TCC DE ARQUITETURA - JÉSSICA LUCENA

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Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

JÉSSICA VIRGÍNIA LUCENA DE ANDRADE



UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO II

JÉSSICA VIRGÍNIA LUCENA DE ANDRADE

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade Federal da Paraíba, no período letivo 2020.1, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Profª. Wylnna Carlos Vidal de Lima.

JOÃO PESSOA, DEZEMBRO DE 2020



Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo:

APROVADO EM: _____/_____/_____ MÉDIA FINAL: _____

ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

BANCA EXAMINADORA

PROFª. WYLNNA CARLOS VIDAL DE LIMA (Orientadora)

JÉSSICA V. L. DE ANDRADE

PROFª. ISABEL MEDERO ROCHA (Examinadora Interna) MARIA ANDREÍNA MOREIRA FERNANDES (Examinadora Externa)

ANDRADE, J. V. L. Neuroarquitetura aplicada a um ambiente coorporativo: Anteprojeto de um coworking.

JOÃO PESSOA, DEZEMBRO DE 2020


AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus, pela infinita misericórdia nos momentos em que mais precisei e por me ajudar a ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo do curso, sendo detalhista ao colocar as melhores pessoas ao meu lado. À minha família, em especial a minha mãe e minha irmã, as mulheres mais importantes da minha vida, que nunca mediram esforços para que eu concluísse a minha formação, não só superior, mas também como ser humano. Vocês foram o meu alicerce nos momentos mais difíceis, sempre acreditando em mim e me dando forças para seguir em frente. É inspirada em vocês que eu luto e continuarei lutando. Por todo carinho, todo cuidado. A vocês nunca conseguirei agradecer o suficiente. Ao meu namorado Lucas, pela paciência sem fim e por ser tão compreensível nos meus momentos de ausência durante esse curso, sempre me incentivando a ser uma pessoa melhor e me socorrendo nos momentos de desespero. O seu amor me faz acreditar em mim mesma. À minha orientadora, Wylnna Vidal, por todo conhecimento transmitido, por todo suporte e toda confiança, sempre me

deixando livre para criar e me acompanhando do início ao fim. Sua atenção, percepção e seu olhar sobre a arquitetura são qualidades que levarei para minha vida pessoal e profissional. Aos colegas de curso que sempre demonstraram uma união especial ao passar juntos por todos os momentos conturbados durante esses cinco anos, sem uma turma unida como a nossa tornando tudo mais leve seria impossível ultrapassar por todos os obstáculos que enfrentamos. À Lorena Rolim, Ruhama Pordeus, Bruna Lago e Isabelle Cardoso, o encontro de almas mais especial que o curso de Arquitetura e Urbanismo me proporcionou, começando antes mesmo do início das aulas até o final do curso, com vocês é difícil não acreditar em destino. Hoje, tenho o prazer de chamar não de amigas, mas de irmãs, receber vocês como os presentes que transpassarão o final do curso fez e continua fazendo tudo valer a pena, digo e repito, sem vocês eu não teria chegado até aqui. Por fim, são muitos os que, direta ou indiretamente, contribuíram durante todo o percurso até este momento, agradeço a todos. A gratidão é quando a alma diz obrigado.


RESUMO Com os recentes avanços na neurociência, os profissionais de diversos campos estão compreendendo cada vez mais o funcionamento do cérebro humano. A memória humana está diretamente conectada aos espaços físicos, pois os seres humanos passam 90% do seu tempo dentro dos ambientes construídos pelo homem e esses ambientes os impactam o tempo todo. Nessa perspectiva, dentre os ambientes que as pessoas passam mais tempo, o espaço de trabalho é sem dúvidas um dos principais. À vista disso, é necessário pensar de que forma pode-se criar ambientes de trabalho que possam impactar nas emoções e resultar em memórias positivas para as pessoas. Assim, o estudo da Neuroarquitetura apresenta-se como um aporte fundamental para entender melhor como os edifícios podem afetar as emoções, as percepções, o comportamento, a saúde e o bem-estar, pois uma melhor compreensão do cérebro pode ajudar os arquitetos a projetarem espaços de trabalho que impactem positivamente seus usuários de uma forma mais profunda. Para isso, o objetivo desse trabalho é propor um anteprojeto de um espaço colaborativo na cidade de João Pessoa, aplicando princípios da Neuroarquitetura e aprofundando os estudos sobre o avanço e a evolução dos espaços de coworkings no Brasil, os quais têm se apresentado como a aposta para o futuro do trabalho. Palavras chaves: Neuroarquitetura. Coworking. Espaços colaborativos.

ABSTRACT With advances in neuroscience, professionals in different fields are increasingly understanding the functioning of the human brain. Human memory is directly connected to physical spaces, because humans spend 90% of their time within man-made environments and these environments impact them all the time. In this perspective, among the environments where people usually spend the most time, the work space is undoubtedly one of the main ones. Taking this in consideration, it is necessary to think about how to create work environments that can impact emotions and positive memories for people. Thus, the study of Neuroarchitecture presents itself as a fundamental contribution to better understand how buildings can affect emotions, such as perceptions, behaviour, health and well-being, because a better understanding of the brain can help architects to design workspaces that positively impact their users in a deeper way. To this end, the objective of this work is to propose a preliminary project of a collaborative space in the city of João Pessoa, applying Neuroarchitecture principles and in-depth studies on the progress and evolution of workspaces in Brazil, which are presented as the bet for the future of work. Keywords: Neuroarchitecture. Coworking. Collaborative spaces.



Nós moldamos os nossos edifícios e depois, eles nos moldam.

- Winston Churchill, 1943.


Sumário

2

REFERENCIAL TEÓRICO APRESENTAÇÃO

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1

INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 1.2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 1.3 JUSTIFICATIVA 1.4 OBJETO 1.5 OBJETIVO GERAL 1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

2.1 NEUROARQUITETURA 2.1.1 NEUROARQUITETURA E ESPAÇOS DE TRABALHO 2.1.2 ELEMENTOS ESTUDADOS PELA NEUROARQUITETURA EM ESPAÇOS DE TRABALHO VEGETAÇÃO ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO NATURAL ACÚSTICA E ESCRITÓRIOS “OPEN SPACE” 2.1.3 NEUROARQUITETURA NO PÓS PANDEMIA 2.2 ESPAÇOS COLABORATIVOS 2.2.1 EVOLUÇÃO DO COWORKING NO BRASIL 2.2.2 PERFIL DOS COWORKINGS NO BRASIL 2.2.3 PERFIL DOS USUÁRIOS DE COWORKINGS NO BRASIL 18

18 18 20 23 23 23

26

26 27 28 34 36 39 40 44 52 52 55

3

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

56

3.1 HOFFMAN DUJARDIN ARCHITECTS 3.2 SEDE ROYAL F|C 3.3 COWORKING THE CORNER

64 64 65


4

CONTEXTO

4.1 PÚBLICO ALVO 4.2 LOCALIZAÇÃO 4.3 CONDICIONANTES LEGAIS 4.4 ENTORNO 4.4.1 FLUXO VIÁRIO E PONTOS DE ÔNIBUS 4.4.2 ÁREA CONSTRUÍDA 4.4.3 GABARITO 4.4.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 4.4.5 PONTOS DE INTERESSE

64

64 65 70 71 72 73 74 75 76

5

6

ESPACIALIDADE

6.1 ACESSOS: LOBBY E LOUNGE EXTERNO 6.2 RECEPÇÃO, CAFÉ E ARQUIBANCADA/ESCADA 6.3 ESPAÇOS DE TRABALHO 6.4 ROOFTOP E ESPAÇO DE DESCOMPRESSÃO

O PROJETO

80

5.1 CONCEITO 5.2 DIRETRIZES PROJETUAIS 5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES 5.4 FLUXOGRAMA 5.5 ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO 5.6 IMPLANTAÇÃO E ACESSOS 5.7 ESTUDO DE VOLUMETRIA 5.7.1 FORMA E VOLUME 5.7.2 CIRCULAÇÃO 5.8 ESTACIONAMENTO 5.9 SISTEMA ESTRUTURAL 5.10 CONCEITOS ESTUDADOS PELA NEUROARQUITETURA APLICADOS AO PROJETO 5.10.1 VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAL 5.10.2 VEGETAÇÃO 5.10.3 ESQUADRIAS E VEDAÇÕES 5.11 MATERIAIS

80 80 83 86 87 93 95 95 97 98 99 100 100 103 105 108

110

112 116 120 128

CONSIDERAÇÕES FINAIS

134

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

136



APRESENTAÇÃO


APRESENTAÇÃO Este trabalho de conclusão de curso propõe, dentro da temática da arquitetura, aprofundar um novo campo de discussão popularmente conhecido como: Neuroarquitetura1, apresentando suas aplicações e impactos no comportamento humano e visando a sua utilização prática em um espaço colaborativo de coworking2. O trabalho divide-se em oito capítulos, que para melhor compreensão dos resultados esperados serão comentados a seguir. O primeiro capítulo introduz a problemática estudada, fazendo uma descrição do quadro geral do tema, definindo a justificativa da sua relevância e apontando o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa.

cionantes que envolvem o entorno do projeto, realizando uma análise do contexto em que o terreno escolhido está inserido. O capítulo 05 apresenta o conceito do projeto e as diretrizes que foram consideradas durante o seu desenvolvimento, além das suas dificuldades e todo o processo de idealização e concepção do mesmo, desde o programa de necessidades até a sua volumetria e especificidades, além da aplicação no projeto dos conceitos estudados pela Neuroarquitetura destacados no referencial teórico. O capítulo 06 discorre sobre a espacialidade do projeto a partir da sua representação gráfica. Por fim, do, e as junto aos

estão as considerações finais do estusuas referências bibliográficas, em conanexos com os desenhos técnicos.

No segundo capítulo apresenta-se o estudo do referencial teórico, onde é realizado o levantamento bibliográfico, explanando melhor a Neuroarquitetura e abordando os conceitos que envolvem o tema de espaços colaborativos, fazendo também um estudo do perfil desses espaços no Brasil, o qual serve posteriormente de mapeamento para o programa de necessidades do projeto de acordo com as tendências que estão sendo sinalizadas para esse tipo de equipamento. A pesquisa teórica foi feita por meio de livros, artigos, revistas, notícias de jornais e em maior parte através de artigos conhecidos através da ANFA (Academy of Neuroscience for Architecture).

14

No capítulo seguinte são analisados estudos de casos e referências projetuais, avaliando as categorias de destaque nos projetos apontados, os quais servem de referências diretas para o desenvolvimento do projeto. A partir do capítulo 04 apresenta-se a caracterização da área de estudo e as condiO termo Neuroarquitetura será aprofundado no segundo capítulo, trata-se da influência do espaço físico no comportamento humano. O termo Coworking será aprofundado também no segundo capítulo, trata-se de um modelo de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação. 1 2




INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 1.2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 1.3 JUSTIFICATIVA 1.4 OBJETO 1.5 OBJETIVO GERAL 1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


1. INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA O propósito da arquitetura são as pessoas. Quando isso é compreendido, percebe-se que arquitetos, projetistas e designers possuem uma enorme responsabilidade na qualidade de vida dos indivíduos, uma vez que é perceptível que o ambiente pode influenciar o comportamento dos usuários de um espaço e o modo como eles vivenciam o mesmo. (ROCK, 2009). Idealize como seria a sociedade se os arquitetos produzissem projetos ainda mais competentes, como hospitais que ajudassem na reabilitação dos pacientes, gerando resultados na amenização das dores, espaços de trabalho que incentivassem a criatividade e o bem-estar, e em consequência disso melhorasse a produtividade dos colaboradores e até mesmo escolas que encorajassem o aprendizado. Começar a pensar a arquitetura dessa forma é entender que a traduzir em beleza e estética é muito pouco, pode-se ir além. Se o foco da arquitetura são os seres humanos, torna-se indispensável a integração da mesma com outras disciplinas, é preciso ter noções de psicologia, neurociência, medicina, entre outros. Atualmente, arquitetos e psicólogos já estão cientes da relevância de compreender como os espaços afetam os indivíduos. Utilizando pesquisas empíricas e estudos de pós-ocupação eles são aptos a medir mudanças no comportamento dos usuários do espaço. 18

Apesar de alguns efeitos serem naturalmente notados através da observação, outros necessitam de estudos científicos minuciosos para melhor compreensão. Segundo Gonçalves e

Paiva (2018, p. 388), os avanços recentes da Neurociência podem ajudar a entender as mudanças fisiológicas no cérebro e no corpo que despertam alterações no comportamento humano, além disso, esses estudos evidenciam que existe uma relação entre cérebro, corpo e meio ambiente e ela tem se revelado muito mais profunda do que se imaginava, comprovando que a arquitetura estabelece uma complexa relação com o cérebro humano. No entanto, desde a antiguidade os arquitetos já demonstravam preocupação a respeito dos impactos que os seus edifícios provocavam nos usuários, mas de forma empírica. Antes esses elementos inseridos nos projetos partiam apenas de uma intuição, a qual não consegue explicar o porquê de certos conceitos adotados nos espaços físicos serem capazes de sensibilizar as pessoas de um modo tão subjetivo. Em razão disso, o que anteriormente eram pesquisas empíricas tornou-se um novo campo de pesquisa. Ainda em evolução, a Neuroarquitetura é um campo de estudo popularmente conhecido para compreender a relação existente entre a Neurociência e a Arquitetura, duas disciplinas que parecem um pouco distantes, mas que estão diretamente relacionadas. A Neurociência, refere-se ao estudo do comportamento do cérebro, o principal órgão dos seres humanos, já a arquitetura trata do espaço físico, do ambiente, da luz, da acústica e de tudo que compreende o seu entorno. Nessa perspectiva, a Neuroarquitetura surge com o objetivo de incorporar explicações biológicas e racionais de como acontece o impacto do espaço físico no cérebro e como isso se expressa no comportamento humano, buscando respostas através de processos cerebrais capazes de ocasionar diversas sensações


INTRODUÇÃO

em reação a vivência desses ambientes, tais como: conforto, medo, bem-estar, entre outros. Para melhor entendimento, Gonçalves e Paiva (2018, p. 395) definiram a Neuroarquitetura. Ela é a ciência interdisciplinar que aplica conhecimentos da Neurociência à relação entre o ambiente construído e as pessoas que dele fazem uso. Sob certo aspecto, não há muito de novo. Os efeitos do ambiente no comportamento das pessoas sempre foram um tema importante desde a antiguidade e também para psicólogos ao longo do século XX. Porém, até agora os estudos realizados nessa área dependiam apenas da observação dos comportamentos e reações dos indivíduos em determinado edifício em um estudo pós-ocupação. (GONÇALVES; PAIVA, 2018, p. 396).

Roberts (2017) reitera que a exploração desse campo de pesquisa ocorre de três formas principais: • Utilizar a neurociência para entender como os humanos (e outros animais) experimentam o ambiente construído e, em particular, exploram o potencial de projetar espaços para experiências mais positivas de saúde, bem-estar e produtividade; • Utilizar a neurociência para estudar o processo de design através do cérebro do arquiteto; • Perguntar, através do campo exploratório da arquitetura, “O que acontece se a arquitetura incorporar em si algumas das lições do cérebro - se, de certo modo, você fornece um cérebro a um edifício? ”, nas palavras de Michael Arbib, Ph. D. (Tradução livre de ROBERTS, 2017).

Atualmente existe uma grande lacuna de informações que abordem este assunto, pois inicialmente são temáticas muito distintas, sendo difícil encontrar profissionais experientes nas duas áreas, capazes de produzir novas pesquisas neurocientíficas que foquem na arquitetura. Em decorrência disso, são poucos os centros de pesquisa voltados para o tema como a Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA), em San

Diego, Estados Unidos. (GONÇALVES; PAIVA, 2018, p. 396). No entanto, apesar de a Neuroarquitetura ser um tema considerado bastante recente, ela vem sendo estudada há mais de 10 anos no exterior pela ANFA, fundada em 2003, a qual é uma organização sem fins econômicos, que possui o intuito principal de aprimorar os conhecimentos que vinculam pesquisas em neurociência que se dedicam a compreender as reações humanas ao ambiente construído. (ANFA, [s.d.]). O conselho da ANFA é composto por 17 renomados neurocientistas e arquitetos. Seu esforço é voltado para fundamentar o impacto dos ambientes nas pessoas, através de pesquisas que utilizam equipamentos como a ressonância magnética e o eletroencefalograma, examinando as áreas do cérebro que são acionadas quando visualizamos determinadas imagens. Além disso, os membros do Conselho administrativo da ANFA difundem efetivamente a importância da integração dessas duas disciplinas utilizando recursos como: palestras, publicações, conferências, oficinas e cursos de nível superior. Apesar de ainda existirem poucas referências a respeito do tema, já houve avanços nessa área, mas sabemos que ela tem competência para ir além. Para isso são necessários novos estudos e buscas por conhecimento, visando um melhor entendimento de como acontece essa influência da arquitetura sobre o comportamento humano, sendo este o ponto primordial deste trabalho. Paiva (2018, p. 132) afirma que a Neuroarquitetura veio para possibilitar aos arquitetos e urbanistas a utilização de novos instrumentos que colaborem com o processo de criação e tomada de decisão na hora de se projetar, oferecendo a oportunidade de se repensar antigas soluções, transformando o mindset3.

Mindset pode ser traduzido por mentalidade ou programação mental, é o conjunto de pensamentos e crenças que existe dentro da nossa mente e que determina como nos sentimos e nos comportamos. O mindset é como sua mente está programada para pensar sobre determinado assunto. 3

19


1.2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA À vista disso, arquitetos estão começando a pensar nos edifícios não apenas considerando à sua estética e funcionalidade, mas concentrando o foco nos efeitos causados nos níveis mais profundos do organismo humano, de modo a proporcionar inúmeras vantagens aos usuários do espaço. Um bom exemplo, e principal foco desta pesquisa, está na busca pelo aumento do bem-estar e da criatividade em escritórios e a diminuição nos níveis de ansiedade e estresse nesses ambientes de trabalho, além do consequente aumento na produtividade. São necessários apenas alguns dados preliminares para se compreender a importância do aprofundamento da Neuroarquitetura em ambientes de trabalho. Segundo a Pesquisa Nacional de Padrão de Atividade Humana realizada em 20014, as pessoas passam quase 90% do seu tempo nos interiores de ambientes construídos, como mostra a figura 01. OUTRO AMBIENTE INTERNO

DENTRO DE UMA RESIDÊNCIA

TEMPO TOTAL PASSADOS EM AMBIENTES INTERNOS (86,9%)

68.7%

11% 7.6%

BARES E RESTAURANTES

AMBIENTES EXTERNOS

1.8% 5.4%

20

5.5% VEÍCULOS

FÁBRICAS

4

Figura 01. Pesquisa de tempo passado em ambientes internos. Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa realizada pela Enviromental Protectcion Agency (EPA)-2001.(2018)

Sabendo disso, basta buscar na memória em quais ambientes os seres humanos costumam passar a maior parte do seu tempo, rapidamente chegará ao ambiente de trabalho. Realizando uma matemática básica e considerando só 8 horas de trabalho por dia, contabilizando apenas os dias úteis, chegamos facilmente a um impressionante número de 2.000 horas por ano utilizando esses espaços. A partir disso entende-se que quanto mais tempo as pessoas passam em determinados locais, mais esses ambientes podem lhe afetar diretamente. (PAIVA, 2018). De acordo com Kápas (2008, p. 196), os espaços de trabalho inicialmente eram reflexos da influência da revolução industrial e do sistema de produção em massa, sempre tentando alcançar o rendimento máximo da linha de produção das indústrias. Portanto, os layouts dos escritórios pretendiam apenas simplificar o sistema de produção da empresa, visando sempre a expansão da quantidade de produção. Desse modo, a organização dos ambientes de trabalho se espelhava nas fábricas, desde o posicionamento de cada equipe e seus respectivos líderes até a própria decoração das salas objetivavam unicamente a concentração na produção. Entretanto, as fábricas exerciam suas funções de acordo com o trabalho das máquinas, já os escritórios funcionam com base no trabalho das pessoas. (KÁPAS, 2008). A consequência disso está no grande número de ambientes de trabalho padronizados, sem identidade, que não valorizam a individualidade de cada funcionário e de cada função a ser exercida, esquecendo de essências e necessidades humanas básicas e tornando o desempenho profissional mecânico, exaustivo e desestimulante, concebendo assim espaços cada vez mais desumanizados, os quais afetam a saúde física e mental dos

Pesquisa realizada por Neil E. Klepeis e outros, financiada pela Environmental Protection Agency (EPA). Disponível em: <https://indoor.lbl.gov/sites/all/files/lbnl-47713.pdf>.


