ANO XIX - EDIÇÃO 194 - NOVEMBRO DE 2014
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014
NESTA EDIÇÃO: VIVI LYRA, MESTRE JOÃO DO PÍFE E BANDA DOIS IRMÃOS, JOUBERT DE CARVALHO, A CASA DA GUITARRA PORTUGUESA, COLDPLAY, ELVIS PRESLEY, GEORGE HARRISON, MARK KNOPFLER, SMOKEY & FRIENDS, CHARLES AZNAVOUR, JAIME ALEM, PASCOAL MEIRELLES, TONINHO FERRAGUTI E NEYMAR DIAS.
Artista Associado Sadembra Comentários
Entrevistas
Lançamentos
Instrumentos Musicais & Acessórios
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014
JG NEWS, NOVEMBRO DE Antonio 2014
Braga-Editor
MATÉRIA DE CAPA
ARTISTA/SADEMBRA
Eros Fidelis: Falsa Consideração Eros Fidelis, cantor, compositor, violonista, médico pediatra, portelense convicto, tem sucessos gravados por centenas de artistas como: Jorge Aragão, Roberto Ribeiro, Agepê, Alcione, Elymar Santos, Luiz Ayrão, Alexandre Pires, Reinaldo, Dunga, Marquinhos Sathã, Bozo, Patati Patatá, Trem da Alegria, Golden Boys, Reginaldo Rossi, Wanderley Cardoso, Fernando Mendes, Bruno & Marrone, Edson & Hudson dentre muitos outros. O artista navega numa carreira eclética e apaixonada que passa por todos os segmentos musicais. Em entrevista exclusiva, Eros nos fala de sua caminhada musical: Quando foi que a música te descobriu? Aos cinco anos meu pai descobriu que eu cantava - ele era um boêmio seresteiro. Passaram-se 10 anos. Ele canhoto, inverteu as cordas do seu violão para que eu pudesse aprender a tocar e curtir, como acontecia com muitos garotos daquela época, os ritmos da Jovem Guarda que invadira o país. Aos 16 anos fundei meu primeiro conjunto, Os Atômicos. Tocávamos os hits dos fenômenos que aconteciam, fonográfica e radiofonicamente: Roberto Carlos, Renato e Seus Blue Caps e The Pops fazíamos covers. Estudei violão, à vera, com o professor Jairo, que foi aluno do grande Dilermando Reis. Aos 18 anos eu devorava um violão o que me facilitava executar os solos na guitarra, iguais aos que apareciam nos discos de conjuntos musicais internacionais. Aos 22 anos fundei meu segundo grupo, O Peso, que embarcou na onda dos Bee Gees, Bread, Beatles, depois Pink Floyd enfim, todo mundo. Paralelo com a música eu estudava medicina. No quarto ano da faculdade conheci o professor de pediatria que me ensinou tudo que eu sei e que mudou, de certa forma, a minha vida, o professor Celso Dias Gomes, no Hospital Gafreé Guinle (Tijuca/Maracanã), que era o hospital da nossa faculdade. Por conta desse professor me formei Pediatra. Como foi que você foi parar em uma gravadora? Em 1976, ao conhecer o Roberto Correia, do Golden Boys, sai de músico amador para músico profissional. Estava na casa de um amigo comum, o Jon Lemos (hoje, Toninho Lemos) quando o Roberto chegou e me viu tocar. Ele era produtor da Odeon e me convidou para participar de algumas gravações. Inaugurei essa nova etapa gravando violão no disco do
Orlando Dias. Muitos discos depois e já era o guitarrista dos Golden Boys, da Evinha, do Trio Esperança e da Marizinha. Junto com o Golden Boys fui para a Polygram, isso no final de 1978, mesmo ano que me formei em medicina. Fui contratado como músico e assistente de produção. Ou seja, eu ganhava muito bem e, por conta disso, consegui praticar a medicina da forma que eu queria, sem cobrar. Mas você também gravou seus próprios discos? Automaticamente, quando você está nesses ambientes e descobrem que você canta, acabam te convidando para gravar. Aí gravei pela Odeon, pela Polygram, Som Livre, Albatroz (com meu amigo, o grande Roberto Menescal) e Trama. Na Odeon o produtor do meu disco foi o Michael Sullivan, meu amigo até hoje. Na Som Livre entrei no volume 4 e 5 do Samba e Pagode e ganhei disco de Platina, em festa realizada na minha Portela pela venda de mais de 700 mil cópias do volume 4, junto com grandes nomes da MPB como Zeca Pagodinho, Raça Negra, Grupo Raça, Jair Rodrigue dentre outros. O que aconteceu com seus discos
solo? Muitas vezes as gravadoras faziam planos de marketing para os meus discos, que incluíam viagens pelo Brasil, shows, entrevistas em diversas rádios, imprensa etc. Mas, eu não podia deixar as minhas crianças desamparadas e acabava pedindo que trabalhassem o disco sem a minha presença, pois naquele momento era mais importante para mim a Pediatria filantrópica, que era o meu ideal. Satisfazia-me como músico e produtor. Esse novo disco, independente, é o primeiro da minha vida que eu trabalho e estou apostando as minhas fichas. Tenho viajado, feito
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shows, e agora marcando entrevistas. A coisa está andando bem. Muita gente que eu conheço não sabia nem que eu cantava. Meu pai viu isso quando eu tinha cinco anos. Como são as coisas, né? Você está com uma camisa com a Águia da Portela. É sua escola de coração? Faz parte da minha vida e tem grande importância, a Portela. Já participei de disputa de Samba-Enredo, mas como gosto de compor com inspiração, com tempo, me dificulta, pois samba enredo tem data marcada. Estou, entretanto, disputando o samba de quadra, junto com meu parceiro Borges, com a música: 'Garoa, Garoa, Garoa' (Amor de Malandro). Tenho pela Portela um carinho imenso e hoje uma dívida de gratidão com nosso vice presidente Marcos Falcon. Estive internado no Hospital Carlos Chagas com problema de Apêndice. Como médico sei que ao ser detectado o problema deve-se operar imediatamente. Cheguei no hospital numa sexta-feira, na terça ainda não tinha sido operado. Era a morte certa. Eles não me operaram e eu sabia que estava morrendo, não daria mais tempo para fazer nada. Fugi do hospital na madrugada, mas não consegui andar muito, e aí fiquei escorado numa mureta do lado de fora. Liguei para o Marcos Falcon e lhe contei
onde estava e que estava morrendo. Em 20 minutos ele apareceu, me levou para o Hospital Acari onde já estavam me esperando e fui operado na mesma hora. Foi um milagre eu ter sobrevivido. Isso a gente não esquece nunca! Como foi que nasceu seu grande sucesso “Falsa Consideração “? Eu era assistente do Liebert (baixista do The Fevers) na Odeon. Ele estava numa crise conjugal. Saímos para almoçar e ele me mostrou um pedaço de papel com um texto: "Agora eu sei, que o amor que você prometeu / não foi igual ao que você me deu / era mentira o que você jurou". Na minha cabeça tinha a ver com aquela situação que ele estava passando. Li, e na mesma hora acrescentei: "Mas não faz mal, eu aprendi que não se deve crer, em tudo aquilo que alguém nos diz, num momento de prazer ou de amor. Mas tudo bem, eu sei que um dia vai e outro vem, você um dia há de encontrar alguém, pra lhe fazer o que você me fez". Nesse momento, Matheus (o garçon) chegou com a comida, coloquei o papel no bolso, almoçamos e voltamos para o trabalho. Só tinha a letra, não tinha me-
