LOUDER 001 www.revistalouder.com.br * R$39,90 março 2024 PATTI SMITH entrevista com uma das artistas mais influentes do rock CORDELL JACKSON conheça a fantástica história da pioneira do rock MULHERES NO ROCK veja as artistas que marcaram cada época PERFORMANCE DO MOSHPIT entenda essa dança agressiva e violenta
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18 13 10 26 CAPA PATTI SMITH entrevista e lançamento de novo livro DEIXA ELA TOCAR CORDELL JACKSON fantástica história da pioneira do rock GIRL POWER MULHERES NO ROCK lista com as principais artistas PESQUISA PERFORMANCE DO MOSHPIT entenda a dança agressiva do rock SUMÁRIO AGENDA 5 confira a agenda de shows de março TUDO É POLÍTICO 6 dead fish e 'labirinto da memória', um álbum cheio de nostalgia mas ainda assim atual MÚSICA E CIÊNCIA 8 estudo científico aponta o baixista como figura principal de uma banda MÚSICA PARA VER 30 to the flowers — novo single de while she sleeps MEMÓRIA 32 conheça as 10 músicas mais ouvidas de david bowie no deezer TRACKLIST 34 10 grandes discos internacionais que completam 30 anos em 2024
EDITORIAL
SEJAM BEM-VINDOS, AO ESPETÁCULO!
Todas as mulheres são únicas e merecem ser homenageadas diariamente e em qualquer situação. Mas especialmente neste mês sua existência deve ser recordada e admirada por todos.
Para sua primeira edição, a Louder decidiu homenagear mulheres importantes na música, trazendo uma lista com as 22 artistas que marcaram a história do rock em "Mulheres no Rock".
O destaque do mês ficou com a incrível Patti Smith, com uma entrevista exclusiva.
Além disso, apresentamos a fantástica história de Cordell Jackson, pioneira guitarrista americana.
O mês de março é um mês de luta. É um mês de reflexão. É um mês em que, muito além de celebrar, devemos falar do que é incômodo aos ouvidos de alguns.
Neste mês de março, usemos nossa voz para reivindicar. Reivindiquemos que meninas e mulheres vivam livres de estereótipos machistas que as aprisionam em espaços limitados.
Equipe Louder
EXPEDIENTE
Curso Técnico em Design Gráfico TDG60
Projeto Integrador
Qualificação Profissional de Programação Visual de Design Editorial
Projeto gráfico e diagramação:
Jennifer Ferreira
contato@revistalouder.com.br
@revistalouder
Docentes:
Evandro Capelasso
Kacili Zuchinali
Vanessa Vicente Luz
Coordenação Técnica:
Érica Gonçalves da Silveira
Apoio Técnico:
Fernanda Aparecida Garcia Domingos
Gerência:
Wilson Krette Junior
Senac Lapa Scipião
Rua Scipião, 67
Lapa - São Paulo/SP www.sp.senac.br
São Paulo, fevereiro de 2024
AGENDA
01.03.2024
SIMPLE PLAN & NX ZERO
Vibra São Paulo
Ingressos: www.eventim.com.br
02.03.2024
I WANNA BE TOUR
Allianz Parque
Ingressos: www.eventim.com.br
05.03.2024 e 14.03.2024
BIKINI KILL
Audio
Ingressos: www.ticket360.com.br
08.03.2024
TARJA
Tokio Marine Hall
Ingressos: www.eventim.com.br
10.03.2024
DEAD FISH
Arena Club Santos
Ingressos: www.articket.com.br
17.03/2024
PLACEBO
Espaço Unimed
Ingressos: www.ticket360.com.br
17.03.2024
DEAD FISH & PENSE
Santo Rock Bar
Ingressos: www.clubedoingresso.com
22.03.2024 a 24.03.2024
LOLLAPALOOZA BRASIL
Autódromo de Interlagos
Ingressos: www.ticketmaster.com.br
para acompanhar a leitura ao som dos artistas do mês, acesse nossa playlist no spotify:
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DEAD FISH E ‘LABIRINTO DA MEMÓRIA’, UM ÁLBUM CHEIO DE NOSTALGIA MAS AINDA ASSIM ATUAL
Os veteranos do hardcore nacional iniciam o ano com álbum repleto de memórias e dois shows de lançamento do projeto
Por Carol Candido
Abanda Dead Fish, veterana do hardcore brasileiro, lançou no dia 12 de janeiro, seu mais novo álbum, Labirinto da Memória. O grupo, que está na estrada desde 1991, ainda se mantém atual, e, com uma sonoridade cada vez mais madura.
O trabalho conta com 13 faixas, e apresenta um álbum de recortes, extremamente intimista, da história do vocalista Rodrigo Lima. Passando pela convivência com seu pai, a infância em Vitória-ES, o motivo que o fez questionar a instituição igreja, a vivência perante às violências da ditadura e a sua constante luta por liberdade, mostra que a memória é individual, mas também passa por um imaginário coletivo.
A arte desse projeto é feita pelo artista e ilustrador Loud, que já colaborou em outros álbuns da banda. Na capa, é reunida a essência das músicas, com diversas artes, que tem significados individuais em referências às letras, mas em conjunto, formam o caminho desse labirinto.
O primeiro single que tivemos o privilégio de curtir, foi “Dentes Amarelos”, essa música apresenta um Dead Fish nostálgico, e, por que não frágil. Quando cantam “Cai o primeiro dente de repente; Tudo passa ser definitivo; A fragilidade se transforma em medo; Pra preservar se recua” exemplifica de forma sensível o processo de crescer, com todas as inseguranças, que pairam neste momento.
Continuando a analogia de crescer, se utilizando de dentes, “Aprendendo a ter orgulho dos meus dentes amarelos; Que rangem quando falo, mas se calo, esfarelam; Ainda servindo para devorar; O mundo em pedaços que uma hora eu engulo” a banda finaliza mostrando que mesmo depois de todos esse anos ainda resistem e lutam. Esse single contou com um clipe, que está disponível no canal da banda no YouTube.
6 Revista Louder * Mar/2024 TUDO É POLÍTICO
Foto: Marcela Lorenzetti
Já a faixa “Avenida Maruípe”, é um ótimo exemplo de todo esse baú de memórias, que o vocalista Rodrigo abriu para nós, a começar pelo título que resgata o nome de uma avenida de seu estado natal Vitória-ES, que fica em frente a casa onde viveu em sua infância, onde havia um abacateiro na frente, abacate esse que está representado na capa do álbum. Resgata também memórias da ditadura, assim como o movimento das diretas já, nessa música é clara a passagem da inocência da infância para a violência da vida adulta.
