UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO II
Prof. Dra. Lúcia Zanin Shimbo Prof Dr. Givaldo Luiz Medeiros
Este caderno é parte do processo de desenvolvimento do Trabalho de Graduação Integrado para conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo
AGRADECIMENTOS
À Deus por me permitir chegar ao fim desse ciclo e estar presente durante toda a trajetória desse sonho que agora se realiza. Aos meus pais, que em todo momento acreditaram em mim e deram o suporte necessário para seguir em frente, com coragem, vontade e fé. Aos irmãos, que mesmo de longe, participaram da minha formação. Aos professores do IAU, em especial a Lúcia e Givaldo pelo suporte teórico. Às equipes da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas e da Estação Cultura, que gentilmente se colocaram à disposição, cedendo material de levantamento e informações. Aos amigos da ARQ 010, que se fizeram presentes e marcantes nos mais variados momentos, nas brincadeiras, nas noites viradas, nas discussões de projeto, etc.
13 INTRODUÇÃO 27 CONCEITOS 45 LUGAR 71 PROJETO 103 REFERÊNCIAS
introdução
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PRÉ- TGI
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Para compreender as diferentes posturas em relação ao lugar foram se desenvolvendo com o passar do tempo, se fez necessário, primeiramente, recuar, de forma a tentar compreeender o que é o lugar. Nessa chave se coloca a definição do arquiteto e historiador norueguês Christian Norberg-Schulz, de que o lugar seria uma “concreta manifestação do habitar humano e o espaço só se torna um lugar no momento em que ele é ocupado pelo homem, física e simbolicamente” (REIS-ALVES, 2007) Segundo TUAN : “O espaço transforma-se em um lugar à medida que adquire definição e significado” e essa empatia pode se dar ao longo do tempo por três formas: a partir do tempo em que vivemos nesse lugar; o lugar sendo uma pausa temporal no movimento (um “abrigo”), lugar como pertencente à memória, como sendo o marco do tempo tornado visível. (TUAN, 1983 apud REIS-ALVES, 2007) Harvey (1989) coloca que “espaço e tempo são categorias básicas da existência humana”. Ao citar Bachelard , o autor fala sobre o espaço da imaginação, o “espaço poético” que é associado, segundo Harvey, pelos psicólogos como o espaço afetivo: “as lembranças
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são imóveis e quanto mais seguramente fixadas no espaço, tanto mais sólidas são.” (HARVEY, 1989, p. 200) Na obra de Lefebvre “La production de l’espace” três dimensões características do espaço são identificadas por Harvey, como sendo o vivido (nos quais as “práticas espaciais materiais se referem aos fluxos, transferências e interações físicos e materiais que ocorrem no e ao longo do espaço de maneira a garantir a produção e a reprodução social”); o percebido (“as representações dos espaço compreendem todos os signos e significações, códigos e conhecimentos que permitam falar sobre essas práticas materiais e compreende-las”); e o imaginado (“os espaços de representação são invenções mentais que imaginam novos sentidos ou possiblidades para práticas espaciais”). (idem, ibidem, p. 201) De acordo com Stefania Souza (2012), o espaço “está essencialmente vinculado com a reprodução das relações sociais de produção.” Nessa linha, Harvey aponta que cada modo distinto de produção ou formação social incorpora-se uma série específica de práticas e conceitos do tempo e do espaço: As teorias sociais (e penso aqui as tradições que emanam de Marx, Weber, Adam Smith e Marshall) privilegiam tipicamente em suas formulações o tempo. Elas em geral supõem ou a existência de alguma ordem especial preexistente na qual operam processos temporais, ou que as barreiras espaciais foram reduzidas a tal ponto que tornaram o espaço um aspecto contingente, em vez de fundamental, da ação humana. (HARVEY, 1989, p. 190)
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o lugar no decorrer do tempo
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A partir do entendimento do seu conceito, passa-se à necessidade de entender como essa questão do lugar na arquitetura foi enfrentada com o passar do tempo até os dias atuais. O genius loci se coloca desde a antiguidade, com os egípcios, que se “inspiraram” no entorno para pensar a forma das pirâmides. Dando um grande salto, pode-se pensar nos Modernos e o pensamento de terra arrasada, reconstruindo cidades a partir do zero. Os defensores das Megaestruturas propunham uma nova camada, para além do tecido constituído, independente dele. O italiano Aldo Rossi pensa numa articulação de elementos da memória, do locus (em sua capacidade de significar) e do desenho. No Regionalismo Crítico proposto por Frampton (1983), é possível pensar não num estilo ou período histórico, mas numa forma de resistência à universalização da cultura; seria uma estratégia arquitetônica a fim de buscar uma articulação dos valores regionais com a modernização. Dentro dessa chave, pode-se colocar releituras, aplicação de conceitos construtivos locais (não de forma literal ou direta), “assentamento” da obra no terreno, reinterpretações de conceitos, camadas de leitura (não-descortinamento imediato
