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ANO XXI - EDIÇÃO 225 DIGITAL 15 JULHO DE 2017

Caderno Especial ECAD

José Pedro Gil - Mônica Salmaso - José Afonso - Elza Soares Valmon & Júnior - Taylor Swift - Nicolas de Souza Barros - Marcia Kern & Grupo Vitória Régia - Victor Biglione - Mundo Digital Marinês - Maria Alcina - Joyce Moreno - Debora Watts - John Mayers - Ed Sheeran - Roger Waters - Cranberries - Linkin Park Harry Styles - Amy Shark - Sofia Oliveira - Sigrid - Boyce Avenue JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017

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Fábio Cezanne

MÚSICA INSTRUMENTAL

Nicolas de Souza Barros lança seu terceiro CD , "Chora, Violão!" Novo disco do violonista reúne choros, polcas, tangos, valsas e obras de emoção, escritas por Francisco Mignone, Ernesto Nazareth, Henrique Alves de Mesquita e Eduardo Souto, originalmente escritas para piano, agora com arranjos próprios para violão de 8 cordas Foi em 2016, a partir de um arranjo para a Valsa de Esquina No.1 de Francisco Mignone (1897-1986), uma das obras mais inspiradas da música brasileira e composta originalmente para piano, que o violonista Nicolas de Souza Barros concebeu o CD "Chora, Violão!". A adaptação da obra de Mignone para o violão o instigou a elaborar um disco seguindo o mesmo propósito, lançando luz ao instrumento a partir de arranjos próprios para obras originalmente escritas para piano. Entre os repertórios pesquisados, não poderiam faltar outras valsas. Essa forma musical que chegou no país em 1816, e nas suas metamorfoses em terras brasileiras a valsa lenta e "chorada", passaria a ser um integrante essencial da identidade musical do nosso país. A valsa foi também uma das formas principais de Ernesto Nazareth (1863-1934), exímio compositorpianista que chegou a escrever nada menos que 42 delas, geralmente fazendo referências nos seus títulos às personagens e uniJG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017

versos femininos que conhecia. Nestas obras, não é raro ouvirmos reverberações românticas e traços melódicos que evocam as criações

do compositor polonês Frederic Chopin (1810-1849), uma das principais influências do brasileiro. As sonoridades da música popular 3


MÚSICA INSTRUMENTAL brasileira estão igualmente presentes, bem como elementos da música de salão européia. No CD, foram escolhidas as valsas Eponina e Cardosina. A partir de uma busca por todas as suas obras não trabalhadas no primeiro CD de Nicolas de Souza Barros (Ernesto Nazareth por Nicolas de Souza Barros: violão de oito cordas), o músico realizou, em 2016, novos arranjos de vinte obras, das quais seis, além das duas valsas escolhidas, integram o CD "Chora, Violão!": os tangos brasileiros (choros) Guerreiro e Cruzeiro; duas obras de caráter mais latino, o tango-habanera Plangente e o tango argentino Nove de Julho; a meditação Mágoas e finalmente o tango de salão O Alvorecer. Por sua vez, o jovem Francisco Mignone manteve grande contato com a música popular, tocando piano nos cinemas e bailes e flauta nas serenatas. Tendo grande facilidade para o improviso, compunha obras mais populares sob o pseudônimo de Chico Bororó. O CD fecha com a genial Valsa-Choro No. 3, que é também a única obra do disco escrita originalmente para violão (de 6 cordas). Nesta re-elaboração para o instrumento de 8 cordas, a peça foi transposta do tom original de Ré menor para Si menor. A partir também da pesquisa sobre as obras para piano de Henrique Alves de Mesquita (1830-1906), um dos mais importantes compositores da geração anterior a Nazareth, e cujo estilo composicional prenuncia variadas características nazarethianas, o violonista selecionou quatro de suas polcas-cateretês (Quebra-Quebra minha gente, A surpresa, A baiana e Mayá), além de Batuque, considerada uma das obras emblemáticas do século XIX, em função da sua criatividade e 4

beleza melódica. Finalmente, o tango de salão O despertar da montanha, uma das obras mais conhecidas de Eduardo Souto (18821 8 4 2 ) , apresentada ao violonista por José Miranda Pereira, colegas na época de fundação da Associação de Violão do Rio (AV-Rio; instituída em 2001), do qual foi o primeiro presidente.

NÍCOLAS DE SOUZA BARROS Doutor em Música (UNIRIO 2 0 0 8 ) , Nicolas de Souza Barros é um dos mais conceituados especialistas do país em instrumentos eruditos de cordas dedilhadas, como o violão de oito cordas, alaúdes variados e a guitarra barroca. É Professor Associado de Violão Clássico e matérias conexas JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


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MÚSICA INSTRUMENTAL da UNIRIO, onde mais de uma dezena de seus orientandos tornaram-se posteriormente professores de instituições federais e estaduais de terceiro grau. Já se apresentou em dez países europeus e americanos, assim como nos principais centros brasileiros. Em 2017, assume a Coordenação do Mestrado Profissional em Música da UNIRIO (PROEMUS), o único do país voltado à elaboração de produtos ligados ao ensino das práticas musicais, tais como métodos, sites, apps, CDs e outros. Em 2014 e 2015, lançou os CDs Ernesto Nazareth por Nicolas de Souza Barros - violão de oito cordas e Ravel e Debussy - Imagens, ambos com arranjos próprios para este instrumento. Participou duas vezes noCircuito Nacional SESC Sonora Brasil, participando da primeira turnê da série em 1997 com o conhecido conjunto de música antiga Quadro Cervantes (2 CDs); em 2009, participou do ano destinado ao Violão Brasileiro, realizando 87 concertos (violão solo) em 23 estados brasileiros. Já trabalhou como músico convidado e arranjador em várias minisséries da TV GLOBO. Desde 2001, é o Diretor Artístico da Associação de Violão do Rio (AV-Rio), ajudando a organizar centenas de eventos e três CDs coletivos. É comumente chamado para tocar com orquestras nacionais e lecionar em festivais de música no Brasil e no estrangeiro. Já apresentou-se com a Orquestra Petrobrás, a Baltimore Symphony Orquestra (EUA), a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica 6

