revista

Page 1


NÚMERO 53. novembro 2007.

ÍNDICE

10. Kukies 24. produto 28. MÚSICA

60. convidado crónico O Artista Vuum

por Pedro Portugal

62. surface

Au Revoir Simone

Takashi Murakami

30. música

66. Behind the scenes, behind the minds (BTS,BTM)

por Mário Rui Vieira

Bezegol

por Emanuel Amorim

32. Música

Rufus Wainwright

por Pedro Figueiredo

34. Música

David Fonseca

Intro

por Cláudia Gavinho

68.BTS,BTM

Sexy Mf

por Cláudia Gavinho

por Pedro Figueiredo

70. BTS,BTM

35. Música

por Anouk Aivliz

por Carla Isidoro

72. BTS,BTM

David Shrigley

Mónica Calle

Jean Guy-Lecat

36. new stars factory

Filipe Campos

por Carla Isidoro

por Filipa Penteado

74. BTS,BTM Dino Alves

por Cláudia Rodrigues

38. event

76. BTS,BTM

por Carla Isidoro

por Cláudia Rodrigues

O Encontro da Academia

42. rua

Jamel Shabazz

DJs

78. BTS,BTM

Courtney Love

por Anouk Aivliz

por Carla Isidoro

Making Of fotografia

Ricardo lamego

46. Cinema

por Ricardo Lamego

50. arte

The good thing about music: where it hits, you feel no pain

por Cláudia Gavinho

96. agenda

produção

gorro e luva LUA DE CHAMPANHE

Arte Lisboa / Carlos Noronha Feio

casaco e cinto FERNANDA PEREIRA, na GDE cinto SARAPICO, na Rosa 78 calças DINO ALVES

Making Of: Part One

Anton Corbijn

por Anouk Aivliz

claudia rodrigues st yling claudia & Lafayette make-up rita fialho modelo Anastacya (Blu Models)

80. moda

56. literatura

O Vírus Afectuoso

por valter hugo mãe

58. Moda

Ricardo Dourado

por Cláudia Rodrigues

88. moda porHerberto Smith

Destaque, Arte, Cinema, Teatro, Places. Roteiro – Guia de Distribuição DIF. Guia de Compras.



Š 2007 adidas AG. adidas, the Trefoil and the 3-stripes mark are registered trademarks of the adidas Group.

THE SLEEK & CLEAN CASUAL COLLECTIONS

adidas.com/originals


EDITORIAL

FICHA TÉCNICA

editor-in-chief

Trevenen Morris-Grantham. trevenen@difmag.com

A nossa principal motivação quando, todos os meses, preparamos a próxima edição, é mostrar conceitos inovadores e tendências vindas das diversas áreas criativas, veiculados por pessoas que circulam pelo mundo fora e resistem à chamada lei da inércia.

Edição

Carla Isidoro (Música). carla@difmag.com Cláudia Gavinho (Arte&Cultura). Cláudia Rodrigues(Moda).

Nesta edição, procurámos ir além do que, à primeira vista, é observável. Optámos por mostrar não só os criadores como os seus processos de criação, os raciocínios e os planos que não são visíveis, mesmo quando os projectos ganham vida. Não nos limitámos a relatar os resultados do trabalho, entrámos nas mentes criativas e nos bastidores do espectáculo – Behind the scenes, behind the minds.

claudia@difmag.com

gotadh2o@difmag.com

Filipa Penteado(Arte&Cultura).

filipa@difmag.com

Redacção

Cláudia Gavinho. claudia@difmag.com Cláudia Rodrigues. Filipa Penteado.

gotadh2o@difmag.com

filipa@difmag.com

Colaboradores

Ana Teixeira Pinto. Alexandra Couto.Bruno Horta.Carla Carbone.Cláudia Matos Silva.Clothe Martins.David Jiménez Leiva.Dídio Pestana.Emanuel Amorim.

A DIF não foge à regra e, por detrás destas páginas, existe um elenco a trabalhar e a criar uma revista que quer ser, cada vez mais, uma referência na cultura urbana.

Fernando Guerreiro.Guzzi.Helga Carvalho.Hugo Oliveira.Júlio Dolbeth.Mário

Estes cinco anos de existência e de persistência, não teriam sido possíveis sem a ajuda preciosa dos colaboradores e das pessoas que contribuíram com afinco para a constituição da família DIF. Graças a este empenho, a revista cresce com raízes sólidas que lhe permitem, neste momento, ganhar asas para voos ainda mais altos. Queremos sair para a rua e dar maior visibilidade aos projectos portugueses mas, também, ligarmos o radar e captar frequências internacionais menos sintonizadas por cá.

Anouk Aivliz, Constantin, Leonor Mcmillan, Mário Rui Vieira, Miguel Gama,

Valdemar Lamego. valdemar@difmag.com

Equipa DIF

Valdemar Lamego

Nascimento.Mário Valente.Natacha Paulino.Nuno Coelho.Nuno Ventura Barbosa. Patrícia Maia.Pedro Figueiredo.Ray Monde.Ricardo Preto.Stephen Burrows. Neste Mês

Pedro Portugal, Ricardo Gil, Ricardo Lamego, valter hugo mãe Fotografia

Cátia Cóias.Herberto Smith.Manolo.Paco Peregrin. Patrícia Braz.Pedro Pacheco.Pedro Mineiro.Ricardo Quaresma Vieira. Director de arte Design gráfico

Director comercial

Trevenen Morris-Grantham. trevenen@difmag.com Comerciais

Eileen Mcdonough Sandra Marques Augusto. sandraaugusto@difmag.com Redacção e Departamento Comercial

Rua Conceição da Glória, 79 r/c Dtº, 1250-080 Lisboa Telefone.213 225 727.Fax.213 225 729 Telefone Redacção.213 244 233 email. info@difmag.com Edição

Publidif, Lda Propriedade

Publicards, Publicidade Lda Rua Conceição da Glória, 79 r/c Dtº, 1250-080 Lisboa Distribuição

Publicards. publicards@netcabo.pt Impressão

BeProfit. Av. das Robíneas, 10. 2635-545 Rio de Mouro. Sogapal. 2745-578 Queluz de Baixo. Registo ERC: 125233. Número de Depósito Legal:185063/02.ISSN.1645-5444. Copyright: Publicards Publicidade, Lda. Tiragem e Circulação: 25.000 exemplares. Periocidade Mensal.

Assinatura.€18

www.difmag.com … www.myspace.com/difmagazine www.last.fm/user/difmag/


ı 2

3 LEGENDAS 1.Thomas Sels 2. Komakino 3. Kling 4. Elliot Atkinson © Kim Jacobsen 4

Super Super fashion show. ao público com a colecção para homem apresentou uma colecção “futurista”, Durante a London Fashion Week (que “Monsters, onde deu a conhecer os seus com formas em balão e extremamente decorreu entre 15 e 21 de Setembro) teve jogos gráficos a três cores – preto, branco “oversized”. Thomas Sels, o mais jovem lugar um muito aguardado desfile para- e cinzento – em t-shirts e camisolas exa- (tem apenas 21 anos) e o mais punk de lelo da revista flúor “Super Super”, em geradamente grandes. Elliot Atkinson deu todos (no sentido clássico) apostou na parceria com a Vauxhall Fashion Scout, primazia às formas afuniladas e escolheu simplicidade do corte e nos detalhes irnuma mostra de sangue novo e de novos o vinil como material básico, presente em reverentes, urbanos e sofisticados. – CG talentos. Num só dia, desfilaram as pro- quase todas as peças. Kling, de Karolina www.kctv.co.uk/events/supersuper postas para a próxima Primavera/Verão Kling, uma designer sueca que acaba de dos quatro designers mais inconvencio- aterrar em Londres, conhecida, acima nais de Londres. Komakino, em estreia de tudo, pela originalidade dos padrões absoluta, apresentou-se pela primeira vez dos tecidos que ela própria desenha, Portugal Norte (até Leiria): ROLANDO FONSECA | Rua 28 de Janeiro nº 350 - Edificio JK fracção 12 | 4400-335 V.N.Gaia | Tel : + 351 91 611 31 35 | rfonseca@lecoqsportif.com Portugal Sul/Ilhas: FILIPE BEU | Rua Quirino da Fonseca 20 R/C Dtº | 1000-252 Lisboa | Tel: + 351 91 999 15 57 | filipebeu@portugalmail.pt

10


ı

5 2

6

7

3

8

4 ı, 2, 3

4

Fetish de Lynch e Louboutin.

Chanel on the road. A arquitec- Moscopolis. Apesar de, hoje em

Esta é uma das colaborações mais interessantes e intensas dos últimos tempos. “Fetish” nasceu do encontro entre Christian Louboutin e David Lynch. Trata-se de um conjunto de cinco pares de sapatos, de edição limitada, da autoria do conhecido designer francês e de cinco fotografias assinadas por Lynch, onde os saltos agulha de vinte e seis centímetros de Louboutin são o objecto de culto fetichista usado pelas mulheres de Lynch numa série de fotografias cinematográficas. Em exibição na Galerie du Passage, em Paris, até 3 de Novembro. – CG www.galeriedupassage.com

12

12

ta Zaha Hadid e a Chanel uniram esforços para criar um pavilhão de exposições móvel. O projecto foi apresentado na última bienal de Veneza e será posto em prática durante o próximo ano. Subjacente ao conceito desta parceria está a itinerância do pavilhão, que pode ser transportado por barco ou comboio, de cidade em cidade. Foi criado como um objecto mutável, em constante metamorfose à medida que vai viajando pelo mundo. A inspiração de Hadid foi o universo elegante, funcional e versátil da Chanel. O pavilhão é formado por uma série de elementos curvos, com um espaço central amplo. O tecto de vidro é ajustável às condições climatéricas de cada cidade, mantendo a temperatura interior estável. O exterior do pavilhão é feito em materiais reflectores, que podem ser iluminados com cores diferentes, adaptando-se às diferentes exposições, nos diferentes locais (a luz e as suas possibilidades de uso foram uma das permissas do projecto). O início da viagem está previsto para Janeiro do próximo ano, em Hong Kong. – FP

5, 6, 7, 8

dia, a sua arquitectura ser ainda caracterizada pela era soviética, Moscovo encontra-se a passar por uma completa transformação urbana. “Moscoplis” é a mais recente exposição patente no espaço Louis Vuitton , com obras de artistas russos a trabalhar em Moscovo que se inspiram na identidade da sua cidade para conceberem os seus trabalhos. Com curadoria de Hervé Mikaeloff, os artistas escolhidos para representarem a sua megapolis natal, marcada por períodos alternados de glória e de tragédia, de construção e destruição, são Alexander Brodsky, Kirill Chelushkin, Valery Chtak, Olga Chernysheva, Alexei Kallima, Valery Koshlyakov, Oleg Kulik, Pavel Pepperstein, Ksenia Peretrukhina, Stanislau Shuripa, Iced Architects. – CG Exposição Moscopolis, até 31 de Dezembro Espace Louis Vuitton, 60 Rue de Bassano/ 100 Avenue des Champs-Elysées, Paris

www.louisvuitton.com legendas 5- Pavel Pepperstein 6- Valery Chtak 7- Alexander Brodsky 8- Iced Architects


ı 2 5

3

4 ı, 2, 3, 4

6 5

Diesel Denim Dating. Numa “Find Yourself”. É este o nome da

época em que a informação flui com enorme facilidade e tudo está ao acesso de quase todos, as novas tecnologias são uma forma de comunicação privilegiada. Sabendo isso, são cada vez mais frequentes as iniciativas desenvolvidas pelas marcas especificamente para esses meios. A Diesel é exemplo disso e criou um serviço apenas disponível no seu site – Diesel Denim Dating, é uma forma criativa e divertida de apresentar alguns modelos da sua colecção. A página funciona como um site de encontros on-line, mas em vez de descobrirmos o homem ou a mulher dos nossos sonhos, encontramos os jeans perfeitos para o nosso corpo e personalidade. São 19 modelos, cada um com nome e características específicas, vestidos por 19 manequins – podemos escolher e deixar mensagens aos nossos jeans favoritos ou indicar aquilo que mais nos agrada e aceitar as sugestões do site quanto ao nosso “par” ideal. Como se de um caso de amor se tratasse. Apaixone-se em www.diesel.com – FP

14

colecção de Outono/Inverno da Cheyenne. Um regresso aos básicos, para construir um look mais complexo – os detalhes da roupa e os acabamentos dos materiais são o ponto central da colecção. São esses promenores que dão às peças um lado irreverente e urbano, dirigido a um público jovem que gosta de seguir as tendências mainstream. No próximo Inverno, combine e baralhe até encontrar o seu estilo, em qualquer loja Cheyenne. – FP www.cheyenne-pt.com

7

8

6, 7, 8

O descanso do guerreiro…?

No próximo Inverno, a Gsus não sabe ser quer ir para a guerra ou beber chá depois da missa de Domingo. A nova colecção, “Vikings on Amishon”, é uma mistura da cultura escandinava e da cultura Amish – uma silhueta clean” e alongada, misturada com formas mais rudes. Um flirt entre o atrevimento e o puritanismo, num jogo de transparências e peças estruturadas. Como fio condutor entre as duas culturas, está o lado artesanal existente em ambas e que se reflecte nos promenores desta colecção: prints baseados em patchworks e na textura dos tectos de madeira escandinavos. Roupa para vestir o yin e yang em cada um de nós, para alimentar o pacifista e trazer à superfície o guerreiro, ou vice-versa. A Gsus gosta dos dois. – FP


ı

4

5

6

7

2

3

ı

Plus me. Nos anos 60, uma empresa

de Hong Kong criou a máquina fotográfica “Diana”. Feita em plástico, com um preço de venda baixo, foi um sucesso entre os artistas avant-garde da época devido ao tipo de imagem que produzia – etérea, saturada, algures entre o sonho e a realidade. Eram imagens à frente da sensibilidade estética do seu tempo que agora voltam, em busca do olhar certo. A Lomo vai reeditar esta máquina, preservando a sua estrutura de plástico mas acrescentando-lhe novas características – se retirar a lente da “Diana +”, pode tirar fotografias com grande profundidade de campo, através de uma abertura mínima, obtendo imagens com um feeling retro. Esta máquina foi lançada em Outubro juntamente com um livro de fotografias, entrevistas e “short-stories” sobre este universo “plus”. Disponível por 50 euros em www.lomography.com e em lojas especializadas. – FP

2, 3

Nixon. A Nixon gosta de detalhes de

luxo. São eles que dão aos seus relógios de linhas clássicas um toque contemporâneo e os tornam companheiros para o dia-a-dia. Desde os pretos e metalizados até aos relógios mais “funky” de braceletes largas em pele, é possível encontrar na Nixon um look para todos os gostos, para todos os estilos de vida. – FP

16

8

4

5, 6, 7, 8

Puma Engine. A Puma Time está de

Never hide. A nova colecção de

volta e traz novos protagonistas. Na sua linha masculina Motorsport, a estrela do Outono/Inverno é o relógio Engine – um acessório para quem gosta de design simples mas de linhas fortes. A versão mais marcante mostra um Engine todo em preto, com um visor rectangular e promenores prateados. Um relógio para cronometrar a par e passo a sua vida. – FP

armações da Ray-Ban vai chegar às lojas. Tal como aconteceu com a colecção de óculos de sol, a marca vai repescar modelos icónicos da sua história, reinventadoos para este Outono/Inverno. Um regresso à base que representa os valores chave da Ray-Ban: tradição misturada com um espírito independente e audaz. Um universo de formas clean e cores vivas para ver a vida em technicolor através dos óculos Ray-Ban, diponíveis também na versão Ray-Ban Kids. – FP


3 ı

4

5

5

Absolut Disco Fever. Se é

este ano que vai, antecipar as compras de Natal, temos esta sugestão que nos parece ser uma prenda eficaz tanto para amigos, família ou colegas de trabalho: a nova garrafa da Absolut decorada com, exactamente, mil mini-espelhos. A embalagem pode ser pendurada no tecto e transformada numa bola de espelhos. Uma tri-oferta com design, disco e vodka lá dentro. Poderá ainda querer partilhar os passos de dança e o mix da sua festa com uma webcam e mostrá-los em www.absolut.com/disco – CG