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da obra), etc. O contextualismo se colocou como integração da arquitetura com a cidade, de sua malha original e de seu valor histórico, de forma a buscar adaptações ao sítio, à sua escala e às colagens pautadas nas preexistências (DANTAS, 2007, p. 29), ou como Otília Arantes coloca: uma arquitetura situada. Essas ordenações simbólicas do espaço, e suas alterações, ao longo do tempo podem fornecer experiências mediante as quais podemos apreender quem ou o que somos na sociedade (HARVEY, 1989, p. 197), uma vez que as teorias sociais tiveram como foco os processos de mudança social, modernização e de revolução (técnica, social, política). Sendo assim, Harvey coloca a pergunta: “Como os usos e significados do espaço e do tempo mudaram com a transição do fordismo para a acumulação flexível?” e como resposta, elabora uma narrativa partindo do desenvolvimento de dois principais pontos da arena de consumo: a aceleração do ritmo de consumo ditado pela mobilização do mercado da moda e a outra tendência foi a passagem do consumo de bens para o consumo de serviços. Como consequência dessas mudanças teve-se que enfatizar a volatilidade e efemeridade de modas, modos e técnicas produtivas, ideologias, valores e práticas já estabelecidas. (idem, ibidem, p. 258) Valores e virtudes como instantaneidade e descartabilidade também foram acentuados de modo que “as pessoas foram forçadas a lidar com a descartabilidade, a novidade e as perspectivas de obsolescência instantânea”, não só de bens produzidos, mas também valores, relacionamentos, lugares e modos de agir. A dificuldade sobre o capitalismo – dada a sua inclinação para a fragmentação e a efemeridade, em meio aos universais da monetização,
do intercâmbio de mercado e da circulação de capital – é encontrar uma mitologia estável que exprima seus valores e sentidos inerentes. (HARVEY, 1989, p. 200)
Essa efemeridade e a capacidade de comunicabilidade instantânea dos espaços passam a ser virtudes exploradas e apropriadas pelos capitalistas para os seus próprios interesses. A hipótese aqui defendida é a que a supermodernidade é produtora de não-lugares, isto é, de espaços que não são em si lugares antropológicos e que, contrariamente à modernidade baudelairiana, não integram os lugares antigos: estes, repertoriados, classificados e promovidos a “lugares de memória”, ocupam aí um lugar circunscrito e específico. (AUGÉ, 1994, p. 73)
Augé coloca como não-lugares realidades complementares, contudo distintas: “espaços constituídos em relação a certos fins (transporte, trânsito, comércio, lazer) e a relação que os indivíduos mantém com esses espaços.” (idem, ibidem, p. 87) Harvey irá afirmar que o aumento da competição entre os lugares deveria gerar espaços variados, em resposta à homogeneidade das trocas internacionais, porém o que se produz é o que, segundo ele, Boyer (1988) chamaria de monotonia “serial” e “recursiva”, de modo a gerar, a partir de padrões ou moldes já conhecidos, lugares com características muito semelhantes em termos de ambiente em cidades diferentes (HARVEY, 1989, p. 266) Espaços de universos bem diferentes parecem decair uns nos outros, mais ou menos da mesma forma como as mercadorias do mundo são
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agregadas no supermercado e como toda espécie de subcultura se justapõe na cidade contemporânea. (idem, ibidem, p. 271)
Frente a essas condições de saturação de informação e de espaços polifuncionais (já que têm o caráter de agregar serviços distintos – aeroportos são também hipermercados, hipermercados tem farmácias, etc – confunde-se cada vez mais a noção do que é de domínio público e o que é de domínio privado. Usufrui-se de shopping-centers ou instalações temáticas (ilusórias) como se fossem um parque, ou uma praça, atribuindo-lhes caráter de lugar público, sendo que na verdade são privados, voltados para trocas comerciais. A afirmação de qualquer identidade dependente de lugar tem de apoiarse em algum ponto no poder motivacional da tradição. É, porém, difícil manter qualquer sentido de continuidade histórica diante de todo o fluxo e efemeridade da acumulação flexível. A ironia é que a tradição é agora preservada com frequência ao ser mercadificada e comercializada como tal. A busca de raízes termina, na pior das hipóteses, sendo produzida e vendida como imagem, como um simulacro ou pastiche [...] (idem, ibidem, p. 273)
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identidade e lugar
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A identidade passa a ter um papel importante perante a colagem de imagens espaciais sobrepostas, pois “quanto maior a efemeridade, tanto maior a necessidade de descobrir ou produzir algum tipo de verdade eterna que nela possa residir”, isto é, volta-se para instituições e hábitos ou valores que tenham um caráter mais duradouro como, por exemplo, a família, raízes históricas ou religiosas, etc. O habitar, segundo Souza (2012), guarda a dimensão de uso e, nesse sentido, tem em sua razão dada pela “reprodução da vida, tratando-se do espaço concreto dos gestos, do corpo, que constrói a memória, porque cria identidades, através dos reconhecimentos, pois aí coabitam objetos e o corpo”. Nessa perspectiva, coloca-se a importância da preservação da memória como forma para que se garantisse não só a própria identidade do indivíduo, mas também a sua ligação a uma coletividade, atual e histórica, bem como o sentimento de pertencimento que para que, assim, se configure o enraizamento não apenas no tempo, mas também no espaço. (ALMEIDA, 2009, p. 8)
