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ANO XXI - EDIÇÃO 217 - DIGITAL 6 - NOVEMBRO - 2016

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Fábio Cezanne

ORQUESTRA SINFÔNICA NACIONAL DA UFF

Orquestra Sinfônica Nacional lança CD interpretando compositores contemporâneos e celebrando mais de cinco décadas de carreira Fundada em 1961, na Rádio Nacional, a orquestra de Niterói interpreta, em novo disco, obras inéditas de importantes compositores em atividade, como Marisa Rezende, Rami Levin, Pauxy Gentil-Nunes, Alexandre Schubert e Sergio Roberto de Oliveira Há projetos que nascem de oportunidades e outros que nascem simplesmente de uma enorme vontade de realizar junto. E esse projeto surgiu exatamente desta última forma: a compositora americana Rami Levin e o compositor e produtor car ioca Sergio Rober to de Oliveira queriam realizar um CD juntos. Assim, a Orquestra Sinfônica Nacional, integrada ao Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense (Niterói - RJ), em parceria com a gravadora A CASA Discos, lança o CD "Orquestra Sinfônica Nacional interpreta Compo-

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sitores de Hoje", trazendo no repertório um importante recorte da cena erudita, a partir de obras inéditas de compositores vivos e atuantes, como Marisa Rezende, Pauxy Gentil-Nunes e Alexandre Schubert, além dos próprios Sergio Roberto de Oliveira e Rami Levin. Tal cena, no Rio de Janeiro, vem sendo apresentada e divulgada através de diversas iniciativas de grupos de câmera, séries de concertos e eventos de grande porte, como o Festival Internacional Compositores de Hoje, evento anual idealizado e dirigido por Sergio Roberto, que

neste ano chega à sua 4º edição. Com direção artística e regência do maestro Tobias Volkmann, o disco conta com participações especiais dos solistas Cristiano Alves (clarinetista) e Aloysio Fagerlande (fagote). O CD abre com "Phoenix", uma obra autobiográfica de Sergio Roberto de Oliveira, compositor e produtor por duas vezes indicado ao Grammy Latino em categorias de Música Clássica, que aborda as mortes e renascimentos na vida do autor. Composta e dedicada ao clarinetista Cristiano Alves e à própria

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ORQUESTRA SINFÔNICA NACIONAL DA UFF orquestra. Após a introdução, a obra alterna momentos de júbilo, em quase 15 minutos de duração, que celebram o renascimento e os momentos difíceis do compositor. Construída em dois momentos contrastantes, embora guardem similaridades, "Expressões", da compositora Rami Levin, foi escrita em 2015, também dedicada à orquestra. Para orquestra de câmera, "Fragmentos", da carioca e consagrada compositora e pianista Marisa Rezende -

premiada neste ano com a medalha Villa-Lobos da Academia Brasileira de Música como reconhecimento por sua obra - é inspirada pela oposição entre o músico, em seu anseio por liberdade, e a orquestra, dominadora. Campos harmônicos distintos marcam seus pequenos trechos, expostos à expansões e retrações da massa sonora, pontuando também essa oposição. Outro nome de relevo da cena

Alexandre Schubert, Marina Rezende, Rami Levin, Sergio Roberto de Oliveira e Cristiano Alves, Aloysio Fagerlande, Pauxy Gentil-Nunes e Tobias Volkmann

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contemporânea, Pauxy GentilNunes dedica ao fagotista Aloysio Fagerlande sua composição "Variações para fagote e orquestra", escrita em 2014. Em "Jornada fantástica num trem de ferro", Alexandre Schubert propõe uma viagem imaginária por meio da música, vista como uma metáfora de nossos sonhos, nos transportando a lugares e situações que fazem parte de nosso inconsciente. Divide-se em cinco movimentos. "Estrada de Ferro" descreve o nosso transporte, a máquina que se move em trilhos que dão a impressão de um único caminho possível: ir em frente. "Ermo" é um olhar para fora, para a vastidão da paisagem imaginária, que nos remete ao nosso interior. Nesse interior surge o "Jeca-Tatu", a figura lúdica da simplicidade, da pureza de sentimentos e ações. Encontramos um "Santuário", onde depositamos nossas esperanças, como oferendas, e desejamos estar em harmonia com o Cósmico. Surgem "Lembranças" que nos

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ORQUESTRA SINFÔNICA NACIONAL DA UFF levarão de volta ao caminho para a "Metrópole", ao burburinho da vida e à "Estação Final".