Os fãs mais atentos da banda, perceberam um semelhança nos riffs iniciais de “49”, que lembram os da música “912 passos” do álbum Vitória, porém em “49” podemos ouvir um Dead Fish muito mais melódico, nesse som é feito um paralelo entre o pai de Rodrigo e a experiência dele agora como pai aos 49 anos, em “49”, não temos também os vocais barrados de “912 passos”. Em sua rede social, na época do lançamento, o guitarrista Ricardo Mastria fez um paralelo mostrando a diferença entre as guitarras das duas canções.
SHOW DE LANÇAMENTO NO ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO
Com 15 álbuns gravados, o grupo conta com fãs fiéis, sempre entoando nos shows os sons clássicos que não podem faltar, mas também, as suas músicas favoritas do último álbum. Nos dias 25 e 26 de janeiro, a banda realizou dois shows gratuitos no CC Tendal da Lapa, aproveitando o feriado de aniversário da cidade, o presente foi para os fãs que tiveram a chance de ouvir alguns sons pela primeira vez.
Mesclando os clássicos já estabelecidos do grupo, com as músicas novas, o show teve a mesma energia de sempre, que quem frequenta o hardcore já está acostumado. Um exemplo de como a discografia do Dead Fish conversa muito bem entre si, é o bloco no setlist do dia 25, em que cantaram “Venceremos”, “Interrupção” e “Perfect Party”, que apesar de serem de momentos diferentes da banda, combinam muito bem ao vivo.
No dia 26 a surpresa ficou por conta da música “paz verde”, essa que é querida por muitos fãs, mas fazia tempo que não era tocada ao vivo pela banda. Esses shows foram uma ótima oportunidade para ouvirmos as músicas novas e já ensaiarmos os passos no moshpit. A agenda da banda segue cheia, e haverão muitas outras oportunidades para curtir o Labirinto da Memória ao vivo. ◆
“Aprendendo a ter orgulho dos meus dentes amarelos; Que rangem quando falo, mas se calo, esfarelam; Ainda servindo para devorar; O mundo em pedaços que uma hora eu engulo”
A banda que é composta por Rodrigo Lima (vocalista), Ricardo Mastria (Guitarra), Igor Tsurumaki (baixo) e Marcão (bateria), está cada vez mais harmoniosa. Labirinto da memória resgata, mas também ensina, as músicas cheias de referências, são carregadas de fatos históricos e políticos, mais melódico do que nunca, o hardcore do grupo segue afiado e devorando esse mundo aos pedaços.
7 Revista Louder * Mar/2024
Foto: Marcelo Marafante
Revista Louder * Mar/2024 8 MÚSICA E CIÊNCIA
Foto: Jenny Ferreira
ESTUDO CIENTÍFICO APONTA O BAIXISTA COMO FIGURA
PRINCIPAL DE UMA BANDA
Ritmos musicais são melhor entendidos com tons produzidos pelo baixo.
por Tony Alex
Um estudo científico conduzido pela PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America) mostra que os sons apresentados pelo instrumento são os mais importantes para que as bandas tenham boas construções rítmicas e, consequentemente, sejam melhor interpretadas pelo ouvido humano:
"A percepção de tempo superior para timbres musicais graves explica por que instrumentos na faixa de frequência dos
baixos criam ritmos musicais.
"Segundo a NME, o estudo comprova que o cérebro humano tem mais facilidade com a percepção e compreensão de ritmo quando ele é apresentado em tons mais graves, como os do baixo, e a probabilidade de dançar, bater os pés e responder a músicas com os baixos em evidência é muito maior do que aquelas com instrumentos de tons mais agudos, como guitarras e baterias.
Resumindo, a partir de uma série de estudos biológicos e testes de músicas das mais diversas com a resposta do ouvido humano, a pesquisa chegou à conclusão de que o baixo é fundamental para a construção do ritmo e obtenção de resposta por parte do ouvinte.
9 Revista Louder * Mar/2024
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CORDELL JACKSON
Guitarrista americana foi contemporânea de Elvis Presley e Jerry Lee Lewis, mas não fez sucesso pelo seu gênero e estilo agressivo de tocar
Por Rafael Teixeira
Ahistória do Rock é repleta de pioneiros que foram invisibilizados na sua época ou esquecidos com o passar dos anos. Cordell Jackson, guitarrista americana que só fez seu primeiro show profissional quando já tinha quase 60 anos, viveu as duas situações.
A artista nascida no Mississippi em 15 de julho de 1923 poderia ser reconhecida pelo seu jeito agressivo, sujo e veloz de tocar, ou por ter sido a primeira mulher a fundar uma gravadora de Rock. Mas ela ficou famosa mesmo nos anos 1990, quando protagonizou um comercial de cerveja.
O divertido vídeo mostra Jackson “ensinando” Brian Setzer, astro do Rockabilly com o Stray Cats, a tocar guitarra. Mas àquela altura, ela já fazia música havia mais de meio século.
Cordell Jackson nasceu na pequena cidade de Pontotoc, que antes dela era conhecida por ter sido esconderijo da gangue de Jesse James no século 19. Desde cedo ela se interessou por música e aprendeu a tocar banjo, piano, contrabaixo e gaita, até que aos 12 anos entrou na banda do pai, a Pontotoc Ridge Runners.
10 Revista Louder * Mar/2024 DEIXA ELA TOCAR
Cordell Jackson em 1996, com mais de 70 anos.
Mas, segundo reportagem do jornal The New York Times, Jackson precisou enfrentar barreiras dentro da própria família:
Quando eu peguei a guitarra, eu podia ler nos olhos deles: ‘garotas não tocam guitarra’. Eu olhei diretamente pra eles e falei: ‘ eu toco ’.
A FUNDAÇÃO DA MOON RECORDS PARA ENFRENTAR O MACHISMO
Em 1943, aos 20 anos, Cordell Jackson se casou e mudou-se para Memphis, que era o berço do Rock naquele momento. Ela conheceu o produtor Sam Phillips, fundador da gravadora Sun Records, que mais tarde revelaria nomes como Elvis Presley, Johnny Cash, Roy Orbison e Jerry Lee Lewis.
Mas a guitarrista logo percebeu que o produtor via o fato dela ser uma mulher como um obstáculo para o sucesso, e então Jackson decidiu fundar sua própria gravadora com a ajuda de Chet Atkins, da RCA. A empresa foi batizada ironicamente como Moon Records.
As sessões de gravação aconteciam na sala de estar de Cordell, e de lá ela produziu e lançou músicas de artistas regionais como Allen Page, Earl Patterson e Johnny Tate. Ela também gravou algumas canções próprias, como o single “Rock and Roll Christmas”, que está disponível no streaming atualmente.
Décadas depois, Jackson cobrou reconhecimento como uma das inventoras do Rock and Roll, posto que costuma ser ocupado pelos homens que citamos antes:
“Se vocês chamam o que eu faço de Rock and Roll, Rockabilly ou o que seja, então eu estava fazendo isso quando Elvis tinha um ano de idade. É apenas um fato.”
