ANO XXIII - EDIÇÃO 240 25 SETEMBRO a 25 OUTUBRO 2018
T'Rio Moraes Moreira Getúlio Côrtes Fantastic Negrito Bebe Rexha Florence + The Machine Saulo Duarte Falamansa Lobão Nenhum de Nós Amy Shark Roger Daltrey Banda Víruz Robert Plant Fernando Seixas
(1942/ 2018)
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MA TRIZ: PRAÇA MAHATMA GANDHI, 2, MATRIZ: GRUPOS 709 E 710 CENTRO, RIO DE JANEIRO, RJ CEP 20.031-100 TELEFONE ONE: (21) 2220-3635 TELEF ONE E-MAIL: sbacem@sbacem.org.br 2
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Antonio Braga - Editor
Eu, vivendo do passado Sempre gostei de andar de motocicleta e o faço há décadas. Escrevi, inclusive, um livro contando os meus acidentes, enfim, se tenho um vício, é esse. E, aqui em casa, cada um tem a sua motocicleta e com- Fernado Seixas par tilhamos um único carro (que vive mais parado que andando, salvo em dias de chuva). Quando estou de carro costumo levar meus CDs favoritos - momento bom pra se ouvir música, sem interferências externas - vidro fechado, no sossego do reduto automotivo. Meu filho, semanas atrás pegou o carro e voltou com uma novidade para mim - trocou o CD player do carro (original) por um outro objeto que liga no celular e você pode ouvir as músicas do seu celular ou de um pen drive. A minha decepção foi imensa. Mas o argumento dele foi o seguinte: ninguém mais ouve esse negócio de CD. Isso é coisa do seu tempo. Me senti com 90 anos. Tenho 61, sou do tempo do LP, da fitinha K7, vi chegar o CD, o DVD, o blu ray (que nem chegou a vingar), e agora é o mundo do celular. Tudo se faz com o celular. A vida de todos depende do celular. Cada vez mais coisas cabem dentro desse aparelho que parece ser ilimitado. Enfim, fiquei restrito ao Lap Top para ouvir meus CDs, de preferência com headphone, para não incomodar ninguém. O novo aparelho colocado no veículo possui um rádio também. Embora me esforce para encontrar alguma estação que toque música boa, acabo por desligálo, pois em nenhuma estação de rádio consigo ouvir Toquinho, Yamandu, instrumentais refinados ou até música popular nova de boa qualidade. Nas rádios de maior audiência, ou toca funk, ou toca sertanejo. Nas estações saudosistas, tocam as mesmas
músicas que tocavam há 20, 30 anos. O novo talento, a renovação não aconteceu ou se aconteceu não deixou endereço. Não dá pra dirigir ouvindo Youtube. Essa fase de adaptação aos novos formatos está difícil de engolir. Os jovens baixam da internet suas faixas favoritas e as ouvem repetidamente até terem paciência de fazer novamente nova pesquisa. Nessa de futucar internet acabei achando um colega dos anos 90 que, ao que me lembre, foi o primeiro artista residente no exterior a gravar uma música minha. Gravou em Israel e fez sucesso por lá. Fez não, continua fazendo. Seu nome é Fernando Seixas, brasileiro, baiano de Salvador que mudou-se para Tel Aviv na década de 90 e nos conhecemos na praia de Ipanema assistindo a uma apresentação da banda Sunggae, que já havia gravado músicas de minha autoria. No ano seguinte convidei-o a se hospedar em minha casa e tocamos muito violão juntos. Mostrei-lhe algumas coisas novas que havia composto e ele pediu para gravar. Gravou. Ficou ótimo. Mas o destino apronta com a gente. A mesma música que ele escolheu para gravar em Israel a banda Chiclete com Banana gravou aqui no Brasil, e pela mesma gravadora. Na convenção anual da gravadora deu ‘chabu’. No final ficou tudo resolvido e ficaram valendo as duas gravações. Particularmente gostei mais da gravação do Fernando do que a do Chiclete com Banana. A música estourou no Brasil inteiro com a banda baiana e virou hit, até hoje, do carnaval da Bahia. Direitos autorais do estrangeiro nunca recebi, mas daqui, da nossa terrinha tupiniquim, com toda a inadimplência das rádios, essa musiquinha encheu por várias vezes minha geladeira e até pagou contas de luz, água etc. Ainda hoje, entra pouco na conta bancária, mas entra. Salve o Ecad.