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lodia e assim ficou. Levei para casa e fiquei tentando achar uma melodia. Coloquei a melodia, mas não consegui continuar a música. Empaquei. Esse papel ficou guardado por dois anos. Nem lembrava mais dessa música e aí acontece um episódio que veio revelar um novo nome no samba. O pessoal da editora EMI, apresentou para a produção um novo rapaz que cantava muito: Marquinhos Sathã. Quando o Marquinhos cantou todos que o ouviram ficaram impressionados. O Liebert começou o lobby para contratálo. Ficamos uns dois meses tentando, mas o momento da gravadora não era bom e não contratamos. Porém, o Liebert foi autorizado a leválo para outra gravadora, a BMG, onde estava o Miguel Plopschi parceiro do Lierbert nos Fevers, que ao ouví-lo, o contratou na hora. Perdemos o artista e a editora perdeu um futuro cantor/compositor, e diga-se de passagem, um senhor cantor. A EMI Odeon ficava em Botafogo, e logo na reta vinha um túnel que desembocava na BMG, em Copacabana. Dias depois o Marquinhos aparece na Odeon, nos surpreendendo. Brincando falou: "Pois é, vim aqui ver meus amigos da Odeon, mas a Odeon não me quis... Eu agora estou numa das maiores gravadoras do mundo". Momentos depois,
Eros Fidelis e sua esposa
disse que tinha que ir embora para a escolha do repertório. Na despedida falou com o Liebert: "Pena que você não tenha um samba para eu gravar?" O Liebert respondeu: "Eu tenho!! Eros, cadê aquele samba que nós começamos no bar do Matheus?" O Marquinhos tinha falado apenas para fazer uma média, estava em cima da hora d'ele ir embora. Como o Liebert disse que tinha a música o Marquinhos ficou preocupado, pois o Miguel ia reclamar do seu atraso. Mesmo assim nos deu atenção. Lembrei da música, fui cantarolando até que chegou na parte que eu havia empacado: "Pra lhe fazer o que você me fez", parei e o Marquinhos perguntou: "E aí?". Aí... falei que só tinha até ali. Ele pediu para eu cantar de novo. Na segunda vez já perguntou "E, aí", cantando. Nessa hora, a inspiração me veio e surgiu o trecho: "Na hora do sufoco sei que você vai me procurar, com a mesma conversa que um dia me fez apaixonar, por alguém de uma falsa consideração." Parei novamente, e ele emendou "E, aí?", aí veio a inspiração novamente e saiu: "Você vai perceber que eu estou numa boa, que durante algum tempo eu fiquei sem ninguém, mas há males na
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JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014 vida que vêm para o bem". Terminei. "Vamos gravar, grava, grava", disse o Liebert. Eram 15:20h. Pegamos um gravador e gravamos. Era um Akai de fita cassete. A gravação ficou com o barulho do defeito do gravador e lá embaixo a minha voz. Levou assim mesmo. Passaram uns dias e veio a relação das músicas do disco do Marquinhos Sathã para a editora, que havia pedido ao Miguel para tentar editar algumas faixas. Na lista, com a letra do Miguel, estava escrito, na sétima faixa: "Música do Eros e do Liebert que ninguém entende nada na fita. Faz uma fita direito seus bostas". Fizemos e mandamos. Aí combinamos de colocar o Marquinhos na música, não só por causa dos dois "Aís" que ele colocou, mas pelo
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fato de que se ele não tivesse ido na EMI Odeon naquele dia para nos ver, a música nunca iria existir. Foi aquele fato, com as intervenções dos "Aís" que fizeram aquela música sair do esquecimento para o sucesso que foi. Aliás, foi essa música que nos consagrou. Você deve ter muitas histórias interessantes dos bastidores da música. Conte uma daquelas brabas? Têm muitas histórias, mas a do Agepê foi a que me marcou mais profundamente. Gravei com o Agepê a música "Chora", seu grande sucesso em 1980. Para renovar o contrato com a CBS ele pediu um milhão, a CBS ofereceu quinhentos mil ele não quis pegar. Não sabia ele que em outra gravadora, na
Som Livre, alguns sambistas haviam criado um problemão, querendo dinheiro. A confusão foi tão grande que levaram ao conhecimento da diretoria do Sistema Globo, que, com seu poderio, comunicou às gravadoras que não tocariam mais samba no seu sistema de rádio e televisão naquele momento. As empresas de música então resolveram investir no Rock, fato esse que ficou na história como a 'Década de 80, década do Rock'. De 81 a 85 o samba entrou em crise, mas em 85 o Agepê consegue um contrato com a própria Som Livre. Me ligou para que eu fosse ao seu escritório na Lapa. Cheguei lá e tinha um monte de compositores esperando, pois o Agepê fora na Som Livre assinar o contrato. Quando chegou,
cabisbaixo, disse: Assinei para 1 compacto e 6 meses de contrato, estou há cinco anos sem gravar, tive que aceitar. A disputa para saber quem iria entrar no compacto seria dura. Ele vivia cantarolando uma música minha chamada 'Lua Vadia'. O Noca, da Portela, tinha levado para o Agepê uma fita de dois caras de Padre Miguel que nunca tinham gravado com ninguém. Eram dois iniciantes: Mauro Silva e Ismael Camilo. Nome da música: 'Gotas de Felicidade'. Estou dizendo por que soube disso depois. O Agepê escreveu a letra da música num papel e me mostrou brincando: "Meu médico, preciso fazer um refrão aqui para essa música, é minha, é linda, mas não tem refrão, você é que é o rei do refrão..." . No papel estava
MATÉRIA DE CAPA escrito "Gotas de Felicidade" sem nome de ninguém, e ele estava me dizendo que era dele. Não tinha como desconfiar!! Pedi para ele cantar a música, quando chegou no pedaço "Quero te pegar no colo, te deitar no solo e te fazer mulher", entrava num outro trecho muito ruim em relação ao resto. Pedi que cantasse novamente e quando chegou naquele trecho "e te fazer mulher" emendei de primeira - eu estava inspirado: "Deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro, na beleza desse teu olhar eu quero estar o tempo inteiro". O cara endoidou. Canário, seu parceiro mais constante, estava lá, como sempre, e ouviu: "Grava Canário, grava!!". Na minha inocência, pensava que a música inicial era dos dois, e ficaria: Agepê, Canário e Eros. A produção da Som Livre resolve falar com a alta direção da gravadora para mostrar as vendas do Agepê na gravadora anterior, a CBS, onde ele havia vendido 280 mil cópias sem que o disco tivesse sido trabalhado. Argumentou que não era artista para um compacto e seis meses de contrato e sim para um LP. Autorizaram a gravação do LP, sem se tocarem de fazer um novo contrato naquele momento. Eu tinha a minha filantropia com as crianças, mas volta e
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Doutor Eros Fidelis
meia ia no estúdio para saber das gravações. Cheguei um belo dia e os caras estavam colocando cordas, que já é fase final antes de coro, depois vozes. O Agepê me viu, chegou meio ressabiado, dizendo: "Meu médico, aconteceu um problema, apareceu aqui a diretoria toda dizendo que se não terminarmos o disco hoje não tem mais disco"- ele já estava há três meses pentelhando. "Lua Vadia não vai entrar, pois o maestro/arranjador não trouxe o arranjo". Aí eu falei: "Ainda bem que eu fiz o refrão em Gotas de Felicidade". Para meu espanto, o Agepê saiu de banda e mandou o Canário me explicar. O Canário, não sabia o que falar. Cheio de dedos comentou: "Sabe o que é Eros, o senhor pode entrar na música". Perguntei? "Por quê?, O Refrão é meu!". Eu ainda pensava que a música era dos dois. No nervosismo dele, me aborreci e fui embora, Esposa e filhas de Eros Fidelis facilitando para o Agepê continuar com o plano de entrar na música dizendo ser dele o meu refrão. O disco antes de sair já tinha vendido 500 mil