O RESSURGIMENTO NOS ANOS 1990
Em meio a tantas dificuldades, Cordell Jackson e os artistas da Moon Records não atingiram o sucesso naquele momento, e a artista precisou se ocupar de outras profissões como decoradora de interiores, DJ em uma rádio feminina e até administradora de uma loja de antiguidades.
Foi só no início da década de 1980, prestes a completar 60 anos, que Jackson ganhou fama entre estudiosos do Rock quando conheceu o músico, cineasta e dançarino Tav Falco – curiosamente em um evento da Sun Records. Ele a convidou para tocar com sua banda, levando ao que seriam os primeiros shows profissionais da guitarrista.
Depois disso, Cordell Jackson passou a se apresentar em casas de shows renomadas pelos Estados Unidos como CBGB, Lone Star e Maxwell’s, e também apareceu em diversos programas de TV, como você pode ver nos vídeos em desta que nesta matéria.
A artista se apresentava solo ou acompanhada de uma banda do Brooklyn chamada A-Bones. Certa vez a baterista do grupo disse que “não havia ensaios” com Cordell, e a própria artista chegou a definir seu estilo como um Rock “temperado”:
Qualquer que fosse a canção, eu botava ‘molho’ nela, por assim dizer. Eu toco rápido. Sempre dei um suíngue para elas.
11 Revista Louder * Mar/2024
Foto: Reprodução: Dan Ball / The New York Times
“RITMO, VELOCIDADE, BARULHO E ATITUDE”
Se você ainda não se encantou com a incrível história de Cordell Jackson, basta assistir às suas performances para entender como ela se tornou um ícone. O The New York Times disse com muita felicidade que seu jeito de tocar era “feroz e desenfreado como se ela estivesse lutando com a guitarra para conseguir o que queria”.
Forma, tempo, tom e melodia não eram tão importantes para Jackson, que priorizava ritmo, velocidade, barulho e atitude. Embora essa fórmula não seja exatamente comercial, ela nunca fez concessões ou mudou seu estilo de ser.
A guitarrista só deixou um disco cheio para o mundo, e curiosamente ele não saiu pela Moon Records. Trata-se do álbum ao vivo Cordell Jackson – Live in Chicago, que foi disponibilizado em 1997 pela Bughouse Records e tem uma capa que remete a um dos discos de Elvis Presley.
Cordell Jackson morreu de câncer no pâncreas em 14 de outubro de 2004, em Memphis, aos 81 anos. No momento em que ela nos deixou, sua gravadora era a mais antiga da cidade sem nunca ter encerrado as suas operações, revelando novos artistas por todos esses anos.
Nunca tive dúvidas sobre o que eu deveria fazer enquanto estive aqui. Se eu penso em algo, eu faço.
12 Revista Louder * Mar/2024
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Jackson em sua casa em Memphis em 1992, quando sua carreira musical obscura cruzou brevemente com a cultura pop americana.
DEIXA ELA TOCAR
Foto: John Focht/Associated Press
Veja as artistas que marcaram cada década.
Por Redação 89
Em 8 de março celebramos o Dia Internacional da Mulher, data que foi oficializada pela ONU em 1975, mas que é marcada na história por alguns acontecimentos ligados aos direitos básicos de mulheres. Vamos “passear” pelas décadas de 1960 a 2000 e relembrar as divas do Rock ‘N’ Roll que marcaram, seja pela atitude, pelo estilo e pelo imenso talento de cada uma.
JANIS JOPLIN
Conhecida como a “Rainha do Rock ‘N’ Roll”, Janis é a primeira referência que temos quando falamos do rock dos anos 60. A cantora foi pioneira na sua época e viveu intensamente, além de deixar músicas incríveis para nós como Piece Of My Heart, Cry Baby e Summertime.
GRACE SLICK (JEFFERSON AIRPLANE)
Grace é conhecida por ter sido vocalista da banda de rock psicodélico Jefferson Airplane, inclusive sendo adicionada ao Rock and Roll Hall of Fame, em 1996. Era amiga de Janis Joplin, e assim como a amiga foi muito importante para o desenvolvimento do rock nos anos 60, até porque quem nunca se pegou ouvindo no repeat o hit “Somebody To Love” de Jefferson Airplane?
JONI MITCHELL
Ela já foi considerada a 75a melhor guitarrista de todos os tempos pela revista Rolling Stone, que chegou a citá-la como “uma das melhores compositoras da história”. Trazendo em suas composições ideias sociais e ambientais, assim como seus sentimentos, ela conquistou alguns prêmios, como N-O-V-E GRAMMYS, além de gravar dois discos que entraram na história: o Clouds (1969) e Blue (1971).
STEVIE NICKS (FLEETWOOD MAC)
MULHERES NO ROCK anos 60
Famosa por ser vocalista pela icônica banda Fleetwood Mac, que no ano passado voltou aos topos da parada, graças à um vídeo no TikTok feito por Nathan Apodaca transmitindo uma “vibe tranquila”, ouvindo o hit “Dreams” da banda, andando de skate e bebendo um suco de framboesa e cranberry. Inclusive, a própria Stevie entrou na brincadeira e postou um vídeo no Instagram em referência à trend.
13 Revista Louder * Mar/2024 GIRL POWER
anos 70
AGNETHA FÄLTSKOG E ANNI-FRID LYNGSTAD (ABBA)
O grupo sueco ABBA ganhou popularidade por causa dos ritmos alegres de suas canções, sendo o primeiro grupo europeu a fazer sucesso em países de língua inglesa. Sucessos como “Mamma Mia”, “Dancing Queen”, “The Winner Takes It All” e “Gimme! Gimme! Gimme!”, o ABBA vem conquistando fãs de todas as gerações.
RITA LEE
A paulistana Rita Lee é uma artista completa e conhecida como a “Rainha do Rock Brasileiro”. Ex-integrante dos grupos “Mutantes” e “Tutti-Frutti” , Rita teve uma importante contribuição na revolução da música e sociedade, por conta das suas músicas repletas de ironia e reivindicação da independência feminina. Hits como “Lança Perfume”, “Ovelha Negra”, “Agora Só Falta Você” e “Erva Venenosa” fazem parte da trilha sonora de algumas novelas e da vida de muita gente.
PATTI SMITH
Com o seu primeiro álbum, o Horses (1975), ela levou um lado feministae intelectual à música punk, tornando-se uma das mulheres mais influentes do rock. Além de uma excelente cantora, Patti é uma poetisa, fotógrafa e escritora, tendo livros aclamados pelo mundo. Um de seus maiores hits é “People Have The Power”, com uma letra que ressalta o poder que as pessoas têm às adversidades do mundo.