INTRODUÇÃO

usuários com reflexos diretos nos níveis de estresse e ansiedade, resultando em falta de criatividade, ausência de comunicação, e até mesmo dificuldade de concentração. (PAIVA, 2018). Essa necessidade de aprofundar o tema da Neuroarquitetura em espaços de trabalho torna-se ainda mais evidente quando analisamos alguns dados relevantes. Pesquisas realizadas em 2017 pela OMS – Organização Mundial de Saúde –, mostram que nos últimos 10 anos houve um crescimento de 18,4% no número de pessoas com depressão no mundo, além de 15% no número de pessoas que possuem transtorno de ansiedade, como mostra a figura 02. Esse retrato fica ainda pior ao se tratar do Brasil, eleito o País com o maior número de casos de ansiedade e depressão em toda a América Latina, superando os índices da média mundial.

A

18,4%

B

colaboram com as nossas cidades, além de não promoverem diminuição para tais problemas como depressão e ansiedade.

2015

1960 34%

54%

Figura 03. Aumento da urbanização mundial. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da WHO (World Health Organization) – 2015.

Dados da Organização Mundial da Saúde (figura 04) ainda revelam que uma em cada dez pessoas no mundo sofrem de algum distúrbio de saúde mental. Em resultado disso, as doenças relacionadas a saúde mental estão entre as campeãs de afastamentos ocasionados devido ao ambiente de trabalho.

15% 2005 Depressão

2015 Ansiedade

Figura 02. Aumento da depressão e ansiedade em 10 anos. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da (OMS) Organização Mundial da Saúde – 2017.

Dados da WHO — World Health Organization (2015) — revelam que em 1960, 34% de toda a população mundial residia em cidades, já em 2015 esse dado salta para 54% dos habitantes, como retrata a figura 03. Integra-se a isso o estressante cotidiano dos grandes centros urbanos detentores das incontáveis construções de concreto e ausência de áreas verdes, que não

Figura 04. Proporção de pessoas com distúrbios de saúde mental. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da (OMS) Organização Mundial da Saúde – 2017.

De acordo com dados coletados pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em 2016, os transtornos de depressão e ansiedade foram a segunda maior causa de adoecimento relacionado ao trabalho no Brasil, perdendo apenas para os casos de LER (Lesão por esforço repetitivo). Nesse contexto, uma pesquisa feita pela Locomotiva instituto de pesquisa e estratégia em 2017, aponta que 56% dos trabalhadores formais se dizem insatisfeitos com seu emprego5.

Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/blog/thais-heredia/post/56-dos-trabalhadores-formais-estao-insatisfeitos-com-o-trabalho-revela-pesquisa.html>. 5

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tar geral no ambiente de trabalho, uma vez que, nos últimos anos, boas condições de trabalho têm sido colocadas em segundo plano. Embora muitas empresas já entendam que contar com profissionais satisfeitos resulta em alto desempenho e produtividade, representando vantagens recíprocas para o próprio negócio, nota-se que muitas ainda negligenciam isso. Profissionais insatisfeitos apresentam diminuição de rendimento e consequentemente de resultados, o que afeta diretamente na evolução da empresa como um todo. Portanto, é primordial que empreendedores invistam no bem-estar do ambiente de trabalho, pois trabalhar em um ambiente inspirador influi na concentração dos colaboradores, e isso é traduzido em vantagens para ambos os lados. Figura 05. Charge ironia no trabalho. Fonte: <http://www.roxtirinhas.com>.

Outra pesquisa realizada pela empresa de recrutamento e seleção Robert Half, ouviu trabalhadores em 13 países distintos, onde foram levantados dados que afirmam que 42% dos trabalhadores brasileiros convivem diariamente com estresse e ansiedade frequentes causados pelo trabalho, enquanto a média dos demais países é de 11%. O excesso de trabalho (52%) e a falta de reconhecimento pelo desempenho (44%) foram apontados como as principais causas de estresse e ansiedade nos colaboradores.

22

Fatores como jornadas de trabalho excessivas, medo, insegurança e baixa autoestima traduzem-se em funcionários que se sentem desvalorizados e frequentemente insatisfeitos. É compreensível que os principais problemas relacionados a ansiedade e depressão são reflexos da ausência de bem-es-

Nesse sentido, como afirma Paiva (2018) “A Neuroarquitetura vem para ajudar na criação de espaços mais humanos de trabalho, sendo inúmeros os elementos do espaço físico que impactam diretamente na capacidade cognitiva, nos níveis de atenção, na criatividade e no aprendizado”. Dessa forma, para colocar os conceitos que a Neuroarquitetura vem estudando em prática, o produto final escolhido para esse projeto de pesquisa foi um anteprojeto de um coworking na cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba. De acordo com a definição do Coworking Brasil “Coworking é uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho. Seguindo as tendências do freelancing6 e das start-ups7, os coworkings reúnem diariamente milhares de pessoas a fim de trabalhar em um ambiente inspirador”. Atualmente, segundo dados levantados pelo Coworking Brasil já existem mais de 1.417 desses espaços conhecidos no país. Todo esse sucesso é consequência de uma ideia despretensiosa: profissionais autônomos que buscam espaços de-

Freelancer é um termo que caracteriza o profissional autônomo que executa uma atividade de maneira independente, podendo prestar serviços a vários empregadores. Start ups significa um grupo de pessoas trabalhando com uma ideia diferente que, aparentemente poderia fazer dinheiro e que estão à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. (MOREIRA, Daniela, 2016). 6 7


INTRODUÇÃO

mocráticos nos quais possam produzir seus projetos sem o isolamento do home office ou as distrações dos espaços públicos. No entanto, como qualquer ambiente de trabalho, esses espaços devem ser adequadamente projetados para que proporcionem uma melhor vivência ao usuário, contribuindo para o seu bem-estar e o seu desempenho profissional. Em João pessoa existem cerca de 10 espaços de coworkings, que é um número considerável quando se refere a uma cidade em desenvolvimento, mas que ainda detém um enorme potencial de crescimento.

1.3 JUSTIFICATIVA Com a crescente percepção da importância de voltar os olhares para a qualidade de vida dos seres humanos, surge a necessidade de se projetar ambientes com foco nos usuários e nas suas vocações colaborativas, comunicativas e criativas, valorizando a qualidade do trabalho humano acima da quantidade. Entretanto, apesar do recente aumento de pesquisas neurocientíficas voltadas para arquitetura e das transformações nos ambientes de trabalho, esses espaços ainda sofrem uma influência direta do sistema de produção em massa, que se traduzem em espaços desumanizados, causando efeitos negativos tanto na saúde física quanto na mental. Desse modo, este trabalho busca não apenas criar um espaço de trabalho mais humano, colaborativo e saudável utilizando conceitos que envolvem a Neuroarquitetura, mas também converter modos de projetar presos ao passado.

1.4 OBJETO Neuroarquitetura: Coworking em João Pessoa - PB.

1.5 OBJETIVO GERAL Desenvolver um anteprojeto de um coworking para atender a cidade de João Pessoa aplicando os conceitos da Neuroarquitetura, com foco no bem-estar e consequentemente na produtividade.

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Explorar os sentidos do corpo humano (visão, audição, olfato, tato) na compreensão e vivência dos espaços; • Considerar o impacto do espaço físico na produtividade, revisando a noção do modelo “open space” em ambientes de trabalho, através de estudos recentes sobre o assunto. • Fazer uso estratégico de elementos naturais no local de trabalho, tais como: iluminação natural, ventilação natural, percepção do clima e vegetação, em decorrência dos estudos da Neuroarquitetura que reforçam a importância da máxima utilização desses elementos para o bem-estar dos colaboradores.

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REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 NEUROARQUITETURA 2.1.1 NEUROARQUITETURA E ESPAÇOS DE TRABALHO 2.1.2 ELEMENTOS ESTUDADOS PELA NEUROARQUITETURA EM ESPAÇOS DE TRABALHO VEGETAÇÃO ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO NATURAL ACÚSTICA E ESCRITÓRIOS “OPEN SPACE” 2.1.3 NEUROARQUITETURA NO PÓS PANDEMIA 2.2 ESPAÇOS COLABORATIVOS 2.2.1 EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS DE COWORKING NO BRASIL 2.2.2 PERFIL DOS ESPAÇOS DE COWORKINGS NO BRASIL 2.2.3 PERFIL DOS USUÁRIOS DE COWORKINGS NO BRASIL


2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 NEUROARQUITETURA Segundo Paiva (2017) “A Neuroarquitetura se define como a aplicação da neurociência aos espaços construídos, visando a maior compreensão dos impactos da arquitetura sobre o cérebro e os comportamentos humanos”. A ideia de projetar espaços com o intuito de estimular diferentes sensações nos seres humanos sempre esteve fortemente presente durante toda história da arquitetura. Hoje, com os diversos avanços tecnológicos que proporcionam rápidas mudanças em todas as áreas profissionais, essa ideia se traduziu na integração da neurociência à arquitetura, fazendo com que profissionais da área compreendam melhor o comportamento humano e em consequência disso passem a projetar espaços melhores. Com essa integração da arquitetura com a neurociência, surgem novas tendências a partir de estudos científicos que podem ser incorporadas aos projetos, porém, é importante ressaltar que a Neuroarquitetura não é uma receita de bolo a ser seguida pelos arquitetos, sobre isso, Paiva (2020) defende que a nossa ligação com o ambiente é extremamente complexa para que existam resoluções padrões que se adequem a todas as situações. Cada pessoa possui uma percepção ao ambiente de maneira infinitamente distinta da outra. (PAIVA, 2020). 26

Em muitos discursos sobre a NeuroArquitetura e suas possibilidades, é comum que o espaço seja colocado na condição de agente (“espaços que geram ansiedade”, “espaços que curam”, etc.) e isso pode contribuir para a geração de falsas expectativas. O espaço não age, quem age no espaço somos

nós. O ambiente é uma variável que pode influenciar nossa ação, nossa percepção, nosso estado mental. Isto é, nós podemos apresentar diferentes comportamentos e percepções dependendo das características físicas do lugar onde nos encontramos, nós reagimos de maneiras diferentes em ambientes diferentes, mas nem todos responderão de forma semelhante ao mesmo espaço. (PAIVA, 2020).

Dessa forma, entende-se que o intuito da Neuroarquitetura não é a idealização de “ambientes perfeitos”, pois o conceito de perfeição é diferente para cada indivíduo. Sendo assim, ela não trata de um conjunto de regras e sim de conceitos que abrangem diferentes particularidades do cérebro, portanto deve partir do bom senso do arquiteto saber o que usar e onde usar. Paiva (2020) cita como exemplo disso, as diferentes associações que podem ser feitas a um ambiente de uma sala de cirurgia. Uma sala de cirurgia, por exemplo, não é um ambiente agradável, seja por sua aparência asséptica, sua iluminação forte ou pela ausência de janelas e de ventilação natural. Contudo, ela deve apresentar essas características para otimizar as condições para a realização da atividade designada para este ambiente: iluminação que possibilite às médicas e enfermeiras que observem os mínimos detalhes, ausência de elementos de distração e condições de assepsia para evitar contaminação do paciente. Ou seja, a finalidade deste espaço justifica o desconforto que ele gera. (PAIVA, 2020).

Nesse sentido, as mesmas condicionantes vistas como negativas para um projeto específico, podem ser consideradas como positivas para outro, devido a particularidade e a finalidade de cada um, sendo fundamental o estudo das atividades a serem realizadas no ambiente em questão, quem o utilizará, além do tempo de permanência desses usuários, pois ambientes de longa permanência como residências e escritórios devem ser tratados de formas distintas a espaços de curta permanência como lojas e restaurantes.


REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Eagleman (2011) a capacidade de processar informações conscientemente é inferior a 1% da capacidade de processamento inconsciente. Sendo assim, a maior parte dos estímulos que afetam as pessoas está em um nível subconsciente, ou seja, apesar de terem ou não o seu comportamento afetado por algo presente no espaço, quase sempre isso não é perceptível pela própria pessoa. Khaneman D. (2011) afirma que a consciência humana é lenta e diversas vezes o cérebro nos faz agir antes mesmo de conseguir pensar sobre o assunto. Nessa perspectiva, os estudos empíricos e a realização de pesquisas com os usuários dos espaços em pós-ocupação medem os resultados de uma reação a um estímulo e não de fato o que causou a reação. Assim, pesquisadores passaram a medir também as mudanças fisiológicas que acontecem em reação aos ambientes abaixo do nível da consciência, através de estímulos cerebrais (áreas ativadas no cérebro durante o uso do espaço), substâncias produzidas pelo cérebro no momento de uso do ambiente, e análise dos sinais vitais, como por exemplo, os batimentos cardíacos. Os avanços da neurociência possibilitaram a observação, entre outras coisas, de alterações no fluxo sanguíneo do cérebro e na frequência das ondas cerebrais, assim como alterações anatômicas, como o surgimento, o fortalecimento ou a perda de sinapses. Isso, somado a pesquisas que medem variações nos níveis hormonais, na sudorese, nos batimentos cardíacos, na pressão sanguínea e respiração, ampliando as possibilidades de pesquisa e compreensão de como o nosso organismo reage para se adaptar aos estímulos externos. Essas medições, associadas à observação empírica de comportamentos e estudos feitos com outros animais na psicologia, levam ao conhecimento mais profundo sobre o funcionamento do cérebro e o comportamento. (PAIVA, 2020).

Portanto, a Neuroarquitetura busca auxiliar no projeto

de edifícios para que sejam capazes de impulsionar ou coibir alguns desses padrões estudados de acordo com a necessidade e a função específica de cada ambiente. Assim, arquitetos passam a ser aptos a pensar no edifício com o intuito visível de influenciar o comportamento humano, até mesmo os que estão além da percepção da consciência. À vista disso, Paiva (2017) defende a ideia de que é indispensável utilizar esses elementos de maneira ética, uma vez que o ambiente pode inferir no comportamento dos usuários sem que os mesmos estejam cientes disso. Dessa forma, de maneira prática e moral, a Neuroarquitetura pode e deve ser utilizada para projetar ambientes mais saudáveis.

2.1.1 NEUROARQUITETURA E ESPAÇOS DE TRABALHO Desde o início da história dos espaços de trabalho, com o modelo fordista de produção em massa, as últimas décadas do design corporativo transitaram para os modelos tayloristas até chegarmos atualmente nos modelos de coworkings, mostrando o grande caminho evolutivo pelo qual os espaços de trabalho percorreram. Ao se pensar em escritórios com sistema taylorista, remetem-se memórias de espaços com grande setorização e demarcação, analisados de forma coerente e racional. A responsabilidade de pensar no bem-estar físico e mental dos trabalhadores não era um requisito primordial a ser considerado nesse modelo, a preocupação com o ambiente de trabalho era exclusivamente para extrair o rendimento e a produção máxima do trabalho humano. (PURCINELLI, 2020).

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Nos últimos anos, com o surgimento dos modelos de escritórios colaborativos, os coworkings passaram a transmitir uma nova forma de impulsionar o bem-estar e a consequente produtividade dos colaboradores, a partir da idealização de ambientes dinâmicos, flexíveis, agradáveis e sobretudo funcionais, amenizando as diferenças hierárquicas e fazendo com que os profissionais se sintam cada vez mais parte integrante daquela empresa. Tudo isso é refletido diretamente na diminuição de doenças ocupacionais. Vivemos em uma era em que valorizamos o excesso de trabalho e somos constantemente pressionados para termos o melhor desempenho no emprego, nos estudos, na família etc. Estar ocupado e com uma agenda cheia de compromissos é como mostramos que temos uma posição importante na sociedade. (PURCINELLI, 2020).

Para atender essa enorme onda de produtividade citada por Purcinelli (2020), de maneira a alcançar o objetivo do alto rendimento profissional sem que isso signifique estresse constante, ausência de bem-estar e consequências na saúde física e mental dos indivíduos, os arquitetos passaram a desempenhar um relevante papel inserindo elementos específicos em projetos de ambientes de trabalho a partir de sua nova competência: a de Neuroarquitetos8. Essa integração da neurociência com a arquitetura vem se destacando dentro dos espaços de trabalho através de análises de estudos realizados, de modo a inclinar algumas tendências que estão ganhando notoriedade e ganharão mais ainda em um futuro próximo. 28

2.1.2 ELEMENTOS ESTUDADOS PELA NEUROARQUITETURA EM ESPAÇOS DE TRABALHO Como citado anteriormente, não existem fórmulas ideais

para serem seguidas pela Neuroarquitetura. Um espaço de trabalho só será projetado eficientemente com o estudo das atividades que irão ser realizadas em cada ambiente. No entanto, existem algumas características gerais que aplicadas aos projetos irão trazer resultados positivos independente da atividade que será executada no ambiente de trabalho, as principais serão apresentadas a seguir.

