TFG - Arquitetura e Urbanismo - A Rua Pedro Ernesto, Um Centro de Interpretação dos Pretos Novos.

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A RUA PEDRO ERNESTO

Um Centro de Interpretação dos Pretos Novos FUNDAMENTOS PARA O TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO JHÉSSICA MARTINIANO DUARTE BARBOSA 2016


Universidade Estácio De Sá Curso de Graduação Arquitetura e Urbanismo

JHÉSSICA MARTINIANO DUARTE BARBOSA

A Rua Pedro Ernesto, Centro de Interpretação dos Pretos Novos

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharela em Arquitetura e Urbanismo.

Rio de Janeiro 2016


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Dedico esta obra a Deus, que me amparou e guiou meus passos para a chegada deste momento e a minha amada mãe, Patricia Duarte da Silva, meu porto seguro, minha heroína, que esteve presente ao meu lado em todas as batalhas diárias que resultaram neste trabalho final de graduação. Também a todos que fizeram essa árdua trajetória mais alegre e leve, meus companheiros de arquitetura e vida, Rafael Costa e Ernandes Filgueiras.


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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Leonardo Hortêncio, por todo esclarecimento, atenção e dedicação. À minha Mestre Helena Karpouzas, pelo incentivo às pesquisas e investigações na arquitetura, e guiar o meu olhar para fora do senso comum. Ao grupo de Docentes que fizeram parte da minha formação, Tanya Argentina Collado, Helga Santos e Carlos Murdoch, por todo empenho em transmitir cultura, os melhores ensinamentos e o empenho de formar os melhores profissionais.


Resumo.

O tema deste Trabalho Final de Graduação, o Centro de Interpretação dos Pretos Novos, conta uma parte da história que está e n t e r r a d a na região da Gamboa, no Rio de Janeiro. Os j o v e n s a f r i c a n o s cativos que chegavam a nossa cidade, devido às condições insalubres da viagem e aos maus tratos, morriam logo após o desembarque ou assim que o navio adentrava na Bahia de Guanabara. Devido às investigações do solo na localidade da Gamboa, encontrou-se um s í t i o a r q u e o l ó g i c o com a ossadas predominantes de jovens entre 18 a 25 anos, 12 a 18 anos e crianças de 03 a 10 anos de idade, os denominados ‘ P r e t o s N o v o s ’ eram em maioria do sexo masculino. Seus ossos foram encontrados junto à lixos cotidianos. Para historiadores e arqueólogos, este “achado” serve não apenas para contar uma triste história real, mas também para estudar o comportamento da sociedade no período colonial no Rio de Janeiro. Esta obra tem como objetivo “ d e s e n t e r r a r ” uma importante parte da história do Rio de Janeiro, contando-a através de um Centro de Interpretação que contemplará o estreitamento entre o passado e a sociedade, oferecendo cultura, pesquisa e conhecimento sobre a história da Cidade.

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Abstract.

The theme of this Final Project Graduation, the Interpretation Centre of the New Black says a part of history that is b u r i e d in the Gamboa region of Rio de Janeiro. The captives y o u n g A f r i c a n s who came to our town because of the unsanitary conditions of the journey and illtreatment, died soon after landing or so the ship entered through the Guanabara Bay. Because of soil investigations in the town of Gamboa, met an a r c h a e o l o g i c a l s i t e with the predominant young bones from 18 to 25 years, 12-18 years and children 03-10 years old, socalled ' B l a c k N e w ' were in most male. His bones were found by the daily waste. For historians and archaeologists, this "finding" is not just to tell a sad true story, but also to study the behavior of society in the colonial period in Rio de Janeiro. This work aims to " d i g u p " an important part of the history of Rio de Janeiro, telling it through an Interpretation Centre which will include the narrowing between the past and society, offering culture, research and knowledge about the history of the city.

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SUMÁRIO

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A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1 – Caracterização do Lugar. 1.1 Localização e História 1.2 Histórico de Transformação Territorial. 1.3 Levantamentos Atuais.

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13 13 21 35

CAPÍTULO 2 - Centros de Interpretação. 49 CAPÍTULO 3 – Estudos de caso. 59 Referência Arquitetônica. 60 Referência Programática. 64

CAPÍTULO 4 – A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos . 67 4.1 Condicionantes Legais. 70 4.2 Condicionantes Ambientais. 72 4.3 O Programa. 74 4.4 O Conceito. 76 4.5 A Proposta. 79 4.6 O Partido. 85 BIBLIOGRAFIA 90



INTRODUÇÃO

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A História dos Pretos Novos

“ A existência do Cemitério dos Pretos Novos estava ligada ao funcionamento do intenso tráfico negreiro no fim do século 18 e início do século 19. O campo santo só existiu porque havia uma demanda muito grande por um locar onde enterrar a cada ano um número cada vez maior de escravos recém-chegados ao Brasil. Os sepultamentos eram feitos de forma precária, com corpos mal enterrados ou amontoados no centro do terreno para serem queimados nos fins de semana. Depois, os restos calcinados eram retirados de suas covas rasas para darem lugar a outros sepultamentos, em uma espécie de rodízio macabro.” Júlio Cézar Medeiros da Silva Pereira, autor do livro ‘À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de janeiro, Editora Graymond.