cópias. A música que puxava o disco foi "Deixa eu te amar", título referente ao meu refrão. O contrato que era de 1 compacto e 6 meses, não foi cumprido, pois saiu o LP vendendo horrores. Aí quiseram refazer o contrato dele depois que o cara tinha gravado o LP e estava tocando no país inteiro e os seis meses já haviam acabado. Nessa o Agepê, para assinar o novo contrato, fez exigências, ganhou uma Mercedes conversível, uma grana preta e garantia de mais um disco. Esse primeiro LP vendeu perto de 3 milhões de cópias. Só na loja, ao ver o LP, que fui saber da trama do Agepê quando vi os créditos da faixa: Agepê, Mauro Silva e Ismael Camilo, ou seja, ele colocou o seu nome no lugar do meu. Nem o Canário era um dos donos da música. De qualquer maneira, o Agepê é um cantor fenômeno e hoje tenho meu Show "Tributo ao Agepê", que vamos realizar na Portela durante 50 minutos onde entrarão seus melhores sucessos. Ufa! Coisas que acontecem no meio... E o samba voltou a vender... Depois desse sucesso todo do Agepê, no ano seguinte, todas as gravadoras saíram em busca de cantores de samba. A RGE lançou um disco, que chamamos de pau-de-sebo com o título de Raça Brasileira, com vários artistas novos, como Jovelina, Elaine Machado, Pedrinho da Flor etc. Mas antes de sair o disco eles mandaram uma prova para o radialista Adelson Alves, da Rádio Globo, pertencente ao mesmo sistema de comunicação. O Adelson ouviu e falou que o disco estava muito bom, mas estava
faltando um cara, que era o Zeca Pagodinho, afilhado da Beth Carvalho, que fez uma participação especial num disco dela, na faixa: Camarão que dorme a onda leva. O Adelson já havia pedido para a Som Livre contratar o Bezerra da Silva e eles bobearam, deixando a bola para a RCA. Dessa vez, o atenderam e foram procurar o Zeca, que andava sumido, acharam e ele também entrou no disco se transformando, merecidamente, no maior fenômeno do samba nesse país. E o seu novo disco, como está sendo recebido pelo público? Esse é o meu sétimo disco e é nesse que estou apostando, como falei. Tem sucessos que foram gravados por outros cantores e tem coisa inédita, como a faixa de trabalho: "50, 60, 70, 80 e daí?", que compus andando na rua, conversando com Deus. Todos que ouvem gostam. No disco está parte da minha história, onde as faixas refletem uma época importante da minha vida: 'Falsa Consideração'; 'Chora'; 'Apito Final'; 'Arena' (Quando um não quer); 'Estrela do céu'; 'Lua Vadia'; 'Todo mundo é rei'; 'Cafuné'; 'Veneno'; 'Tô na área', e, 'Eu não sou violão' completam o disco. Vale a pena conferir!!
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Elias Nogueira
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014 LANÇAMENT0 ROCK
eliassnogueira@gmail.com
Vivi Lyra e o Hangar 13 Em atividade desde 1999, o Hangar 13 com integrantes cariocas Linconl Matt (bateria), Vivi Lyra (voz) na banda desde 2003 e os gaúchos João Arthur (guitarra) e Allan Rodrigues (baixo) que entraram em 2014, vem realizando apresentações em diferentes lugares do país, flutuando entre festas e shows. O Hangar 13 é polivalente, se apresenta como cover, onde relembram sucessos dos anos 1950 aos dos tempos atuais, espetáculo: "O Túnel do Tempo Show". Entretanto, banda trabalha também seu lado autoral com um som inovador e sempre respeitando as influências de cada membro do grupo. Em minhas andanças pelo circuito tive o prazer de conhecer Vivi Lyra, linda vocalista, fincada na música por amar o que faz. Conversamos uns 15 minutos e deu nessa entrevista: Início - Hangar 13 surgiu quando Lincoln Matt, que tocava bateria em outros grupos,
resolveu buscar um estilo de som mais coerente e começou a compor. Juntou amigos de longas datas, que também tocavam e assim nasceu o Hangar 13. Apresentações e ganhador de festival - A música "Infinito Contínuo" fez com que o Hangar 13 faturasse o 37º Festival de Música Hélio Alonso - Festival que já revelou nomes como Sandra de Sá, Fátima Guedes, etc. Por conta disso garantiu presença em diversos palcos no Rio de Janeiro como: Black Net, Big Bem Pub, Faz OLP, Mistura Fina, Cantinho da Barra, Teatro Café Arena, entre outros. Sonoridade - Após diversas formações, a sonoridade desejada foi alcançada com a minha entrada na banda, tenho certeza que somei quando
contribuí com composições. Conhecida no Rio de Janeiro - No cenário "Underground Carioca", Hangar 13 ficou conhecido como cover oficial do Evanescence por causa da minha voz, bastante parecida com da vocalista da banda americana, Amy Lee. Nos apresentávamos regularmente nos palcos cariocas e sempre com casa cheia! Logo percebemos uma excelente oportunidade, financeira, para a banda excursionar tocando hits do rock e pop-rock dos anos 50 aos atuais, e assim a banda criou o projeto "Túnel do Tempo Show". Mesmo sendo pouco conhecida, nos apresentávamos para mais de cinco mil pessoas. Não nos agradava ser somente uma banda cover. Era tempo de buscar novos ares e assim começamos pelo extremo sul do país,
onde nossas músicas começaram a tocar nas rádios, e, em pouco tempo, começou a tocar em todos os lugares por onde o Hangar 13 passava. Atualmente - Viajamos pelo sul levando som de qualidade para as regiões, apresentando músicas próprias e repertório repleto de clássicos do rock para não deixar ninguém ficar parado!
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Márcio Paschoal COMENTÁRIOS DE MÁRCIO PASCHOAL
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paschoal3@gmail.com
CD "AZNAVOUR SINGS IN ENGLISH GREATEST HITS" Músicas cantadas em inglês (ou algo parecido) por Charles Aznavour, com algumas participações de celebridades como Sinatra, Elton John, Celine Dion e Sting, o "CD Aznavour sings in English Greatest Hits" traz os sucessos "She" e "The Old Fashioned Way", claro, mas inova em algumas estranhezas como uma "Ave Maria" (que não é a de Gounod) e a versão de "La Bohème" (com Josh Groban). Ainda bem que ficamos sem as do tipo "How is sad
Venice". Menos mal. Acostumado a grandes duetos, como em "Les Amants", com Piaff, sua parceria com Elton John em "Yesterday I was Young" agrada, assim como as boas gravações de "You´ve got to learn" (Il Faut Savoir) e "I didn't see the time go by" (Je n'ai pas vu le temps passer). Com Liza Minelli divide as luzes em "Quiet Love", misturando as versões em inglês e francês. Logicamente com Liza no inglês. Sei, não. Ainda prefiro Lennon em "Michelle". Num evidente caso de respeito hierárquico ou feliz coincidência, a faixa com Sinatra ("Young at heart") é a mais interessante. Exclusivo para admiradores do cantor, românticos de plantão ou desavisados.
CD "SMOKEY & FRIENDS" Ainda no estilo duet, um CD bem mais interessante. "Smokey & Friends"
apresenta a obra de William "Smokey" Robinson em algumas inspiradas performances . É o caso de "Cruisin'", com Jessi J. Ou com Steven Tyler na ótima "You really got a hold on me". De novo Elton John no clássico de Smokey "The tracks of my tears". Outra faixa no ponto é "MyGirl", nada a dever à gravação original. Agora Smokey é acompanhado por Miguel, Aloe Blacc e Joe Chasez. Destaque ainda para a guitarra de John Mayer. "Ain't that Peculiar" traz a dupla Smokey/James Taylor afinada, mas sem empolgar. Um pouco melhor com Sheryl Crow em "The tears of a Clown". O disco termina com belo arranjo para "Get ready", com Randy Jackson no baixo e Gary Barlow nos vocais. Tirante algumas declarações de amor fora de hora ao autor durante os acordes iniciais em algumas faixas, o disco se situa bem acima da média dessas mornas gravações oportunistas. Aqui uma real oportunidade para rever ou conhecer melhor as composições e sucessos de Smokey.