ORQUESTRA SINFÔNICA NACIONAL DA UFF A Orquestra Sinfônica Nacional

nasceu em janeiro de 1961, pela assinatura do então presidente da República, Juscelino Kubitschek. A OSN era parte da Rádio MEC e atuou por muitos anos no sistema de radiofusão, desempenhando uma importante função social de divulgação da música brasileira de concerto. Em 1984, a orquestra foi integrada à Universidade Federal Fluminense, onde dá continuidade à sua missão de preservar e apresentar para o público obras de compositores Cristiano Alves

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nacionais e estrangeiros. Em 2009, a OSN UFF deu início a uma nova fase. Sem deixar de lado seus objetivos principais, a orquestra optou por trabalhar com regentes convidados, além de solistas especializados nos mais variados instrumentos. Junto com os tradicionais concertos abertos ao público, a OSN UFF desenvolve também projetos como o Sons da Orquestra, voltado para formação de plateia, que se apresenta em escolas da rede pública com uma mistura de música e contação de histórias, e a série Rio, que visa ocupar espaços da música de concerto na cidade do Rio de Janeiro.

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Fábio Cezanne

MÚSICA INSTRUMENTAL

The Biedermeiers lança CD de estreia ressuscitando instrumentos do século XIX inéditos no país e repertório focado no Romantismo Se faltam novidades, ousadias e excentricidades no cenário musical brasileiro, pode-se afirmar que o The Biedermeiers vem trazer frescor, especialmente ao circuito erudito, mesmo que suas fontes sejam remotas, bem remotas, datadas do século XIX, pelo menos. Formado pelo potiguar Max Riccio (guitarra romântica) e pelo carioca Rubens Küffer (flageolet / csakan), o duo lança seu primeiro disco de carreira, produzido por Sergio Roberto de Oliveira (A CASA Discos), causando alvoroço por suas idiossincrasias: trazem na formação a guitarra romântica, difundida na Europa naquela época e hoje resgatada por alguns músicos europeus, em diálogo com o flageolet francês - um "primo" da flauta doce - e o csakan, tido como "morto" por volta 8

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MÚSICA INSTRUMENTAL

de 1850, quando caiu em desuso. Único duo no mundo reunindo os três instrumentos com este repertório romântico, pode-se dizer ainda que o The

Biedermeiers é responsável pelo resgate e ineditismo em solo brasileiro, uma vez que não há registros oficiais da utilização destes

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instrumentos de sopro na história musical brasileira. O reper tório é composto por compositores românticos europeus do fim do século XVIII até a primeira metade do século XIX. O CD abre com a "Fantasia sobre o hino nacional inglês, Opus 102", de Ferdinando Carulli para flageolet francês e guitarra romântica. Segue com

"Introdução e variações sobre um tema original, Opus 32", para csakan e guitarra romântica, de Ernest Krähmer. Outra obra para a mesma formação, "Nas asas da canção, Opus 34/2" de Felix Mendelssohn, dá sequência ao repertório romântico, com arranjos dentro dos padrões da época, e o flageolet francês volta a dialogar com a guitarra ro-

TELS: (21) 2576-0075 9 2258-9074


MÚSICA INSTRUMENTAL

mântica em "6 variações, Opus 81", de Mauro Giuliani. Na "Introdução e variações

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sobre um tema de Mozart, Opus 9", de Fernando Sor, a guitarra romântica de Max

WHATSAPP 22 98828-0041

Riccio reina absoluta nesta obra solo. Variações sobre a ária "Ontem à noite o primo

Miguel esteve aqui", de Carl Scheindienst, reúne o csakan e a guitarra romântica, encerrando o repertório do disco. Assim, as obras de Krähmer e de Scheindienst ganham, neste disco, a primeira gravação da história com seus instrumentos originais, e é a primeira vez que se grava um flageolet francês original dotado de sistema Boehm - o mesmo das clarinetas atuais. A influência da música romântica nos séculos XX e XXI foi tão grande que, até os dias de hoje, boa parte dos métodos e escolas utilizados para o aprendizado