O Sítio Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, no Rio de Janeiro é um achado se suma importância para a história da cidade. Mesmo sabendo-se da existência de um lugar estipulado para o sepultamento das pessoas que eram trazidas do Continente Africano, que morriam após o desembarque no Cais do Valongo, maior porto de desembarque de cativos do mundo, não era conhecida exatamente sua localização. Em 1996, Ana de la Merced Guimarães e seu marido Pretuccio do Anjos resolveram reformar sua moradia, localizada na Rua Pedro Ernesto, conhecida entre meados dos séculos XVIII e XIX como ‘Caminho do Cemitério’, número 34/36, no bairro da Gamboa, nesta cidade. Para investigações do solo e estrutura existente, foram feitas perfurações em algumas partes da residência. Através destas, foram encontrados uma grande quantidade de ossos humanos, juntamente com outros de fragmentos de lixo urbano. Os proprietários entraram em contato com o Departamento Geral do Patrimônio Cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro, que logo fizeram a coleta de material e enviaram ao Laboratório de Antropologia Biológica do Instituto de Arqueologia Brasileiro, após as pesquisas realizadas, o local foi identificado como o antigo ‘Cemitério dos Pretos Novos (1770 a 1830)’.


O casal optou por não residir no local, dando preferência a utilização do edifício para uma modesta organização sem fins lucrativos onde é possível ter acesso a parte materiais arqueológicos encontrados nas escavações. Porém sem indiscutível a necessidade de outras escavações, é grande a ocupação de edificações do entorno, e diversas pessoas ainda residem sobre o antigo cemitério.

“Ele funcionou de 1772 a 1830 no Valongo, faixa do litoral carioca que ia da Prainha à Gamboa. Funcionara antes no Largo de Santa Rita, em plena cidade, próximo de onde também se localizava o mercado de escravos recém-chegados. O vice-rei, marquês do Lavradio, diante dos enormes inconvenientes da localização inicial, ordenou que mercado e cemitério fossem transferidos para o Valongo, área então localizada fora dos limites da cidade. O Valongo entrou, então, para a história da cidade como um local de horrores. Nele, os escravos que sobreviviam à viagem transatlântica recebiam o passaporte para a senzala. Os que não sobreviviam tinham seus corpos submetidos a enterro degradante. Para todos, era o cenário tétrico do comércio de carne humana.” Júlio Cézar Medeiros da Silva Pereira, autor do livro ‘À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro, Editora.

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CAPÍTULO 1

CARACTERIZAÇÃO DO LUGAR LOCALIZAÇÃO E HISTÓRIA



16 Caracterização do Lugar

Localização e História

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Localizado próximo aos bairros da Saúde, Santo Cristo e Centro na Cidade do Rio de Janeiro, o bairro da Gamboa faz parte de uma das regiões mais antigas da cidade, possuindo diversos edifícios tombados do século XIX e sítios históricos, o lugar guarda boa parte da história do início da ocupação da Cidade. O bairro, que antes contava com uma linda praia onde residiam alguns pescadores, leva esse nome devido a uma armadilha que os mesmos faziam para pegar peixes, ‘as gamboas’’. A Gamboa, embora fosse conhecida como área vizinha e encostada no bairro da Saúde, somente surgiu oficialmente no ano de 1981, como um desmembramento do Bairro da Saúde. Atualmente conta com diversas áreas degradadas e vazios urbanos, prédios antigos deteriorando-se e muito abandono. Porém, o bairro da Gamboa está incluso na Área de Especial Interesse Urbanístico do Porto Maravilha, programa que gerou um projeto de revitalização para as áreas abandonadas já citadas, gerando interesse e valorização ao bairro.



18 Caracterização do Lugar

Localização e História

18

No bairro da Gamboa fica localizada a Rua Pedro Ernesto, uma rua que guarda uma triste parte história do Rio de Janeiro. Nesta rua foram encontradas ossadas humanas, que após pesquisas feitas por arqueólogos e historiadores entenderam que se tratava de um sítio arqueológico de grande importância, porém seu limite não é conhecido. Tratava-se do antigo Cemitério dos Pretos Novos, o cemitério onde eram lançados os corpos dos jovens negros que faleciam logo após a chegada em nossa cidade. A Rua Pedro Ernesto era conhecida como ‘Caminho da Praia’, por conectar as águas do Valongo e Gamboa, logo após passou a chamar-se ‘caminho do cemitério’, depois ‘Rua da Harmonia’, uma tentativa de apagar os fatos que aconteceram no local, e depois finalmente ‘Pedro Ernesto’, prefeito da cidade por volta dos anos de1930.


Após os primeiros achados na Rua Pedro Ernesto, a Prefeitura do Rio criou um Decreto onde é instituído um grupo de pesquisa constituído por arqueólogos e historiadores para investigar o local. Ainda em pesquisa, não se sabe a dimensão do cemitério dos pretos novos, porém nas escavações, além de ossada humana, também foram encontrados lixos comuns, como restos de louça, peças domésticas e acessórios utilizados pelos africanos. Isso demonstra que no cemitério era depositado tudo o que não tinha importância para a sociedade da época, e como os africanos que morreram antes de se tornarem escravos tinham a mesma importância de qualquer lixo cotidiano, eram ali lançados em covas rasas, um sobre os outros para serem incinerados.