CD "PASCOAL MEIRELLES 50" O baterista Pascoal Meirelles tem registro mais que merecido na celebração de seus cinquenta anos de carreira, com o lançamento do CD "Pascoal Meirelles 50". Reunindo novas e antigas composições, Pascoal
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014 tem oportunidade de mostrar seu lado autoral e de arranjador, como na "Suíte 1982", escrita para nove instrumentos, tomando como base o fraseado da bateria que ele costumava utilizar na abertura de seus shows. Como integrante e um dos formadores do inesquecível Cama de Gato, destaque para a faixa "Caribe's Dreams" que já havia sido gravada num dos melhores discos do grupo. Outra regravação: a canção "Tom" em homenagem a Jobim, embora ainda a ache melhor no cd homônimo, Pascoal e seu trio num tributo à geração que inventou o samba-jazz.
CD "FESTA NA ROÇA - TONINHO FERRAGUTTI E NEYMAR DIAS" O excelente CD "Festa na Roça" é resultado da venturosa reunião de dois craques, um no acordeom (Toninho Ferragutti) e outro na viola caipira (Neymar Dias). Menos conhecido que seu xará do Barcelona, Neymar divide com Ferragutti todas as treze faixas do disco. Um trabalho bem acabado de estúdio, caprichado, que não soa
COMENTÁRIOS DE MÁRCIO PASCHOAL reduzido apesar do risco de prescindir das cordas, percussão e sopros. Difícil destacar uma, já que todas estão boas. "Menino da Porteira" e "Tristeza do Jeca" não perdem em originalidade e o clássico do gênero "Chico Mineiro" está fantástico. Discaço.
CD "MEU RELICÁRIO JAIME ALEM" Gratíssima gravação, reunindo composições do maestro Jaime Alem, no CD "Meu Relicário". A parte vocal ganha luxuosa colaboração de Nair Cândia. Ao todo são 13 faixas, abrindo com a melhor, melodia intensa na canção que nomeia o disco. Logo depois "Elo partido"( parceria com João Marcos) com suave acordeom no arranjo. A seguir, reminiscências do bairro de Santa Teresa, na ótima letra de Sergio Natureza em "Bondeando" (
faz um calor danado no Largo das Neves/ breve momento ao seu lado, disparou meu coração/ lá foi o bonde carregando quem mais quero...). Na linha gismontiana, "Guiguita", destaque para o violoncello (João Bustamante). À doçura de "Sua presença querida" fica difícil resistir (apareça de presença bem-vinda nesta casa cercada de casas, nesta vida cercada de vidas...). Um passeio pela viola de dez do maestro na bela "Estação da Luz", acompanhado pelo acordeom de João Carlos Coutinho. O show continua na "Suíte Caboclinha", com a participação de Bruno Aguilar no contrabaixo acústico e Reginaldo Vargas na percussão. Há ainda uma referência musical a Gonzaga dos baiões, com Marcelo Caldi (acordeom) e Levy Chaves (sax). Os trabalhos se encerram com a "Sonata do Agreste", no melhor estilo Heraldo do Monte. Senti muito a ausência de "Beira Estrada do Café, uma das melhores composições de Jaime. Enfim, um trabalho requintado com a magia do melhor das caixas de guardados musicais.
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Nido Pedrosa
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Mestre João do Pífe e Banda Dois Irmãos 86 Anos de Tradição Prezados Leitores, nesta edição venho fazer uma abordagem sobre o trabalho de um Mestre, um instrumentista da música nordestina, que há muito vem fazendo história na Música Brasileira, João Alfredo dos Santos, mais conhecido como João do Pife, um dos maiores instrumentista pifeiro de sua geração e líder da Banda Dois Irmãos. Seu João, como é carinhosamente chamado pelos mais íntimos, nasceu no Sítio Xambá, Município de Riacho das Almas, Região do agreste pernambucano, em 20 de junho de 1943. O Mestre João do Pife aprendeu a arte
do Pífano aos oito anos, com o seu pai, Mestre Alfredo Marques dos Santos, que por sua vez, herdou esta arte dos seus antepassados. Não apenas o conhecimento de como tocar Pífano, mas também, como fabricar artesanalmente este instrumento de sopro e ainda, as Zabumbas e Tambores que compõe a formação de uma banda de pífanos. Mestre Alfredo, transmitiu toda essa herança sócio-cultural aos seus filhos. A Banda de Pífanos Dois Irmãos originou-se do "Terno de Zabumba", fundada pelo o pai de João do Pife, no ano de 1928, no Sopé da Serra do Sítio Xam-
bá. Este conjunto musical apresentava-se inicialmente, em novenas, procissões e demais festividades religiosas; durante o dia o repertório era voltado para a celebração e consagração ao Divino; à noite, após as vinte e duas horas, o repertório seguia diversos ritmos, como: Forró, Xote, Xaxado e Baião. Na década de oitenta, João do Pife e o seu irmão Mestre Severino, herdaram o comando desse grupo musical -e resolveram modificar o
João do Pífe
nome de "Terno de Zabumba" para Banda de Pífanos Dois Irmãos, isso significa que estes dois Mestres mudaram também a estrutura musical
MERCADO MUSICAL NORDESTINO Carlos Malta, Marcos do Pífe e João do Pífe
desse grupo, pois enquanto era denominado "Terno", referia-se, obviamente, a três tocadores de Pífano a frente do conjunto. Ao denominarse 'Banda', contabiliza-se apenas dois músicos executando os instrumentos de sopro (pífanos), acompanhados de Zabumba, Tarol e Pratos de Banda Marcial. Após alguns anos, João do Pife deixou sua moradia na zona rural, vindo residir em Caruaru-PE, onde passou a exercer durante um período de dois anos, a função de percussionista da Banda de Pífanos Cultural do Mestre Biu do Pife. Paralelamente, Mestre João mantinha sua Banda Dois Irmãos, que gradativamente, iria tornarse famosa no município de Caruaru - conhecida como "A Capital do Forró" - passando a apresentar-se nas festividades juninas e na famosa Feira deste referido município. Foi também nesta Feira que os Mestres João do Pife e Severino vendiam os instrumentos por eles confeccionados: Pífanos e Zabumbas. A Feira de Caruaru foi registrada no ano de 2006, pelo o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico), como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil,
por congregar várias vertentes da cultura nordestina. Durante vinte anos, essa mesma Feira, foi um dos mais importantes palcos para difundir o trabalho artístico e cultural da Banda de Pífanos Dois Irmãos, pois foi lá de onde surgiram inúmeros convites para apresentar-se em palcos pelo Brasil e em outros países. A primeira apresentação internacional desta banda foi no ano de 1989, em Portugal. A partir daí, não pararam mais os convites para shows internacionais. No total foram 27 países, entre eles destacam-se: Estados Unidos, México, Canadá, Japão, Espanha, França, Alemanha, Áustria, Itália, Suíça, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia. No ano de 2002, Mestre João do Pife lecionou por um período de três meses na Universidade da Flórida, convidado especial do Dr. Larry Crook (PHD da Universidade do Texas), especialista em etnomusicologia. Durante esta sua atividade pedagógica, João do Pife confeccionou mais de 1000 Pífanos e 20 zabumbas e ainda, ensinou os alunos a tocarem e a fabricarem artesanal-