Nacional (Niterói), a Academia Antiqua (uma das primeiras orquestras barrocas brasileiras), assim como a Orquestra da UNIRIO em várias ocasiões. Realizou estreias nacionais e mundiais de concertos para violão e orquestra de Francisco Mignone, Ronaldo Miranda (Concerto para Quarteto de Violões e

Orquestra), J. Orlando Alves, Mario Castelnuovo-Tedesco e Luiz Otávio Braga, também estreando obras para violão solo de Edino Krieger, Pauxy Gentil-Nunes, Ricardo Tacuchian, H. Dawid Korenchendler, Luiz Otávio Braga, Marcelo Rauta e Marco Pereira, entre outros. JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


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Nido Pedrosa

COLUNA MERCADO MUSICAL

Marcia Kern & Grupo Vitória Régia Música de Câmara para todos

Marcia Kern, Gabriel Ferrante e Matheus Kern

A cantora-compositora Marcia Kern e o Grupo Vitória Régia, vêm se apresentando para plateias diversificadas em diversas regiões do país, ávidas por assistirem aos concertos de música de Câmara, que tem uma formação de grupo com arregimentação de piano, flauta transversal e vozes. - A trajetória de Marcia Kern, começou na infância, quando teve ligação com o canto Lírico e orientação musical por intermédio do seu pai o maestro Marcineli Cope, que lhe ensinou os segredos da ar8

Foto Júlia Rónai

te, essencialmente, italiana. Marcia estudou canto com os professores Victor Prochat e Carol Mc Davit (cantora Lírica de renome internacional), mas a partir do ano 2000 migrou para o canto popular, passando a atuar junto à artistas como Jeff Gardner, Ithamara Koorax, Kay Lyra, Simone Guimarães, Mestre Zé Paulo, Joel Nascimento, Marcílio Figueiró, Marcel Powell, Fernanda Canaud, Manduka, Misael da Hora, entre outros. Fez inúmeras apresentações e teve presença marcante nos grupos vocais:

Vozes do Rio e Scandallo, que participaram ativamente do cenário musical carioca da década de 90. Suas atuações renderam portas abertas para que pudesse participar de trilha sonora para filmes nacionais cantando e compondo. A partir daí, passou a atuar com o maestro Eduardo Camenietzki e o pianista Maurício Durão. Nesta ocasião teve presença garantida nos trabalhos do cineasta Silvio Tendller, tais como: "Glauber, O Filme - Labirinto do Brasil", "JK - O Menino Sonhou um País" e "Fragmento do Exílio", JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


MA TRIZ: PRAÇA MAHATMA GANDHI, 2, MATRIZ: GRUPOS 709 E 710 CENTRO, RIO DE JANEIRO, RJ CEP 20.031-100 TELEFONE ONE: (21) 2220-3635 TELEF ONE E-MAIL: sbacem@sbacem.org.br JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017

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COLUNA MERCADO MUSICAL Foto Andreia Novellino

Marcia Kern, Gabriel Ferrante, Matheus Kern e Stifani Kern

que teve premiação no Festival de Cinema da Argentina. Além de Silvio Tendller, ela também trabalhou com mais dois cineastas, Ricardo Zimmer e Luiz Rangel. Seu recente trabalho no cenário cinematográfico, foi a gravação da trilha sonora dos seguintes filmes: "Silêncio dos Inocentes" de Naura Schneider, onde atuou como compositora, em parceria com Otávio Segala, e, no filme "Ódio" de Carlo Mossi, remake de Luiz Rangel, onde gravou a trilha sonora, acompanhada por seu sobrinho, o pianista clássico Matheus Kern. No ano de 1997, Marcia sela sua primeira parceria com o pianista-compositor americano Jeff Gardner e segue letrandointerpretando a obra desse artista. Posteriormente, vieram várias par10

ticipações em Compact Disc, a exemplo do CD Natal Brasileiro Grupo Vocal Vozes do Rio (Música Clássica) - 1999; CD Natal Brasileiro ll - Grupo Vocal Vozes do Rio (Música Popular) - 2000; CD Nação - Eduardo Camenietzki - 2002; CD Trilhas Sonoras Para TV e Cinema Eduardo Camenietzki - 2003; CD Samba - Produzido por Mestre Zé Paulo - 2005; CD " Look Inside" Jeff Gardner" - Primeiro CD "Nu Jazz" com o co-lider Pierre Comblat, onde Marcia canta e compartilha créditos de compositora para a technobossa "Eu Sou Assim" onde é acompanhada por um elenco incluindo Rick Margitza, Nelson Veras, Carlos Balla, Karim Ziad, Fifi Chayeb, Linley Marthe, Sergio Leon Ruffin, Flaco Nunez (ex "Orixas"), Anga e Sidi-

nho Moreira - Produzido no ano de 2005. Ainda neste mesmo ano, Marcia passou a compor com André Madi e seguiu durante o ano de 2007 letrando as músicas de Fred Martins que foi o vencedor do Prêmio Visa. Em 2008, passou a compor com Simone Guimarães e o pianista Jeff Gardner, outros projetos vieram a ser trabalhados como o CD "Suíte das Águas", com composições autorais em parceria com o pianista Jeff Gardner, onde Marcia Kern reafirmou sua veia poética nas letras que recheiam as belas melodias de Jeff e onde ela empresta sua voz à obra do compositor. A parceria desse trio de compositores Jeff Gardner, Marcia Kern e Simone Guimarães encantou a cantora Jane Duboc, que graJG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


