Caderno Especial ECAD
ANO XXI - EDIÇÃO 226 AGOSTO DE 2017
Trio Paineiras Zé Ramalho Paulo Zdanowski Racyne & Rafael Little Steven Diana Krall JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
New Kids on The Block Shakira Lorde Sigrid The Goo Goo Dools Halsey
All Time Low Flor de Sal A Banda Mais Bonita da Cidade MC Michelzinho e muito mais... 1
MA TRIZ: PRAÇA MAHATMA GANDHI, 2, MATRIZ: GRUPOS 709 E 710 CENTRO, RIO DE JANEIRO, RJ CEP 20.031-100 TELEFONE ONE: (21) 2220-3635 TELEF ONE E-MAIL: sbacem@sbacem.org.br 2
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MÚSICA INSTRUMENTAL
A Praça está mudando
O mundo muda o tempo todo A Sony anunciou que poderá voltar a fabricar discos de vinil, quase 30 anos depois de decidir cancelar a produção do formato, em 1989. A empresa japonesa Sony Music Entertainment, decidiu retomar a fabricação de vinis em suas duas fábricas situadas no Japão. O momento de readaptar-se ao renascimento do vinil,
acontece pelo aumento das vendas de álbuns de segunda mão e do número crescente de novos lançamentos do antigo suporte analógico. A companhia já instalou novo estúdio de gravação no centro de Tóquio, especialmente, para produzir os "masters" que geram as cópias em vinil. As vendas de vinis no Japão chegaram a cerca de 800 mil unidades em 2016, oito vezes mais que em 2010, segundo dados da indústria musical do país. Essa tendência também está sendo observada em outros lugares, como no Reino Unido - onde as vendas de vinis no ano passado chegaram a superar às de música em formato digital - e nos JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
Estados Unidos, onde 17,2 milhões de discos foram vendidos em 2016.
Superando a crise Que muitas empresas estão passando por dificuldades devido a grave crise que passamos, não é novidade para ninguém. Novidade mesmo é saber que muitas estão se reinventando. No mercado do direito autoral algumas Associações simplesmente deixaram de funcionar. Uma pena! A Sbacem, uma das mais antigas Associações de Músicos e Compositores está com nova diretoria. O novo CEO da associação chama-se Fernando Magarça, compositor de inúmeros sucessos e que já havia sido Capa de uma de nossas edições. Parabéns ao novo dirigente, que sua gestão seja abençoada e prospere - talento não lhe falta.
Jennifer Percussion Outro de nossos clientes que andou querendo deixar a atividade e está de volta com força total e nova diretoria é a fabricante de instrumentos de percussão Jennifer. Espero que a nova diretoria leve a marca aos patamares que merece. Essa fábrica, que já foi a maior fabricante de tumbadoras, nunca deixou a qualidade de seus produtos cairem. Segundo informações precisas, o investimento foi pomposos e novos produtos já estão à disposição dos lojistas. Vamos prestigiar?
EXPEDIENTE Editores Antonio Braga e Jorge Piloto Colaboradores Elias Nogueira, Alberto Guimarães, Márcio Paschoal, Robson Candêo, Patrícia Rodrigues, Nido Pedrosa e Fábio Cezane.
Comercial Rio de Janeiro Antonio Braga Whatsapp: 22 98828-0041 CEL: 21 98105-4941 bragaa@gmail.com Bahia Jorge PIloto (71) 98647-7625 (71) 9922-1828 jorge.piloto@yahoo.com.br Redação: Rua Cristóvão Barcellos, 11/103, Laranjeiras/ Rio de Janeiro, RJ CEP 22.245-110 Os artigos assinados são única e exclusivamente de responsabilidade de seus autores. A revista JG News é a continuação, em formato revista, do Jornal das Gravadoras, fundado em novembro de 1996 pelo jornalista Antonio Sergio de Farias Braga, Registro Profissional 18.851 L87 fl8v, emitido em de 16/09/1986. 3
FESTIVAL
Red Bull Music Academy retorna a Berlim em 2018 para celebrar 20º aniversário Vinte anos após a primeira edição na capital alemã, a Red Bull Music Academy volta à cidade em setembro de 2018 para evento comemorativo de duas décadas com shows, exposições, palestras e workshops; inscrições estão abertas até 4 de setembro de 2017 Berlim, junho de 2017 - A Red Bull Music Academy realiza a próxima edição de sua série de eventos e oficinas musicais em Berlim, na Alemanha, entre 8 de setembro e 12 de outubro de 2018. Depois de passar por diversas cidades do mundo, como Tóquio, Nova York, Melbourne, Cidade do Cabo, Paris, São Paulo e Montreal, a Academia está de volta ao local onde tudo começou (lá em 1998) para celebrar seu 20º aniversário. Cada edição da Red Bull Music Academy apresenta um universo próprio, com novos insights e perspectivas sobre a música em geral, uma vez que artistas de diferentes gêneros, países e épocas se reúnem no mesmo lugar e com o mesmo propósito. Para o evento, são selecionados 60 músicos em ascensão dos mais variados estilos, que seguem para a cidade-anfitriã e por lá iniciam uma jornada criativa que dura aproximadamente um mês. Eles participam de palestras com artistas que moldaram a história da 4
música, trocam conhecimento em sessões feitas em estúdios da Red Bull e colaboram com outros músicos de diferentes cantos do globo. Enquanto isso, a Academia movimenta a cena local ao promover uma série de shows e festas abertos ao público por toda a cidade. Tudo isso cria um ambiente de troca e aprendizado entre veteranos e a nova geração, que podem celebrar juntos o passado, o presente e o futuro da música. Mais de 1.500 artistas já participaram de encarnações anteriores da Red Bull Music Academy. Entre os brasileiros, estão nomes como Luisa Puterman, Thingamajicks, Érica, Zopelar, Silva e Mauricio Fleury.