VEGETAÇÃO Para iniciar falando dos elementos estudados no campo da neurociência voltada para arquitetura e que podem ser inseridos nos projetos dos espaços de trabalho, um dos principais termos a serem descritos é o de biofilia. Esse termo foi popularizado por Edward Osborne Wilson em seu livro que leva o mesmo nome “Biophilia” escrito em 1984. O termo significa amor (philia) à vida (bio). Em seu livro Wilson descreve a palavra como a ideia de uma tendência natural que os seres humanos têm de focar a sua atenção nas coisas vivas. Quando se está exausto do dia a dia estressante e opta-se por relaxar em algum lugar, o local escolhido geralmente é uma praia ou um campo que façam as pessoas ficarem externas ao caos e ao estresse urbano do cotidiano. De acordo com Wilson (1984), isso acontece porque o nosso cérebro foi programado para viver na natureza e o contato com a mesma proporcionam inúmeros benefícios para a saúde humana. Segundo Wilson e Kellert (1995), como o Homo sapiens passou mais de 90 mil anos inseridos completamente na natureza, a história urbana é extremamente recente quando comparada a essa época nos traços genéticos evolutivos dos seres humanos, dessa forma o nosso cérebro ainda não está adaptado a ausência da natureza. Em contrapartida a isso, a ONU

Juliana Purcinelli define os neuroarquitetos como profissionais dotados de empatia que identificam e diagnosticam o problema de um espaço e o tratam de forma a beneficiar os colaboradores, amenizando impactos e estresses causados no ambiente de trabalho. (PURCINELLI, 2020). 8


REFERENCIAL TEÓRICO

(Organização das Nações Unidas) prevê que em 2030 mais de 60% da população mundial viverá em ambientes urbanos9. Nesse sentido, a resposta para enfrentar esse desafio é o design biofílico. Psicólogos e neurocientistas já realizaram diversas pesquisas a respeito das vantagens que o contato com a natureza pode proporcionar dentro dos ambientes construídos. Um dos primeiros estudos biofílicos foi o desenvolvido pelo cientista Roger Ulric em 1984, o qual foi realizado em um hospital na Pensilvânia nos Estados Unidos. Ulric comparou pacientes com janelas que tinham vistas para árvores e outros pacientes que tinham vistas para parede de tijolos, e os resultados apresentados foram de que os pacientes com vista para a natureza tiveram alta mais cedo, além de terem tomado analgésicos mais fracos e obterem menos complicações pós-cirúrgicas10. Outro estudo foi realizado pela pesquisadora Virginia Lohr (1996), na Universidade de Washington, em um laboratório de informática com indivíduos que passam muito tempo no computador. Os usuários foram testados trabalhando com a ausência de plantas e com a presença delas. A pressão arterial e as emoções dos usuários foram monitoradas enquanto desempenhavam funções no computador. O resultado da inserção das plantas no ambiente foi de que os indivíduos foram mais produtivos, com reações 12% mais rápidas nas atividades desenvolvidas. E tiveram a pressão arterial sistólica mais baixa, o que faz com que diminua os níveis de estresse consideravelmente.11 Já nos anos 2000, a pesquisadora Tove Fjeld, da Universi-

dade de Agricultura da Noruega apresentou um estudo de um escritório que após a inserção de plantas diminuiu em até 23% as reclamações de dores de garganta dos funcionários. 12 Em 2012, uma pesquisa realizada na Alemanha13 mostrou que apenas observar um retângulo verde por alguns segundos pode estimular a criatividade mais do que se as pessoas observarem retângulos de outras cores, assim, apenas essa descoberta já indica que a exposição a natureza faz alguma diferença. Todas essas pesquisas já são suficientes para apresentar a importância de inserir vegetação em ambientes de trabalho, mas os dados ainda vão além: uma pesquisa da Universidade de Chiba, no Japão, com 168 voluntários, separou dois grupos que estavam sendo monitorados, um passeou em florestas e o outro em centros urbanos. As pessoas que tiveram contato direto com a natureza apresentaram, em média, uma diminuição de 16% no cortisol (hormônio do estresse), 4% na frequência cardíaca e 2% na pressão arterial. Já em um outro estudo, pesquisadores do Centro Médico Universitário de Amsterdã constataram que pessoas que moram próximas a natureza possuem 21% menos chances de desenvolverem depressão. 14 Em conformidade a isso, em uma longa pesquisa realizada com 10 mil pessoas na Universidade de Exeter em 2013, no Reino Unido, o cientista Mathew White concluiu que pessoas que moram próximas a áreas verdes tem mais qualidade de vida e menos problemas psicológicos. 15 A obra “Biophilic design in the workplace” traduzida como

Estudo disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-mais-de-70-da-populacao-mundial-vivera-em-cidades-ate-2050/>. 10 Estudo disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/17043718_View_Through_a_Window_May_Influence_Recovery_from_Surgery>. 11 Estudo disponível em: <https://public.wsu.edu/~lohr/hih/productivity/>. 12 Estudo disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/265270717_The_Effect_of_Interior_Planting_on_Health_and_Discomfort_among_Workers_and_School_Children>. 13 Estudo disponível em: <https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,cor-verde-estimula-a-criatividade-aponta-estudo,857789>. 14 Estudo disponível em: <https://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/bem-estar/contato-natureza-ansiedade-depressao-estresse/#:~:text=Na%20Holanda%2C%20pesquisadores%20do%20Centro,as%20chances%20de%20desenvolverem%20depress%C3%A3o.>. 15 Estudo disponível em: <https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0956797612464659>. 9

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o “O Impacto global do design biofílico no ambiente de trabalho” desenvolvida pelo instituto Humans Spaces (2015) evidencia a importância da vegetação em um projeto de arquitetura. Embora tenha sido proposto que este desejo de conexão com a natureza seja o resultado de um viés antiurbano combinado a uma visão romântica da natureza, pesquisas em psicologia ambiental nos dizem que estar conectado com a natureza, é, na realidade, uma função humana adaptativa, que permite e ajuda na recuperação psicológica. Isto significa que trazer elementos que permitem a conexão direta com a natureza (como parques e lagos) ou conexões indiretas (ou seja, design de interiores que utilizam elementos naturais, cores e padrões que remetem à natureza, plantas, bem como explorar visuais para áreas verdes) para dentro de um ambiente urbanizado pode ajudar a nos recuperar mentalmente e aliviar nossas atividades do dia-a-dia, a fim de manter o bem-estar positivo. (HUMAN SPACES, 2015, p. 7).

Um estudo intitulado “Os benefícios relativos do escritório verde contra o escritório improdutivo: três experimentos de campo” divulgado pela Humans Space (2015), foi realizado pela Universidade de Cardiff no Reino Unido, o qual estudou a interferência do espaço físico no comportamento humano em espaços de trabalho. Concluiu-se que após a exposição de elementos naturais como iluminação e vegetação nos escritórios a sensação de bem-estar aumentou em 15%, além de 6% no aumento da produtividade dos colaboradores e 15% de aumento na criatividade. (HUMAN SPACES, 2015, p. 7).

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Outra pesquisa realizada pelo Instituto Humans Space (2015) que contou com a participação de 7.600 funcionários de escritórios em 16 países do mundo, incluindo o Brasil, divulgaram dados relevantes. Quando questionados sobre elementos naturais no trabalho, 47% de todos os funcionários admitiram não ter iluminação natural em seus es-

critórios e 58% afirmaram que não existe nenhum tipo de vegetação no seu local de trabalho. Por fim, 33% dos funcionários garantiram se sentir mais inspirados e produtivos em locais de trabalho que possuem vistas para jardins. Portanto, a partir dessas e de outras pesquisas realizadas por cientistas, utilizando artifícios da neurociência, pode-se comprovar cientificamente em dados que a integração da vegetação em ambientes de trabalho – algo que já era aplicado pelos arquitetos de forma intuitiva – proporciona melhoras que vão desde o bem-estar dos colaboradores, passando pela saúde física e mental e alcançando até produtividade e a criatividade dos usuários do espaço.

ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO NATURAL Os seres humanos possuem um relógio biológico intrínseco ao organismo, o cérebro percebe bem os períodos da manhã, tarde e noite e reagem com estímulos referentes a cada horário. Ao perceber a noite por exemplo, são produzidos hormônios relacionados ao sono. O ritmo circadiano (ou ciclo circadiano) é chamado de relógio biológico. Ele abrange o período de um dia (24 horas) no qual se completam as atividades do ciclo biológico dos seres vivos e regula tanto ritmos fisiológicos como psicológicos, com impactos diretos no estado de vigília e de sono, na secreção de hormônios, função celular e expressão genética. Ou seja, é através da luz que nosso cérebro sincroniza grande parte do seu funcionamento com o mundo exterior. PAIVA (2020).

De acordo com Navara e Nelson (2007), com a invenção da iluminação artificial, as pessoas passaram a estender a duração do dia por várias horas, indo de encontro ao relógio biológico natural ao qual foi seguido durante milhares de anos. Sendo assim, o cérebro na linha genética evolu-


REFERENCIAL TEÓRICO

tiva ainda não teve tempo suficiente para se adaptar a essa nova realidade. Além disso, no interior das edificações, telas de computadores, celulares e tablets chegam a emitir 40 lux. Essa quantidade em excesso de iluminação artificial afeta diretamente a saúde física e psicológica dos seres humanos. De acordo com um estudo realizado pela HARVARD HEALTH CENTER (2012), luzes frias são as mais apropriadas para evitar o forçamento da vista e proporcionar maiores níveis de atenção. No entanto, se utilizadas constantemente alteram o relógio biológico e enganam o organismo natural.16 Um estudo realizado com ratos adultos que foram expostos a iluminação artificial por uma quantidade de tempo excessiva apresentou como resultado uma diminuição na plasticidade do hipocampo, com consequência direta na perda da capacidade total de memorização e aprendizagem. (BEDROSIAN T.A; NELSON R.J, 2017). Ficar inseridos em espaços fechados utilizando iluminação artificial, faz com que as pessoas não sintam a transição entre os horários do dia, dessa forma o cérebro não produz os hormônios de forma regular. Isso também atinge a qualidade do sono, pois na hora de dormir as pessoas continuam ativas, causando insônia, o que afeta diretamente na saúde das pessoas e em decorrência disso na produtividade. Por isso, é indispensável a percepção da passagem do tempo ao longo do dia, dessa forma, as janelas que proporcionam iluminação natural são as principais aliadas. A revista científica Journal of Clinical Sleep Medicine (2014) divulgou um estudo no qual declara que pessoas que absorvem a luz natural no trabalho possuem mais chances de se manterem saudáveis e de bom humor. A pesquisa mostra ainda que a

iluminação natural pode aumentar em até 25% o desempenho dos trabalhadores. Ademais, foi registrado que pessoas que trabalham em escritórios com janelas obtiveram 46 minutos de sono a mais do que os funcionários privados de luz natural, o que também influencia diretamente no bem-estar, pois sabemos o quanto é importante a qualidade do sono neste quesito.17 Já em relação a ventilação dos ambientes de trabalho, um estudo realizado pela Universidade de Cornell (2004) mostrou que escritórios com temperaturas mais quentes, com a diminuição da temperatura dos ar-condicionados, diminuem erros de digitação em até 44% e aumentam a produção da digitação em 150%.18 Conclui-se assim que a ventilação do ambiente de trabalho também representa uma variável que pode influenciar no bem-estar e no seu desempenho profissional. Dessa forma, cabe destacar que uma iluminação e uma ventilação natural bem resolvidas devem ser contempladas em qualquer projeto e que isso sempre foi algo a ser considerado pelos arquitetos. No entanto, com os estudos da neurociência em colaboração com a arquitetura, reforça-se a importância desses elementos e o quanto eles contribuem para a saúde, o bem-estar, a criatividade e em consequência disso, a produtividade dos colaboradores atuantes em espaços de trabalho. Portanto, é importante ter a percepção de que o excesso a exposição de luz artificial pode causar danos físicos e mentais aos indivíduos, assim como as temperaturas baixas comumente usadas artificialmente influem diretamente no dia a dia dos trabalhadores.

Estudo disponível em: <https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/blue-light-has-a-dark-side>. Estudo disponível em: <https://jcsm.aasm.org/doi/10.5664/jcsm.3780>. 18 Estudo disponível em: <https://news.cornell.edu/stories/2004/10/warm-offices-linked-fewer-typing-errors-higher-productivity>. 16 17

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sofrem com os efeitos dos ruídos no ambiente de trabalho.19 Somado a isso, outro estudo realizado pelo cientista Spreng M. (2000), mostrou que sons altos geram picos de pressão arterial e de frequência cardíaca, até mesmo sons de telefones e conversas paralelas elevam o batimento cardíaco. A pesquisa expõe que isso aumenta o hormônio de cortisol, elevando os níveis de estresse e resultando a longo prazo em hipertensão.20 Outro dado relevante descoberto pelo estudo do British Journal of Psychology (2011), é de que os funcionários podem ser 66% menos produtivos quando são expostos a apenas uma conversa próxima, apresentando o ruído como o maior vilão da produtividade.21 De acordo com o chefe da The sound agency22, os escritórios abertos são particularmente problemáticos pois muitas pesquisas apontam que o som mais destrutivo é o das conversas alheias. Figura 06. Natureza x Produtividade Fonte: Humans Space e Journal of Clinical Sleep Medicine.

ACÚSTICA E ESCRITÓRIOS “OPEN SPACE” O mundo está ficando muito mais barulhento e sabemos que os ruídos são uma das principais distrações em qualquer ambiente de trabalho ou de estudo. É difícil manter a concentração em ambientes sujeitos a barulhos externos. À vista disso, grande parte da crítica aos escritórios barulhentos vem sendo atribuída a opção da escolha de escritórios abertos. 32

Uma pesquisa realizada pela Platronics (2016) com mais de 250 mil funcionários, concluiu que 90% dos profissionais

Outra pesquisa realizada pelo Canada Life Group Insurance, em 2014, aponta que trabalhadores de escritórios de planos abertos tem 70% mais licenças médicas do que trabalhadores de home-office.23 O psicólogo Nick Perham (2013), que estuda o efeito do som, descobriu que os ruídos nos escritórios prejudica a capacidade dos funcionários de lembrar informações e até mesmo fazer cálculos aritméticos básicos.24 Em conjunto a tudo isso, foi comprovado que a exposição a ruídos em escritórios também pode prejudicar a saúde dos funcionários. Em um estudo realizado pelos psicólogos da Cornell University, Gary Evans e Dana Johnson (2000),

Estudo disponível em: <https://noticias.realtycorp.com.br/index.php/2016/04/20/pesquisa-mostra-ruidos-que-mais-incomodam-no-escritorio/>. Estudo disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12689472/>. 21 Estudo disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.2044-8295.1998.tb02699.x>. 22 The sound agency é uma empresa atuante há mais de 16 anos em soluções de som sob medida. Site disponível em: < https://www.thesoundagency.com/about-us/>. 23 Estudo disponível em: <https://www.hrreview.co.uk/hr-news/wellbeing-news/workers-in-offices-took-more-sick-days-than-home-workers/51656>. 24 Estudo disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/235629800_Mental_arithmetic_and_non-speech_office_noise_An_exploration_of_interference-by-content>. 19 20


REFERENCIAL TEÓRICO

foi relatado que trabalhadores que foram expostos a ruídos de escritório aberto por três horas aumentaram os níveis de epinefrina - um hormônio que costumamos chamar de adrenalina, que está associado a resposta de luta ou fuga.25 Somado a todas essas consequências, a exposição a ruídos ainda pode prejudicar a ergonomia. Um estudo publicado pelo The Journal of Applied Psychology (2000), concluiu que colaboradores expostos a ruídos por um tempo prolongado, normalmente em escritórios com modelo “open space” eram menos propensos a ajustar sua postura ergonômica e mais suscetíveis a distúrbios musculoesqueléticos.26 Outro estudo realizado em escritórios de Hong Kong pelo cientista Cheuk Ming Mak (2012), apresentou como resultado que dentre os cinco fatores ambientais e de design de escritório examinados, o som e a temperatura foram os principais fatores que afetaram a produtividade de um escritório.27 Nessa mesma perspectiva, um estudo de produtividade dos funcionários da British Gypsum realizado em 2015 revelou que a redução do barulho no local de trabalho aumentou a capacidade de foco em quase 50% e diminuiu os níveis de estresse em quase 30%.28 Já o estudo divulgado pela Steelcase e Ipsos em 2014 apontou que os trabalhadores perdem até 86 minutos por dia devido às distrações sonoras. 29 73% da força de trabalho dos Estados Unidos (cerca de 100 milhões de pessoas) é composta por “trabalhadores de conhecimento” que trabalham principalmente em ambientes de escritório abertos. E a produtividade tem

se revelado um fator preocupante para os economistas.30 Um estudo conduzido pelo ICBEN (2008) mostra bem isso ao analisar três diferentes condições de escritório: um escritório em cubículos, um escritório aberto com tratamentos de painel acústico e um escritório não tratado, o estudo demonstrou que em espaços com alto Índice de Inteligibilidade de fala (indicando boa inteligibilidade de fala), como escritórios de plano aberto, o desempenho dos trabalhadores realmente sofreram várias consequências.31 Dessa forma, já foi comprovado que a popularidade do estilo de plano aberto com tratamento acústico em escritórios podem aumentar as taxas de sucesso para empresas. Os escritórios do Google são um excelente exemplo de como a colaboração em um design de plano aberto com tratamento acústico melhora o bem-estar e a produtividade com o intuito de influenciar na colaboração dos funcionários em equipe. No entanto, esses planos abertos devem ser utilizados com muita cautela e não podem ser a única forma de trabalho, pois já é confirmado por diversos outros estudos que eles também podem afetar drasticamente a saúde, o bem-estar e a produtividade dos colaboradores. Além de todos esses itens descritos anteriormente, que sempre representaram uma importância na hora de se projetar, mas agora são reforçados por estudos neurocientificos, as cores também determinam um estimulo importante para o cérebro, podendo influenciar diretamente na sensação de bem-estar e até mesmo na criatividade e produtividade dos escritórios, atingindo os trabalhadores de uma forma mais subjetiva.

Estudo disponível em: <https://pdfs.semanticscholar.org/8d1c/64e446ca06a48b3bda00f7bd090dfb0a2bb1.pdf> 26 Estudo disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11055149/> 27 Estudo disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/241644560_The_effect_of_sound_on_office_productivity> 28 Estudo disponível em: <https://translate.googleusercontent.com/translate_c?depth=1&hl=pt-BR&prev=search&pto=aue&rurl=translate.google.com.br&sl=en&sp=nmt4&u=https://www. british-gypsum.com/evidence-space/work/improving-employee-productivity-by-reducing-noise&usg=ALkJrhjZhWrsJgzjuKxkWC1gkBNHUHot3g>. 29 Estudo disponível em: <https://www.theguardian.com/money/work-blog/2014/sep/29/open-plan-office-health-productivity> 30 https://mpsllc.com/wp-content/uploads/2009/10/Productivity.pdf>. 31 Estudo disponível em: <http://www.icben.org/2008/PDFs/Haapakangas_et_al_Laboratory_study.pdf>. 25

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2.1.3 NEUROARQUITETURA NO PÓS PANDEMIA Com o início da pandemia do COVID-19, muitas pessoas tiveram que se adaptar a uma nova realidade e novos questionamentos surgiram. A partir da inserção do isolamento social, estudantes tiveram que se adequar as aulas online no ambiente residencial, assim como professores precisaram aprender como ensinar a distância. Empresas e funcionários necessitaram se ajustar ao home-office e reuniões que antes eram presenciais passaram a acontecer através de vídeo conferências. Nesse contexto de inúmeras transformações, um dos principais fatores que foram analisados e refletidos durante esse tempo foi o uso dos espaços. O ser humano tem uma enorme capacidade de auto adaptação ao meio e de conseguir fazer as coisas funcionarem de outras maneiras. Com isso, percebeu-se que existem inúmeras alternativas e formas diferentes de se trabalhar. De acordo com Paiva (2020), o home-office trouxe inúmeras vantagens como evitar as horas perdidas no trânsito durante os deslocamentos, tendo a possibilidade de se obter um melhor aproveitamento desse tempo, além da maior liberdade e flexibilidade que se existe ao trabalhar em casa, sendo um método considerado benéfico para muitos, pois proporciona um melhor controle e gestão do tempo e inclusive da própria vida, permitindo uma maior autonomia.

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No entanto, apesar da sensação de melhor aproveitamento do tempo, Paiva (2020) afirma que inúmeras pessoas estão se sentindo cada vez menos motivadas e produtivas, provando que o home-office tem suas vantagens e desvantagens. Por meio de um estudo realizado por Langer e Rodin (1976), foi notado que a maior liberdade de autonomia per-

mitida a idosos internados em um abrigo de cuidados apresentou como resultados aumento nos níveis de felicidade e de sociabilidade, além de quedas consideráveis na taxa de mortalidade, interpretando-se que a sensação de estar no controle influência diretamente na expectativa de vida.32 Essa sensação de autocontrole também foi destacada positivamente por ROCK (2008). O neurocientista apresenta os impactos que o sentimento de controle exerce sob os profissionais. De acordo com ele, esse sentimento de autonomia representa um dos principais fatores de motivação entres os colaboradores. Dessa forma, a concepção da sensação de controle em conjunto as vantagens do home-office configuram esse modelo de trabalho em uma opção muito convidativa. Entretanto, de acordo com Paiva (2020) isso não implica em dizer que o home-office irá substituir os escritórios. Algumas características importantes do ambiente de trabalho não são tão facilmente substituídas. Sob a ótica da Neuroarquitetura, a conexão social, a diferenciação de espaço de trabalho versus espaço de morar, as memórias afetivas relacionadas a cada um deles, as oportunidades de ativação do corpo que encontramos ao sair de casa e explorar o ambiente do escritório e a criação de novas memórias são alguns fatores que afetam diretamente a performance e o bem-estar e dependem da presença dos escritórios para serem mantidos. (PAIVA, 2020).