Caracterização do Lugar

Localização e História As escavações aconteceram em favor da pesquisa arqueológica mas também para as instalações do novo transporte público urbano, o VLT, que teve por muitas vezes sua obra paralisada por conta achados históricos. Assim, aguardavam a liberação do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), para dar continuidade no traballho. Também foram encotrados objetos pré-históricos, como ‘samaquis’, que são vestígios de um povo que viveu em vários lugares do Brasil antes da chegada dos portugueses, de alimentavam de moluscos (geralmente conchas), em tão grandes quantidades que formavam grandes montanhas desse material.

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CAPÍTULO 1

CARACTERIZAÇÃO DO LUGAR HISTÓRICO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL


GEOGRAFIA Lagos e Lagoas Pântanos Rios e Córregos Características do Solo

URBANIZAÇÃO Limites de Áreas Construções Aterros Quarteirão Parques Cemitérios Estradas e Ruas Estações Canalização de Água Armazenamento e distribuição de água Lagos e Lagoas

Rio de Janeiro, 1500.


Caracterização do Lugar

HISTÓRICO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL

Após a chegada de seus colonizadores, em 1500, em 1º de Março de 1565 foi fundada a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A cidade em sua geografia original não possuía características favoráveis à ocupação urbana. Era uma extensa planície pantanosa cercada por morros, denominados por morro do Castelo, morro de Santo Antônio, de São Bento, da Conceição e do Desterro (atual bairro de Santa Teresa), e existiam diversas lagoas. A cidade resumia-se às primeiras construções limitadas ao morro do Castelo (no mapa à direita, em destaque em vermelho), e às pouquíssimas ruas existentes na planície, sempre margeando o morro e o mar.

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Rio de Janeiro, 1565.


GEOGRAFIA Lagos e Lagoas Pântanos Rios e Córregos Características do Solo

URBANIZAÇÃO Limites de Áreas Construções Aterros Quarteirão Parques Cemitérios Estradas e Ruas Estações Canalização de Água Armazenamento e distribuição de água Lagos e Lagoas

Rio de Janeiro, 1600.


Caracterização do Lugar

HISTÓRICO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL

Entre os anos de 1600 3 1650, a malha urbana passa a se expandir entre os morros do Castelo e os morros de São Bento e da Conceição (em destaque no mapa à direita, em vermelho), os caminhos eram paralelos à praia. Surgem os primeiros grandes caminhos perpendiculares ao mar. A Ilha da madeira passa a ser ocupada e chamada de Ilha das Cobras. A Ilha de Villegainon já tinha sido ocupada por franseses. Surge a pequena capela da Candelária, no mesmo local onde se encontra até os dias atuais.

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Rio de Janeiro, 1650.


GEOGRAFIA Lagos e Lagoas Pântanos Rios e Córregos Características do Solo

URBANIZAÇÃO Limites de Áreas Construções Aterros Quarteirão Parques Cemitérios Estradas e Ruas Estações Canalização de Água Armazenamento e distribuição de água Lagos e Lagoas

Rio de Janeiro, 1700.


Caracterização do Lugar

HISTÓRICO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL Entre os anos de 1700 e 1750, a malha urbana se estendeu ainda mais, provocando o aterramento e canalização da maioria das lagoas da região. Neste momento foi aberto o caminho da praia, que ligava a praia do Valongo ao Saco da Gamboa. Anos depois este mesmo caminho seria conhecido como ‘caminho do cemitério’, e seria a região direcionada por Marquês do Lavradio para ser o novo local para o Cemitério dos Pretos novos, à pedidos da sociedade, que já não suportava o mal cheiro e impacto visual aterrorizante nas proximidades de suas residências. Para a mesma região foi direcionado o mercado de escravos, e já funcionava o Cais do Valongo, onde aportaram os navios negreiros. O cais ficou conhecido como o que mais recebeu negros cativos no mundo.

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Rio de Janeiro, 1750.


GEOGRAFIA Lagos e Lagoas Pântanos Rios e Córregos Características do Solo

URBANIZAÇÃO Limites de Áreas Construções Aterros Quarteirão Parques Cemitérios Estradas e Ruas Estações Canalização de Água Armazenamento e distribuição de água Lagos e Lagoas

Rio de Janeiro, 1800.


Caracterização do Lugar

HISTÓRICO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL Entre os anos de 1800 e 1850, a Região do Mangue (em destaque pela seta vermelha) começa a ser drenada. A cidade se expande até o atual Campo de Santana (em destaque no mapa à direita). É possível notar a diminuição da área da última lagoa que até então, ainda não havia sido totalmente aterrada. Em 1811 foi fundado o Cemitério dos Ingleses, o cemitério formal destinado aos nobres que faleciam nesta terra, é o mais antigo do Rio de Janeiro. Em 1830 o Cemitério dos Pretos Novos deixa de funcionar formalmente e passa a ser um local de uso clandestino. Por ocasião da chegada da Imperatriz Tereza Cristina, em 1843, o cais do Valongo foi reformado e rebatizado de Cais da Imperatriz. Em 1877 foi construída a Escola José Bonifácio, onde hoje funciona um Centro Cultural com o mesmo nome.

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Rio de Janeiro, 1850.