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COLUNA MERCADO MUSICAL vou duas de suas músicas em seu último CD. Da mesma forma aconteceu com a parceria Tavinho Bonfá, Marcia Kern e Eumir Deodato que seduziu a cantora Jane Mara, gravando em seu CD uma bela canção do trio. Nas parcerias internacionais além do americano Jeff Gardner, tem ainda o Quarteto D'Archimia, Ivano Borgazzi (Itália) e também, Patrick Fox e Max Soggio (Irlanda). Em 2010 e 2011, Marcia apresentou-se como solista do CSVP em Niterói e Forte de Copacabana nas festividades natalinas, com a Orquestra Rio Camerata sob a regência do Maestro Israel Menezes. Posteriormente, apresentou-se também como solista do Coral Madrigal do Leme, sob a regência de Anton Steuxner, cantando música barroca em vários eventos na cidade do Rio de Janeiro. Em 2016, participou como solista da Orquestra Sinfônica VillaLobos e continuou atuando junto com o pianista clássico Matheus Kern interpretando o Bel Canto e foi assim que a cantora Marcia Kern retornou radicalmente para a Música Clássica de onde começou sua carreira. Em 2016 Marcia junto com Tayara Maciel e Matheus Kern montaram o Grupo Musical de Câmara Vitória Régia, formado por Marcia Kern (voz soprano), Tayara Maciel e Stifani Kern (voz mezzo-sopranos), Gabriel Ferrante (flauta transversal) e Matheus Kern (piano Clássico). Desde o ano de 2016 até a presente data o grupo vem se apresentando em vários concertos pela cidade do Rio de Janeiro, através do evento dirigido por Sérgio da Costa e Silva, projeto "Música no Museu" que tem projeção internacional e este projeto, tem grande importância na trajetória do Grupo Vitória Régia, que já tem agenda garantida para 12

Tayara Maciel

todo o ano de 2017 no cenário cultural carioca. O grupo também se apresentará em outros eventos na Região Sul do país, a exemplo das apresentações que farão em São Francisco do Sul-SC e pelo interior do Rio Grande do Sul. Quem quiser manter contatos para

contratar apresentações da cantora-compositora Marcia Kern e o Grupo Vitória Régia, pode se comunicar através do E-mail: marcia.kern1@icloud.com ou acessar a página do Facebook: www.facebook.com/ grupovitoriaregia JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


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Elias Nogueira

GUITARRISTA EM DESTAQUE

Instituto de Guitarra Victor Biglione no Rio de Janeiro

Foto Elias Nogueira

Lendário guitarrista inaugura sala de aulas no coração de Copacabana Instrumentista de grande repercussão nacional e internacional Victor Biglione, argentino de nascimento, naturalizado brasileiro, carioca de coração, adotou Copacabana como seu bairro desde os cinco anos de idade, quando veio morar no Rio de Janeiro. O guitarrista vive uma grande fase em sua vida, colhendo frutos de uma longa e bem sucedida carreira. Reconhecido por ser o músico estrangeiro 14

com a maior participação em gravações e shows na história da MPB - Victor promove esta comemoração e faz questão de dividir com o público brasileiro, inaugurando o "Instituto de Guitarra Victor Biglione" em Copacabana. A revista JG News conversou com essa "Lenda Viva" para falar de sua nova empreitada. Aulas de guitarra - Um sonho que tenho há tempos e agora virou realidade, quero passar para frente tudo que aprendi na minha trajetória. Conheci 25 países através da música. Viajei o Brasil inteiro, com mais de 300 artistas nomes da MPB e internacionais.

Considero isso uma obrigação. Tenho em mim que todos que chegam a esse nível deveriam passar adiante seu conhecimento. Não haverá problema do nível em que o aluno está, seja intermediário, iniciante, avançado, independente da idade. Eu comecei garoto. As aulas serão administradas mensalmente com quatro aulas, uma por semana. Escolha do local Copacabana é o bairro onde fui criado e tenho o maior carinho . Poderia ter escolhido outros locais que me foram oferecidos - fiz questão de me instalar aqui. É um bairro que amo e é importante culturamente, para JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


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GUITARRISTA EM DESTAQUE a região. Sei que têm seus problemas, mas é um bairro que está sempre se reinventando. Importante culturalmente - Esse tipo de negócio vai colaborar bastante para o crescimento, ainda mais, do bairro, digo, culturalmente. Sou da Rua Sá Ferreira com Rua Saint-Roman; tive uma infância maravilhosa e aprendi muita música aqui no bairro mais famoso do Mundo. Copacabana é meu lugar de coração. Trabalhos - Tenho trabalhado direto. Ano passado o disco "Mercosul" foi Indicado ao Grammy Latino como Melhor Álbum Instrumental. Esse ano, acabei de finalizar com Wagner Tiso o disco "The Finland Concert" gravado ao vivo em março de 2014, no Martinus Concert Hall, em Vantaa, Finlândia. Tenho recente (aliás publicado na coluna do Nido Pedrosa, desta revista) trabalhos com Marcel Powell; o Senhor Power Trio junto com Luis Alves e Robertinho do Silva; e ainda tenho produzido EPs com meu sócio Roberto Alemão, no nosso estúdio "Botânico". Atualmente as coisas são mais corridas, produzimos EP para vários artistas. Ainda sou integrante do

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Foto Elias Nogueira

Som Imaginário. *O endereço do "Instituto de Guitarra Victor Biglione" é: Rua

Barata Ribeiro, 370/324, esquina com Rua Siqueira Campos, perto do Metrô, 2548-3774.

