Uma alternativa na paisagem tgi ii jessica seabra by Jessica Seabra

TGI II - UMA ALTERNATIVA NA PAISAGEM

Comissão de acompanhamento permanente Profº Dr. Paulo César Castral Profº Dr. Márcio Minto Fabrício Profª. Dr. Lúcia Zanin Shimbo Orientadora do grupo de trabalho Profª Simone Helena T. Vizioli São Carlos- SP 2014

JESSICA SEABRA

JESSICA SEABRA TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO II INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO - USP

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Agradeço: Aos professores, Castral, Lúcia, Joubert e Márcio, e em especial à Simone e Luciana, pela generosa orientação. Aos amigos que fizeram dessa jornada inesquecível.

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ÍNDICE 09

RESUMO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

COMO CONSTRUIR O LUGAR?

AÇÕES PROJETUAIS

O SÍTIO URBANO E A ABORDAGEM PAISAGÍSTICA

45 47 59

Camadas Vazios Fronteiras Processos

O LUGAR

O PROJETO

100

REFERÊNCIAS

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RESUMO

ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO, O PRESENTE TRABALHO PROCURA INVESTIGAR CAMINHOS ALTERNATIVOS PARA A FORMULAÇÃO DE UM PROJETO URBANO NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP. COLOCA-SE COMO UM CONVITE A REPENSAR A CONSTRUÇÃO DA CIDADE E DO TERRITÓRIO A PARTIR DE UMA LÓGICA DIFERENTE, FUNDADA NA PAISAGEM. HÁ AQUI UM ESFORÇO NO SENTIDO DE PRODUZIR INTERPRETAÇÕES DE SITUAÇÕES DESTILADAS DAS CONDIÇÕES MATERIAIS DO LUGAR. NESSE SENTIDO, O MAPEAMENTO SE CONCEBE COMO UMA EXPLORAÇÃO, ONDE POTENCIAIS SÃO DESCOBERTOS. A PARTIR DA PROPOSTA DE QUATRO CATEGORIAS/CONCEITOS OPERACIONAIS, A SABER: CAMADAS, VAZIOS, FRONTEIRAS E PROCESSOS. O TRABALHO INVESTIGA O POTENCIAL DE UMA ABORDAGEM PAISAGÍSTICA PARA UM PEQUENO TRECHO URBANO DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS LOCALIZADO NO CÓRREGO DO GREGÓRIO, UMA SUB-BACIA DBANA DESSA CIDADE MÉDIA E SEUS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS. NESSAS INTER-RELAÇÕES SÃO FEITAS ALGUMAS INFERÊNCIAS QUE NORTEARAM CERTAS ESCOLHAS PROJETUAIS. POR FIM, A PROPOSIÇÃO PROJETUAL CONSTITUIU-SE COMO UMA TENTATIVA NO SENTIDO DE PROVER ESPAÇOS

LIVRES DE QUALIDADE INSERIDOS NA MALHA URBANA, CONSTITUINDO UMA NOVA PAISAGEM POSSÍVEL. A PROPOSTA ABARCA A REQUALIFICAÇÃO DE UM PEQUENO TRECHO DO RIO E UM PARQUE COM UM CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. O PROJETO, AO UNIR NA PAISAGEM SOLUÇÕES DE INFRAESTRUTURA VERDE E A QUESTÃO DOS ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS, PRETENDE IR DE ENCONTRO A UMA REPOLITIZAÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A DISCIPLINA INTRODUÇÃO AO TGI E EM SEGUIDA, A DISCIPLINA TGI I, AO SE PROPOREM COMO ESPAÇOS DE DISCUSSÃO SOBRE ARQUITETURA E SEUS PROCESSOS PROJETUAIS, EM SINTONIA COM SEUS CAMPOS ADJACENTES, OBJETIVOU ANIMAR EXPERIMENTAÇÕES E NOS CONVIDOU A DELINEAR UM UNIVERSO PROJETUAL, ENSAIANDO DESSA FORMA O RECORTE CONCEITUAL QUE O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO VIRIA A TER.

SE LEMBRARMOS QUE AS CRÍTICAS E TENTATIVAS DE REVISÃO DO MOVIMENTO MODERNO TIVERAM INÍCIO NOS ANOS 50 E A PARTIR DOS ANOS 60 DERAM ORIGEM A UM PLURALISMO TEÓRICO QUE AOS POUCOS VAI GANHANDO CONCRETUDE POR MEIO DE DISTINTAS ESTRATÉGIAS DE PROJETO 1 BASEADAS NA BUSCA DE ESPACIALIDADES MAIS DINÂMICAS E EM METODOLOGIAS DE PROJETO QUE SE FUNDAMENTAM EM REFERÊNCIAS INTERDISCIPLINARES TAIS COMO A FENOMENOLOGIA, A ESTÉTICA, A TEORIA LINGUÍSTICA (SEMIÓTICA, ESTRUTURALISMO, PÓSESTRUTURALISMO E DESCONSTRUCIONISMO), O MARXISMO E O FEMINISMO. (NESBIT, 2007), É DE SE SUPOR QUE HAVIA DISPUTAS E TENTATIVAS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DESTAS CORRENTES. É NESSE IMBRICADO PANORAMA TEÓRICO QUE SOMOS CONVIDADOS A ATUAR, SELECIONANDO QUESTÕES QUE SE PERPETUARAM ATÉ OS DIAS DE HOJE, E INFLUENCIAM DE MANEIRAS DIVERSAS ARQUITETOS E OUTROS AGENTES CULTURAIS. 1 É importante notar que o que é chamado aqui de estratégias de projeto em arquitetura do período abarca duas produções diversas: expressões formais heterogêneas projetadas e a pesquisa metodológica e crítica de processos de projeto que correspondem, refletem ou criticam a dinâmica multicultural.

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É INTERESSANTE NOTAR QUE A PARTIR DO ESGARÇAMENTO DAS ANTIGAS FRONTEIRAS DISCIPLINARES, O RESULTADO FORMAL, A INSCRIÇÃO SOCIAL E O PROCESSO PRODUTIVO EMPREGADO POR ARTISTAS PLÁSTICOS E ARQUITETOS SE CONFUNDIRAM, E ATÉ, EM CERTOS CASOS, SE INVERTERAM. PASSOU A SEREM MAIS FREQUENTES CASOS EM QUE ARTISTAS TRABALHAVAM SEGUNDO CRITÉRIOS IMPESSOAIS E OBJETIVOS, UTILIZANDO-SE DE RECURSOS INDUSTRIAIS, ENQUANTO QUE ARQUITETOS VOLTAVAM-SE PARA UM FORMALISMO E USAVAM A SUBJETIVIDADE PLÁSTICA COMO INSTRUMENTO DE DISTINÇÃO AUTORAL. (WISNIK, 2012).

ISSO SIGNIFICA DIZER QUE, POR UM LADO, AS ARTES PLÁSTICAS ROMPIAM COM UM FORMALISMO MODERNO A PARTIR DO SURGIMENTO DE CORRENTES COMO A POP, A MINIMAL E A LAND ART, PROPONDO UM ESTREITAMENTO DOS LAÇOS ENTRE ARTE E VIDA. POR OUTRO, A ARQUITETURA MERGULHAVA EM UM FORMALISMO PÓS-MODERNO AO AFASTAR-SE DO FUNCIONALISMO – HAJA VISTA A IMPORTÂNCIA DE OBRAS TEÓRICAS DESSA ÉPOCA COMO COMPLEXIDADE E CONTRADIÇÃO EM ARQUITETURA (1966), DE ROBERT VENTURI E A ARQUITETURA DA CIDADE (1966), DE ALDO ROSSI E, UM POUCO MAIS TARDE, O PÓS-FUNCIONALISMO (1976), DE PETER EISENMAN.

NESSE PONTO PODEMOS FAZER UMA PONTE COM AQUILO QUE ROSALIND KRAUSS CHAMA DE “CAMPO AMPLIADO” DA ESCULTURA, O QUAL TERIA INVADIDO A ARQUITETURA. DE ACORDO COM KRAUSS, A ARQUITETURA, TAL QUAIS OUTRAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E ARTÍSTICAS TIVERAM SUA PRÁXIS REDEFINIDA NO PÓS-MODERNISMO. ELA AGORA NÃO MAIS SERIA “DEFINIDA EM RELAÇÃO A UM DETERMINADO MEIO DE EXPRESSÃO - ESCULTURA - MAS SIM EM RELAÇÃO A OPERAÇÕES LÓGICAS DENTRO DE UM CONJUNTO DE TERMOS CULTURAIS PARA OS QUAIS VÁRIOS MEIOS - FOTOGRAFIA, LIVROS, LINHAS EM PAREDES, ESPELHOS OU ESCULTURA PROPRIAMENTE DITA” PODERIAM SER USADOS. (KRAUSS, 1984, P.136)

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ESSE PROCESSO DETERMINADO POR UM CONJUNTO DE OPERAÇÕES LÓGICAS É INERENTE À LAND ART QUE, DESDE OS ANOS 1960, TROUXE À TONA “A APRECIAÇÃO DA NATUREZA E DA ARTE, SIMULTANEAMENTE, VISTAS COMO UMA UNIDADE OU EM UMA RELAÇÃO DIALÉTICA” (ISAAC, 2013, P.57). NA LAND ART, A INTERAÇÃO DOS ELEMENTOS ANTAGÔNICOS “ARTEFATO” E “NATUREZA” CONVERGE EM UM OBJETO ESTÉTICO. DESSA FORMA, A PAISAGEM É UM ELEMENTO CONSTITUTIVO DA LAND ART À MEDIDA QUE ESTA LÊ A PAISAGEM COMO INDISSOCIÁVEL DAQUELE LUGAR. COMO EXEMPLOS PODEMOS CITAR A SÉRIE RIFT (1968) DE MICHAEL HEIZER, CORTES REALIZADOS NO DESERTO DE NEVADA, E SPIRAL JETTY (1971), NO QUAL ROBERT CONSTRÓI SOBRE O GREAT SALT LAKE, EM UTAH, ESTADOS UNIDOS.

A PAISAGEM DE QUE FALAMOS É UMA CONSTRUÇÃO, UMA INTERAÇÃO ENTRE A AÇÃO ANTRÓPICA E A NATUREZA. É, POIS, UMA PRODUÇÃO CULTURAL AO LONGO DO TEMPO “QUE, PARA SER APREENDIDA, DEVE SER CONSIDERADA ALÉM DA SUA FORMA EM SEUS FATORES POLÍTICOS, SOCIAIS E CULTURAIS.” (ISAAC, 2013, P.38). DA APREENSÃO - PROCESSO MENTAL ATRAVÉS DO QUAL ESTRUTURAMOS E LEMOS NOSSOS CONTATOS COM O MUNDO, DERIVA A APRECIAÇÃO, QUE ESTÁ LIGADA A TRADIÇÕES CULTURAIS QUE SE ESTABELECERAM NA PRODUÇÃO DA PAISAGEM. A LAND ART, AO VOLTAR-SE PARA O LUGAR, FAZ A ARTE VOLTAR-SE PARA ESTE REPERTÓRIO CULTURAL DA PAISAGEM. É POSSÍVEL AFIRMAR AINDA QUE AS OBRAS DA LAND ART, EM SINTONIA COM O CHAMADO SITE SPECIFIC, REMETEM À NOÇÃO DE ARTE PÚBLICA: A ARTE REALIZADA FORA DOS ESPAÇOS TRADICIONALMENTE DEDICADOS A ELA, COMO MUSEUS E GALERIAS. A ARTE PÚBLICA ESTÁ IMBUÍDA DA IDEIA DE QUE SE TRATA DE ARTE FISICAMENTE ACESSÍVEL E QUE MODIFICA A PAISAGEM CIRCUNDANTE, DE MODO PERMANENTE OU TEMPORÁRIO. É O CASO DE OBRAS DE RICHARD SERRA QUE EXPLORAM A RELAÇÃO COM O AMBIENTE, SOBRETUDO PELA INTERAÇÃO NO ESPAÇO URBANO, A EXEMPLO DE TILTED ARC (1981), ESCULTURA ESPECIALMENTE PROJETADA PRA A FEDERAL PLAZA, EM NOVA YORK, CUJA ELABORAÇÃO PASSOU PELO ESCRUTÍNIO DO LUGAR: DESENHO DA PRAÇA, ARQUITETURA, FLUXO DIÁRIO DE TRANSEUNTES, ETC. (WISNIK, 2012)