GEOGRAFIA Lagos e Lagoas Pântanos Rios e Córregos Características do Solo

URBANIZAÇÃO Limites de Áreas Construções Aterros Quarteirão Parques Cemitérios Estradas e Ruas Estações Canalização de Água Armazenamento e distribuição de água Lagos e Lagoas

Rio de Janeiro, 1900.


Entre os anos de 1900 e 1950, a Cidade do Rio de Janeiro, passou pelas mais significativas evoluções urbanas. Ainda em 1890, surgiram projetos para a construção de um porto de maior capacidade, entre a Prainha e Gamboa, um cais de 3.500m de extensão para o aporto dos navios, entre o Arsenal da Marinha junto ao morro de São Bento e a embocadura do canal do Mangue. Durante a gestão do Prefeito Pereira Passos entre 1902 e 1906, com a reforma urbana conhecida como “Bota Abaixo”, houve o Aterramento de toda área do Caju com a implantação do novo Porto do Rio de janeiro e a drenagem total da região do Mangue, Em 1905 ocorreu o desmonte do morro do Senado, cuja terra foi a base para a construção do Porto, provocando o desaparecimento das ilhas e enseadas do litoral. Nesse período houve grandes modificações urbanísticas como : • A construção da Av.Central, atual Rio Branco, ligando o porto à Av. Beira Mar e do Mangue, facilitando a comunicação com o centro da cidade; • • Construção do Jardim Suspenso do Valongo – Muro de Contenção; • Início da Construção do Túnel João Ricardo, primeiro túnel urbano que é tido como marco da engenharia; • . Destruição do Moro do Castelo (1920/22), resultando na área aterrada, dando espaço ao Aeroporto Santos Dumont. • 1940 - Enseada de Botafogo e Marina da Glória já com aterro. • 1944 – Inauguração da Av. Presidente Vargas.

Caracterização do Lugar

HISTÓRICO DE TRANSFORMAÇÃO TERRITORIAL

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Rio de Janeiro, 1950.


GEOGRAFIA Lagos e Lagoas Pântanos Rios e Córregos Características do Solo

URBANIZAÇÃO Limites de Áreas Construções Aterros Quarteirão Parques Cemitérios Estradas e Ruas Estações Canalização de Água Armazenamento e distribuição de água Lagos e Lagoas

Rio de Janeiro, 2000.


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Após 1950 alguns fatos foram muito importantes para o urbanismo carioca. • 1970 - Construção do Elevado da Perimetral que corta o Bairro; • 1974 – Inauguração da Ponte Presidente Costa e Silva (RioNiterói); • 1981 - Surge oficialmente o bairro da Gamboa como um desmembramento do bairro da Saúde; • 2000 - Presidente Vargas já inaugurada • ligando Av. Rio Branco ( antiga • Av. Central) a Francisco Bicalho; • Ampliação do aeroporto Santos Dumont com novos aterros; • Ampliação da Marina da Glória e destruição do morro de Santo Antônio. • 2013 - Os primeiros 1.050 metros do Elevado da Perimetral foram implodidos após um ano de preparativos.

Rio de Janeiro, 2012.


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CAPÍTULO 1

CARACTERIZAÇÃO DO LUGAR LEVANTAMENTOS ATUAIS


A Rua Pedro Ernesto está localizada na região administrativa RI, Área De Especial Interesse Urbanístico 37 É centro de bairro na categoria 1a, 1b, e 2, na região portuária participando da ZR2 e ZR5, no subsetor B4. Situa-se em área de proteção ambiental por fazer parte do território original da região portuária cidade do Rio de Janeiro. Possui parâmetros urbanísticos com gabarito em lc101/2009 no trecho esquerdo entre duas áreas de IAT 2,1 e 8 (até 11m), e baixa suscetibilidade. Em, Lei Complementar nº 156, de 6 de julho de 2015, Institui obrigação relativa à construção de empreendimentos comerciais e de serviços, como incentivo à produção de habitação de interesse social, à construção de equipamentos públicos e à realização de obras de qualificação urbana, e dá outras providências. Autor: Poder Executivo e, Art. 2º São objetivos da obrigação estabelecida nesta Lei Complementar I – minimizar os impactos decorrentes da implantação dos empreendimentos comerciais e de serviços no sistema viário e na infraestrutura urbana local; II – prover a região onde se encontram os empreendimentos de equipamentos urbanos e comunitários; III – viabilizar a execução de projetos e obras de qualificação do entorno dos empreendimentos; Art. 5º Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua publicação. EDUARDO PAES DO RIO de 07/07/15, Verifica-se o potencial da região em sua divisão politico-administrativa, relevando o zoneamento, área protegida, parâmetros urbanísticos e Leis Complementares de incentivo à promoção da região.