**A entrevista completa poderá ser vista em vídeo no Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=iZ_zZz7TOs4

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MUNDO DIGITAL É A REALIDADE

VENDAS DE CDS E DVDS CAEM 43,2% MÚSICA DIGITAL JÁ REPRESENTA METADE DO MERCADO BRASILEIRO A Pró-Música Brasil Produtores Fonográficos Associados divulgou relatório onde o streaming passou a ser o principal motor do crescimento do mercado musical global e nacional - crescimento de 60,4% em 2016 nos principais mercados (dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica - IFPI) – e de 52,4% no Brasil . Acrescentando os downloads o total representativo chega a 48,6% do faturamento da indústria brasileira em 2016. Em seguida vem a execução pública (Ecad), surpreendendo com 36,6% do mercado nacional - distribuição financeira aos autores, colocando o Brasil em sexto lugar no ranking mundial da arrecadação (shows, TV, rádios e outros meios). O mercado de CDs e DVDs está desaparecendo. No ano passado, a queda foi de 43,2% em relação a 2015, ocupando 14,4% do total nacional. Dentro do segmento digital, o streaming já lidera com folga no Brasil, o que, nos próximos anos, deve colocá-lo no topo isolado do ranking das maiores arrecadações. 60,4% das receitas com música digital no mercado nacional vêm dos streamings pagos (em pacotes premium de plataformas como Spotify, Deezer ou Apple Music), segundo a Pró-Música; 15,7% vêm dos streamings de vídeos musicais (no YouTube, sobretudo); 14,5% vêm de streamings gratuitos (por meio de acordos das plataformas com gravadoras, por exemplo), e apenas 9,3% vêm de downloads de álbuns inteiros ou faixas avulsas. O Brasil é um dos líderes mundiais de streamings pagos, ocupando a quarta posição entre os 13 maiores mercados.

O mundo digital é a nova realidade. O futuro está acontecendo hoje, aqui e agora Parabéns aos leitores, colunistas e anunciantes da revista JG News!! 18

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MUNDO GOSPEL


A BOA E A MÁ NOTÍCIA

Beatles para os fãs Para celebrar os 50 anos daquele que é considerado um dos discos mais fundamentais da história, a Sonora Editora, a Band up e a Universal oferecem ao público esse Gift Box de Sgt. Pepper, produzido exclusivamente para o Brasil. No formato do lendário bumbo da "Banda dos corações solitários", aprovado especialmente pela Apple Corps, o Gift Box (um item colecionável por si só) traz preciosidades que nos levaram novamente àquele inesquecível 1º de junho de 1967. Fazem parte do Gift Box: o livro Paz, Amor e Sgt. Pepper, que conta as mais detalhadas memórias do produtor e quinto Beatle George Martin sobre os bastidores da produção do disco, com transcrições e depoimentos exclusivos de Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, além de material de arquivo de John Lennon; o CD Sgt. Pepper em versão remixada e remasterizada por Giles Martin no estúdio Abbey Road, especialmente para esse cinquentenário; uma camisa oficial exclusiva; e um poster especial no formato 52,5cm x 26cm. Imperdível! http://www.fnac.com.br/livro-box-sgt-peppers-50-anos-edicao-deluxe-beatlesbandup-1a-ed-2017/p

EXPEDIENTE Editores Antonio Braga e Jorge Piloto Colaboradores Elias Nogueira, Alberto Guimarães, Márcio Paschoal, Robson Candêo, Patrícia Rodrigues, Nido Pedrosa e Fábio Cezane.

Comercial Rio de Janeiro Antonio Braga Whatsapp: 22 98828-0041 21 98105-4941 bragaa@gmail.com Bahia Jorge PIloto (71) 98647-7625 (71) 9922-1828 jorge.piloto@yahoo.com.br Redação: Rua Cristóvão Barcellos, 11/103, Laranjeiras/RJ CEP 22.245-110 Os artigos assinados são única e exclusivamente de responsabilidade de seus autores.

O MP3 está 'morto' Responsável por facilitar o compartilhamento de músicas pela web, o formato MP3 contribuiu ainda para a popularização do áudio digital nas últimas décadas. Seu fim foi anunciado recentemente. 24 anos depois do seu lançamento, o MP3 finalmente está sendo aposentado. Fraunhofer Institute, responsável pelo licenciamento do formato, anunciou que está encerramento o programa de licenciamento da codificação de áudio responsável por popularizar a música no formato digital durante os anos 1990 e 2000. Falando em bom português: o MP3 "morreu".

A revista JG News é a continuação, em formato revista, do Jornal das Gravadoras, fundado em novembro de 1996 pelo jornalista Antonio Sergio de Farias Braga, Registro Profissional 18.851 L87 fl8v, emitido em de 16/09/1986.