Paiva (2020) defende ainda que apesar do tempo “desperdiçado” no trânsito e nas locomoções de rotina, se locomover até os carros ou transportes coletivos, ir até o escritório, passar em um restaurante para almoçar e todas outras infinidades de atividades que podem ser desenvolvidas durante um dia, apesar de parecerem funções dispensáveis, são imprescindíveis para manter o cérebro em estimulo cons-

Estudo disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/22144050_The_effects_of_choice_and_enhanced_personal_responsibility_for_the_aged_A_field_experiment_in_an_institutional_setting>. 32


REFERENCIAL TEÓRICO

tante. Como citado anteriormente, o cérebro ainda não teve tempo evolutivo suficiente para se adequar a vida urbana, nesse caso, muito menos para viver em isolamento social. Outro fator a ser considerado em relação ao home-office é a dificuldade em se manter concentrado no ambiente residencial. Paiva (2020) explica que o ser humano tem memórias afetivas da casa como sendo um ambiente idealizado para outras atividades, como descansar e relaxar. Dessa forma, torna-se muito mais árduo se concentrar em um ambiente que não é propicio para aquela função. Além de todos esses fatores, a ausência de conexões pessoais entre colaboradores de uma empresa torna o desempenho mais difícil. Vídeo conferências não são capazes de substituir interações presenciais, além da maior parte de informações trocadas entre funcionários e empresas ocorrerem de maneira informal, o que é perdido nas reuniões virtuais agendadas. Segundo Paiva (2020) “Um encontro presencial é sensorialmente muito mais rico, com maior potencial de gerar impactos emocionais mais fortes, o que é um importante elemento para a formação de memórias”. Thompson, R. e Kim, J. (1996), apresentam o hipocampo como uma das regiões mais estudadas da neurociência, é nele que são formadas as memórias a longo prazo e segundo O’Keefe, J. e Dostrovsky, J. (1971) também é no hipocampo que são formados os processos de orientação espacial e navegação conhecidos como wayfinding33. Paiva (2020) consolida que a presença da construção de memórias e do wayfinding na mesma região cerebral não é mera coincidência. De acordo com Nadel, L. e Payne, J. (2001) a vivência dos ambientes e as formações de memorias são processadas

em conjunto por redes neurais. Sendo assim, o isolamento social pode afetar diretamente na formação da memória humana. É necessário apenas remeter as memórias mais marcantes que temos em nossa mente, como uma viagem especial, o primeiro beijo ou o primeiro emprego a ser conquistado, todas essas lembranças estão diretamente associadas a lugares específicos que ajudam na fixação dessas memórias. Sendo assim, se diferentes memórias acontecerem no mesmo espaço, no contexto do home-office por exemplo, dificilmente elas serão mantidas a longo prazo. (HOPKIN, 2004). Segundo (Kandel, 2006), um dos principais fatores da memorização é a intensidade emocional, por isso memórias traumáticas são facilmente lembradas. Assim, nas reuniões virtuais essa intensidade emocional é reduzida consideravelmente. Portanto, de acordo com todas as implicações citadas, o futuro dos escritórios tendem a ser mais flexíveis, mas não podem deixar de existir. O home-office pode e deverá ser implementado na rotina dos colaboradores, no entanto, os escritórios físicos passarão mais do que nunca a serem caracterizados como fator primordial na manutenção do bem-estar e do desempenho profissional. Dessa forma, Paiva afirma que o papel dos arquitetos no futuro dos espaços de trabalho é considerar essas questões como essenciais na hora de se projetar, tornando elementos da neuroarquitetura como design biofílico, iluminação natural, acústica e cores, elementos cada vez mais valorizados e relevantes. Pois, de acordo com Paiva “A produtividade sem o bem-estar não é duradoura”.

Wayfinding é um conjunto de pistas constituídas por elementos visuais, auditivos, táteis, entre outros, que permitem às pessoas se movimentarem dentro de um espaço de maneira segura e informada. 33

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2.2. ESPAÇOS COLABORATIVOS Apesar de ser um tema bastante difundido pela mídia do conhecimento criativo, o crescimento exponencial dos espaços colaborativos ou “coworkings” de 2005 até os dias atuais, são quase que ignorados pela literatura acadêmica. (MORISET, 2013). De acordo com o Coworking Brasil, maior referência sobre o tema nacionalmente, “Coworking é um movimento de pessoas, empresas e comunidades que buscam trabalhar e desenvolver suas vidas e negócios juntos, para crescer de forma mais rápida e colaborativa.”. Dessa forma, um espaço de coworking pode surgir a partir de diferentes iniciativas, tratando-se de um local que reúne toda a estrutura necessária para que empresas e pessoas que trabalham individualmente possam desenvolver seus projetos e negócios, utilizando a mesma infraestrutura que um escritório tradicional dispõe, só que com melhorias e de forma compartilhada entre todos os integrantes do espaço, cada um com seu objetivo particular.

36

tos e pessoas produtoras de conhecimento. Como resultado dessa globalização surgiram as conhecidas águias solitárias34. “Águias solitárias são trabalhadores do conhecimento que podem viver e trabalhar em qualquer lugar, principalmente por causa dos avanços nas tecnologias de telecomunicações.“. (YOUNG, 1997).

Esses trabalhadores evidenciam uma crescente tendência a terceirização, devido à possibilidade da inovação aberta. De acordo com (Gottfredson et al., 2005) essa tendência faz com que as empresas assumam um papel de orquestradoras em vez de donas absolutas do know-how. A tendência de terceirização e subcontratação, associada a onipresente computação, favorecem o crescimento de microempresas autônomas e trabalhadores de conhecimento. A lista de tarefas e competências passíveis desse processo é praticamente sem fim: produção de música/vídeo, tradução, jornalismo, design, arquitetura, trabalho jurídico, contabilidade, consultoria, software, engenharia, eletrônica e comércio. A maioria dessas tarefas pode ser executada em computadores, sem levar em consideração o local e a geografia. (MORISET, 2013, p.4).

Segundo o Coworking Brasil, esses espaços são procurados principalmente por empresas e profissionais independentes que valorizam criatividade, inovação e troca de contatos. O movimento se espalhou em pouco mais de 10 anos e estimativas apontam que já existam mais de 10 mil espaços colaborativos ao redor do mundo.

Nesse sentido, a tecnologia digital transformou a forma da geração de empregos de conhecimento. Pessoas criativas agora portam seu notebook e são constantemente bombardeadas por informações e dados quase que instantâneos. Sendo assim, trabalhadores autônomos, freelancers e criadores de startups são inseridos nesse contexto, podendo trabalhar remotamente a partir de qualquer lugar.

No contexto de uma economia globalizada e do consequente aumento da concorrência, empresas e indivíduos inovadores são apontados como o principal diferencial para o sucesso econômico. Treinamentos e buscas por pessoas criativas se tornaram a questão chave para empreendimen-

O escritor Alvin Toffler, em 1980, descreve em seu livro “A terceira onda” o termo “cabana eletrônica”, que significa que as pessoas obtendo acesso a um computador pessoal teriam a possibilidade de trabalhar de casa, termo atualmente conhecido como “home office”.

34

Águia solitária foi um apelido inventado por Phil Burgess, fundador do “Center for West New”.


REFERENCIAL TEÓRICO “Coloque o computador na casa das pessoas e elas não precisarão mais de amontoado (…) Trabalho de colarinho branco35 não exigirá que 100% da força de trabalho seja concentrado na oficina”. (TOFFLER, 1980, p.199).

Apesar das inúmeras vantagens de se trabalhar remotamente, a suposição de Toffler (1980) não considerou desvantagens óbvias: trabalhar em casa é isolador e pode prejudicar o desempenho profissional através de distrações e ausência de infraestrutura adequada, além da falta de contato com outros profissionais interferirem no desenvolvimento pessoal e profissional. Entretanto, a facilidade, a diminuição de contratos de empregos a longo prazo e os avanços tecnológicos impulsionam cada vez mais trabalhos de lugares remotos. Uma pesquisa realizada na indústria revela que até 22% da força total de trabalho são representados por empregos contingentes36. (DWYER , 2011, p. 2). É uma contradição citada por Howells (2012), a conectividade digital muitas vezes leva os trabalhadores do conhecimento a ficarem cada vez mais isolados. Ou seja, por um lado existem muitas pessoas com a possibilidade de trabalharem remotamente, por exemplo, gerenciando seu próprio negócio através de meios tecnológicos. Por outro lado, essa autonomia de poder trabalhar em qualquer lugar se reflete em isolamento social, ausência de construção de relações interpessoais e restrição de colaboração em equipe. (SPINUZZI, 2012, p.3). Hillman (2008), fundador de um coworking na Filadélfia, define os seis principais motivos de utilizar um coworking: 1) Você está sozinho; 2) Você precisa de motivação; 3) Você gosta de aprender novas coisas; 4) Você não tem ideia do que está acontecendo na sua região; 5) Seu trabalho/ vida e equilíbrio está

fora de sintonia; 6) Compartilhamento de recursos, funcionários nômades, trabalhadores autônomos e pequenas equipes de empreendedores precisam de boas conexões, ambientes ergonômicos, livres do problema de grandes espaços abertos e agitados, mas sem sofrer a solidão que qualifica o trabalho em casa. Resumidamente, eles precisam de um terceiro lugar37. Nesse sentido, o coworking surge como uma solução emergente, sendo a conexão entre a necessidade de trabalhos remotos e o conceito de um terceiro lugar. O conceito de coworking, embora tenha crescido e tomado novas formas no decorrer do tempo, ainda pode ser associado à ideia de terceiro ambiente como a interseção entre um espaço de trabalho tradicional e um espaço social que, por sua flexibilidade e hibridez, seria o único capaz de assegurar o desenvolvimento de uma sociedade em rede a partir da relação entre um novo perfil de trabalhador e novas práticas de trabalho. (MESQUITA, 2016, p. 23).

37 Figura 07. Produzido Pela Autora

Colarinho branco é um termo informal que se refere a um profissional assalariado ou a um profissional ensinado a executar tarefas semi-profissionais. Estas tarefas são administrativas, burocráticas ou de gerenciamento, opondo-se as do “colarinho azul”, cujo trabalho requer emprego de mão-de-obra física. 36 Emprego contingente é um curto prazo ou trabalho de plantão que não exige a criação de um contrato de longo prazo entre um empregador e trabalhador. 37 O termo terceiro lugar foi cunhado pelo sociólogo americano R. Oldenburg (1989) para descrever lugares fora de casa e do escritório onde as pessoas costumam se reunir e socializar de maneira livre e informal. Oldenburg considera esses lugares insubstituíveis na produção do tecido social urbano. (Moriset, 2013). 35


Bernie De Koven, escritor e game designer propôs em 1999 o termo coworking pela primeira vez. Através de um sistema computacional conhecido como Outline Processor, o qual possibilitava o acompanhamento de trabalhos realizados por diversas pessoas, Koven iniciou seu projeto de desenvolvimento de games através de reuniões entre as equipes, notando assim um significativo aumento de resultados por meio da troca de conhecimentos para as resoluções de problemas. (KOVEN, 2016).

Em 2005, na Inglaterra, criou-se o Impact Hub, espaços de convivência, com a proposta de criar ambientes atrativos e aprazíveis dotados de infraestrutura (mobiliários e equipamentos), com vista à integração e a permanência de pessoas, oferta de serviços, para suas atividades profissionais. No ano de 2007, munido do mesmo conceito, implantou-se o Impact Hub, o primeiro Coworking no Brasil, na cidade de São Paulo, à Rua Bela Cintra, na região central, sendo o segundo escritório deste tipo no contexto internacional. (GIANELLI, 2016, p. 38).

O termo, entretanto, não se referia ainda a criação de espaços físicos. Posteriormente, Brad Neuberg, em 2002, usa o mesmo termo descrito por Koven e é comumente creditado por iniciar o primeiro espaço físico colaborativo que foi intitulado de “9 to 5 Group”, o qual se tratava de um apartamento residencial que foi adaptado para o uso de equipamentos informacionais. Neuberg dividia esse espaço com outros três profissionais da tecnologia, o qual durante o dia era locado para pessoas que necessitavam de um espaço para trabalhar com o intuito principal de reunir pessoas que compartilhassem suas experiências profissionais. (DESKMAG, 2010). Em 2005, o “9 to 5 Group” foi renomeado para Hat Factory, se tornando o primeiro espaço oficial de coworking contemporâneo localizado em São Francisco, o qual oferecia mesas, internet e até refeições. (CODINGPARADISE, 2016).

38

Nesse mesmo ano, desenvolve-se o Impact HUB na Inglaterra, o qual viria a ser a maior referência mundial para esses espaços atualmente. A partir disso, esses ambientes compartilhados se difundem rapidamente nos Estados Unidos e, posteriormente, se expandem em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Figura 08. Linha do tempo do termo “Coworking”. Fonte: Elaborado pela autora com base no referencial teórico.


REFERENCIAL TEÓRICO

2.2.1. EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS DE COWORKING NO BRASIL

Por estado

Atualmente existem 1.497 espaços de coworkings conhecidos no Brasil. Todos os estados brasileiros possuem ao menos um desses espaços em pleno funcionamento, salvo pelo estado de Roraima, o que comprova o sucesso do modelo no País. (Coworking Brasil, 2019). O censo mais recente realizado pelo Coworking Brasil, no ano de 2019, mostra que mesmo com a crise econômica que o País enfrentou nesse ano, a evolução no mercado de coworkings brasileiros continuaram crescendo exponencialmente, tendo uma taxa de aumento de 25% em relação ao ano de 2018.

1.497 1.194

2015

MG

112

RS

97

SC

90

PR

87

PE BA ES

378 2016

129

CE

810 238

RJ

DF

+25%

GO 2017

2018

2019

Figura 09. Evolução dos coworkings no Brasil. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

São Paulo é o estado que desde o início da implantação do modelo no País segue liderando isoladamente no ranking de número de coworkings por estado, com um número cada vez maior de espaços registrados, sobretudo em sua capital. O Rio Grande do Sul destaca-se também, subindo da 6º posição em 2018 para a 4º em 2019.

663

SP

PA

53 42 36 33 27 18 17

17 MT 17 PB

Figura 10. Ranking de coworkings por estado. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

Com exceção de Pernambuco, na 7º colocação, os estados do Nordeste aparecem em geral em menor número nos dados levantados, o estado da Paraíba, objeto de estudo desta pesquisa, possuía em 2019 apenas 17 coworkings registrados, comprovando o seu potencial de crescimento na área.

39


QUAL A POPULAÇÃO DA CIDADE?

65%

+DE 1 MILHÃO DE HABITANTES

FICA NA CAPITAL DO ESTADO QUAL O TIPO DE OU NO INTERIOR? VIZINHANÇA PREDOMINANTE?

60%

68%

ESTÃO EM ZONA COMERCIAL

FICAM NA CAPITAL

QUAL O PERFIL DO BAIRRO?

31%

FICAM EM BAIRRO NÃO TRADICIONAL

Figura 11. Dados do censo Coworking 2019. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

O Estudo ainda revela que 65% do total desses espaços conhecidos no Brasil estão localizados em cidades com mais de um milhão de habitantes, cabe destacar também que 68% dos coworkings brasileiros estão situados nas capitais dos estados, enquanto 32% ficam no interior. Além disso, 60% são localizados em área de zonas comerciais, restando 37% em zonas residenciais e 1% em zonas universitárias. Por último, 31% desses espaços estão localizados em bairros não tradicionais.

40

Por fim, os espaços registrados foram questionados em relação a demanda de usuários e espaços disponíveis na sua cidade em questão, 53% responderam que os espaços são suficientes para a demanda, 25% consideram ser superior a demanda, principalmente nos estados do Sul, porém, 22% ainda con-

sideram que esses espaços são insuficientes para a demanda da sua cidade.

COMO VOCÊ CONSIDERA O NÚMERO DE ESPAÇOS NA SUA CIDADE? 25% 53%

22% 53% SUFICIENTE PARA A DEMANDA 25% SUPERIOR A DEMANDA 22% INSUFICIENTE PARA A DEMANDA Figura 12. Visão sobre demanda dos coworkings no Brasil. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

2.2.2 PERFIL DOS ESPAÇOS DE COWORKINGS NO BRASIL Os escritórios de coworking tornaram-se uma excelente alternativa para muitos profissionais que objetivam utilizar os benefícios que o mesmo dispõe em contrapartida aos escritórios residenciais e tradicionais, encontrando nos espaços colaborativos infraestrutura de qualidade, com preço reduzido, pois os coworkings costumam oferecer aluguéis com preços inferiores quando comparado ao mercado de aluguéis de espaços comerciais, devido ao seu compartilhamento de recursos. Além disso, existe uma formação de rede de contatos que abre novas possibilidades dentro da área profissional. Quando profissionais autônomos começam do zero, seja a trabalhar individualmente com prestação de serviços, seja começando a empreender, a primeira dúvida certamente é onde iniciar o seu negócio. Dessa forma, a maioria passa a encabeçar essa nova experiência em home-office, o que se reflete em uma proposta muito convidativa, uma vez que o trabalho residencial detém inúmeras facilidades, a princípio o profissional não terá aumento de custos e ainda trabalhará no conforto da sua casa.


REFERENCIAL TEÓRICO

Entretanto, esse mesmo conforto com o tempo torna-se em obstáculo, além do que já foi citado anteriormente, como: isolamento, distrações, ausência de estrutura de qualidade e falta de conexões profissionais, o profissional tende a se deparar com outros tipos de situações, como por exemplo, receber um cliente e fazer reuniões em sua residência não é o ideal. Nessa perspectiva, o coworking tem a capacidade de transmitir credibilidade ao empreendimento diante de seus clientes, parceiros e até mesmo concorrentes, pois o negócio não será mais visto como doméstico, o que eleva a maturidade e a seriedade da empresa. Além de proporcionar um aluguel mais acessível, o coworking passa a ser uma opção viável devido principalmente ao compartilhamento de recursos como: boa localização, energia, água, estacionamento, bicicletário, segurança, recepção e uma administração terceirizada, o que faz com que a limpeza do espaço, sua manutenção e todos os fatores administrativos e estruturais deixem de ser uma preocupação do usuário que despendia uma parcela do seu tempo e energia para lidar com isso. Outro ponto positivo a ser considerado é a flexibilidade que esses espaços oferecem, por exemplo, se hoje o profissional inicia o seu empreendimento sozinho e com o tempo o negócio evoluir e aumentar o leque de funcionários, basta conversar com a administração para substituir o espaço utilizado para um que adeque melhor a sua realidade atual e o problema estará resolvido. Estes espaços físicos ao redor do mundo se personalizaram através de ambientes em comum, como: recepção, cabines privativas, copas, restaurantes, banheiros, áreas de despressurização, salas de reunião, entre outros. Somado

a disponibilização de áreas físicas existem também estruturas que estão diretamente ligadas a prestações de serviço, como: escritório virtual, acesso à internet de boa qualidade, endereço fiscal e comercial, além de networking38 com diversos profissionais de outras áreas. (GIANELLI, 2016, p. 55). É nítido também o aumento da implementação de “Espaços de despressurização” que são áreas propícias pensadas para os profissionais deixarem o seu posto de trabalho e se distraírem e descansarem por um momento, com puffs, redes, jogos, livros e outros artifícios, promovendo uma convivência harmoniosa e dividindo o tempo entre trabalho e ócio criativo39. O futuro pertence a quem souber libertar-se da ideia tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o trabalho se confundira com o tempo livre, com o estudo e com o jogo, enfim, com o “ócio criativo”. (DE MASI, 2012).

Sendo assim, segundo GIANELLI (2016) existem quatro pilares que definem o modelo dos espaços de coworking. São eles: • Arquitetura e equipamentos. Que englobam desde a construção, mobiliários de suporte para os trabalhadores a espaços dedicados à convivência. • Despressurização e tem a prática do ócio

lazer. Que permicriativo e descanso.

• Networking. Troca de informações e cocriação entre diferentes profissionais, áreas de atuação e empresas em um mesmo espaço de convívio. • Diferentes empresas: Não necessariamente precisa conter empresas de áreas diferentes. Além disso, pode abarcar freelances e microempresas. (GIANELLI, 2016, p. 56).

Networking é uma palavra que indica a capacidade de estabelecer uma rede de contatos ou uma conexão com algo ou com alguém. Essa rede de contatos é um sistema de suporte onde existe a partilha de serviços e informação entre indivíduos ou grupos que têm um interesse em comum. 39 Ócio criativo é uma ideia inovadora desenvolvida pelo professor e sociólogo italiano Domenico de Masi. Segundo ele, o futuro do trabalho na sociedade pós-industrial está marcado pela união entre estudo e lazer. (DE MASI, 2012). 38

41


01

tanto, ao se tratar de estrutura obrigatória, a campeã são as salas de reuniões privadas, estando presentes em 98% de todos os espaços de coworkings brasileiros registrados.

REDUÇÃO DE CUSTOS

02

BOA LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA

53%

ACESSÍVEL PARA CADEIRANTES

ESPAÇOS COLABORATIVOS

03

36%

05

ATENDE DIFERENTES OBJETIVOS

Figura 13. Pontos positivos de espaços colaborativos. Fonte: Elaborado pela autora.