2 ı

2

Somewhere over the “DIY”. Miguel Rios apresenta System rainbow... TOSCAlab é um projecto 2K07 e Drizzle System. Em essência, é

urbano de artesanato e ilustração, criado pelos designers Ricardo Milne e Catarina Nunes. O objectivo é trazer uma outra perspectiva à produção tradicional, usando novas tecnologias e os conhecimentos de profissionais formados em artes plásticas e design. Labbit, Eskimo, Ryno e Maru são os Pontos Negros, os protagonistas deste TOSCAlab – quatro bonecos em faiança, disponíveis em amarelo, laranja, verde, azul e preto. Para além desta colecção, existem também t-shirts, pins e telas impressas – um mundo de cor e fantasia para descobrir em www.toscalab.blogspot. com, na Fábrica Features da Benetton e na Skunk Funk, entre outros locais seleccionados. – FP

18

um projecto de malas modulares sob o conceito DIY – do it yourself. Num só kit temos 7 peças que nos dão a hipótese de construir 5 malas diferentes – Box, Laptop, Pocket, Portfolio e Street. O kit deixa também em aberto a possibilidade de acrescentar novas peças e/ou substituir peças antigas, explorando novas formas de construir o módulo. Esta característica transforma as malas em objectos com vida, que podem crescer com o utilizador. O Drizzle é outro sistema multi-funcional que interage com o 2K07, funcionando como ombreira para as alças das malas. Pode também ser incorporado como gola numa peça de vestuário, um dos próximos passos deste projecto. 2K07 é um produto para o novo consumidor que não se satisfaz apenas em comprar, quer também ser criador. – FP www.miguelriosdesign.eu

3, 4

Contentor Café. Este é um con-

tentor com carga especial, transporta um café completamente equipado com mesas, cadeiras, sofás, candeeiros, loiças, máquina expresso e tudo o mais que existe num estabelecimento aberto ao público. O que, à primeira vista, pode parecer um contentor de mercadoria à espera de ser levantado no sítio errado é, nem mais nem menos, do que um café móvel que, num clique, se abre e transforma num agradável espaço lounge. Este projecto do arquitecto Adam Kalkin para a companhia de café Illy vai estar montado e preparado para servir expressos de 28 de Novembro até 29 de Dezembro, na Time Warner Center, em Nova Iorque. – CG


2

irakly shanidze ı

3 iv a is fe st

ı

2

Festival Internacional de Fotografia. O objectivo principal

Trama. Na sua segunda edição, o

deste primeiro Festival Internacional de Fotografia de Estremoz é o de fomentar o contacto entre fotógrafos portugueses e estrangeiros de forma a partilharem ideias, conhecimentos e contactos. Daí a heterogeneidade dos quinze fotógrafos nacionais e internacionais convidados: Magdalena Frey, Heinz Cibulka, Victor Bentzvi, Sharon Steghuis, Issa Touma, Kyoko Inatome, Cláudia Damas, Marja Lampinen, Pauliana Valente Pimentel, Lilya Corneli, Irakly Shanidze, Rainer K. Lampinen, António Cunha, Femke Van Wachen e José Cartaxo. O festival decorre até 10 de Novembro em vários locais da cidade e, paralelamente, decorre um conjunto de palestras, masterclasses e workshops no âmbito da fotografia. Os interessados podem fazer as inscrições em www.appaf.eu – CG

20

Festival de Artes Performativas Trama, traz ao Porto as propostas mais recentes das áreas da música (Khan, Daniel Menche, Makigami Koichi, INSTAnt, Mathieu Delvaux, Jimi Tenor, James Cha nce, Justus Kohnke, Ba ndidos Desesperados), da dança (Vera Mantero e convidados, Jennifer Lacey) e da live art (Balla Prop, Lone Twin, Amarante Abramovic e Ana Deus, Marta Bernardes). Os eventos vão ter lugar durante o fim de semana de 2, 3 e 4 de Novembro em vários locais da cidade como a Casa da Música, a Fundação de Serralves, o Maus Hábitos, o Pitch Club, o Passos Manuel e ainda noutros sítios menos óbvios como a loja da Pensão Monumental, o bar panorâmico do Hotel D. Henrique e o parque de estacionamento do castelo do Queijo. – CG www.festivaltrama.org

3

Festival de Microfilmes.

A proposta do festival é a de incentivar a realização de pequenos filmes digitais para pequenos ecrãs. Pede-se aos participantes que enviem os seus filmes originais com a duração máxima de 3 minutos e 100 Mb para upload no site do festival até 14 de Novembro. A condição primordial é que possam ser exibidos através de novos suportes multimédia tais como telemóveis, iPods, web, PSP, entre outros. Depois dessa data serão submetidos a concurso e os seleccionados serão exibidos no Cinema São Jorge, em Lisboa, a 1 e 2 de Dezembro e no Passos Manuel, no Porto, a 8 de Dezembro. – CG http://videos.sapo.pt/microfilmes

*


A arte da performance – Do futurismo ao presente

Cantigas da Inocência e da Experiência

De RoseLee Goldberg De William Blake Orfeu Negro Antígona Contar a história de um tema mutável e Ultrapassemos a moral vigente, podemutante como a performance, é quase ria ter sido o mote deWilliam Blake. um programa performativo, aqui de- Artista visionário nascido há 250 anos, sempenhado com minúcia documental é celebrado com uma edição bilingue e recorte humano. A bagagem da autora acompanhada pela reprodução integral ampara-lhe a ambição: historiadora, das gravuras do artista. Isto é, um comcrítica de arte, curadora, colaboradora pleto objecto de desejo, Luis Bunuel que da ARTFORUM, directora do festival nos desculpe a adulteração do seu título. nova-iorquino Performa, RoseLee traça Partindo da tradição da literatura para a evolução cronológica e conceptual crianças, Cantigas… transforma-se numa desta disciplina artística, desde as alegoria subversiva e libertária sobre o representações dos futuristas italianos bem e o mal, a vida, a morte e o sexo. Um até às recentes apropriações feitas por livro de efeito mais inebriante do que uma artistas contemporâneos – casos da bri- maratona de shots. – AA tânica Vanessa Beecroft (com os seus quadros-vivos compostos por multidões de mulheres em pose) ou da suíça Pipilotti Rist (experiências feitas com uma câmara presa numa haste que acompanha, em plano picado, o seu quotidiano às compras num supermercado de Zurique) ou, ainda, da nova geração de web artists. Originalmente editado em 1979, este volume agora editado para português numa edição profusamente ilustrada que finta qualquer tentação de efeito “arty bonitinho”, é o primeiro lançamento da nova chancela da editora Antígona, apostada no transversalismo e nas “mar- Wanda gens” artísticas. Em linguagem acessível, De autoras anónimas delineam-se aqui as fases várias da per- Braço de Ferro formance: “vanguarda da vanguarda”; São crónicas eróticas que mapeiam a destruidora de barreiras entre as belas- imensa constelação do desejo feminino, artes e a cultura; meio de expressão es- ou no feminino, escritas por dadoras colhido para a articulação da “diferença” anónimas da blogosfera. Tudo começou nos discursos sobre o multiculturalismo em Maio de 2006 quando Isabel Carvalho e a globalização; conceito actual que desafiou mulheres a escreverem as suas abrange todo o tipo de apresentações fantasias. A ideia inicial de fazer uma ao vivo. “Devido à sua postura radical, exposição deu lugar ao projecto Wanda, a performance tornou-se um catalisador blog que permanece activo e dedicado na história da arte do século XX; cada às deambulação da vagina, “essa flor vez que determinada escola – quer se mitificada e escondida”. – AA tratasse do cubismo, do minimalismo ou da arte conceptual – parecia ter chegado a um impasse, os artistas recorriam à performance para demolir categorias e apontar para novas direcções”, escreve Goldberg. Não é essa a missão provocatória que dela esperamos? – AA 22

Rei

De António Jorge Gonçalves e Rui Zink Edições Asa É uma história de redenção e desencontros num Japão sempre devedor de coordenadas espacio-culturais futuristas. É um punhado de mitos e arquétipos revisitados, a começar por Édipo, Frankenstein, Romeu e Julieta, David e Golias… É uma ficção fragmentada e terna, por vezes à beira do insutentável. É um prodígio visual que reinventa inspiradamente a narrativa em página e nos submerge em elipses e grandes planos. É a história do rapaz Nunu, que se perde, e da miúda gótica Rei, que se encontra. É a segunda novela gráfica criada pelo performer e argumentista de banda desenhada com o escritor da contemporaneidade agridoce, dez anos passados sobre A arte suprema. É indispensável. – AA


LLL#7G:696C97JII:G#8DB

1.

3.

2.

4.

legendas

5.

1. Alpine 2. Diesel 3. fly 4. fornarina 5. Normann Copenhagen 6. osklen 7. pepe jeans 8. pepe jeans 9. replay 10. replay 11. hello kitty 12. valentim quaresma

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

", ĂŠ , -ĂŠUĂŠ , ĂŠ+1 /9ĂŠUĂŠ -/ĂŠ- ,6

6.

7.

8.

68I>K: <J:HI B6C6<:B:CI H:GK >8: =DIA>C: ).# % (%#'%%%(,%

9.

24

10.

11.

12.

LLL#;AN777#8DB 7DD@ NDJG ;A><=I ).#&-%*#(*.'''

777JAA:I>C I=: D;;>8>6A 7G:69 7JII:G B6<6O>C:

Caution! Attending BBB causes fun & profit to the max!


1.

2.

5.

3.

4.

6.

7.

8.

9.

10.

11.

12.

13

14.

15.

legendas: 1. Adidas by stella mcartney / 2. adidas / 3.alpine / 4. united colors of benetton / 5. billabong / 6. cat / 7. Killerloop / 8. lacoste / 9. lee 10. Merrel / 11. nike / 12. nike / 13. playlife / 14. rip curl / 15. sisley


música

au revoir simone A história de três

meninas e seus teclados. — por Mário Rui Vieira

www. aurevoir simone.com/ www. myspace. com/ aurevoir simone

São três meninas bonitas, com ar de quem não parte um prato. Em 2005 ousaram partir as paredes que as enclausuravam no anonimato e mostraram ao mundo a sua música etérea, onírica e simples, de traços quase infantis. Com a capacidade de persuasão de quem sussurra um conto infantil ao ouvido, Annie Hart, Erika Forster e Heather D’Angelo têm vindo a conquistar fãs atrás de fãs ao longo dos últimos anos. Juntaram-se em Brooklyn, um dos bairros mais conhecidos de Nova Iorque, e chegam finalmente a solo nacional no final deste ano para apresentar o segundo álbum de originais.

Elegeram como instrumentos preferidos os teclados (sintetizados) e as caixas de ritmos. Não os largam. As vozes cruzamse, juntam-se em coros angelicais e ajudam as caixas de ritmos a dar o tom. A crueza e sinceridade da sua música é impossível de catalogar (se bem que o rótulo indie está-lhes bem colado à pele) e a imprevisibilidade do rumo que cada canção segue é tão grande quanto o acontecimento que as juntou. Erika e Annie conheceram-se num combóio, enquanto viajavam de Vermont para Nova Iorque, e rapidamente se tornaram amigas. A música surgiu como o natural passo seguinte e a dupla começou a escrever canções. Heather juntou-se ao projecto depois de participar activamente nos ensaios e, em 2006, o trio estreou-se finalmente com a edição do álbum «Verses of Comfort, Assurance & Salvation». A crítica especializada deixou-se encantar pelas vozes angelicais das Au Revoir Simone e o entusiasmo à sua volta foi crescendo. O cinema e a televisão interessaram-se rapidamente pela música do trio, intensificando a capacidade

28

visual dos seus temas. Além de terem ido buscar o nome a uma personagem de Tim Burton do filme «A Grande Aventura de Pee Wee», as Au Revoir Simone conquistaram a admiração e o respeito de David Lynch, que no início deste ano as convidou para uma performance antes da sessão de apresentação do seu mais recente livro «Catching the Big Fish: Meditation, Consciousness, and Creativity». A conhecida série de televisão «Anatomia de Grey» também se rendeu ao talento e originalidade das meninas, tendo utilizado os temas «Back in Time» e «Through the Backyards» como banda-sonora de dois episódios. Em 2006, as Au Revoir Simone andaram em digressão com os We Are Scientists e este ano foram promovidas a banda de suporte dos franceses Air durante a sua digressão europeia. O segundo álbum foi baptizado de «The Bird of Music», saiu para as lojas no início do ano, e é com ele na bagagem que as três meninas bonitas de Brooklyn visitam Portugal. Dois concertos imperdíveis no Theatro Circo de Braga, a 4 de Dezembro, e no Santiago Alquimista em Lisboa, a 5 de Dezembro.


música

bezegol Depois da espera — Emanuel Amorim

Depois de uma espera um pouco longa, chega às lojas «Rude Bwoy Stand» disco de estreia de Bezegol, mc e dj com uma vasta experiência, quer a solo quer como membro dos nortenhos Matozoo. Este registo de lançamento tem a particularidade de não estar fixo em nenhum estilo musical,é uma mistura de sonoridades que não sendo original (já muitos misturaram reggae com hiphop), é única e à qual Bezegol chama “a minha música”. www. myspace. com/ bezegol 30

«Rude Bwoy Stand» é um disco pensado, ponderado e maduro, algo que se verifica logo à primeira audição e que não só vai ao encontro das expectativas como surpreende com a sua diversidade musical. Neste disco o reggae e o hip-hop estão em evidente destaque, mas também existem piscadelas de olho a outras texturas sonoras, como o dub, a soul ou até o fado (oiça-se a guitarra portuguesa em «Let Them Know»). Esta mistura faz parte da forma como Bezegol encara a música: “É o que eu entendo como música e o que eu tento mostrar com «Rude Bwoy Stand». Não é um género específico, [...] apenas me familiarizo mais com uns do que com outros, sendo este álbum uma mostra disso mesmo. Gosto de arriscar no estúdio, experimentar coisas novas, vocalizações, batidas, instrumentos que à partida não conjugam, levar essas “tentativas” comigo para casa, escutar, tentar descobrir o ingrediente a mais ou o que está a faltar e trocar essas ideias com quem trabalha comigo”. Nestas palavras eloquentes é fácil perceber que «Rude Bwoy Stand» não é apenas um disco assinado por Bezegol, é também fruto da sua procura por uma linguagem própria, que esteja em sintonia com a sua forma de estar. “Acredito que o caminho só se abre quando metemos a alma no que estamos a criar e isso não passa por obedecer a regras criadas por mercados, passa, isso sim, por termos respeito pelas artes que representamos, música e a poesia.”

Mais que música «Rude Bwoy Stand» é também mensagem. Bezegol aborda as suas preocupações sobre o estado do mundo e, graças a uma voz rugosa e pouco habitual, consegue-nos transmitir na perfeição essa mesma preocupação. O disco torna-se, por vezes, pessimista, dentro do pessimismo que o reggae permite, que, aparentemente, não é muito. “Acredito na mudança de mentalidade por parte das gerações vindouras e que nem tudo é mau como parece [...] concentro-me no presente e no impacto que o passado tem nos dias de hoje para tentar melhor compreender o futuro." «Rude Bwoy Stand» revela-se um trabalho marcado pela voz áspera de Bezegol e por uma base instrumental relevante da responsabilidade de gente como New Max (dos Expensive Soul), Kiko (dos Matozoo) ou Conductor (dos Buraka Som Sistema). Vale a pena ficar atento à restante discografia de Bezegol, que pode ser consultada no myspace, nomeadamente o brilhante segundo disco dos Matozoo «Funk Matarroês. Palavra final para os amantes do vinil: Bezegol pode ouvir-se neste formato na edição da Guamalaka (parceria entre a Matarroa e a Fazuma) com as faixas «Roots of Evil» e «Plant», que também fazem parte de «Rude Bwoy Stand».


música

Tem a tua marca.