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Desapropriações e Tombamentos na Rua Pedro Ernesto Número(s)

Tipo

Legislação

Obs

DECRETO 4321

CENTRO CULTURAL JOSE BONIFACIO

96, 98, 100, PRESERVADO 102, 104, 108

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

65, 75, 77, 79, PRESERVADO 81

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

94 (CASAS I, II, III, IV, V, VI, PRESERVADO VII, VIII E IX)

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

5, 9, 15, 19, PRESERVADO 21, 23, 31, 33

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

4, 16, 18, 18A, 20, 22, 24, PRESERVADO 26, 28, 36, 40

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

89 A 95

PRESERVADO

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

43, 47, 49, 51, PRESERVADO 55, 57, 59

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

50, 54, 56

PRESERVADO

DECRETO 7351

SUB-ÁREA A - MORRO DA SAÚDE

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DEFINITIVO

DECRETO 19011

CENTRO CULTURAL JOSÉ BONIFÁCIO - 7 ESTÁTUAS

80

DEFINITIVO



Caracterização do Lugar

LEVANTAMENTOS ATUAIS Uso do Solo O Mapa de Uso do Solo, em formato generalizado, parcela o território de acordo com os usos predominantes em determinadas regiões. Nas imediações da área de projeto é predominante o uso residencial, seguido de áreas comerciais e de lazer. A Rua Pedro Ernesto ( Área de Intervenção Projetual), fica localizada na região residencial entre duas regiões de comércio e serviço. LEGENDA: Áreas Residenciais Áreas não Edificadas Áreas Institucionais e de Infraestrutura Pública Área de Educação e Saúde Áreas de Lazer Áreas de Comércio e Serviço

Cais do Porto

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Caracterização do Lugar

LEVANTAMENTOS ATUAIS

Uso e Ocupação O Mapa de Uso e Ocupação identifica os usos pontuais da área em análise. Em sua maior porcentagem, a Rua Pedro Ernesto é composta de uso misto, entre comércios como bares e restaurantes, serviços como oficina, lojas de peças automotivas e academia. Muitas edificações estão sem uso aparente e/ou degradadas.

LEGENDA: RESIDENCIAL MISTO – RESIDENCIAL E COMERCIAL/ SERVIÇOS. INDUSTRIAL CULTURAL

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Caracterização CaracterizaçãododoLugar Lugar

LEVANTAMENTOS LEVANTAMENTOSATUAIS ATUAIS

Parcelamento do Solo e Sistema Viário Este mapa identifica o tipo de divisão territorial com o contorno dos loteamentos. É possível identificar que os lotes situados no entorno da Rua Pedro Ernesto são em sua maioria estreitos e profundos. O mapa de Fluxo Viário identifica que, com as obras do porto maravilha, muitas vias foram interditadas para obras de melhorias urbanas e implantação do VLT.

LEGENDA: LOTEAMENTOS FLUXO INTENSO Á MODERADO DE VEÍCULOS FLUXO LEVE DE VEÍCULOS RUA INTERDITADA

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Caracterização do Lugar

LEVANTAMENTOS ATUAIS Transporte Público: VLT e Ônibus O VLT – Veículo Leve sobe Trilhos - em seu projeto original iria usufruir da Rua Pedro Ernesto, ignorando toda sua importância histórica e arqueológica. A proposta seria transferir os trilhos da Rua Pedro Ernesto para a Rua do Livramento. Em projeto, o trajeto que utiliza a área de projeto funciona como linha local, de baixo fluxo, possuindo apenas um trilho para a passagem do carro do VLT.

LEGENDA: Trajeto do VLT Original Estações do VLT Originais Paradas de Ônibus

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Caracterização do Lugar

LEVANTAMENTOS ATUAIS Situação Turística e Cultural. Localiza os equipamentos de maior importância e relevância do entorno. A região da Gamboa é cercada de edifícios culturais, históricos e de grande movimentação festiva, como a cidade do samba e casas noturnas, o mapa ao lado demostra o grande potencial da área para lazer e histórico cultura. LEGENDA: Bar, Restaurante

E.I.A.*

Casa Noturna

Mirante

Centro Cultural

Monumento

Cinema, Teatro

Museu

Hospedagem

Painéis, Artes

Espaço Religioso

Parque / Praça Sítio Histórico

Tombado pelo Município Tombado pelo IPHAN Tombado pelo INEPAC

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CAPÍTULO 2

CENTROS DE INTERPRETAÇÃO


O Centro de Interpretação é uma arquitetura que faz a releitura de um museu convencional. Ela interpreta as características do lugar onde será inserida e deriva de suas condicionantes, sejam elas geográficas, geométricas, históricas, materiais e outras demais que forem pesquisadas e identificadas. O museu tradicional em geral funciona em um edifício genérico, em um prédio histórico ou construído para tal fim e possui um programa de usos baseado em administração, espaços expositivos e salas para espetáculos. O programa e a arquitetura de cada centro de interpretação e particular, ambas giram em torno de um tema já existente do local, porém em geral contam com espaços para pesquisa, promoção da arte característica, memorial relacionado ao tema e locais para exposição de acervo fixo e temporário.

a) O Centro de Interpretação

M a p u n g u b w e

b) O Centro de Interpretação

d a B a t a l h a A t o l e i r o s

c) O Centro de Interpretação

d o Os seguintes exemplo demostram como esta arquitetura pode interpretar o lugar.

.