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EDITORIAL EXPEDIENTE Editores Antonio Braga e Jorge Piloto Colaboradores Elias Nogueira, Alberto Guimarães, Márcio Paschoal, Robson Candêo, Patrícia Rodrigues, Nido Pedrosa, Fábio Cezane e Marcelo Seródio.
Comercial Rio de Janeiro Antonio Braga Whatsapp: 22 98828-0041 CEL: 21 98105-4941 bragaa@gmail.com Bahia Jorge PIloto (71) 98647-7625 (71) 9922-1828 jorge.piloto@yahoo.com.br Redação: Rua Cristóvão Barcellos, 11/103, Laranjeiras/ Rio de Janeiro, RJ CEP 22.245-110 Os artigos assinados são única e exclusivamente de responsabilidade de seus autores. A revista JG News é a continuação, em formato revista, do Jornal das Gravadoras, fundado em novembro de 1996 pelo jornalista Antonio Sergio de Farias Braga, Registro Profissional 18.851 L87 fl8v, emitido em de 16/09/1986. 3
Márcio Paschoal
MATÉRIA DE CAPA
CORAÇÃO DE PAPEL VALENTE Sérgio Reis - 60 anos de carreira Aos 78 anos, o senhor Sérgio Bavini, ex-corretor de seguros, ex-estoquista e dono de pousada, pode se orgulhar de uma linda e longeva carreira artística. Mais conhecido como Sérgio Reis, o simpático cantor sertanejo de sucessos como "Menino da Porteira" (Teddy Vieira, Luizinho), "Pinga ni mim" (Elias Filho) e "Panela Velha" (Moraezinho, Auri Silvestre), já foi também Johnny Johnson, cantor de rock nos áureos tempos da Jovem Guarda. Na atribulada e multifacetada vida desse artista peregrino, ele foi ator de novelas, como "Pantanal" e "O Rei do Gado", quando formou dupla com Almir Sater (Pirilampo e Saracura), e cinema "O Menino da Porteira" (sucesso nacional com mais de dois milhões de espectadores) e "Mágoa de Boiadeiro", além de trabalhar na rádio, divulgando a música do interior (Siga Bem, Caminhoneiro". Em 2015, recebeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Sertaneja pelo CD/DVD Amizade Sincera II, em parceria com Renato Teixeira. De uma família de italianos (avós paternos), da região de Pompeia, deles herdou a incrível disposição para o trabalho e para a vida. Desde o AVC dentro de um avião ao aciden4
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MATÉRIA DE CAPA Klaus Kinski
está em fim de mandato como deputado federal, e garante que não prosseguirá na política. Comemorando este ano 60 anos de carreira e com diversos shows agendados pelo país, Serjão, como é chamado pelos amigos, vê sua vida contada em livro, "Sergio Reis, uma vida, um talento", escrito por Murilo Carvalho e recém-lançado pela editora Tinta Negra. (*) escritor, autor das biografias de João do Vale e Rogéria.