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NESSE SENTIDO, AS EXPLORAÇÕES CONCEITUAIS E PROJETUAIS SE INICIARAM COM A PROCURA POR PROCESSOS DE PROJETO A FIM COM A LAND ART. OS OBJETOS CONCEITUAIS PRODUZIDOS BUSCAVAM MIMETIZAR UMA ARQUITETURA QUE QUER SER CAPAZ DE COMPREENDER OS SIGNIFICADOS QUE DERIVAM DA HISTÓRIA, DOS SÍMBOLOS E DO IMAGINÁRIO DA PAISAGEM NA QUAL INTERVÊM. E DESSA FORMA, AGREGAR UMA COMPLEXIDADE DE MANEIRA A PODER SE FORMULAR EM MEIO À TRAMA SOCIAL E POLÍTICA DA PAISAGEM À QUAL A ARQUITETURA, ENTÃO PROJETADA, ESTARÁ INTRINSECAMENTE LIGADA, REVELANDO AS DINÂMICAS DA PRODUÇÃO DA PAISAGEM QUE SE CONDENSAM COMO INDÍCIOS DE CULTURA. PARA ISSO, PRETENDE-SE REALIZAR UMA EXPLORAÇÃO FORMAL, QUE NÃO SE AFASTE COMPLETAMENTE DAS AMBIÇÕES URBANÍSTICAS E SOCIAIS ESTABELECIDAS PELO MOVIMENTO MODERNO, E QUE ENCONTRE NA PAISAGEM DO LUGAR O CONTEXTUALISMO NECESSÁRIO PARA ANCORAR-SE. PROCURA-SE ABSORVER NÃO TANTO A ESCALA DA LAND ART, MAS SEU PROCESSO INTRINSECAMENTE ARTÍSTICO, ABARCANDO QUESTÕES PARA ALÉM DA FUNCIONALIDADE E DANDO VAZÃO A SUA BUSCA ESTÉTICA, E TAMBÉM CRÍTICA. SURGEM QUESTÕES LIGADAS A UMA TECTONICIDADE QUE PRETENDE RESULTAR EM ESPACIALIDADES VARIADAS, COM PANORAMAS E REFÚGIOS, DE MODO A OFERECER TANTO REFERENCIAS COMO O SABOR DA AMPLITUDE A QUEM EXPERIÊNCIA A ARQUITETURA. DESSA FORMA, PENSA-SE O EDIFÍCIO MENOS COMO UMA ESCULTURA E MAIS COMO POSSIBILIDADES DE EMOLDURAR UMA PAISAGEM, ANCORANDO UMA ARQUITETURA QUE QUER ESTREITAR LAÇOS COM A NATUREZA TRANSFORMADA DE NOSSAS PAISAGENS. O ESTÍMULO À PERCEPÇÃO DA PAISAGEM TEM COMO OBJETIVO EM ÚLTIMA INSTANCIA REFLETIR SOBRE O MEIO AMBIENTE ATRAVÉS DA APRECIAÇÃO ESTÉTICA DA NATUREZA. UMA CERTA “DIDATICIDADE” CONTIDA NA ARQUITETURA QUE POSSIBILITARIA A JUNÇÃO ENTRE “ARQUITETURA DA PAISAGEM” E UMA “ARQUITETURA AMBIENTAL”.

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RIFT, MICHAEL HEIZER, 1968.

SHIFT, RICHARD SERRA, 1971-2

OBJETO DE PRÉ-TGI. DA AUTORA

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COMO CONSTRUIR O LUGAR?

NESSA BUSCA, CONSTRUIU-SE A QUESTÃO, JÁ NA DISCIPLINA TGI I, COMO CONSTRUIR O LUGAR?

QUESTÃO ESTA QUE SURGE A LUZ DE ALGUNS CONCEITOS DE LUGAR, SELECIONADOS EM UM VASTO CAMPO DE DISCUSSÃO NOS CÍRCULOS DA CRÍTICA ARQUITETÔNICA CONTEMPORÂNEA QUE ESTIPULOU DISTINTAS CORRENTES OU VIAS TEÓRICAS DE INTERPRETAÇÃO. ESTAS VÃO DESDE UMA INTERPRETAÇÃO FENOMENOLÓGICA MAIS IMEDIATA, COMO EM NORBERG-SCHULZ, ATÉ INTERPRETAÇÕES QUE SE APROXIMAM DE CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE CONTEMPORÂNEA E SUAS CONSEQUÊNCIAS, COMO O QUE CONCERNE ÀS TRANSFORMAÇÕES NA PRODUÇÃO CAPITALISTA. FALAR DE LUGAR HOJE É UMA TAREFA QUE DEVE SER FEITA A LUZ DAS TRANSFORMAÇÕES RADICAIS QUE A MODERNIDADE TROUXE À RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO E TEMPO, AOS MECANISMOS DE SOBREPOSIÇÃO DO GLOBAL AO LOCAL ATÉ A SIMULTANEIDADE PROPORCIONADA PELOS AVANÇOS NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, TRANSFORMANDO AS RELAÇÕES DOS HOMENS ENTRE SI E DESTES COM O MEIO.

PARA ESTE ESTUDO FORAM SELECIONADAS TRÊS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE LUGAR E SUA PRODUÇÃO: O FENÔMENO DO LUGAR (1976), DE CHRISTIAN NORBERG-SCHULZ, PERSPECTIVAS PARA UM REGIONALISMO CRÍTICO (1983), DE KENNETH FRAMPTON E LUGAR: PERMANÊNCIA O PRODUCCIÓN (1992), DE IGNASI DE SOLÀ-MORALES.

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OS TRÊS TEXTOS, EM MEDIDAS DIFERENTES, ABORDAM A DUALIDADE ESPAÇO-LUGAR NA VIRADA DO EMPIRISMO PSICOLÓGICO – COM A PREDOMINÂNCIA DA PERCEPÇÃO GESTÁLTICA – PARA A FENOMENOLOGIA HUSSELIANA. ENQUANTO A PRIMEIRA TRATA A PRODUÇÃO DOS ESPAÇOS COMO INTRINSECAMENTE LIGADA A EXPLORAÇÃO DE MECANISMOS PERCEPTIVOS DO SUJEITO, A SEGUNDA PROPÕE UMA VOLTA “ÀS COISAS MESMAS”, EM SUAS CONDIÇÕES PARTICULARES E CONCRETAS, DADAS EM ESPAÇO E TEMPO PRECISOS.

PARALELO AOS TEXTOS REALIZOU-SE COMENTÁRIOS A RESPEITO DE OBRAS DE ARQUITETURA COM ESPECIAL INTERESSE PARA O DESENVOLVIMENTO DO TGI E QUE EM CERTA MEDIDA SE RELACIONAM COM A IDEIA DE LUGAR APRESENTADA EM CADA TEXTO.

CHRISTIAN NORBERG-SCHULZ E O FENÔMENO DO LUGAR

ESTE CONCEITO DE LUGAR ENTENDIDO COMO CONCEITO FÍSICO E FENOMENOLÓGICO FUNDAMENTAL PARA A FORMULAÇÃO DAS IDEIAS E DAS INTERVENÇÕES DO ARQUITETO ESTÁ PRESENTE EM UMA DAS VIAS TEÓRICAS CONSIDERADAS NESTE BREVE ESTUDO. CHRISTIAN NORBERG-SCHULZ APRESENTA O CONCEITO DE LUGAR HEIDEGGERIANO, O LUGAR EXISTENCIAL, UM LUGAR HUMANIZADO E CONCRETO QUE PRESSUPÕE O HABITAR PARA ADQUIRIR SIGNIFICADO E SENTIDO. EM OPOSIÇÃO A ATITUDES UNIVERSALISTAS DO MOVIMENTO MODERNO, NORBERG-SCHULZ DESENVOLVEU UMA FENOMENOLOGIA DO LUGAR A FIM DE QUE A ARQUITETURA CONTINUASSE A OFERECER RESPOSTAS FORMAIS A PARTIR DE UMA BASE CONCRETA AO MESMO TEMPO EM QUE AJUDARIA O HOMEM A HABITAR DE MANEIRA SIGNIFICATIVA E IDENTITÁRIA. A PARTIR DA FENOMENOLOGIA DE HEIDEGGER E DOS ESTUDOS DE KEVIN LYNCH SOBRE AS CIDADES, PROPÕE UMA SÉRIE DE DISPOSITIVOS COM ÊNFASE PARA O

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GENIUS LOCI. ESTE É UM CONCEITO SEGUNDO O QUAL CADA LUGAR POSSUI UM ESPÍRITO, UMA ALMA PRÓPRIA, OU AINDA, USANDO UMA EXPRESSÃO DE KAHN, “O QUE UM LUGAR QUER SER”. NESTE CONTEXTO, O PRIMEIRO GESTO DA ARQUITETURA DEVE SER A COMPREENSÃO DESSE ESPÍRITO DO LUGAR – UMA SÍNTESE ABSTRATA DE FATORES COMO A TOPOGRAFIA, A MATERIALIDADE, O ENTORNO, ENTRE OUTROS. DESSA FORMA, PARA NORBERG-SCHULZ, O PAPEL DA ARQUITETURA É COMPREENDER A VOCAÇÃO DO LUGAR E REVELAR OS SIGNIFICADOS PRESENTES DE MODO LATENTE NO AMBIENTE.

PAISAGEM COMO ELEMENTO CONSTRUTIVO

NO TRABALHO ENTREGUE À DISCIPLINA DE TGI, ESTA CORRENTE TEÓRICA QUE ENTENDE O LUGAR COMO ENTIDADE FENOMENOLÓGICA QUE ENCERRA SIGNIFICADOS E FORMAS QUE PODEM SER TRANSFORMADAS EM ELEMENTOS INTEGRADORES OU INFLUENCIADORES DO PROJETO ARQUITETÔNICO É EXEMPLIFICADA POR ÁLVARO SIZA VIEIRA E SEU PROJETO PISCINAS DAS MARÉS, EM LEÇA DAS PALMEIRAS, PORTUGAL (1961-66). ESTE SE CONSTITUI COMO UM LUGAR TOPOGRÁFICO QUE FOI MANIPULADO E REGULADO ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO ESTRATÉGICA DE MUROS DE CONCRETO, DEFININDO DUAS PISCINAS E UM EDIFÍCIO DE APOIO.

MI PROYECTO PRETENDÍA OPTIMIZAR LAS CONDICIONES CREADAS POR LA NATURALEZA, QUE YA HABÍA INICIADO POR SU PARTE EL DISEÑO DE UNA PISCINA EN AQUEL MISMO SITIO. ERA PRECISO SACAR PARTIDO DE LAS ROCAS, COMPLETANDO LA CONTENCIÓN DEL AGUA TAN SÓLO CON LAS PAREDES QUE RESULTASEN ESTRICTAMENTE NECESARIAS. ASÍ NACIÓ UNA LIGAZÓN MUCHO MÁS ESTRECHA ENTRE LO NATURAL Y LO CONSTRUÍDO. (SIZA. IN: INFANTE KREBS)

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KENNETH FRAMPTON OBSERVA QUE “AS PISCINAS DE LEÇA – DA TERRA ATÉ AO MAR – DIVIDEM-SE EM CINCO ELEMENTOS SEQUENCIAIS: A AVENIDA MARGINAL, O EDIFÍCIO DOS BALNEÁRIOS, A FORMAÇÃO ROCHOSA, AS PISCINAS ENCASTRADAS NA ROCHA E FINALMENTE O PRÓPRIO MAR” (ARQUITECTURA E URBANISMO”, JUNHO 1989. P.177). NESSA GRADAÇÃO, CONSTITUI-SE UM JOGO DE VISUAIS EM UMA PROMENADE ARCHITECTURALE CONSTRUÍDA POR SIZA ATRAVÉS DE UMA INTERVENÇÃO PRECISA BASEADA EM UMA COMPOSIÇÃO RIGOROSA, COM O MÍNIMO DE ELEMENTOS CONSTRUÍDOS. VALE NOTAR QUE ESSE MÍNIMO DE ELEMENTOS NÃO É FORMAL, MAS CONCEITUAL, PROMOVIDO ATRAVÉS DE UMA GEOMETRIA QUE ARTICULA CUIDADOSAMENTE ELEMENTOS ARTIFICIAIS E NATURAIS, INTEGRANDO AS ROCHAS AOS CAMINHOS, PLATAFORMAS, ESCADAS E PARAPEITOS. (MARTINS, 2009).