conceitos
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UNIVERSO PROJETUAL
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Traçado esse panorama, colocou-se inicialmente a questão de que tipo de sociabilidade se desenvolve nos lugares de hoje e qual o tipo de vínculo que esses espaços estabelecem com os usuários. Como tentativa de buscar alternativas a essas questões, foram analisados, primeiramente, três projetos com enfoques distintos a fim de traçar diferentes leituras sobre as possibilidades de atuação. Os projetos são: o equipamento de lazer Teruel-zilla, o SESC Pompéia e o Terminal Portuário Internacional de Yokohama. Destrinchando os projetos, é possível ler ações e elementos como dobras do terreno, percursos, permeabilidade, embasamento contextual e histórico, tênue limiar do que é o interior e o exterior da obra, articulação com o entorno, entre outros pontos. O equipamento de lazer Teruel-zilla, projetado pelos escritórios Mi5 Arquitectos e do PKMN, foi concluído em 2012 e está localizado na Plaza de Domingo Gascón, na cidade de Teruel, na Espanha; cidade essa com histórico de escavações arqueológicas e onde foi descoberto o primeiro dinossauro da Península Ibérica. Na praça em que foi construído, havia pouco espaço público devido à existência de um antigo galpão que anteriormente funcionava como
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mercado. Não havia o interesse em preservar o antigo mercado, mas a sua memória foi preservada, de forma indireta, através do gesto arquitetônico de colocar o programa (constituído por auditório, hall de esportes, central turística, restaurante e bar) no espaço que corresponderia ao volume dessa construção enterrada – o fato de escavar o solo também remete à história da cidade. Enterrar o antigo mercado permitiu criar um grande equipamento público (interior e exterior, na praça conformada na cobertura) sem interferir bruscamente no tecido urbano existente no centro da cidade velha. As rampas e escadas conduzem o deslocamento do corpo, num caminhar fluido pelo espaço.
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Ao lado, esquema das ações adotadas a partir da leitura do projeto e, abaixo, foto oto do projeto contruído (FONTE: http:// adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/ uploads/2012/07/1341935824_1204_ mi5_pkmn_teruel_005.jpg
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O SESC Pompéia, projeto de Lina Bo Bardi, é inaugurado em 1982, na antiga Chácara Bananal vendida para a Indústria Brasileira de Embalagens (IBESA) em 1939. No ano de 1967 a indústria encerra suas atividades e em 1976 Lina é convidada para fazer o projeto. Com sensibilidade, a arquiteta entende que a população já havia estabelecido vínculos com o lugar, que funcionava de forma provisória desde 1973. “Pode-se dizer que as construções aliadas à ambientação estavam arraigadas na memória das pessoas que, familiarizadas, estabeleciam vínculos afetivos com a estrutura existente”. (FERRAZ, 2008) Assim, os galpões foram “descascados”, deixando à mostra os tijolos de barro e a estrutura da cobertura (de madeira) é mantida e recuperada. Como convite à entrada, deixa-se a “rua-corredor”. Opta-se pela construção dos dois blocos verticais monolíticos de concreto aparente para abrigar as piscinas e quadras e o outro para os vestiários (devido às galerias de “águas pretas”); eles se “abraçam”, se interligam, por meio de passarelas de concreto protendido.
Vista dos galpões de uma das passarelas do bloco esportivo
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Ao lado, as treliças recuperadas e as telhas translúcidas. (FONTE: http://projetoevolutivo.blogspot. com.br/2010/09/passeio-nosesc-pompeia.html) Em baixo, vista aérea antes da reforma da Fábrica da Pompéia e da “rua corredor” proposta pela arquiteta. (FONTE: http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/ minhacidade/08.093/1897)
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Ao lado, na parte superior, diagramas de leitura do projeto. Logo abaixo, foto do projeto. (FONTE: http:// newtheatersofdemocracy.files. wordpress.com/2012/05/yipt_ website.pdf)
Já o Terminal Portuário Internacional de Yokohama, do FOA, foi o projeto vencedor do concurso realizado em 1995 e construído em 2002, terminado a tempo para a Copa do Mundo no Japão. O projeto se tornou interessante pelo fato de apresentar características descritas por Augé de um não-lugar, por se tratar de um espaço de circulação de pessoas com a função de transporte, contudo, ele mostra o esforço de não o ser. O projeto é concebido como uma extensão do solo urbano e não como um porto, a partir de um diagrama de circulação para tirar essas características de porto; ser um espaço fluido, ininterrupto e multidirecional, “where you never retrace your steps”. A praça na parte superior do projeto é utilizada para eventos públicos e há continuidade do interior e exterior nos diferentes níveis construídos.