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MÚSICA INSTRUMENTAL técnico dos instrumentos ainda pertence ao século XIX. Somente muito recentemente passamos a perceber que os cerca de 200 anos que nos separam do início do Romantismo não poderiam mais ser deixados de lado no que se refere a uma estética que vai desde a concepção acústica dos instrumentos até o seu fraseado musical. De fato, são ainda muito poucos os conjuntos e orquestras que se dedicam à música do século XIX com instrumentos do período e, no entanto, é muito claro percebermos que ao se ouvir ou se tocar um instrumento original

daquela época, assim como em todos os outros períodos da história da música ocidental, seu timbre e suas características expressivas são muito peculiares. The Biedermeiers procura não só reviver essa sonoridade perdida no tempo, como toda a atmosfera de delicadeza, elegância simples e liberdade, tão características da primeira metade do século XIX. Com distribuição nacional da Tratore, o disco é mais um lançamento da gravadora carioca A CASA Discos, com atuação permanente no cenário da música contemporânea, buscando

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trazer ao público novidades. "Há uma perspectiva musicológica nesse trabalho. Assim como já lançamos um CD com uma música que nunca tinha sido gravada em 200 anos, trazemos agora esse trabalho do duo The Biedermeiers, que gravam em instrumentos históricos - originais e réplicas - uma música que foi escrita originalmente para eles, mas que normalmente nos chega em instrumentos modernos. Assim, podemos nos transportar ao ambiente do século XIX - assim como eles fazem com seu figurino - e ouvir esta música com a sonoridade que com-

positores e intérpretes pensaram, tocaram e vivenciaram quando foi criada. Viajemos!", aponta Sergio Roberto de Oliveira, produtor, compositor e diretor da gravadora.

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Elias Nogueira

RARIDADES MUSICAIS

Zé Ramalho - 40 anos de estrada 3 CDs e 1 DVD Com 40 anos de carreira, o cantor e compositor Zé Ramalho lança através do Selo Discobertas, box "Zé Ramalho - Voz & Violão - 40 Anos de Música". Caixa muito bem elaborada: um CD acústico duplo com 22 sucessos - voz e violão, um DVD com o making of da gravação e um terceiro CD, bônus, gravado por Zé Ramalho há 20 anos, também em voz e violão, inédito até então. Vale lembrar que não é normal Marcelo Fróes lançar material inédito, o selo Discobertas é especializado em relançar discos, historicamente, raros.

Bob Dylan da caatinga *Foi Nelson Motta o responsável por isso. Na época eu tocava com Alceu Valença, em 1975, estávamos fazendo um show aqui no Rio, no Teatro Tereza Raquel. O Nelsinho, que tinha uma coluna em um jornal, foi assistir. O show do Alceu era muito chique, tinha duas partes, nós acabávamos a primeira e saíamos para um intervalo de 15 minutos para beber uma cerveja e fumar um cigarro e retornávamos para tocar, não era nem peça de teatro, era um musical - olha que coisa incrível. Essa primeira parte do show era encerrada com uma música minha, o Alceu me dava esta oportunidade e eu cantava "Jaca12

repaguá blues" que foi gravada algum tempo depois. Só que essa história de eu cantar meio que arrastado, que é meu jeito, o Nelsinho percebendo, fez uma matéria no jornal me chamando de "Bob Dylan da caatinga", ele citava, Alceu e a banda, A banda e Alceu, A banda e o Zé, o blended dos cantadores de viola, com as baladas de Dylan. Esta matéria tenho guardada até hoje. Quando fui contratado pela CBS, o Aluísio Reis (hoje presidente da Sony ATV) que era o cara que escrevia os releases (assessor de imprensa da gravadora) ao invés de colocar o que Nelsinho havia dito, colocou "O Bob Dylan do sertão". Fiquei muito marcado com esta coisa do Dylan - me orgulho até hoje. *Trecho da entrevista publicada em 2014 no livro do jornalista Elias Nogueira "Conversando com Elias".

Sobre o Box "Zé Ramalho - Voz & Violão 40 anos de Música" -É um resumo com as principais músicas destes 40 anos, no modo mais simples e como foram feitas. Sempre componho no violão. Os acordes são originais, o tom da voz é o mesmo. É a forma que encontrei para comemorar esses 40 anos. São três CDs e um DVD. Mas a minha obra, ao todo, são 27 discos, espero ter mais uns 30 para fazer. JG NEWS, ANO XXI, ED. 216 NOVEMBRO 2016