Rufus Wainwright AINDA HÁ ESTRELAS NO CÉU — por Pedro Figueiredo

www. rufus wainwright. com/

O canadiano Rufus Wainwright regressa ao Coliseu de Lisboa no começo deste mês para apresentar o elogiado «Release the Stars», um dos melhores discos que 2007 viu nascer. Verdadeiro animal de palco, a avaliar por espectáculos anteriores, não restam dúvidas da superlativa transição das canções do suporte físico para o registo ao vivo. Rufus Wainwright regressa a Portugal, traz o melhor disco da sua carreira e preparase para seduzir, uma vez mais, o público nacional.

Parece que foi ontem, mas a verdade é que «Rufus Wainwright», a estreia homónima deste canadiano, dista já nove anos do tempo presente. De lá para cá, uma série de grandes discos ofuscam toda uma série de problemas e incertezas pessoais e, inclusive, discográficas. Problemas com drogas e uma homossexualidade assumida desde muito cedo foram temas centrais de boa parte do repertório do músico, que ameaçou abandonar a sua carreira se não obtivesse o reconhecimento mediático desejável. Em bom português: ou as vendas de discos subiriam ou a carreira de Rufus poderia estar em perigo. Curiosamente ou não, a novidade «Release the Stars» é um dos maiores sucessos comerciais do músico. Tudo está bem quando acaba bem. Não? Rufus Wainwright, hoje com 34 anos, é filho de Loudon Wainwright III e Kate McGarrigle, duas referências da folk, e é irmão de Martha Wainwright, compositora em ascensão que participou recentemente, por exemplo, no novo disco a solo de Annie Lennox. «Release the Stars», o colosso pop deste ano, é já o quinto disco do versátil músico.

32

Elegante, clássico e sofisticado são elogios naturais para descrever Wainwright, inquestionavelmente um dos grandes songwriters dos últimos tempos, ponta-delança de toda uma revolução alternativa que nos tem chegado directamente do Canadá de há alguns anos a esta parte. Depois do lançamento de «Release the Stars», 2007 verá Rufus Wainwright editar ainda um Cd e Dvd ao vivo representativos de uma série de espectáculos de homenagem a Judy Garland. «Rufus Does Judy at Carnegie Hall», o disco, foi gravado em Nova Iorque, ao passo que «Rufus! Rufus! Rufus! Does Judy! Judy! Judy! Live at the London Palladium» concentra uma actuação em Londres. Ambos os registos são postos à venda no dia 3 de Dezembro. Depois da digressão actual o cantor tem previsto escrever a sua primeira ópera, já intitulada de «Prima Donna». A ideia será, ao que consta, desenvolver um espectáculo em torno de um dia na vida de um cantor de ópera.

Rufus Wainwright regressa a Portugal a 6 de Novembro para um concerto no Coliseu dos Recreios de Lisboa. As melhores memórias de passagens prévias do músico por Portugal reportam maioritariamente a um sublime espectáculo na Aula Magna de Lisboa, onde, a solo, tudo fez sentido. Voz, piano e ocasionalmente viola chegaram para uma noite a todos os níveis memorável. Uma passagem acidentada por Vilar de Mouros, uma primeira parte para os Keane e um espectáculo no Coliseu de Lisboa, com banda, pouco tempo depois completam o rol de concertos do músico em Portugal. Até dia 6, onde a melancolia de novas composições como «Slideshow» ou «Not Ready to Love» unir-se-ão ao festim pop que são temas como «Califórnia» ou «Greek Song», ambas retiradas de «Poses», o mais consensual disco de Rufus Wainwright até à chegada do mais recente trabalho. Lancem as estrelas que quiserem, mas a maior delas brilhará alto, elegantemente, e, arrisca-se, uma vez mais para sempre: Rufus Wainwright está de volta a Portugal, e tudo está bem quando acaba bem.

Novo Yaris Motion.

Com sensores de estacionamento e oferta de ar condicionado. O Novo Yaris Motion foi feito para ti, com o melhor da Toyota: a performance e economia dos motores VVT-i e D-4D, o sistema modular único dos bancos, a segurança avançada dos 9 airbags e o rádio leitor de CD/Mp3. Junta-lhe o ar condicionado e os sensores de estacionamento e ficas com o automóvel perfeito para ti. Vem experimentar o novo Yaris Motion num Concessionário Toyota e testa a tua marca.

Desde `13.960*. *Valor para Yaris 3 portas VVT-i. Não inclui despesas de legalização, transporte e ecovalor, nem pintura metalizada. Oferta de ar condicionado válida até 31.12.07. Consumo combinado (l/100 km): Mín.: 4,5/Máx.: 6. Emissões CO2 (g/km): Mín.: 119/Máx.: 141.


música

david fonseca A idade adulta

david SHRIGLEY DISCO DE TODOS E DE NINGUÉM

— por Pedro Figueiredo

— por Carla Isidoro

O projecto saiu de uma ideia um pouco non-sense. A editora Tomlab convidou o ilustrador escocês David Shrigley a fazer a capa dupla de um vinil para ser vendido sem recheio musical mas repleto de ilustrações e letras firmadas pelo artista. Shrigley concebeu «Worried Noodles (the empty sleeve)» em 2005, edição limitada imprópria para rodar no gira-discos. Este ano a editora alemã decide avançar com o segundo tomo do projecto e lança o cd duplo «Worried Noodles», convidando diversos artistas a interpretar as palavras corrosivas e naïve de Shrigley. O resultado chegou até nós no passado mês de Outubro e Shrigley é agora elevado à categoria de letrista.

Tudo começou com um assobio. «Superstars», single de apresentação de «Dreams in Colour», terceiro a solo de David Fonseca, pôs muito boa gente a trautear uma melodia espantosa pela sua simplicidade e eficácia. Já com o disco em mãos, David Fonseca confessa, em discurso directo, que a maior parte dos seus sonhos envolvem sangue e violência em catadupa. «Dreams in Colour» é pontuado também por uma versão de Elton John, cornetas mariachi, europop manhoso (elogio!) e uma inteligentíssima promoção que teve a net como vector central. www. david fonseca. com/ «Dreams in Colour» é a total entrada na vida adulta de David Fonseca. Musicalmente falando, pelo menos. É, a solo e com os defuntos Silence 4, o melhor disco com o toque criativo do músico, trabalho condensado – dez temas e um intro – bem nivelado por cima, coeso. Palavra ao artista: “Por incrível que isto possa parecer, considero este o meu quinto álbum de originais, com uma aventura pelo meio [Humanos]. Não consigo separar os trabalhos que fiz com os Silence 4 dos meus discos a solo”, explica. Dos autores de «Borrow» pouco de novo há a acrescentar nos dias que correm. Marcaram vincadamente os anos 90 da música pop em Portugal, venderam que nem ginjas, marcaram uma mudança de atitude – a par com The Gift ou Blind Zero – onde, se constava então, também passou a ser possível vender discos cantando em inglês. Os Silence 4 acabaram ao fim de dois trabalhos de originais, e não muito tempo depois surgiu «Sing Me Something New», primeiro disco a solo de David Fonseca, cérebro e alma por detrás dos quatro de Leiria. «Our Hearts Will Beat as One», segundo a solo, surgiu em 2005, já depois de uma saudável passagem no também fenómeno Humanos. O ano de 2007 vê chegar «Dreams in Colour»,

34

terceiro e melhor tomo de sempre do músico, que não hesita em considerar que “agora sei totalmente para onde quero ir, o que quero fazer. Sinto-me cada vez mais confortável na minha pele, mesmo sentindo que tudo isto é sempre uma aventura”. Músico e assumido melómano, apaixonado por fotografia, formado em artes do cinema, artista global e quase total, David Fonseca é tudo isto e mais. Em «Dreams in Colour» é o adulto consolidado, artística e pessoalmente falando. O conceito do sonho surgiu neste disco “como uma ideia de abstracção, isto é, as pessoas sonham coisas isoladas, momentos diversos, mas existe todo um fundo comum que une todos estes elementos. Depois, acho que nunca tentei tanto que esta abstracção fizesse sentido num universo pop”, resume o autor de «The 80’s». – E sonhas muito, David? “Sonho, mas são péssimos sonhos. Nem sonhos eróticos tenho (risos). Tenho uma tendência curiosa para sonhar com pessoas decapitadas, muito sangue, coisas realmente mórbidas. Sonhos a cores, especialmente o vermelho do sangue (risos)”. A Internet. «Dreams in Colour» foi sendo antecipado no blog oficial do músico através de pequenos Webisódios, onde David dava largas à imaginação e à

sua formação fílmica na construção de pequenos filmes que fizessem jus a toda a feitura por detrás deste novo disco. «Superstars», um dos marcos em single do 2007 nacional, teve inclusive realização e supervisão total da parte de David Fonseca, que considera, no entanto, que “fazer um filme, uma longa-metragem, não é algo que me passe de momento pela cabeça”. «Dreams in Colour», em canções. Há «Rocket Man», versão de Elton John surgida “meio do nada, ao falar com alguns amigos num jantar, onde sem saber exactamente porquê levantei-me e disse que ia fazer essa versão neste disco. E fiz mesmo (risos)”, avança David, logo partindo para «4th Chance», ambiente salsa e cornetas mariachi, “que era mesmo o que faltava para o tema ficar como eu queria”. «Silent Void» vê um teclado assumidamente europop fazer estragos, «Dreams in Colour», catártico tema-título, conclui a viagem pela idade adulta de David Fonseca. Palavra final ao leiriense: “Existe aqui uma toada no geral mais optimista, mesmo que a melancolia seja um dado presente em quase todas as minhas canções. Para o bem ou para o mal, eu vejo a minha música como impossível de perder essa toada”. Bem-vindo à maioridade, David.

www. david shrigley. com

www. worried noodles. com

O lançamento do Cd «Worried Noodles» é incontornável mas a história que o antecede supera-o. O LP de edição limitada feito há dois anos foi uma notícia rara num meio discográfico que ainda se desunha por vender mais discos e constituiu uma óptima oportunidade de lançar um produto único e excepcional. À Tomlab, na altura, não interessava a venda de um disco, mas sim a concepção de um projecto artístico de David Shrigley usando como suporte uma capa dupla de vinil recheada dos seus desenhos e letras. Apesar de ter gravado um EP, Shrigley não era nem é músico, letrista ou compositor, mas já tinha colaborado com a Tomlab na ilustração de diversas capas. A ideia é um pouco non-sense, como o universo do ilustrador. De que nos serve uma capa de vinil vazia? Serve de nada, mas alimentanos a imaginação e cria expectativa. Uma caixa de cd vazia não incomoda ninguém, a Internet suprime eficazmente a falta. Mas uma capa de vinil é outra coisa, mexe com a nossa memória e com os sentidos, mais ainda quando apresenta letras que carecem de voz para cantá-las.

Saiu agora para o mercado o resultado final da brilhante ideia – tenha sido ou não estratégica – desta vez musicada e em formato de Cd. A editora convidou dezenas de artistas para participarem no disco duplo que daria vida à solitária primeira versão de «Worried Noodles (the empty sleeve)». E as respostas foram positivas, vindas de 39 artistas que não demoraram a aceitar o convite. Entre eles estão David Byrne, Grizzly Bear, Deerhoof, Franz Ferdinand, Liars ou Hot Chip. Seguramente não foram as letras de Shrigley a impressioná-los (prosaicas e lineares como os seus desenhos), mas a proposta fresca e cativante que a ideia encerrava e o espírito com que Shrigley impregna a sua obra. Alguns artistas cantaram a mesma letra, caso de Cibelle e Bombai I que optaram por «Elaine», ou Franz Ferdinand e Hot Chip que se decidiram por «No». Nestes casos a editora não fez questão de sugerir outra letra em alternativa e naturalmente diferentes interpretações da mesma letra dão azo a maior curiosidade por parte do público. Na totalidade encontramos 39 artistas a interpretar 39 canções e dá imenso gozo ler as letras (ainda que nem

todas constem no booklet) e perceber como determinados músicos lhe deram a volta. Ainda que a qualidade dos dois cd’s esteja nivelada por cima, há temas como os de Max Tundra, Trans Am ou Islands que vale a pena destacar. Shrigley acaba também de lançar o seu novo livro, «Ants have sex in your beer», que à semelhança das suas publicações anteriores (encontram-nas no Amazon) revela-se uma edição de desenhos arty sem grandes preocupações estéticas e cuidados de parecer bem. Tal como constatamos no livro que acompanha a edição do cd «Worried Noodles», as suas frases e letras revelam-se como um statement e não como uma compilação de ideias soltas. É esta a sua identidade e é isto que faz dele um dos mais proeminentes artistas da actualidade. A capa que fez para o disco «Friend Opportunity» dos Deerhoof ou o videoclip «Agnes» para Bonnie Prince Billy ficaramnos na memória e este «Worried Noodles» constitui uma óptima oportunidade de fazer parte do seu clube de fãs.

35


New Stars Factory

Filipe Campos por Carla Isidoro © Redbull Music Academy

Filipe Campos foi o português seleccionado para o evento anual da Redbull Music Academy, um encontro único no meio musical. Dos 53 participantes que se inscreveram em Portugal, Campos foi o que preencheu os requisitos. A demo que apresentou juntamente com a sua candidatura revela um jovem produtor de gosto eclético e curioso, que gosta de música negra mas é igualmente influenciado por ritmos urbanos como o dubstep. Na música não tem preconceitos e nos últimos tempos anda também a cultivar-se sobre jazz.

No passado mês de Outubro voou para a cidade de Toronto, no Canadá, e juntou-se a 29 outros participantes oriundos dos mais variados países, pessoas que nunca tinha visto antes e que estariam igualmente na sua posição: dispostos a aprender, partilhar, ouvir e trabalhar em conjunto durante duas semanas consecutivas. “A experiência da Red Bull Music Academy é de certa forma uma utopia, porque estamos noutra parte do mundo com pessoas de todos os sítios que não se conhecem e temos todo o tempo para fazer música, num espaço concebido para isso, sem que nos tenhamos de preocupar com mais nada. A experiência pode ser considerada espiritual. Deu-me mais motivação para continuar a aprender música e vontade de desenvolver projectos com outros músicos.”, dissenos ainda na ressaca da viagem.

36

www. myspace. com/ camplaix

Paralelamente a ter sido escolhido para representar Portugal no ‘laboratório’ da Academia, a sua banda Soulbizness – onde compõe e toca guitarra – ganhou o concurso TMN Garage Sessions. Não se deixou intimidar ou iludir com as duas vitórias e mantém a posição de que a música é um hobby. Por muito tempo que aplique na composição de temas, a produzir ou investigar, a sua prioridade em termos profissionais é a Engenharia do Ambiente que estuda no Instituto Superior Técnico em Lisboa. A música entrou no seu quotidiano como uma curiosidade mas é uma via que quer continuar a alimentar, apreciando o valor e inovação de artistas que de certa forma o influenciam: “fazer música foi um hobby que me motivou por si só. É claro que há certos artistas que me cativam e fascinam, por exemplo o artista de soul brasileiro Ed Motta, que tem uma musicalidade soberba, ou o beatmaker e mc Jay Dee da cidade de Detroit que conseguiu inovar bastante no género.”

Enquanto produtor gosta de identificarse como Camplaix. Até a data fez uma remistura em conjunto com o vocalista dos Soulbizness para os Post Hit e um instrumental de hip-hop para o rapper Adamastor, editado na extinta revista Hip Hop Nation.

Regressado a Lisboa depois da experiência intensa de Toronto, está a desenvolver novos temas com a sua banda e a terminar outros com participantes que conheceu na Academia e com quem quer manter parcerias.

Ouve diferentes géneros musicais e não gosta de catalogar a música usando categorias e sub-categorias. Prefere ouvi-la sem preconceito, passando a mão por discos de épocas diferentes, de Luther Vandross ao pianista Erik Satie.