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AÇÕES PROJETUAIS
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Num segundo momento, à luz das questões já apresentadas e a fim de buscar ampliar o leque de possibilidades de ações projetuais frente ao questionamento primeiro, se desenvolveu uma investigação sobre o objeto para-arquitetônico, elaborado na disciplina de Introdução à TGI, a partir de diferentes meios de representação, como desenhos, colagens, fotomontagens, modelos físicos, etc. O fato de envolver essas diferentes formas de experimentação proporcionou evidenciar questões em ou outro meio que estavam latentes no processo. A questão da identidade e do diálogo com o contexto urbano foi se sedimentando ao longo do processo e se solidificando, com o intuito de que fosse possível construir um diálogo entre o novo e o existente, já consolidado, de forma a buscar recuperar ou atribuir caráter público e aglutinador a determinados espaços com bagagem histórica e dimensão afetiva estabelecida. Como afirma Souza, a paisagem está sempre em transformação, assim como o espaço urbano é um espaço de intervenções. Sendo assim, as preexistências são partes necessárias ao projeto da cidade, logo, as ações a serem tomadas devem ser outras, que respondam ao tempo e a necessidade, que hoje são outros.
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O conceito de costura urbana como operação de ligar e articular espaços de interesse, a fim de conferir novos usos e dar unidade ao todo se coloca a partir da análise do projeto da Praça das Artes (2006-2013), em São Paulo, do escritório Brasil Arquitetura, que se desenvolve em três direções – o Vale do Anhangabaú (rua Formosa), a avenida São João e a rua Conselheiro Crispiniano, se espraiando pelo lote a fim de estabelecer um diálogo com essas três regiões. Outros projetos também serviram como referência e disparadores de ideias, como o Palácio de Congressos el Greco, de Rafael Moneo; o Teatro do Engenho e o Museu Rodin, do Brasil Arquitetura; a Plataforma das Artes e da Criatividade José de Guimarães, do Pitágoras Arquitetos; entre outros. Posteriormente, também se colocaram como referências projetuais o projeto do Conjunto KKKK, do Brasil Arquitetura; o Centro Cultural de Araras, do AUM Arquitetos; o projeto premiado em 1° lugar no Concurso para o SESC- Guarulhos, do Dal Pian Arquitetos, o CEU Pimentas, do Biselli + Katchborian Arquitetos, etc. A partir das discussões que se desenvolveram em grupo, foi possível depreender que a questão que norteava cada trabalho estava ligada à articulação entre indivíduo, lugar e cidade, de forma a elaborar uma ação projetual que tornasse visível ou fosse capaz de potencializar as questões espaciais, históricas e sociais pautadas no tripé projeto, lugar e cidade. Através de um processo de irradiação e contaminação destes elementos, era de interesse que a intervenção evidenciasse, criasse experiências relacionadas ao percurso, de maneira a articular interior e exterior, a partir de uma ação de costura urbana. Com base nessas propostas, o local para abrigar a intervenção se
Teatro do Engenho Praça das Artes (FONTE: http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.151/4820) Pinacorteca do Estado (FONTE: http://www.ciadom2.com.br/main/ciaonline/site_ da_cia/blog_da_cia/index.php/arquitetura-pode-chama-los-de-frankensteins/) Parque das Ruínas
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coloca como detentor de carga histórica e de identidade, sentimento de pertencimento já estabelecidos e com características de perda de seus usos e fluxos originais. Como experimentação, foi utilizado o terreno da Estação Ferroviária de São Carlos, com seus galpões na parte posterior do terreno. Entre as propostas de ações tem-se: a ligação por baixo ou por cima da linha férrea; propostas construção de novos edifícios articulados fisicamente ou não com os galpões; criação de um pátio a partir da implantação de novos edifícios; possibilidade de expansão de atividades internas para uma área externa, quase como um prolon gamento do piso interior, entre outras experimentações, que se refletiram, em maior ou menor grau, na proposta final. Como afirma Almeida (2009), de fato a memória e a ação projetual devem atuar juntas, a fim de que se entrelacem e possibilitem novas formas de comportamento e gerem transformações coletivas, com o intuito de valorizar a continuidade da cidade:
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A fronteira entre os termos “restauro” e “projeto” (e relativas intervenções) tende a diluir-se, a dissolver-se. O restauro vem sendo chamado a intervir, deixando para trás seu caráter meramente conservativo, deve modificar, requalificar, para atender as exigências do presente, aproximando-se da ação de projeto. Da mesma forma, a intervenção de projeto vem sendo chamada a considerar as preexistências, a se contextualizar, a tirar partido da experiência histórica, a se ancorar nos valores do passado e a conviver e compartilhar o acúmulo de experiências, a avaliar cada demolição, cada destruição. Nesse sentido, é quase impraticável a página em branco, o território livre, o campo aberto à franca experimentação. O peso do passado, o consenso do seu valor, tendem a impor-se ao arquiteto desbravador de novos caminhos, obrigando-o a encarar sua ação como poética de construir no construído. Se a arquitetura é produto tanto da memória como da invenção, então as ações de preservar o antigo e construir o novo não podem ser consideradas antitéticas. (ALMEIDA, 2009, p. 72)
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lugar
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CAMPINAS, SP
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Localizada a 100 km da capital do estado de São Paulo, Campinas teve origem na primeira metade do século XVIII, como um bairro rural da Vila de Jundiaí. Tornou-se pouso para descanso dos tropeiros que utilizavam a Estrada dos Goiases, no período de 1721 a 1730, ficando conhecida como ”Campinas do Mato Grosso”. Na segunda metade do século, a região ganhou uma nova dinâmica com a chegada dos fazendeiros procedentes de cidades como Itu, Porto Feliz e Taubaté, que começaram a instalar suas lavouras de cana e os engenhos de açúcar – posteriormente, seguiu-se a cultura do café. Em 1797No ano de 1842, por interesse dos fazendeiros, o até então bairro é elevado Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Grosso. Com a crise cafeeira, Campinas assumiu uma fisionomia mais industrial e de serviços. A região atraía muitos migrantes e imigrantes, migração essa acentuada no período entre as décadas de 1930 e 1940, fato que provocou uma multiplicação de bairros próximos das fábricas e grandes rodovias. Em 1938, Prestes Maia concebeu um plano urbanístico para Campinas, com um amplo conjunto de ações que visavam a reordenar suas vocações urbanas, com a perspectiva Área Total: 796,4 Km² Perímetro Urbano: 388,9 Km² Área Rural: 407,5 Km² Altitude: 680 metros acima do nível do mar Coordenadas Geográficas: Latitude S 22°53’20” Longitude O 47°04’40”
de impulsionar velhas e novas potencialidades, como por exemplo, o caráter de polo tecnológico do interior do Estado de São Paulo. O fluxo migratório entre os anos de 1970 e 1980 levaram a população a praticamente dobrar de tamanho. Todas essas mudanças tiveram impacto significativo na cidade e na região e, a partir do processo de “interiorização do desenvolvimento”, Campinas passou a configurar ganhar características de uma metrópole.
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RECORTE DA ÁREA
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leitura da รกrea
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Localizada na Macrozona 4 (Área de Urbanização Consolidada – ACON), o recorte da área de intervenção se coloca como uma região fortemente irrigada por estruturas de mobilidade urbana, linhas de ônibus e proximidade com o Terminal Multimodal e a Rodoviária Ramos de Azevedo. Por se tratar de uma área próxima ao centro, apresenta grande fluxo de pessoas e características de uma ocupação territorial bem densa. A região apresenta edificações de importante caráter histórico, alguns em bom estado de conservação e outros em estado bem precário.
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MACROZONA 4 (ACON): “Reestruturação do espaço consolidado e urbanizado do município, buscando equilibrar s distribuição das atividades e otimizar a infraestrutura instalada e programada.” (FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. Plano diretor de 1996)
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FEPASA Para sanar a deficiência do sistema de transportes que os produtores de café enfrentavam e do desenvolvimento da cidade, em meados do século XIX foi criada a ferrovia Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em 1867, que ligou Campinas a Jundiaí, fazendo a ligação com a linha Santos-Jundiaí, da Estrada de Ferro São Paulo Railway. A Estação de Campinas, inaugurada em 11 de agosto de 1872 e construída de acordo com os padrões ingleses de arquitetura do século XIX. A edificação da Estação foi tombada também pelo CONDEPHAAT (Processo nº 20682/78 - Resolução nº 9 de 15/04/1982). A desativação completa do transporte de passageiros se deu em 2001 – atualmente, parte da Secretaria Municipal de Cultura está instalada no local e abriga salas para ensaios de grupos de dança e teatro. Como projeto, prevê-se a criação de um telecentro em uma das salas da Estação e está em processo um projeto para a criação do Parque Ferroviário, que se estenderia do Viaduto Cury até a Rodoviária.