No ano de 2019 foi observado uma extensão de serviços ofertados além das atividades precípuas dos coworkings, responsáveis por uma fonte secundária desses espaços, 78% dos espaços de coworkings brasileiros passaram a oferecer endereço fiscal40, 45% agora dispõem de comércio alimentício e 26% passaram a vender até bebidas alcoólicas. No en40

76%

ARMÁRIO PRIVADO

NETWORKING

“O programa desses espaços é mais ou menos padronizado e universal. Do mesmo modo que em qualquer parte do planeta encontramos o mesmo menu e a mesma decoração nas lojas do McDonald’s, em um espaço de coworking, independentemente de sua localização, encontraremos internet de alta velocidade, salas de reunião, localização de destaque, segurança, café, água e ambiente sofisticado com design corporativo.”. (SILVA, 2019).

42

25%

ATENDIMENTO EM ESPANHOL

1%

ATENDIMENTO EM LIBRAS

ADMINISTRAÇÃO TERCEIRIZADA POSSUI BIBLIOTECA

04

46%

ATENDIMENTO EM INGLÊS

94%

CAFÉ GRÁTIS

90%

SERVIÇO DE IMPRESSÃO

31%

ESTACIONAMENTO PRÓPRIO

20% 24 HORAS

O endereço fiscal ou escritório virtual é um “serviço” para quem precisa provar a existência física e jurídica de seu negócio.

98%

SALAS DE REUNIÕES

61%

SERVIÇO DE SECRETARIADO

43%

ESTACIONAMENTO CONVENIADO

95%

AR CONDICIONADO

87%

ESPAÇO PARA CONVIVÊNCIA

96%

ENDEREÇO COMERCIAL

43%

TELEFONE PRIVADO

80%

ACEITA CARTÕES DE CRÉDITO

58%

FAZ EVENTOS

95%

COZINHA OU COPA

78%

ENDEREÇO FISCAL

48%

BICICLETÁRIO

19%

ALUGA COMPUTADORES

73%

CADEIRAS ERGONÔMICAS


ESTACIONAMENTO PRÓPRIO

ESTACIONAMENTO CONVENIADO

ACEITA CARTÕES DE CRÉDITO

ALUGA COMPUTADORES

REFERENCIAL TEÓRICO

20%

95%

24 HORAS

58%

AR CONDICIONADO

13%

FAZ EVENTOS

16%

STANDING DESKS

3%

CABINES TELEFÔNICAS

ESTRUTURA PARA CRIANÇAS

73%

CADEIRAS ERGONÔMICAS

25%

PERMITE ANIMAIS

Quanto ao tipo de edificação em que esses espaços são implementados, a divisão é mais uniforme e também ajuda a traçar o perfil do modelo no Brasil. Em 2019, residências ainda foram responsáveis pela maior porcentagem de instalação desses equipamentos, mas o que é observado é uma crescente tendência a migração para conjuntos comerciais e prédios.

QUAL É O TIPO DE EDIFICAÇÃO DO ESPAÇO? 10% 20% 32% 36%

45%

26%

Figura 14. Serviços ofertados pelos coworkings no Brasil. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

VENDE BEBIDA ALCOÓLICA

VENDE PRODUTOS DE ALIMENTAÇÃO

Outro dado observado sobre o perfil desses espaços no Brasil diz respeito a segmentação desses ambientes. Com o dinamismo que esse mercado propõe, a escolha de nichos específicos começa a ganhar mais expressividade, no entanto, ainda aparece de forma tímida comparada aos espaços que atendem os profissionais de diversas áreas, responsáveis por 88% dessa parcela, uma vez que o intuito inicial desses espaços se reflete na diversificação do seu uso. ATUA EM ALGUM SEGMENTO DE MERCADO ESPECÍFICO? 3%

4%

5%

36% CASA 32% CONJUNTO COMERCIAL 20% PRÉDIOS INTEIROS 10% OUTROS

Em conjunto a isso, outro dado interessante é a proporção entre imóveis de coworkings alugados (58%) em sua maioria, e próprios (42%), o que reflete em dizer que muitas pessoas levam o empreendimento como forma de investimento em busca de um retorno compensatório. QUAL É O TIPO DE CONTRATO DO IMÓVEL?

88%

42% 88% NÃO, MEU ESPAÇO É MULTIDISCIPLINAR 4% INDÚSTRIA CRIATIVA 3% TI E TECNOLOGIA 5% OUTROS

Figura 16. Tipo de edificação dos coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

Figura 15. Segmentos principais dos coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

58% ALUGADO 42% PRÓPRIO

58% Figura 17. Tipo de contrato de imóveis dos coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

43


Para concluir o perfil desses espaços no Brasil, se ele possui inúmeros pontos positivos, porque ainda não é amplamente introduzido em todo o País? A resposta está na dificuldade de se implementar esse tipo de negócio. O Censo Coworking Brasil 2019 levantou dados sobre os maiores desafios enfrentados na hora de se iniciar um espaço colaborativo e revela que 41% afirmam ser o fato de ainda ter que apresentar o conceito de coworking para a comunidade, a qual em maior parte ainda desconhece seus objetivos e vantagens. Já em segundo lugar, está a dificuldade em encontrar os primeiros clientes, que é um reflexo direto do fator de desconhecimento da sociedade sobre esse tipo de empreendimento, o que se traduz na importância do estudo acadêmico sobre o assunto, que ainda é insatisfatório, e na disseminação dos benefícios que esses espaços entregam.

QUAL FOI O MAIOR DESAFIO PARA INICIAR O NEGÓCIO? 41% 36% 7%

44

41% APRESENTAR O CONCEITO DE COWORKING 36% ENCONTRAR OS PRIMEIROS CLIENTES

Figura 18. Maiores desafios para iniciar coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

Por fim, a última dificuldade apresentada está na preocupação e no desafio de se projetar e planejar um espaço de coworking, expressando junto a necessidade de difusão sobre o tema, a importância do papel da arquitetura neste ponto.

2.2.3 PERFIL DOS USUÁRIOS DE COWORKINGS NO BRASIL Em 2018 foi estimado pelo Coworking Brasil que mais de 214 mil pessoas frequentam espaços de coworking pelo menos uma vez ao mês, seja para utilizar as estações de trabalho, para reuniões ou eventos. Segundo (GIANELLI, 2016) existem dois tipos principais de “Coworkers”: os permanentes e os esporádicos. Os Coworkers permanentes são aqueles que alugam com certa frequência os espaços que comumente são de dois modelos: os spots, que são áreas de trabalho individuais usadas em grande parte por freelances que praticam o Home Office ou salas para aluguéis semestrais, que geralmente são locadas por pequenas empresas. Os Coworkers esporádicos são usuários que estão de passagem pelo local e que alugam os spots por períodos curtos. Muitos destes são conhecidos como Nômades Digitais. Praticantes e viajantes que percorrem diversos lugares, estados e até países portando seus computadores e não possuem endereço fixo. (GIANELLI, 2016, p. 55).

De acordo com Renato Ribeiro (2018)41 “Nômade digital é um profissional que trabalha online e, portanto, não precisa estar presente em um escritório, cidade ou país em particular. Ele pode trabalhar em qualquer lugar do mundo, desde que tenham uma boa conexão à internet.”. Ele afirma que não existe profissão específica para esse tipo de profissional, eles são produtores de conteúdo de maneira geral, mas poderiam ser arquitetos ou advogados por exemplo, muitas profissões permitem esse tipo de trabalho remoto.


REFERENCIAL TEÓRICO Que tal trabalhar de um café em Paris? Ou de uma praia na Tailândia? Ou quem sabe, de um restaurante em Tóquio? Se você acha que essa realidade é utópica demais, saiba que estamos na crista da onda de um movimento global formado por pessoas que conseguiram realizar o sonho de trabalhar viajando. Com a evolução da internet e das tecnologias móveis, os Nômades Digitais cada dia mais provam que não é mais preciso trabalhar em um escritório para ganhar dinheiro e ser produtivo. (EME E JACK, 2016).

Além desse tipo de perfil de usuário esporádico, em 2019 foi observado um salto na média de usuários permanentes nos espaços, que evoluíram de 21 usuários por coworking no ano de 2018, para 39 no ano posterior. 2019

A média de pessoas que circulam mensalmente é de 273 pessoas por espaço. Os contratos mensais dos usuários passaram a assumir a liderança, sendo responsáveis por 73% de todos os contratos, e mais da metade dos usuários já permanecem ao menos 6 meses nos espaços.

21

26%

73%

33%

14%

9%

20%

5% MENOS DE 3 MESES

Figura 21. Tempo de permanência dos 33% DE 6 A 12 MESES usuários. Fonte: Elaborado pela 26% DE 12 A 24 MESES autora com base nos dados do Censo 9% MAIS DE 24 MESES Coworking 2019.

20% DE 3 A 6 MESES

MENSAIS PLANO POR HORA PLANOS POR DIA

39

Figura 19. Evolução no número de usuários permanentes nos espaços. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019. 41

9% 5%

QUAL TIPO DE PLANO É MAIS UTILIZADO PELOS COWORKERS?

Figura 20. Tipo de plano mais utilizados pelos usuários. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

2018

QUAL É O TEMPO DE PERMANÊNCIA DOS USUÁRIOS?

Disponível em: <https://comunidade.rockcontent.com/nomade-digital/>. (Renato Ribeiro, 2018).

Somado aos usuários conhecidos como freelancers ou nômades digitais, trabalhando como prestadores de serviços que não precisam de locais fixos, estão também entre os principais perfis de usuários de coworkings as pequenas empresas e start-ups, especialmente as individuais e aquelas administradas por único dono com poucos funcionários, sendo a maior parte dessas empresas de até 3 pessoas.

45


Em relação ao gênero dos usuários que utilizam esses espaços, quase não se observa distinção, os dados são extremamente equilibrados, representados por 50% homens, 49% mulheres e 1% declararam pertencer a outro gênero, já em relação a idade a média encontrada foi de 35 anos, sendo de 18 anos a idade mínima e 60 anos a idade máxima observada nesses espaços.

QUAL É O TAMANHO MÉDIO DAS EMPRESAS QUE FREQUENTAM? 35% 15%

24% 10%

QUEM SÃO OS USUÁRIOS? 1%

35 ANOS

50%

49%

O censo ainda mostra que a maior parte dos usuários que utilizam um coworking não possuem filhos, são em sua maioria pós-graduados ou possuem ensino superior e quase metade dos coworkers trabalhavam em home-office antes de migrar para um espaço colaborativo.

INDIVIDUAL ATÉ 3 PESSOAS DE 3 A 6 PESSOAS 46

DE 6 A 12 PESSOAS ACIMA DE 12 PESSOAS

Figura 23. Gênero e idade dos usuários dos coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2018.

Figura 22. Tamanho das empresas que frequentam coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2019.

A localização foi apontada como o ponto primordial a ser considerado na hora da escolha de um desses espaços, sendo o preço citado apenas em quarto lugar, o qual a maioria considera ser um preço justo.


REFERENCIAL TEÓRICO

POSSUI FILHOS?

65%

QUAL A ESCOLARIDADE?

QUAL O PERFIL PROFISSIONAL?

43%

41%

PÓS GRADUADOS

PROPRIETÁRIOS DE EMPRESA

65% SIM 35% NÃO

41% PÓS GRADUADO 38% ENSINO SUPERIOR 18% SUPERIOR INCOMPLETO

43% PROPRIETÁRIOS DE EMPRESA 31% PROFISSIONAIS INDEPENDENTES 26% FUNCIONÁRIOS DE UMA EMPRESA

ONDE TRABALHAVA ANTES DO COWORKING?

QUAL TIPO DE ESTRUTURA UTILIZA?

PORQUE ESCOLHEU O COWORKING?

NÃO POSSUI FILHOS

46% EM CASA

46% EM CASA 37% ESCRITÓRIO TRADICIONAL 9% OUTRO COWORKING

ONDE COSTUMA ALMOÇAR?

46%

36%

MESAS ROTATIVAS

36% MESAS ROTATIVAS 29% MESAS FIXAS 28% SALAS PRIVATIVAS

COM QUE FREQUÊNCIA VAI AO ESPAÇO?

37%

29%

LOCALIZAÇÃO

29% LOCALIZAÇÃO 18% ESTRUTURA FISÍCA 15% NETWORKING

COMO AVALIA O PREÇO PAGO PELO COWORKING?

78%

LOCAL PRÓXIMO

DIARIAMENTE

CONSIDERAM JUSTO

46% EM LOCAL PRÓXIMO 31% NO COWORKING 22% EM CASA

37% DIARIAMENTE 34% DE 3 A 5x NA SEMANA 20% 1 A 2x NA SEMANA

78% CONSIDERAM JUSTO 17% MUITO CARO 5% BARATO

Figura 24. Perfil dos usuários de coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2018.

O meio de transporte que os usuários de coworking mais utilizam é o carro próprio (44%), no entanto, uma grande parcela faz uso de transporte público (30%), e boa parte vai a pé (12%), sendo o tempo médio de casa para o coworking de 27 minutos.

COMO VAI AO COWORKING? 12%

30%

44%

44% CARRO PRÓPRIO 30% TRANSPORTE PÚBLICO 12% CAMINHANDO

27 MINUTOS

É O TEMPO MÉDIO Figura 25. Perfil dos usuários de coworkings. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2018.

Em relação a troca de contatos, conhecida como networking, são inúmeras as vantagens práticas que já ocorreram nos espaços brasileiros, mostrando que mais do que uma teoria, a ideia realmente funciona, ao apontar que 36% dos entrevistados já foram contratados para um projeto por alguém que conheceu no espaço, 29% já contrataram algum colega que conheceu no espaço para executar um projeto, 73% dizem que já aprendeu algo novo com alguém que conheceu no coworking e 66% afirmam que não trocaria o coworking por um escritório convencional, mesmo se os custos fossem os mesmos.

47


no trabalho. Por fim, 99% de todos os usuários participantes da pesquisa recomendam um coworking para um colega. PRODUTIVIDADE

42%

JÁ FORAM CONTRATADOS PARA UM PROJETO POR ALGUÉM QUE CONHECEU NO ESPAÇO DIZEM QUE JÁ APRENDERAM ALGO NOVO COM ALGUÉM QUE CONHECEU NO COWORKING

36%

29%

73%

66%

JÁ CONTRATARAM ALGUM COLEGA QUE CONHECEU NO ESPAÇO PARA EXECUTAR UM PROJETO NÃO TROCARIAM O COWORKING POR UM ESCRITÓRIO TRADICIONAL MESMO QUE SEJA POR UM CUSTO IGUAL

Figura 26. Ganhos com networking. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2018.

48

Sobre os aspectos de influência na vida pessoal, um dos pontos de mais interesse desse trabalho, os profissionais foram questionados se alguns fatores melhoraram ou não depois da utilização de um coworking e o resultado foi que mais de 60% apontaram melhora na saúde, vida social, networking profissional, organização pessoal, além de produtividade

ORGANIZAÇÃO PESSOAL

28%

SAÚDE E DISPOSIÇÃO GERAL

29%

NETWORKING

35%

MELHORARAM MUITO A PRODUTIVIDADE NO TRABALHO

MELHORARAM MUITO A ORGANIZAÇÃO PESSOAL

MELHORARAM MUITO A SAÚDE E A DISPOSIÇÃO

MELHORARAM MUITO SEU NETWORKING PROFISSIONAL

42% MELHOROU MUITO 35% MELHOROU 20% NÃO MUDOU

28% MELHOROU MUITO 35% MELHOROU 35% NÃO MUDOU

29% MELHORARAM MUITO 33% MELHORARAM 38% NÃO MUDARAM

29% MELHORARAM MUITO 33% MELHORARAM 38% NÃO MUDARAM

Figura 27. Influência na vida pessoal dos usuários. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Coworking 2018.

A vista disso, GIANELLI (2016) afirma que independentemente do tipo de usuários – permanentes ou esporádicos; Nômades Digitais ou Home Offices; empreendedores ou freelances, cada um com seus objetivos particulares – os principais benefícios ligados à infraestrutura e utilização dos espaços são basicamente os mesmos – redes de conexão, área de despressurização, copas, vestiários, áreas verdes, etc. Todos esses pontos citados é o que fazem esses espaços se tornarem ideais para grupos tão distintos e servem de mapeamento para o estudo do perfil do usuário e do programa de necessidades do projeto final.




REFERÊNCIAS PROJETUAIS

3.1 HOFFMAN DUJARDIN ARCHITECTS 3.2 SEDE ROYAL F|C 3.3 COWORKING THE CORNER


3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS A seleção dos projetos correlatos foi fundamentada nos objetivos específicos do trabalho, além das categorias analisadas no referencial teórico, as quais terão influências diretas no resultado final do projeto. Foi buscado explorar espaços que demonstraram preocupação em proporcionar ambientes com boa qualidade para os colaboradores, adotando as particularidades estudadas pela neuroarquitetura, visando principalmente o aumento na sensação de bem-estar. Em conjunto a isso, foram analisadas setorizações e espacialidades entre áreas de trabalho abertas “open space” e áreas fechadas e como é desenvolvida a integração entre elas.

A HoffmanDujardin é um grande e renomado escritório de arquitetos, que possui sua sede na Holanda em um escritório mais tradicional, mas que sentiu a necessidade de ampliar, criando uma nova sede, a qual foi construída em 2019, com o intuito de abrigar a parte de trabalho mais criativa e social da empresa. Como uma sede de escritório de arquitetura também deve ser a vitrine do seu trabalho, o projeto buscou valorizar ao máximo as habilidades dos seus colaboradores através da arquitetura, com foco no bem-estar social dos ambientes.

3.1 HOFFMAN DUJARDIN ARCHITECTS

52 Figura 28. Ficha de análise da HoffmanDujardin. Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 29. Espaços de trabalho abertos e fechados e ilhas de cozinha. Fonte: Archdaily.


REFERÊNCIAS PROJETUAIS

O cofundador Michiel Hofman disse em relação a nova sede: “Em vez de projetar um escritório, queríamos criar um lugar onde nos sentíssemos em casa e gostássemos de estar. Além das atividades laborais, utilizamos o nosso escritório para apresentações, bebidas, reuniões ou simplesmente para relaxar. É um espaço universal”. O espaço conta com um térreo amplo que possui uma área de trabalho aberta para facilitar a comunicação dos colaboradores, com vistas diretas para a natureza, além de claraboias que fornecem a todo o edifício iluminação natural. O projeto conta com duas ilhas de cozinha que servem para as refeições e momentos de descontração com bebidas e reuniões informais entre os colaboradores, visando o relaxamento. Fora dos planos de trabalho abertos e áreas de descontração que possuem integração com o exterior, vegetação e iluminação natural, existem cinco salas privadas usadas para reuniões formais, além de um ambiente fechado para estudo de criação e sessões de brainstorming. Mesmo nos espaços privados, os planos de vidro são amplamente adotados em todos os ambientes, proporcionando transparência a toda edificação.

Figura 30. Espaços de estudo e criação e salas de reuniões. Fonte: Archdaily

Materiais, mobiliários, integração com o exterior, planos de vidro, vegetação e iluminação natural foram os pontos fortes desse projeto. Possuindo um piso de cimento queimado em toda área, móveis soltos, vegetação e o grande foco na iluminação natural proporcionado pelas claraboias e pelos planos de vidro que integram o exterior ao projeto.

53


Figura 31. Áreas de trabalho e lounges com vistas externas e iluminação natural. Fonte: Archdaily.

54

Essa integração com a natureza ainda vai além dos planos de vidro internos voltados para jardins. O projeto conta ainda com um terraço externo para descontração e refeições dos colaboradores, o qual é totalmente integrado com o interior, o que traduz ainda mais essa importância de unir a vegetação e a iluminação natural na rotina de trabalho dos colaboradores.

Figura 32. Terraços externos integrados com o interior. Fonte: Archdaily.


REFERÊNCIAS PROJETUAIS

3.2. SEDE ROYAL FIC

Figura 33. Ficha de análise da Sede Royal FIC. Fonte: Elaborado pela autora.