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RARIDADES MUSICAIS

Discobertas lança box "Anos 70" do lendário Jards Macalé Caixa reúne dois discos dos anos 1970 e dois CDs com gravações raras do cantor e compositor carioca Por Elias Nogueira Uma fase única, e uma das a mais cultuada da carreira de Jards Macalé, cantor e compositor carioca, da Tijuca que nasceu no morro da Formiga: seus dois primeiros álbuns, remasterizados com faixas bônus, e acompanhados de dois volumes de raridades localizadas no acervo pessoal do artista. Uma verdadeira revelação de canções inéditas e rascunhos originais de obras que o mestre só gravaria nas décadas seguintes. Macalé, apelido dado em homenagem ao pior jogador

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do Botafogo - começou sua carreira profissional em 1965, como violonista no Grupo Opinião. Fez direção musical dos primeiros espetáculos de Maria Bethânia. Teve composições gravadas por Elizeth Cardoso, Nara Leão, Gal Costa, Paulinho da Viola assim como o parceiro José Carlos Capinam. Em 1969, participou do 4.º Festival Internacional da Canção apresentando a canção "Gotham City", e lançou o primeiro disco, um compacto "Só Morto". Trabalhou com Gal Costa no disco Le-Gal e no show Meu nome é Gal. Em 1971 foi para Londres a convite de Caetano Veloso, com quem tocou e gravou. No mesmo ano, volta ao Brasil, e lança seu primeiro LP, Jards Macalé, lançado em 1972. Na caixa, Selo Discober tas, estão: Jards Macalé 1972, "Aprender a Nadar" de 1974, os dois primeiros álbuns lançados em LP

pela gravadora Philips que agora vem com bônus nas gravações de fitas demo da época de músicas como "Movimento dos Barcos", "Boneca Semiótica" e "Rua Real Grandeza". E dois discos raríssimos e inéditos dos anos 1970 perdidos em meio ao arquivo pessoal de Jards Macalé: Raro & Inédito Vol. 1; Raro & Inédito Vol. 2 - neles contém parcerias de Macalé com Jorge Mautner, Capinam, além de cantar músicas de Custodio Mesquita, Lupicínio Rodrigues, Nelson do Cavaquinho, dentre outras curiosidades. - São quatro CDs, dois gravados e lançados na década de 1970 e mais dois inéditos que estavam perdidos na minha residência, com mais de 15 gravações que são bônus, digamos assim, digitalizadas de fitas cassetes. O Marcelo Froes tem essa mania de descobrir raridades, pegou e colocou no "box". Foi descoberto pela Discobertas disse, descontraidamente, Macalé. JG NEWS, ANO XXI, ED. 216 NOVEMBRO 2016


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Antonio Braga

ROGÉRIA, UMA MULHER E MAIS UM POUCO

Rogéria, uma mulher e mais um pouco Autor da biografia de João do Vale ("Pisa na Fulô mas não maltrata o Carcará" - Ed. Lumiar), Marcio Paschoal lança novo livro ("Rogéria, uma mulher e mais um pouco" - Ed. Sextante), abordando a vida do ícone do travestismo brasileiro. Colaborador da nossa revista, o escritor Marcio Paschoal agita o mercado literário com a biografia da Rogéria. Nesta edição, ele nos dá alguns detalhes dessa sua nova criação. Depois da biografia do cantor e compositor maranhense João do Vale você se debruça sobre a vida do mais badalado travesti brasileiro. São dois personagens que têm bastante em comum. Artistas brilhantes, cada um na sua área, ambos sofrendo toda a sorte de preconceitos. Tanto João como Rogéria abriram caminhos para vários nomes

que vieram a seguir. São artistas antes de seus tempos, precursores, rebeldes e inovadores. Rogéria, mais polêmica e vanguardismo, e João mais resistência e crítica social. Como surgiu a ideia de fazer a biografia? Como vizinhos do Leme, conversávamos muito. O assunto da biografia veio à tona e combinamos fazê-la. Rogéria já havia tentado algumas vezes e não dera certo. Acertamos um encontro em sua casa e começamos as gravações. Isso no início de 2015, e no final de mais de 30 horas de fita, muita conversa e depois das pesquisas e entrevistas com amigos e artistas, o livro ficou pronto. Que tipo de biografia você escreveu? Não queríamos uma biografia

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"chapa branca", isto é, só com elogios e sucesso, sem contar as verdades. No livro estão os seus dissabores, o lado que não é glamoroso, as críticas recebidas, as desavenças. Enfim, uma narrativa que privilegia o humano. Combinamos que ela não iria ver o texto até sair em livro. E os casos amorosos? Acertamos que nomes de famosos não seriam colocados. Rogéria não precisa desse artifício promocional. Além do mais, não seria ético. São narJG NEWS, ANO XXI, ED. 216 NOVEMBRO 2016