te sério, quando caiu de um palco num show em Três Marias, Minas Gerais, Sérgio Reis não parou quieto. Com uma extensa discografia, o intérprete e autor de "Coração de Papel", com um marca-passo desde 2015, vem com um trabalho novo, "Alma Gêmea", em parceria com a mulher, a cantora Ângela Reis. Não se trata de disco com sonoridade caipira, mas só com clássicos. Em uma das faixas, o dueto com Guilherme Arantes, em "Planeta Água". Para quem não sabe, Sérgio Reis JG NEWS, ANO XXIII, ED. 240, 25 SETEMBRO A 25 OUTUBRO 2018
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LANÇAMENTOS
LANÇAMENTOS DE CDs FÍSICOS
EDU LOBO Meia-noite BISCOITO FINO
NIDO PEDROSA Sucateando A Música Sustentável INDEPENDENTE
DUO GISBRANCO Pássaros MILLS RECORDS
VIRUZ Contaminando Responsabilidade Social INDEPENDENTE
TATÁ AEROPLANO Alma De Gato INDEPENDENTE
FERNANDO SEIXAS O Animal SPOTLIGTH
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Fábio Cezanne
cezannedivulgacao@gmail.com
LANÇAMENTO
T'Rio lança seu CD de estreia reunindo compositores consagrados da cena erudita Formado por Cristiano Alves (clarinete), Fernando Thebaldi (viola) e Yuka Shimizu (piano), grupo interpreta, no disco "Trios Brasileiros", peças de João Guilherme Ripper, Liduino Pitombeira, Ricardo Tacuchian e Nestor de Hollanda Cavalcanti Formação que inspirou compositores como Mozart com seu inusitado "Trio Boliche", o clarinete, a viola e o piano instigaram da mesma maneira os ilustres compositores brasileiros contemporâneos João Guilherme Ripper, Ricardo Tacuchian, Liduino Pitombeira e Nestor de Hollanda Cavalcanti. Foi a partir desta admiração em comum que o clarinetista Cristiano Alves e o violista Fernando Thebaldi, ambos cameristas entusiastas integrantes da Petrobras Sinfônica, juntaram-se à pianista japonesa radicada no Brasil, Yuka Shimizu, registrando em seu CD de estreia, "Trios Brasileiros" (gravadoem comum, obras ra A CASA Dis- "Yuka, Cristiano e Fernando, dedicadas aos três cos), essas joias através de sua música, nos artistas pelos comda música de câ- redimem de um mundo ás- positores que partimara nacional. cipam do disco. pero e nos conduzem a um Assim como CrisO compositor tiano, que soma universo intangível. E a vida cearense Liduino em sua trajetória musical brasileira se enri- Pitombeira particiartística um quece com um novo grupo pa do disco com grande número camerístico de categoria in- três obras distintas. de prêmios e tíA peça Fantasia soternacional". tulos pelo Brasil bre a Muié Rendêra e no exterior, Fer- Ricardo Tacuchian traz uma melodia nando e Yuka, original vai se desenquanto o recém criado "Duo construindo até em um dado moBurajiru" - que já conquista os pal- mento se transformar em um tema cos nacionais e estrangeiros - têm de doze notas em ambiente de har8
monia quartal. A peça foi originalmente escrita para conjunto de flautas doce (soprano, contralto, tenor e baixo), viola da gamba baixo e cravo, e foi gravada nessa formação em 1997, no primeiro CD do Syntagma, o mais antigo grupo de câmara de Fortaleza, que trabalha a conexão entre a música antiga e a música nordestina. Existem atualmente oito versões dessa obra, para diversas formações de câmara. Sua segunda composição, Japan, é dividida em três movimentos e foi inspirada por três haikus de Judith Ann Gorgone. A peça em-
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LANÇAMENTO
prega harmonia modal e Credenciado pela qualidade técnica e musi- mental, ou a terça, a quinta "pintura de palavras" pa- cal de seus integrantes, o T'Rio registra, nes- etc. do acorde. A partir da esra expressar as imagens te primeiro CD, sua vocação como valioso trutura desta canção, foram poéticas dos haikus. O compostos os demais moviinstrumento a serviço da música brasileira, esquema lento-rápidomentos. No primeiro movimenlento foi escolhido para estimulando a criação de novas obras para to, o piano apresenta o "sol", evocar a tranquilidade esse conjunto de sonoridades distintas seguido da clarineta e viola meditativa do zen-budis- como a da viola, do clarinete e do piano, que que expõem elementos da mo. Já Brasiliana foi tão bem se conjugam e se harmonizam nas canção final. O segundo aprecomposta para o primeisenta um diálogo (clarineta e mãos privilegiadas de seus integrantes. ro concerto do Trio viola) construído sobre uma Brasilianas (Felícia Coe- Edino Krieger (junho, 2018) série de doze sons, feita sobre lho - flauta, Aynara Silva a relação acústica de sons - clarineta, e Maria Di Cavalcanti - O carioca Nestor de Hollanda Caval- com a nota sol. Há intervenções do piano). Os títulos dos movimentos - canti participa com O Sábio em Sol, piano com os diversos acordes da Flor anônima, Ao acaso e O relógio para trio e um narrador. A obra tem canção. O terceiro é rítmico e o piade ouro - são oriundos de três tex- por base a "canção sem palavras" no é quem mais trabalha. Na seção tos de Machado de Assis. A obra em- do 4º movimento, criada sobre os central os outros entram, se alterprega ato-nalismo livre, notação grá- versos de Luiz Guilherme de Beau- nando em arpejos e fragmentos mefica, técnicas estendidas e harmo- repaire, edificada sobre um único lódicos. E na seção final, depois de nia cromática. Esta versão foi espe- som e harmonizada com acordes um "descanso", volta o piano ao onde o "sol" é por vezes a funda- solo, até uma breve coda, onde tocialmente escrita para o T'Rio. 10