DEBBIE HARRY
Vocal do Blondie, um dos pioneiros no New Wave, Debbie Harry encanta com seu timbre inconfundível e estilo impecável. Debbie também atuou como atriz em mais de 60 filmes e propagandas de televisão. A banda tem como álbum mais popular o “Parallel Lines”, com os hits “One Way Or Another” e “Heart Of Glass”.
BABY CONSUELO (NOVOS BAIANOS)
Também conhecida como Baby do Brasil do grupo Novos Baianos, e logo no segundo álbum (em 1972), lançaram um dos álbuns mais importantes da música brasileira, o “Acabou Chorare”. Até hoje, Baby é uma referência de estilo com seu cabelo roxo e roupas marcantes.
Revista Louder * Mar/2024 14 GIRL POWER
L7
Formada em 1985 por Donita Sparks, Suzi Gardner, Demetra Plakas e Jennifer Finch, o L7 já marcam na história desde 1991 quando criaram a fundação Rock for Choice, para defesa das liberdades civis e dos direitos da mulher, como a legalização do aborto. O festival Rock for Choice teve shows beneficentes de bandas de peso como Pearl Jam, Joan Jett, Hole e Red Hot Chili Peppers. O terceiro álbum da banda “Bricks are Heavy” vendeu centenas de milhares de cópias, puxado pelo o hit “Pretend We’re Dead”.
CYNDI LAUPER
Dona de um estilo bem único, Cyndi Lauper é com certeza uma das maiores referências quando falamos de anos 80. O seu maior hit “Girls Just Want To Have Fun” teve 3 discos de ouro e 2 de platina, e se encontra na 120a posição na lista das “500 Músicas que Moldaram o Rock and Roll”, do Rock And Roll Hall of Fame. E o videoclipe é considerado pela MTV, o “39a Melhor Videoclipe de Todos os Tempos”.
ANNIE LENNOX (EURYTHMICS)
Annie é conhecida por ser vocalista do duo Eurythmics, donos de uma das músicas mais conhecidas do mundo: o hit “Sweet Dreams”. Ela também é ativista e defensora das causas sociais, com uma ONG para pessoas vítimas do vírus HIV na África.
MARIE FREDRIKSSON
(ROXETTE)
Marie foi a vocalista do famoso duo sueco Roxette, que teve um incrível sucesso conseguindo emplacar 12 canções no Billboard Hot 100, incluindo 4 números um. Infelizmente a perdemos em Dezembro de 2019, em decorrência de um câncer no cérebro aos 61 anos. Mas os hits “It Must Have Been Love”, “Listen To Your Heart”, “Spending My Time” e “The Look”estão no topo da lista de escolha no karaokê e, com certeza, nos corações de todos.
anos 80 15 Revista Louder * Mar/2024
anos 90
COURTNEY LOVE (HOLE)
Em 89, Courtney aprendeu a tocar guitarra e se mudou para Los Angeles, onde colocou um anúncio em uma revista que dizia: “Eu quero começar uma banda. Minhas influências são Big Black, Sonic Youth e Fleetwood Mac”, e recebeu uma resposta de Eric Erlandson. Com o terceiro álbum da banda, “Celebrity Skin”, temos os maiores singles deles: “Celebrity Skin” e “Malibu”.
CÁSSIA ELLER
Cássia é uma das maiores representantes do rock brasileiro, lançando 5 álbuns de estúdio em vida e um postumamente. O mais bem sucedido foi o Acústico MTV (2001), vendendo mais de 1 milhão de cópias e garantindo o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock. Porém ela viveu seus últimos meses intensamente, já que em 2001 além de lançar esse álbum, fez uma apresentação histórica no Rock In Rio, que tinha no line-up bandas como R.E.M, Foo Fighters e Barão Vermelho.
GWEN STEFANI
Vocalista do No Doubt, Gwen destacou-se em 1995, com o sucesso do álbum Tragic Kingdom, que trouxe para nós sucessos como “Just a Girl”, “Spiderwebs” e “Don’t Speak”. Em 2004, lançou seu primeiro álbum solo, Love. Angel. Music. Baby. O álbum tem inspiração na música pop e dance dos anos 80, e o terceiro single, “Hollaback Girl”, teve um enorme sucesso internacional e tornou-se o primeiro single digital dos Estados Unidos a superar mais de 1 milhão de vendas.
DOLORES O’RIORDAN (CRANBERRIES)
Dolores era vocalista e compositora da banda irlandesa The Cranberries, que alcançou 4 top 20 álbuns na Billboard 200 e 8 Top 20 singles na Modern Rock Tracks (“Linger”, “Dreams”, “Zombie”, “Ode to My Family”, “Ridiculous Thoughts”, “Salvation”, “Free to Decide” e “Promises”). Infelizmente Dolores nos deixou inesperadamente em janeiro de 2018, mas sempre irá nos marcar com sua linda voz.
SHIRLEY MANSON (GARBAGE)
Shirley Manson tornou-se ícone do rock alternativo dos anos 90, com muito talento, carisma e atitude no palco. A banda teve seu auge nos anos 90 com os hits “Only Happy When It Rains”, “I Think I’m Paranoid” e “Stupid Girl”. Com sua carreira de atriz, ela interpretou Catherine Weaver, no seriado Terminator: The Sarah Connor Chronicles.
16 Revista Louder * Mar/2024 GIRL POWER
HAYLEY WILLIAMS (PARAMORE)
Desde 2004, a banda Paramore que tem como vocalista a icônica Hayley Williams vem nos trazendo hit atrás de hit. Já nos primeiros álbuns, “All We Know Is Falling” (2005) e Riot (2007), chegaram ao topo das paradas. Hayley encanta a todos com seu estilo único, além de interagir bastante com os fãs nas redes sociais.
AMY LEE (EVANESCENCE)
Amy Lee é co-fundadora e vocalista da banda americana Evanescence, que conquistou diversos prêmios ao longo da carreira. Os singles “Bring Me To Life”, “My Immortal”, “Going Under”, “Call Me When You’re Sober” são os mais queridos pelos fãs, dentre as várias canções de sucesso da banda. Em 2021, a banda lançou seu quinto álbum, o “The Bitter Truth” após nove anos. As músicas foram lançadas uma de cada vez ao longo de 2020 conforme o álbum era criado e gravado.
AMY WINEHOUSE
Amy teve sua estreia no cenário musical britânico em 2003, com o álbum Frank, que foi muito elogiado pelos críticos mas não teve bons resultados comerciais. Mas a volta por cima veio no álbum seguinte, o Black To Black (2006), que tem vários hits como “Rehab”, “You Know I’m No Good”, “Back To Black” e “Tears Dry On Their Own”. O disco foi o mais vendido do mundo em 2007 com 6 milhões de cópias, e, ao vencer 5 troféus durante a 50a edição dos Grammy Awards. Além de sua mega potência vocal, o seu estilo era muito aclamado, desde seu delineado marcado até o penteado icônico.