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ROGÉRIA, UMA MULHER E MAIS UM POUCO uma fantasia de baiana bordada por sua mãe, estreava na Boate Stop, da Galeria Alaska, em Copacabana. O nome do show: International Set.

rados os detalhes dos milagres e omitidos os santos. Astolfo Barroso Pinto é o nome dela de batismo. Como surgiu o nome Rogéria? Na TV Rio, como maquiador, a atriz Zélia Hoffman não achava Astolfo um nome adequado e sugeriu Rogério. No Carnaval de 1964, ele ganhava o concurso de fantasias do teatro República (ao lado de Suzy Wong). Na apresentação do resultado, quando anunciaram Rogério, o público começou a gritar: Rogéria, Rogéria! Como Rogéria começou sua carreira artística? Um amigo (Jorge Maia) a indicou para um show de travestis que estava sendo preparado. Ela foi e passou no teste. No dia 29 de maio de 1964, com 18

Quais os trabalhos principais que ela fez? O sucesso com o espetáculo Les Girls, no Alaska, abriu as portas; na boate Fred´s, como vedete do Carlos Machado; estrela dos shows com travestis no Rival; em Paris, na boate Carrosel, na casa de shows Elle & Lui e no cabaré Mme Arthur; com Agildo Ribeiro, na volta ao Brasil; prêmio Mambembe de atriz revelação, dirigida pro Aderbal Freire Filho, em "O Desembestado"; dirigida por Bibi Ferreira no show "Gay Fantasy" e no musical "Roque Santeiro; e as participações nas novelas da Globo "Tieta", no papel da travesti Ninete, e em "Lado a Lado", quando fez o papel de avó e mãe, e em "Babilônia", como Ursula Andressa. Rogéria sofreu muito com os preconceitos? Nos anos 70 não se podia vestir de mulher, só no Carnaval. Os travestis iam vestidos como homem e se trocavam no camarim. Na boate Freds, o delegado Padilha mandou fechar a casa se insistissem em apresentar a Rogéria, que ele considerava um mau exemplo. Em Barcelona a polícia franquista a retirou dos

shows se não se operasse (só eram permitidos transexuais). A violência e a discriminação eram uma constante na vida dessas pessoas. Em 2007, na exposição fotográfica "Herois" de Luiz Garrido, a foto de Rogéria (nua), foi retirada, com a justificativa de ofensa aos bons costumes. Para se ter uma ideia, até 1973 a OMS ainda classificava os homossexuais como doentes mentais, e diagnosticavam a travestilidade e a transexualidade como patologias, Quais diferenças você enxerga atualmente? A situação vem melhorando desde a Lei Municipal, de 1996, que proibiu expressamente a discriminação de gêneros. O grande problema é a falta de oportunidade de emprego. A transfobia e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho são claras. A prostituição ainda é seu maior e, por vezes, único meio de subsistência. JG NEWS, ANO XXI, ED. 216 NOVEMBRO 2016


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LANÇAMENTOS

Robson Candêo

MUSICANDO MUSICANDO zendo releituras de clássicos da MPB como "O Morro não tem Vez", "O Último pau de arara" e "Eu quero é botar meu bloco na rua". Imperdível.

Esse mês que tal começarmos falando de samba? Pois o grupo Sururu na Roda lançou (em DVD e CD) a gravação de um dos shows da turnê que fizeram no Japão. Um espetáculo que vale a pena conferir, com clássicos da nossa música, como "A Voz do Morro", "Trem das Onze" e "Saudade da Bahia". Ótimo lançamento Sururu na Roda - Made in Japan.

Outro grande lançamento é o novo trabalho do cantor Marcos Lessa Entre o Mar e o Sertão, semifinalista da edição de 2013 do programa The Voice Brasil. Marcos é super afinado, e me fez lembrar muito o tom de Diogo Nogueira, fa-

Ainda nos lançamentos nacionais, temos Emanuelle Araújo (ex-Moinho), com seu primeiro álbum solo - O Problema é a Velocidade, com foco na MBP e no Samba, apresentando como sempre sua ótima voz e todos os elementos para um elogiado trabalho.

Já no terceiro álbum, o pernambucano Tito Marcelo - O Futuro Ligeiro da Demora. Ele que era analista de sistemas, largou tudo para se dedicar à música, e traz canções mais ela-

boradas e profundas comparando com o que estamos acostumado a ouvir normalmente.