Márcio Paschoal COMENTÁRIOS DE MÁRCIO PASCHOAL

O dia em que Marinês me confundiu com Hermeto No dia 14 de maio de 2007, vítima de acidente vascular cerebral, morria em Recife a pernambucana Marinês, também conhecida pela alcunha de rainha do forró. Dez anos depois, lembro de uma história deliciosa que aconteceu comigo e com ela, durante a pesquisa que fiz para a biografia do João do Vale. Marinês foi fonte de inspiração para cantoras nordestinas como Elba Ramalho, que pôde homenageá-la ainda em vida, com a gravação do ótimo "Marinês & sua Gente" (selo BMG), no qual a cantora paraibana foi também produtora. Filha de um ex-cangaceiro do bando de Lampião, Marinês (Maria Inês Caetano de Oliveira) nasceu no sertão pernambucano de São Vicente Ferrer, em 1935. Mudando para Campina Grande, conheceu o sanfoneiro Abdias Nascimento, com quem se casou e formou dupla. Marinês e Abdias fizeram história na rádio, sendo apadrinhados por Gonzagão que os chamava de "minha gente", dando origem ao nome do grupo. Com uma estrada forrozeira digna de nota, Marinês gravou mais de 40 discos, em regravações de sucessos de Jackson do Pandeiro, João do Vale e do próprio Luiz Gonzaga. Voltemos à história que quero contar. O ano era 1999, e eu estava envolvido até a cabeça com o projeto da biografia do

João do Vale. Já havia entrevistado inúmeros artistas e, por intermédio da Elba Ramalho, ficara sabendo que a cantora Marinês se encontrava no Rio, justamente para a gravação do disco produzido pela mesma Elba. De posse do número do telefone do hotel onde Marinês estava hospedada, liguei na manhã seguinte. Ela havia saído e deixei o recado com a recepcionista. - Quem desejava falar com Dona Marinês? - Diga, por favor, que é Marcio Paschoal, e que mais tarde eu ligarei.


COMENTÁRIOS DE MÁRCIO PASCHOAL horário combinado. Chegando ao hotel, me apresentei. - Sou o Paschoal. Dona Marinês está me aguardando. A moça, então, ligou para o apartamento da cantora. A seguir, me passou o aparelho. E eu ouvi aquela voz de trovão: - Seu f-d-p..., suba logo que eu tou te esperando, bichinho!!!

E assim fiz. De novo a recepcionista atendeu e me disse que Dona Marinês não estava, mas tinha deixado recado para que eu aparecesse por lá, sem falta, depois das 21hs. De início, nada notei de estranho. E me arrumei para en-contrá-la no

Alguma coisa deveria estar errada. Sem reação, espantado com a intimidade esquisita, me encaminhei temeroso ao apartamento indicado pela recepcionista. No elevador, ia pensando naquela recepção entusiasta e meio fora de tom. Sua voz não parecia de raiva. Muito pelo contrário. O palavrão

soara até amistoso. E o bichinho, com direito a sotaque, no final, dissipara quaisquer dúvidas. O f-d-p fora de tom e candidato a bichinho, no caso eu, apertou, então, a campainha. De robe, cabelos em desalinho e com um copo na mão, Marinês abre a porta e, ao me ver, mostra cara de poucos amigos. Procuro manter a naturalidade. - Olá, Marinês, sou o Paschoal...(era melhor do que dizer que era o tal fd-p, é claro). Ela fez cara de quem não estivesse compreendendo bulhufas. Positivamente, eu não era o tal bichinho. - Cadê o Hermeto? - ela perguntou. De imediato caiu-me a ficha. O Paschoal que ela queria era o Hermeto. Não pude deixar de rir com o engano, embora Marinês demonstrasse não estar gostando nem um pouco da brincadeira. Antes que ela pudesse fechar a porta, tentei explicar tratar-se de biografia do João do Vale, e que o depoimento dela seria valioso para o trabalho, e coisa e tal. Ainda contrariada, e deixando claro seu total e óbvio desapontamento, foi meio sem vontade, ali no corredor mesmo, me respondendo às perguntas. Não abusei de sua paciência e procurei ser o mais objetivo possível. Para minha surpresa, a cada resposta ela ia se soltando e contando passagens divertidas da carreira de ambos. Tudo gravado, rapidamente me despedi a tempo de ainda ouvir o seguinte recado para a recepcionista de que "se mais alguém aparecesse procurando por ela com nome de Paschoal, que ela conferisse se era o Hermeto". (*) Marcio Paschoal é escritor e autor da biografia "Pisa na fulô mas não maltrata o carcará - vida e obra de João do Vale" (Ed. Lumiar)


VALE A PENA CONFERIR

'Paradinha' de Anitta recorde no Spotify h t t p s : / / yo u t u . b e / 73pafJ9RFgNOTÍCIAS QUENTES ~ HOT NEWS03/06/2017

A cantora do funk carioca Anitta está mesmo em um excelente momento. O lançamento de sua carreira internacional começou em alto estilo. Além de ter concedido entrevistas em "portunhol" para vários programas de TV latino-americanos, esteve com a parceira australiana Iggy Azalea no famoso sofá de Jimmy Fallon, no "The Tonight Show", do canal NBC. "Paradinha", gravada em espanhol

e que foi lançada há poucos dias já foi tocada 500 mil vezes no Spotify, sendo a melhor estreia de todos os tempos no site e já é a primeira do Top 10 no Brasil. Aliás, neste Top 10 do Spotify Brasil, Anitta ocupa três posições, com as músicas "Sua cara", em português, que ocupa o quarto lugar, e "Switch", em inglês, uma parceria com Iggy Azalea, em sétimo. Anitta internacional!! Parabéns!!