PITTY
Pitty sem sombra de dúvidas é um dos maiores nomes do rock nacional! Sua primeira experiência profissional foi em 97, durante dois anos como baterista na banda de punk rock Shes. Em 98, ela vai para a banda de hardcore Inkoma, dessa vez como vocal, onde se tornou bastante popular na cena underground da Bahia. Em 2002 ela recebeu um convite do produtor musical Rafael Ramos, que queria produzir um disco solo dela. De 2003 em diante Pitty nos presenteia com hits marcantes como “Máscara”, “Admirável Chip Novo”, “Teto de Vidro”, “Equalize”, “Me Adora”, “Setevidas”, “Te Conecta”, entre outros. Sua presença no palco é algo que impressiona, e todos os shows são extremamente bem produzidos. ◆
anos 2000
Revista Louder * Mar/2024 17
PATTI SMITH
“Conseguimos construir algo precioso”
Uma das artistas mais influentes do mundo da música fala sobre carreira, política e isolamento social.
Por Marina Martini Lopes
Patti Smith certamente enfrentou muita coisa ao longo dos anos. Na vida pública, em plena década do movimento punk, nos anos 1970, ela ousou empunhar uma guitarra e liderar uma banda de rock quando mulheres simplesmente não faziam isso. Abriu frentes em outras áreas artísticas, tornando-se conhecida também como poetisa, escritora e fotógrafa. Na vida pessoal, passou por altos e baixos na vida familiar e amorosa; perdeu para a AIDS o melhor amigo, o icônico fotógrafo Robert Mapplethorpe; e viu o marido e o irmão morrerem no mesmo ano, em meados dos anos 1990. Fez trabalhos e turnês ao lado de nomes lendários como Bob Dylan e Bruce Springsteen; e se envolve desde sempre em causas políticas e ambientais.
Embora o tom simpático e tranquilo não tenha mudado ao longo da conversa, Patti Smith demonstra por meio das palavras que é durona, sim: certa do que quer, e sem medo de falar o que pensa. O que não quer dizer que o seu modo de expressar essas opiniões não possa ter um certo lirismo: ela é uma poetisa, afinal de contas.
Você esteve no Brasil no final de 2019 para fazer shows e divulgar dois livros que haviam acabado de ser publicados aqui, Devoção e O Ano do Macaco. Como é se apresentar no Brasil, e como você vê o público e seus fãs daqui?
Eu sempre amei o Brasil, porque cada cidade é tão única! Mas uma coisa que é consistente, que todos os brasileiros parecem ter em comum, é a paixão: o povo brasileiro é muito passional, muito entusiasmado, muito enfático em apoiar as coisas de que gosta ou aprova. Os brasileiros sempre apoiaram muito não só minhas músicas, mas meus livros, minha poesia. Eu acho que a cultura brasileira é fantástica. Há tantos museus lindos, tantos artistas incríveis. Eu me sinto sempre muito bem-vinda. E os shows são uma loucura! [risos] A energia das pessoas é fantástica. E isso apesar de tudo o que vocês estão enfrentando no Brasil nos últimos anos. Eu acho que os brasileiros tem enfrentado dificuldades muito parecidas com as do povo norte-americano.
De fato, é possível traçar muitos paralelos entre a situação política dos Estados Unidos e do Brasil atualmente. A polarização exagerada, a falta de diálogo, as decisões baseadas mais em ideologias do que em fatos…
Ambos os países têm governantes fracos. Estamos pagando por termos, nós mesmos, colocado homens fracos em posições de poder. Também enfrentamos muitos problemas ambientais, por incompetência de quem está na administração. Eles não acreditam ou não se importam com as mudanças climáticas. Nossos líderes também estão se mostrando inúteis durante essa pandemia… Resumindo, ambos os países precisam de líderes melhores. Uma das coisas terríveis de ter Donald Trump na presidência é que ele “inspira” outros governantes a ser como ele. Ele prejudica não só o nosso próprio país, mas outros, no mundo todo. E, entre as pessoas comuns, a polarização política cria uma falta de empatia extrema – falta de empatia pelo outro, pela mãe natureza, pelos povos indígenas, pelos estrangeiros. Espero que, nas próximas eleições, nós consigamos mudar alguma coisa.
18 Revista Louder * Mar/2024
CAPA
"Eu estou sempre relendo livros que amo; às vezes por prazer, às vezes como uma forma de estudo para os meus próprios livros"
19 Revista Louder * Mar/2024
Foto: Lynn Goldsmith
PATTI SMITH
O que a inspira a escrever livros? É uma inspiração diferente da que a leva a escrever músicas, por exemplo? Escrever uma canção é completamente diferente de escrever um livro. Acho que escrever uma canção traz um tipo diferente de responsabilidade, porque geralmente você está trabalhando com um músico que vai compor uma melodia para aquela letra, e as duas coisas têm que andar em conjunto. E uma música tem quase o dever de se conectar com quem vai ouví-la. Eu diria que é uma atividade um pouco mais extrovertida. Para mim, escrever músicas é muito mais difícil; porque eu não me considero musicista – eu tenho algumas melodias na cabeça, mas acho difícil compor. Eu me considero muito mais uma escritora. Eu não escrevo canções sempre; mas eu escrevo todos os dias: mesmo se não for algo que eu pretenda publicar, eu escrevo alguma coisa, um poema, um fragmento, um capítulo de alguma coisa, algumas poucas frases. Isso é parte do que eu sou.
Claro que escrever livros traz outros tipos de responsabilidade: quando eu escrevo sobre alguém que conheço, ou que conheci, eu tenho uma responsabilidade com a verdade, com nosso relacionamento, com a cronologia de tudo o que aconteceu. Por isso eu gosto de alternar. Escrevo livros autobiográficos, mas também escrevo ficção, que me permite ser livre. Já outros livros, como O Ano do Macaco, não foram planejados: eles surgiram organicamente enquanto eu viajava, a partir de trechos dos meus diários, por exemplo. Mas também há bastante ficção dentro dele. É uma “ficção autobiográfica.”
Eu imagino que você também seja uma leitora voraz. O que você tem lido ultimamente?