UMA CONCEPÇÃO TOPOGRÁFICA ESTRUTURA TODO O PROJETO E “TUDO GIRA EM TORNO DA SUBTIL MEDIAÇÃO ENTRE A MARGINAL, UMA FORMAÇÃO ROCHOSA E O MAR” (FRAMPTON, 2000, P.18). ENCONTRA-SE NOS MUROS DE CONCRETO A TECTÔNICA DEFENDIDA POR FRAMPTON, EM UMA OBRA QUE EXPRESSA UM GRANDE EQUILÍBRIO ENTRE A CONSTRUÇÃO DE ESPACIALIDADES E A EXPRESSÃO CONSTRUTIVA.

OUTRO ASPECTO DE INTEGRAÇÃO NO LUGAR SÃO AS MATERIALIDADES ESCOLHIDAS QUE CRIAM UMA PALETA DE CORES QUE VAI DO “AMARELO ACINZENTADO DA AREIA DA PRAIA, AO CINZA CLARO DO CONCRETO PASSANDO PELAS MADEIRAS E PELO COBRE OXIDADO DAS COBERTURAS QUE SE CONFUNDE COM O TOM DAS ÁGUAS DAS PISCINAS.” (MARTINS, 2009, P. 97) COMO REFERÊNCIAS CULTURAIS PERCEBE-SE A INFLUÊNCIA DE FRANK LOYD WRIGHT, MANIFESTA NA ÊNFASE DADA À HORIZONTALIDADE DOS MUROS DE CONCRETO, NAS COBERTURAS BAIXAS E SUAVEMENTE INCLINADAS DE MADEIRA [NOS BALNEÁRIOS] (FRAMPTON, 2000, P.18) EM UMA CONVERSA COM O HORIZONTE E O MAR.

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KENNETH FRAMPTON E O REGIONALISMO CRÍTICO

DADO SEQUENCIA AOS AUTORES QUE INTERPRETAM O CONCEITO DE LUGAR, NA VISÃO DE FRAMPTON, FAZIA-SE NECESSÁRIA UMA RESISTÊNCIA DESDE O INTERIOR DA PRÓPRIA ARQUITETURA MODERNA PARA QUE SE PUDESSE REVERTER SUA TENDÊNCIA UNIVERSALISTA QUE ISENTAVA A OBRA DE ARQUITETURA DE QUALQUER IDENTIDADE PARTICULAR. O REGIONALISMO SERIA O INGREDIENTE PARA ANCORAR DETERMINADAS ARQUITETURAS A SEU MEIO ESPECÍFICO.

POR MEIO DE UMA “CUMPLICIDADE” COM O REGIONAL, A ARQUITETURA MODERNA PODERIA DENOTAR – NOS MATERIAIS, MÉTODOS CONSTRUTIVOS, INSERÇÃO PAISAGÍSTICA E TECTÔNICA - DETERMINADAS RELAÇÕES QUE A LIVRARIAM DA IDEIA DO UNIVERSAL, PERMITINDO-LHE DESENVOLVER UMA CONTINUIDADE CRÍTICA COM A REALIDADE EM QUE ESTAVA INSERIDA, A PARTIR DE MECANISMOS INTERNOS.

FRAMPTON E OUTROS TEÓRICOS DEFENSORES DO REGIONALISMO CRÍTICO ENFATIZAM O LUGAR COMO UMA REGIÃO CONSTRUÍDA QUE CONFIGURA UMA UNIDADE CULTURAL. É IMPORTANTE SALIENTAR QUE O REGIONALISMO CRÍTICO NÃO É “UMA EVOCAÇÃO SIMPLISTA DE UM VERNACULAR SENTIMENTAL OU IRÔNICO”, MAS SIM UMA EXPRESSÃO DIALÉTICA QUE PROCURA “DESCONSTRUIR O MODERNISMO UNIVERSAL A PARTIR DE IMAGENS E VALORES LOCALMENTE CULTIVADOS” (FRAMPTON. IN: NESBITT, 2007, P.506)

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INSERÇÃO NA PAISAGEM UMA CONJUNÇÃO ENTRE ELEMENTOS LOCAIS E UNIVERSAIS ESTÁ PRESENTE NO PROJETO DE ALVAR AALTO PARA A PREFEITURA DE SÄYNÄTSALO (1952), EM JYVÄSKYLÄ, NA FINLÂNDIA. NELE HÁ INÚMERAS REFERENCIAS AO CLASSICISMO, A EXEMPLO DA ÁGORA GREGA E DAS TORRES CÍVICAS DE CIDADES ITALIANAS. NESTE PROJETO ESTAS REFERÊNCIAS SÃO REVIVIDAS SEM ALUSÕES DIRETAS OU DE MANEIRA NOSTÁLGICA. COMO ELEMENTO LOCAL, O USO DO TIJOLO COMO REVESTIMENTO DE TODO O EDIFÍCIO DIALOGA COM A TRADIÇÃO HISTÓRICA SEM SE TORNAR UMA IMITAÇÃO DE OUTRAS ÉPOCAS. ASSIM, AALTO TAMBÉM PROPÕE UMA ARQUITETURA BASEADA NA CONSCIÊNCIA DO LUGAR E NA TECTÔNICA, CUJA OBRA DEVE EVOCAR “A ESSÊNCIA ONÍRICA DO LUGAR COM A INESCAPÁVEL MATERIALIDADE DA CONSTRUÇÃO” (NESBITT, 2007, P.503). A INTERVENÇÃO TAMBÉM É TOPOGRÁFICA, AINDA QUE EM UMA MEDIDA DIVERSA DA INTERVENÇÃO DE SIZA. O EDIFÍCIO CONSISTE EM DOIS PAVIMENTOS DISPOSTOS AO REDOR DE UM PÁTIO ELEVADO EM UM ATERRO DE CERCA DE 3M EM RELAÇÃO À RUA. O CONJUNTO, ENTRETANTO, DIALOGA POR SIMILARIDADE COM AS ALTURAS DO ENTORNO. O PROJETO CONSISTE DE ESCRITÓRIOS, SALA DE CONSELHO, UMA BIBLIOTECA, ALGUMAS HABITAÇÕES E LOJAS. A PARTE COMERCIAL LOCALIZA-SE NO ANDAR INFERIOR, VOLTADAS PARA A RUA, ENQUANTO A PARTE SUPERIOR FICA VOLTADA PARA O PÁTIO. A IDEIA DE PERCURSO APARECE AQUI NO ACESSO AO PÁTIO QUE SE DÁ POR DUAS ESCADAS: UMA REGULAR, FEITA DE GRANITO E OUTRA, IRREGULAR, RECOBERTA POR GRAMA. NOTA-SE QUE DESENHOS DISTINTOS PROMOVEM USOS DISTINTOS: A PRIMEIRA SERVINDO A UM FLUXO MAIS DINÂMICO E A SEGUNDA A UM FLUXO QUE CONVIDA À CONTEMPLAÇÃO DO ENTORNO E DA MATERIALIDADE, UMA VEZ QUE SE DÁ EM TEMPO DILATADO.

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SOLÀ-MORALES E UMA VISÃO PÓS-MODERNA DO LUGAR

ALGUNS CRÍTICOS DA ATUALIDADE - A EXEMPLO, IGNASI DE SOLÁ-MORALES, CONTESTAM AS INTERPRETAÇÕES ANTERIORMENTE REFERIDAS DO CONCEITO DE LUGAR, DEFENDENDO QUE A AÇÃO TEMPORAL EXERCIDA SOBRE OS LUGARES TENDE A ALTERAR AS FORMAS DESTES. PARA SOLÀ-MORALES, A IDEIA DE RESISTÊNCIA DE FRAMPTON SEGUE VÁLIDA APENAS COMO ATITUDE CRÍTICA E COMO ARGUMENTO PARA A BUSCA DE NOVAS ABORDAGENS NA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA. A DEFESA DE UM “REGIONALISMO”, ENTRETANTO, MOSTRA-SE BEM MAIS PROBLEMÁTICA, JÁ QUE CONSTITUI UMA “RECUPERAÇÃO INGENUAMENTE FENOMENOLÓGICA”, MUITO DISTANTE DE QUALQUER CRISE DA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA (SOLÀ-MORALES, 1995). NESSE SENTIDO, SOLÁ-MORALES NO SEU ENSAIO LUGAR: PERMANENCIA O PRODUCCIÓN CONTRAPÕE A UM CONCEITO TRADICIONAL DE LUGAR – CONSIDERADO PELO AUTOR COMO ESTÁTICO – UM CONCEITO DE LUGAR BASEADO NA IDEIA DE FLUXOS E ACONTECIMENTOS, MAIS PRÓXIMO DE INTERPRETAÇÕES PÓS-MODERNAS NO ÂMBITO DA PRODUÇÃO ARQUITETÔNICA, COMO EM EISENMAN OU KOOLHAAS.

PARA SOLÀ-MORALES A NOÇÃO DE LUGAR ESTÁ LIGADA AO TEMPO, À MEMÓRIA E À IDENTIDADE. ENTRETANTO, PARA ELE A VIRTUDE DE UMA ATITUDE DE RESISTÊNCIA NÃO RESIDE NA PROPOSIÇÃO DE UMA CONTINUIDADE, NO APELO AO REGIONAL OU AO CONTEXTUAL. EM MEIO À CULTURA MIDIÁTICA E À SIMULTANEIDADE DECORRENTES DOS PROCESSOS GLOBALIZANTES, SOLÀ-MORALES INDICA QUE A PRODUÇÃO DO LUGAR SÓ É POSSÍVEL HOJE ATRAVÉS DA CULTURA DO ACONTECIMENTO, DA CRIAÇÃO DE PROJETOS QUE CONDENSEM QUESTÕES DA REALIDADE MÚLTIPLA. SÃO PROJETOS, PORTANTO, QUE DRIBLAM EXCESSOS FORMALISTAS, CONTEMPLANDO AÇÕES SUBJETIVAS, E SUBVERTENDO, AINDA QUE MOMENTANEAMENTE, OS PODERES E AS LÓGICAS DE REPRESENTAÇÃO ESTABELECIDOS.

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PAISAGEM COMO METÁFORA DENTRO DE UM UNIVERSO DE PROJETOS CONTEMPORÂNEOS, FOI TRAZIDO PARA O TRABALHO DA DISCIPLINA O PARQUE DE PIEDRAS TOSCAS (2004), DE AUTORIA DE RCR EM LA GARROTXA, EM GIRONDA, NA CATALUNHA, ESPANHA. ESTA INTERVENÇÃO PODE SER LIDA COMO UM PENSAMENTO POÉTICO EM RELAÇÃO A UM CONTEXTO ESPECÍFICO DO LUGAR. O PROJETO É UMA INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA QUE ENFATIZA O VALOR ECOLÓGICO E ETNOGRÁFICO DO LUGAR E FAZ COM QUE O VISITANTE ENTRE EM UM MUNDO COMPLEXO, HISTÓRICO E SOCIAL. RESIDE AQUI A IDEIA DE EXPERIÊNCIA E ACONTECIMENTO PRESENTE NO CONCEITO DE IGNASI DE SOLÀ-MORALES. NO INTERIOR DO PARQUE PODEMOS ENCONTRAR VÁRIOS TIPOS DE MUROS E CABANAS CONSTRUÍDOS COM PEDRAS ORIGINÁRIAS DE LAVAS VULCÂNICAS, FORMANDO UMA DISPOSIÇÃO SEQUENCIAL, ACUMULATIVA E TECTÔNICA QUE PERMITE CRIAR UMA LINGUAGEM RECONHECÍVEL AO VISITANTE. OS CAMINHOS PROPOSTOS RECUPERAM O SENTIDO VULCÂNICO DO LUGAR ATRAVÉS DA APROPRIAÇÃO DE UM TIPO DE CONSTRUÇÃO VERNACULAR. NO PASSADO, A CONSTRUÇÃO DE MUROS DE PEDRA SE DAVA POR NECESSIDADE DE CULTIVAR A TERRA, PARA INICIAR UM NOVO HABITAR. NO PROJETO, ESSE TIPO DE CONSTRUÇÃO SERVE A UM NOVO USO, O DE CONTEMPLAÇÃO DO LUGAR, GERANDO NOVAS SIGNIFICAÇÕES E MEDIANDO REALIDADES OPOSTAS NA CRIAÇÃO DE UMA PAISAGEM SOCIAL. (PAÑELLA, 2010). A IDEIA DE CONSTRUÇÃO DE PERCURSOS TAMBÉM É FORTE AQUI E DIFERENTES AMBIÊNCIAS SÃO CRIADAS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DAS PEDRAS NOS MUROS COMO LIMITES DE PARCELAS, DE CONTENÇÃO DE TERRAS OU DE AMBOS AO MESMO TEMPO. AS LÂMINAS DE AÇO CORTEM DISPOSTAS LADO A LADO CONFORMAM UM CAMINHO QUE FAZ REFERÊNCIAS A LAND ART E ÀS ESCULTURAS DE RICHARD SERRA. ESTAS MUITAS AÇÕES INDIVIDUAIS SOMADAS PROVOCAM UMA REFLEXÃO SOBRE O OBJETO E SUA FORMA ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO DE SUAS CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS, COMO OCORRIA NA ARTE POVERA.