O projeto da empresa Royal FIC (distribuidora de combustíveis), construído em 2017, fica localizado em Campinas-SP. O espaço foi projetado em um galpão pré-existente de aproximadamente 1000m², contendo uma espaçosa planta livre com amplo pé direito duplo. A setorização é simples e possui uma estrutura básica: recepção, área de trabalho aberta, salas privadas, banheiros e copa. Figura 34. Distribuição de mezaninos e integração de diferentes níveis. Fonte: Archdaily.

O projeto explorou ao máximo aproveitar a espacialidade do amplo pé direito duplo do galpão, utilizando uma extensa área de trabalho aberta. Os mezaninos de estrutura metálica foram

55


adotados para fazer a parte mais rígida e privada do programa de necessidades: banheiros, recepção, copa, salas de manutenção e as salas que necessitam de privacidade. Dessa forma, a área de trabalho aberta permite uma conexão visual com toda dimensão do escritório, promovendo uma importante característica de integração entre todos os colaboradores, independente da hierarquia dos cargos, o que faz com que as pessoas se sintam mais comunicativas e parte integrante da empresa.

Dessa forma, foram criados três níveis totalmente integrados por escadas, elevadores e uma arquibancada-escada no térreo que possui um uso flexível, além de servir para palestras e reuniões informais, servem para descontração. Essa arquibancada sobe até o nível intermediário onde ficam as salas de reuniões e treinamentos que exigem mais privacidade, contendo uma escada que avança até o último nível, que também possuem as partes mais privadas do escritório. Portanto, o ponto forte do edifício sede da empresa Royal FIC, sem dúvidas é a ampla utilização de planta livre que proporcionam integração entre equipes, em conjunto a utilização pontual das partes que necessitam de privacidade, fazendo uso da maior integração possível entre os pavimentos através da utilização de arquibancada escada e mezaninos, proporcionando uma sensação de maior conexão visual e pertencimento a empresa.

3.3. COWORKING THE CORNER

56 Figura 35. Distribuição de mezaninos e integração de diferentes níveis. Fonte: Archdaily.

Figura 36. Ficha de análise do Coworking The Corner. Fonte: Elaborado pela autora.


REFERÊNCIAS PROJETUAIS

O Coworking The Corner foi construído na cidade de São Paulo, em 2019 e possui pontos bastantes interessantes a serem explorados. Inicialmente a equipe Dea design foi desafiada a adaptar um coworking em um edifício já construído e inserido no coração da área urbana de São Paulo, o qual era de uso misto com áreas de comercio diversificadas no térreo. A marca da empresa de coworking tinha o uso de cores fortes, dessa forma, para promover uma comunicação visual clara e limpa do projeto foi utilizado o uso do branco em todo o edifício internamente, com as cores fortes usadas de formas pontuais, marcando as áreas de cada setor do projeto, promovendo uma identificação e comunicação visual ao mesmo, desenvolvendo sinalização e proporcionando o uso de cores vibrantes.

Figura 37. Utilização de cores vibrantes e estimulantes para identificação visual. Fonte: Archdaily.

57


Além da comunicação visual marcante no projeto, como o prédio era inserido no contexto urbano de São Paulo, a equipe Dea design buscou proporcionar iluminação natural e contato com vegetações tanto internamente, quanto externamente, através do uso pensado de varandas com plantas posicionadas estrategicamente nos planos de vidro das áreas de trabalho, já que a vista original era voltada para o contexto urbano dos concretos dos prédios de São Paulo.

58

Por fim, o programa de necessidades do coworking The Corner é simples e apesar de ter sido adaptado em um prédio que já detinha outros usos foi bem utilizado. A distribuição do programa de necessidades foi realizada utilizando quatro partes distintas do prédio que foram chamadas de Corner 1, 2, 3 e 4. No corner 1, foi implantada a parte mais privada do coworking, com uma recepção, salas de reuniões e salas privadas para aluguel, além de baterias de banheiros, DML e duas copas próximas as áreas de trabalho. Já no setor chamado de corner 2, ficou a parte de trabalho mais aberta com serviço de impressão integrado, além de banheiros, DML, lounge de descontração, uma sala de reunião e uma copa próxima as áreas de trabalho.

Figura 38. Varandas com vegetação promovendo conexão com a natureza. Fonte: Archdaily.


REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Figura 39. Planta do pavimento térreo do Coworking The Corner. Fonte: Archdaily.

59


Já no corner 3 na parte do térreo, existe uma recepção, um banheiro acessível uma sala de reunião e cinco salas privadas. No corner 4 existe uma área na qual trabalho e descontração se confundem, com lounges, sala de pilates para os colaboradores, bateria de banheiros, copa e uma área colaborativa com mesas em conjunto que servem para conversas, refeições e trabalhos.

60

Figura 40. Planta do primeiro pavimento do Coworking The Corner. Fonte: Archdaily.




CONTEXTO

4.1 PÚBLICO ALVO 4.2 LOCALIZAÇÃO 4.3 CONDICIONANTES LEGAIS 4.4 ENTORNO 4.4.1 FLUXO VIÁRIO E PONTOS DE ÔNIBUS 4.4.2 ÁREA CONSTRUÍDA 4.4.3 GABARITO 4.4.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 4.4.5 PONTOS DE INTERESSE


4. CONTEXTO 4.1 PÚBLICO ALVO Tomando como base o estudo do referencial teórico, a necessidade de se implantar um coworking na capital paraibana reside em fornecer uma estrutura completa para trabalhadores recém-formados que estão se se inserindo no mercado de trabalho e passam por um início difícil, além de trabalhadores autônomos. O público alvo do projeto engloba também estudantes e profissionais experientes que necessitam de espaço para reuniões e palestras e que valorizam uma rede de contatos. Dessa forma, foram realizadas fichas que traduzem a expectativa do público a ser explorado pelo projeto, o que influenciou diretamente na escolha do terreno.

64


CONTEXTO LOCALIZAÇÃO

BRASIL

Figura 41. Expectativa de público alvo para o projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

4.2 LOCALIZAÇÃO Nesse sentido, com o estudo do referencial teórico, a designação da cidade e a definição da expectativa de um público alvo, a escolha do lote para implantação do projeto não poderia ser realizada de forma arbitraria, sendo tomado como prioridade inicial a preferência por uma localização de destaque, que de acordo com o referencial teórico é a prioridade para a escolha de um coworking, além de um local que proporcionasse a facilitação do acesso via transporte público e o interesse na proximidade das principais universidades da cidade.

JOÃO PESSOA

PARAÍBA

JOÃO PESSOA

JARDIM SÃO PAULO/ BANCÁRIOS

Figura 42. Delimitação da área escolhida para o projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

Dessa forma, o lote escolhido fica localizado na Avenida Empresário João Rodrigues Alves, no bairro Jardim São Paulo, conhecida também como a principal dos Bancários, pois o bairro Jardim São Paulo é considerado por muitos como parte integrante do bairro Bancários. 65


BAIRROS DENTRO DO RECORTE

CASTELO BRANCO

LEGENDA

BANCÁRIOS

MATA DO BURAQUINHO LOTE ESCOLHIDO r=500m

BAIRROS

JARDIM SÃO PAULO

0

66

Figura 43. Mapa de localização do terreno entre bairros próximos. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.

100

200

300

400

500 m


DELIMITAÇÃO

CONTEXTO

LEGENDA LOTE ESCOLHIDO LOTES

r=500m

0

Figura 44. Localização espacial do lote escolhido. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.

100

200

300

400

500 m

67


Como citado anteriormente, além da localização de destaque, um dos critérios avaliados para a escolha do lote foi o fato de estar próximo a dois dos maiores institutos de ensino da capital paraibana, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e o Centro Universitário de João Pessoa

68

(UNIPÊ), localizado estrategicamente a uma distância de 500 metros da UFPB e 1,5 km da UNIPÊ, permitindo inclusive um deslocamento de aproximadamente 8 a 20 minutos a pé, respectivamente, entre o lote e as duas universidades.

Figura 45. Proximidade das principais universidades da cidade. Fonte: Google Earth (2020), editado pela autora.


CONTEXTO

Além disso, a escolha se respaldou em um local que viabilizasse o acesso a todos os contextos sociais da cidade, possuindo um tecido urbano vibrante, próximo a restaurantes, mercados, bancos, farmácias e áreas de lazer. O lote

escolhido é de esquina e está inserido na quadra de número 16, de frente para a Avenida Empresário João Rodrigues, conhecida como principal dos Bancários e para a Rua Comerciante Severino Toscano de Brito, possuindo uma área

02

Ru A: ÁRE

aC om

²

.S

0m

1.09

total de aproximadamente 1.090m². Atualmente o lote encontra-se planificado e existe uma unidade das Farmácias Independente construída, mas que se encontra fechada e em desuso.

ev er

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01

Joã

Em Av.

01

02

69 Figura 46. Localização do lote em 3D. Fonte: Google Earth (2020), editado pela autora.


4.3 CONDICIONANTES LEGAIS De acordo com a legislação, a partir do mapa de zoneamento de João Pessoa, nota-se que o lote está localizado na Zona Axial Bancários (ZA5) e, de acordo com o código de Urbanismo de João Pessoa, o uso determinado para o projeto adequa-se ao de Serviço Principal (SP).

70 Figura 47. Localização da área de intervenção e uso do equipamento. Fonte: Código de urbanismo de João Pessoa (2020), editado pela autora.


CONTEXTO

Associando a localização do zoneamento ao tipo de uso do equipamento, as condicionantes legais expostas na tabela a seguir apresentam as limitações implicadas para a realização do projeto, e foram consideradas como fatores decisórios para o seu desenvolvimento.

para mobilidade a pé, é uma distância de até 500 metros. Dessa forma, essa metodologia foi utilizada como base para a definição do raio de influência do entorno do lote a ser analisado.

ÁREA DE RECORTE

Figura 49. Mapa do raio de influência do entorno do lote a ser analisado. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.

LEGENDA

MATA DO BURAQ

LOTE ESCOLHIDO 100m

200m

300m

400m

r=500m

LOTES

ÁREA DE INFLUÊN

0

100

200

30

Figura 48. Dados e condicionantes legais do lote escolhido. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do código de Urbanismo de João Pessoa (2020).

4.4 ENTORNO De acordo com a metodologia do Instituto de Política de Transporte e Desenvolvimento (ITDP)42, uma distância considerada na categoria ótima 42

Estudo disponível em: <http://itdpbrasil.org/wp-content/uploads/2019/05/Caminhabilidade_Volume-3_Ferramenta-ALTA.pdf>

71


MAPA DE FLUXOS E PONTO DE ÔNIBU 4.4.1 FLUXO VIÁRIO E PONTOS DE ÔNIBUS O terreno encontra-se localizado em uma das principais Avenidas de João Pessoa, a Empresário João Rodrigues Alves, conhecida como a principal dos Bancários, a qual possui um intenso fluxo de transportes e pedestres durante todo o dia. A outra via que envolve o lote, a Rua Comerciante Severino Toscano de Brito, é considerada uma via coletora de fluxo moderado.

72

LOTE ESCO

VIA DE FLU

VIA DE FLU

PARADA D RUA

EMP

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ÁRIO

JOÃ O RO

23

0

DRIG

BR

O mapa a seguir tem como base o trânsito típico de João Pessoa, analisados em horários com maiores fluxos de veículos, tendo a BR 230 e a Avenida Empresário João Rodrigues Alves, como as principais avenidas no entorno do lote. Esta última, por também receber um intenso fluxo de transportes públicos, ao todo 16 linhas circulam a avenida, é considerada relevante para a chegada e saída de pedestres, possuindo vários pontos de ônibus próximos e uma alta conexão com os outros bairros da capital paraibana. Além disso, é possível observar no mapa que as ruas paralelas acabam recebendo também um fluxo moderado para atender a avenida principal.

LEGEN

Figura 50. Mapa de fluxo viário no entorno do lote. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.

UES

ALV

ES

0

100

200


CONTEXTO

4.4.2 ÁREA CONSTRUÍDA Foi desenvolvido também o mapa de cheios e vazios a título de conhecimento do nível de área construída e das áreas vazias no entorno imediato do lote. É

possível observar através do mapa que o mesmo é bastante adensado com poucas áreas vazias, o que também representa um fator decisório para a escolha do lote.

MAPA CHEIOS E VAZIOS

LEGENDA LOTE ESCOLHIDO MATA DO BURAQUINHO CHEIOS VAZIOS

0

100

200

300

400

500 m

73 Figura 51. Mapa de cheios e vazios do entorno do lote. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.


4.4.3 GABARITO O mapa de gabarito do entorno do lote representa a altura das edificações próximas. É possível observar que pou-

cas edificações são altas, algumas das existentes, como o Delta Center, localizado na principal dos Bancários, foram construídas recentemente. No entanto, é nítido a predominância de edifi-

MAPA DE GABARITO

cações térreo e prédios de 2 a 4 pavimentos no entorno do terreno, o que também foi levado em consideração para o desenvolvimento do projeto.

LEGENDA VAZIOS TÉRREO 2A4 5A7 8 A 10 11 A 14 15 OU MAIS

0

100

200

300

400

500 m

74 Figura 52. Mapa de gabarito do entorno do lote. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.


CONTEXTO

4.4.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO A partir do desenvolvimento do mapa de uso e ocupação do solo no raio de 500 metros do lote, pode-se observar

o predomínio do uso residencial no interior dos bairros, composto principalmente de casas térreo e residenciais multifamiliares de até 4 pavimentos. No entanto, ao se aproximar da Avenida Empresário João Rodrigues Alves

nota-se em maiores quantidades locais destinados ao uso de comércio e serviços, em razão principalmente do grande fluxo de automóveis e pedestres que transitam diariamente na avenida.

MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

LEGENDA COMÉRCIO SERVIÇO USO MISTRO RESIDENCIAL INSTITUCIONAL ÁREA VERDE VAZIOS LOTE ESCOLHIDO

0

100

200

300

400

500 m 75

Figura 53. Mapa de uso e ocupação do entorno do lote. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.


4.4.5 PONTOS DE INTERESSE Por fim, existem também alguns pontos de interesse próximos ao lote escolhido que merecem ser destacados. O primeiro, no seu entorno imediato, é uma unidade da rede de supermercados

Carrefour, na qual é possível encontrar de tudo um pouco. Além disso, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) representa o maior ponto de interesse do projeto. Com relação a áreas de lazer, existe o Shopping Sul e quase na sua frente à Praça da Paz, a qual é um equipamento

público muito utilizado pela população ali residente, ao lado da praça destaca-se também a UPA dos Bancários, uma unidade de saúde pública. Além dos pontos ressaltados, existem bancos e restaurantes, tornando o entorno um tecido urbano vibrante e autossuficiente.

MAPA DE PONTOS DE INTERESSE

LEGENDA LOTE ESCOLHIDO PRAÇA DA PAZ UFPB CARREFOUR SHOPPING SUL UPA

0

100

200

300

400

500 m

76 Figura 54. Mapa de pontos de interesse do entorno do lote. Fonte: Prefeitura Municipal de João Pessoa e Google Earth (2020) – Editado pela autora.




O PROJETO

5.1 CONCEITO 5.2 DIRETRIZES PROJETUAIS 5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES 5.4 FLUXOGRAMA 5.5 ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO 5.6 IMPLANTAÇÃO E ACESSOS 5.7 ESTUDO DE VOLUMETRIA 5.7.1 FORMA E VOLUME 5.7.2 CIRCULAÇÃO 5.8 ESTACIONAMENTO 5.10 CONCEITOS ESTUDADOS PELA NEUROARQUITETURA APLICADOS AO PROJETO 5.10.1 VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAL 5.10.2 VEGETAÇÃO 5.10.3 ESQUADRIAS E VEDAÇÕES 5.11 MATERIAIS


5. O PROJETO 5.1 CONCEITO

80

O propósito da idealização de um espaço colaborativo vem da identificação de uma das maiores tendências atualmente adotadas nos escritórios: proporcionar um espaço de trabalho que possibilite aos profissionais um ambiente multifuncional que permita que trabalho e lazer se confundam. Dessa forma, o projeto do coworking foi intitulado “Simetria Coworking” trazendo a ideia de um sinônimo de conformidade e paralelismo, onde lazer, descanso e trabalho andam lado a lado e equilibrados. Assim, o conceito do projeto visa atender essa multifuncionalidade com o intuito de ser um espaço diferencial, o qual possa estimular a criatividade dos usuários e tornar o local de trabalho menos mecânico e exaustivo, através de espaços funcionais contemplados por aluguéis, além de espaços de convivência e trabalho aberto que visam a integração da população, somado a isso, toda a parte técnica e estrutural da qual um edifício de escritórios necessita. Esses foram os principais eixos que nortearam o conceito do Simetria Coworking.

Figura 55. Diagrama de conceitos. Fonte: Elaborado pela autora.

5.2 DIRETRIZES PROJETUAIS Com o objetivo de atender o conceito proposto para o projeto, a partir das pesquisas realizadas em volta do tema de Neuroarquitetura e espaços colaborativos e das explorações desenvolvidas através do estudo de referências projetuais para a realização do anteprojeto proposto, foram elaboradas diretrizes

projetuais que conduziram todo o desenvolvimento do coworking. Foi tomado como prioridade inicial a missão de atender os mais diversos objetivos que levam profissionais e estudantes a escolher um espaço colaborativo, sempre visando a integração de ambientes de trabalho restrito, bem como ambientes de trabalho


O PROJETO

aberto para que o usuário possa escolher qual melhor se adequa a sua necessidade, além da elaboração de ambientes para descontração, lazer e repouso.

Somado a isso, buscou-se integrar os diferentes pavimentos de forma que apesar de abrigarem ambientes com finalidades distintas, eles transparecessem a unidade de um edifício integrado. Ademais, a partir dos estudos da Neuroarquitetura que comprovam cientificamente em dados os benefícios da iluminação natural e da vegetação na influência do bem-estar humano – diretrizes essas que sempre foram consideradas como essenciais para o projeto de qualquer ambiente – procurou-se utilizá-las em toda parte do coworking, visando ampliar o bem-estar dos usuários como requisito primordial do anteprojeto proposto.

81 Figura 56. Diretrizes projetuais. Fonte: Elaborado pela autora.


1

1

3

PROPOR AMBIENTES DE TRABALHO ABERTOS E FECHADOS PARA ATENDIMENTO DE DEMANDAS VARIADAS.

2

PROMOVER A INTEGRAÇÃO 2 VISUAL ENTRE OS PAVIMENTOS POR MEIO DO MEZANINO E PÉ DIREITO DUPLO.

5

PROJETAR AMBIENTES LÚDICOS PARA DESCANSO E DESCONTRAÇÃO.

4

PROMOVER A INTEGRAÇÃO DA VEGETAÇÃO AOS AMBIENTES DE TRABALHO.

UTILIZAR AO MÁXIMO A ILUMINAÇÃO E A VENTILAÇÃO NATURAL.

82 Figura 57. Diagrama ilustrativo das diretrizes projetuais. Fonte: Elaborado pela autora utilizando vetores do freepik.


O PROJETO

5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES A partir das pesquisas realizadas e com base na análise de projetos correlatos e de modo articulado ao conceito proposto para o anteprojeto, o programa de necessidades foi dividido em quatro eixos principais: Área de trabalho aberta, Área de trabalho restrito, Lazer/Descompressão e Apoio/Suporte.

rem palestras, apresentações e minicursos. Esse setor abriga também espaços flexíveis que possibilitarão opções de layout diversos de acordo com a necessidade do local, como uma área de espera, uma área de descanso ou um espaço para um trabalho informal. Por último, esse setor também abriga a parte administrativa e de direção do coworking, onde serão realizados os contratos de alugueis pelos gestores do espaço.

No primeiro setor está localizada a área de trabalho aberta intitulada como “Open workspace”, sua presença é unânime em todos os estudos de projetos correlatos de espaços colaborativos. Outro elemento marcante no estudo desses espaços são áreas reservadas para impressão, dessa forma, elas foram adotadas em todos os pavimentos destinados a trabalho.

Tabela 01. Setor de trabalho aberto – Programa e dimensionamento.