ChatSim: uso ilimitado do Messenger e WhatsApp A operadora SIP Voice Telecom trouxe ao Brasil o chip ChatSim, que permite a troca de mensagens mediante o pagamento de uma anuidade. Segundo informações, os usuários que optarem por usar o chip devem pagar R$ 199 por ele (nesse preço já está incluso o uso por um ano para envio de mensagens e emojis ilimitadamente separadamente) a anuidade é de R$ 90, e há opções de recarga que variam de R$ 52 a R$ 260. Estas são úteis para aqueles que desejam trocar fotos e vídeos ou realizar chamadas VoIP, sendo que a quantia mais baixa aparentemente já é suficiente para 200 fotos, 40 vídeos ou 80 minutos de chamadas VoIP. Vale mencionar, o ChatSim foi criado pela empresa Zeromobile e já era usado por algumas pessoas no Brasil que o obtiveram por meio de importação para acessar os seguintes aplicativos: WhatsApp, Telegram, Facebook Messenger, BBM, Line, Kakao, WeChat, QQi e Hike. Outro detalhe é que ele tem parceria com mais de 250 operadoras que atuam em mais de 160 países - ou seja, uma opção a ser considerada por aqueles que viajam bastante e não curtem a ideia de pagar as altas taxas de roaming, muito menos ficar preso ao WiFi do hotel ou outros estabelecimentos.


VALE A PENA CONFERIR

Maria Alcina O álbum Espírito de tudo, de Maria Alcina chega ao mercado em edição da gravadora Nova Estação. Arte assinada por Leandro Arraes, traduz a aura tropicalista do disco em que a intérprete mineira dá voz a 10 músicas de autoria de Caetano Veloso. Três dessas dez músicas - A cor amarela (2009), Rock'n'Raul (2000) e Rocks (2006) - até então gravadas somente pelo autor, o principais arquitetos da Tropicália, movimento pop de 1967 que completa 50 anos. O título Espírito de tudo foi tirado de verso da letra da composição Gênesis (1976). Além desta, o repertório traz: A voz do morto (1968), Fora da ordem (1991), Língua (1984), O estrangeiro (1989), Os mais doces bárbaros (1976) e Tropicália (1967). Produção de Thiago Marques Luiz; arranjos assinados por Arthur Kunz, Ricardo Prado e Rovilson Pascoal.

Joyce Moreno "Palavra e Som"! Joyce Moreno é compositora das boas. No seu disco de estreia tinham seis canções de sua autoria - talento em letra e música. Compositor dos bons acumula... Joyce teve a difícil tarefa de escolher treze faixas para seu recente álbum. "Na boca do cantor toda palavra dança", diz ela na letra da música "Palavra e Som". Dança conforme a música - valsa, baião, toada, samba, jazz ou balada - e passeia livre, leve e solta pelas faixas deste álbum cativante. "Toda palavra escrita fica muito mais bonita porque alguém can-

tou", completa. Para quem ouvir este disco é fácil concluir que, seja pelo som que se quer ecoar ou pela palavra que se quer dizer, tudo fica muito mais bonito quando a artista é Joyce Moreno.

webradio


Robson Candêo

LANÇAMENTOS

MUSICANDO MUSICANDO No time de artistas nacionais, vamos falar de Debora Watts que lançou: Samba ao Contrário, um álbum com o bom e velho samba que pode até não ser o estilo mais tocado, mas nunca sai de moda, e que fica melhor ainda na voz de uma grande cantora como ela. Saiu o novo álbum do cantor John Mayers - The Search for Everything. Mais um grande trabalho deste artista que já tem turnê marcada para o Brasil em outubro. O álbum que teve músicas divulgadas, anteriormente, em EPs, é interessante e vai surpreender quem gosta de um bom pop romântico. Não podemos esquecer do novo trabalho do cantor pop Ed Sheeran, que é um dos melhores álbuns do ano e está no topo das paradas. Divide, traz entre outros hits, as ótimas Shape of You e Castle on the Hill. E quem também tem novidades depois de anos sem gravar, é Roger Waters, um dos fundadores do Pink Floyd, que lançou Is This The Life We Really Want? - um álbum que remete muito ao clássico The Wall. Este é um daqueles álbuns em que você ouve e diz que valeu a pena esperar tan28

to tempo. Trazendo somente 3 músicas novas e 10 regravações em formato acústico, o álbum Something Else da banda Cranberries tem esse novo formato para grandes hits dessa banda que, particularmente, adorei. Depois de 3 anos, a banda de pop/rock Linkin Park lançou um novo trabalho One More Light - com grandes canções e aquela velha fórmula, ideal para fazer bastante sucesso. Banda de pop rock escocesa, o Texas lançou Jump on Board, - gostei bastante do trabalho dessa banda que ficou um bom período afastada e que agora parece ter reencontrado seu caminho de volta. Já o ex-One Direction Harry Styles lançou o álbum homônimo com estilo bem mais romântico que o da antiga banda. São faixas com boa musicalidade e que podem sim fazer muito sucesso se forem bem trabalhadas. E o que tem saído muito ultimamente são EPs com um número menor de canções, mas que não deixam à desejar. Entre eles quero recomendar Night Thinker da cantora Amy Shark que tem um som alternativo mais próximo do romântico muito bom; o ótimo Acústico da dupla de indie/pop Mar Aberto

Robson Candêo escreve para o blog www.blurayedvdmusical.blogspot.com/.