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AÇÕES PROTETUAIS: camadas sobre o lugar

AO INDAGAR QUAIS ESTRATÉGIAS PROJETUAIS ADVINDAS DE INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS PODERIAM SER SELECIONADAS PARA A INTERVENÇÃO EM TGI, FORAM REALIZADAS COLAGENS, INSPIRADAS NOS TRABALHOS DE ANTONIO COXITO (IN: SITE01.NET). NELAS SÃO TENCIONADAS OBRAS ARQUITETÔNICAS E ARTÍSTICAS, BUSCANDO FAZER UM COMENTÁRIO SOBRE AS OBRAS, SUAS QUESTÕES E PROCESSOS CONSTRUTIVOS/COMPOSITIVOS. A EXEMPLO DA TENSÃO ENTRE ARTIFICIAL E NATURAL NA COLAGEM DE IMAGENS DA CASA WAUSAU, DE FRANK LLOYD WRIGHT E UMA FOTOGRAFIA DO PARQUE NACIONAL DE YOSEMITE, DE ANSEL ADAMS; A FORTE PRESENÇA DA TOPOGRAFIA E A QUESTÃO DA CONTINUIDADE ENTRE VOLUME ARQUITETÔNICO E PAISAGEM EM TE TUHIRANGI CONTOUR, DE RICHARD SERRA LADO A LADO DA CASA DAS MUDAS, DE PAULO DAVID; A COR E A MATERIALIDADE COMO PARTE DE UMA IDENTIDADE, EM DIÁLOGO OU TENSÃO COM A HISTÓRIA – AQUI ARQUITETÔNICA, EM REFERÊNCIA AO MOVIMENTO MODERNO – E O LUGAR QUANDO O AZUL KLEIN TOMA CONTA DA FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO, DE ÁLVARO SIZA; REFLEXÕES SOBRE A AURA DA OBRA DE ARTE AO COLOCAR O COPAN, DE NIEMEYER, EM UMA DAS SURROUNDED ISLAND, DE CHRISTO E JEANNE-CLAUDE; A QUESTÃO DA ARQUITETURA COMO ESCULTURA E DOS ENQUADRAMENTOS DA PAISAGEM E DOS PERCURSOS, NA COLAGEM DE UMA IMAGEM DO MUBE, DE PAULO MENDES DA ROCHA E DO MONUMENTO A AZEREDO PERDIGÃO, DE PEDRO CABRITA REIS; A GRANDE APROXIMAÇÃO VISUAL ENTRE AS PISCINA DAS MARÉS, DE ÁLVARO SIZA, E A OBRA DE LAND ART, THE SHIFT, DE RICHARD SERRA; A QUESTÃO DO ABRIGO NA OBRA DE CHRISTO AND JEANNE-CLAUDE E UMA REGIÃO ESTRATÉGICA DA CIDADE DE ARARAQUARA, LOCAL DE RETIRADA DOS TRILHOS DA FERROVIA; A APROXIMAÇÃO CONSTRUTIVA ENTRE A ARTE POVERA DA OBRA DE MARIO MERZ, TRIPLO IGLU, E O PARQUE DE PIEDRA TOSCA, D E RCR.

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FRANK LLOYD WRIGHT, CASA WAUSAU + ANSEL ADAMS, FOTORAFIA DO PARQUE NACIONAL DE YOSEMITE fotomontagem Antonio Coxito (in: site01.net)

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RICHAR SERRA, TE TUHIRANGI CONTOUR + CASA DAS MUDAS, PAULO DAVID fotomontagem Antonio Coxito (in: site01.net)

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ÁLVARO SIZA, FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO + YVES KLEIN, AZUL KLEIN fotomontagem Antonio Coxito (in: site01.net)

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NIEMEYER, COPAN + CHRISTO E JEANNE-CLAUDE, SURROUNDED ISLAND fotomontagem Antonio Coxito (in: site01.net)

TGI II - UMA ALTERNATIVA NA PAISAGEM

PAULO MENDES DA ROCHA, MUBE + PEDRO CABRITA REIS, MONUMENTO A AZEREDO PERDIGﾃグ fotomontagem da autora

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ÁLVARO SIZA, PISCINA DAS MARÉS + RICHARD SERRA, THE SHIFT fotomontagem da autora

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CHRISTO AND JEANNE-CLAUDE, GUARDA-SOIS + ÁREA ESTRATÉGICA DE ARARAQUARA fotomontagem da autora

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MARIO MERZ, TRIPLO IGLU + PARQUE DE PIEDRA TOSCA, RCR. fotomontagem da autora

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EM UM SEGUNDO MOMENTO, AO EXPLORAR AÇÕES PROJETUAIS POSSÍVEIS, VIU-SE A NECESSIDADE DE ESTAS ESTAREM ANCORADAS A UM LUGAR, VISTO QUE BUSCA-SE UMA INTERVENÇÃO QUE FALE DE “CAMADAS SOBRE O LUGAR”. “SOBRE” SIGNIFICANDO AQUI UMA SOBREPOSIÇÃO, ACÚMULO, TRAZENDO A IDEIA DA AÇÃO PROJETUAL; E TAMBÉM SIGNIFICANDO “A RESPEITO” DO LUGAR, MOSTRANDO QUE SE QUER TRABALHAR COM DADOS EXISTENTES NESTE QUE LIDAM COM TEMPO: SOCIAL, HISTÓRICO E FÍSICO. EM UMA BREVE LEITURA DA CIDADE DE ARARAQUARA FORAM LEVANTADOS LUGARES QUE CONFIGURAM SITUAÇÕES COM QUE SE QUER TRABALHAR, DOS QUAIS UM FOI ESCOLHIDO PARA ILUSTRAR AÇÕES PROJETUAIS POSSÍVEIS. É UMA REGIÃO ESTRATÉGICA DE ENCONTRO DE CORPOS D’ÁGUA. NELA HÁ O ENCONTRO DE DISTINTAS OCUPAÇÕES E A MISTURA DE BAIRROS DE RELATIVA FRAGILIDADE SOCIAL E CONDOMÍNIOS FECHADOS DE ALTO PADRÃO. VIU-SE AI UMA ÁREA PROMISSORA PARA UM PROJETO DE ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS E LANDSCAPE DESIGN, QUE DÊ ESPECIAL ATENÇÃO ÀS RELAÇÕES ESTABELECIDAS ENTRE MEI O FÍSICO E PROCESSO DE OCUPAÇÃO HUMANA, REFLETINDO ACERCA DOS PROCESSOS NATURAIS, SOCIAIS E CULTURAIS NA CONFIGURAÇÃO DA PAISAGEM.

FORMALMENTE, A AÇÃO PROJETUAL SE DÁ ATRAVÉS DE PROCEDIMENTOS COMPOSITIVOS QUE GERAM O OBJETO E TORNAM VISÍVEIS QUESTÕES LATENTES DO LUGAR. TRABALHOU-SE COM OPERAÇÕES DE “ENCAIXE” DE VOLUMES - INCRUSTADOS E AÉREOS - E NEGATIVOS, CONTENÇÃO DE ESPAÇOS, SOBRE A TOPOGRAFIA E O OBJETO E NA RELAÇÃO DESTES.

OS PERCURSOS TEM GRANDE IMPORTÂNCIA NESSE ESTUDO; AO APRESENTAR DIFERENTES CONFIGURAÇÕES PROPORCIONAM DIFERENTES AMBIÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS DA CIDADE AO TRANSEUNTE/USUÁRIO.

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de: Lima, Maria Cecília Pedro Bom. Paisagem e Identidade: modificado

sistema de espaços livres

Cidade Aracy. [Trabalho de Graduação Integrado II) São Carlos: IAU-USP, 2013. no bairro

Maquete e croquis esquemáticos. Da autora.

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LOCALIZAÇÃO DE SÃO CARLOS

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O SÍTIO URBANO E A ABORDAGEM PAISAGÍSTICA

ATRAVÉS DESSE PROCESSO AS PROPOSIÇÕES DE TGI DELINEAVAM-SE CADA VEZ MAIS NO ÂMBITO DE UMA “ABORDAGEM PAISAGÍSTICA”, ESTA ENTENDIDA COMO UMA APROXIMAÇÃO À CONSTRUÇÃO DA CIDADE TERRITÓRIO QUE ENVOLVE UMA REFLEXÃO SOBRE OS TECIDOS CONSTRUÍDOS. USA-SE “PAISAGEM” COMO LENTE CULTURAL, UMA PLATAFORMA A PARTIR DA QUAL DESCREVER E INTERPRETAR A CIDADE CONTEMPORÂNEA (WELDHEIM, 2006

APUD VESCINA, 2010). COM ISSO, AS RELAÇÕES ENTRE O ESPAÇO “NATURAL” E O “CONSTRUÍDO” SE TRANSFORMAM NO FUNDAMENTO DO PROJETO URBANO.

A LÓGICA DA PAISAGEM É ESCOLHIDA TAMBÉM POR SER DOTADA DE UMA CAPACIDADE DE AGENCIAMENTO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA, CIDADE ESTA MARCADA POR UMA CONDIÇÃO HORIZONTAL FRUTO DE UMA DISPERSÃO URBANA E QUE GERA GRANDES VAZIOS URBANOS, DILUINDO AS FRONTEIRAS ENTRE CIDADE-CAMPO (GOULART, 2007).

ADEMAIS, NA CONJUNTURA CONTEMPORÂNEA, NA QUAL AS RELAÇÕES ÉTICA E EPISTEMOLÓGICA ENTRE HOMEM E NATUREZA VEM SENDO REVISADAS, O PAISAGISMO SE COLOCA COMO UMA ALTERNATIVA DE INTERVENÇÃO PROJETIVA, DADAS AS PARTICULARES PREOCUPAÇÕES MEIO-AMBIENTAIS DO TEMPO PRESENTE (BARBA, 2006

APUD VESCINA, 2010). DIANTE DISSO, FOI FEITA A LEITURA DA CIDADE ELEITA. SITUADO NA PORÇÃO CENTRAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, O MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS ESTÁ LOCALIZADO A 244KM DA CAPITAL SÃO PAULO E OCUPA UMA ÁREA DE

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Município de São Carlos – Bacias hidrográficas Mogi-Guaçu (em cinza claro), Tietê-Jacaré (em amarelo) e área urbana (em cinza escuro). / Fonte: PMSC (2002)

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1.140 KM². AO NORTE FAZ DIVISA COM OS MUNICÍPIOS DE RINCÃO, LUÍS ANTÔNIO E SANTA LÚCIA, AO SUL COM RIBEIRÃO BONITO, BROTAS E ITIRAPINA, A OESTE COM IBATÉ, ARARAQUARA E AMÉRICO BRASILIENSE E A LESTE COM DESCALVADO E ANALÂNDIA.