POR QUE BERLIM? Quando Jeff Mills se tornou o primeiro artista a sentar num sofá de uma conferência da Red Bull Music Academy, em um galpão de Berlim, em 1998, sua escolha não foi uma mera coincidência. A relação simbiótica desta lenda do techno de Detroit com a cidade de Berlim exemplifica a atitude aberta da capital alemã em relação ao intercâmbio cultural e à inovação criativa. Muito aconteceu em Berlim e no mundo nessas duas décadas desde que a palestra de Mills deu o pontapé inicial ao evento que se tornou uma verdadeira tradição global.
para citar somente alguns). Berlim, como sempre foi um lugar de experimentação criativa, de troca e de liberdade pessoal, faz parte do DNA da Red Bull Music Academy. INSCRIÇÕES Os estilos musicais contemplados pela Academia são tão diversos quanto os países de onde vêm os artistas: a mistura de sons, as habilidades e os backgrounds culturais que compõem cada evento são sempre únicos. Essa combinação tão peculiar de pessoas, perspectivas e atmosferas permite que novas ideias se enraizarem e floresçam após o evento. O convite para participar da Red Bull Music Academy estende-se, portanto, a instrumentistas, produtores, DJs, engenheiros e vocalistas com qualquer nível de experiência. Tudo o que é necessário é estar aberto a colaborações e ter interesse em música. O formulário de inscrição pode ser baixado do site: redbullmusicacademy.com/apply e deve ser enviado até 4 de setembro de 2017. Cada candidato também deve enviar uma demo musical com até 30 minutos de duração digitalmente pelo site: redbullmusicacademy.com/apply ou em CD. O júri da Red Bull Music Academy anunciará os candidatos selecionados no início de 2018.
Mesmo que a Academia tenha passado por muitas cidades diferentes, o evento sempre carrega um pedaço de Berlim. Seja sob a forma de palestrantes e membros da equipe de estúdio, como Modeselektor, Moritz von Oswald, Dixon, Mo e Carsten Nicolai, ou com ex-alunos que deixariam sua marca na cena musical da capital alemã (Nina Kraviz, Objekt, Robot Koch e Xosar, JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
(11) 3326 3809
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Fábio Cezanne
MÚSICA INSTRUMENTAL
Trio Paineiras lança seu primeiro CD interpretando Compositores de Hoje Reunindo obras de Rami Levin, Pauxy Gentil Nunes, Liduino Pitombeira, Marcos Lucas e Sergio Roberto de Oliveira, que assina a produção. Formado por Marina Spoladore (piano), Batista Junior (clarinete/clarone) e Marco Catto (violino/viola), trio lança luz às obras de compositores contemporâneos No universo da música de concerto, sobretudo da música contemporânea, dedicados compositores e intérpretes buscam, a cada dia, novos projetos para divulgar o seu trabalho e fomentar a crescente produção artística atual. Assim nasceu o Trio Paineiras, Formado por Marina Spoladore (piano), Batista Junior (clarinete/clarone) e Marco Catto (violino/viola), que lança seu CD de estreia, “Trio Paineiras interpreta Compositores de Hoje” (A CASA Discos), reunindo novas obras para formação mista: violino/viola, clarinete/clarone e piano. No repertório, a obra “Asas”, escrita por Rami Levin em dois movimentos, abre o disco explora as chamadas de dois pássaros distintos,
ambos comuns no brasil. O primeiro movimento, escrito em 2012, foi inspirado pelo som do Bem-te-vi. O segundo movimento, Sabiá, escrito em 2015 para o Trio Paineiras, é uma descrição musical de vários pássaros ao mesmo tempo, tendo Foto Cyntia
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o sabiá ficado como voz dominante cuja melodia toma várias formas. Em seguida, desfilam peças de outros compositores expoentes do cenário erudito contemporâneo, todas, por coincidência, divididas em três movimentos cada. “Paineira (Barriguda)”, de Sergio Roberto de Oliveira, que também assina a produção do disco, fala sobre a árvore em seus diferentes aspectos. No primeiro movimento, evocando sua ancestralidade africana, a linha do clarone surge como uma “fala de preto-velho”. O apelido “barriguda”, refere-se ao nome que a árvore tem por apresentar no seu caule um bojo, onde armazena-se água. No segundo movimento, descreve-se a paina, tão leve e delicada. Por fim, no terceiro movimento, o compositor retrata a fase da maturidade da árvore, após 20 anos, quando perde seus espinhos e passa a hospedar passarinhos e seus ninhos. Paineira faz parte da série de obras de Oliveira sobre árvores, foi composta especialmente para esse CD e dedicada ao Trio Paineiras. “Três Telas de W. M. Turner”, de Marcos Lucas, expressaa profunda admiração pela obra do pintor inglês William Turner (1775-1851), cujas telas sempre fascinaram o compositor pelo seu uso inovador das cores, texturas e a intensa luminosidade. O primeiro movimenJG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