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014 mente estes instrumentos de sopro e percussão. Mestre João do Pife e esses seus alunos fizeram várias apresentações artísticas em diversas cidades norte-americanas. João do Pife e Banda Dois Irmãos fizeram participações especiais em coletâneas da World Music, em alguns CDs produzidos e lançados na Inglaterra, França e Alemanha, além de shows pelo mundo a fora. Seu João do Pife também participou de alguns álbuns gravados por bandas brasileiras, exemplo: Sangue de Barro (em 2004), Zabumba Bacamarte (em 2005), Fim de Feira (2008) e, ainda este Mestre e Marcos do Pife participaram em mais dois projetos, são eles: Pernambuco em Concerto (CD e um vídeo lançados no ano 2000, distribuídos para Secretarias de Cultura e produtores do Brasil e da Europa); Um Sopro de Brasil (dois grandes shows realizados no teatro SESC Pinheiros, em São Paulo, no ano de 2004, que foram registrados em livro, CD e duplo documentário em DVD). Entretanto, o primeiro CD de João do Pife e Banda Dois Irmãos foi gravado e lançado apenas no ano de 2005, com título homônimo, direção musical de César Michiles, arranjos de João do Pife e César Michiles, incentivado pelo FUNCULTURA (Fundo de Incentivo à Cultura). Esta obra é composta por 13 músicas, sendo 10 de autoria do Mestre João do Pife. Convém mencionar, que a sonoridade do pífano na Música Popular Brasileira, foi registrada no ano de 1972, no álbum intitulado "Expresso 2222", de autoria de Gilberto Gil,
através da música instrumental "Pipoca Moderna", composta por Sebastião Biano, integrante da Banda de Pífanos de Caruaru fundada no ano de 1924. Atualmente, a Banda Dois Irmãos é composta pelos seguintes músicos: João do Pife (primeiro Pífano e voz), Marcos Antônio (Marcos do Pife, segundo Pífano e voz), Alexandre dos Santos (Pratos), Leandro dos Santos (Tarol), Cícero dos Santos (Zabumba) e Paulo dos Santos (Caixa). Esses quatro músicos percussionista são filhos de João do Pife. Vale mencionar que por motivo de saúde, o Mestre Severino precisou afastar-se das atividades musicais da banda, sendo a sua função brilhantemente, levada adiante por Marcos do Pife. Os Mestres João do Pife e Marcos Antônio estão engajados em vários projetos sociais, lecionando a Arte do Pífano, com o objetivo de preservar e difundir a nossa cultura. Esses dois músicos tem a crescente preocupação de assegurar que crianças e jovens além de conhecerem e assimilarem a cultura tenham também a oportunidade de aprender, gratuitamente, a profissão de músico. Além dos projetos sociais, a Banda Dois Irmãos participou de vários projetos culturais, como exemplo, enfatizam-se: Eu Toco Pife (circuito com shows e oficinas musicais) - patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, percorrendo: Salvador-Ba (em 2007), Brasília-DF e São Paulo (em 2009), Rio de Janeiro-RJ (em 2010) e Curitiba-PR (em 2011); Pífano na Mata - shows e oficinas musicais, patrocínio
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Colaboraram com fotos e matéria: Inês Araújo e João do Pífe
decer o Patrimônio Artístico Cultural do Brasil, o qual é digno de ser melhor apreciado e amado. É lamentável que o nosso país ainda não saiba abraçar dignamente, seus artistas oriundos da Cultura Popular. Mestre João do Pife completou cinqüenta e cinco anos de profissão em 2014, e neste mesmo ano, foi um dos homenageados do internacionalmente conhecido "São João de Caruaru", homenagem concedida pela Prefeitura Municipal e Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru. Ainda neste mesmo ano, João do Pife e Marcos Antônio viajaram aos Estados Unidos e França para realizarem apresentações artísticas e oficinas culturais. A Banda Dois Irmãos tem oitenta e seis anos de existência, é um dos raríssimos grupos musicais (dos mais antigos do Brasil) que ainda mantém-se em plena atividade.
FUNCULTURA e Governo de Pernambuco - percorreu a Zona da Mata de Pernambuco; Pífanos e Mamulengos - shows, oficinas musicais e confecção de mamulengos, com patrocínio do Governo Federal e Governo de Pernambuco - percorreu os Estados: Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal. Este
grupo artístico foi composto por quinze integrantes, dentre eles: atores, músicos, produtores e o Mestre de Mamulengos Zé Lopes; Música no Salgado - apresentações artísticas, com patrocínio da FUNDARPE (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco e incentivo do FUNCULTURA - apresenta-
ções realizadas no bairro do Salgado, em Caruaru, exatamente, na rua onde está localizada a Oficina de João do Pife. Este evento foi realizado em três edições, nos respectivos anos de 2009, 2010 e 2012. O segundo CD de João do pife e Banda Dois Irmãos ainda não foi gravado, está em fase de pré-produção. Apesar deste extraordinário Mestre e sua Banda trabalharem sempre divulgando a riqueza da Cultura Popular Brasileira, apresentando ao mundo a diversidade dos ritmos brasileiros, como exemplo: Xote, Xaxado, Baião, Frevo, Chorinho e ritmos internacionais como a Valsa, infelizmente, não conseguiram ainda, o devido reconhecimento, apoio, incentivo e o espaço que merecem na mídia, para divulgarem consistentemente seus trabalhos, que só tem contribuído para engran-
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TANGELA AS MELHORES SONY MUSIC GOSPEL
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João do Pífe e Banda Dois Irmão
Patrícia Rodrigues
COMPOSITOR/SBACEM
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Joubert de Carvalho O feiticeiro das notas musicais
Joubert de Carvalho foi um dos compositores mais produtivos da música brasileira. Ao longo de uma carreira de mais de 60 anos, escreveu mais de duzentas composições. Um dos fundadores da SBACEM, marcou sua presença no cenário musical como compositor e figura humana. No início da década de 1930, ficou conhecido como o "Feiticeiro das notas musicais". Suas composições eram espontâneas. Segundo Joubert, bastava uma palavra dita por alguém ou uma cena presenciada por ele para que a música surgisse. "Nem parece que sou eu o compositor, mas que sou apenas o receptor", afirmou o autor em entrevista ao jornal O Globo, em 1971. Foi assim com a composição "Ta-hí", um dos maiores sucessos da cantora Carmen Miranda. Certo dia, Joubert ia passando pela Rua Gonçalves Dias quando o gerente da Casa Melodia, conhecido como Sr. Abreu, o chamou para ouvir um disco de uma nova cantora. Tratava-se da então principiante Carmen Miranda. Joubert ficou encantado com a interpretação da cantora e ficou curioso para conhecê-la. Logo em seguida, Carmen chegou a loja e o Sr. Abreu disse: "Taí a
cantora". Inspirado na frase dita pelo gerente da loja, Joubert de Carvalho compôs a marcha "Ta-hí". A música fez um estrondoso sucesso, foi muito cantada no carnaval de 1930 e permanece até hoje. A marcha "Ta-hí" abriu as portas do estrelato para Carmen Miranda e popularizou Joubert de Carvalho. A partir do sucesso de "Ta-hí", Joubert se rendeu a música popular. Escreveu uma série de composições a que ele chamou de "Brasilidades". Desta série, destacam-se: "Dá-se um jeitinho", gravada por Gastão Formenti, seu maior intérprete, "Gostinho diferente" e "Neguinho", gravadas por Carmen Miranda. Filho do fazendeiro Tobias de Carvalho e de Francisca Gontijo de Carvalho, Joubert nasceu em Uberaba - MG, no dia 6 de março de 1900 e tinha mais 12 irmãos. A família morava próximo ao local onde uma banda da cidade sempre ensaiava. Joubert gostava de sentar na porta de casa para ouvir. Era fascinado por música. Por ocasião das festas típicas do interior, a banda fazia a alvorada e Seu Tobias acordava toda a família para acompanhar o desfile. O talento de Joubert para a música se revelou quando ele ainda cursava o primário. Com apenas oito anos de idade, compôs sua primeira valsa. Mais tarde, em 1913, a família mudou-se para São Paulo. Joubert e seus irmãos foram matriculados no Ginásio de São Bento. Na época, estava sendo inaugurado em São Paulo o Hos-