No mercado internacional, temos o lançamento do álbum solo de Barry Gibb - In The Now. O único Bee Gees ainda vivo, lança este álbum somente com inéditas, que não fogem da linha romântica que a banda seguia, com alguma coisa mais pop. A curiosidade fica por conta de este ser o segundo álbum solo dele, sendo o primeiro lançado há 32 anos.

te dois meses na praia de Malibu (sua cidade natal). O álbum é todo acústico, com belas canções, no maior astral de beach music, com baladas românticas. Imperdível!

A canadense Céline Dion lança novo trabalho intitulado Encore un soir. Primeiro trabalho após a perda de seu marido na longa luta contra o câncer O álbum traz belas canções, todas em francês. Outro canadense - Shaw Mendes - lançou seu segundo álbum - Illuminate. Cantor jovem que vem fazendo um grande sucesso, principalmente com as adolescentes, traz grandes canções pop, incluindo o hit "Treat You Better".

Outra novidade é o novo álbum da cantora Colbie Cailat - The Malibu Sessions. Um excelente trabalho desta grande cantora, gravado duran-

20 Robson Candêo es-creve para o blog www.blurayedvdmu-sical.blogspot.com/.

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LANÇAMENTOS

Norah Jones estreia novo álbum

Novo álbum de Damares com muitas novidades "Obra Prima", o recém-lançado disco de Damares solta a primeira faixa digital, a canção "Ressuscita" que já está disponível na pré-venda do iTunes e GooglePlay, além das plataformas de áudio streaming como Deezer, Spotify e Apple Music. JG NEWS, ANO XXI, ED. 216 NOVEMBRO 2016

A cantora Norah Jones colocou nas plataformas digitais seu sexto álbum de estúdio, "Day

Breaks", sucesso de crítica e público. Primeiro lugar no iTunes, no Brasil. Norah volta às raízes do jazz e o primeiro single, "Carry On", já conta com mais de três milhões de streams no Spotify. No lyric estreia o vídeo da faixa "Flipside". "Day Breaks" vem com 12 faixas, misturas de diversos estilos, tais como country, folk, rock, soul e jazz. Este é seu primeiro trabalho de estúdio depois de "Foreverly".

André e Felipe falam sobre participação especial do novo álbum Com produção de Jimmy Oliveira, a dupla André e Felipe já está em estúdio gravando seu mais novo projeto pela Sony Music. Mantendo o estilo sertanejo, o novo álbum contará com boa parte do repertório composto pelos próprios cantores. André confirmou a participação especial da cantora Eyshila na faixa "Dia de Milagre". 25


ELE SIM, É O CARA!! lhor álbum histórico. Na coleção, conta ainda com a Medalha Presidencial da Liberdade, conquistada em 2012 e a Légion d'Honneur francesa, adquirida em 2013. Na foto ao lado, o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama colocando a medalha em Bob Dylan durante homenagem na Casa Branca, em 2012.

EXPEDIENTE Editores Antonio Braga e Jorge Piloto Colaboradores Viviane Marins, Elias Nogueira, Alberto Guimarães, Márcio Paschoal, Robson Candêo, Patrícia Rodrigues, Pablo Amaral e Fábio Cezzane.

Comercial Rio de Janeiro Viviane Marins: Whatsapp 22 988280041 Cel: 21 98105-4941 bragaa@gmail.com Bahia Jorge PIloto (71) 98647-7625 (71) 9922-1828 jorge.piloto@yahoo.com.br

Bob Dylan

Redação: Rua Cristóvão Barcellos, 11/103, Laranjeiras/RJ - CEP 22.245-110

Esse sim, é o cara!!

Os artigos assinados são única e exclusivamente de responsabilidade de seus autores.

O Prêmio Nobel conquistado por Bob Dylan o coloca numa posição única: Primeiro e único compositor popular a vencer o prêmio de literatura, além de ser o artista musical mais homenageado no mundo

A revista JG News é a continuação, em formato revista, do Jornal das Gravadoras, fundado em novembro de 1996 pelo jornalista Antonio Sergio de Farias Braga, Registro Profissional 18.851 L87 fl8v, emitido em de 16/09/1986.

com: Nobel, o Pulitzer (2008), o Oscar (em 2001), o Grammy (11 vezes) e o Globo de Ouro (2001). Este ano (2016) ainda foi premiado por "The Bootleg Series Vol. 11: The Basement Tapes Complete", como me-


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