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MÚSICA INSTRUMENTAL to “Ulisses DerridingPolifermo” é o mais gestual e, em sua livre representação do gigante mitológico que tenta afundar o barco de Ulisses, contrapõe densas texturas acordais a trechos mais colorísticos, evanescentes. O segundo movimento “RainSteamandSpeed – theGreat Western Railway” abre-se com uma nostálgica e brumosa elegia à Revolução Industrial, após a qual o compositor buscou transpor a representação Turneriana do movimento para o domínio sonoro. O movimento final “The Fighting Temeraire” é - na interpretação pessoal da obra que retrata o velho navio de guerra sendo rebocado para ser desmontado - uma alusão ao artista que, em seus últimos anos de vida, rememora seu vigor do passado. “Paineiras”, de Liduino Pitombeira, para violino, clarinete e piano, é dedicada ao Trio Paineiras. Os títulos dos movimentos foram extraídos
do poema “A Paineira e o Poente”, de J.G. de Araújo Jorge (19141987), publicado no livro "Bazar de Ritmos", 1a edição, 1935. O primeiro movimento, “Lembrança em Turbilhão” tem como material básico uma série de doze notas que se descortina gradualmente logo no início do movimento. O cromatismo e os gestos bruscos criam uma atmosfera misteriosa e ao mesmo tempo agitada. O segundo movimento, “Saudade ao redor”, lento e meditativo, é construído a partir de sonoridades quartais que se desenvolvem em uma estrutura palindrômica, denotando a ideia de circularidade. O último movimento, “Dispersos”, traz de volta a agitação do primeiro movimento, mas, dessa vez, contaminada com a saudade do segundo. A obra “Tríptico”, de Pauxy Gentil Nunes,é um experimento sobre a relação entre forma e conteúdo. É composta por três peças quase gê-
meas, onde elementos comuns são organizados de formas diferentes em cada uma delas, de modo a encontrar expressões distintas para o mesmo material. Os gestos são facilmente reconhecíveis (trilos, volatas, fórmulas de acompanhamento, glissandi, blocos). São organizados a partir da mesma estrutura de alturas, chamada de Carrossel, que é constituída de 12 conjuntos ligados por relações de condução melódica e não se alteram durante toda a obra, o que torna as três peças ainda mais conectadas.
TRIO PAINEIRAS Os músicos que formam o Trio Paineiras são atuantes no cenário da música de câmara e sinfônica do Rio de Janeiro, e desempenham importante atividade acadêmica na UFRJ e na UniRio. A versatilidade da formação para violino/viola e clarineta/clarone com o piano é o diferencial do conjunto. A proposta Foto Cyntia
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MÚSICA INSTRUMENTAL Foto Cyntia
CD Trio Paineiras interpreta Compositores de Hoje Gravadora: A Casa Discos Distribuição nacional: Tratore Preço médio: 30,00
estética é o incentivo às novas obras de compositores brasileiros, e tê-las lado a lado com obras mais tradicionais.
Marina Spoladore Pianista paranaense premiada em mais de trinta concursos nacionais, trilha um caminho sólido e reconhecido pela seara da música contemporânea. Atua nos principais eventos ligados à música brasileira de hoje, sempre muito elogiada pela crítica. Concluiu seu bacharelado na classe do renomado professor Luiz Senise e desde 2014 é professora assistente de piano e música de câmara da UNIRIO. Integra o Abstrai Ensemble, grupo carioca especializado no repertório contemporâneo, o PianOrquestra, que explora as infinitas possibilidades do piano preparado e vem se apresentando com muito sucesso na Europa e nas Américas, além das 10
parcerias com o violinista Daniel Guedes e a cantora Veruschka Mainhard.
Batista Jr Natural de Aracaju-SE, Batista Jr. reside no Rio de Janeiro desde 1998 onde concluiu graduação em Música/Clarinete e mestrado em Música/Praticas Interpretativas, ambos pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 2002 e 2012, atuou como clarinetista e claronista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, além de atuar como convidado em diversas orquestras no Rio de Janeiro e no Brasil. Desenvolve atividades ligadas à música de câmara e música contemporânea, atualmente participando do Abstrai Ensemble - grupo dedicado a música contemporânea conjugando o uso de instrumentos tradicionais às novas tecnologias -
e do Trio Paineiras. Em 2011 é aprovado em concurso público para UFRJ e desde então é professor de Música/Clarinete da Escola de Música/UFRJ.