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Também abriga a unidade Centro do CEPROCAMP – Centro de Educação Profissional de Campinas “Prefeito Antonio da Costa Santos”. A entidade sem fins lucrativos, criada em 2004, tem caráter educacional, é mantida pela Fundação Municipal para Educação Comunitária (FUMEC) e foi concebida para atender à demanda de qualificação profissional de jovens e adultos nos níveis básico e técnico da educação profissional. Os cursos oferecidos são de nível de formação inicial e continuada de trabalhadores, qualificação, atualização/suprimento e habilitação técnica de nível médio (pós médio ou concomitante), nas áreas Saúde e Saúde Ocupacional, Ambiental, Gestão Empresarial, Informática, Hospedagem/Hotelaria e Turismo. (Secretaria de Cultura/PMC) Atualmente, existem três propostas para essa área em processo de elaboração: a de adensamento, tanto físico como populacional; a de implementação do trem de alta velocidade (TAV) – que seria implantada ao lado da rodoviária; e a terceira, uma proposta encomendada pela Prefeitura ao escritório de Jaime Lerner, arquiteto curitibano, que prevê a construção de edifícios residenciais e de escritórios no terreno do complexo ferroviário, contanto também com um centro de compras, teatro, etc. (BELLATINI, 2011, p. 75)
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MUSEU DA CIDADE Após a mobilização civil para evitar que a antiga fábrica de fundição de ferro e bronze, Lidgerwood Manufacturing Company Limited fosse demolida, em 1987, o edifício do ano de 1884 em estilo neogótico vitoriano com tijolos aparentes foi restaurado e em 1992 passou a abrigar o Museu da Cidade. Criado para ser um Centro de Referência, com vocação para pesquisa e preservação da memória de Campinas, enfocando tanto o patrimônio material, quanto imaterial; ou seja, festas, danças, cantos, comemorações, entre outras manifestações culturais, abrigando então o acervo de três museus já existentes: o Museu do Índio, o Museu do Folclore e o Museu Histórico de Campinas.
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ANTIGA CERVEJARIA COLUMBIA O edifício construído em 1873 para abrigar a Cia. MacHardy, a primeira fundição de Campinas, ligada diretamente à agricultura cafeeira. Em 1906, Angelo Franceschini instala a Fábrica de Cerveja e Gelo Columbia no edifício comprado da Cia. MacHardy, quando a mesma enfrentou problemas financeiros no final do século XIX. A Cervejaria Columbia foi comprada pela Antártica e seus produtos foram sendo retirados gradativamente do mercado; a Mossoró sobreviveu até o início da década de 1960. Em outubro de 2004, a Prefeitura desapropriou a edificação, processo esse pago pela Sanasa - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento – (cerca de 750 mil reais), para restaurar o prédio (mantendo a fachada original), a fim de instalar oficinas de carpintaria e eletromecânica, além de um Centro de Memória da Água, onde seriam expostos equipamentos que contam a historia do abastecimento de água em Campinas. Contudo, o projeto não foi construído e o edifício ficou abandonado, gerando muitos problemas. A Sanasa tentou leiloar o prédio, mas não houve interessados. Em
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2008, a Secretaria de Urbanismo de Campinas elaborou um projeto para a construção de um Mercado de Artes e Artesanato, um novo “espaço cultural e de geração de renda”, que funcionaria nesse prédio – o projeto ainda não foi aprovado.
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VILA INDUSTRIAL “No final do século XIX, Campinas passava por transformações significativas, principalmente proporcionada pela estrutura cafeeira que aqui modernizou-se, gerando a necessidade de mão-de-obra especializada, devido as empresas que instalavam-se, como as ferrovias, os curtumes, as indústrias têxteis, entre outras. O espaço dividiu-se naturalmente, através da questão social. O que está à frente da estação da Cia. Paulista, é a cidade planejada e capitalista; e o que se mantém atrás, é a dos operários, os que chegam para trabalhar, os doentes, os desvalidos.” A área hoje conhecida como “Vila Industrial”, porém chegou a ter outras duas citações anteriores como “Campo de Sant’Anna” e “Imigração”. O crescimento da cidade “empurrou” para depois da linha do trem os curtumes e matadouros que a elite não queria em seus quintais, o que deixou de certa forma confinada essa região entre a linha férrea e o córrego Piçarrão. Este conjunto de casas, inicialmente construído, em 1893, por imigrante de origem alemã - Germano Hausen - foi posteriormente comprado pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro.
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BARRACÃO DE LEMOS Parte do Complexo Ferroviário de Campinas, o edifício construído em 1872 abrigava uma oficina de vagões. Em 1982, é tombado pelo CONDEPAvCC e em 2013 foi reformado pela iniciativa privada (grupo Brasilinvest) para atuar como uma sede da OSMC (Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas – a primeira a ser formada fora de uma capital), enquanto o Teatro do Centro de Convivência é reformado. Foi inaugurado em agosto de 2013. No entanto, o projeto acústico não foi concluído, o que impede a OSMC de ensaiar no galpão. O Projeto custou cerca de 1 milhão de reais.