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LANÇAMENTO
dos estão juntos. A obra representa o "sábio" descrito no poema de Beaurepaire, cuja "sabedoria" não sai de uma mesma nota. O Trio para clarineta, viola e piano, de João Guilherme Ripper, remete à forma sonata com dois temas de características diversas que se contrapõem no decorrer de todo a obra. O primeiro, de contornos líricos, culmina numa longa transição que prepara a entrada do segundo tema rítmico e sincopado, apresentado na viola acompanhada pelo piano, logo respondidos pela clarineta. O extenso desenvolvimento traz episódios de 12
atmosferas diversas, com melodias baseadas no material apresentado na exposição. Outros temas são derivados dos principais e integram-se à seção. Segue-se a reexpo-sição, onde a harmonia tonal é levada aos extremos do cromatismo e a unidade da obra é garantida apenas pelos motivos dos temas principais presentes nas diversas passagens. Por fim, o compositor Ricardo Tacuchian participa com seu Trio das Águas, escrita em 2012, uma de suas muitas obras com inspiração ecológica. Sua abordagem, predominantemente poética, ainda que com
viés ecológico, traz no primeiro movimento, "Águas Do Mar", alternâncias entre o mar revolto e calmo. "Águas Dos Rios", o segundo, não retrata rios caudalosos, mas rios sensuais e, às vezes, misteriosos, correndo no meio das florestas. Por fim, "Águas Da Chuva" representa a grande dívida de nossa sobrevivência com a Natureza. A obra, estreada pelo Terra Brasilis Trio, em 2013, no Mosteiro de São Bento de Vinhedo, SP, foi baseada no Sistema-T, uma ferramenta de controle de alturas criada pelo compositor no final dos anos 1980.
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Elias Nogueira
SHOWS E LANÇAMENTOS
Moraes Moreira
"Ser Tão" novo disco do cantor e compositor baiano eliassnogueira@gmail.com
Se a Música Popular Brasileira fosse uma cidade, Moraes Moreira seria aquele caminhante que passa por todos os bairros, cruza todas as ruas, vira em todas as esquinas e, por onde anda se sente em casa, isso ele mostra em "Ser Tão", seu novo álbum. Todas as músicas foram assinadas por Moraes e, a única em parceria foi "Nas paradas", a qual dividiu com o amigo Armandinho, do emblemático grupo A Cor do Som (grupo brasileiro de músicos que o acompanhava após a sua saída dos Novos Baianos - no inicio de sua carreira solo. A Cor do Som, posteriormente, independente, fez grande sucesso e está em plena atividade até 14
hoje). O disco "Ser Tão", lançado pelo Selo Discobertas, foi produzido pelo próprio Moraes Moreira em parceria com o guitarrista Alexandre Meu Rei - integrante de sua banda. Nas nove faixas do CD o cantor dá pista que sua principal influência vem do cordel, mas fica à vontade para passear, e não se importa o caminho for de afoxé carnavalesco ou de um arrasta-pé junino numa cadência de samba ou na divisão de uma balada urbana, blues rock. O importante é que todas, absolutamente todas, vêm com a marca registrada de um compositor que sempre foi certeiro em suas colocações.
A música de abertura, "Sambadô", traz a energia do Recôncavo Baiano. Na segunda faixa desse trabalho de Moraes Moreira, o artista afirma que se transformou "De cantor pra cantador"; "O nordestino do século" declamação - faz uma homenagem a Luiz Gonzaga, "Rei do Baião"; "I'm the captain of my soul", single lançado antes do CD completo, me deixou impressionado por ser uma canção bem ao estilo do ex-Beatle George Harrison. Não sei se foi inspiração para ele, mas que é uma linda canção não há dúvidas. "Ser Tão" é a essência de tudo que o disco propõe em sua versatilidade sonora, e ainda mostra um Moraes, cantor ou cantador, em
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Fotos e texto Elias Nogueira
SHOWS E LANÇAMENTOS
ambos os casos, onde ele é mestre. O resultado pode ser conferido nas plataformas digitais ou em todas as lojas do ramo de CDs físicos. O show de lançamento de "Ser Tão" aconteceu em 23 de agosto no SESC Ginástico, Rio, com casa cheia. Nele, Moraes Mo-reira apresentou músicas do disco novo, na primeira par-
go e parceiro Luiz Galvão, músicas para o CD comemorativo dos 50 anos de carreira dos Novos Baianos, sem data definida, e nesse hiato cuida da carreira solo.