Marco Catto Formado pelo Instituto de Artes da UNESP, o paulista Marco Catto estudou na Franz Liszt Music Academy em Budapeste, onde foi bolsista da Fundação Vitae e atuou como solista da Sinfônica de Szolnok. Mudouse para Chicago, onde concluiu seu mestrado com honras na classe do professor Ilya Kaler, pela DePaulUniversity. Nesse mesmo período foi integrante da Civic Orchestraof Chicago e AdvantChamberOrchestra. Atualmente é spalla da Orquestra Sinfônica da UFRJ, é membro fundador da orquestra Johann Sebastian Rio, Trio UFRJ, Trio Paineiras e violista do Quarteto Radamés Gnattali. JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
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Elias Nogueira
ARTISTA EM DESTAQUE
Zé Ramalho faz show emocionante no Vivo Rio Noite comovente com surpresas antes do evento em seu camarim O cantor e compositor Zé Ramalho apresentou-se no Vivo Rio em show contendo toda sua trajetória de sucessos - início de turnê elaborada para comemorar seus 40 anos de carreira. O artista, acompanhado da Banda Z, derrama simpatia com público que corresponde em múltiplos aplausos ao seu talento. No belíssimo repertório, canções atemporais como: "Avohai", "Frevo Mulher", "Admirável Gado Novo", "Chão de Giz", "Beira-Mar", "Eternas Ondas", "Garoto de Aluguel", "Vila do Sossego" e "Banquete de Signos", dentre outras de sua autoria, complementadas por arranjos especiais para composições de Raul Seixas: "Gita" e "Medo da Chuva". Simpático e atencioso, como sempre, Zé Ramalho recebeu em seu camarim, antes do show, alguns amigos - Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e o produtor Marcelo Fróes que surpreendeu o cantor quando lhe deu um presente - o primeiro lançamento em vinil do selo Discobertas em parceria com Novodisc - LP inédito do 1º show solo de Zé Ramalho - gravado ao vivo em 1974, em João Pessoa, na Paraíba - o álbum "Atlântida" chega ao mercado em prensagem 180g, capa dupla e edição limitada. Zé Ramalho gravou um disco pelo selo Discobertas, em 2008. 12
Evento realizado no Vivo Rio em 08 de Julho de 2017
Robertinho de Recife, Marcelo Fróes e Zé Ramalho - LP relançado pelo selo Discobertas. JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
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Nido Pedrosa
COLUNA MERCADO MUSICAL
A incrível trajetória de
PAULO ZDANOWSKI É incrível a situação que a continua perdurando na área musical brasileira... Não apenas em relação aos fãs de carteirinhas, mas também em boa parte dos profissionais da música de vários segmentos e parte da sociedade brasileira... Me refiro a pessoas que não tomam conhecimento das fichas técnicas de CD, DVD, vídeo clip, filme documentário etc. É como se o cantor, apenas o cantor, fosse responsável por desenvolver, produzir, gravar e executar todo um trabalho musical, onde na verdade participam vários profissionais tais como, assistentes de produção, compositores, músicos, maestros, arranjadores, diretores, técnicos e engenheiros de som, mixadores, masterizadores, diretores de fotografia e tantos outros profissionais responsáveis por toda uma cadeia produtiva que, muitas vezes, envolve 50, 60 pessoas em um único trabalho musical. Pensando nisso, a Coluna Mercado Musical está apresentando nesta edição, uma pequena retrospectiva, sobre a carreira deste importante compositor da música brasileira que é Paulo Zdan. Digo pequena retrospectiva, porque sua carreira é extensa e versátil. Paulo Zdanowski, o Zdan, além de compositor é multi-instrumentista, cantor, produtor musical, responsável por muitos sucessos nas vozes de grandes interpretes. Em entrevista exclusiva o multi-tarefa da música nos encanta com suas histórias: Como começou sua carreira musical? Tinha a música como um entretenimento, no início. Estava no segundo ano de Medicina quando uma 14
canção minha em parceria com um parceiro/cantor estourou. O nome desse parceiro era Cassiano e a faixa "A Lua e eu". Essa faixa aconteceu primeiro na novela O Grito (Rede Globo). Rapidamente fiquei conhecido na UFF (Universidade Federal Fluminense) pelos colegas. Em 1977 aconteceu de novo com a faixa "Coleção", na novela "Locomotivas" (Rede Globo), que estourou nas rádios e em todos os meios de comunicação. Eu fui o produtor musical desse álbum que saiu pela Polygram. Depois disso outros artistas me pediram músicas inéditas, como Tim Maia (Nosso Adeus), Caetano Veloso (Quero um Baby Seu). Em 1985, gravei pela Polygram um compacto simples "Impulso e Desejo". Em 1994, montei a Banda Soul do Rio e gravamos um CD pela Leblon Records. Depois fui tocar, como baixista e vocalista, na Banda Good Times. Em seguida remontei uma nova banda SoulRio, com outros integrantes e fizemos apresentações em TVs, clubes, inclusive ,foi nessa ocasião, que te conheci e tive a oportunidade de tocar com você, Nido Pedrosa, grande percussionista e produtor musical, colunista dessa conceituada revista e meu parceiro em alguns