O segundo setor abriga toda a parte de trabalho restrito do projeto, a qual é contemplada através de alugueis. Nesse setor foram previstas salas de reuniões para estudantes e profissionais, além de salas privadas que foram projetadas para pequenas empresas que estão iniciando ou estudantes que preferem isolamento. Somado a isso, esse setor abriga também um estúdio de gravação para produtores de conteúdo online e uma sala de conferências para profissionais realiza-

83 Tabela 02. Setor de trabalho restrito – Programa e dimensionamento.


No terceiro setor proposto está toda a parte social, de lazer e descompressão do edifício, os quais são bastantes comuns nos programas atuais de coworkings, como lobby, café/bar, lounges, varandas, áreas de descanso, espaços para descompressão com jogos e um rooftop.43

84

Tabela 03. Setor de Lazer/Descompressão – Programa e dimensionamento.

43

E por fim, no quarto e último setor está toda parte destinada a serviço, composta pela parte mais técnica e de suporte da edificação, responsável pelos equipamentos que o edifício dispõe para a manutenção das atividades a serem realizadas no coworking, como estacionamento, bicicletário, recepção, banheiros e copa.

Tabela 04. Setor de Lazer/Descompressão – Programa e dimensionamento.

Rooftop é um terraço aberto no topo de um edifício destinado ao relaxamento e passível de abrigar a realização de pequenos eventos.


O PROJETO

ESPAÇOS DE TRABALHO PROPOSTOS: SALAS DE REUNIÕES:

Esse ambiente poderá ser utilizado para reuniões de profissionais que necessitem de um espaço formal para reuniões com clientes, parceiros, fornecedores e empresas e será disponibilizado mediante aluguel.

SALAS PRIVADAS:

Esse ambiente visa a utilização de pequenas empresas de 1 até 4 funcionários que estão iniciando, além de estudantes que precisam de um espaço mais isolado e será disponibilizado mediante aluguel.

ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO:

Esse ambiente poderá ser utilizado por criadores de conteúdo online que necessitam de um ambiente adequado para gravação de vídeos, lives, video-aulas, entre outros e também será disponibilizado mediante aluguel.

SALA DE CONFERÊNCIAS:

Esse ambiente poderá ser utilizado por profissionais que necessitam de espaços para palestras, aulas, exposições e minicursos e será utilizado pelos usuários do espaço conforme disponibilidade e também mediante aluguel.

SALA ADMINISTRATIVA/ DIREÇÃO: Esse ambiente será utilizado pelos gestores do edifício, responsáveis pelo controle dos espaços de trabalho e pelo aluguel das salas.

5.4 FLUXOGRAMA Assim como no programa de necessidades, o fluxograma foi dividido nos seguintes setores: Área de trabalho aberta, Área de trabalho restrito, Lazer/Descompressão e Apoio/Suporte, visando uma melhor compreensão das conexões existentes entre os ambientes, como mostra a figura a seguir.

85


5.4 FLUXOGRAMA

Figura 58. Diagrama de fluxograma. Fonte: Elaborado pela autora.

86


O PROJETO

5.5 ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO Para a concepção do zoneamento foram definidos também esses 4 núcleos do edifício com o intuito de facilitar a compreensão e a logística desses ambientes no estudo volumétrico.

LEGENDA: TRABALHO ABERTO TRABALHO RESTRITO 87

LAZER/DESCOMPRESSÃO APOIO/SUPORTE

Figura 59. Diagrama explicativo dos setores. Fonte: Elaborado pela autora.


Visando o melhor entendimento de como ocorre a circulação desses fluxos no interior da edificação e como os setores se dispõe nos pavimentos, foram elaborados diagramas explodidos de todos os pavimentos em forma de corte perspectivado para o entendimento do percurso e os espaços específicos utilizados por esses setores na edificação. No diagrama ao lado, foi destacado como acontece essa circulação de acordo com os setores propostos. A circulação vertical está concentrada em um bloco único que contém uma escada corta fogo e dois elevadores, um de serviço e outro social, esse bloco de circulação vertical se estende desde o subsolo até o último pavimento, facilitando a logística do edifício.

+04 +03 +02 +01

O subsolo, intitulado no diagrama de setores como pavimento (-01), pertence ao setor de Apoio/Suporte, no qual fica localizado estrategicamente equipamentos de serviço do edifício como o estacionamento (21 vagas), um espaço destinado para gerador e um bloco de banheiros acessíveis, além da circulação vertical com escada corta-fogo e elevadores social e de serviço que dão acessos aos demais pavimentos. CIRCULAÇÃO VERTICAL

1 0 WC’S PNE

GERADOR ESTACIONAMENTO

00 LEGENDA: TRABALHO ABERTO TRABALHO RESTRITO

88 Figura 60. Diagrama explodido de circulação. Fonte: Elaborado pela autora.

-01

LAZER/DESCOMPRESSÃO APOIO/SUPORTE

Figura 61. Diagrama de setorização: Subsolo. Fonte: Elaborado pela autora.

LEGEN


O PROJETO

Já o pavimento térreo concentra boa parte do setor de Lazer/Descompressão que é aberto ao público geral, começando antes mesmo de entrar no interior da edificação com um lobby generoso que precede o acesso do edifício, além de um lounge externo que promove uma gentileza urbana, recuando a edificação para que não fique próxima a calçada, onde estará implantado um food truck que servirá tanto para as pessoas que passam pelo local quanto para os usuários do coworking.

CIRCULAÇÃO VERTICAL

0 0

COPA WC’S

WC’S PNE ARQUIBANCADA/ ESCADA

CAFÉ/BAR

LOBBY

CAFÉ LOUNGE

LOUNGE EXTERNO

Figura 62. Diagrama de setorização: Térreo. Fonte: Elaborado pela autora.

RECEPÇÃO

AoLEGENDA: entrar na edificação estão situados a recepção, próxima a entrada principal, o café/bar,TRABALHO que serviráABERTO para a população e poderá ser um ponto de encontros, além TRABALHO de um lounge que dáRESTRITO suporte a esse café, com mesas onde poderão ser realizadas LAZER/DESCOMPRESSÃO tanto as refeições quanto trabalhos mais informais. No térreo também está localizada umaAPOIO/SUPORTE arquibancada/escada que tem multifuncionalidade, servindo tanto para ter apresentações ou conversas informais quanto de acesso ao primeiro pavimento. Por último está localizado o bloco de serviço que pertence ao setor de Apoio/ Suporte, nele estão inseridos a escada, elevadores, bloco de banheiros, dml e uma copa. Esse bloco de suporte se repete em todos os pavimentos posteriores. Seguindo adiante, no pavimento 01 está localizado o setor de trabalho aberto, em uma área intitulada como “Open

89


workspace”, essa área é destinada para pessoas que desejam utilizar um espaço mais livre e aberto para desenvolver seus projetos. Existem também lockers localizados no centro do pavimento para que os usuários desse espaço possam guardar seus pertences, já que é uma área aberta. Além disso foi pensado em uma área destinada para impressão integrada, as quais se repetem em todos os pavimentos destinados a trabalho e fica em um espaço livre e central, para ser utilizada por todos os usuários do ambiente, evitando a necessidade de deslocamento para uma sala de impressão única destinada a esse serviço. Somado ao open workspace do setor de trabalho aberto, estão localizadas de forma estratégica algumas varandas que pertencem ao setor de Lazer/Descompressão e que dão acesso a vistas externas. Por fim, está o bloco de Apoio/Suporte com circulação vertical, banheiros, dml e copa.

90

LEGENDA:

COPA

TRABALH

WC’S WC’S PNE

CIRCULAÇÃO VERTICAL

1 0 +

LAZER/DE

APOIO/SU

OPEN WORKSPACE PLOTTER LOCKERS

VARANDAS

Figura 63. Diagrama de setorização: Pavimento 01. Fonte: Elaborado pela autora.

TRABALH


O PROJETO

Nos pavimentos 02 e 03 estão concentradas a parte do setor de trabalho restrito do projeto, ambos os pavimentos são quase pavimentos tipos, apenas com algumas modificações. Nesse setor estão dispostas salas de reuniões que são disponibilizadas através de aluguel para profissionais que necessitem de um espaço mais formal para realizar reuniões com clientes, parceiros, fornecedores e para empresas ou qualquer grupo que necessite de um espaço adequado para uma reunião. Somado as salas de reuniões, estão as salas privativas que também serão disponibilizadas através de aluguel e tem o objetivo principal de atender a pequenas empresas de 1 a 4 pessoas, as quais segundo o referencial teórico exposto são as principais que buscam esse tipo de equipamento, além de estudantes que preferem estudar em um local privativo.

LEG

COPA WC’S WC’S PNE

CIRCULAÇÃO VERTICAL

2 0 +

SALA DE REUNIÃO 01

SALA DE CONFERÊNCIAS

ESPAÇO FLEXÍVEL

SALA 01 PLOTTER

VARANDAS Figura 64. Diagrama de setorização: Pavimento 02. Fonte: Elaborado pela autora.

SALA 02 SALA 03

91


Também estão propostos nesse setor através de aluguel um ambiente de estúdio para gravação de vídeos e uma sala de conferências. O primeiro visa atender a recente necessidade de novos profissionais conhecidos como produtores de conteúdo online e “youtubers” que estão iniciando na carreira e costumam não ter um espaço adequado, o qual disponibilize todos os equipamentos necessários para a produção de seus conteúdos. Já a sala de conferências será disponibilizada por aluguel para empresas e instituições que precise de locais adequados para apresentações, palestras e exposições e também para os usuários do espaço, mediante disponibilidade.

Em ambos os pavimentos existe um espaço livre, denominado de “espaço flexível”, estes espaços ficaram em aberto e poderão ser utilizados com diversos layouts de acordo com a necessidade do local, podendo servir como uma área de espera, áreas de LEGENDA: descanso, com mesas para trabalhos informais, apresentações, TRABALHO ABERTOentre outros.

COPA WC’S WC’S PNE

CIRCULAÇÃO VERTICAL

3 0 +

SALA DE REUNIÃO 02

ADMNISTRAÇÃO/DIREÇÃO

ESPAÇO FLEXÍVEL

SALA 04 PLOTTER

92

Figura 65. Diagrama de setorização: Pavimento 03. Fonte: Elaborado pela autora.

VARANDAS

SALA 05 ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO

Por último, no pavimento 03 está a TRABALHO eRESTRITO sala administrativa a sala de direção do coworking, as quais irão servir de suporte para queLAZER/DESCOMPRESSÃO os gestores do edifício aluguem e controlem os espaços. Não foi feita uma área restrita apenas para funcionáAPOIO/SUPORTE rios, visto que as administrações desses equipamentos ganham forte tendência para terceirização, somado a isso, todos os pavimentos disponibilizam todos equipamentos necessários para funcionários, como banheiros, dml, copas e espaços de descanso que foram projetados visando o bem-estar dos usuários e isso deve incluir os funcionários do espaço.


O PROJETO

LEGENDA:

COPA

5.6 IMPLANTAÇÃO E ACESSOS

WC’S CIRCULAÇÃO VERTICAL

4 0 +

WC’S PNE

ESPAÇO DE DESCOMPRESSÃO

ROOFTOP

Figura 66. Diagrama de setorização: Pavimento 04. Fonte: Elaborado pela autora.

Por fim, no último pavimento da edificação, assim como no térreo, está concentrado o setor de Lazer/Descompressão. Nele está situado um espaço de descompressão com jogos e espaços para descanso com puffs e bancos, além de um rooftop com vista externa da edificação. O bloco de Apoio/Suporte com banheiros, dml e copa também se repete neste último pavimento.

TRABALHO ABERTO O fato de o terreno escolhido ser de esquina, com duas frentes, foi uma conRESTRITO diçãoTRABALHO determinante e favorável na implantação da edificação. O edifício está inserido com uma das frentes voltadas LAZER/DESCOMPRESSÃO para uma das mais importantes avenidas de João Pessoa, a Av. Empresário João RoAPOIO/SUPORTE drigues Alves – principal dos Bancários, a qual possui um fluxo intenso de pedestres e veículos durante todo o dia, e a outra frente está voltada para a Rua Comerciante Severino Toscano de Brito, que é uma rua considerada mais calma e com pouco fluxo, tais características foram consideradas como fatores decisórios para a escolha dos acessos ao edifício. Dessa forma, o acesso principal está voltado para a Avenida Empresário João Rodrigues Alves, que recebe um fluxo maior de pedestres, já o acesso secundário ficou voltado para a Rua Comerciante Severino Toscano de Brito, onde foi pensado um lounge externo com um food truck recuando-se os limites da edificação para além dos recuos previstos pela legislação com o intuito de promover a gentileza urbana abrindo-se espa-

93


ço para a população usufruir com conforto desse espaço. Nessa perspectiva, optou-se pela não utilização de muros nas duas fachadas, para que as pessoas possam ter um acesso livre e facilitado a esses espaços, ademais, ambos os acessos possuem rampas acessíveis. A Rua Comerciante Severino Toscano de Brito por ter uma característica de fluxo mais calmo também ficou encarregada do acesso de veículos tanto ao subsolo, quanto a um estacionamento localizado no térreo para carga/descarga rápida.

SUBSOLO

RUA

EMP RE (PRI SÁRIO NCI J PAL OÃO R OD DOS BAN RIGUE CÁR S IOS ALVES )

NTE SEV

OSCANO ERINO T

ERCIA RUA COM

DE BRITO

ESTACIONAMENTO

LEGENDA: 94

ACESSO PRINCIPAL ACESSO SECUNDÁRIO ACESSO DE VEÍCULOS

N

Figura 67. Diagrama explicativo dos acessos. Fonte: Elaborado pela autora.


O PROJETO

No agenciamento foi proposto um piso de concreto com variações de cores e também o uso de gramas e jardins com o intuito de criar caminhos mais humanizados, visto a importância da vegetação no bem-estar humano destacada no referencial teórico. Por fim, a implantação do edifício foi pensada respeitando as condicionantes naturais do terreno, favorável por ser plano, assim como a orientação solar e a observação da direção dos ventos predominantemente sudeste.

5.7 ESTUDO DE VOLUMETRIA 5.7.1 FORMA E VOLUME Os níveis da edificação efetuaram um papel significativo na sua forma final. O pavimento térreo foi implantado apenas 0,40m acima da calçada, visando a facilitação da integração dos pedestres ao edifício. No térreo também foi gerado um vazio com pé direito duplo na parte da entrada do lobby, com o intuito de promover uma sensação agradável ao acesso da edificação. Além disso, optou-se por fazer a entrada do edifício de forma recuada, gerando um térreo elevado mais agradável proporcionado pelo generoso lobby o qual também abrigou uma extensão da laje que desempenha a função de proteger a entrada do edi-

fício contra a incidência direta dos raios solares. Outra decisão que foi determinante para a volumetria final foi recuar a edificação em uma das frentes de forma diagonal, afastando a implantação além dos limites permitidos pela legislação, gerando um lounge externo amigável, de forma a proporcionar gentileza urbana. Os demais pavimentos estão conectados diretamente pelo vazio gerado pelo pé direito duplo no pavimento térreo que segue até o último pavimento, fazendo

com que os ambientes circundem esse vazio. Por fim, optou-se por recuar o rooftop localizado no último pavimento, com a intenção de proporcionar uma vista mais agradável a volumetria do edifício. Somado a isso, o jogo de varandas e brises de proteção para as esquadrias também desempenham um papel fundamental na volumetria, além da sua principal função, que é proporcionar conforto térmico ao edifício. Portanto, todas essas decisões foram determinantes para o partido final. LEGENDA:

CAIXA D’ÁGUA NÍVEL +20.30

CAIXA D’ ÁGUA

QUARTO PAVIMENTO NÍVEL +13.20

ROOFTOP

TERCEIRO PAVIMENTO NÍVEL +10.00

TRABALHO RESTRITO

TRABALHO RESTRITO

SEGUNDO PAVIMENTO NÍVEL +6.80

TRABALHO RESTRITO

TRABALHO RESTRITO

PRIMEIRO PAVIMENTO NÍVEL +3.60

TRABALHO ABERTO

TRABALHO ABERTO

LOBBY

CAFÉ LOUNGE

TÉRREO NÍVEL +0.40 SUBSOLO NÍVEL -3.20

ABERTURA DE LUMINAÇÃO

DESCOMPRESSÃO

TRAB

TRAB

LAZE

APOI

ESTACIONAMENTO

95 Figura 68. Corte esquemático dos níveis do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.


RECUO DO ROOFTOP

FORMATO DIAGONAL EXTENSÃO DA LAJE

RECUO GERADO PELO LOUNGE EXTERNO 96

TÉRREO ELEVADO Figura 69. Diagrama explicativo das decisões volumétricas. Fonte: Elaborado pela autora.


O PROJETO

5.7.2 CIRCULAÇÃO A circulação do edifício foi projetada com o intuito de que alguns ambientes se confundissem com a circulação livre, tentando deixar ela a mais aberta possível, principalmente no pavimento térreo e no último pavimento. Nos demais pavimentos destinados a trabalho essa circulação de pessoas gira em torno do vazio gerado pelo fosso de iluminação que contempla o primeiro pavimento até o último.

Outro ponto relevante é a existência de uma única circulação vertical que é encarregada pelo fluxo de pessoas entre pavimentos, indo desde o subsolo até o último pavimento, o que faz com que a logística do fluxo de circulação seja a mais compreensível possível. Essa circulação em conjunto ao bloco de banheiros foi propositalmente implantada na fachada oeste da edificação, por serem espaços de curta permanência.

LEGENDA: CIRCULAÇÃO DE PESSOAS CIRCULAÇÃO VERTICAL O AÇÃ L U CIRC IS LIVRE MA

BLOCO DE BANHEIROS

IO VAZ ÃO LAÇ U C CIR RTICAL VE

E OD S C O BL EIRO H BAN

97

N

Figura 70. Diagrama explicativo da circulação. Fonte: Elaborado pela autora.


5.8 ESTACIONAMENTO O estacionamento possui capacidade de 29 vagas de automóveis, distribuídas entre o subsolo e o térreo. Optou-se por utilizar algumas vagas no pavimento térreo com o intuito de proporcionar uma

TÉRREO 08 VAGAS DE AUTOMÓVEIS 10 VAGAS DE BICICLETA

SUBSOLO 21 VAGAS DE AUTOMÓVEIS

98 Figura 71. Diagrama explicativo do estacionamento. Fonte: Elaborado pela autora.

carga/descarga rápida para os usuários que só precisam deixar alguém no local ou estão apenas de passagem e preferem não utilizar o subsolo, porém essas vagas foram localizadas estrategicamente e não comprometeram o livre espaço público do térreo, visto que foi adotada

em apenas uma fachada, além de o edifício possuir outros artifícios de espaço público como o lobby e o lounge externo. Também foi optado por locar o bicicletário no pavimento térreo para facilitar o acesso dos ciclistas que não precisarão se locomover com a bicicleta até o subsolo.


O PROJETO

5.9 SISTEMA ESTRUTURAL A estrutura do edifício é composta por pilares metálicos de (25x25cm) nos espaços internos da edificação, e pilares metálicos de (40x40cm) nas extremidades da edificação, essa diferença foi feita para compensar a existência de um vão livre maior na parte diagonal do edifício, pois colocar mais pilares nesse vão comprometeria a existência de circulação em um subsolo. As vigas também são metálicas e de tamanho único (40x20cm). Para a laje foi escolhido o sistema alveolar pré-fabricado de concreto (20cm) que possibilita o alcance de vãos maiores, que podem chegar até a 20 metros, sendo superiores a laje maciça. No pavimento térreo, os pilares que compõem o lobby foram revestidos de madeira em formato circular, pois proporciona um aspecto mais agradável a entrada do edifício. Ainda no pavimento térreo, o lounge externo possui a continuação da estrutura me-

tálica que vem do subsolo e abriga uma coberta translucida de forma a proteger da chuva sem perder a sensação de estar num local ao ar livre. Em relação a proteção da abertura da laje que vai do primeiro pavimento até a coberta foi optado por uma estrutura metálica com telha de policarbonato, possibilitando a entrada de iluminação e ventilação natural. A escolha desse sistema estrutural metálico corresponde ao fato de que pri-

meiramente ele permite vãos maiores com estruturas mais esbeltas, somado a isso, quando comparadas a estruturas de concreto, as estruturas metálicas proporcionam a um edifício de múltiplos pavimentos cerca de 20% menos cargas de fundações do que nos edifícios de concreto armado, por fim, o aço é 100% reciclável podendo ser desmontado e reutilizado e uma construção composta por estrutura metálica pode levar até 40% menos tempo que construções de concreto armado.