te do evento e na segunda metade tocou vários sucessos e levou o público ao delírio. Segundo informações, Moraes Moreira está fazendo, com o ami-
"Ser Tão" - as faixas 1. Sambadô / Deixa o pé no chão 2. De cantor pra cantador 3. Origens 4. I'm the captain of my soul 5. Amor e arte 6. Evolução 7. O nordestino do século (declamação) 8. Nas paradas (c/ Armandinho) 9. Alvorada dos setenta (declamação)
Getúlio Côrtes (80 anos), com Roberto Frejat, Teatro Rival, RJ (04/09/18) lançando seu primeiro disco "As Histórias de Getúlio Côrtes" (Discobertas/Super Discos).
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Alberto Guimarães
DIRETO DE PORTUGAL
OS DISCOS PARA ALÉM DA MÚSICA O assunto das linhas que se seguem referese às capas de discos e à relação discos-outras artes. A música gravada está num processo de desmaterialização já avançado e hoje em dia a música serve-se dos computadores e smartphones como meios privilegiados para fazer-se chegar até nós. De alguma forma a música permanece, nas suas novas formas de difusão, numa intensa analogia simbiótica com a componente visual, designadamente através do vídeo, este hoje de acessível produção. Mas a indústria discográfica legou-nos um histórico rico de conexão e diálogo entre o design e as artes enquanto as capas embalavam discos de vinil, CD’s ou cassetes. Uma história que apesar de tudo teima em continuar, ainda que de modos quase residuais. O ponto de partida para esta matéria foi a exposição itinerante "Música e Palavras - Obras da Coleção de Serralves", que vimos no Museu Municipal de Espinho, no norte de Portugal. A exposição está ainda patente até dia 6 de outubro, e "apresenta trabalhos que testemunham o interesse de artistas visuais nas últimas cinco décadas pelos universos da música, do som, da palavra dita", como escreve no catálogo Ricardo 18
Nicolau, Adjunto do Diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto. Aponta ainda Ricardo Nicolau: "A aproximação a estes mundos serviu-lhes para saírem do contexto estrito da história das artes visuais e de produzirem obras que se inspiram na vitalidade da música, nomeadamente na música rock. Evidência desta relação entre música e artes visuais são as capas de discos de vinil também apresentadas nesta exposição. Criadas por artistas visuais, foram responsáveis pela circulação massiva de imagens produzidas por nomes tão famosos como Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Barbara Kruger, Keith Hering ou Mike Kelley". Afinal, "Música e Palavras: Obras da Coleção de Serralves" define-se como uma exposição que exibe "um percurso dentro da Coleção de Serralves por peças criadas em diferentes contextos históricos e geográficos, mas que se relacionam entre si, pela incorporação da experiencia do som no seu discurso visual e conceitual". Para isso são mostradas obras de Vasco Araújo, Dara Birnbaum, Luís Paulo Costa, Luisa Cunha, João Paulo Feliciano, Dan Graham, Ricardo Jacinto, Tony Oursler, Tone Scientists, Rui Toscano, Pedro Tudela. Para cumprir o seu intento, "Músi-
ca e Palavras" mostra então incursões de artistas plásticos nos domínios das capas de discos. De Andy Warhol é exibida uma das capas mais icónicas dos Rolling Stones, a do álbum "Sticky Fingers" (1971). Uma capa bem adequada ao cariz da banda. Sexualmente mais explícita não poderia ser a peça, vendo-se uns jeans justos, desde o cinto até acima dos joelhos. As primeiras edições do disco incluíam um ziper que o ouvinte ou a ouvinte podiam abrir. O verso do disco mostrava a parte correspondente traseira. As fotografias, em alto-contraste, eram também de Andy, uma das figuras de proa da Pop Art. Sexo, drogas e outros excessos estavam já presentes noutro disco com capa de Andy Warhol: o álbum de estreia dos Velvet Undergound. Os VU foram lançados sob a égide de Andy, que produziu o disco e impôs a participação, como vocalista em algumas faixas, de Nico, amiga do artista. O disco, que incluía "Sunday Morning" e "Heroin", passou a ser conhecido como "álbum da banana", pois mostrava diagonalmente um desenho de uma banana. E a assinatura de Andy. As rodelas de 78 rotações por minuto que circulavam no alvor da indústria discográfica, durante as primeiras décadas do século 20, eram embaladas em papel com tons próximos do cinzento, incluindo mensagens escritas e gráficas da gravadora sem aludir ao artista ou músicas do disco. Esses envelopes apresentavam uma abertura que mostrava o selo do disco, identificando assim as obras e os artistas