gingles para grandes marcas da publicidade brasileira'. Obrigado Paulo pelo elogio, a família agradece (rsrsrsr). Mas voltando... o teu trabalho continua... Então, daí comecei a compor mais e cada vez mais. Fiz várias parcerias, tenho muitas músicas ainda são inéditas, esperando uma boa oportunidade. Em 2016, um produtor de Minas Gerais, o Moacir Silveira, começou a fazer clips das minhas músicas e hoje, estou com 130 JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
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COLUNA MERCADO MUSICAL Cassiano e Zdan
clips em seu canal na internet. Montei um pequeno Workstation, o Palace Studio e estou mostrando meu trabalho para o mundo, já com seguidores em vários países. O Histórico Só para se ter uma ideia sobre o trabalho deste compositor, aqui vai um pouco da história de Paulo Zdanowski que nasceu em Botafogo-Rio de Janeiro, em 28/02/ 1954. Aos 14 anos, sua mãe lhe deu de presente uma guitarra e assim iniciou-se na música com um sucesso emplacado no meio estudantil (Festival Musical do Colégio Banda Brylho
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Rio de Janeiro onde estudava) - prêmios de Melhor Música e Melhor Conjunto, em 1970. Como produtor musical, lançou pela Polygram, em 1976, o lendário disco 'Cassiano Cuban Soul 18 Kilates', onde também foi guitarrista, percussionista e vocalista - background, além de ser o coautor de todas as músicas deste álbum. Paulo participou de vários discos da Gravadora Som Livre e também de outros tantos de outras majors como músico e vocalista. Mas sua proposta sempre foi de enveredar pelo território do Soul, sendo um dos fundadores do Grupo Brylho, de onde saiu para carreira solo o cantor e compositor Claudio Zoli. Essa foi uma das primeiras bandas a serem lançadas no famoso Circo Voador (primeiro no Arpoador e depois na Lapa), no Morro da Urca e na Danceteria Mamute, sempre com sucesso de público. O grupo Brylho foi contratado pela WEA e passou a viajar por todo Brasil fa-
zendo grande sucesso. Como se deu a parceria com Cassiano e com a Banda Brylho? Em 1973, conheci o Cassiano dentro de um navio cargueiro, que ia para a França levando um amigo em comum, Carlos Pastorino (China) - Artista Plástico. Na ocasião levei um violão. Lá fizemos nossa primeira composição, "Transa-Atlântico", em homenagem ao China. A partir daquele dia ficamos amigos e parceiros musicais por 6 anos seguidos. Entrei para a banda do Cassiano e lá fiquei como "grumete", fazendo estágio e aprendendo a arte do Soul Music. Mas Cassiano não fazia shows, só ensaiava. Chegou uma hora que resolvi juntar-me com Cláudio Zoli, que também era outro "grumete" (Rsrsrs), daí fomos procurar Arnaldo Brandão, que era baixista de Caetano Veloso, há 6 anos. Conseguimos convencê-lo a entrar neste novo projeto de misturar Soul, Rock e Reggae e demos o nome por conta de uma música de Vinicius Cantuária: "Brilho da Cidade". Nosso baterista foi Robério Rafael, músico experiente, que tocava com Tim Maia. No começo tínhamos 10 músicos, como Tomás Improta, Bolão, Paulinho Rockete e outros convidados. Fizemos o Dancing Days, lotadaço, no Morro da Urca e a banda começou a existir e dar certo, ganhar visibilidade. Quando a Warner nos assistiu ao vivo num show na Lagoa, nos convidou a assinar contrato. Mudamos nosso nome para BRYLHO e só assinaram contrato 4 integrantes. Entramos no Studio do Lincoln Olivetti (que era o melhor da época), gravamos nosso único LP, que contém o Hit "Noite do Prazer". A Banda durou 5 anos. Dois anos sem gravadora e 3 contratados, depois disso cada um seguiu sua carreira solo e estamos todos aí nas batalhas musicais'. JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
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COLUNA MERCADO MUSICAL Paulo Zdan também tem veia de produtor cultural, produziu festas maravilhosas na Fundição Progresso (Rio de Janeiro) com sua famosa "Festa SoulRio", levando de 4000 a 5.000 pessoas a se encontrarem e se divertirem em noites inesquecíveis, ao som de muito R&B e HipHop. Paulo Zdan, você é compositor de grandes hits, músico e produtor musical experiente com longos anos de carreira, atuante, ligado e antenado com o que há de melhor no cenário musical nacional e internacional, como você está vendo este atual cenário da música brasileira? Infelizmente só aparece empresário depois que você estoura nas mídias. Não é como nos EUA, onde te descobre e investe no seu trabalho. Ser músico no Brasil é tarefa quase impossível. A mídia resolveu dar ênfase a uma gama de músicas de baixa qualidade, descartáveis, com letras e melodias chulas, jogando a música brasileira para o fundo do poço, tornando nossa cultura musical um lixo, com jabá institucionalizado nos meios de comunicação. A corrupção está em todos os níveis. Até nas visualizações do Youtube, que tem empresas que multiplicam seus números aos milhões, a exemplo das duplas sertanejas que "fabricam" sucessos fakes, para enganarem o público mal informado. Este é o atual Brasil de Cabral (tanto do descobridor, quanto do governador). Totalmente corrupto, principalmente, na política. Não vejo luz no fim do túnel, só pessoas ouvindo música de péssima qualidade. Artistas indie, como eu, por exemplo, não são valorizados, às vezes penso que nasci no país errado. O desabafo tem suporte. Hoje aparecem cantoras e cantores sem 18