Sim, eu estou sempre lendo. Hoje eu estava lendo um livro chamado Love and Garbage, que é lindamente escrito, de um autor tcheco chamado Ivan Klíma. Esse livro foi banido por um bom tempo [quando a República Checa estava sob influência da União Soviética]. E eu estou sempre relendo livros que amo; às vezes por prazer, às vezes como uma forma de estudo para os meus próprios livros. Gosto de aprender com o estilo dos autores que admiro. E eu tenho uma tendência a ler mais de um livro por vez… Na verdade, eu também escrevo mais de um livro por vez. [risos] No momento eu estou escrevendo dois livros ao mesmo tempo, um bem diferente do outro. Um deles é bastante autobiográfico, sobre minha infância e sobre como nós evoluímos ao longo da vida, como seres humanos. E o outro livro é ficcional, mas a trama gira em torno das mudanças climáticas.
Eu não escrevo canções sempre; mas eu escrevo todos os dias: mesmo se não for algo que eu pretenda publicar, eu escrevo alguma coisa, um poema, um fragmento, um capítulo de alguma coisa, algumas poucas frases. Isso é parte do que eu sou.
20 Revista Louder * Mar/2024
Foto: Lynn Goldsmith
CAPA
New York City, 1976
Eu ia perguntar o que você está fazendo durante a quarentena… Essa é a resposta, então? Você está escrevendo dois livros ao mesmo tempo?
No começo, a quarentena foi muito difícil para mim. Sabe, logo depois de fazer os shows no Brasil, eu me apresentei no Chile, na Argentina, aí voltei para os Estados Unidos, fiz um show em San Francisco… E de repente tudo o que estava planejado para o próximo ano foi cancelado. Agora mesmo, eu deveria estar em turnê na Espanha. Eu não esperava ficar trancada na minha casa em Nova York, sem ir a lugar nenhum. Eu não gosto disso. Eu amo viajar. Pelo primeiro mês e meio, eu achei muito difícil conseguir fazer qualquer coisa, inclusive escrever. Mas então eu tive que ter uma conversa de gente grande comigo mesma. [risos] Eu pensei “você não pode ficar improdutiva desse jeito.” Então eu voltei a escrever todo dia.
Eu entendo que é difícil nesse momento, mas acho que precisamos ser disciplinados. Eu acordo, faço exercícios – que eu nem gosto muito de fazer -, cuido dos meus gatos, tomo café, sento e escrevo por pelo menos duas horas. Depois eu dou uma caminhada, cuido da casa, lavo a minha roupa… Eu aprendi que, em vez de ficar me cobrando e pensando que não estou fazendo o suficiente, eu tenho que pensar em tudo o que faço como uma conquista. “Eu passei pano no chão da casa, está tudo limpinho.” Isso é uma conquista. “Eu conversei com meus filhos, que estavam precisando de conselhos.” Isso é uma conquista. Eu sei que parece bobo, mas é uma maneira de perceber que não estamos improdutivos, não estamos “sem fazer nada.”
Eu não gosto de ficar em casa, sem contato social, mas eu quero viver uma vida longa e produtiva; então nesse momento eu estou sendo prudente e fazendo o que preciso fazer para sobreviver. Ao longo da história, pessoas precisaram fazer coisas muito mais difíceis que isso para sobreviver. Hoje mesmo, em diversos lugares do mundo, pessoas precisam fazer coisas muito mais difíceis que isso para sobreviver.
O que você disse também tem muito a ver com manter-se mentalmente saudável durante esse período – e essa sempre foi uma bandeira sua, certo? A defesa da manutenção da saúde mental, da busca de tratamento psicológico e psiquiátrico. A pandemia e a quarentena têm afetado muito a saúde mental de todo mundo.
Com certeza! Eu tenho parentes, amigos, que normalmente são pessoas muito enérgicas, produtivas, sociáveis; e estão profundamente deprimidos agora. Muita gente está lidando com falta de dinheiro, também, especialmente no mundo artístico. Todos temos muito com o que nos preocupar. Eu me senti muito para baixo no início da quarentena; eu não estava sendo eu mesma. Por isso eu tive que traçar esse plano, por assim dizer; descobrir o que me faz sentir bem a respeito de mim mesma e colocar essa estratégia em prática. É quase como se precisássemos enganar a nós mesmos para manter a positividade. Mas ajuda. Humanos são fortes, são resilientes. Nós vamos conseguir atravessar isso.
Patti Smith abriu frentes também em outras áreas artísticas, tornando-se conhecida como poetisa, escritora e fotógrafa.
21 Revista Louder * Mar/2024
Foto: Steven Sebring
A vida de Patti Smith é esclarecida através de duas devoções: amor e trabalho.
Foto: Laura Stevens
Como você se sente sabendo que é uma das artistas mais influentes da história do rock? Você se vê dessa maneira?
Eu não sabia disso! [risos] Sabe, ouvir algo assim é maravilhoso. Eu e minha banda nunca fomos um enorme sucesso comercial, mas, pelo que as pessoas falam, eu sinto que conseguimos construir algo precioso. Se nosso trabalho influenciou positivamente as pessoas, jovens músicos, mulheres, isso me deixa muito orgulhosa e muito feliz. Mas eu definitivamente não me vejo dessa maneira. Eu sou uma escritora, uma mãe, e por acaso canto rock. Mas é apenas o meu trabalho.
Eu me recusava a vestir o que queriam que eu vestisse, pentear meu cabelo do jeito que queriam que eu penteasse, fazer minhas músicas do jeito que queriam que eu fizesse. Sempre soube que queria fazer as coisas exatamente do meu jeito.
Na vida pública, em plena década do movimento punk, nos anos 1970, Patti Smith ousou empunhar uma guitarra e liderar uma banda de rock quando mulheres simplesmente não faziam isso.
Como você vê a indústria musical e a cena musical, hoje em dia, especialmente para as artistas mulheres?
Comparada a como era quando eu era jovem, a situação é fantástica. Eu tenho certeza absoluta de que hoje há desafios totalmente diferentes dos que eu enfrentava quando jovem: a indústria musical basicamente desmoronou nos últimos anos, por exemplo, as gravadoras perderam o poder que tinham. Mas, quando eu comecei, eu não via outras garotas tocando guitarra. Eu não estou dizendo que sou especial nem nada disso, só estou dizendo que as garotas não tinham o espaço e as oportunidades que têm hoje. Agora você mulheres à frente de bandas de rock, vê mulheres que são guitarristas incríveis, vê cantoras pop poderosíssimas. Há muito mais diversidade.
E, para todos os músicos, mulheres ou homens, o processo é muito mais democrático. Nos anos 1970, sua única chance de ficar conhecido era se alguma gravadora decidisse assinar com você e alguma rádio resolvesse tocar suas músicas. E agora nós temos a Billie Eilish, que fez um álbum com o irmão dela no quarto de casa e ganhou um Grammy. Acho que há oportunidade para todos, mas você precisa saber exatamente o que quer fazer – e quais sacrifícios vai precisar fazer para isso. Eu me recusava a vestir o que queriam que eu vestisse, pentear meu cabelo do jeito que queriam que eu penteasse, fazer minhas músicas do jeito que queriam que eu fizesse. Sempre soube que queria fazer as coisas exatamente do meu jeito. ◆-
23 Revista Louder * Mar/2024
Foto: Peter Hugo
Foto: Lynn Goldsmith
EM
“UM LIVRO
DOS DIAS”, PATTI SMITH REFUNDA O INSTAGRAM COMO LUGAR HABITÁVEL
Em nova publicação, compositora registra cada um dos 366 dias com uma imagem, em diálogo com o que tem feito na rede social.