pital da Cruz Vermelha para crianças. Joubert, que nessa época também frequentava o Conservatório de Música, lembrou-se da valsa que compôs alguns anos antes e que ainda estava sem nome. Decidiu batizá-la de "Cruz Vermelha". Entusiasmado com o talento do filho, Seu Tobias mandou imprimir 500 cópias da partitura para que fossem vendidas em benefício do hospital. O feito do jovem compositor mereceu destaque na Revista O Tico-tico, que o chamou de "Um futuro Verdi". Estimulado pelo sucesso de sua primeira música, Joubert não parou mais de compor. A Editora Campassi & Camin passou a editar suas músicas. Entre 1914 e 1918, Joubert teve cerca de 20 músicas editadas. Em 1919, Joubert mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar medicina, mas não abandonou a música. Na faculdade, tornou-se amigo do filho do cientista Oswaldo Cruz. Costumava frequentar a casa da família e a tocar piano. Sempre muito inspirado, um dia escreveu um tango, ao qual deu o nome de "Cinco de janeiro", a pedido da esposa de Oswaldo Cruz, em homenagem a data de seu casamento. Joubert foi tornando-se conhecido no Rio de Janeiro e suas músicas passaram a ser tocadas nos bailes dos principais salões da cidade. A primeira composição de Joubert levada ao disco foi o tango fado "Noivos", gravada em 1921 por Oscar Pereira Gomes. Em um dia chuvoso, Joubert
de Carvalho foi convencido por um amigo a não ir para a faculdade e ficar em casa compondo. Joubert sentouse ao piano e, inspirado pelo som da chuva, compôs um fox. À noite, o mesmo amigo o levou a uma festa na casa de Pedro Fernandes, dono da Tabacaria Londres. Quando chegou lá, uma senhora pediu para que ele tocasse "Cinco de janeiro". Joubert atendeu ao pedido e, em seguida, tocou a música que havia acabado de compor. Admirados, todos perguntavam quem era o pianista e qual era o nome da música. Uma jovem disse: "Esse é o príncipe dos foxtrotes!". A composição que ainda estava sem nome, recebeu o título de "Príncipe" e foi uma das músicas mais executadas nas festas do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. O fox foi gravado pela orquestra Augusto Lima e levado para Paris por uma companhia francesa de teatro de revista. Foi uma das primeiras músicas brasileiras gravadas no exterior. Após receber uma
Newton Teixeira, Mário Rossi, Ivo Santos e compositores da Sbacem.
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014 letra, o fox foi gravado em 1931, por Francisco Alves. Mesmo depois de se formar em medicina, Joubert não abandonou a música. Sua tese de formatura recebeu menção de louvor da banca examinadora. Foi um estudo sobre as vibrações das válvulas cardíacas, intitulado "Os sopros musicais do coração". Joubert conseguiu conciliar as duas carreiras. Continuou compondo e passou a clinicar em um consultório na Rua Álvaro Alvim, na Cinelândia. Anos mais tarde, tornou-se médico do Instituto dos Marítimos, onde chegou a ser diretor do hospital. Foi também um dos primeiros a empregar a medicina psicossomática no Brasil. Joubert era um grande apreciador de música clássica e de poesia. No fim da década de 1920, ficou fascinado com as poesias de Olegário Mariano. Após ler "Cai, cai balão" e "Tutu Marambá", resolveu musicar as duas poesias. O compositor estava em companhia de seu amigo Pezzi, um tenor do Theatro Municipal que, entusiasmado com o que ouviu, decidiu promover o encontro de Joubert com Olegário Mariano. Nasceu assim uma das maiores parcerias do compositor. Olegário Mariano teve mais de 20 poesias musicadas por Joubert de Carvalho. Entre elas "Renúncia", uma típica modinha de salão, gravada em 1930 por Olga Praguer Coelho, o cateretê "De papo pro á" e a Canção "Zíngara", ambos gravados por Gastão Formenti, e a canção "Dor de recordar", gravada por Francisco Alves. O ano de 1931 também foi muito produtivo para Joubert. Foi quando ele encontrou o teatrólogo Paschoal Carlos Magno. Ele ia estrear uma peça chamada "Pierrot" e pediu a Joubert uma can-
ção para abrir o espetáculo. por Sylvinha Mello; "Amor, A música seria interpretada amor" e "Ninguém tem um pelo cantor Jorge Fernandes. amor igual ao meu", por No dia seguinte, Joubert Carmen Miranda; "Não me apresentou a música pronta abandones nunca", "Nunca e Pachoal colocou a letra. A soubeste", "Minha casa", "O composição recebeu o mes- silêncio do cantor" e "Flammo nome da peça: "Pierrot" boyant, por Silvio Caldas; "Em e foi o grande sucesso do pleno luar" e "Maria, Maria", espetáculo, sendo repetida por Orlando Silva; "Jeremoatrês vezes pelo cantor na bo", por Gilberto Milfont, e estreia. A composição é "Baía de Guanabara", por considerada uma das mais Francisco Alves, entre oubelas canções brasileiras. tras. Participou de um conNo mesmo ano, Rui Carneiro, curso de canções de aniveroficial de gabinete do então sário, em 1952, e ganhou o Ministro da Viação, José prêmio com a composição com composições que marAmérico, sugeriu que Joubert "Canção de aniversário", leva- caram o público pela beleza fizesse uma música retra- da ao disco por Neide Fraga. de suas melodias, Joubert tando as condições de vida A influência de ritmos estran- faleceu no dia 20 de setemdos nordestinos que sofriam geiros, a Bossa Nova, e ou- bro de 1977, aos 77 anos de com a seca. Uma das cida- tras mudanças no meio idade. des mais atingidas se cha- musical, fizeram Joubert de Extremamente discreto e mava Ingá. O compositor Carvalho se afastar do cená- educado, o grande compoimaginou uma retirante cha- rio artístico, entre 1955 e sitor brasileiro soube transimada "Maria do Ingá" e 1960. As músicas escritas tar entre o erudito e o popuobservou que a contração do nesse período permanece- lar deixando peças imortais nome dava um excelente ram inéditas. Nessa época, como "Ta-hí", conhecida título: "Maringá". Mais tarde, passou a se dedicar ao estu- mundialmente. Sua facilidaem 1947, foi criado um do da filosofia. Apreciava de e espontaneidade para distrito e construída uma Tomás de Aquino, Spinoza, compor justificam o epíteto cidade para imigrantes no Bergson e Jung. Joubert se que lhe foi dado no início da Paraná. Durante a constru- dizia um apaixonado pela carreira: "O feiticeiro das ção, os operários cantavam metafísica. Em 1938, escre- notas musicais". a canção de Joubert de veu um romance místico Carvalho e em sua home- intitulado "Espírito e sexo". nagem deram o nome de Joubert de Carvalho particiMaringá à nova cidade. A pou de dois Festivais de música foi gravada em 1932, Serestas. Em 1969, ficou em por Gastão Formenti, e regra- primeiro lugar com "Sol na vada diversas vezes. Em estrada" e no ano seguinte 1957, Joubert foi homena- repetiu o êxito com a valsa geado pelos moradores de "A flor e a vida". Maringá e pelo prefeito da Após ter enriquecido a cidade, tendo uma das ruas Música Popular Brasileira batizada com seu nome. Esta foi uma das maiores emoções de sua vida. Entre 1935 e 1955, Joubert de Carvalho escreveu várias composições de sucesso, como "A carícia de suas Reunião do Conselho deliberativo da SBACEM de 09 de abril de 1970. Estão na foto: de pé Newton Teixeira, Mário mãos", gravada Rossi e Walfrido Silva. Sentados: Geraldo Medeiros, Daniel Rocha, Joubert de Carvalho, Dorival Caymmi e Francisco Corrêa da Silva.