TELHA DE POLICARBONATO VIGA METÁLICA (40x20cm) PILAR METÁLICO (25x25cm) TELHA TRANSLÚCIDA

PILAR METÁLICO (40x40cm) LAJE ALVEOLAR PRÉ-FABRICADA (20cm) 99 Figura 72. Perspectiva Sudeste – estrutura do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.


TELHA DE POLICARBONATO VIGA METÁLICA (40x20cm) PILAR METÁLICO (25x25cm)

PILAR METÁLICO (40x40cm) LAJE ALVEOLAR PRÉ-FABRICADA (20cm)

Figura 73. Perspectiva Sudoeste – estrutura do projeto. Fonte: Elaborado pela autora.

5.10 CONCEITOS ESTUDADOS PELA NEUROARQUITETURA APLICADOS AO PROJETO 5.10.1 VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAL

100

Como ressaltado no referencial teórico, a ventilação e a iluminação natural são uma questão que comprovadamente influencia diretamente no comportamento dos usuários de um espaço, principalmente no bem-estar, um quesito que sempre foi importante para os projetos, agora se torna indispensável em

espaços de trabalho. Dessa forma, a ventilação se apresentou como um critério fundamental na concepção do edifício. As duas frentes da edificação estão voltadas para o lado Sul e o lado Leste, o que favoreceu a implantação de varandas e aberturas em toda extensão das duas fachadas, proporcionando iluminação e ventilação natural as áreas de maior permanência do projeto, o que implica em uma maior autonomia climática ao edifício.


O PROJETO

FACHADA LESTE FACHADA SUL

RUA

EMP RE (PRI SÁRIO J NCI PAL OÃO RO DOS D BAN RIGUE S CÁR IOS) ALVES

E ERCIANT RUA COM

NO O TOSCA SEVERIN

DE BRITO

N

LEGENDA: VENTOS PREDOMINANTEMENTE SUDESTE

Além da observação da ventilação predominante na implantação dos espaços, a abertura na laje proporcionada pelo pé direito do térreo que vai até a cobertura do edifício desempenha um papel fundamental em relação ao conforto térmico e ao maior aproveitamento da iluminação natural

Figura 74. Diagrama referente aos sentidos da ventilação. Fonte: Elaborado pela autora.

na edificação, esse vazio somado as diversas aberturas posicionadas nas fachadas Sul e Leste intensificam e estimulam a circulação do ar e a entrada de iluminação natural no interior dos ambientes, somado a isso, essa abertura ainda funciona como um exaustor, liberando o ar quente do edifício.

101


ABERTURA ABERTURA

ABERTURA

ABERTURA

LEGENDA:

TÉRREO

AR FRIO AR QUENTE 102 Figura 75. Corte esquemático do fosso de ventilação. Fonte: Elaborado pela autora.


O PROJETO

5.10.2 VEGETAÇÃO A importância da presença do verde nos ambientes de trabalho não é mais um discurso amparado em “achismo” ou capricho do projetista, estudos científicos comprovam que a presença da vegetação contribui para elevação do bem-estar, diminuição do estresse e consequentemente reflete no aumento da produtividade, e isso não pode mais ser ignorado na concepção de ambientes de trabalho. Dessa forma, essa foi uma preocupação presente em toda extensão da edificação.

N

LEGENDA: ESQUADRIAS Figura 76. Diagrama explicativo das jardineiras – Perspectiva Sudoeste. Fonte: Elaborado pela autora.

JARDINEIRAS

103


Figura 77. Diagrama explicativo das jardineiras – Perspectiva Sudeste. Fonte: Elaborado pela autora.

LEGENDA: ESQUADRIAS JARDINEIRAS

RU AE

MP R (PR ESÁR INC IO IPA JOÃ LD O OS ROD BA NC RIGU ÁR ES IOS ALV ) ES

104

Logo na entrada do edifício, foram posicionadas jardineiras que ficam próximas tanto para quem está no Lobby quanto para a recepção e o café que possuem vistas diretas para essas jardineiras. Optou-se também por deixar a maior parte do recuo da fachada principal, que é a fachada mais vista, com solo natural e vegetação. Nos demais pavimentos foram posicionadas estrategicamente jardineiras em todas as esquadrias

N

O RIN EVE S O TE IAN BRIT ERC O DE M CO CAN RUA TOS

propostas, proporcionando esse contato direto com a vegetação a todo edifício. Além de todos os benefícios da vegetação em ambientes de trabalho citados no referencial teórico, as jardineiras, quando posicionadas próximas as esquadrias, são eficientes para a absorção dos poluentes de ambientes fechados, servindo como uma espécie de filtro de poeira, somado a isso, elas desempenham a função de elemento sombreador


O PROJETO

e ainda são capazes de diminuir as trocas térmicas com o exterior, aumentando a umidade do ar e criando barreiras contra poluição sonora e atmosférica.

5.10.3 ESQUADRIAS E VEDAÇÕES Na fachada oeste, que fica sob maior incidência de insolação, foram implantadas janelas altas concentradas na parte de serviço do edifício como circulação vertical, dml e banheiros, as quais foram localizadas nessa fachada por serem áreas de curta permanência. Poucas áreas de trabalho ficaram na fachada oeste, como a sala de conferências e a sala administrativa, mas ambas são protegidas tanto pelas jardineiras, quanto posteriormente por elementos fixos que recobrem todas as esquadrias N dessa fachada, funcionando como um filtro para amenizar a incidência solar direta. LEGENDA:

PROTEÇÕES SOLARES/ACÚSTICAS ESQUADRIAS Figura 78. Diagrama explicativo das proteções solares – Perspectiva Sudoeste. Fonte: Elaborado pela autora.autora.

JARDINEIRAS

105


Figura 79. Diagrama explicativo das proteções solares – Perspectiva Sudeste. Fonte: Elaborado pela autora.

LEGENDA: PROTEÇÕES SOLARES/ACÚSTICAS ESQUADRIAS JARDINEIRAS

ÁREA DE TRABALHO CONCENTRADA (BAIXO RUÍDO)

NO

ERI SEV O E T IAN BRIT ERC O DE M CO CAN RUA TOS

RU AE

MP R (PR ESÁ INC RIO IPA JO L D ÃO OS RO BA DRI NC GU ÁR ES IOS AL VE ) S

106

Já em relação as fachadas Sul e Leste, foram implantados a maior parte dos espaços de trabalho, devido a ventilação natural predominante, principalmente na fachada Leste, localizada na rua Comerciante Severino Toscano de Brito, por ser uma via mais calma, com baixo ruído de automóveis. Mesmo vantajosas pela posição privilegiada, em todas as esquadrias das fachadas foram colocadas proteções solares após as jardineiras, sendo a maior parte delas compostas por brises mó-

N

veis, que além de desempenhar o seu papel principal como protetor térmico, protegendo a fachada dos raios solares, ainda podem influenciar no desempenho acústico das fachadas, servindo com uma espécie de barreira acústica. Por fim, todas as esquadrias das fachadas Sul e Leste são de correr e a maioria possuem bandeiras com aberturas basculantes.


O PROJETO

VARANDA

ESPAÇO DE TRABALHO

VARANDA

ESPAÇO DE TRABALHO

VARANDA

ESPAÇO DE TRABALHO

107 Figura 80. Corte esquemático das varandas e brises. Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 81. Corte esquemático das jardineiras e brises. Fonte: Elaborado pela autora.


5.11 MATERIAIS

A

DE POLIC

BONATO AR

TELH

As cores e os materiais escolhidos se inspiram no movimento brutalista. Foram utilizados o concreto, a madeira, o vidro e a estrutura metálica preta que proporcionam uma pegada industrial ao edifício, muito comum em diversos correlatos estudados. No interior da edificação foram utilizados tons neutros e claros nas pa-

DEIRA MA

redes, já nos pisos, foi optado por um piso vinílico que imita cimento queimado, o qual possui diversas vantagens, dentre elas ser antialérgico, com alta durabilidade e principalmente pelo seu conforto acústico, sendo um potencial abafador de ruídos, ideal para espaços de trabalho em especial os abertos. Na parte de serviço, como banheiros e copas foi optado pelo uso do porcelanato. Por fim, o estacionamento no térreo é composto por cobograma.

NCRETO CO

URA MET UT

ESMER MA

DA AL

GRA

OGRAM OB

A

C

ICA ÁL

ESTR

VIDRO

108 CO

O VINÍLI PIS

Figura 82. Diagrama esquemático dos materiais. Fonte: Elaborado pela autora.




ESPACIALIDADE


6.

ESPACIALIDADE 6.1 ACESSOS: LOBBY E LOUNGE EXTERNO

As duas entradas do edifício se dão por meio de um lobby e um lounge externo e levam diretamente a recepção e ao lounge do café. Foi priorizada a vegetação na entrada principal que possui uma fachada mais vista, de forma a tornar esse caminho mais humanizado, essa entrada principal foi recuada proporcionando um lobby generoso onde possam acontecer encontros e conversas informais ou até mesmo só espairecer por um momento. Já no segundo acesso, foi implan112 Figura 83. Perspectiva da entrada principal. Fonte: Elaborado pela autora.

tando um lounge externo com um food truck que recua os limites do terreno e servem tanto para a população local, gerando uma gentileza urbana, quanto para os usuários daquele espaço, sendo mais um local de descompressão.


ESPACIALIDADE

113 Figura 84. Perspectiva do lobby. Fonte: Elaborado pela autora.


114

Figura 85. Perspectiva da entrada secundária. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

Figura 86. Perspectiva do lounge externo. Fonte: Elaborado pela autora.

115


6.2 RECEPÇÃO, CAFÉ E ARQUIBANCADA/ ESCADA

116

Ao entrar na edificação os primeiros ambientes são a recepção, o café e uma arquibancada/escada. A recepção foi posicionada próxima a entrada do lobby, assim como o café que possui o pé direito livre proporcionado pela abertura da laje, ambos possuem vistas diretas para a vegetação. Além disso, existem lounges com mesas que dão suporte ao café, aberto a população e servindo como ponto de refeições, encontros e até mesmo trabalhos informais. A arquibancada/escada tem multifuncionalidade, tanto pode ser útil como um espaço de descontração entre amigos quanto de acesso para o primeiro pavimento, o qual também é um pavimento aberto ao público, facilitando essa livre circulação.

Figura 87. Perspectiva da recepção. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

117 Figura 88. Perspectiva do café. Fonte: Elaborado pela autora.


118

Figura 89. Perspectiva do lounge do café 01. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

Figura 90. Perspectiva do lounge do café 02. Fonte: Elaborado pela autora.

119


6.3 ESPAÇOS DE TRABALHO Os ambientes de trabalho são determinados de acordo com a necessidade de cada usuário, possuindo tanto espaços de trabalho abertos, como espaços de trabalho restritos. Todos eles foram

pensados cuidadosamente para que estivessem com iluminação natural e vegetação em toda sua extensão, além disso, mesmo o edifício possuindo espaços específicos para descompressão, varandas

e lounges de descanso são posicionados nos pavimentos dos espaços de trabalho para momentos de descontração.

120 Figura 91. Perspectiva do open workspace 01. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

121 Figura 92. Perspectiva do open workspace 02. Fonte: Elaborado pela autora.


122 Figura 93. Perspectiva do open workspace 03. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

123 Figura 94. Perspectiva das áreas de descanso. Fonte: Elaborado pela autora.


124 Figura 95. Perspectiva da varanda. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

125 Figura 96. Perspectiva da sala de reunião. Fonte: Elaborado pela autora.


126 Figura 97. Perspectiva do estúdio de gravação. Fonte: Elaborado pela autora


ESPACIALIDADE

127 Figura 98. Perspectiva da sala privativa. Fonte: Elaborado pela autora.


6.4 ROOFTOP E ESPAÇO DE DESCOMPRESSÃO Por último, estão o rooftop e o espaço de descompressão. O rooftop é um terraço localizado no último pavimento e foi projetado com a intenção de possibilitar integração e convivência entre

os funcionários e os usuários do espaço, circundando o vazio que proporciona uma vista completa do edifício. Além disso, essa área pode ser utilizada como espaço de contemplação da

paisagem local e está diretamente ligada ao espaço de descompressão, que também é uma área para descanso, diversão e interação entre os usuários.

128 Figura 99. Perspectiva do rooftop 01. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

129 Figura 100. Perspectiva do rooftop 02. Fonte: Elaborado pela autora.


130 Figura 101. Perspectiva do espaço de descompressão 01. Fonte: Elaborado pela autora.


ESPACIALIDADE

131 Figura 102. Perspectiva do espaço de descompressão 02. Fonte: Elaborado pela autora.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho surgiu diante a curiosidade e a inquietação frente a falta de informações e conhecimento que ainda permeiam o tema da Neuroarquitetura e espaços colaborativos, os quais são considerados por muitos como temáticas recentes, apesar de já existirem a um tempo considerável. Com as rápidas mudanças proporcionadas por um mundo globalizado, os espaços de trabalho se moldam e se transformam de modo cada vez mais rápido com o intuito de se adaptar à expectativa das pessoas. Dessa forma, empresas e pessoas já começam a estar cientes da importância da escolha do local de trabalho e passam a buscar espaços que se adequem de forma precisa aos seus objetivos profissionais. A partir do referencial teórico e das pesquisas realizadas durante o desenvolvimento do trabalho compreende-se que o mercado de espaços colaborativos se encontra em forte ascensão nas cidades brasileiras e edifícios que adotam esse modelo têm apresentado diversas vantagens nas demais localidades.

134

Aliado a isso, o estudo da neurociência aplicada à arquitetura possibilita que os projetos arquitetônicos de ambientes de trabalho sejam planejados de forma mais objetiva e precisa, podendo reforçar as habilidades cognitivas dos usuários, estimular a memória, além de diminuir o estresse e proporcionar saúde e bem-estar. Sendo assim, as compreensões das reações humanas fornecem aos arquitetos instrumentos poderosos para que possam projetar edificações que atendam seus objetivos de forma mais categórica, isso não implica em dizer que a Neuroarquitetura se propõe a suprimir a intuição dos arquitetos, mas ela pode sem dúvidas ser útil como uma fundamental ferramenta de projeto. Por fim, considerando a carência de espaços colaborativos bem planejados na cidade de João Pessoa, este trabalho final de graduação propõe-se a melhor compreender o funcionamento desses espaços, suas necessidades e assim contribuir com as discussões acerca do tema.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

135



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Sem 1999.

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Depressão cresce no mundo, segundo OMS; Brasil tem maior prevalência da América Latina. G1, 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/noticia/depressao-cresce-no-mundo-segundo-oms-brasil-tem-maior-prevalencia-da-america-latina.ghtml>. Acesso em: 15 jan. 2020.

ANFA. The Academy of Neuroscience for Architecture, 2020. Página inicial. Disponível em: <http://www.anfarch.org/> Acesso em 2020. Ansiedade e depressão: empresas deixam de notificar doença mental. ANAMT, 2019. Disponível em: <https://www.anamt. org.br/portal/2019/02/12/ansiedade-e-depressao-empresas-deixam-de-notificar-doenca-mental/>. Acesso em 15 Jan. 2020. BEDROSIAN T.; NELSON R.J. Timing of light exposure affects mood and brain circuits. Transl Psychiatry. 2017. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5299389/#:~:text=Converging%20evidence%20suggests%20that%20circadian,neurotransmission%20and%20 clock%20gene%20expression>. Acesso em 12 Set. 2020. Censo Coworking Brasil 2019. Coworking Brasil, 2020. Disponível em: <https://coworkingbrasil.org/censo/2019/>. Acesso em 02 Fev. 2020. COWORKING THE CORNER. Archdaily, 2020. Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/919907/escritorio-the-corner-dea-design>. Acesso em 13 Set. 2020. 138

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E.; KELLERT, Nova York:

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Har1984.

S. “The Biophilia Shearwater Press.

Hypo1995.




APÊNDICES


146

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PLANTA DE COBERTA ESCALA 1:200

PRANCHA 1/15

MOSCA:


APÊNDICES

01. Estacionamento (21 vagas) 02. Elevador de Serviço 03. Elevador Social 04. DML 05. Escada 06. WC PNE 07. Gerador

01

02 07 04 05

03

06 06

147

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PLANTA BAIXA SUBSOLO ESCALA 1:200

PRANCHA 2/15

MOSCA:


08. Lobby 09. Recepção 10. Café/Bar 11. Café Lounge 12. Arquibancada 13. WC PNE 14. WC 15. Copa 16. Elevador de Serviço 17. Elevador Social 18. DML 19. Escada 20. Lounge externo 21. Estacionamento (08 vagas) 22. Bicicletário

22 21 20

09

08

11 12 13

13

10

15 16

14

14

17

18 19

148

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PLANTA BAIXA TÉRREO ESCALA 1:200

PRANCHA 3/15

MOSCA:


APÊNDICES

24

23. Open workspace 24. Plotter 25. Área de descanso 26. Varandas 27. WC PNE 28. WC 29. Copa 30. Elevador de Serviço 31. Elevador Social 32. DML 33. Escada

26

23

26 27

27

29

25 30

28

28

31

32 33

26

149

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PLANTA BAIXA PAV. 01 ESCALA 1:200

PRANCHA 4/15

MOSCA:


38 37

34. Espaço flexível 35. Sala de reunião 01 36. Sala 01 37. Plotter 38. Sala 02 39. Sala 03 40. Sala de conferências 41. Varandas 42. WC PNE 43. WC 44. Copa 45. Elevador de Serviço 46. Elevador Social 47. DML 48. Escada

39 41

36 34

41

35 42

44

42

45 43

43

46 40

47 48

150

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PLANTA BAIXA PAV. 02 ESCALA 1:200

PRANCHA 5/15

MOSCA:


APÊNDICES

53

54

52

57

51 49 50 59

59

57

61 62

60

49. Espaço flexível 50. Sala de reunião 02 51. Sala 04 52. Plotter 53. Sala 05 54. Estúdio de gravação 55. Sala adminstrativa 56. Direção 57. Varandas 58. Área de espera 59. WC PNE 60. WC 61. Copa 62. Elevador de Serviço 63. Elevador Social 64. DML 65. Escada

60

64 65

63 56

55

58

151

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PLANTA BAIXA PAV. 03 ESCALA 1:200

PRANCHA 6/15

MOSCA:


66. Espaço de descompressão 67. Rooftop 68. WC PNE 69. WC 70. Copa 71. Elevador de Serviço 72. Elevador Social 73. DML 74. Escada

67 66

68

70

68

71 69

69

72

73 74

152

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PLANTA BAIXA PAV. 04 ESCALA 1:200

PRANCHA 7/15

MOSCA:


APÊNDICES

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Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

CORTE AA ESCALA 1:200

PRANCHA 8/15

MOSCA:


154

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

CORTE BB ESCALA 1:200

PRANCHA 9/15

MOSCA:


APÊNDICES

155

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

CORTE CC ESCALA 1:200

PRANCHA 10/15

MOSCA:


156

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

CORTE DD ESCALA 1:200

PRANCHA 11/15

MOSCA:


APÊNDICES

157

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

CORTE EE ESCALA 1:200

PRANCHA 12/15

MOSCA:


158

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

FACHADA LESTE ESCALA 1:200

PRANCHA 13/15

MOSCA:


APÊNDICES

159

Neuroarquitetura

FACHADA OESTE

ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

PRANCHA 14/15

aplicada a um ambiente colaborativo:

ESCALA 1:200

MOSCA:


160

Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB

FACHADA SUL ESCALA 1:200

PRANCHA 15/15

MOSCA:


APÊNDICES

161


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APÊNDICES

163


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APÊNDICES

165


166


APÊNDICES

167


Neuroarquitetura aplicada a um ambiente colaborativo: ANTEPROJETO DE UM COWORKING EM JOÃO PESSOA - PB


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