P a m p a

d o s


CENTROS DE INTERPRETAÇÃO

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C E N T R O D E I N T E R P R E TA Ç Ã O M A P U N G U B W E . Localização: Parque Nacional Mapungubwe, fronteira norte da África do Sul . Projeto: Escritório Peter Rich Arquitetos. Esta arquitetura conta a história do lugar, que por volta dos anos 1200 e 1300 d.C, vivia em fartura e prosperidade. Quando ocorreu o período de decadência, a área ficou desabitada por séculos até sua redescoberta em 1933.

sistema construtivo nativo - materialidade - inserção na paisagem


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C E N T R O D E I N T E R P R E TA Ç Ã O D O PA M PA Localização: Jaguarão, Rio Grande do Sul. Projeto: Escritório Brasil Arquitetura. Os Pampas, como são chamados os campos sulistas brasileiros, é um bioma carregado de história e miscigenação de cultura indígena, africana e ibérica, que resultaram no povo gaúcho. O nome ‘pampa’ significa planície, porém, a região que foi palco da guerra da Guerra do Paraguai entre Brasil, Paraguai, Argentina e logo após o Uruguai, conta com serras, morros rupestres, coxilhas, dunas e manchas de areia.

preservação

discrição

valorização da paisagem existente


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C E N T R O D E I N T E R P R E TA Ç Ã O D A B AT A L H A D O S AT O L E I R O S . Localização: FRONTEIRA, POTUGAL. Projeto: Gonçalo Byrne Arquitectos, Oficina Ideias em Linha Arquitectura e Design. Este equipamento cultural foi criado para interpretar a batalha ocorrida no dia 6 de Abril de 1384, dada a sua importância no contexto das lutas entre o reino de Portugal e Castela. Construído num lugar com grande visibilidade que faz referência a um campo de batalha, sua forma remete a vitória dos soldados de Portugal, que possuíam aproximadamente 300 soldados (volume mais curto), contra o exército de Castela(volume mais extenso). A materialidade do edifício também remete as cores terrosas características do lugar.

paisagem

representação da história

lugar e edifício


Centro de Interpretação



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CAPÍTULO 3

ESTUDOS DE CASO


Estudos de Caso

REFERÊNCIA ARQUITETÔNICA

Arquitetos MI5 Arquitectos , PKMN Localização Plaza de Domingo Gascón, Teruel, em Aragão, Espanha; Ano de Projeto 2012


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Estudos de Caso

REFERÊNCIA ARQUITETÔNICA

Arquitetos Nieto Sobejano Arquitectos Localização Graz, Áustria Ano de Projeto 2011


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Estudos de Caso

REFERÊNCIA PROGRAMÁTICA

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Arquitetos Rua Arquitetos Localização Serrinha, Madureira – RJ – Brasil. Ano de Projeto 2013


66 AUDITÓRIO/CINEMA REZA

PÁTIO INTERNO

ESTÚDIOS

MIDIATECA SANITÁRIOS/VESTIÁRIOS REFEITÓRIO

MULTIUSO LOJAS, LANHOUSE E SALÃO AFRO FOYER E EXPOSIÇÕES

VARANDÃO

SALA DE AULA

TERREIRO

ADMINISTRAÇÃO

A Casa do Jongo é um lugar de preservação da cultura trazida pelo povo africano da época da escravatura. O ‘jongo’ é uma dança típica que graças ao espírito festivo dos moradores da Serrinha em Madureira e a consciência da importância de se preservar a cultura negra formaram esse núcleo de famílias-artistas. As ladainhas, os blocos de carnaval, os pastoris, as casas de umbanda, o samba de partido-alto, o calango e o jongo da Serrinha ficaram famosos, atraindo a visita de intelectuais, políticos e artistas do outro lado da cidade para suas rodas de samba, festejos, umbandas e candomblés. Este equipamento cultural, por se tratar de um órgão de preservação da cultura negra no brasil, possui um programa de atividades que servirá como referência para o Centro de Interpretação dos Pretos Novos.


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CAPÍTULO 4

A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS


A RUA PEDRO ERNESTO Um Centro de Interpretação dos Pretos Novos A proposta da Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos é proporcionar à cidade uma oportunidade de conhecimento de sua própria história e investir em investigações sobre o tema através de uma arquitetura contemporânea que reúna arte, cultura, história e pesquisa. Após os vestígios arqueológicos achados sob a residência de Ana de la Merced Guimarães e as obras milionárias de requalificação da Região Portuária do Rio de Janeiro, que trouxeram à tona o Cais do Valongo ( local de aporto dos navios negreiros), e outros vestígios do período colonial carioca, é perceptível a busca apressada pelo progresso e a negligência ao passado. Porém, qualquer decisão à ser tomada em relação ao Sítio Arqueológico da Rua Pedro Ernesto é muito complexa, uma vez que há necessidade de novas escavações e a região possui construções edificadas sobre o campo santo. Ocasionalmente famílias que habitam essas construções iniciam escavações por conta própria. A mancha histórica provocada pela sociedade três séculos mais velha do que a que vivemos, através da forma como os jovens cativos eram tratados tanto em vida quanto em morte é irreversível e irreparável, porém, a importância do conhecimento do passado é para não haja repetição no futuro.


70

As informações supracitadas derivam de uma matéria do jornalista Simon Romero para o jornal norte-americano “The New York Times” em 8 de maio de 2014, com o título “Corrida do Rio rumo ao futuro atropela passado escravo”.