Banda SoulRio
Paulo Zdan, Rafael Prista, Marcos Neto, Chico Sá, Liane Maia e Jonsem
técnicas vocais, sem experiência, desafinando e cantando que nem gralhas, assim como cantores de nome elegendo músicas sem qualidade como a melhor música brasileira. Zdan esteve presente (com suas composições) em discos memorá-
veis de nomes como: Tim Maia, Cassiano, Caetano Veloso, Djavan, Nana Caymmi, Luís Melodia, Emílio Santiago, Sandra de Sá (faixa-título do CD "Momentos que Marcam Demais"), Banda Black Rio, Banda Brylho (onde também foi guitarrista e um dos vocalisJG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
Fotos cedidas por Carlos Pastorino e Ivan Klingen
tas), Banda SoulRio (Voz, vocalista e Baixista), Celso Blues Boy, Cláudio Zoli, Joanna, Guilherme Arantes, Maurício Manieri, Rodrigo Faro, Pixote, Harmonia do Samba, Wando, Trio Nordestino, Diana Pequeno, Banda Eva, Ivete Sangalo, Banda Mel, Eduardo Dussek, The Fevers, Michael Sullivan, Sampa Crew, Evandro Mesquita, Sérgio Loroza, Mário Gomes, Rosemary, Quinteto Ternura, Bukassa, Cidade Negra, Biquini Cavadão, Sidney Magal, André Leonno, Vanessa da Mata, Belo, Péricles, Thiaguinho, Daniel, Wanessa Camargo, Sérgio Vid, Frejat, Solange Rosa, Andrea Dutra, Seu Jorge, Ana Carolina e vários outros. Com mais de 400 músicas editadas em diversos CDs e novelas de várias emissoras, inclusive no Programa Big Brother, destacando clássicos
COLUNA MERCADO MUSICAL
como: "Noite do Prazer" (Paulo Zdan, Cláudio Zoli/A. Brandão) mais de 200 regravações; "A Lua e eu" (Cassiano e Paulo Zdanowski) mais de 180 regravações; "Coleção" (Cassiano/Paulo Zdanowski) mais de 190 regravações; "Salve essa Flor" - 12 regravações; "Nosso Adeus" (Beto Cajueiro/Paulo Zdanowski) mais de 30 regravações; "Quero um Baby seu" (Paulo Zdanowski/LC Siqueira) - 4 regravações, entre outras. Na edição de Outubro de 2009 da Revista Rolling Stone, sua parceria com Cassiano "A Lua e eu", foi escolhida entre as 100 Maiores Músicas da MPB de todos os tempos! Paulo Zdan lança primeiro CD solo, 14 faixas inéditas, pela Warner Chappell Music Brazil, recheado de Baladas, Soul Music,
Reggae e Rock e novos parceiros. Para conferir, acesse: www.palcoprincipal.sapo.pt/ paulo_zdan www.soundcloud.com/paulozdan www.vagalume.com.br/paulozdan www.reverbnation.com/paulozdan www.youtube.com/paulozdan Onde você encontra 83 vídeos com suas composições antigas e atuais, para serem conferidas!
Banda Brylho
Arsenal Percussivo Meu arsenal percussivo, instrumentos provenientes dos descartes, o lixo urbano, produzidos por fatores antropogênicos, ou seja, aqueles cometido pela ação do homem, nas cidades do Recife e Caruaru-PE. Este instrumental, é parte integrante das gravações do meu CD: Sucateando - A Música Sustentável que conta com participações de importantes instrumentistas tanto da cena nordestina, quanto do cenário internacional.
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LANÇAMENTOS ESPECIAL INSTRUMENTOS
Banjo Algarvea Clave Sonora Em madeira natural; braço em cedro; fundo e faixa em marfim imperial; aro de alumínio; cordal de aço carbono; pele animal. Versatilidade; Pegada anatômica e timbragem única, som singular harmônico. Instrumento calibrado e pronto para estudantes e profissionais da área. Melhor custo benefício do mercado. À venda nas melhores e mais importantes lojas de instrumentos musicais do território nacional. Vale a pena conferir!
RACYNE E RAFAEL NO MELHOR MOMENTO DA CARREIRA A música sertaneja invadiu mesmo as FMs Brasil afora. Duplas de todos os cantos apostam no segmento almejando, claro, o sucesso. Não é fácil. Sorte daqueles que conseguem. Digo sorte, pois talento a grande maioria tem. Nesse mundo competitivo, a dupla Racyne e Rafael, do interior de Goiás, como tantas outras vindas daquele Estado, acertou no alvo logo de cara, logo no início da carreia. O primeiro álbum, independente, de 1998 consolidou o sucesso ‘Toca Sanfoneiro’ 20
que lhes rendeu contrato com a Abril Músic, onde gravaram seu segundo CD (destaque para a faixa ‘Me dá seu coração’). No terceiro disco pela Abril Músic emplacam ‘Começar outra vez’ e ‘Mulher Bandida’ - sucesso nacional. Por mais de 20 anos a dupla percorreu longo caminho de shows pelo território nacional até decidirem parar alguns meses para gravar o combo CD/DVD 'Queria Um Lugar Assim'. Valeu a pena!! O projeto está com participações pra lá de especiais, como: Gustavo Lima, as duplas Rionegro e Solimões, e Praião e Prainha, dentre outros. Estourada em todas as rádios, a faixa "hormônios", cantada em trio
com Gustavo Lima, está na boca do povo. Sucesso!! A segunda faixa de trabalho 'Cabaré', homenagem aos amigos Leonardo e Eduardo Costa, caminha para se tornar também um grande hit. A dupla Racyne & Rafael, sem dúvida, vive o melhor momento da carreira. JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
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Robson Candêo
LANÇAMENTOS
MUSICANDO MUSICANDO and Day e Blue Skies. Diana é uma das grandes intérpretes de jazz contemporâneas e é sempre bom ouvir suas músicas.