NOS ÚLTIMOS ANOS HOUVE UM EXPRESSIVO CRESCIMENTO DE SUA POPULAÇÃO, QUE PASSOU DE 109.000 HABITANTES EM 1985 PARA 158.221 EM 1991 (CENSO IBGE, 1991), DOS QUAIS 148.377 JÁ SE ENCONTRAVAM NA ÁREA URBANA. EM 1996, A POPULAÇÃO PASSAVA PARA 175.517 HABITANTES. JÁ O CENSO IBGE 2000 MOSTROU QUE A POPULAÇÃO ERA DE 192.998, SENDO QUE 183.433 ERAM RESIDENTES URBANOS. HOJE A POPULAÇÃO É DE 236.457 HABITANTES (IBGE, 2013), DOS QUAIS CERCA DE APENAS 5% RESIDE EM ÁREA RURAL, A QUAL OCUPA 94,1% DO TERRITÓRIO MUNICIPAL. NOS 5,9% DE ÁREA RESTANTE RESIDE 95% DA POPULAÇÃO, EM ZONA URBANA (PMSC, 2002).

A APROXIMAÇÃO AO SÍTIO URBANO SE DARÁ ATRAVÉS DE QUATRO CATEGORIAS OPERACIONAIS1 VISTAS COMO FERRAMENTAS E TAMBÉM COMO VOCABULÁRIO COM O QUAL DECIFRAR A COMPLEXIDADE DO TERRITÓRIO URBANO. CAMADAS, VAZIOS, FRONTEIRAS E PROCESSOS SÃO AS QUATRO INSTÂNCIAS PROPOSTAS PARA UMA ABORDAGEM PAISAGÍSTICA DE SÃO CARLOS. A INTENÇÃO É DESCOBRIR POSSIBILIDADES DE PROJETO E COMO EXPLORÁ-LAS, COMO E O QUE OLHAR. ELAS NÃO SE PRETENDEM EXAUSTIVAS, MAS PAVIMENTAR UM CAMINHO SOBRE O QUAL TRABALHAR.

Essas categorias operacionais foram retiradas da tese de doutorado de Laura Mariana Vescina: Projeto urbano, paisagem e representação: alternativas para o espaço metropolitano. Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 2010.

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Expans達o urbana da cidade de S達o Carlos de 1940 a 2002. Fonte: PMSC (2002) Modificado pela autora.

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CAMADAS: REVELANDO O LUGAR

UMA VEZ QUE O EXERCÍCIO DE PROJETO PRESSUPÕE UMA EXPLORAÇÃO QUE PERMITA REVELAR O SENTIDO DO LUGAR, A ESTRATIFICAÇÃO DO TERRITÓRIO EM CAMADAS POSSIBILITA VÊ-LO “NÃO COMO UMA SUPERFÍCIE PLANA E HOMOGÊNEA, MAS COM A SUA ESPESSURA E A SUA DENSIDADE” (VESCINA, 2010, P. 87). DESSA FORMA PODEMOS DAR LUZ ÀS AÇÕES, DO HOMEM E DA NATUREZA, QUE DERAM FORMA AO TERRITÓRIO AO LONGO DO TEMPO. ESSA ESTRATÉGIA É COMPARADA POR CORBOZ (2001) AO PALIMPSESTO, UMA VEZ QUE ESSAS CAMADAS NÃO SÃO FEITAS SOMENTE DE ADIÇÕES, MAS TAMBÉM DE SUBTRAÇÕES. LE TERRITOIRE, TOUT SURCHARGÉ QU’IL EST DE TRACES ET DE LECTURES PASSÉS EN FORCÉ, RESSEMBLE PLUTÔT À UN PALIMPSESTE… MAIS LE TERRITOIRE N’EST PAS UN EMBALLAGE PERDU NI UN PRODUIT DE CONSOMMATION QUE SE REMPLACE. CHACUN EST UNIQUE, D’OU LA NECESSITÉ DE “RECYCLER”, DE GRATTER UNE FOIS ENCORÉ (MAIS SI POSIBLE AVEC LE PLUS GRAND SOIN) LE VIEUX TEXTE QUE LES HOMMES ONT INSCRIT SUR L’IRREMPLACABLE MATÉRIAU DES SOLS, AFIN D’EN DÉPOSER UN NOUVEAU, QUI RÉPONDE AUX NÉCESSITÉS D’AUJOURD’HUI AVANT D’ÊTRE ABROGÉ À SON TOUR. (CORBOZ, 2001:228)2

NESSE SENTIDO, OBSERVA-SE QUE SÃO CARLOS ESTÁ INSERIDA NA SÉTIMA REGIÃO ECOLÓGICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, ACOMPANHANDO AS “CUESTAS BASÁLTICAS”, COM ALTITUDES ENTRE 800-900M, APRESENTANDO UM RELEVO TALHADO NAS CAMADAS SEDIMENTARES QUE COMPÕEM A BACIA SEDIMENTAR DO PARANÁ. O VALE DO RIO DO MONJOLINHO EM ASSOCIAÇÃO COM AS CUESTAS BASÁLTICAS DELIMITA TOPOGRAFICAMENTE UMA ÁREA ONDE SE ENCONTRA O NÚCLEO URBANO. (OLIVEIRA & PRADO, 1984)

2 O território carregado de vestígios e leituras assemelha-se, sobretudo a um palimpsesto...Mas o território não é uma embalagem

perdida, nem um produto de consumo que se substitui. Cada um é único, por isso a necessidade de reciclar, de raspar mais uma vez (se possível com grande cuidado) o velho texto que os homens têm inscrito sobre o insubstituível material dos solos com o fim de depositar um novo, que responda às necessidades de hoje antes que seja anulado por sua vez. (Tradução de VESCINA In: VESCINA, 2010)

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O INÍCIO DA OCUPAÇÃO DE SÃO CARLOS DEU-SE ÀS MARGENS DO CÓRREGO DO GREGÓRIO. A PARTIR DESSE NÚCLEO INICIAL A CIDADE TEVE A SUA PRIMEIRA EXPANSÃO DEFINIDA PELO EIXO CENTRAL NORTE-SUL DA AVENIDA SÃO CARLOS. PARTINDO DAÍ, DEU-SE TAMBÉM A EXPANSÃO NO SENTIDO LESTE-OESTE, SURGINDO NO INÍCIO DO SÉCULO XX, OS PRIMEIROS LOTEAMENTOS AFASTADOS DO CENTRO. SUA FORMA URBANA É CARACTERIZADA POR UM TRAÇADO HIPODÂMICO DE QUARTEIRÕES QUADRADOS COM APROXIMADAMENTE 100M DE LADO E DISPOSTOS EM RUAS ORIENTADAS PELOS PONTOS CARDEAIS. ESTE PARTIDO URBANÍSTICO IGNORA AS PARTICULARIDADES GEOMORFOLÓGICAS DO SÍTIO. COM ISSO, MUITAS DAS NASCENTES DE CORPOS D’ÁGUA FORAM OCULTADAS EM CAIXAS DE DRENAGEM, PERMITINDO QUE O TRAÇADO GEOMÉTRICO ORTOGONAL FOSSE IMPLANTADO DE FORMA ABSTRATA, EM CLARA SUBMISSÃO DAS PRÉ-EXISTÊNCIAS NATURAIS. (ANELLI, 2005) POR SUA VEZ, A IMPLANTAÇÃO DA LINHA FÉRREA NO FINAL DO SÉCULO XX CORTOU O TERRENO DE FORMA DIAGONAL AO TRAÇADO URBANO JÁ QUE PRECISAVA OBTER DECLIVES SUAVES. DESSA FORMA, OS BAIRROS ALÉM TRILHOS FORAM IMPLANTADOS SEGUINDO A NOVA INFLEXÃO. DE ACORDO COM ANELLI (2005), UMA NOVA FASE DE EXPANSÃO URBANA OCORREU APÓS 1945 QUANDO OS NOVOS LOTEAMENTOS PARARAM DE SEGUIR AS DIRETRIZES ORIGINAIS DESSAS DUAS MALHAS. PEQUENAS CHÁCARAS PRÓXIMAS À CIDADE FORAM LOTEADAS SEM QUE SE ESTABELECESSE NENHUMA DIRETRIZ DE CONTINUIDADE VIÁRIA ALÉM DA TRANSFORMAÇÃO DAS ANTIGAS ESTRADAS RURAIS EM VIAS ARTERIAIS. NO FINAL DA DÉCADA DE 1960, FOI ELABORADO O PLANO DE UM SISTEMA VIÁRIO ESTRUTURAL NA FORMA DE ANEL VIÁRIO DE TRAÇADO RADIAL/PERIMETRAL. ELE COMPREENDIA UMA VIA DIAMETRAL NO SENTIDO LESTEOESTE, CRUZANDO O CENTRO E SEGUINDO AS MARGENS DO CÓRREGO DO GREGÓRIO, UMA VIA PERIMETRAL OESTE-NORTE-LESTE SEGUINDO O CÓRREGO DO MONJOLINHO E DO TIJUCO PRETO. UMA LÓGICA DIFERENTE FOI APLICADA APENAS A VIA PERIMETRAL OESTE-SUL-LESTE, COM A OCUPAÇÃO DAS ÁREAS LINDEIRAS À REDE DE ALIMENTAÇÃO ELÉTRICA DA FERROVIA. (ANELLI, 2005)

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FRONTEIRAS: TRABALHANDO ENTRE CIDADE E NATUREZA

FRONTEIRAS, INTERFACE, LIMITES, BORDAS REFEREM-SE AOS ESPAÇOS DE CONTATO ENTRE PARTES DIFERENTES DO SISTEMA URBANO. ESTES PODEM SER NATURAIS OU CONSTRUÍDOS, FÍSICOS OU SOCIAIS. O TERMO AQUI SE UTILIZA ESPECIFICAMENTE PARA REFERIR-NOS AOS ESPAÇOS DE MEDIAÇÃO ENTRE NATUREZA E CIDADE.

NUM CONTEXTO REGIONAL DE CRESCENTE URBANIZAÇÃO DISPERSA, ONDE O URBANO DILUI-SE NO RURAL, NO INTRAURBANO A SITUAÇÃO É DIVERSA. MÚLTIPLAS FRONTEIRAS SE CONSTITUEM, E PODE-SE IDENTIFICAR VÁRIOS ESPAÇOS “ENTRE” OS NÚCLEOS DE URBANIZAÇÃO, SUGERINDO UMA IDEIA, NEGATIVA, DE INTERVALO, INTERRUPÇÃO E DESCONTINUIDADE. (VESCINA, 2010)

POR OUTRO LADO, ESSES ESPAÇOS SÃO TAMBÉM LUGARES DE EXPECTATIVA, “PORQUE PERMANECEM NAS MARGENS ESPERANDO UM DESEJO DA SOCIEDADE DE INSCREVÊ-LOS COM VALORES E STATUS” (BERGER, 2006 APUD VESCINA, 2010).

SOB ESSA PERSPECTIVA, REFLETIR PROJETUALMENTE SOBRE AS FRONTEIRAS IMPLICA EM RECONHECER A IMPORTÂNCIA DAS INTERFACES ENTRE O TECIDO URBANO E OS SISTEMAS NATURAIS COMO LUGARES PRIVILEGIADOS DE INTERVENÇÃO. SÃO ESPAÇOS DE MEDIAÇÃO NOS QUAIS PODEMOS PÔR À PROVA UMA RENOVADA RELAÇÃO SUSTENTÁVEL, O ENTENDIMENTO DOS RITMOS E CICLOS DA NATUREZA, MAS TAMBÉM A POSSIBILIDADE DE CRIAÇÃO DE UM NOVO TIPO DE ESPAÇO PÚBLICO. (VESCINA, 2010, P.99)

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Áreas de Proteção Ambiental da cidade de São Carlos com sub bacias hidrográficas. Fonte: PMSC, 2002. Modificado pela autora.

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EM SÃO CARLOS, A IMPLANTAÇÃO DAS VIAS MARGINAIS COMO CITADO NO TÓPICO ANTERIOR, FEZ COM QUE EM 1970 SE ACENTUASSEM OS CONFLITOS ENTRE EXPANSÃO URBANA E ÁREAS AMBIENTALMENTE FRÁGEIS, ESPECIALMENTE NO QUE CONCERTE À INVASÃO DE ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL À BEIRA DOS CÓRREGOS, ALÉM DE ESTIMULAR A EXPANSÃO URBANA NOS FUNDOS DE VALE. DIANTE DISSO, OS VÁRIOS CÓRREGOS QUE ATRAVESSAM O TECIDO URBANO TÊM SIDO TRANSFORMADOS, PERDENDO SUAS CARACTERÍSTICAS NATURAIS.