CAPÍTULO 4

A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS CONDICIONANTES LEGAIS


A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

CONDICIONANTES LEGAIS

O Decreto 34.803/2011, cria o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana e o Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do Circuito. Este decreto fundamenta a relevância do projeto para a Rua Pedro Ernesto, entendendo a necessidade de escavações neste sítio e dada a importância significativa à rua. A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos terá que contar com Lei Excepcional para aprovação projetual, visto que não é permitido legalmente construções deste caráter em eixo de rua. Contudo, o projeto considera diretrizes legais que fundamentam o projeto, tais como as citadas anteriormente no item Levantamentos Atuais.

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Decreto 34.803/2011 – Cria do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana e o Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do circuito DECRETO N.º 34803 DE 29 DE NOVEMBRO DE 2011 Dispõe sobre a criação do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana e o Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do circuito. O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais; e CONSIDERANDO a importância histórica e cultural dos remanescentes revelados pelas pesquisas arqueológicas executadas na região Portuária do Rio de Janeiro; CONSIDERANDO a necessidade de socializar os diversos sítios arqueológicos existentes na região, notadamente o Cais do Valongo e Cemitério dos Pretos Novos; CONSIDERANDO necessidade de criar um agenciamento urbano que defina os limites do sítio arqueológico do Cais do Valongo, promova sua segurança e conservação, e apresente sua história; CONSIDERANDO a vinculação dos diversos sítios arqueológicos à Diáspora Africana e à Cultura Afro-Brasileira; CONSIDERANDO que 2011 foi eleito pela ONU com “Ano Internacional dos Afrodescendentes”; e CONSIDERANDO que em 2011 completa-se 200 anos da construção do Cais do Valongo; D E C R E T A: Art. 1º Fica criado o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, delimitado conforme ANEXO I do presente Decreto, que inclui os seguintes espaços vinculados à história e à cultura afro-brasileira: I – Centro Cultura José Bonifácio; II – Cemitério dos Pretos Novos (Instituto Pretos Novos); III – Cais do Valongo e da Imperatriz; IV – Jardins do Valongo; V – Largo do Depósito; e VI – Pedra do Sal. Art. 2° Fica instituído o Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana com o objetivo apresentar em 30 dias o recorte conceitual, histórico-cultural, de abrangência do circuito e sua delimitação territorial. § 1º A Coordenação do Grupo de Trabalho ficará a cargo do Subsecretário do Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design do Gabinete do Prefeito. § 2º Serão membros fixos do Grupo de Trabalho a Vice-Presidente do COMDEDINE-RIO, Dulce Mendes de Vasconcellos; o representante da CDURP, Alberto Gomes Silva; e o Coordenador Especial de Promoção da Política de Igualdade Racial (GP/CEPPIR), Amaury Oliveira da Silva. § 3º São membros convidados: - Amaury Mendes Pereira - Tania de Andrade Lima - Giovanni Benigno Peirre da Conceição Harvey; - Joselina Silva; - Vailson Silva; - Rubens Confete; - Alberto Vasconcellos da Costa e Silva; - Mãe Beata de Yemanjá – Beatriz Moreira Costa; - Daniel Pereira; § 4º Os membros convidados poderão ser substituídos a pedido ou por incompatibilidade com o cronograma dos trabalhos, sendo os novos nomes indicados por consenso dos membros fixos, e ratificado pelo coordenador do Grupo de Trabalho. § 5º O Grupo de Trabalho poderá convidar técnicos e especialistas para auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos. Art. 3º Ao final dos trabalhos o Grupo de Trabalho deverá publicar suas conclusões no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro. Art. 4° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2011; 447º ano da fundação da Cidade. EDUARDO PAES


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CAPÍTULO 3

A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS CONDICONANTES AMBIENTAIS


A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

CONDICIONANTES AMBIENTAIS VERÃO

INVERNO

08h am

12h

15h pm

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CAPÍTULO 4

A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS O PROGRAMA


A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

O PROGRAMA A Rua Pedro Ernesto configura-se em:  Memorial Público, Aproximadamente 250m².

 Instituto de Pesquisas Arqueológicas, Aproximadamente 450m².

 Galerias.

No programa de um centro de interpretação existem alguns setores pré-estabelecidos (como áreas de exposição, biblioteca e auditório), porém pode ser tão particular quanto sua arquitetura e história, ele está relacionado às necessidades do tema. O trecho de um artigo citado na página 58 fala sobre o plano para a criação de um laboratório de arqueologia urbana, item fundamental para pesquisas, acervos e fundamentação da história da região. O programa do projeto ‘A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos’ contará com o seguinte programa:

 Centro de Interpretação dos Pretos Novos, que inclui: • Exposição Permanente, Aproximadamente 790m².

• Exposição Temporária, Aproximadamente 650m².

• Biblioteca, Aproximadamente 450m².

• Administração e Serviços, Aproximadamente 290m².

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CAPÍTULO 4

A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS CONCEITO – Uma CICATRIZ na História.


A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

O CONCEITO – Uma CICATRIZ na História.