Quem aí já ouviu falar de Little Steven? Pois esse grande roqueiro cujo nome verdadeiro é Steven Van Zandt, é um dos integrantes da E Street Band (banda que acompanha Bruce Springsteen), também possui sua própria banda (Little Steven and The Disciples of Soul), e ainda é ator (participou da famosa série Família Soprano), seu álbum Soulfire arrasa - com pegada roqueira e um toque de blues de primeira qualidade.
Já os fãs da cantora Diana Krall vão adorar seu novo trabalho Turn Up The Quiet, - jazz suave e muito bem interpretado, com grandes hits como L-O-V-E, Night
Para a galera das antigas, sempre bom lembrar do New Kids on The Block, antiga boy band que fez muito sucesso no final da década de 80, e entre idas e vindas acaba de lançar Thankful, um EP com 5 ótimas canções românticas com uma pegada pop bem atual - vale a pena conferir.
A pop star Shakira, também tem novidades, seu novo álbum - El Dorado - segue a linha pop de sucesso da cantora mesclando músicas em inglês e em espa-
JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO 2017 Robson Candêo escreveDE para o blog www.blurayedvdmusical.blogspot.com/.
nhol, com alguns hits garantidos como Me Enamoré e Chantaje. Em um dos melhores lançamentos do ano é Melodrama da cantora Lorde, daqueles álbuns para ser ouvido do início ao fim com grandes canções e que tem tudo para estourar nas paradas.
E tem também alguns EPs bem interessantes, entre eles Don´t Kill My Vibe da jovem cantora
pop norueguesa Sigrid; Do Quarto Pro Mundo, da paulista Ana Gabriela que faz grande sucesso no YouTube; o excelente I Don´t Like Being Honest da girl band The Aces, que tem a músic Stuck tocando nas rádios e as outras 3 não deixam a desejar; 25
LANÇAMENTOS jovem, leve com boas letras e boa musicalidade.
E já que falei no nome deles, A Banda Mais Bonita da Cidade também tem novidades com De Cima do Mundo Eu Vi o Tempo, seu 3º álbum de estúdio, com 9 canções no estilo indie de sempre.
da de pop/punk All Time Low Last Young Renegade. Os rapazes fazem um som muito bom, sem ser muito pesado, na medida certa.
5 músicas da antiga banda The Goo Goo Dools - You Should Be Happy, que são bem legais. Também vale a pena conferir o novo trabalho da cantora Halsey - hopeless fountain kingdom, um indie pop de muita qualidade. Quem gosta mais de o rock, recomendo o novo álbum da ban26
Também é bastante interessante o CD da dupla Flor de Sal, que faz uma MPB bacana, com um som bem próximo da Banda Mais Bonita da Cidade, mesclando indie com world music. Um som
Há 21 anos cuidando do mercado musical JG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
EDIÇÕES DIGITAIS
Ótimo!! Sem palavras para agradecer aos leitores pelos números acima apresentados. Depois da ‘trave’ por conta da proibição da primeira capa da revista JG News de Julho, onde Anitta aparecia inclinada ( nada de mais...), surpreen-
dentemente passamos dos 2 milhões de views. Outra boa notícia foi a publicação do Livro Tombos & Sonhos Digital, onde os leitores podem acessar gratuitamente sem necessariamente baixá-lo em seu computador ou celular. Também já contamos com números impressionantes, que publicaremos na edi-
https://issuu.com/jgnews/docs/anitta_jg225 https://issuu.com/jgnews/docs/tombos___sonhos
MC Michelzinho Michelzinho têm 24 anos - cheio de vontade, carisma e muita humildade. Nascido e morador de Caxias (RJ), o jovem traça novos horizontes para sua carreira promissora. "Estou jogando carinho por todos os lados. Vivo um momento de total atividade, não paro", avisa o artista.
Sempre atento em tudo que o cerca, a todo instante aparece alguém para fazer uma selfie - tive que resgatá-lo para fazer uma foto. Michelzinho vai ser reconhecido ainda mais. Tudo indica isso. "Estamos na função de divulgar minha música e trabalhando bastante 'Essa menina é outro nível' está muito bem aceita e quero divulgar o máximo possível". (Elias Nogueira)
ção de agosto com maiores detalhes. Acima, além dos views, colocamos as localidades dos leitores.