37


38

Um dos primeiros pontos atraentes a conhecer eram as ruas e becos cheios de graffitis. Chegados e instalados numa das principais artérias, Queen Street West, percebemos que estávamos na zona certa. Nas imediações do Drake Hotel havia suficientes ruelas para o deleite dos olhos de quem procurava pela reconhecida street art de Toronto. Muitas destas ruas passaram por um autêntico lifting estético e processo de costumização feitos por artistas da cidade ou pelos que ali vão deixando a sua marca. Nas pequenas travessas residenciais, transversais às avenidas da cidade e que servem de acesso a garagens privadas, não se encontra um só portão de garagem que não esteja pintado, desenhado ou graffitado com taggs, padrões e imagens fantásticas. A cor inunda a cidade e a street culture mostrase inerente. Descendo Queen Street West pausadamente, porque ela é longa e rica em coisas para ver com olhos de ver, passamos por lojas de vinil, cafés com esplanada, lojas e galerias de arte com cão (a referência não é em vão, há inúmeros espaços comerciais com um cão lá dentro tipo bibelot ou obra-de-arte portátil), cabeleireiros fashion e lojas de roupa em segunda mão que surgem em catadupa. Bebe-se um café tamanho familiar nos famosos Starbucks, prova-se um muffin de amora noutro local e a cidade chega-nos aos sentidos nada agitada, com gente que não corre, não buzina e não grita palavrões ao volante. Olhar de turista? Não, os locais confirmam a tranquilidade, o civismo na condução e a imposição das regras de convivência. Todos diferentes todos iguais, se cumpro terás de cumprir também.

www.redbull music academy.com

Continua nas páginas seguintes

No hotel preveniram-nos de que Little Portuguese, o bairro onde se encontram muitos dos portugueses que vivem na cidade, não teria muito para conhecer. Procuramos por mercearias, padarias e essas coisas. “Isso irão encontrar, mas pouco mais.”, informaram. De facto Little Portuguese resume-se a uma parte de uma rua principal onde há restaurantes e pastelarias, peixarias, talhos, bancos e serviços explorados por portugueses, estabelecimentos com nomes tão reveladores como «Snack Nazaré» ou o «Casa da Rambóia». Fala-se e atendese em português, e a sensação não é tão agradável quanto isso, é um pouco estranha para quem acaba de chegar de Portugal. Apesar deste comércio instalado há dezenas de anos, os portugueses continuam a trabalhar maioritariamente nas obras e as portuguesas em serviços de limpeza. Dentro das novas gerações encontram-se indivíduos já imiscuídos na cena artística e criativa da cidade. É fácil conhecerse alguém jovem de apelido português, usualmente com ascendência nas ilhas, e que de Portugal não guarda muito além da memória de umas férias de Verão ou de Natal em família na antiga casa dos pais ou avós. Era o caso de Sarah Linhares Lahey, umas das participantes do evento da Academia, canadiana com família na Madeira que falava português não muito bem mas tinha pronúncia do Brasil devido aos amigos brasileiros. Nunca visitou Lisboa e à ilha da Madeira foi uma só vez.

13h:

www.redbull music academy radio.com Queen Street West © Carla Isidoro

11h:

www. redbull.pt/

© Carla Isidoro

Toronto: a expectativa saiu agradavelmente gorada. Afinal a cidade é tudo menos megalómana, frenética e sufocante. Acolhe de forma surpreendente dois lados antagónicos mas complementares: o tradicional e popular lado a lado com os arranha céus, galerias e modernos centros comerciais. Uma cidade rica em música, comida genuína, multiculturalidade, imigrantes das ilhas e de Portugal continental, da China, Malásia, Jamaica, México e de muitos outros lugares. Esta variedade e a forma justa como deixa cada um viver com as suas diferenças fez dela o local indicado para o encontro anual da Redbull Music Academy. Choque cultural é coisa que ali não faz sentido.

— por Carla Isidoro © Redbull Music Academy + Carla Isidoro

O Encontro da Academia*

event

© Carla Isidoro

39

Pintura de Kate Wilson © Carla Isidoro

Muhsinah Abdul-Karim (USA) © Redbull Music Academy


40

Arranca uma das conferências do evento. Todos os dias há duas conferências com músicos, produtores ou compositores que marcaram ou marcam a actualidade musical no Ocidente. Desta vez o convidado era o jovem japonês Makoto, nome do drum&bass que ganhou créditos ao entrar para a editora Looking Good

15h:

frequência de dezenas de pessoas por dia. Em Dezembro a equipa da Redbull Canadá vai mudar-se para o espaço e dele fazer o novo escritório, ficando o 1º piso destinado a ser uma nova galeria de arte. Johnson Chou, comissário das obras-de-arte apresentadas, explica a sua escolha: “Estou muito envolvido na cena artística da cidade e o meu trabalho é bastante influenciado pela arte, eu próprio concebo galerias como arquitecto, tenho a minha própria galeria e sou comissário. Escolhi artistas de cá, bastante respeitados, sejam emergentes ou alguém estabelecido no mercado como o conceituado Streicher. Procurei fazer uma selecção variada.” Pelo edifício havia obras apresentadas em diferentes suportes, como as esculturas insufladas de Max Streicher (que no Verão passado expôs no CCB), ou acrílicos na parede assinados por Kate Wilson. Intitulada Playing in Traffic, a exibição de arte decorreu da constatação de que Toronto é uma cidade de colisões graças à diversidade e tolerância: “Como iríamos representar Toronto? O que é Toronto? Para muitos é a comida, aqui encontram-se restaurantes incríveis com comida de todo o mundo e isto levou-nos à sua multiculturalidade. Toronto representa a diversidade de culturas e assim chegámos ao conceito de Traffic (tráfego), metáfora para a intersecção de ideias e diferentes meios usados pelos artistas.”, explica Chou com palavras entusiasmadas, não perdendo a oportunidade de sugerir um restaurante japonês que frequenta bastante.

O edifício escolhido, em plena Queen Street West, foi recuperado e projectado pelo arquitecto e membro do Museu de Arte Contemporânea do Canadá, Johnson Chou, para albergar o evento durante dois termos (cada um deles de duas semanas consecutivas) prevendo sete estúdios de som, sala de conferências, estúdio de rádio, sala de refeições, salas de trabalho de produção, pátio, galeria de arte e a

Em Toronto encontram-se dezenas de galerias de arte numa só rua e o modelo repete-se pela cidade. A produção artística, em geral, faz dela um local de características particulares e apetecíveis para quem queira produzir, conceber e mostrar as suas criações. Many Ameri, responsável maior da Redbull Music Academy (RBMA), explica que este foi um dos elementos que levou a optarem por esta cidade, além da evidente e intensa dinâmica musical e cultural: “Interessa-nos que a Academia funcione como plataforma para muitas formas de arte. É importante estarmos num local onde possamos criar impacto. Se criarmos um evento destes numa cidade sem cena criativa, quando formos embora nada acontece. Se a cena artística for forte, por um lado temos uma caixinha de surpresas de onde podemos tirar tesouros, e por outro a garantia de que a rede é construída não só pela Academia mas também pelos artistas locais. Desta forma um Dj local trava conhecimento com um grande produtor que admira há muito ou com um jovem participante da República Checa, de Portugal ou Nova Zelândia com quem pode desenvolver trabalho. É isso que nos interessa, deixar impacto na cidade depois de irmos embora.” O edifício que acolheu o encontro resultou da parceria entre a Academia e a Redbull Canadá. Todos os anos a Academia reconstrói e remodela um espaço devolvendo-o à cidade depois do evento terminar.

14h:

Cada participante sentiu-se estimulado por diferentes conferencistas. Filipe Campos, o representante de Portugal no encontro da Academia, deixou-se fascinar por outros nomes: “Gostei particularmente do Benga, um músico de 21 anos que produz Dubstep, um género que aprecio particularmente e que foi sujeito a um hype merecido. Outra ‘lecture’ particularmente interessante foi a de Junior Boys, que me deu a conhecer um projecto que desconhecia previamente e que fiquei a gostar pela invulgar sensibilidade da música.”

na história dos encontros da RBMA. É uma referência na história do jazz-fusão e até daquela a que mais recentemente veio a denominar-se de world music. Foi um precursor, criador do Ethio-Jazz da Etiópia, sua terra natal. Karen Pearson, responsável da Rádio da RBMA, mostrou-se bastante entusiasmada pela presença do músico. Pearson, que durante vários anos produziu o programa de rádio de Gilles Peterson na BBC Radio 1, revelou que foi com Peterson que conheceu aquele artista: “Mulatu é massivo, uma lenda. Não conhecia o Ethiopean Jazz antes de trabalhar com Gilles e ele foi-me introduzindo pouco a pouco à sua música. Acho-o absolutamente estrondoso e recentemente tem sido mais fácil ouvi-lo, pela bandasonora do filme de Jim Jarmush «Broken Flowers» ou pelas reedições de trabalhos antigos. No programa que fizemos ontem à noite na rádio, um dos participantes disse que chorou na conferência porque estava bastante impressionado. Percebi que a sala ficou totalmente envolvida pelas palavras de Mulatu, mas também acho que estes últimos dias na Academia são os mais intensos e emotivos.”

Mulatu (só Mulatu, como prefere ser conhecido) foi o segundo convidado desse dia e fez estremecer a sala. Ouvimos posteriormente comentar nos corredores que deu a melhor conferência de sempre

As conferências marcadas para o dia seguinte estavam a criar bastante expectativa e apresentavam dois tubarões da música. Arthur Baker e Mulatu Astatke iam apresentar os seus temas e ideias à Academia. Baker, visionário da década de 80, teve um impacto crucial não só no desenvolvimento do Hip-hop como da House Music. Produziu trabalhos tão diversos e marcantes na história da música moderna como o clássico break «Planet Rock» com Afrika Baambata ou «Blue Monday» dos New Order. A sua conferência foi entusiasmante e os temas que mostrou deixaram a audiência cativada e a pular da cadeira, literalmente, enquanto usava um tom bastante descontraído no discurso, aproximando-o do grupo.

de LTJ Bukem com quem trabalhou em regime de exclusividade durante alguns anos. Na sala, os 30 participantes oriundos dos mais variados países distribuíamse confortavelmente pelas poltronas e grandes puffs, num ambiente perfeitamente informal, escutando a conversa e colocando questões. Makoto falou da formação clássica que teve desde os 6 anos de idade, da sua experiência enquanto produtor, de como foi influenciado pela cena Acid House e pelos japoneses United Future Organization, pela banda-sonora que Ryuichi Sakamoto fez para o filme «O Último Imperador» e pelo programa de rádio de Gilles Peterson que o levou a descobrir drum&bass, o estilo onde se afirmou internacionalmente e desenhou a sua carreira. Ouviram-se temas seus e um de Sakamoto, discutiuse um pouco mais e a sessão terminou ficando Makoto pelos corredores disponível para mais dois dedos de conversa.

*A DIF viajou a convite da RBMA Portugal

A pergunta assalta-nos inevitavelmente: estará Lisboa na lista das potenciais cidades acolhedoras?

No termo seguinte a Academia iria receber mais 30 participantes em Toronto e uma nova equipa de apoio que contaria, entre outros, com Theo Parish e Steve Spacek. A oportunidade é única para os jovens participantes e única também para a localidade onde tudo isto se desenrola. O acontecimento desdobra-se em eventos paralelos como exposições (ver artigo sobre Jamel Shabazz), Dj sets e festas que não deixam a camada criativa da cidade indiferente.

Os assobios sucediam-se à medida que os temas eram tocados e a ansiedade não se fazia sentir só nos participantes, estava genericamente instalada no espaço. Houve exemplos de broken-beat, soul e drum&bass que puseram Mulatu a bater energicamente com o pé no chão e a aplaudir entusiasmado. A audição revelou-se um dos momentos mais altos do encontro ao qual pudemos assistir. Dj Zinc, elemento do ‘esquadrão’ da Academia que acompanhou os participantes em estúdio desde o primeiro dia, deixou-nos um balanço: “As músicas eram impressionantes, compraria algumas delas com satisfação. Trabalhei nos temas de drum&bass e de dubstep e esses achei-os bastante bons (rise). Havia uma variedade grande de música, foi bom porque não estavam todos só a fazer House. Fiquei surpreendido pela qualidade, mas como acompanhei todo o processo e estive com eles em estúdio sabia que havia ali grandes temas. Já tinha ouvido alguns várias vezes, como o da Muzinah com piano, é realmente impressionante, ela tem uma grande voz. Penso que todos ficaram orgulhosos do que fizeram.”

No último dia do 1º termo do evento ultimavam-se os temas nos estúdios, acertavam-se pormenores e gravava-se tudo para ser ouvido na sala de conferências. Mas desta vez não haveria um convidado principal a falar da sua experiência, eram os 30 participantes a mostrar entre si, aos convidados e à equipa RBMA o resultado de duas semanas de trabalho, parceria, experiências e jam sessions. A audição final. Alguns apresentaram temas individualmente, outros fizeram duplas, mas também houve quem ‘fizesse uma perninha’ em variados temas. Foi o caso de Filipe Campos que participou em três temas bem recebidos pela sala. “As colaborações ocorrem numa base espontânea porque ninguém nos diz o que fazer. Pode ser o resultado de o mero abrir da porta de um dos estúdios, curiosos pelo som que se ouve de lá, e no momento seguinte já estamos a adicionar algo de novo à faixa. Foi o caso da minha participação com guitarra numa faixa de drum&bass. Com pessoas que têm gostos semelhantes essa aproximação é de facto natural, como foi o caso da minha parceria com a Sarah Lahey, vocalista de Montreal, e do Kazuki Yamaguchi do Japão. Tendo em conta que partilhávamos gostos musicais semelhantes, acabámos por fazer uma música.”, explicou.

18h:

Sala de Conferências © Carla Isidoro

41

Makoto entrevistado por Emma Warren. © Redbull Music Academy

Mulatu captou as atenções de Conor Dougan © Redbull Music Academy


42 43

Jamel em Toronto. © Che Kothari

www. jamel shabazz. com/

© Che Kothari

São muito importantes porque eu estava lá quando tudo aconteceu. Foi umas das experiências mais traumáticas da minha vida e na vida deste país. O facto de ter testemunhado na primeira pessoa, estava lá e vi o segundo avião a despenhar-se contra o edifício, vi pessoas a saltar das janelas, passei três dias no Ground Zero

Também lá estão algumas fotos que tirou no 11 de Setembro. Acheias bastante diferentes do restante material incorporado no livro e até bastante diferente do trabalho que conheço genericamente de si. Que importância têm elas?

Quis mostrar uma nova vertente. O meu trabalho ficou muito marcado por ter documentado os anos 80, 90 e os antecedentes do hip-hop. Fiquei bastante conotado com isto. E de certo modo quis mostrar que o meu trabalho mais recente e actual também é relevante. Na realidade «Seconds of my life» são três livros num só, condensei as décadas de 80, 90 e a actualidade. Quis um livro que condensasse uma vasta selecção de material e tivesse alguma coisa a dar a qualquer pessoa.

Algumas dessas fotos nunca tinham sido exibidas ou editadas. O que têm elas de diferente para escolhê-las agora?

Basicamente escolhi imagens que tiveram impacto na minha vida durante estes 30 anos, mas foi um processo complicado devido ao grande volume de fotos. Queria contar uma história com imagens que pudessem revelar a integridade e a dignidade da comunidade afroamericana deste país, este era um dos principais critérios. Fiz uma selecção que reflectisse positividade e não negatividade.

Acabou de lançar «Seconds of my life», compilação dos seus 30 anos de trabalho fotográfico. Que critérios usou para uma selecção tão exaustiva?