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TÚNEL DE PEDESTRES SOB A LINHA FÉRREA Projetado em 1915, o Túnel de Pedestres da Cia Paulista de Estradas de Ferro só foi finalmente inaugurado em 1918, realizado com o apoio financeiro da Cia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação. Até 1918, o único lo cal pelo qual se podia atravessar a linha férrea era a “Porteira do Capivara”, situada numa rua onde hoje está o Viaduto Miguel Vicente Cury. Até 1918, o único local pelo qual se podia atravessar a linha férrea era a “Porteira do Capivara”, situada numa rua onde hoje está o Viaduto Miguel Vicente Cury. Contudo, em 1917, durante uma greve geral, a região da Estação Ferroviária se tornou palco de lutas sociais, integrando-se a um processo mais amplo de reivindicações, tensões e conquistas de direitos pelos trabalhadores de Campinas. Nessa ocasião, durante uma mobilização em frente à Porteira, policiais abriram fogo contra os trabalhadores, o que resultou em 16 operários feridos e três mortos – esse episódio ficou conhecido como “Massacre da Porteira da Capivara”. Com o ocorrido, as obras de construção de um túnel de pedestres sob a ferrovia foram aceleradas, facilitando o acesso dos moradores da Vila Industrial ao Centro e a seus locais de trabalho, que se concentravam nas proximidades das linhas férreas. O túnel de mais de 100m é um dos únicos modos de transposição entre os dois lados da ferrovia. Anteriormente, as paredes do túnel eram apropriadas como galeria de arte, onde os alunos do centro cultural expunham seus trabalhos. (FONTE: http://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/cultura/paratodos/ folhetos/paratodos07.pdf)
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projeto
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proposta
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A partir da leitura da área, identificando as potencialidades das edificações históricas, da disponibilidade de locais não edificados e da possibilidade de melhor aproveitamento de lotes subutilizados, começou-se a pensar em como costurar esse tecido, de maneira a interligar os programas educacionais e culturais já existentes e como potencializar esse caráter de espaço formador da cidade, inserindo outros edifícios, configurando um complexo educacional e cultural, articulado por uma praça. Espaço formador, é entendido aqui não só com o enfoque da formação acadêmica, mas também como formação do indivíduo, como cidadão e personagem ativo na construção da cidade, através do desenvolvimento de atividades extra-curriculares, como exposições, aulas de dança, música, fóruns de dicussão sobre temas atuais, práticas esportivas, etc; atividades que podem ser abrigadas nas estruturas dos equipamentos propostos. A ideia de expansão dos programas dos edifícios para o espaço público também se coloca como premissa. A referência para a constituição desse complexo vem do conceito de Praça de Equipamentos, desenvolvido pela equipe do EDIF (Departamento de Edificaçoes da Prefeitura de São Paulo, como
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Alexandre Delijaicov, André Takiya e Wanderley Ariza, que por sua vez, se consideram herdeiros do baiano Anísio Teixeira e de sua proposta educacional desenvolvida nos anos 1950, as EscolasParques. Teixeira entendia que a escola pública deveria ser estendida a todas as classes sociais e ser capaz de cumprir um papel de formação do cidadão. (ANELLI, 2004) Nesse sentido, esse trabalho se coloca como desafio articular e costurar os programas já existentes e a complementação dos mesmos, a fim de dilui-los ao longo das quadras – não somente as quadras imediatamente ao lado, mas também encarando o Barracão de Lemos, do outro lado do terreno da FEPASA, utilizando o túnel de pedestres (tombado pelo CONDEPACC) ligando essas duas partes do complexo. Em relação ao túnel, cria-se uma outra saída, no terreno do Museu da Cidade, através da qual o pedestre pode passar de maneira mais tranquila, por meio de uma faixa elevada para a praça. Como intervenções de maior escala, propõe-se uma EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental), abrigando do 1º ao 4º ano na quadra configurada pelas ruas General Osório, Bernadino de Campos, Barão de Parnaíba e Lidgerwood. Como ação sobre a ruína da Antiga Cervejaria Columbia, se coloca como proposta de ocupação do envoltório, das paredes, como uma casca, para abrigar os programas da escola em período Integral”, uma vez que a edificação da escola próxima já não tem mais como ser ampliada. Esse ponto da intervenção será utilizado tanto pelos alunos da EMEI, da nova EMEF e da escola de ensino Fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos) já existente, a EMEF Orozimbo Maia. Ainda nessa quadra (Av Andrade Neves e ruas General Osório, Bernadino
de Campos, Barão de Parnaíba) propõe-se a construção de um pavilhão como anexo do Acervo intermediário Municipal, de maneira a configurar uma “rua corredor” no meio da quadra, que articula a praça e a EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil), que tem parte de seu programa abrigado numa edificação em processo de tombamento (processo024/08), na Av Andrade Neves. A praça é o espaço público por excelência, e é utilizada como expansão dos programas internos, contando, como por exemplo, com quadras esportivas e um pequeno teatro aberto. A costura entre os equipamentos se dá pela marquise.