Por Vivian Whiteman
Antes de Patti Smith chegar, o Instagram era quase nada. Não que ela tenha sido uma das primeiras habitantes desse caos filtrado de sorrisos congelados, chegou só em 2018, aconselhada por sua filha. É que o efeito de sua presença naquelas bandas não tem passado despercebido. Não é tanto que ela tenha entrado, como quem entra para um clube e se adapta ao regimento. Também não é o caso de estar no Instagram, como quem muda de casa ou passa uma temporada. Aconteceu de ela ir até lá e inaugurar alguma coisa.
Foi mais ou menos nesse processo de fazer do Instagram um lugar habitável – não como espaço fixo, mas como uma possibilidade de conversa e desafio à própria arquitetura destrutiva do instagramês – , que ela imaginou as páginas de Um livro dos dias.
A publicação registra 366 dias, cada um deles com uma imagem. Não se trata de uma reprodução do perfil da cantora, mas de uma obra inspirada no que ela tem inventado por lá, com algumas fotografias em comum. Patti leva em conta certa estrutura básica dessa rede: uma imagem (de seu arquivo, mas também reproduções etc.) e algumas poucas palavras. Mas isso não é dizer o suficiente sobre o que propõe.
Além de não escrever textos longos e de alcançar uma estranha harmonia em um conjunto tão variado e peculiar de fotos, a escritora trata o espaço e o tempo de um jeito especial.
“29 DE FEVEREIRO. FRED SONIC SMITH E EU FIZEMOS PEDIDOS NESSE DIA PARA A LUA CHEIA QUE SE ERGUIA NO CÉU DE MICHIGAN; NO DIA SEGUINTE, MERGULHAMOS NA NOSSA VIDA. LEMBRANDO DAQUELA NOITE, ÀS VEZES ATIRO UMA MOEDINHA NO MEU VELHO POÇO ESPANHOL, ENVIANDO DESEJOS DE ANOS BISSEXTOS FUTUROS PARA TODOS."
24 Revista Louder * Mar/2024
Foto: Reprodução/Instagram/@thisispattismith CAPA
O ano é o da escrita, o da lua cheia aberta e oculta, o dos pedidos, os da vida mergulhada, os da velha e da nova existência do poço, os que ainda virão. O espaço não está desconectado disso, de forma que o poço bordeado de neve que aparece na fotografia surge como objeto fascinante, um portal quase sobrenatural. Outros momentos pisam mais firme na terra, no calendário. 1° de março de 1980, o casamento de Patti e Fred. “Quando a alquimia era real”, ela escreve. Pisam firme, mas não deixam de se mover. Fred morreu em 1994, o que, de alguma forma, está marcado nesse post e no anterior. Como em uma série de outros. A morte como parte da vida é algo que faz muita presença na obra de Patti. Não só em sua história, mas em sua escrita do mundo.
Em Um livro dos dias tem muita morte e muito nascimento. Patti comemora aniversários e despedidas, de pessoas próximas ou de seus ídolos. Guarda objetos de lembrança, livros, peças de roupa, alguns tesouros particulares. Suas coisas são dispostas à vista da casa,
A primeira foto do livro, a partir de 1° de janeiro, seguinda da legenda: “Um novo ano está se descortinando, diante de nós o desconhecido, transbordante de possibilidades.”.
fazem parte, tomam luz. “Aniversários listados são um gancho para outros, incluindo o seu. Um café em Paris é todo e qualquer café, assim como um túmulo pode ecoar outras lágrimas e lembranças”, ela escreve em sua carta de abertura.
Gatos, filhos discos, xícaras, camas, árvores, ruas. O mundo de Patti é familiar sem ser padronizado, um desintoxicador de olhos, um cuidado de palavras para a criatividade. Às vezes a gente abre e fecha como se fosse um brinquedo, um gesto contra o monopólio de rolar telas, um jeito diferente de tentar falar, não sei.
Em algum momento de sua carta, Patti se refere ao livro como oráculo solto. É um dos jeitos irresistíveis de se aproximar dele, sem dúvida. É um livro bom de ter nas mãos. ◆
25 Revista Louder * Mar/2024
“Casaco preto com cachecol”, diz a legenda de 2 de abril.
SANGUE E SUOR A PERFORMANCE DO MOSHPIT
A dança do rock and roll que apresenta um padrão de movimento e uso do corpo de forma diferente das danças tradicionais.
por Lucas Monteiro
Revista Louder * Mar/2024 26 PESQUISA
Foto: Charles Peterson
Saiba que seu corpo é feito para se mexer, sinta em suas entranhas Rock and roll não merece este nome se não te fizer se mexer
Trecho da música Overkill de Motörhead
Orock and roll é um estilo musical contestador por essência, nasceu em meio a um contesto musical repetitivo. Era um movimento da juventude, que vinha na música uma oportunidade de ter expressão de suas ideias e ideais, foi uma afronta a moral e os bons costumes da sociedade engessada do fim dos anos 50 e início dos anos 60. Foi um estilo que introduziu novas formas de se tocar os instrumentos e produzir música, novas formas de se vestir, usar o cabelo e maquiagem e também novas formas de se relacionar com os outros jovens e com o mundo.
A partir do rock and roll desta época vários subgêneros foram sendo criados ao longo dos anos, sendo hoje possível de catalogar mais de 200, e dentre desses, o punk, o hardcore e o metal foram responsáveis por disseminar o moshpit. Durante a execução dos shows o público se colocava efeverscente, animado e executava diversos movimentos, como mexer a cabeça e movimentar o corpo de forma tímida, durante os shows de punk rock, já no início dos anos 70, era comum o público executar o slandancing, que consiste em executar contatos corporais com os ombros nos outros fãs, e a partir deste movimento, outros foram sendo introduzidos até chegar ao padrão de movimentação realizado hoje.
Revista Louder * Mar/2024 27
Foto: Ted Van Pelt
PADRÃO DE MOVIMENTO
O moshpit possui uma dinâmica corporal diferenciada, pois é realizado com bastante agressividade e vigorosidade durante a realização. Dentre essas dinâmicas corporais, é possível salientar as mais executadas, são elas: o headbang, que é o ato de movimentar a cabeça para frente e para trás, o slandancing, o stage diving que é o ato de saltar do palco ou de lugares altos, o crowd surfing que é o ato de conduzir uma pessoa com as mãos, o circle pit que é conhecido também como roda (roda de pogo) onde os fãs vão se movimentando em um mesmo sentido e executando contatos corporais como o próprio slandancing e também socos e chutes e o wall of death que é quando a plateia se separa em dois grupos diferentes e depois se confronta ao centro formando um grupo só.