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DIRETO DE PORTUGAL gravados. As capas dedicadas especificamente ao artista registado, já circulavam na década de 40. Mas foi nos anos 50, pode-se afirmar, que as capas começaram a ter forte importância num relacionamento assimilador entre som e visual, dentro de um projeto conceitual. Nesses anos 50, uma gravadora desenvolveu uma marca de design com um entendimento da capa como manifesta abordagem artística e integrada no processo ousado, inovador, prospetivo, dos músicos de jazz de então. Foi a estadunidense Blue Note Records. Vários designers cooperaram para tal, mas grande e contínuo contribuidor foi o fotógrafo Francis Wolff. Exemplos disso são as capas do álbum "Round About Mid-night", de Kenny Dorham (1956) e "Star-Bright", de Dizzy Reece (1959). Note-se que Andy Warhol chegou a trabalhar como freelance para a Blue Note Records. Em termos de congruência artística, arrojo e inovação, pode ser traçado uma linha paralela entre a Blue Note Records e o trabalho desenvolvido nos anos 80 pela britânica Factory Records, de Manchester. Não olhando para os orçamentos, criadores individuais ou coletivos como Peter Saville, Central Station Design ou 8vo, tiveram ali oportunidade de pesquisar processos e materiais novos na aplicação de capas de discos. A maneira de conceber da Factory Records, com as suas capas de grande depuração visual, sem ornatos, pode ser encontrada em "Movement", dos New Order (1981), álbum de estreia da banda criada por anteriores elementos dos Joy Division, após a 20
morte do vocalista Ian Curtis. O universo das capas de discos está abarrotado de citações de outras capas (por vezes plágios) e de referências (ou inclusão) a obras de arte. Algo de inevitável quando, de algum modo se faz o encontro de arte, design e marketing. As capas de discos são elementos, sinais aos quais precisa estar atento quem quer verdadeiramente conhecer a música e os processos nela envolvidos. Um exercício: comparar as capas do icónico "Songs For Young Lovers", de Frank Sinatra (1954) e o brasileiro "O Tango na Voz de Nelson Gonçalves" (1956). No Brasil há um exemplo notável de inovação e nexo no domínio das capas de discos. Trata-se do trabalho de Cesar Vilela. A bossa nova, no final dos anos 50, início dos anos 60, reformulou esteticamente a música popular, no culminar de todo um processo criativo que vinha a acontecer na música brasileira e associável claramente a vivências sociais, políticas e de outras modalidades artísticas coevas. As capas dos discos pediam também novas harmonias visuais que Cesar Vilela bem soube desenhar nos invólucros do vinil da gravadora Elenco. Abandonando a Odeon em 1962, Aloysio de Oliveira coloca um banqui-
nho e um violão prontos para o selo Elenco. Aloysio leva da Odeon para a Elenco Cesar Vilela que ali produzirá capas adequadamente bossanovísticas, numa economia cromática, numa dissonância na composição gráfica. Num ritmo de modernidade. Veja-se a capa de "Vinicius & Odette Lara (1963). Em Portugal os discos de vinil começaram a ser fabricados em meados da década de 50. A indústria discográfica portuguesa querendo estabelecer uma relação visual com a música, também soube criar excelentes capas, utilizando igualmente nessa comunicação a colaboração de fotógrafos e outros artistas. Amália Rodrigues lançou em 1962 um disco excepcional entre todos os seus excepcionais discos. Trata-se da obra em que Amália fez sair a público um novo e diferente compositor: Alain Oulman. O disco não tem título mas é conhecido por "Busto" pois expõe na capa um busto de Amália, esculpido por Joaquim Valente e fotografado por Nuno Calvet. A imagem esculpida de Amália, compenetrada no seu cantar, é tão forte, o poder de transmissão da imagem tão grande, que o nome da cantora aparece em dimensões pequenas. Voltaremos a este tema da conformidade músicaoutras artes, assunto inesgotável e que, no tempo atual, além do interesse historicista, pode dar bons contributos de reflexão a quem se envolve com música.