O ANEL VIÁRIO PROPOSTO NA DÉCADA DE 1960 ESTAVA INCOMPLETO AINDA NO ANO DE 2000, QUANDO A CONTINUIDADE DA SUA IMPLANTAÇÃO FOI SUSPENSA POR DECISÃO JUDICIAL. A GESTÃO DO EXECUTIVO MUNICIPAL, FRUTO DE UMA MUDANÇA POLÍTICA NA CIDADE, DECIDIU NÃO RECORRER DA DECISÃO JUDICIAL E A TRANSFORMOU EM MOMENTO OPORTUNO PARA REVER SEU SIGNIFICADO PARA A CIDADE À LUZ DAS NOVAS CONCEPÇÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL. A SEGUIR, FORAM ELABORADAS PROPOSTAS ALTERNATIVAS PARA OS FUNDOS DE VALE URBANOS, “PROCURANDO COMPATIBILIZAR A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA VIÁRIO ESTRUTURAL COM A IMPLANTAÇÃO DE PARQUES LINEARES QUE RECOMPUSESSEM, ONDE FOSSE POSSÍVEL, A VEGETAÇÃO CILIAR AO LONGO DAS MARGENS” (ANELLI, 2005, P.13)

NESSE CONTEXTO, AS MARGENS DE 2/3 DA ÁREA MARGINAL DO CÓRREGO DO TIJUCO PRETO PUDERAM SER DESTINADAS À RECUPERAÇÃO AMBIENTAL. FOI REALIZADO UM PROJETO DE DESTAMPONAMENTO DO CÓRREGO, COM A REMOÇÃO DA CANALIZAÇÃO DE CONCRETO NOS 300M MAIS PRÓXIMOS DA NASCENTE. NESTE TRECHO FOI ADOTADA UMA TÉCNICA DE RECOMPOSIÇÃO DO CANAL QUE USA PALIÇADA DE EUCALIPTO NÃO TRATADO SOBRE UM REVESTIMENTO DE MANTAS GEOTÊXTEIS.

O SISTEMA UTILIZADO ESTABILIZA O SOLO DAS MARGENS E DO FUNDO COM RECURSOS QUE IRÃO SE DEGRADAR CONFORME A VEGETAÇÃO CRESCE E ASSUME O PAPEL DE FIXADORA DO TERRENO. TRATA-SE DE UMA TÉCNICA

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Córrego do Tijuco Preto após rec omposição de suas margens. Projeto Pró-Tijuco. Fonte: Fonte: http://www.aeasc.com.br/ site/index.php?option=com_ docman&task=doc_ download&gid=1&Itemid=11

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SOMENTE ADMISSÍVEL EM SITUAÇÕES EM QUE A VELOCIDADE DA ÁGUA NOS PICOS DE CHEIA É INFERIOR A 5M/S, LIMITE ACIMA DO QUAL SE EXIGE PROTEÇÕES DE CONCRETO ARMADO OU EQUIVALENTE. (ANELLI, 2005, P.18)

POR OUTRO LADO, A SITUAÇÃO URBANA DO CÓRREGO DO GREGÓRIO É MUITO DISTINTA DO LOCAL EM QUE SE DEU A INTERVENÇÃO EXEMPLAR DESCRITA ACIMA, ESPECIALMENTE NO QUE CONCERNE À PARTE LESTE DA DIAMETRAL LESTE-OESTE. NESTE CASO, FOI PROPOSTO PELA PREFEITURA DO MUNICÍPIO UM CHAMADO “PROJETO VIÁRIO NÃO REMANEJÁVEL DE FUNDO E VALE” NESTE CASO, A RETIFICAÇÃO DO CANAL FOI REALIZADA NA DÉCADA DE 1980, CHEGANDO A ALTERAR EXPRESSIVAMENTE OS LOTEAMENTOS LINDEIROS. PELA SUA INSERÇÃO URBANA, ELA ESTÁ DIVIDIDA EM DOIS TRECHOS. NO DE MONTANTE, MAIS DISTANTE DA REGIÃO CENTRAL, A OCUPAÇÃO URBANA TORNA IMPOSSÍVEL O AFASTAMENTO DO VIÁRIO EM RELAÇÃO À APP. PARA COMPENSAÇÃO, FOI INCLUÍDO NO TAC A VEGETAÇÃO DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS DOS LOTEAMENTOS VIZINHOS. NO TRECHO MAIS PRÓXIMO DO CENTRO, EXISTE UM GRANDE VAZIO CONSTITUÍDO PELA ÁREA REMANESCENTE DE UMA ANTIGA FÁBRICA DA CIDADE, A INDÚSTRIA FACHINA, DESATIVADA E DEMOLIDA HÁ VÁRIAS DÉCADAS. ASSIM, O VIÁRIO PODE SE AFASTAR CONSIDERAVELMENTE, PERMITINDO A IMPLANTAÇÃO DE UM PARQUE. ALÉM DE REVEGETAR A MARGEM ESQUERDA DO CÓRREGO, ESTE IRÁ INCORPORAR AS POUCAS RUÍNAS DA FÁBRICA AINDA EXISTENTE (ANELLI, 2005, P.17)

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A micro-bacia do c贸rrego do Greg贸rio. Fonte: ALVES, 2005.

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A SUB-BACIA DO CÓRREGO DO GREGÓRIO

A SUB-BACIA DO CÓRREGO DO GREGÓRIO ESTÁ TOTALMENTE SITUADA NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, NA SUA PORÇÃO CENTRAL, ABRANGENDO UMA ÁREA DE 19 KM², ATÉ A CONFLUÊNCIA COM O RIO MONJOLINHO. A REGIÃO MAIS URBANIZADA É A PORÇÃO CENTRAL DA BACIA, FAZENDO PARTE DO PRIMEIRO NÚCLEO URBANO DE SÃO CARLOS. A REGIÃO LESTE CONSTITUI A PARTE RURAL DA BACIA, ABRANGENDO AS NASCENTES DOS CÓRREGOS DE DRENAGEM. A PORÇÃO ENTRE O SETOR LESTE E O CENTRO DA BACIA ESTÁ EM PROCESSO AVANÇADO DE OCUPAÇÃO.

A FORMA DE OCUPAÇÃO URBANA DE SÃO CARLOS, DESCRITA ANTERIORMENTE, É A CAUSA PRINCIPAL DAS ENCHENTES QUE OCORREM NO PERÍODO CHUVOSO (NOVEMBRO A MARÇO), SOBRETUDO NA REGIÃO CENTRAL DA CIDADE, PRÓXIMO AO MERCADO MUNICIPAL, ONDE A CALHA DO RIO FOI TOTALMENTE DESNATURALIZADA PELAS OBRAS DE CANALIZAÇÃO, TAMPONAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE MARGINAIS, SEM LEVAR EM CONTA O CONJUNTO DA REDE DE DRENAGEM, A EXPANSÃO URBANA E A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E ACARRETANDO AO LONGO DESSES ANOS, DANOS AMBIENTAIS, ECONÔMICOS E SOCIAIS..

A RETIFICAÇÃO E A CANALIZAÇÃO DOS RIOS FORAM VISTAS DURANTE MUITO TEMPO COMO UMA DAS MELHORES PROPOSTAS PARA RESOLVER DIFICULDADES COM A DRENAGEM E O SANEAMENTO DAS CIDADES. ENTRETANTO, ESSAS MUDANÇAS DRÁSTICAS NO LEITO DO RIO AUMENTAM A DECLIVIDADE E COM ISSO AUMENTAM TAMBÉM A VELOCIDADE DA ÁGUA, ACARRETANDO EM PROCESSOS EROSIVOS E NA RETIRADA DA MATA CILIAR.

DIANTE DA SUSCETIBILIDADE DA ÁREA A ENCHENTES, ALÉM DO PROCESSO DE EROSÃO HÍDRICA, A TENDÊNCIA É QUE ESSA SITUAÇÃO SE AGRAVE AINDA MAIS, VISTO QUE A OCUPAÇÃO DA ÁREA LESTE DA BACIA ESTÁ CRESCENDO,

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Notícia sobre enchente na rotatória do Cristo, a jusante do Córrego do Gregório. Fonte: São Carlos dia e Noite. In: http://www. saocarlosdiaenoite.com.br/lmno/cidade/item/28243-chuvas-provocam-enchentes-e-causam-p%C3%A2nico-na-rotat%C3%B3ria-docristo. Consultado em 26 de Maio de 2014

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SEM CONSIDERAR OS IMPACTOS SOBRE AS REGIÕES A JUSANTE, ATINGIDOS PELAS CHEIAS, EMBORA A RODOVIA WASHINGTON LUIZ AINDA REPRESENTE UM OBSTÁCULO À EXPANSÃO.

ATUALMENTE TAMBÉM A JUSANTE DO CÓRREGO DO GREGÓRIO, EM CONFLUÊNCIA COM O CÓRREGO DO MONJOLINHO APRESENTA CHEIAS, NA REGIÃO CONHECIDA COMO “ROTATÓRIA DO CRISTO”.

DEVIDO ÀS FREQUENTES ENCHENTES, A BACIA DO CÓRREGO DO GREGÓRIO TEM SIDO OBJETO DE ESTUDO DE DIVERSAS PESQUISAS EM HIDROLOGIA URBANA NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS – EESC/USP VOLTADAS À OBTENÇÃO DE DADOS HIDROLÓGICOS, COMO CHUVA, VAZÃO E INFILTRAÇÃO E MODELAGEM DOS PROCESSOS FÍSICOS DOS ESCOAMENTOS NA REFERIDA BACIA.

UM TRECHO DESSA BACIA É ESCOLHIDO COMO ÁREA DE ESTUDO DESSE TRABALHO, TAMBÉM PREOCUPADO COM A MITIGAÇÃO DAS ENCHENTES, MAS COM UM NOVO OLHAR: PROJETUAL E PAISAGÍSTICO. INTERESSA-SE COM A NECESSIDADE DE UM NOVO REGISTRO PARA PROJETOS E POLÍTICAS PARA CORPOS D’ÁGUA INSERIDOS EM ÁREAS URBANAS, UM REGISTRO QUE LIDEM COM QUESTÕES CULTURAIS RELATIVAS ÀS ÁGUAS, UMA VEZ QUE NOS ACOSTUMADOS A VIRAR AS COSTAS PARA NOSSOS RIOS.

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Área de intervenção do projeto.

Na página ao lado, da esquerda para a direita: “Urge retificação do Gregório e construção de novas galerias”. A Folha. 20 de Janeiro de 1965. In: Blog Águas da Memória Trabalhadores no córrego do Gregório (1974). Fonte: Acervo Fundação Pró-Memória São Carlos Esquerda: galeria na Avenida São Carlos (1980). Acervo Fundação Pró-Memória. São Carlos. Direita: Avenida São Carlos (2011). Foto: L. Pavesi. Blog Águas da Memória Lavadeiras no córrego do Gregório (1950). Fonte: Acervo da Fundação Pró-Memória São Carlos Obras no córrego do Gregório nas proximidades do Sesc. Setembro de 2012. Foto: L. Pavesi. Blog Águas da Memória

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Áreas públicas e áreas livres passíveis de ocupação na cidade de São Carlos. Fonte: PMSC, 2010. Modificado pela autora.

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VAZIOS URBANOS: UMA PROPOSTA PARA ABORDAR A SITUAÇÃO DISPERSA E FRAGMENTADA

ESSA CATEGORIA INVERTE AS ABORDAGENS MAIS TRADICIONAIS DA CIDADE, QUE LIDAM COM OS CHEIOS, A FORMA CONSTRUÍDA, E EXPLORA O POTENCIA DOS ESPAÇOS URBANOS LIVRES PARA CONFERIR INTELIGIBILIDADE À CIDADE CONTEMPORÂNEA (VESCINA, 2010) ATRAVÉS DA QUALIFICAÇÃO E ARTICULAÇÃO DE ESPAÇOS LIVRES É POSSÍVEL CONFORMAR UM SISTEMA ESTRUTURADOR EM GRANDE ESCALA, QUE AGREGUE NOVOS VALORES À CIDADE, QUE VÃO DE VALORES SOCIAIS E RECREATIVOS A DEPOSITÁRIOS DE INFRAESTRUTURAS DE MOBILIDADE, CONTROLE DE ENCHENTES E BENEFÍCIOS AMBIENTAIS: CLIMÁTICOS E DE BIODIVERSIDADE.