Jamel Shabazz é um fotógrafo norte-americano que se notabilizou em grande parte pela documentação que fez do movimento hip-hop nas décadas de ı980 e 90 em Nova Iorque. Os seus retratos de bairro revelaram ao mundo a cultura de rua, os artistas e as estéticas das duas épocas. Acabou de lançar o novo livro «Seconds of my life», compilação de 30 anos de trabalho e balanço de situações e pessoas que registou cronologicamente com a mesma seriedade. Encontrámos algumas das suas imagens na Redbull Music Academy Hub, em Toronto, expostas ao lado das de jovens com quem desenvolveu um workshop de fotografia. Falámos com Shabazz ao telefone alguns dias depois de ter lançado o livro, nesta galeria da Academy, em meados de Outubro. Positividade é a palavra que mais ressalta do seu discurso.

— por Carla Isidoro

Jamel Shabazz

rua

Continua nas páginas seguintes

Tem os dois lados. É uma ferramenta óptima, pode levar-nos rapidamente ao outro lado do mundo, suprimir o fosso que existe entre as sociedades e pôr-nos em contacto com pessoas de todo o mundo. Se for usada de forma correcta pode educar o mundo através de mecanismos tão simples como o email ou um website, podemos marcar a diferença se a usarmos para mudar o panorama social.

Transformou o Homem numa ameaça maior do que aquela que representa para si próprio ou é uma ferramenta que revela a natureza do Homem como ele é?

O que aprendi com a Internet foi que este Mundo é realmente doente. Não fazia ideia que as coisas eram tão más até começar a fazer pesquisa na Internet. Ando horrorizado com o que se passa, com o ódio, com a degradação da mulher e com as imagens de guerra que vejo na Internet.

Diz, na introdução do livro, que o consumo de crack e o aparecimento da Sida nos anos 80 assim como o 11 de Setembro de 2001 foram marcos que criaram rupturas na sociedade norte-americana. Vê a Internet como um elemento de ruptura social nesses termos?

à procura de corpos e a ajudar pessoas. Foi bastante traumático e a primeira vez que fui exposto a uma situação desta natureza profissionalmente. Sempre quis ser fotógrafo de guerra e aquele dia realmente pôs-me à prova. As fotos do 11 de Setembro são importantes não para provarem que lá estive, mas porque aquele momento fez parte de mim, faz parte da minha vida. Foi muito mais do que segundos da minha vida, foram horas e dias da minha vida. Era importante incluir este material não só para mostrar o horror daquele dia, mas também outro nível do meu trabalho.


44 45

Em Toronto orientou jovens provenientes de famílias com problemas, no âmbito do Project Positivity da Redbull Music Academy, à semelhança de outros projectos de fotografia que tem desenvolvido com adolescentes carenciados. Eles seguramente ganham imenso com estas experiências que introduzem um novo valor às suas vidas. Que proveito tira pessoalmente delas?

Adoro a música do Guru, ele tem sido uma inspiração para mim. Gosto da forma como incorpora o jazz e as spoken words na música. Tenho que falar também do Mos Def, ele é realmente a expressão de ideais profundos, mas há tantos outros que merecem reconhecimento. A Jill Scott é uma das que tem posto a mensagem cá fora, há vários a fazerem os seus statements neste momento.

Há algum momento, movimento ou artista de hip-hop que considere de facto importante para a cultura urbana ocidental?

na vida e percebi que ele passa por ser mentor de jovens e adolescentes.

Temos guerras, violência, fome, pobreza, e os rappers não estão a levantar estas questões, isto já não tem lugar para ser discutido. Desde que o hip-hop se tornou numa linguagem universal estes artistas ganharam o poder de realmente educar e inspirar as sociedades globalmente, mas não estão a fazê-lo. Custa-me ouvir a linguagem que usam nas letras, incomoda-me a forma como exploram a mulher nos videoclips e que falem do que têm, do que possuem, e desperdicem dinheiro como se não valesse nada. Estas imagens com carros, ouro e diamantes passam no mundo inteiro e criam uma imagem negativa dos afro-americanos deste país. Incomoda-me muito porque é uma ilusão e não é correcto, e qualquer pessoa pode absorver estas imagens, o que é prejudicial.

Sim, as famílias também participam. Já dei cursos em Nova Iorque em que não só a criança participa como os pais são envolvidos. Gosto de plantar a semente e ver o que acontece daí

É provável que para muitos essa experiência os aproxime dos pais.

Em geral. Já fiz variados workshops e não só ensino fotografia como proporciono a exibição dos trabalhos. Eles ficam muito entusiasmados por terem os amigos e a família a verem as suas fotos penduradas na parede de uma galeria. Dá-lhes um sentido à vida.

Está a falar do exemplo de Toronto ou em termos gerais?

Sim, vários. Mais de metade do grupo quer dar o passo seguinte e tornar-se profissional. Todos se apaixonam pelo poder e beleza da fotografia, e é-lhes dada pela primeira vez a oportunidade de exibirem os seus trabalhos.

Algum dos jovens que formou ficou seriamente interessado por fotografia ou tornou-se fotógrafo profissional?

É universal em qualquer país, os miúdos querem ser amados pelos seus pais. Hoje em dia estão a passar por muitas pressões, querem ser aceites e pertencer. As crianças são todas muito iguais, querem sentir amor. Quando uma criança sai do ventre da mãe e chora, esse choro é igual em qualquer lugar. Em Toronto encontrei esperança, é uma cidade muito interessante devido à sua diversidade, contactei com gente de todo o mundo, africanos, europeus, indianos. Fiquei bastante surpreendido por encontrar esta diversidade entre os adolescentes, mas todos ambicionam o mesmo.

Encontra uma curiosidade diferente ou necessidades diferentes nos miúdos de Nova Iorque e nos de Toronto? Haverá diferenças por serem de uma ou outra sociedade?

Sinto uma obrigação, enquanto mais velho e artista, de falar com estes rapazes e raparigas. Não tenho muito, mas o pouco que tenho sinto que deve ser direccionado para a comunidade. A fotografia mudou a minha vida quando eu era miúdo e percebi que se dedicasse o meu tempo a estas pessoas a fotografia poderia mudar-lhes a vida como mudou a minha. Sinto uma grande satisfação ao perceber que tenho cumprido a minha função enquanto mais velho. Já meditei muito sobre o meu propósito

Nessa altura era sobre causas sociais, ou seja, sobre valores. A discussão sobre questões sociais era muito importante. Quando o crack apareceu, a música começou a revelar o que se passava na América naquela época, falava de violência e assassinatos porque essa era a realidade que começava a existir. Tragicamente hoje várias multinacionais dominam o hip-hop e só se fala de dinheiro, promoção, materialismo.

Um dos componentes fortes do seu universo de trabalho é a relação com o hip-hop desde os seus primórdios e as fotos de Brooklyn e do Bronx. Se fizer um flashback até aos finais de 1980 e início de 90, que diferenças maiores encontra entre a cena hiphop dessa altura e a de agora?

Já percebi que as pessoas são todas muito iguais, pessoas são pessoas e têm o mesmo tipo de aspirações e objectivos no mundo inteiro. A fotografia é uma linguagem universal e documentando pais e filhos daqui ou de outro país deu-me a perceber que todos queremos o melhor para nós e para as nossas famílias. Toda a gente tem compaixão dentro de si, potencialmente toda a gente a tem. Não conheci um indivíduo que não a tenha. Tenho tido o privilégio de viajar para imensos países e posso dizer que é muito igual, a única coisa que marca a diferença é a língua.

Voltando ao livro, referiu que teve o privilégio de fotografar e conviver com muitos indivíduos ao longo da sua carreira. Peço-lhe que faça uma breve avaliação destes 30 anos de convivência com gerações e culturas diversas e nos diga qual é a característica humana que considera mais forte ou relevante.

Mas também é usada para a negatividade, para anular os direitos humanos e aumentar a degradação humana.

Tinha que largar aquele trabalho e procurar por pessoas que são livres. Fui responsável por jovens, velhos, homens e mulheres, pobres, desequilibrados, violentos, pacíficos, todo o tipo de pessoas. Foi naquelas prisões que aprendi o sentido da palavra compaixão, vendo pessoas que nunca iriam sair da prisão e jovens que não tiveram as oportunidades certas quando eram novos e tomaram decisões erradas que lhes condicionaram a vida para sempre. Conheci tantas mentes brilhantes desperdiçadas lá dentro. Poderia ter ficado ao fim de

Segundo sei era responsável pela custódia e controlo de prisioneiros. Posso perguntar o que o fez sair ao fim desses anos?

Não, já saí. Trabalhei lá durante 20 anos.

Ainda trabalha no Departamento de Correcção de Nova Iorque?

Sim, tenho feito amigos para a vida.

Faz amizades então.

confiança sentem que o trabalho é sério e querem ser fotografados, reconhecidos. Asseguro sempre que não estou a tentar explorá-los e faço questão de voltar a vê-los e mostrar-lhes o resultado.

Investindo tempo a conversar com elas. Falo muito da vida, dos meus interesses e propósitos, quem sou e o que pretendo. Pode demorar cinco minutos ou duas horas, mas uma vez estabelecida essa

Percebe-se, nas suas imagens, que as pessoas sentem-se confortáveis ao serem fotografadas. Como é que lhes ganha a confiança?

em diante. Esta experiência só faz sentido se os trabalhos deles forem expostos e tiverem a oportunidade de perceber que têm capacidade.

O meu desafio é educar uma filha adolescente. É muito difícil criar uma rapariga de 17 anos nesta era. Esse é o meu grande desafio, guiá-la na direcção certa.

Depois de 30 anos de carreira e conhecimento, quais são os seus desafios agora?

20 anos, mas quis continuar o meu trabalho nas ruas tentando evitar que alguns fossem presos ou se envolvessem em determinadas situações.


cinema

anton corbijn O grão na engrenagem

— por Anouk Aivliz

Fazedor de mitos, o fotógrafo Anton Corbijn não esteve com meias medidas: escolheu Ian Curtis, alma atormentada dos Joy Division, como objecto da sua primeira realização cinematográfica. Sem fazer cedências ao lucro fácil ou à adoração, ainda mais fácil, o filme Control é como uma boa fotografia: forte

Unknown pleasures. Repita-se, a ponta da lingua fazendo a viagem de vários passos pelo chão da boca. Un-known-plea-su-res. Se o nome do primeiro disco da banda Joy Division era toda uma promessa, a música que tocavam provocou uma epifania demolidora em Anton Corbijn. O filho de um pacato pastor protestante holandês sentiu que aquela sonoridade carregada de sombras chamava por ele. “Pensei ‘eu quero estar no lugar de onde essa música vem. A minha missão era fotografar os Joy Division”, diz em todas as entrevistas. Duas semanas depois, Corbijn fotografa a banda num túnel do metro, quatro miúdos esguios como espectros e banhados na sua característica luz granulada, um deles a olhar para trás, com uns olhos baixos cheios de desdém. Há como que uma metáfora nessa imagem, uma descida aos infernos adivinhada. A fotografia foi publicada na bíblia musical que vigorava em 1979, o NME/New Musical Express. Seis meses passados, o vocalista Ian Curtis enforcava-se na sua casa suburbana de Macclesfield. Tinha apenas 23 anos. Haverá imagem mais poderosa para o imaginário popular do que essa de um poeta urbano torturado, ícone de milhares de miúdos desavindos com o princípio da realidade? O antiherói que nunca envelhece nem conhece o aburguesamento é material perfeito para matinés cinematográficas. Se Corbijn não fosse Corbijn, o artista que vincou uma estética áspera e uma ética respeitada pela comunidade artística, poderia ter caido na tentação de fazer um portfolio de clichés na sua estreia como realizador cinematográfico. Mas o fotógrafo evita cuidadosamente essa armadilha da glamourização do mito para consumo rápido. Control demora-se antes no retrato humano de Ian Curtis. Claro que a banda sonora inclui as músicas pós-punk dos Joy Division, ouvem-se temas iconográficos como Love will tear us apart, Transmission, She’s lost control. Mas a intenção não é gerar um best of.

46

Escave-se o fundo antes de admirar a forma desta biografia visual e Control conta uma história aparentemente banal: um rapaz conhece uma rapariga e não são felizes para sempre. Ian conhece Debbie, a rapariga com quem casa mal atingem a maioridade. A partir daí, a vertigem rondarlhes-à sempre a porta: nasce a filha Natalie, começa o culto em redor dos Joy Division, surgem as digressões e os excessos, sucedemse os ataques epilépticos e as angústias de Ian, acontece o affair com a jornalista belga Annik Honoré. Demasiado depressa, demasiada intensidade. O descontrole. Anton Corbijn filma esta tragédia num preto e branco granuloso, semelhante à estética minimalista e urbana que os Joy Division cultivaram. A elegância de planos, o realismo das imagens, estão contaminados pelo seu estilo fotográfico. E o rigor do realizador fê-lo procurar um feeling presente nas séries britânicas dos anos cinquenta. Em entrevista, Corbijn confessou desejar que Control estivesse “mais numa veia de Andrei Tarkovski do que de Sid and Nancy”. A ambição e a honestidade intelectual foram recompensadas: os festivais de cinema de Cannes e de Edimburgo premiaram-lhe o filme. Entre-se no guião e na sala escura como quem espreita um segredo. O primeiro encontro de Ian e Debbie é igual ao de tantos outros miúdos dos anos 70. O calendário marca o inverno de 1972. Dentro do Hard Rock de Manchester, a atmosfera é um nevoeiro carregado de electricidade: David Bowie é esperado para o concerto no rescaldo do novo álbum, Ziggy Stardust and the spiders from Mars. Um rapaz mete conversa com uma rapariga entretida a comer batatas fritas. “Queijo e cebola, as minhas favoritas”, diz ela. “As minhas também”, responde Ian. “Estou entusiasmada. Antes, eu não gostava muito de Bowie”, lança Debbie. Ian conta-lhe que o ex-namorado dela lhe deu o ok para ele fazer uns avanços. Ela responde, provocatória, “bit presumptuous”. Assim. O registo naturalista das imagens reflectese igualmente nos protagonistas: Samantha Morton empresta dignidade a Debbie. Mas é difícil desviar a atenção de Sam Riley, um novato de 27 anos, ex-membro da banda Ten Thousand Things, que convoca a angst do vocalista dos Joy Division. Na última cena em que Ian Curtis está vivo, ele ouve The idiot de Iggy Pop e vê o filme Stroszek, realizado por Werner Herzog – a história de um berlinense que sai da prisão e embarca para a América em busca de uma nova vida, acabando por suicidar-se. No dia seguinte, os Joy Division partiam em digressão pelos EUA. Ian já partira para uma viagem final, pendurado num pedaço de corda. A última

imagem de Control é uma nuvem negra vinda do crematório. É um efeito visual que se tem de perdoar ao fotógrafo Anton. Corbijn é um ícone por direito próprio. As suas fotografias de celebridades retratadas a preto e branco, sépias ‘sujos’ ou azuis metalizados, conferiram-lhe um estilo identificável. Todos já sentiram o impacto da imagem de Clint Eastwood apontando um dedo à câmara, ou a experimentação das fotografias de Bono e dos U2 – que ajudaram a criar-lhes o estatuto estelar. Aos 14 livros editados pelo fotógrafo, mais coisa menos coisa, acrescente-se a realização de videoclips para os U2, Nirvana, Coldplay ou Depeche Mode. A música foi uma bússola constante na sua vida, e aí se incluem os Joy Division. “A voz de Ian Curtis era muito forte e as letras das músicas eram excepcionais. Há imensas bandas actuais que ainda acham tudo isso inspirador – Arcade Fire, The Killers, Interpol, Editors. Tantas bandas”, aponta Corbijn. A invenção de um novo olhar sobre as celebridades é, no entanto, o seu grande legado, patente também no livro In control (edição Schirmer/Mosel). Um making of de luxo, coberto de anotações à mão, desenhos e fotografias; um olhar sobre o universo corbijniano. O fotógrafo, esse fechou o ciclo iniciado aos 25 anos, regressou à Holanda e quer realizar outros filmes. Porque são un-known-plea-su-res.

47


CLINT EASTWOOD, Cannes 1994.

BONO, Miami 1996.