O moshpit é a performance construída na plateia dos shows de rock pelos próprio fãs. Os movimentos são enérgicos e agressivos, porém se dão com uma negociação corporal que permita a participação das mais diversas pessoas, a intenção dos fãs com estas atitudes não é de causar dano, mas de compartilhamento de emoções através dos movimentos, que são agressivos, sendo mais ou menos de acordo com o subgênero de rock do show que é executado, é importante que não se rompa com a etiqueta estabelecida, para que a violência não tome outra conotação. Através dos movimentos é possível se compartilhar experiências e emoções.
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28 Revista Louder * Mar/2024 PESQUISA
VIVA O SKATE EM TODO LUGAR
WWW.VANS.COM.BR
TO THE FLOWERS
While She Sleeps revelou um single incrivelmente poderoso de seu próximo álbum SELF HELL, com o guitarrista Sean Long admitindo que TO THE FLOWERS “quase nos levou às lágrimas várias vezes”.
Por Emily Carter
Após o lançamento da faixa-título e DOWN com Alex Taylor, While She Sleeps está dando aos fãs outra gostada de seu próximo álbum SELF HELL.
Com o disco chegando em 29 de março, hoje a banda revela o incrivelmente emocional TO THE FLOWERS, juntamente com um curta-metragem que foi criado e filmado pelos membros.
“Esta música significa muito para nós”, começa o guitarrista Sean Long. “Por mais que amemos um bom colapso e um riff pesado, muita da nossa paixão está dentro de peças musicais emotivas. Esta música quase nos levou às lágrimas várias vezes simplesmente porque toca algo em nós que é muito querido. Uma dor que todos nós conhecemos e sentimos até o nosso núcleo mais profundo. A essência da nossa dor pessoal expressa na música é o que a banda é. Falar sobre as coisas que sabemos é difícil, mas necessário. O título de trabalho foi chamado de ‘radiohead’ e isso deve ajudar a entender a sensação que nos deu ao escrevê-lo. Isso contém o ‘double-whammy’ que eu encontrei pouco antes da música terminar. Ficou insanamente viral quando eu postei online, então eu só tive que co-
locar na música. As pessoas têm dito que é uma das maiores partes de guitarra de todos os tempos, eu vou aceitar.”
Enquanto isso, o vocalista do vídeo Loz Taylor compartilha: “TO THE FLOWERS é uma vida emocional, trágica e real. Pretendíamos fazer um curta-metragem que englobe as emoções reais de relacionamentos, tristeza, amor, morte e dor. Filmado pelos membros de While She Sleeps, TO THE FLOWERS flui e flui através de um sentido de tragédia. Este foi um grande projeto a ser realizado, e despejemos nossa energia criativa na direção desta peça. Nós nos divertimos muito trabalhando no filme. Isso vai chegar em casa.”
No álbum como um todo e em sua seleção de títulos, Sean adicionou: “O nome do álbum é a base de como nos vemos e ao mundo. Todo mundo tem uma experiência subjetiva como nenhuma outra. No entanto, a constante que nos une SÃO as diferenças entre nós e o fato de que estamos todos sofrendo à nossa maneira. Não seja muito rápido para julgar e demonizar, sua hora virá para a redenção ou condenação.” ◆
30 MÚSICA PARA VER Revista Louder * Mar/2024
Foto: Reprodução / Facebook / While She Sleeps
O curta metragem foi criado e filmado pelos membros da banda.
“Não seja muito rápido para julgar e demonizar, sua hora virá para a redenção ou condenação.”
31 Revista Louder * Mar/2024
CONHEÇA AS 10 MUSICAS MAIS OUVIDAS DE BOWIE NO DEEZER
A Deezer celebra a vida do artista icônico com uma lista de seus sucessos favoritos do público.
por Ricardo Semiento
No dia 08 de janeiro de 1947 vinha ao mundo uma lenda! David Bowie – nome artístico de David Robert Jones.
Nascido em Londres, no Reino Unido, ele se tornou um dos maiores artistas da história da música, reconhecido como cantor, compositor, produtor musical e ator.
Por conta de sua capacidade de sempre renovar sua imagem e se adaptar aos diferentes ambientes e estilos musicais, Bowie era apelidado de “camaleão do rock” e colecionou grandes sucessos em sua carreira.
O artista faleceu aos 69 anos, no mesmo mês de seu nascimento, em 10 de janeiro de 2016, vítima de câncer.
Reforçando a sua grande influência, presente até os dias de hoje, a Deezer compartilhou as top 10 músicas mais ouvidas do artista no último ano.
32 MEMÓRIA
idade dos ouvintes
cidades que mais dão play
quem mais ouve
33 Revista Louder * Mar/2024
10 grandes discos internacionais que completam 30 anos em 2024
De Pearl Jam a Oasis, passando por The Rolling Stones e Blur, confira lançamentos marcantes de 1994!
Por Felipe Ernani
Superunknown Soundgarden
Lançamento: 1 de Fevereiro de 1994
Lançamento: 8 de Março de 1994
Parklife Blur
Lançamento: 25 de Abril de 1994
Weezer (The Blue Album) Weezer
Lançamento: 10 de Maio de 1994
Oano de 1994 foi muito prolífico para a música internacional.
Há 30 anos, bandas que vão desde Green Day até Soundgarden lançaram alguns de seus maiores clássicos da carreira – no caso, respectivamente, os discos Dookie e Superunknowwn, dois dos mais influentes da década que ajudaram a moldar as sonoridades do Pop Punk e do Grunge. Para além disso, o ano ainda trouxe o último disco propriamente dito do Pink Floyd e alguns outros álbuns emblemáticos de bandas como Weezer e Pearl Jam. Entre nesse túnel do tempo com a seleção que montamos logo abaixo e relembre estas grandes obras que já completam três décadas em 2024!
The Downward Spiral Nine Inch Nails
Lançamento: 8 de Março de 1994
Voodoo Lounge The Rolling Stones
Lançamento: 11 de Julho de 1994
The Division Bell Pink Floyd
Lançamento: 28 de Março de 1994
Definitely Maybe Oasis
Lançamento: 29 de Agosto de 1994
Smash The Offspring
Lançamento: 8 de Abril de 1994
Vitalogy Pearl Jam
Lançamento: 22 de Novembro de 1994
34 Revista Louder * Mar/2024
Dookie Green Day
◆ TRACKLIST
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