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PatrĂcia Rodrigues
Robson Candêo
robson.candeo@uol.com.br
LANÇAMENTOS
MUSICANDO
Fantastic Negrito é um cantor norte-americano que lançou o álbum Please Don't Be Dead, com um blues/rock que me surpreendeu pelas grandes músicas.
Com um ritmo dançante muito bom, a dupla Chromeo, lançou o álbum Head Over Heels, no melhor do (como eles mesmo chamam) electrofunk, que me fez relembrar muito a cena disco dos anos 70.
Vendo o sucesso de Bebe Rexha, tem-se a impressão que é mais mídia do que talento, mas ouvindo o álbum Expectations, dá para entender que o sucesso tem motivo, pois tem ótimas canções para a cena pop.
Love Monster é o primeiro álbum da cantora australiana Amy Shark que traz um ótimo som indie e vale a pena conferir mesmo.
EP Raw da jovem norueguesa Sigrid vem com somente 5 canções, suficientes para mostrar que seu caminho pode ser brilhante?
Já os roqueiros da banda Panic at The Disco, lançaram Pray For the Wicked, um álbum muito bom, com grandes canções e com boas chances de futuros hits de sucesso. E a banda DNCE que fez muito sucesso no álbum
de lançamento vem agora com People to People com a mesma fórmula pop para alegria do fãs.
Florence + The Machine é daquelas bandas alternativas que se destacam das demais e um dos motivos é a grande voz de sua vocalista e as belas melodias das canções, que podem ser conferidas no CD High as Hope. O vocalista do The Who,
LANÇAMENTOS Já o novo álbum do grupo Own City - Cinematic, é digno de elogios com um synthpop de primeira, ótima musicalidade com canções que podem virar grandes hits. Roger Daltrey está com seu novo trabalho solo As Long As I Have You que é bem legal para fãs da banda e do cantor e também de um ótimo rock.
E que legal esta o álbum Wildness da banda Snow Patrol, com um rock alternativo que vale a pena conhecer.
conhecer com um pop romântico de primeira. Confesso que sou fã da banda gaúcha Nenhum de Nós, mas não é só por isso que recomendo o EP Doble Chapa que traz 5 músicas com boas participações e alCom grande influência gumas em espanhol. das bandas new wave e Recomendo. eletrônicas dos anos 80, a banda CHVRCHES lançou Love is Dead, com músicas bem legais e que hoje classificamos como synthpop.
O Tempo Não Pára e Eu Sei. Fãs da nossa banda de forró mais famosa podem comemorar o lançamento do álbum Falamansa 20 Anos: Ao Vivo, Entre Amigos, Na Vila de Itaúnas com todos os seus sucessos e muito mais.