INFORMATIVO SBACEM
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Texto e foto retirados do site do Governo do Rio Grande do Sul: www.rs.gov.br Governo gaúcho institui: Ano do Centenário de Lupicínio Rodrigues Decreto que formaliza o período de celebração dos cem anos de nascimento do compositor gaúcho foi assinado pelo governador em exercício, José Aquino Flôres de Camargo (Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini) O governador em exercício, desembargador José Aquino Flôres de Camargo, assinou decreto instituindo o Ano do Centenário de Lupicínio Rodrigues, nesta terça-feira (16), no Palácio Piratini. O documento formaliza a celebração dos cem anos de
nascimento do compositor gaúcho no período de 16 de setembro de 2014 a 15 de setembro de 2015. Cria, também, uma comissão, com o objetivo de promover atividades comemorativas sobre a vida e obra de Lupi. "É um gaúcho que merece todo o destaque, uma Foto: Claudio Fachel personalidade que deve ter sua história bem gravada, pois é um exemplo de sentimento, adjunto da Cultura, Jéfferson ternura e amor, valores com Assumção, a iniciativa preque nossa sociedade deve tende homenagear um dos se relacionar mais intensa- artistas mais expressivos da mente", destacou o governa- cultura do Rio Grande do Sul. "Nosso Estado é criativo, dor em exercício. portanto instituir essa comisDe acordo com o secretário são que vai montar uma agenda mostrando para a sociedade a importância desse músico significa um momento cultural importante", enfatizou. "Ficamos honrados com esse ato, pois demonstra o reconhecimento do Estado por um artista que engrandeceu a cultura brasileira", manifestou o filho do homenageado, Lupicínio Rodrigues Filho, em nome da família. Comissão A comissão criada pelo decreto para montar a agenda de atividades que promovem a obra e a vida de Lupicínio Rodrigues por um ano é composta por representantes da Secretaria da Cultura/Diretoria Artístico-
Cultural; Instituto Estadual da Música; Discoteca Pública Natho Henn; Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa; e Núcleo de Acervo e Memória da Casa de Cultura Mario Quintana. Lupicínio Rodrigues Considerado um precursor das canções de "dor de cotovelo", Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre no dia 16 de setembro de 1914. Começou a compor ainda na adolescência e, muito cedo, deixou aflorar seu lado boêmio. A obra de Lupi, como era conhecido desde criança, é marcada por desilusões amorosas. As músicas, autobiográficas ou inspiradas em histórias de amigos, conquistaram fãs em todo o Brasil, em especial em sua terra natal, que Lupicínio nunca abandonou. São quase 150 composições gravadas que fizeram sucesso no fim da década de 30. (Texto: Anamaria Bessil) Fonte: www.rs.gov.br
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014
LANÇAMENT0S FONOGRÁFICOS
TRIO NASCIMENTO MARQUE UMA GERAÇÃO MK MUSIC
DAVID FELDMAN PIANO INDEPENDENTE
LYDIA MOISÉS VAI TUDO BEM SONY MUSIC GOSPEL
MAURO SENISE DANÇAS BISCOITO FINO
ROBSON NASCIMENTO FORTALEZA MINHA SONY MUSIC GOSPEL
RUÍDO/MM RASURA SINEWAVE
VANILDA BORDIERI NA TUA VONTADE MUSILE RECORDS
BRUNA OLLY MINHAS CANÇÕES NA VOZ DE GRAÇA MUSIC
QUEEN LIVE AT THE RAINBOW 74 UNIVERSAL MUSIC
GUARDIAN OF THE GALAXY COLETÂNEA UNIVERSAL MUSIC
LINDSEY STIRLING SHATTER ME UNIVERSAL MUSIC
PAULA FERNANDES ENCONTROS PELO CAMINHO UNIVERSAL MUSIC
CHEIRO DE AMOR NAS ÁGUAS AO VIVO SONY MUSIC
PAULA FERNANDES ENCONTROS PELO CAMINHO UNIVERSAL MUSIC
ASSEMBLÉIA DE DEUS INCOMPARÁVEL MK MUSIC QUEEN LIVE AT THE RAINBOW 74 UNIVERSAL MUSIC
Alberto Guimarães
CORRESPONDENTE PORTUGAL
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014
UMA CASA DA GUITARRA COM CERTEZA Quem vem e atravessa o rio / Junto à Serra do Pilar / Vê um velho casario / Que se estende até ao mar. Com estes versos, Carlos Tê e Rui Veloso começam a talvez mais emblemática canção sobre a cidade do Porto. Entre o velho casario e seculares monumentos que testemunham muito da história de Portugal, logo à entrada do Porto, está a Casa da Guitarra, um lugar de encantamento acrescido para um músico que visite a cidade. Violões, guitarras portuguesas, bandolins, banjos, vários instrumentos de cordas repousam esperando ser tocados, acariciados, levados pela mão. O namoro com aqueles instrumentos começa logo ali, com músicos que sempre os dedilham nalgum recanto da loja, ou mesmo no auditório da Casa da Guitarra onde regularmente acontecem shows. JG NEWS visitou a Casa da Guitarra e quem nos recebeu foi Alfredo Teixeira, sóciogerente de uma empresa que concilia o amor à música com o comércio, sem que a paixão inicial pela arte das musas seja posta de lado. Alfredo Teixeira é músico, tendo integrado com o seu bandolim os JIG, um muito atuante, nos anos 80 do Porto, grupo dedicado à música
de raiz celta. Tocando banjo e violino, participou do reflexivo projeto Foge Foge Bandido, de Manuel Cruz, e incluiuse no coletivo de música tradicional portuguesa Comvinha Tradicional. Mas, de permeio a azáfamas e paredes forradas de instrumentos prontos a dedilhar, Alfredo prefere em vez de enumerar o seu currículo de instrumentista, falar-nos da sua atividade de luthier que está na origem da Casa da Guitarra, que é já um dos importantes pontos de confluência em Portugal de quem se dedica aos cordofones: "Além de fazer bandolins, especializei-me a fazer guitarras portuguesas e estou agora a especializar-me a construir guitarras clássicas. Consegui um patamar que me satisfez nas guitarras portuguesas e decidi partir para o desafio das guitarras clássicas e daquilo a que chamamos o violão." Os instrumentos que saem das mãos de Alfredo carregam todo o conhecimento técnico e o saber devidos a um luthier e são feitos com uma índole da qual os músicos só podem tirar vantagens: "A minha política de fazer instrumentos é melhorar sempre de um para o outro. É isso que que me alimenta os sonhos à noite. A preocupação de melhorar a sonoridade de cada novo modelo,
por exemplo, torná-lo mais rico de agudos …" Manipulando na sua oficina o cedro ou pinho de Flandres, Alfredo fabricou alguns dos instrumentos que estão expostos para venda na Casa da Guitarra: "Temos aqui instrumentos próprios, normalmente feitos por encomenda porque eu não tenho tempo para fabricar todos quantos são necessários para estar aqui à venda. Então temos instrumentos de outras procedências, exclusivamente feitos em Portugal. Instrumentos tradicionais portugueses e os parentes, como o cavaquinho de Cabo Verde, o ukele, o cavaquinho brasileiro ou a viola caipira." A quantitativamente pequena produção da oficina de Alfredo faz com que, em vista disso, o stock da Casa da Guitarra seja também constituído por exemplares saídos de fábricas portuguesas que alcançam um grau de qualidade já grande. Mesmo assim, os instrumentos ali são submetidos a um critério próprio: "Normalmente o que eu faço, essa é a nossa diferença, nos meus tempos livres, acerto os instrumentos um a um. A pestana, o cavalete, tento afinar os harmônicos… porque não há alguém na fábrica a fazer os acertos todos no instrumento, pois o iriam tornar muito caro e eles têm de sair da produção o mais barato possível. Procuramos as melhores cordas, colocando as que tenham as es-
