperados, projeto arquitetônico dos 93


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96

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