E um dos nossos roquei- Saulo Duarte, lança ros mais antigos, o eter- Avante Delírio", contenno rebelde Lobão, lan- do o single (já sendo çou um EP intitulado Lo- executado nas rádios e bão e os Eremitas Da plataformas dig.) "Flor Montanha com 5 clássi- do Sonho". Gravadora Já a britânica Lily Allen, cas do nosso rock como YB Music. dona de grandes hits Robson Candêo escreve para o blog pop, lançou No Shame www.blurayedvdmusical.blogspot.com/, siga sua que vale muito a pena playlist na Apple Music no perfil @rcandeo
TRADIÇÃO E MODERNIDADE 72 ANOS DEDICADOS AO DIREITO AUTORAL
Nido Pedrosa
MERCADO MUSICAL
Banda Víruz Contaminando Responsabilidade Social
A Banda Víruz lança no mercado seu primeiro trabalho, o CD Contaminando Responsabilidade Social. O grupo foi criado há 15 anos e é formado pelo cantor de Hip Hop Dom Pablo, o guitarrista Riva Le Boss e o baixista Márcio Lemos. O som tem como base o Hip Hop e a Soul Music com elementos de outras sonoridades da música brasileira e americana, como o Coco, Maracatu, Rock, Pop, Música Eletrônica, entre outros. Com este contexto musical, os artistas apresentam letras com mensagens focadas na nossa realidade social e desta forma, mergulham na possibilidade de uma renovação do Hip Hop, porque seguem experimentando uma
buco. Perguntamos ao vocalista da banda Dom Pablo, qual a responsabilidade da Viruz diante do atual cenário musical, político e social brasileiro, ele nos responde: "A Banda Viruz tem como responsabilidade de expressão seguir uma linha altruísta que revela as falhas que o sistema apresenta às classes. Cumpre ainda seu papel social de forma coerente com seus princípios ideológicos, usando a sua música como instrumento maior de comunicação para atingir todas as camadas sociais, com uma abordagem diferenciada para as questões Marcio Lemos Político-sociais da atuaDom Pablo lidade, promovendo uma e Riva Le Boss releitura de todas as relações conflituosas que viofusão de sons com elementos de lam o pleno direito à cidadania. Nós várias tradições musicais. O proje- da Banda Viruz, promovemos atrato ainda contempla uma releitura vés das nossas músicas e deste dessas sonoridades mantendo os traços primordiais da cultura urbaParticipação na da música de rua e da tradicioEspecial de Isabela nal cultura musical pernambucana, de Holanda mostrando também o perfil de novos intérpretes e compositores que compõem esse cenário artístico! Nos anos de 2008 e 2009 a Banda Víruz foi premiada no Festival Black Mix e no Festival RPB - Rap Popular Brasileiro, sendo este último um festival promovido no Rio de Janeiro pela CUFA - Central Única das Favelas em parceria com a Rede Globo, onde a Banda foi representando o Estado de Pernam-
(11) 3326 3809
MERCADO MUSICAL Nira Santos, Felipe Maia, Riva Le Boss, Dom Pablo, Márcio Lemos
novo trabalho, um movimento de protesto para conscientização social." finaliza o cantor. A Banda Víruz além de ser formada pelo vocalista Dom Pablo, o guitarrista Riva Le Boss e o baixista Márcio Lemos, ainda tem as participações de Nira Santos na Bateria, Felipe Maia nos Teclados e Isabela de Holanda nos vocais. Em 2017 a Banda fez o lançamento do primeiro CD oficial "Contaminando Responsabilidade Social" com selo independente, distribuído pela TRATORE. Recente-
Show Banda Víruz no FIG 2018
mente também lançou nas redes sociais o Clipe: Na Cara (É Como Bala) produzido e dirigido por Edson Alves. O CD da Banda Víruz tem a seguinte ficha técnica: Produção executiva: Dom Pablo (A Cara Daqui Produções); Produção fonográfica: Riva Le Boss; Designer Cd: Rodrigo Souza; Técnicos de gravação e Mixagem: Marcílio Moura; Masterização: Pablo Lopes; Fotos: Alexandro Abbadie Auler, Michelle Souza e Sérgio Boi; Arregimentação: Riva Le Boss; Direção
musical: Riva Le Boss; Arranjos: Banda Víruz; Arranjo de metais na música "Aumentando Tudo" Henrique Albino (sax). O CD Contaminando Responsabilidade Social - Banda Víruz está disponível para download e Streaming em várias Plataformas Digitais, entre elas: Submarino, Spotify, Google Play, Deezer, Americanas.com Acessem! Contatos para shows: E-mail: bandaviruz@gmail.com Tel.: (81) 99608-0078 (Whatsapp)
Robert Plant 70tão
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Nascido em 20 de agosto de 1948, em West Bromwich, Staffordshire, Reino Unido, Robert Anthony Plant , o lendário vocalista da banda Led Zeppelin, completou seus 70 aninhos. O artista que já foi considerado como um dos maiores cantores da história do rock and roll teve sua inspiração inicial (quando garoto) em Elvis Presley. Mais tarde, na fase da adolescência, o blue de Willie Dixon e Robert Johnson fizeram-lhe a cabeça e o garoto partiu para os palcos com apenas 16 anos de idade. Deu no que deu, né? O Led Zeppelin se eternizou. Parabéns vovô!
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