pessuras mais corretas segundo o nosso gosto próprio. Fazemos por vezes experiências tentando colocar cordas diferentes nos intrumentos que nos chegam." Alfredo continua: "Aqui acontecem shows, temos aulas de instrumentos tradicionais e a Casa da Guitarra é um ponto de conversas interessantes e trocas de ideias por parte de instrumentistas e apreciadores de música. Se eu trabalhasse só na minha oficina não teria alargado o contato com pessoas que uma loja destas atrai, e assim consigo ter mais opiniões, ouvir o testemunho da experiência de pessoas que já mudaram de cordas, usaram esta ou aquela madeira." Alfredo está ciente de um dos bens que a sua iniciativa trouxe ao mundo dos cordofones e da música em geral: "Sem querer ser presunçoso, até porque nem falo do meu contributo pessoal, as pessoas que frequentam a Casa da Música acabam por vezes por se conhecerem, por
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014 trocar informações umas com as outras sobre os instrumentos e a conhecêlos melhor. Somos, desta maneira, uma escola não assumida e espontânea". Na Casa da Guitarra os instrumentos são apresentados ao público de uma forma bem organizada e, por vezes, junto com objetos decorativos ou obras de arte harmonizáveis com o universo da guitarra. Um saboroso café pode ser tomado junto a uma pequena oficina para restauro e conserto de instrumentos. Na altura em que a visitamos, observamos, esperando intervenção, uma curiosa bandola, uma rabeca chuleira (instrumento comum ao norte de Portugal e ao nordeste do Brasil), uma guitarra portuguesa e um violino. Os instrumentos musicais que entram nessa oficina, são alvo de um estudo por parte de Alfredo, para que as operações a realizar sejam as mais precisas, se crie uma ficha do instrumento e se faça a sua história. "Alguns destes instrumentos chegam aqui já com a sua história porque pertenceram a ante-passa-
dos dos clientes, porque têm etiqueta. Quando isso não acontece, eu tento, por afinidade com outros exemplares, saber quem foi o construtor, saber em que local foram feitos. Se foram feitos no Porto, por exemplo, isso é distinguivel porque aqui há uma escola particular de fabrico de instrumentos e pode-se, pela cabeça do intrumento confirmar que são daqui. Eu fotografo os instrumentos, registro a informação das etiquetas também como contributo para o estudo da evolução da construção dos instrumentos", diz-nos Alfredo. A observação dos instru-
mentos que repara é uma fonte de conhecimento para os que ao mesmo tempo produz. Uns e outros estão envolvidos no processo de criação artística e isso lhes dá uma envoltura especial. Alfredo Teixeira envolve-se afetivamente nas reparações: " Eu sei que alguns são especialmente importantes porque foram transmitidos por antecessores familiares, alguns são tão bonitos e foram feitos com tanto cuidado!…", diz-nos. Mas é categórico: "Prefiro o desafio de construir, de melhorar os instrumentos que vou produzindo." Quando a realidade econô-
mica a nível global faz com que os instrumentos sejam por vezes massificados, menos ricos e pouco duráveis, a Casa da Guitarra é um local a visitar por quem visite o Porto e procure uma relação precisa e cuidada com a música, e com os cordofones de modo especial. Por isso, embora de fundação recente, a Casa da Guitarra está já nos roteiros de muitos músicos portugueses e internacionais. Entre os silêncios e ruídos das antigas ruas do coração do Porto, no espaço virtual do Facebook ou em http:// casadaguitarra.pt/, a Casa da Guitarra deve ser visitada por quem com acuidade dedilha instrumentos de corda.
CDS, DVDS E BLU-RAYS
Robson Candêo (Curitiba)
JG NEWS, NOVEMBRO DE 2014
MUSICANDOMUSICANDO Não sou de ficar fazendo propaganda, mas acho que muitos vão se interessar, então vamos lá. Importei alguns títulos de um site chamado Maximum Sound (www.maximumsound.org) onde é possível encontrar títulos em DVDs nunca antes lançados à venda (os chamados bootlegs), a bons preços e frete gratuito (inclusive para o Brasil se não se importar de receber as mídias e encartes sem as caixas). Na compra que fiz tinha o Coldplay - VH1 Storytellers onde a banda apresentou 7 sucessos que estavam bombando em 2005 (entre eles 'Yellow', 'Clocks' e 'Fix You') e que traz entre as músicas os comentários da banda sobre cada uma das canções, que é a grande sacada desse programa. Mesmo tendo som 2.0 e imagem não sendo das melhores, vale a pena pela raridade. Outro título dessa compra foi do líder da extinta banda Dire Straits - Mark Knopfler - A Friendly Night in London, com um show muito legal que traz hits do antigo grupo e também da carreira solo do cantor
EXPEDIENTE Editores Antonio Braga e Jorge Piloto
('Sailing in Philadelphia' e 'Money for Nothing', por exemplo), sempre com a incrível guitarra de Mark que ainda é um dos grandes guitarristas atuais. Já quem está com álbum novo é a cantora Colbie Caillat, intitulado Gypsy Heart, que segue a ótima linha pop/ romântico em 14 ótimas canções. Para quem não lembra, Colbie é a cantora de vários hits como 'Bubbly', 'I Do' e 'Lucky'. Não é novo, mas não posso deixar de falar do álbum do One Republic - Native, que descobri (tardiamente confesso) ter sido um dos melhores álbuns de 2013, sendo que o grande hit 'Counting Stars' é a mais conhecida, mas todo o álbum vale muito a pena. Não é assim um lançamento, mas o Bluray do Rei do Rock Elvis Presley - Elvis on Tour, traz uma compilação de shows realizados pelo cantor em 1972 e mostrado em forma de um documentário, trazendo Elvis por trás dos palcos, a grande histeria das fãs, o nervosismo dele antes de cada show, a rotina dura de fazer shows um dia atrás do outro, e principalmente muitas
músicas - 25 ao todo. E para finalizar quero comentar sobre um daqueles títulos que todos deveriam ter na coleção, porque é daqueles que agradam a todos e nunca vi quem não tenha gostado. Estou falando de Concert for George, gravado em 2003, um ano após a morte do exBeatle George Harrison. Este show aconteceu no Royal Albert Hall em Londres e foi organizado pela viúva e por Eric Clapton, seu grande amigo. São quase duas horas e meia que inicia com um show de música indiana do saudoso Ravi Shankar, seguido por uma apresentação do grupo Monty Pythom, e então um time de primeira linha executando as grandes canções de Harrison, entre eles Gary Brooker, Billy Preston, o próprio Clapton, e lógico os antigos parceiros Ringo Starr e Paul McCartney. Vale comentar que tem imagem e som de primeira com embalagem luxuosa e alguns extras um Blu-ray duplo. Robson Candêo escreve para o blog www.blurayedvdmusical.blogspot.com/
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Redação:
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