© Anton Corbijn

© Anton Corbijn


ARTE

arte contemporânea em lisboa — por Cláudia Gavinho

De 8 a 12 de Novembro, o circuito de arte passa pela FIL, no Parque das Nações, na sétima edição da Feira de Arte Contemporânea de Lisboa. Este ano, o grande desafio da organização é mostrar um segmento de arte mais experimental, nas áreas multimédia e intermédia. A Arte Lisboa é, por vocação, um espaço para compradores privados e institucionais adquirirem obras de artistas com percursos já consolidados. Funciona como uma ponte entre o meio especializado e o público em geral, uma plataforma de encontro entre artistas, agentes, coleccionadores e críticos de arte. Mas o crescente interesse em projectos multidiscliplinares de carácter experimental, paradigmáticos da arte contemporânea actual, levou à necessidade da feira se abrir a outros formatos, que não os suportes tradicionais da arte. Por essa razão, o evento inaugura, este ano, o espaço “Project Rooms”, da responsabilidade da curadora Isabel Carlos, com capacidade para exibir trabalhos que exijam “uma sala escura para projecções, esculturas de grande dimensão ou obras que impliquem uma visão em série ou sequencial”. Publicamos, nestas páginas, trabalhos de alguns dos artistas expostos no salão da Arte Lisboa.

Antony Crossfield Dave 360º, 2007, Fotografia digital Galeria Mito, Barcelona

Augusto Alves da Silva Lau, 2007, Fotografia, Epson, cor, edição de 3 Painel de 91 fotografias, 400 x 300 cm Galeria Fonseca Macedo, Ponta Delgada

José Lourenço S/ Título, 2007, Acrílico s/ tela, 140 x 200 cm Galeria Carlos Carvalho, Lisboa

Mas, se tudo pode ser arte... Zoltán Ötvös Lamb I., 2003, Óleo em tela, 180x125 cm Galeria Dovin, Budapeste

50

Rui Calçada Bastos Self-portrait while thinking, 2007, Vídeo Pal | 4:3 | cor | 3'17'' Galeria Vera Cortês, Lisboa

51


John de Andrea Amber, 2002, T茅cnica bronze policromado com 贸leo, Tamanho real Galeria Clave, Murcia

Carlos Noronha Feio 3 actions for a constricted/contrived confrontation, 2007, Performance


ARTE

...tudo pode ser performance. Uma performance pode ser o movimento de levantar a mão, enquanto na arte, a mão tem de levar algo. “3 actions for a constricted/contrived confrontation” é uma performance artística Feio que vai ser apresentada no dia 8 de Novembro, pelas 23 horas, na associação cultural Bacalhoeiro (Rua dos Bacalhoeiros, ı25 em Lisboa), um espaço paralelo, onde a cultura é acessível e não é preciso pagar para ver arte. Esta peça, do pintor e performer Carlos Noronha Feio (n. ı98ı, Lisboa, formação em belas artes pelo Camberwell College of Art e Middlesex University, Londres), foi feita para o representar no mercado da arte contemporânea portuguesa. Pretende mostrar como a performace continua a ser excluída das mostras de arte por se pensar que tem um carácter pouco comercial, por galeristas, curadores e programadores não saberem como “vender” o produto “performance” nos mercado de arte. Representa a desvinculação do artista dos mecanismos institucionais e a sua autonomização como agente do seu próprio trabalho. A performance artística é uma das formas de arte mais puras, feita em tempo real, onde o artista assume a sua acção no momento em que a faz, em palco ou em cena. É uma força democrática na arte porque é o único campo da mesma e porque prescinde de dinheiro na sua feitura. 54

Carlos Noronha Feio 3 actions for a constricted/contrived confrontation, 2007, Performance

“3 actions for a constricted/contrived confrontation” é, segundo as palavras do próprio, «sobre as dinâmicas de conflito, sobre a estrutura, a forma, os rodeios que marcam o lado diplomático, os ritmos metódicos e aborrecidos do desenvolvimento da obra de arte, com um fim quase sempre controlado, pensado, pesado e medido ao milímetro. É sobre os jogos de poder e as glórias momentâneas que dão ênfase ao nada final. Todo o processo é documentado na tela, a acção acontece em tempo real, amplificando o impacto final. O escuro é amigo da surpresa e é no escuro que a performance alcança o seu auge. Ver, sentir, ouvir e viver a peça de arte». 55


LITERATURA

O VÍRUS afectuoso — por valter hugo mãe* © Pedro Mineiro

Não será surpresa nenhuma a estreia de JP Simões no conto, sobretudo por ser tão clara a relação privilegiada que o autor sempre manteve com as palavras no trabalho como músico. É manifesto que, depois de um glorioso tempo de grandes cantores com significado – deixem-me chamar-lhes assim –, a música em Portugal entrou num interminável chorrilho de baboseiras sem conteúdo, aqui e ali interrompidas por uma tentativa pálida de dizer efectivamente alguma coisa. Os casos mais marcantes, depois dos grandes clássicos José Afonso, José Mário Branco, Fausto Bordalo Dias ou Sérgio Godinho, ficaram por conta de Rui Reininho, Adolfo Luxúria Canibal, João Peste ou Jorge Palma, e bastam-se muito por aí, aparecendo JP Simões como um inusitado regresso ao tempo em que as coisas tinham um valor maior do que o puramente comercial.

«O Vírus da Vida» não é, de facto, um livro primoroso, e não é coisa para entrar na história da literatura nacional, mas penso ser certo que, tratando-se de JP Simões, estamos perante uma questão de atitude mais do que de uma promessa literária, e por aí deve ser entendida esta publicação. O autor, na nota introdutória que assina, explica que estes dez contos foram escritos em 1996 e apenas se reuniram porque André Carrilho, que os havia ilustrado, manteve o projecto em carteira com a firme intenção de o fazer passar cá para fora. O trabalho de Carrilho enquanto ilustrador é dos mais conceituados no plano nacional e este livro não desdiz rigorosamente nada do prestígio que conseguiu, pelo que me atenho sobretudo ao papel de Simões, que arrisca e se coloca em causa. Este livro é um exercício de ironia em que reconhecemos o mesmo estilo de inventor de palavras ou expressões tão cómicas quanto sarcásticas, num objectivo claro de ironizar denunciando, trazendo ao de cima a mesquinhez e o deslumbramento fácil do comum dos cidadãos. O que está em causa é a sociedade hiper-informatizada, dotada de apetrechos hitec para uma suposta melhoria das condições de vida, na qual o indivíduo perde parte da sua humanidade e se depara com a necessidade de se negar ou adulterar para sobreviver. É na esteira do inusitado que cada conto se constrói, entrando em contextos absurdos que poderão ser tão simbólicos quanto divertidos, mas isso não leva nunca o livro para o puro campo da ficção científica e mesmo a comparação com qualquer obra na linha de «O

56

Admirável Mundo Novo» será exagero. Não existe qualquer intenção premonitória, apenas um perspicaz retrato do que a tecnologia parece representar para o ansioso presente em que vivemos; um presente ansioso pelo futuro, perscrutando o futuro com todas as forças, como se de facto não nos satisfizesse o que temos e acreditássemos que as coisas hão-de ser de êxtase daqui a umas gerações. O tom cómico, ou mesmo disparatado, impõe que as situações colocadas se nos apresentem como desmistificadas hipóteses e não propostas sérias para a visão do futuro, e é por aqui que podemos realçar a crítica social que me parece ser, em toda a extensão, o móbil destes textos. Por exemplo, no conto final, intitulado «Eu», o Luís «desapareceu numa lâmina de luz», ou seja, digitalizou-se perante o espanto e subsequente desespero de Penélope, a sua companheira, o que não será mais do que uma alusão à viciosa relação com a experiência digital que muitos de nós teremos. Penélope chega a dizer que Luís deixou o emprego para se dedicar a tempo inteiro ao projecto da «Transferência», e que esse seria o cerne da sua vida, concluindo que «o Luís já fazia parte daquele computador». Em outros momentos, JP Simões aproximase de um certo surrealismo criado a partir das mais oníricas visões. Um dos textos que mais me agrada é sem dúvida o conto «Justin Time», no qual a personagem, com o mesmo nome, desliga o computador «atribuindo ao gesto alguma complexidade poética» e toma dois comprimidos quando vai passear duas horas,

comprimidos esses que, naturalmente dentro da sua cabeça, operam uma metamorfose na cidade. Há nesta cidade de JP Simões alguma coisa da «Cidade de Palaguin», inventada pelo grande poeta Carlos Eurico da Costa, pelo avesso das coisas e pela ideologia subjacente, sendo as imagens criadas na descrição muito vívidas: «Os caixotes de lixo estavam a abarrotar de notas de 1000 dólares e, dos multibancos, jorravam flores e pétalas delicadas e folhas de um verde profundo e húmido». Já em Palaguin: «Havia pobres a aceitar como esmola /sacos de ouro de trezentos e dois quilos. / E havia ricos pelos passeios / implorando misericórdia e chicotadas.» É entre esta fórmula crítica e alguma consciência poética que os dez contos deste livro se escrevem, para serem rápidos pontos de reflexão, e não tratados ou pretenciosos ensaios sobre a actual condição humana. O que está em foco será, de certo modo, intemporal, essa ganância do novo, uma impaciência para a simplicidade e a perda constante das referências tradicionais. Para ser lido no tempo de dez canções, máximo, como mais um álbum de música de JP Simões, talvez um pouco silente em relação aos outros, mas perfeitamente sintonizado com eles: a manifestação de um afecto pela condição humana, como um vírus denunciador exactamente por ser afectuoso, de quem sente mágoa pelo que se perde. *Poeta, escritor, inspirador de leituras através dos muitos livros que lançou como editor (foi sócio da Quasi Edições, hoje tem como novo projecto a editora Objecto Cardíaco), voz comunicante em http://casadeosso.blogspot.com vencedor do prémio José Saramago com "O Remorso de Baltazar Serapião" em Outubro passado.

57


Ricardo Dourado

© Miguel Gama

© arquivo moda lisboa / fotografia rui vasco

— por Cláudia Rodrigues

58

Ricardo é de Cabeceiras de Basto e tem 27 anos. Formou-se no CITEX (Porto) e, desde cedo, foi participante activo em concursos de Design de Moda de âmbito nacional e internacional. Trabalhou com Lidja Kolovrat, Helena de Matos e Osvaldo Martins. Actualmente, para além dos seus projectos pessoais desenvolvidos num atelier instalado no centro histórico da Invicta, Ricardo é director criativo das marcas Hydrogen e Private Label e integra o grupo docente do CITEX, na área do Design de Moda. Semestralmente, apresenta a sua colecção enquanto criador no principal evento de moda da capital. Iniciou-se em 2004 na plataforma LAB e, desde aí, o seu progresso tem sido notório. Paralelamente, teve duas apresentações em terreno internacional – uma em 2005 em Heringsdorf, na Alemanha, e outra este ano, em Madrid.

© arquivo moda lisboa / fotografia rui vasco

moda

O movimento fez-se sentir nesta edição da Moda Lisboa|Estoril apenas pela mudança de ares e não tanto pela essência das colecções. Longe vai o tempo em que cada desfile era uma surpresa, um convite ao imaginário, um estímulo às sensações. Salvo determinadas excepções, os estilistas renderam-se ao movimento compassado da passerelle, acabando por deixar a sensação de “falta aqui qualquer coisa...”. Faltou aquele elemento unificador que faz do desfile um happening e que nos envolve para lá do visual, ao nível de todos os sentidos. Aí, realmente sentimos uma atitude e assimilamos um conceito, de outra forma, acaba por não passar de mais um desfile. Em todo o caso, há um nome que a DIF quer destacar: Ricardo Dourado. Face à versatilidade profissional de Ricardo Dourado, podemos distinguir bem as suas duas facetas – a de designer e a de criador. É uma diferença pequena entre palavras, mas que se torna evidente na expressão do seu trabalho. O pico máximo da criação é, geralmente, marcado pelo momento de apresentação ao público, o fim de todo o processo criativo. No caso de um criador de moda, esse culminar traduz-se no desfile. No último dia da Moda Lisboa|Estoril, tivemos o prazer de nos evadir para o universo que criou. Os tons ocre e sépia predominaram, contrastando com o cinza e o vermelho garrido. As modelos passavam tal e qual frames de finais do séc.XIX. Os pontos de luz denunciavam efeitos de flash, conseguidos por elementos metálicos que, para além do seu efeito

cromático, produziam um som. Som esse que se transformou em mais um instrumento musical da banda sonora daquele momento. Para quem não viu o desfile, a peça-chave que unificou estas imagens fragmentadas, como se de um batimento cardíaco se tratasse, foi um vestido delicadamente desfilado, com uma frente totalmente bordada com guizos. As silhuetas esguias e oversized em tecidos finos e leves compunham uma estrutura frágil. Porém, quando essa delicadeza de materiais se associava a estruturas desconstruídas e quebradas – através da sobreposição de camadas – a silhueta tornava-se abstracta. Houve uma falha: a escolha do cabelo. A sensação foi de dèja-vu... Mas a qualidade das peças conseguiu superar esse detalhe. Tudo foi harmonia. Tudo fazia sentido. Era disto que eu falava, apesar de tanta subtileza. A magia foi essa.

59


o artista vuum — por Pedro Portugal**

Tristan Tzara dizia mais ou menos que o artista novo já não pinta, cria directamente… A necessidade da existência do artista que faça a arte do futuro é estrutural. É equivalente à necessidade civilizacional de preservar certas espécies ou habitates de futura importância turística, ou do pensamento livre. O conglomerado institucional informal teórico-prático que fabrica o "novo artista" só tem inscrito na agenda "o presente". Para a arte, o passado é o máximo. O presente é essencial. Mas o futuro é a única coisa que alimenta a arte (estar mais à frente, inventar, vanguardiar, prospectivar, magicar, etc). Então, porque é que a mediocritas maioritária, que plasma o rasto histórico que é detectável hoje, continua a aplaudir e a premiar, sem contestação militante e organizada, a produção artística que terá interesse zero no futuro, essa espécie de NIHILMATER? Os milhares de campos de treino para artistas do presente que existem em todo o mundo (escolas, museus, centros de arte, bienais, feiras, prémios) são Guantánamosfitness de fazer artistas vuum. Para o futuro da arte, este modelo é estéril e mau. A começar pelo exemplo das escolas de arte: um artista estudante pode pintar uma abóbora. Mas também pode querer plantar uma abóbora. Uma abóbora produzida na terra é tão boa ou melhor arte do que uma abóbora pintada-observai o infra-paradoxo da cama de Aristóteles que postula que uma cama pintada por um pintor não é nada e não tem valor porque não serve para dormir nela, ao contrário de uma cama feita por um carpinteiro porque serve para dormir! Só e unicamente por arrogância do artifício (e também por sentimentalismo) é que as escolas de arte continuam a ensinar a pintar abóboras e não a plantar abóboras

ou a fazer soufflé de abóbora ou a financiar grupos artísticos chamados "Os Abóbora". Depois, aí estão os fixadores (ou lacas) da produção artística: museus, centros de arte e assessoria crítica fundamentadora. Reparem numa coisa. As histórias que se contam no ocidente são iguais desde Homero. No essencial, é contar histórias. Nessas histórias há três mundos: o mundo do sexo e da reprodutibilidade, o mundo do trabalho e o mundo das histórias. À arte interessa a parte de contar histórias. Esta, que foi um território que pertenceu maioritariamente à pintura até metade do século XIX, transferiu-se inexoravelmente para outros media. Hoje, a quantidade de imagens vistas por uma criança até aos cinco anos (segundo a Organização Mundial de Saúde, até essa idade ela já viu sessenta mil crimes) é muitissímo superior a toda a informação visual que Rafael pôde apreciar durante toda a sua vida. Essa é a razão porque a quantidade de arte que nos surpreende é cada vez menor. As ideias artísticas (contar histórias) com vínculo à originalitas é volátil (vuum). Esta ideia de volatilidade, colada à muito desagradável teorização francesa (e mastigada pela teoria americana) da velocidade associada à arte, produziu equívocos bastante patéticos mas está efectivamente relacionada com a ideia de espectáculo, do tipo: "O Debord não pode parar!" ou "Agambem não é o meu amor." ou "Virilio não passeia sozinho com o meu coração." ou "Let´s Rorty!". Como é estranha e embaraçosa a posição histórica do artista! Qual pode ser, então, a sua postura? Tentar fazer o seu caminho como se fosse uma esfera e

Esperar-Caminhar calmamente o momento de tangência com o Mercado e com o Curador-Famoso, ou seguir concupiscente e furtivamente as modas e os ciclos, correndo o risco de, mais cedo ou mais tarde, ser cuspido pela inconsistência dessa errância, ou seja, pela sua volatilidade (vôo)? Moral vuum. A evolução da arte foi sempre feita através dos meios (media). Toda a grande arte do futuro, como, aliás, toda a grande arte do presente e, em rigor, toda a grande arte do passado, é uma realização colectiva. O que comunica massivamente, como o cinema, a televisão e a internet, são produtos colectivos de grandeza comparável às catedrais, só que incorporados a uma velocidade instantânea (vuum). O grande Bias, merecidamente considerado como um dos sete sábios da Grécia, produziu um (vuum) pensamento, o único que nos chegou: "A maioria é perversa." Passados 2500 anos, Jaron Lanier alerta, no ensaio "Digital Maoism – The Hazards of The New Online Collectivism", que a maioria digital também é perigosa, porque o que é determinado pela maioria mediocrática hiper-libertária tem uma precisão altamente falível e estatisticamente fascizante.