No sentido literal, cicatriz significa marca deixada no corpo por um ferimento. No sentido figurado pode significar impressão duradoura deixada por uma ofensa, ingratidão, desgraça. As duas formas podem definir o conceito deste projeto. A forma como os cativos africanos foram tratados em vida e em morte configurou uma cicatriz na história, um crime irreparável contra a humanidade. Essa história foi enterrada e esquecida por séculos, a sociedade atual pouco tem conhecimento de como ocorriam as violências rotineiras após o desde quando eram capturados até o aporto no Cais do Valongo, os que sobreviviam tornavam-se objetos de outras pessoas. Em pesquisa, vemos que a Rua Pedro Ernesto guarda uma grande parte desta história

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CAPÍTULO 4

A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS A PROPOSTA


A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

A PROPOSTA MOBILIDADE URBANA: Intervenção no trajeto original do VLT, transferindo-o para a rua do propósito e mantendo o numero de estações.

Situação Atual – Trajeto passando pela Rua Pedro Ernesto.

Trecho da Rua Pedro Ernesto com instalações para o VLT.

Situação Proposta – Trajeto passando pela Rua do Livramento.

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A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

A PROPOSTA

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NOVO USO PARA O CENTRO CULTURAL JOSÉ BONIFÁCIO: O atual Centro Cultural José Bonifácio foi restaurado pela Prefeitura do Rio de Janeiro pelo projeto Porto Maravilha Cultural, e inaugurado em 20 de novembro de 2013. Apesar das recentes obras, a cultura está limitada em sua edificação e onde está localizada. O edifício foi construído a mando de Dom Pedro II por volta dos anos de 1872 e 1876, para abrigar a primeira escola pública do Rio de Janeiro. Atualmente, esta desocupado, sem acervos fixos e temporários para exposição. A proposta para o Centro Cultural é de retornar seu uso original, projetando a Rua Pedro Ernesto para ser um misto de educação, cultura e arte.


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A PROPOSTA

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REVITALIZAÇÃO DAS FACHADAS DA RUA PEDRO ERNESTO E INCENTIVO AO USO MISTO (COMERCIAL/RESIDENCIAL) As edificações do século XVIII e início do século XIX nos convidam a dar uma passeio em como deveria ser o Rio de Janeiro antigo. A situação atual dessas fachadas são de destruição e abandono. A revitalização das fachadas e o incentivo ao uso misto de moradia e comércios como antiquários, bares, restaurantes e outros serviços como academias de atividades físicas, música entre outras, revitalizará, além das atividades que funcionarão abaixo do nível da rua, atrairá público de todas as idades e trará segurança e conforto para os usuários da rua e os transeuntes.


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A PROPOSTA

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PERMITIR AO PÚBLICO O CONHECIMENTO DA HISTÓRIA. Atualmente a visitação ao Memorial dos Pretos Novos só é possível após agendamento prévio. Muitas pessoas que transitam pelo lugar não sabe do que se trata e se souber, não pode ter acesso sem antes ter solicitado a visita. A proposta é trazer o memorial para rua, afim que todos que nela passarem possa ter conhecimento da importância desta rua cultural e historicamente.


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CAPÍTULO 4

A RUA PEDRO ERNESTO UM CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS O PARTIDO


O partido surge a partir do conceito de c i c a t r i z

n a h i s t ó r i a . A rua é u m l o c a l p a r a t o d o s , por este motivo uma grande cicatriz r a s g a a R u a P e d r o E r n e s t o para contar uma história que precisa tornar-se pública. O uso da t o p o g r a f i a

operativa

convida as pessoas e n t r a r e m na rua e terem acesso a história que esta e n t e r r a d a .

REGRAS DE COMPOSIÇÃO •

INSERIR O PROGRAMA PROPOSTO DE FORMA SUTIL, ATRAVÉZ DA TOPOGRAFIA OPERATIVA, PROJETANDO A RUA PARA O PEDESTRE E VALORIZANDO O CAMPO VISUAL DO TRANSEUNTE;

SETORIZAR A RUA E A PARTIR DO PROGRAMA PROPOSTO E DOS ELEMENTOS EXISTENTES, COMO O ATUAL MEMORIAL DOS PRETOS NOVOS, CENTRO CULTURAL JOSÉ BONIFÁCIO E COMÉRCIOS LOCAIS (LUGAR ONDE HAVERÁ MAIS MOVIMENTO DE COMÉRCIO);

RASGAR A RUA E SEPARAR OS ELEMENTOS DA COMPOSIÇÃO ATRAVÉZ DE TRAVESSIAS;

PERMITIR DIMENSÃO PARA O ACESSO ÀS EDIFICAÇÕES EXISTENTES E À PASSAGEM DE CARROS PARA EMERGÊNCIAS.


88 A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

O PARTIDO COMERCIAL GALERIA

CULTURAL O CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS

PESQUISA MEMORIAL E INSTITUTO DE PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS

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A RUA PEDRO ERNESTO Um Centro de Interpretação dos Pretos Novos GALERIA

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DOS PRETOS NOVOS


A Rua Pedro Ernesto, um Centro de Interpretação dos Pretos Novos

O PARTIDO

MEMORIAL

INSTITUTO DE PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS

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BIBLIOGRAFIA

Livros: • À Flor da Terra: o Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro - Júlio César Medeiros da Silva Pereira – Editora Graymond. A Evolução Urbana do Rio de Janeiro – Maurício de Abreu – Editora Instituto Pereira Passos. Endereços eletrônicos (Fotos, Mapas e Conteúdo): • www.archdaily.com.br/br • www.museusdorio.com.br • www.pretosnovos.com.br • imaginerio.org • www.esri.com • www.google.com

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