com belas músicas; Garotas não mordem da jovem curitibana Sofia Oliveira com todo seu romantismo; Don´t Kill My Vibe, da cantora Pop norueguesa Sigrid. Para quem gosta de uma boa banda cover, recomendo muito o Boyce Avenue, banda norte americana formada por 3 irmãos com vários álbuns gravados com os maiores hits internacionais. Vale muito a pena. JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


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PORTUGAL

Alberto Guimarães

Estrada Branca: A obra de Vinícius de Moraes e José Afonso em palco Vinicius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 1913 e faleceu em 1980. José Afonso, ou Zeca Afonso, como era mais conhecido, veio ao mundo em Aveiro, Portugal, em 1929 e morreu em 1987. Vinicius foi diplomata, Zeca Afonso era professor. Mas ambos se notabilizaram no domínio da poesia e no trabalhar da música popular com um entendimento de qualidade formal e comunicativa, assim efetivando criações que se tornaram perenes. Criações onde plasmaram os seus sentidos éticos, líricos e artísticos. Não se terão conhecido pessoalmente mas agora, de alguma forma propiciou-se a sua reunião. Portugal viu montado um show que evoca os dois importantes nomes de ambos os lados do Atlântico e que coloca em diálogo as suas obras no campo musical. Uma afirmação de que não existem de todo separações artísticas e de que os oceanos criativos estão muitas vezes naturalmente permeabilizados entre si. O letrista português Carlos JoséPedro Gil

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Tê, a cantora brasileira Mônica Salmaso e o cantor português José Pedro Gil levaram a palcos portugueses, no Porto, Sintra e Lisboa, um coerente desfilar de obras musicais de Vinicius e Zeca Afonso que fazem um belo e emotivo espetáculo onde as canções de ambos os autores se fundem como se tivesFoto João Tuna

sem vindo de um só sopro criativo. Estrada Branca teve também em palco Nelson Ayres, o responsável pela direção musical, no piano e acordeão, Teco Cardoso na flauta e saxofone, Emanuel de Andrade, autor dos arranjos das músicas de Zeca Afonso, também no piano, bem como um quarteto de cordas. JG NEWS assistiu a Estrada Branca na cidade do Porto, no cenário de grande beleza que é o Claustro Nobre do Mosteiro de São Bento da Vitória, uma magnífica edificação que teve a sua primeira pedra lançada em 1608 e conclusão já no século XVIII. Coberto nos finais do século XX com uma concha acústica, o Claustro Nobre é hoje utilizado como sala de realização de eventos, designadamente teatrais e musicais. Em 2007 o Estado português atribuiu ao Teatro Nacional de São João parte do edifício do Mosteiro e o Claustro Nobre passou, dotado de conforto e possibilidades técnicas, com todo o seu esplendor, a ser um dos pontos importantes da efervescência cultural do Porto. Convenhamos que se encontrou um cenário muito especial para estrear em Portugal a via emocional que é Estrada Branca. Como nasceu este show que junta grandes interpretações de Mônica e José Pedro para temas como "Menino do Bairro Negro" ou "Era um Redondo Vocábulo" de Zeca e "Rancho das Namoradas" e "Maria Moita" com letras de Vinicius? José Pedro Gil elucida-nos: "Eu e o Emanuel de Andrade gravamos no final de 2014 o CD "Outro Tempo José JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017


Foto João Tuna

Afonso", com o intuito de fazer chegar uma pequena parte da obra deste mestre a um público porventura distraído da sua faceta mais lírica, surrealista e poética. É sabido que o Zeca ficou muito conotado com a canção de intervenção e, de alguma forma, a isso muito circunscrito. É obviamente verdadeiro e justo este selo, mas é igualmente verdade que a sua vertente mais lírica e poética ficou muitas vezes fechada para menor número de ouvintes. Ao mesmo tempo, quisemos visitar a obra de Zeca de uma forma global mas apontando para uma sonoridade mais "clássica " que julgamos menos visitada até agora". Começava então o caminho que levaria a Estrada Branca. "Outro Tempo José Afonso" contou já com JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017

a participação de Mônica Salmaso e Teco Cardoso que inscreveram notórias participações no disco de José Pedro e Emanuel, contribuindo para o bem sucedido trabalho geral do CD. O projeto Estrada Branca remete para questões que se levantaram a José Pedro: "Sempre achei estranho que durante o período de criação de Vinicius e Zeca, o Brasil e Portugal tivessem voltado as costas. Interessava-me refletir sobre isso. Embora Vinicius fosse mais velho, ambos produziram parte da sua obra mais marcante durante o mesmo período de tempo. As óbvias diferenças entre o ambiente sociopolítico da época, marcaram também as formas aparentemente tão distantes de utilizar a mesma

língua. E foi tudo isso que nos intrigou e nos levou a levar por diante esta Estrada Branca, cerzida depois com enorme talento e mestria pelas mãos do Carlos Tê, que, para quem não sabe, é um profundo conhecedor deste e de outros períodos da história do Brasil". Na música a vontade ultrapassa distâncias e a boa vontade definitivamente concretiza projetos. José Pedro descreve-nos as etapas seguintes que levariam a Estrada Branca: "Depois de vários concertos com bom acolhimento do público e porque tenho uma enorme admiração pela Mônica Salmaso e o seu trio, lembrei-me de juntar as duas personalidades improváveis de Vinicius e Zeca visitadas de uma forma idêntica. Falei com o musicó31


PORTUGAL Mônica Salmaso

logo Rui Vieira Nery que me encorajou desde a primeira hora a levar por diante esta ideia. Falei com o "lado brasileiro" que aderiu à primeira. Depois veio o trabalho. Felizmente que hoje os meios tecnológicos facilitam a comunicação. Testamos arranjos e construímos este Estra-