ATRAVÉS DOS MAPAS PERCEBE-SE A GRANDE QUANTIDADE DE ÁREAS LIVRES: ATUALMENTE, EXCLUINDO-SE AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E AQUELAS SUSCETÍVEIS À EROSÃO, 20% DO TOTAL DA ÁREA URBANA PASSÍVEL DE OCUPAÇÃO ENCONTRA-SE DESOCUPADA, MESMO POSSUINDO INFRA-ESTRUTURA. ENQUANTO ESTAS ÁREAS PERMANECEM VAZIAS PARA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA, A EXPANSÃO DA OCUPAÇÃO TEM SE DADO EM REGIÕES CADA VEZ MAIS DISTANTES E AMBIENTALMENTE FRÁGEIS (PMSC, 2004).

POR OUTRO LADO, PERCEBE-SE TAMBÉM A BAIXA QUANTIDADE DE ÁREAS LIVRES QUALIFICADAS, EM ESPECIAL ÁREAS LIVRES VERDES, UMA VEZ QUE O ÍNDICE DE ÁREAS VERDES É DE 2,65M² POR HABITANTE (OLIVEIRA, 1996), MUITO ABAIXO DO ÍNDICE MÍNIMO DE 12 M² DE ÁREAS VERDES POR HABITANTES EM ÁREA URBANA RECOMENDADO E DIFUNDIDO NO BRASIL PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE.

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PROCESSOS: CRIANDO AS CONDIÇÕES PARA O FUTURO

A ÚLTIMA CATEGORIA PROCURA INSTAURAR UMA VISÃO DO LUGAR E DO PROJETO MAIS COMO PROCESSOS DO QUE COMO OBJETOS, IMPLICANDO ASSIM EM UMA REFLEXÃO SOBRE COMO AS COISAS FUNCIONAM NO TEMPO E NO ESPAÇO.

A PRÁTICA DA ARQUITETURA DA PAISAGEM ESTÁ FORTEMENTE LIGADA À TEMPORALIDADE. DEVE-SE CONSIDERAR, PORTANTO, QUE O PARQUE ALCANÇARÁ O SEU PONTO MÁXIMO IDEALIZADO NÃO NO MOMENTO DA SUA INAUGURAÇÃO, MAS APÓS MUITOS MESES, ATÉ ANOS, QUANDO AS ESPÉCIMES CHEGAREM AO SEU MÁXIMO DESENVOLVIMENTO. ALÉM DISSO, A EXPERIÊNCIA SERÁ DIFERENTE SEGUNDO AS ESTAÇÕES DO ANO, DE ACORDO COM VARIAÇÕES CLIMÁTICAS, DE COR, LUZ E FLORAÇÃO.

EM ESPECIAL, A TEMPORALIDADE É FATOR IMPORTANTE DE PROJETO EM RELAÇÃO À ÀGUA, UMAS VEZ QUE O PARQUE É PENSADO COMO UMA INSFRAESTRUTURA DE MITIGAÇÃO DE ENCHENTES, PREVENDO UMA BACIA INUNDÁVEL PARA O CÓRREGO DO GREGÓRIO E PEQUENAS DISPERSAS ESTRUTURAS DE RETENÇÃO DE ÁGUA. COM ISSO, O PARQUE FAZ VER A DINÂMICA FLUVIAL E ADQUIRE DIFERENTES ASPECTOS AO LONGO DO ANO.

AO TRAZER A PERSPECTIVA DE HOUGH (1998) DE QUE “FAZER VISÍVEIS OS PROCESSOS É UM COMPONENTE ESSENCIAL DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E UMA BASE NECESSÁRIA PARA A AÇÃO” (P.30), O PARQUE COMO PAISAGEM E INFRAESTRUTURA VERDE DESPONTA COMO POTENCIALMENTE MOTIVADOR DE MUDANÇAS SOCIAIS.

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“Représenter le territoire c’est déjà le saisir. Or cette représentation n’est pas un calque, mais toujours une construction André Corboz

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O LUGAR

DE ACORDO COM O PLANO DIRETOR VIGENTE DA CIDADE DE SÃO CARLOS O TRECHO ESCOLHIDO PARA INTERVENÇÃO ESTÁ INSERIDO EM ÁREA ESPECIAL DE INTERESSE HISTÓRICO, AMBIENTAL E SOCIAL. SEU GRANDE VALOR IMATERIAL JÁ É PERCEBIDO PELAS VISTAS QUE O TERRENO POSSIBILITA HOJE, COMO AS IMAGENS ABAIXO DEMONSTRAM. COM COTAS ALTAS, A ÁREA POSSUI VISTAS PROVILEGIADAS PARA O CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE, PARA A FERROVIA, PARA O NOVO VETOR DE CRESCIMENTO - PRÓXIMO AO SHOPPING IGUATEMI, E PARA O SESC.

TODO O TRECHO PERTENCE A ZONA 1, ZONA INDUZIDA DE DESENVOLVIMENTO. APRESENTA INDICAÇÃO DE COEFICIENTE DE OCUPAÇÃO DE 70% E COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO MÁXIMO DE 3,5% PORTANTO BASTANTE ALTO PARA UMA REGIÃO DE VÁRZEA. E INDICATIVO DE COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE BAIXO, DE APENAS 15%. A INTERVENÇÃO PROPOSTA AUMENTARÁ A PERMEABILIDADE DO LOCAL AO EVITAR OCORRÊNCIA DE GRANDES ÁREAS IMPERMEABILIZADAS, LOCAR VEGETAÇÃO EM TOPOS DE MORRO, DEVOLVER UMA PLANÍCIE DE ALAGAMENTO AO RIO E REALIZAR UMA REQUALIFICAÇÃO PARCIAL DO RIO.

A ÁREA ESCOLHIDA PARA INTERVENÇÃO CONSTA NO PLANO DIRETOR VIGENTE COMO ÁREA DE OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA. ENTRETANTO, ISTO NUNCA SE CONSOLIDOU NA PRÁTICA UMA VEZ QUE O PODER PÚBLICO NÃO IMPLEMENTOU UMA LEI COMPLEMENTAR NECESSÁRIA. DEBATES SE ESTABELECERAM, COMO DEMONSTRAM

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Visuais de dentro da 谩rea hoje: Para o Sesc e Jardim Gilbertoni; para o Shopping Iguatemi e entorno; para Catedral e centro hist贸rico; para Avenida Comendador Alfredo Maffei; para terreno em frente e o trem. Fotos da autora.

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OS DOIS SLIDES TRANSPOSTOS ABAIXO DA APRESENTAÇÃO “OPERAÇÃO URBANA CÓRREGO DO GREGÓRIO DO PROJETO CIDADE DAS NASCENTES, COORDENADOS PELOS PROFESSORES DOUTORES JOUBERT LANCHA E RENATO LUIZ SOBRAL ANELLI. A PRESENTE INTERVENÇÃO CONSIDERA OS ESTUDOS DO REFERIDO PROJETO PARA O PARCELAMENTO PRELIMINAR DO TERRENO LIVRE MAIS A SUL DA ÁREA DE INTERVENÇÃO.

DESDE O INÍCIO A INTERVENÇÃO FOI PENSADA DIANTE DA POSSIBILIDADE DE SER INTEGRADA A UM SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES QUE PODERIA ARTICULAR LUGARES COM GRANDE POTENCIAL PAISAGÍSTICO, DESDE O PARQUE DA CHAMINÉ, PASSANDO PELA ÁREA DE INTERVENÇÃO, ATÉ O PARQUE DO BICÃO.

Proposta de articulação de sistema de espaços livres na região. Da autora.

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Parcelamento preliminar. In: Operação Urbana Córrego do Gregório. Cidade das Nascentes. Coordenadores: Prof. Dr. Joubert Lancha e Prof. Dr. renato Anelli. São Carlos: IAU-USP.

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O PROJETO

O PROJETO EXPLORA AS POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO NAS FRONTEIRAS ENTRE CIDADE E NATUREZA. COM ISSO, AS MARGENS DO CÓRREGO DO GREGÓRIO FORAM RECUPERADAS PARA A CIDADE DE FORMA DISTINTA DOS PROJETOS EM CURSO HOJE. O CÓRREGO FOI DESCANALIZADO NO TRECHO DE INTERVENÇÃO E RECEBEU PEDRAS BRITADAS PONTIAGUDAS, DE PRIMEIRA OU SEGUNDA EXPLOSÃO, A FIM DE REESTABELECER OS RACHÕES.

A DESCANALIZAÇÃO DO C´ÓRREGO FOI POSSÍVEL DEVIDO À ALTERAÇÃO DO VIÁRIO EM UM PESQUENO TRECHO, JUNTANDO OS DOIS SENTIDOS DA AVENIDA COMENDADOR ALFREDO MAFFEI MAIS A SUL. ESTE TRECHO RECEBEU’ ENTÃO UMA ÁREA DIFERENCIADA DE PASSEIO E ESTAR, AO MOLDES DE UMA “RAMBLA”, OFERECENDO A CIDADE UMA NOVA TIPOLOGIA DE RUA, MAIS ARBORIZADA E QUE PRIORIZA O PEDESTRE, CRIANDO UM PERCURSO AGRADÁVEL QUE VAI ATÉ O SESC. NO COMEÇO E NO FINAL DA MUDANÇA DO VIÁRIO UM ESPRAIAMENTO DE RIO E RAMBLA MARCAM AS TRANSIÇÕES E OFERECEM LUGARES DE CONTEMPLAÇÃO.

ESSAS MUDANÇAS TORNARAM POSSÍVEL A DEVOLUÇÃO DE UMA ÁREA ALAGÁVEL PARA O RIO, QUE RECEBE PEQUENOS BARRAMENTOS, DIMINUINDO A VELOCIDADE DE ESCOAMENTO DA ÁGUA, ALÉM DE TORNAR EVIDENTE AS DINÂMICA FLUVIAL, TIRANDO PARTIDO, PORTANTO, DAS VARIAÇÕES CÍCILICAS DO VOLUME DE ÁGUA E DAS DIFERENTES CONFIGURAÇÕES QUE O MEANDRO DO RIO PODE ADOTAR.

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1. Nova Habitação (diretrizes) 2. Extensão Rua1.Padre - novo viário NovaTeixeira Habitação (diretrizes) 3. Eixo 1 - Entradas Principais - Público Geral 2. Extensão Rua Padre Teixeira (novo viário) 4. Eixo 2 - Entrada Pesquisa e Estufa 3. Eixo Principal 5. Apoio - Sanitários + Informações 4. Eixo secundário 6. Quadras + Skate 7. playground 5. Apoio - Sanitários +informações) 6. Skate + Quadras 8. Praça seca com aspersores d’água esportivas 7. Playground 9. Estufa 8. Praça seca com aspersores d’água 10. Espelho d’água

9. Estufa 11. Caminho de pedestres 12. Estacionamento 10. Espelho d’água 13. Passarela 11. Caminho de Pedestres 14. Pomar 12. Estacionamento 15. Viveiro de Mudas 13. Passarela 16. Arboreto 14. Pomar 17. Centro de Educação Ambiental 15. Viveiro de Mudas 18. Mirante 19. “Cascatas” 16. Arboreto 20. Rua interna17. Centro de Educação Ambiental 18. Mirante 21. Bacias de retenção 19. Cascatas 22. Área de estar 23. Deck 20. Rua interna 24. Ponte pedonal 21. Bacias de retenção 25. Córrego do22. Gregório Área renaturalizado de estar junto ao talude de pedra 26. Área alagável 23. Deck 27. Ciclovia 24. Ponte pedonal 28. Rambra - novo viário 25. Córrego do Gregório 29. Rua local - novo viário 26. Área inundável 27. Av. Comendador Alfredo Maffei (novo viário) 28. “Rambla” + ciclovia 29. Rua interna

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Corte A

UMA NOVA ARTICULAÇÃO ENTRE CIDADE E RIO É PENSADA A PARTIR DO ESTABELECIMENTO DE NOVOS ACESSOS E USOS DE LAZER E ESTAR. NA PARTE MAIS BAIXA, JUNTO AO CÓRREGO, HÁ UMA ÁREA DE ESTAR E CONTEMPLAÇÃO JUNTO À UM TALUDE EXISTENTE QUE RECEBEU UM TRATAMENTO DE PEDRA EM UM TRECHO. A CONEXÃO COM A RAMBLA SE DÁ ATRAVÉS DE UMA PONTE PEDONAL ARTICULADA A UM DECK COM VÃO Detalhe: Rambla e rua local, mudança do viário no trecho da Av. COmendador Alfredo Maffei.