Exemplos de artistas VUUM. Fotografia tirada em 2006 por Pedro Portugal na galeria VPF, em Lisboa. A artista VUUM Andreia Brandão fixou à parede, pela pressão do ar da ventoinha, uma toalha de mesa em papel. O Artur Duarte apagou uma parede da galeria com borracha verde.

(escrito com sincera tristeza pelo artista que passa tão depressa pela história que a história não o chega a ver)

Case-study: o artista BEDUM Amadeu de Sousa Cardoso

(o que aconteceu na exposição de Amadeu de Sousa Cardoso na Fundação Calouste Gulbenkian, sem ofensa para o artista, família do artista, comissária da exposição, director artístico e fundação que apresentou a exposição). Amadeu é mais do que um artista vuum. É um artista bedum. Um artista bedum é um artista vuum com uma certa popularidade à volta. Chocado, vi o meu grande amigo Jorge Molder (director do CAM/JAP) na televisão, muito falador e vestido com uma exuberante camisa "vermillion". Uma camisa com cor? Uau! Porquê um comportamento tão insólito (dou muita atenção à roupa e o Jorge costuma vestirse de preto...)? É que, a televisão disse, já tinham ido à exposição do Amadeu 50 000 pessoas. Aí, o povo juntou-se todo para fazer do Amadeu um grande artista bedum e foram mais 50 000 a correr para a oriental Gulbenkian, que abriu vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas pela primeira vez em cinquenta anos de fundação. O Amadeu morreu novo, ao contrário dos outros nossos colegas artistas ricaços que estiveram em Paris na mesma

altura, mas que não morreram logo e continuaram a pintar. Dois erros seguidos: não morreram e continuaram a pintar! Menos o outro maluco, que mandou a família queimar tudo. Não tenho dúvidas da ambição de Amadeu, que é igual a todos os artistas: ser o maior artista vivo ou morto. Convém estar bem morto. Amadeu de Sousa Cardoso teve sorte. Foi apanhado pelo gancho histórico-mágico e agora é o maior artista português do século XX durante os próximos cinquenta anos. *Todos os meses, um convidado diferente tem duas páginas em branco para criar um objecto único. A nossa proposta é que escreva, ilustre, invente, revolucione. Os resultados são manifestos/artefactos/crónicas/ originais/colagens,/irrepetíveis/ polémicas/genialidades/amusements. **Pintor, membro fundador da Homeostética, artista explicadista, docente no Mestrado em Artes Visuais/ Intermédia da Universidade de Évora


SURFACE Takashi Murakami O Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (MOCA) vai apresentar uma retrospectiva do trabalho do artista japonês Takashi Murakami. Nascido em 1960, Murakami é o expoente máximo de uma geração cuja linguagem junta elementos da cultura pop e a composição formal da arte japonesa. A exposição vai estar patente entre 29 de Outubro de 2007 e 11 de Fevereiro de 2008 em Los Angeles, viajando depois para Nova York, Frankfurt e Bilbao.

Takashi Murakami Tan Tan Bo, 2001, acrylic on canvas mounted on board, 360 x 540 cm Collection of John A. Smith and Victoria Hughes. Courtesy of Tomio Koyama Gallery, Tokyo. © 2001 Takashi Murakami / Kaikai Kiki Co., Ltd. All Rights Reserved

Takashi Murakami The Castle of Tin Tin, 1998, acrylic on canvas mounted on board, 300 x 300 cm Collection of Ruth and Jake Bloom, Marina del Rey, CA. Courtesy of Blum & Poe, Los Angeles. © 1988 Takashi Murakami / Kaikai Kiki Co., Ltd. All Rights Reserved


Takashi Murakami Tan Tan Bo Puking – a.k.a. Gero Tan, 2002, acrylic on canvas mounted on board, 360 x 720 cm Collection of Amalia Dayan and Adam Lindemann. Courtesy of Galerie Emmanuel Perrotin, París and Miami. © 2002 Takashi Murakami / Kaikai Kiki Co., Ltd. All Rights Reserved

64


© André Abreu, Pedro Ribeiro e João Silva

© André Abreu, Pedro Ribeiro e João Silva

66

Interessa-nos o que está por detrás dos panos, o que não é mostrado no palco, o que está dentro das malas das senhoras, os livros que estão nas estantes e foram lidos há muito tempo ou estão lá para olhar e servir de referência, os planos traçados, os que ficaram pelo meio, as fraquezas e as valências, o que vence e o que fracassa, as razões que vingam e são difíceis de explicar porquê. Somos sempre tão exigentes em relação ao resultado final que nos é apresentado com tanta entrega e tanto empenho mas, o que sabemos nós sobre todo o trabalho que foi feito para esse "produto" chegar até nós? Queremos ir além do que é dado num espectáculo, montado e produzido para o público, perceber o processo de criação, das ideias, o trabalho não visível dos bastidores, das ferramentas, dos cenários, dos materiais, saber os nomes das pessoas envolvidas, captar as emoções, as inspirações, o trabalho individual e de grupo, a engrenagem que oleia e faz andar a máquina. Deixámo-nos ir pelos relatos de actores, cenógrafos, performers, Djs, músicos e criadores de moda e entrámos nos seus métodos de pesquisa e de trabalho.

Faltou-nos falar com muitas pessoas, com muitos "criadores" de várias áreas. Não fomos ter com escritores para lhes perguntarmos quantas páginas escreviam por dia, com realizadores de cinema sobre o número de imagens que ficaram por montar, com designers sobre o número de estudos que ficaram na pasta do computador, com publicitários e as frases perfeitas que ficaram no caderno de intenções. O nosso critério foi o de mostrar o que está para lá do espectáculo. E optámos por não traduzir a expressão "behind the scenes behind the minds" porque, além de ser difícil de traduzir, é a ideia u-n-iv-e-r-s-a-l que sintetiza tudo o que, para nós, é neste momento urgente falar. — por Cláudia Gavinho

67


— por Cláudia Gavinho © Ana Borralho e João Galante

Ser um sexy motherfucker não está ao alcance de todos. Implica nascer assim ou trabalhar para isso, num contacto com as próprias hormonas. É disso que nos falam Ana Borralho e João Galante, os criadores da performance Sexy MF, numa conversa sobre as etapas da construção das personagens, em reposição na Culturgest, nos dias 8 e 9 de Novembro.

Borralho-Galante é um casal e nunca deixa de o ser, mesmo em termos criativos. O seu percurso é feito por obras-a-dois ou obraspara-dois, onde diferenças e semelhanças são matéria de trabalho. Conheceram-se no AR.CO, onde a Ana estudou pintura e o João escultura, e trabalharam como actores com o grupo de teatro Olho até 2003, ano em que a companhia deixou de existir, e a partir do qual começaram a trabalhar em parceria. A relação com o público vem mais dos happenings do que da dança ou do teatro («lidamos melhor com os códigos das artes plásticas do que com os das artes do palco»). Em Sexy MF-motherfucker, masculino, feminino, qualquer das definições encaixam aqui a força dramática vem da troca dos papéis sexuais e da exposição da nudez "trocada". Falámos com ambos para perceber como é que esta peça para doze performers foi criada, da ideia original, às várias hipóteses de encenação, até à derradeira solução para a apresentar em público.

continuaram o trabalho de pesquisa e de composição das personagens e decidiramse por um cenário mais simples, onde as personagens estão sentadas em cadeiras, de frente para o público. Três horas antes de entrar em cena, a equipa de Jorge Bragada dá início a um meticuloso trabalho de caracterização "transformista". Mistermissmissmister é apresentado no Grande Auditório, nas caves, nos corredores e nas casas de banho do CCB.

I, Chaco.

Novo ciclo. Sexy MF é escolhido para fazer parte do festival Temps d´Images de 2007. Abrem-se novas audições. O anúncio para os interessados em participar no workshop é enviado através da mailing list do Instituto das Artes, da Re.Al, da Eira e da João Garcia Miguel Unipessoal. Para a audição desta performance na Culturgest apareceram trinta e três pessoas: muitos estudantes de teatro, de cinema, de dança, actores, gente da produção, da figuração para novelas, uma senhora de Rio Maior "sem experiência performativa", uma bailarina antropóloga, um jornalista, um estudante de design, uma barwoman, um engenheiro do ambiente e uma médica. Muitos deles não vão poder participar no workshop porque não têm disponibilidade completa.

A Ana participa num workshop de transformismo com a drag king Diane Torr, em 2001, onde tem de compor uma personagem masculina. O estudo começava por analisar comportamentos sociais estereotipados e, numa segunda fase, escolher e compor uma personagem masculina, dando-lhe uma vida, uma personalidade, uma atitude. A Ana criou Chaco, um miúdo rebelde meio dread, meio grunge e foi do Ginjal (em Almada) para o Colombo com um boné enfiado na cabeça, t-shirt e calças largas, sozinha no barco e no metro, com uns pêlos ralos postiços na cara.

II, Mistermissmissmister.

Em 2002, foi-lhes proposto que criassem um espectáculo para o evento Petit Bazar Erotique. Queriam actuar nus em cima de um vidro suspenso, com o público por debaixo. A ideia caiu, por dificuldades de construção do cenário, mas surgiram outras ideias que se foram impondo a esta: um contacto mais físico com o público, a troca de identidades sexuais, a transfiguração, a relação de partilha e de sedução, o espectáculo representado em locais de passagem… Escolheram músicas de amor de David Bowie, The Platters e de Beyoncé, convidaram Miguel Moreira para integrar o projecto como um trio,

68

III, Dualidade.

Continuam a trabalhar sobre este conceito, nos anos seguintes, em Glim e Glo, I Love you, Girl play Boy e No body never mind. Em 2006 pegam, novamente, em Mistermissmissmister, e decidem trabalhá-lo com um grupo maior de pessoas, através de um workshop aberto ao público. Em resultado nasce Sexy MF, performance apresentada, nesse ano, na Galeria Graça Brandão, no Bairro Alto.

IV, Audições.

V, Workshop.

Quatro dias para trabalhar com todos os inscritos. O processo de trabalho já está bem oleado: começam com exercícios de concentração e de movimento. Pretendese, acima de tudo, um mesmo estado de energia para todos. Colocam-se todos os participantes em duas filas, frente a frente. Uma fila faz de público e a outra de performers, alternadamente, até todos se terem despido uns para os outros. Como trabalho de casa, uma reflexão sobre comportamentos e estereótipos masculinos e femininos. Pede-se que tragam os resultados dessa pesquisa para discussão e, ainda, músicas para a banda sonora do espectáculo. Numa segunda fase, a Ana e o João fazem a selecção das doze pessoas que estão mais aptas a continuar e, nos próximos três dias, aprofundam o trabalho de composição. O olhar é encarado como a ferramenta de sedução mais poderosa do performer e a que pode, rapidamente, tornar-se no seu maior defeito. A solução encontrada para fazer face a este "vício" foi colocar uma venda nos olhos, obrigando, cada um deles, a seduzir com o resto do corpo. Treinam o movimento de abrir e fechar as pernas, molham, repetidamente, os lábios, acariciam-se mas não falam. Também não é permitido tocarem uns nos outros. Ainda mais três dias de estudo de caracterização para cada personagem (encontrar as perucas, os cabelos e os pêlos certos para cada um).

VI, Sexy.

No próprio dia da apresentação, Jorge Bragada, Helena Baptista e Alda Salavisa desdobram-se nos camarins, seis horas antes do espectáculo começar, no trabalho de caracterização dos doze performers (uma hora de caracterização para cada um). Entram em cena transformados, nús, sentam-se em cadeiras e estabelecem uma relação voyeurista/exibicionista num frente-a-frente com o público. O seu comportamento atrevido, desafiador e provocador desconcerta quem os consegue olhar nos olhos durante algum tempo. A caça está garantida quando apanham uma presa.

69


— por Anouk Aivliz © Leonor McMillan

Mónica Calle necessita de ultrapassar limites radicais: não os que se medem em velocidade ou altura, mas aqueles que esbatem as fronteiras entre palco e platéia, ente observados e observadores. Esse processo criativo levou a actriz e encenadora a convidar o seu público para jantar na peça A última ceia.

70

subversão gourmet

O vento começou a soprar brandamente sobre o jardim mas Mónica Calle não repara nas palmeiras longilíneas nem nos arbustos densos, enquadrados pela fileira de janelas antigas que rasgam o compartimento-corredor onde se encontra. A sua capacidade de concentração está absorvida por outros gestos profanos: arruma pratos de porcelana brancoimaculado, conta o número de garfos, acerta as cadeiras usadas nos seus devidos lugares. Ela sabe que a mesa longa como uma ladaínha tem que estar pronta quando o relógio marcar as 20 horas. Faltam quinze minutos e há ainda que vestir as roupas de cena, encher os copos de vinho tinto e de água, dobrar as pontas do opulento tecido verde-ferrugem onde descansam todos os objectos. “Este espaço no Teatro da Politécnica é mais íntimo que o da Casa Conveniente onde trabalhamos, estamos a descobrilo”, sussurra mansamente a actriz. O burburinho aumenta como o som da chuva. Falta pouco para que as 25 pessoas permitidas na sala improvisada possam assistir à reposição da peça A última ceia ou sobre “O Cerejal” de Anton Tchékhok, uma co-produção Casa Conveniente e Teatro Nacional D. Maria II. Baseada no derradeiro texto escrito pelo dramaturgo russo, àcerca de uma família aristocrática forçada a vender a propriedade onde habitava um precioso cerejal, a encenação

a respiração. É uma proximidade, uma quase-promiscuidade, que subverte a relação de distanciamento convencional entre público e actores. Mónica Calle já evocou esse diálogo em outros espectáculos criados na Casa Conveniente. Por exemplo, através da nudez integral que citava os shows eróticos do Cais do Sodré, ou através da criação de uma peça para um único espectador de cada vez. Trapézios e trocas entre público e intérprete que podem provocar reacções inesperadas.

assinada por Mónica não se rende ao princípio da facilidade nem à exigência de fidelidade. “Quando escolho um texto para trabalhar é porque é muito importante para mim. Mas confunde-se respeito com leitura literal. Ao escolher, há logo aí um diálogo. Qualquer obra de arte o propicia”, afirma. “Eu sinto-me livre para manipular os textos. Em A última ceia, que é sobre a perda de uma lugar, não procurámos realismo, procurámos lastros e memórias das personagens. Hoje, somos cada vez mais pressionados a ter que justificar a posse das coisas. A manutenção de um ginjal é a manutenção de uma utopia, de algo belo. E Tchékov é um autor estimulante, com uma construção de personagens admirável e uma estrutura formal onde tudo é justo. Mas há muitos espaços negros, que se permitem preencher por mim e pelo público…”

“Aquilo que propuz às actrizes nesta peça foi olhar para o texto de forma progressiva, aproximando-nos e desenvolvendo as coisas. O meu método de trabalho cresce como uma relação, e cada semana corresponde a um passo nesta relação”, assegura ela.