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sotaque de Portugal "Endechas a Bábara Escrava", um poema de Camões que Zeca musicou. De referir que, como sempre acontece nos seus trabalhos, Mônica Salmaso, integrada num todo, num trabalho coletivo, mostrou no Mosteiro de São Bento da Vitória a sua grande técnica vocal, um domínio que lhe permite transformar a sua voz numa torrente de emoções. Mônica Salmaso confiounos impressivas palavras sobre Estrada Branca: "O espetáculo Estrada Branca, idealizado inicialmente pelo José Pedro Gil e alinhado com todos os envolvidos em cena, além das colaborações preciosas do Carlos Tê, Ricardo Pais e Manuel Aires Mateus, é um presente que nós todos nos demos. Um presente do encontro, da convivência e da homenagem lírica às obras-pilares de Vinícius de Morais e José Afonso. Dois universos aparentemente distantes que se aproximaram de uma forma lírica e amorosa e nos fizeram, a nós brasileiros, "morar" um pouco em Portugal onde nos reconhecemos e somos recebidos como quem volta um pouco para casa. Por todos estes motivos, esta nossa "estrada" é um presente ao qual eu agradeço". Partilha e camaradagem eram indissociáveis do trabalho artístico de Vinicius e Zeca, o que deixou rastos positivos nas suas obras, nas suas vidas. Estrada Branca também denota esses princípios. Fruto de conjunções e sinergias, de muito trabalho e dedicação, Estrada Branca constitui-se como um espetáculo primoroso que se espera tenha continuidade e chegue também ao Brasil.

Foto João Tuna

da Branca que para nós foi uma boa surpresa de resultado artístico e conceptual". No final do show que assistimos, todos os nele envolvidos estavam radiantes, numa felicidade própria de quem se compraz num trabalho abarcou evidentes esforços e empenhos e que, em consequência, obteve o reconhecimento público. Mônica Salmaso juntava a essa felicidade a da sua descoberta do Porto, do seu encantamento pela zona da Ribeira da cidade. A alma lírica brasileira de Mônica era já então também algo portuguesa, o que se tinha manifestado ao cantar com

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INTERNACIONAL

Efeito Colateral

Elza em Portugal Elza, se acaso você chegasse traria um importante sopro de vida e realidade de que as pessoas precisam. Incluindo num festival de música. E Elza Soares chegou em junho ao Primavera Sound, festival que se realiza anualmente no Parque da Cidade do Porto, Portugal. Num cenário verdejante, harmonioso, lembrando que existe também um fim do mundo onde vive Maria de Vila Matilde, portando mensagens sobre condição feminina, sexo ou negritude, Elza empolgou uma multidão. Com o canto seguro que

nos proporciona desde aquele programa de calouros de Ary Barroso onde afirmou vir do Planeta Fome. Elza passou pelo Porto durante uma tounê europeia. Ela aí está nestes dias do século XXI, permanentemente renascendo, com soul e suíngue, porque "Cantar é medicina na alma", como disse a uma televisão portuguesa. A fotografia que apresentamos é de Carlos Gonçalves. Carlos, renomado fotógrafo português, repórter sagaz, gentilmente nos cedeu a imagem enquanto nos expunha também ter ficado rendido a Elza Soares. (Alberto Guimarães)

É o título da nova Instalação Artística que o Cantor, Compositor e Artista Plástico Valmon fará na Europa. O artista desembarca no Velho Continente cheio de ideias, esperanças e críticas ao sistema cruel a que são submetidas cada vez mais as pessoas menos favorecidas e desprotegidas (incluindo aí os Índios que ainda são desrespeitados). Uma Performance musical também está no contexto. Acompanhado do Violonista Júnior Cardoso, a Instalação Efeito Colateral terá obras criadas por Valmon, especialmente, para esta ocasião, entre elas uma pintura de três metros de altura representando os Índios isolados do Amazona; projeções, interatividade e obras já expostas no Museu de Etnologia de Munique irão compor o clima. ''É o meu grito de indignação, e não poderia ter lugar melhor para começar do que no Horizonte Festival em Koblenz, de 14 a 16 de Julho de 2017, na Fortaleza de Ehrenbreitstein - onde Valmon e Júnior Cardoso já se apresentaram em 2013. Local privilegiado no encontro dos rios Reno e Mosela, mundialmente conhecido como Deutsches Eck (Esquina da Alemanha) uma das cidades mais antigas e mais bonitas da Alemanha.

Taylor Swift - serviço próprio de música online Taylor Swift, cantora norte-americana, criou uma marca registrada para lançar serviço de música e conteúdo. Ao lançar o seu último disco, o 1989, em 2014, a cantora decidiu não liberar o trabalho no Spotify. No ano seguinte, retirou seu catálogo da plataforma, por não concordar com medidas adotadas pela empresa em relação a novos artistas. Teve problemas também com a Apple Music, ao reclamar sobre a política de não pagar os artistas durante o período de três meses gratuitos para novos clientes. A Apple Music fez mudanças em suas políticas e passou a oferecer todo o catálogo de Swift. No momento, a cantora está longe dos palcos. Em um concerto no início do ano, revelou que não faria mais shows em 2017. Ed Sheeran, amigo da cantora, comentou recentemente numa entrevista que ela não deverá lançar nenhum material novo pelo menos até o final do ano. JG NEWS, ANO XXI, ED. 225, JULHO DE 2017

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