LIVRE QUE PERMITE CONTEMPLAR AS VARIAÇÕES DO VOLUME DO CÓRREGO DE UMA PERSPECTIVA ÚNICA.

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Local de estar e contemplação junto ao paredão com tratamento de pedra, com vista para o Córrego do Gregório

Passarela que liga o edifício do Centro de Educação Ambiental à Praça Seca.

NAS COTAS MAIS ELEVADAS DO TERRENO, ONDE HOJE HÁ MUROS VOLTANDO-SE PARA O PARQUE, RESERVA-SE UMA ÁREA ONDE SUGERE-SE A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS MISTOS DE HABITAÇÃO E COMÉRCIO. AS DIRETRIZES SÃO NO SENTIDO DE AS NOVAS EDIFICAÇÕES, AO CONTRÁRIO DAS EXISTENTES, VOLTAREM-SE PARA O PARQUE E SEREM MAIS ADENSADAS. NESSA FAIXA, NA DIVISA COM O PROLONGAMENTO DA RUA PADRE TEIXEIRA, O PARQUE OFERECE SERVIÇOS AO BAIRRO COMO QUADRAS ESPORTIVAS, PLAYGROUND PARA AS CRIANÇAS, UMA PRAÇA SECA COM ASPERSORES D’ÁGUA EM RELAÇÃO COM UM ESPELHO D’ÁGUA, E LUGARES DE ESTAR SOB UM PERGOLADO QUE LEVA À ESTUFA, RELACIONADA AO CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, O EDIFÍCIO PRINCIPAL DO PARQUE. O CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIETAL LIGA-SE A PRAÇA SECA ATRAVÉS DE UMA PASSARELA DE AÇO PATINÁVEL. AO PERCORRELA, O TRANSEUNTE PODE DESFRUTAR DE UMA ÁREA COM ÁRVORES FRUTÍFERAS.

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Planta baixa do Centro de Educação Ambiental - Nível 802,5

NO CENTRO DO PARQUE, O EDIFICO PRINCIPAL É UM CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. REUNINDO PESQUISA AMBIENTAL E SUA DIVULGAÇÃO A ESPAÇOS DE CULTURA E CONTEMPLAÇÃO, EM ESTREITA RELAÇÃO COM O PARQUE. PENSADO COMO UM ESPAÇO PARA GERAR E DIVULGAR SOLUÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA A BIODIVERSIDADE DA CIDADE E REGIÃO, MEDIANDO CIÊNCIA, FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E DIÁLOGOS COM A SOCIEDADE, SÃO DIVERSAS AS INSTITUIÇÕES QUE PODERIAM CONTRIBUIR E SE ARTICULAR COM UM EDIFÍCIO COMO ESTE. EM ÂMBITO MUNICIPAL PENSAMOS, POR EXEMPLO, NA UNIVERSIDADES USP, UFSCAR E UNICEP, NO CONDEMA - CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE, NA COORDENADORIA DO MEIO AMBIENTE E NA PREFEITURA DE SÃO CARLOS, PARQUE DO BICÃO E PARQUE ECOLÓGICO DE SÃO CARLOS, NAS ONGS VEREDAS - CAMINHO DAS NASCENTES E RAMUDÁ.

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DESSA FORMA SEU PROGRAMA ABARCA LABORATÓRIOS, HERBÁRIO, SALAS DE REUNIÕES E DE PROFESSORES BEM COMO BIBLIOTECA, SALA DE INFORMÁTICA E UM AUDITÓRIO DE 435 LUGARES, E UM ESPAÇO EXPOSITIVO, OFERECENDO ESPAÇOS DE LAZER E CULTURA QUALIFICADOS PARA USO DA POPULAÇÃO GERAL DE SÃO CARLOS. VALE LEMBRAR COMO SESC E O PARQUE PROPOSTO POSSUEM VOCAÇÕES CULTURAIS DIVERSAS E COMPLEMENTARES. INCRUSTADO NO TERRENO, O EDIFÍCIO CONTÉM CERTA COMPLEXIDADE, EM CONTRAPOSIÇÃO AOS CAMINHOS DO PARQUE EM DECLIVES E ACLIVES SUAVES. A PARTE MAIS A OESTE CONCENTRA A PARTE DO PROGRAMA QUE PODE SER ACESSADA POR UM PÚBLICO MAIS GERAL E PODE SER ACESSADA PELAS COTAS 800 E 807 METROS, ALÉM DE ATRAVÉS DE UMA PASSARELA QUE INICIA-SE NA COTA 816M, NA PRAÇA SECA E LEVA A UMA ESTRUTURA NO CENTRO DO EDIFÍCIO QUE CONTÉM UM ELEVADOR QUE DÁ ACESSO A TODO O PRÉDIO. A ENTRADA NA COTA 800M

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Planta baixa do Centro de Educação Ambiental - Nível 805

APRESENTA UMA PAREDE SALIENTE QUE ANUNCIA O FIM DO PERCURSO EXTERNO E CONVIDA O TRANSEUNTE A PERCORRER O EDIFÍCIO. NO INÍCIO, UM DESVIO DO CAMINHO ANTES RETILÍNEO E UM PÉ DIREITO DE APENAS 2,80M DE PÉ DIREITO MOSTRA A MUDANÇA DE AMBIÊNCIA. O ESPAÇO, SEMI-ENTERRADO ABRE-SE PARA O ESPAÇO EXPOSITIVO, UM AMBIENTE DE PÉ DIREITO DUPLO COM UM PLANO DE VIDRO QUE ALIMENTA O AMBIENTE DE LUZ ZENITAL. ESSA PASSAGEM É MARCADA POR UM TABLADO VAZADO DE MADEIRA NO CHÃO E UMA PAREDE DE PEDRA. EM DIAS DE CHUVA, QUANDO O ESPELHO D’ÁGUA ANEXO AO EDIFÍCIO NA COTA 801,3M EXTRAVASA ÁGUA, ELA ESCORRE PELA PAREDE DE PEDRA, FORMANDO UMA PEQUENA CASCATA E ATRAVÉS DO TABLADO DE MADEIRA É GUIADA PARA UMA CISTERNA SUBTERRÂNEA.

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A PARTE DO EDIFÍCIO À LESTE, DESTINADA À PESQUISA, TEM ACESSO PRINCIPAL PELA COTA 802,8M. NESSA COTA, NA PARTE DE ACESSO DO PÚBLICO EM GERAL ENCONTRAM-SE AS SALAS DE INFORMÁTICA E ATELIÊS. PELA COTA 807M ACESSAM-SE DE UM LADO A BIBLIOTECA E LANCHONETE E DE OUTRO AS SALAS DE PROFESSORES E OS LABORATÓRIOS. OS DOIS ANDARES DE LABORATÓRIOS SÃO ORGANIZADOS DE MODO QUE EM CADA ANDAR HÁ UM LABORATÓRIO PRINCIPAL - COM SALA DE APOIO E SALA FRIA, E OUTROS ADJACENTES. UMA ÁREA TÉCNICA INTERLIGA TODOS OS LABORATÓRIOS. HÁ AINDA A COTA 810,6 ONDE ACONTECEM OS MEZANINOS, DA BIBLIOTECA E DO AUDITÓRIO, INTERLIGADOS POR UMA PASSARELA EXTERNA.

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Planta baixa do Centro de Educação Ambiental - Nível 809

OS CAMINHOS DO PARQUE EXPLORAM DOIS TIPOS DISTINTOS DE PERCURSO: POR UM LADO, LONGOS CAMINHOS COM DECLIVES E ACLIVES MUITO SUAVES NO SENTIDO LESTE -OESTE, POR OUTRO GRANDES ESCADARIAS QUE ATRAVESSAM O PARQUE NO SENTIDO NORTE SUL, MARCANDO UM EIXO PRINCIPAL E UM SECUNDÁRIO.

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Vista da Praça Seca em direção ao Córrego do Gregório.

A MATERIALLIDADE DO EDIFÍCIO É PENSADA COMO ESCULTÓRICA, COM PLACAS DE AÇO PATINÁVEL LISAS NA FACHADA SUL EM CONTRAPOSIÇÃO ÀS FACHADAS DE VIDRO DO AUDITÓRIO E NA FACHADA NORTE. NAS LATERAIS, PLACAS DE AÇO PATINÁVEL PERFURADO DE TAMANHOS DIFERENTES, PERMITINDO VISTAS DA CIDADE E VENTILAÇÃO CRUZADA DE AR. Detalhe da área indicada

Elevação Sul do Parque. -Entrada a partir da área de estar com paredão de pedra junto ao Córrego do Gregório

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Corte B

ALÉM DA PRÓPRIA CHUVA, A ÁGUA DA CISTERNA SUBTERRÂNEA DO EDIFÍCIO ALIMENTA AS CASCATAS EM FRENTE AO EDIFÍCIO. A ÁGUA EXCEDENTE DAS CASCATAS É GUIADA POR TUBULAÇÕES ATÉ AS BACIAS DE RETENÇÃO COM MUROS DE PEDRA E DESTAS PARA O RIO, FORMANDO ASSIM UM SISTEMA QUE ATRASA A CHEGA DE ÁGUA NO RIO, MITIGANDO ENCHENTES.

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Corte C

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Centro de Educação Ambiental + Cascata - Vista da Rua Interna ao Parque

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Vista interna do edifício: Espaço Expositivo + Espelho d’água. O edifício enquadrando a paisagem: Catedral de São Carlos ao fundo, vista para o centro histórico.

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Diagrama do ciclo hidrol贸gico no Parque.

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Área de estar junto à escada princial e às bacias de retenção de água. Nível 796,02m.

Espelho d’água + Praça Seca com aspersores d’água. Acesso ao edifício do Centro de Educação Ambiental através da passarela. Vista para pergolado e estufa. Ao fundo, Jardim Santa Mônica.

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Espécies arbóreas no Parque. Os círculos verdes mais escuros representam árvores existentes que foram mantidas.

FOI INICIADO TAMBÉM UM PROCESSO DE ESCOLHA DAS ESPÉCIES VEGETATIVAS UTILIZADAS NA ARBORIZAÇÃO DO PARQUE. A LOCALIZAÇÃO DESTAS CONSIDEROU A SITUAÇÃO DE CLIMA E DE SOLO QUE CADA ESPÉCIE EXIGE PARA SE DESENVOLVER. DEVIDO A ISSO, NO QUADRO DE ESPÉCIES VEGETAIS SELECIONADAS SE ENCONTRAM ÁRVORES QUE SE DESENVOLVEM EM SITUAÇÕES DIFERENTES: SOLOS SECOS, ARENOSOS, ÁCIDOS, ÚMIDOS, ÁREAS DE SOMBRA, MEIA-SOMBRA E SOL PLENO. EM ÁREAS PRÓXIMAS AO CÓRREGO, ÁREAS QUE SE ENCHARCAM EM ALGUMAS ÉPOCAS DO ANO, POR EXEMPLO, FORAM LOCALIZADAS ESPÉCIES PALUSTRES COMO A Erythrina mulungu. SALIENTA-SE QUE ESSA SELEÇÃO DE ESPÉCIES É MERAMENTE ILUSTRATIVA DO QUE SE ALMEJA ALCANÇAR NO PARQUE. PARA A CORRETA SELEÇÃO DE ESPÉCIES SERIA NECESSÁRIO UM TRABALHO CONUNTO COM BIÓLOGOS E OUTROS ESPECIALISTAS DA ÁREA.

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