HOMENAGEM
Ary Barroso e sua Aquarela
Ary Barroso nasceu em 7/11/ 1903, Ubá, Minas Gerais, filho do deputado estadual e promotor público João Evangelista Barroso com Angelina de Resende. Aos oito anos, já era órfão de pai e mãe, sendo criado pela avó materna, Gabriela Augusta de Resende. Estudou teoria musical, solfejo e piano com sua tia Ritinha. Com 12 anos era auxiliar de piano no Cinema Ideal, em Ubá. Aos treze, trabalhou como caixeiro da loja "A Brasileira" e com quinze anos fez a primeira composição, um cateretê "De longe". Em 1920, com o falecimento do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, recebeu uma herança de 40 contos (milhões de reis). Então, aos Ary, Carmen Miranda e Sylvio Caldas
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17 anos veio para o Rio de Janeiro estudar Direito, onde permaneceu sob a tutela do Dr. Carlos Peixoto. Aprovado no vestibular, ingressa em 1921 na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (atual Faculda- Antonio Maria, Ary Barroso, Vinicius de Moraes (em pé), Isaac Zuchman e Paulo Mendes Campos (sentados), no Rio de Janeiro de Nacional de Direito da Universidade Federal do mes com a orquestra do maestro Rio de Janeiro - UFRJ). A Faculdade Sebastião Cirino. Tocou ainda em seria importante na consolidação muitas outras orquestras. da veia artística, esportiva e políti- Em 1926 retoma os estudos de Dica. Quando calouro, foram colegas reito, sem deixar a atividade de pide Faculdade mais chegados: Luís anista. Dois anos depois é contraGalotti (jurista, dirigente esportivo tado pela orquestra do maestro e posteriormente ministro do STF), Spina, de São Paulo, para uma temJoão Lira Filho (jurista e professor), porada em Santos e Poços de CalGastão Soares de Moura Filho (di- das. Nessa época, Ary resolve derigente esportivo), João Martins de dicar-se à composição. Compõe Oliveira, Nonato Cruz, Odilon de Aze- "Amor de mulato", "Cachorro quenvedo (ator), Taques Horta, A-nésio te" e "Oh! Nina", em parceria com Frota Aguiar (jurista, político e es- Lamartine Babo, seu contemporâcritor). Adepto da boe- Linda Batista, Grande Otelo, Herivelto Martins e Ary Barroso mia, é reprovado na Faculdade, abandonando os estudos no segundo ano. Suas economias exauriram o que o fez empregar-se como pianista no Cinema Íris, no Largo da Carioca e, mais tarde, na sala de esperado Teatro Carlos GoJG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
HOMENAGEM Ary Barroso e Heitor Villa-Lobos
neo na Faculdade de Direito. Em 1929 obtém, finalmente, o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. Seu colega de Faculdade e grande incentivador, Mário Reis, grava "Vou a Penha" e "Vamos deixar de intimidades", que se tornou o primeiro sucesso popular. Nos anos 1930, escreveu as primeiras composições para o teatro musicado carioca. 'Aquarela do Brasil' teve a primeira audição na voz de Aracy Cortes e regravada diversas vezes no Brasil e no exterior. Recebeu o diploma da Academia de Ciências e Arte Cinematográfica de Hollywood pela trilha sonora do longa-metragem Você já foi à Bahia? (1944), de Walt Disney. A partir de 1943, manteve durante vários anos o programa 'A hora do calouro', na Rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, no qual revelou e incentivou novos talentos musiJG NEWS, ANO XXI, ED. 226, AGOSTO DE 2017
cais. Também trabalhou como locutor esportivo (proporcionando momentos inusitados ao sair para comemorar os gols do seu time o CR Flamengo). Autor de centenas de composições em estilos variados, como choro, xote, marcha, foxtrote e samba. Entre outras canções, compôs 'Tabuleiro da baiana' (1937) e 'Os Quindins de Yayá' (1941), 'Boneca de piche', etc. Durante as décadas de 1940 e 50 compôs sucessos consagrados por Carmen Miranda no cinema. 'Aquarela do Brasil' inaugurou o gênero samba-exaltação. No centenário do compositor Ary Barroso (2003), a Rede STV SESC SENAC produziu um documentário especial de 60 minutos sobre a vida deste brasileiro único, intitulado "O Brasil Brasileiro de Ary Barroso", com depoimentos de Sérgio Cabral (Biógrafo), Dalila Luciano, Carminha
Masca-renhas, Carmélia Alves, Roberto Luna, e a filha de Ary Barroso, Ma-riúza. A direção foi de Dimas Oliveira Junior e produção de WeDo Comunicação. Ary Barroso também era locutor esportivo. Torcedor confesso do Flamengo, torcia descaradamente a favor do rubro-negro nas transmissões que eram feitas pelo rádio. Quando o Flamengo era atacado, ele dizia mensagens do tipo:"Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar.", se recusando claramente a narrar o gol do adversário. Quando o embate era realizado entre equipes que não fossem o Flamengo, sempre que saía um gol, primeiro ele narrava, e depois tocava uma gaita. No final de 1963 tem crise de cirrose hepática, vindo a falecer no dia 9 de fevereiro de 1969. (fonte: Wikipédia) 29