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A grelha metálica aparece como uma recorrência em todos os pontos do projeto, marcando áreas em que se desenvolvem atividades coletivas. Os materiais utilizados na intervenção foram: metal, vidro e concreto, a fim de marcar a diferená entre os tempos. Para melhor entendimento da proposta, o todo será dividido em três setores, a fim de melhor observar as características de cada uma dessas áreas.
1. EMEF 2. Complexo de apoio às escolas e ao Acervo Intermediário Municipal 3. EMEI 4. Edifício da Estação Ferroviária de Campinas 5. MuCI (Museu da Cidade) 6. EMEF Orozimbo Maia 7. Túnel de ligação sob o terreno da FEPASA 8. Barracão de Lemos
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CORTE AA
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CORTE BB
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CORTE CC
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PARTE A
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EMEF A Escola Municipal de Ensino Fundamental irá atender crianças que cursarão do 1o ao 4o ano e foi pensada a partir da separação entre o bloco didático, com salas de aulas e salas de uso múltiplo, e no outro bloco, concentra-se serviços e administração. Esse dois blocos margeiam o pátio coberto, com pé direito triplo e coberto com a grelha metálica. com fechamento de vidro na parte superior e, abaixo da grelha, coloca-se uma chapa perfurada que atua como brise, filtrando a luz. A estrutura da grelha é deslocada, mais alta, de modo a favorecer a ventilação por efeito chaminé, colaborando no conforto térmico. A ligação entre esses dois blocos também ocorre através de uma passarela no nível 1.
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PLANTA NÍVEL TÉRREO
Acesso alunos Acesso professores
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PLANTA NÍVEL 1
Bloco de serviços Bloco didático
PLANTA NÍVEL 2
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Vista interna da EMEF
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PARTE B
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RUÍNA e EMEI Como ação projetual, reconstrói-se a volumetria dos galpões, recuperando a os caimentos do telhado nos locais em que os oitões ainda permaneceram, com uso de treliças de madeira. Para a área em que não havia mais nenhuma estrutura remanescente da cobertura, optou-se pela colocação da grelha metálica. Quanto ao programa, a edificação abriga o programa complementar da Escola em Período Integral, contando com laboratórios que química, física e biologia, salas para disciplinas optativas e algumas salas menores, para aulas de línguas estrangeiras. Se faz pertinente o programa visto que o edifício será compartilhado com a EMEF Orozimbo Maia (que não tem mais como ampliar suas instalações) e também para a EMEF proposta. O espaço conta ainda com um grande salão de pé direito duplo, no qual se propõe o uso como uma grande sala de estudos e de leitura. No mezanino, há um espaço para exposições dos trabalhos dos alunos e que pode também abrigar pequenas mostras do MuCI e de documentos recuperados pelo Arquivo Intermediário Municipal, que se encontra na mesma
Vista interna da ruĂna
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quadra. Integra-se ao conjunto uma pequena cafeteria, como apoio ao espaço de exposição, e uma livraria popular. Essa ligação da ruína com o outro bloco edificado cria uma “rua- corredor” por dentro da quadra, possibilitando uma nova experiência ao pedestre e que liga a EMEI à praça. A EMEI se apropria de uma edificação que está em processo de tombamento e nela é alocada a parte administrativa e de serviços da instituição, enquanto que no novo bloco construído, se encontram as salas de aula e os espaços de sociabilização, como o pátio coberto, a brinquedoteca e o refeitório. Opta-se por manter a entrada pela Av Andrade Neves por se entender que o eixo de circulação da edificação deveria ser mantido.
Ao lado tem-se a vista para a praça, pela “rua- corredor”que passa pela ruína.
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PARTE C
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PRAÇA O espaço público surge como o grande nó articulador desse complexo educacional e cultural, de forma que tem seus percursos são estruturados em eixos mais ou menos funcionais, devido ã escola, mas sem se esquecer dos transeuntes. A marquise atua como a costura desses núcleos edificados , protegendo o pedestre e também servindo de balizador do olhar , marcando a paisagem. A praça atua palco para a expansão dos programas que geralmente ficam interiorizados nas edificações, como por exemplo as quadras e a área para pequenas apresentações de teatro aberto. Como a praça esta localizada ao lado de um túnel, opta-se por adensar a vegetação nessa área, de forma a inibir o usuário de passar ou permanecer nesse trecho, a fim de evitar acidentes. Essa vegetação vai diminuindo de intensidade quanto mais se aproxima da ruína, para que assim não obstrua a visão da mesma para aqueles que passam pela avenida.
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referĂŞncias
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