É igualmente uma experiência bela, uma utopia a manter, o poder testemunhar ideias novas a serem ensaiadas, auscultar processos criativos que rompem com o previsível. Dirão que todo e qualquer artista tem o dever de fazer esse papel revolucionário, de ser um Che Guevara em loop. Mas olhando à volta, sobretudo essa geração que cumpre em breve 40 anos como é o caso de Mónica Calle, vê-se que poucos arriscam tanto como ela. Desta vez, o risco testa-se à mesa, por entre pratos elaborados, com 25 pessoas que terão, decerto, fome de novas sensações.

“Tens que ser toda, tens que ter essa generosidade de existir partilha”, declara Mónica. E é já mordida pela urgência de começar a representação, que dirá: “Nunca sinto que os meus trabalhos estejam acabados. Há um sentido de globalidade, coisas que ficam de fora. Cada peça vaime conduzindo a um sítio. A minha vida está no privilégio de ser isto.”

O bilhete de reserva obrigatória que estes espectadores têm nas mãos inclui um jantar servido ao compasso dos quatro actos protagonizados pelas cinco actrizes e um actor. “Queremos pensar os conceitos de partilha e comunhão, também presentes nas implicações bíblicas do título da peça”, explica Mónica. Divida-se, pois, o pão e

Um novo ingrediente de risco foi acrescentado agora, ao abrirem-se as portas a workshops para actores masculinos. Durante duas semanas, os selecionados treinam durante o dia e são lançados ao banquete na mesma noite, fazendo um total de quatro espectáculos (que são sempre às segundas e terças-feiras).

A última ceia ou sobre “O Cerejal” de A. Tchékov Actores: : Mia Farr, Mónica Calle, Mónica Garnel, Rute Cardoso, Sílvia Figueiredo e ainda David Pereira Bastos. Reserva obrigatória pelo telefone 96 3511971. Preço: €20€.

71


Humanidade. Simplicidade. Qualidade. São estas as palavras que mais se repetem no discurso de Jean-Guy Lecat. Cenógrafo, figurinista, consultor arquitectónico, já fez de tudo dentro de um teatro, mas chegou até aí por acaso, conduzido pela vida que tanto o move. A sua busca pessoal e artística sempre foi norteada por esses três conceitos que são, no fundo, as metas que tenta atingir em cada trabalho. "Quando temos muitas coisas em palco, a peça tornase pesada e lenta. E isso não representa a vida", refere. Pelo contrário, para Lecat teatro é vida, e "se conseguirmos fazer algo a partir do nada, se conseguirmos ter apenas o actor em palco e o público, isso é o máximo da qualidade. Claro que precisamos de guarda-roupa, luzes, talvez até de um espaço, mas tudo isso vem no fim. Primeiro está o ser humano, a qualidade do ser humano", acrescenta.

3 4

1

O Humanista

2

— por Filipa Penteado © Pedro Mineiro

Entramos pela porta dos artistas. No interior do Teatro da Trindade somos conduzidos por corredores e camarins até ao sótão: um baú poeirento e meio despido, pontuado aqui e ali por memórias de um palco passado. O homem de teatro que nos serve de guia é orientado por visões de um futuro presente e por isso, quando olha para dentro do baú, vê infinitas possibilidades. 72

Legendas 1– Teatro Azul de Almada 2– Theatre des Bouffes du Nord 3– Encenação de “Titus”, de William Shakespeare 4– Teatro Azul de Almada

Foram estas preocupações que tornaram a sua "cumplicidade no crime" com o encenador Peter Brook tão significativa. Ao longo de 25 anos transformaram mais de 200 espaços em todo o mundo, procurando que cada um deles se moldasse à peça, ao actor, ao público. Acima de tudo, às emoções. Enquanto espaços orgânicos de partilha, não existe um cenário em si, mas um todo envolvente. Tal como no Theatre des Bouffes du Nord, em Paris, o encontro ideal de visão teatral com inspiração cénica – um teatro vivo, uma tela em que as "rugas" do passado não foram apagadas, mas sim incorporadas na renovação do presente. O mesmo acontece com actores e público que, na composição espacial deste teatro, ocupam um círculo comum. É definitivamente uma ideia de espaço que serve de inspiração para gerações posteriores, embora Lecat recuse a ideia de "fazer escola". Prefere antes o "gosto de partilhar a sua experiência com os jovens". "Simplesmente partilhar", afirma. Não pretende ditar ou ordenar. O processo tem de ser pessoal e intransmissível. "Não quero dizer-lhes o que fazer, eles têm que descobrir sozinhos. O passado é interessante mas apenas como base, porque a Arte acontece hoje ou amanhã", diz. O seu conceito de teatro viaja por esse caminho no qual o tempo se conjuga no presente, no instante em que um ser humano toca outro e cria um momento mágico. "Quando conhecemos alguém que vamos amar para sempre, sabemos que esse momento é diferente. Porquê? É quase impossível de explicar, mas é especial. E é isso que eu gosto de criar, essa expectativa. Um actor entra em palco e naqueles dois ou três segundos de silêncio está contido todo o mistério da vida e tudo pode acontecer", confessa.

Portugal parece ser um local propício para criar esses silêncios misteriosos. A relação de Lecat com o nosso país é estreita e passa essencialmente por Joaquim Benite e pelo Teatro Azul de Almada, que ajudou a nascer. Juntamente com os arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira criou um espaço em que a estética é a acústica da função – um local acolhedor e confortável mas pronto para receber qualquer tipo de espectáculo nas melhores condições técnicas, para o público e para os artistas. Neste tipo de projectos, assume o papel de tradutor da linguagem teatral, uma dimensão que não é tocada pelas linhas da arquitectura. "Quando construo um teatro, imagino pessoas no palco, imagino uma peça. Um arquitecto não. Eu consigo ver todo o edifício vivo, com pessoas em todos os cantos, actores nos camarins, público no lobby. Acho que posso ser uma ponte interessante entre o Teatro e o arquitecto", diz Lecat. No futuro, estão planeadas novas pontes com Portugal, como a renovação do Teatro da Trindade e a criação de uma escola de técnicas teatrais. Para além de formar novos profissionais, a ideia é "reciclar" as capacidades de técnicos de outras gerações, pô-los em contacto com o que de melhor e mais inovador se faz no mundo. Uma forma da "velha guarda" não ser ultrapassada por novos materiais de aprendizagem, o que é muito importante para Lecat. Neste momento ambos os projectos estão no "baú" enquanto esperam por meios financeiros e logísticos para se tornarem realidade. Depois de duas horas de conversa, não é difícil perceber o que faz Jean-Guy Lecat viver, mas é quase impossível sintetizar o imenso humanismo e sabedoria que transmite. É um homem sereno, com uma curiosidade infinita sobre a vida e sobre as pessoas. É nessa direcção que conduz o seu discurso quando se fala em processo criativo. Tal como um escultor, Lecat tenta moldar o seu trabalho à dimensão humana, onde um esboço ou um pedaço de madeira são apenas o cinzel. "Gosto de trabalhar em teatro porque posso lidar com muitas coisas que são essenciais descobrir sobre o Bem e o Mal no ser humano", diz a dada altura. "Podemos mostrar personagens lindíssimas como Hamlet ou Édipo. Podem estar errados, podem perder ou ganhar, mas buscam qualquer coisa e são um exemplo do que é possível atingir como ser humano". Mas não é apenas no palco que encontra pessoas assim, na vida também e Ghandi é um bom exemplo para Lecat. De certa forma, é por ter essa visão que termina a nossa conversa dizendo que "a utopia no palco não está muito longe da vida". Agradecimentos ao Teatro da Trindade por toda a disponibilidade e simpatia.

73


— por Cláudia Rodrigues © Herberto Smith

"Quando uma pessoa mete uma coisa na cabeça, ela faz!..." (Dino Alves) Dino Alves é um criador. Não necessariamente de moda, mas de imagens. Imagens que representam histórias, as histórias que ele conta e a história da sua vida. Há muito apelidado como “l’enfant térrible”, a sua juventude entretanto amadureceu, mas os anos passam e ele continua único. A sua irreverência destaca-se e a atitude provocatória das suas criações também. Apela aos sentidos, levantando a questão da fronteira entre moda e arte. Tudo o que faz tem uma carga emocional muito forte, não deixando ninguém indiferente e, independentemente de se gostar ou não, o que importa é que não se esquece, causando sempre uma reacção ou reflexão qualquer. 74

Dino já conta com 40 anos de idade e essa experiência de vida tem vindo a afirmar-se. Nota-se nas últimas quatro colecções um esforço maior em construír roupa. Roupa vestível e para ser usada, pois a sua atitude interventiva, outrora direccionada a uma sociedade, parece ter evoluído, pretendendo desta forma mais realista atingir as pessoas directamente. Natural da Anadia, estudou pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Em 1990, leccionou durante um ano na sua cidade natal mas fixou-se, depois, em Lisboa, cidade propícia à sua expansão. Tem um curso de fotografia e trabalhou muito tempo ligado à Cinemateca Portuguesa. Tendo as bases de um curso de artes plásticas elegeu o corpo humano para veicular os seus ideais conceptuais e artísticos. Os tecidos tornaram-se então a matéria que proporcionou o nascimento de telas humanas. Em 1994, com a primeira participação nas Manobras de Maio, deu início à sua carreira no mundo da moda. Começou por criar o styling dos desfiles de Ana Salazar. E como stylist faz hoje projectos para bares, discotecas, revistas, grandes agências de publicidade, inaugurações de lojas e espaços diversos, de tudo um pouco... Em 1997 estreou-se na Moda Lisboa, onde apresenta as suas colecções em todas as edições. Em 2001 nasceu o projecto “Hospital da Roupa”, um conceito paralelo a todos os que desenvolve e de maior proximidade com o público-alvo, na medida em que transforma, no seu atelier, peças antigas ou inutilizadas em novas criações personalizadas. Consta também do seu percurso uma vasta experiência na área do figurinismo, concebendo diversos projectos de guarda-roupa para teatro, dança, música e publicidade. À medida que o seu trabalho foi ganhando reconhecimento, o seu nome tornou-se cada vez mais solicitado para projectos de styling e costumizações, surgindo imensas propostas de todas as áreas profissionais, passando por eventos nacionais e internacionais de destaque. Ossos do ofício: este é o seu trabalho, o seu emprego. Mas os desfiles são a sua vida.

Embora haja todo um leque de solicitações às quais o Dino é capaz de responder com as suas criações, só na concepção da sua colecção ele se sente completamente realizado. E não durante muito tempo: um mês, de seis em seis meses. Os 30 dias que antecedem o desfile são uma loucura. Ele ferve de ideias. Vai à feira da ladra, revive memórias, constrói imagens virtuais, passa-as para o papel, ilustra, escolhe os tecidos, vai à feira da ladra outra vez. Simultaneamente surgem outros trabalhos, ele parece uma aranha mas, está feliz. A escolha dos materiais é uma fase importante – nota-se o constante toque de fantasia, inconvencionalidade e arrojo. Este é o ponto onde o criador mais evoluiu, rumando por um caminho equilibrado entre tecidos básicos e tecidos nobres, o tule e os materiais não convencionais, como o plástico, os metais e outros detalhes que normalmente não são utilizados na confecção de vestuário. É a busca de uma coerência estética que equilibra conforto e irreverência. Todo o processo de trabalho de Dino Alves é bastante intuitivo, mas não desorganizado. Existe um atelier que funciona como a “base de concentração”, ou a “sede” dos seus projectos, com uma equipa por trás. Ele, o atelier, os seus amigos e as suas raízes são um todo que batalha na criação de uma colecção que atingirá o ponto alto no desfile. Mas a cabeça deste corpo é a dele, sem dúvida. E as mãos também. Ele corta, cose, prega, veste, despe, desenha, pinta. Nesta altura da criação, o mundo em que vive é extremamente sensorial, qualquer pormenor. Tudo o que pensa, observa ou faz está, de certa forma, ligado ao conceito em desenvolvimento. Nada é deixado ao acaso nem passa despercebido, pois tudo é referência ou fonte de inspiração. Há um elo de ligação muito forte entre tudo o que ele cria: o passado. A sua origem, as memórias da sua infância, as memórias da sua vida, as memórias de outras pessoas – que ele busca na feira da ladra ou encontra num caixote do lixo – assim como acontecimentos ou pessoas que marcaram uma época, fazem sempre

parte do seu imaginário. Estes fragmentos são assimilados na sua cabeça através de uma conexão lógica, gerando o ponto de partida para criar uma história. Dino nunca cria para o tempo de agora, é sempre futurista num sentido visionário porque reinterpreta vários factos passados projectando-os num futuro que há-de vir. No meio desta azáfama, a colecção vai crescendo e cada vez que uma peça é confeccionada e passa a objecto real, conforta-lhe a alma. Esboça um sorriso e diz: “Está o máximo não está?” É como se esta peça fosse mais uma frase do que ele quer contar. Como são demasiadas coisas para serem ditas, Dino Alves faz. Mas a missa não vai nem a metade. A uma semana do desfile ainda faltam fazer imensas peças e a um dia do desfile ainda faltam umas peças, mais os sapatos e uns pormenores e uns detalhes... Coisas essenciais, sem as quais nada fazia sentido. Mas normalmente é assim, nada termina com muita antecedência. O que é certo é que a colecção passada já nem a pode ver à frente, fica de lado, pendurada no charriot perto da roupa nova, pronta a ganhar vida. E estas peças despertam na madrugada antes do grande dia. Junta-se uma peça com outra, veste, despe, pendura, troca, põe um acessório, tira, troca, “está bom”. Repete-se o processo a multiplicar por quase cinquenta coordenados e depois escolhem-se os modelos, que irão encarnar as personagens consoante o seu perfil para vestir determinada roupa. O toque final serão os cabelos e a maquilhagem. Na hora do desfile a história conta-se em breves minutos por figuras que se movem ao som de uma música específica. E no fim, o autor aparece. A intensidade dos aplausos mede, mais do que a qualidade das peças, até que ponto aquele momento teve significado. Depois, a sensação é de vazio. Todos os artistas têm uma sensibilidade apurada, daí a necessidade de realizarem algo paralelo, mas inerente à sua identidade, de modo a alcançarem a plenitude. Neste caso Dino Alves transmite o que sente através da roupa. Haverá melhor veículo contador de histórias que os trapos?

75


Lady Brown Bar Bicaense

Os guardiões da noite — por Cláudia Rodrigues © Ricardo Brito Numa segunda-feira saímos para a noite de Lisboa afim de saber o que se passava... Dia calmo sem dúvida, bom para olhar e observar serenamente, dar dois dedos de conversa. Quantas vezes já ouviram um clássico dos anos 80, a música de Michael Cleveland “Last night a dj saved my life”? E quantas vezes não sentiram que essa afirmação é mesmo verdadeira? Será por acaso que quando saímos à noite, mesmo quando não temos grandes expectativas, a uma dada altura, nos deixamos envolver? Será pela companhia, pelo ambiente ou devido a um desconhecido, que comunica connosco sem nos apercebermos, podendo influenciar o nosso espírito? Nesta busca entrevistámos quatro djs e as conclusões deixo ao vosso critério.

Natural de Angola, tem 37 anos e uma filha com 7. É cozinheira de profissão e dj à dois anos e meio. O seu nome é Luísa aka Lady Brown. O que mais te fascina enquanto passas som? O momento em que as

pessoas respondem ao estímulo que eu transmito através da energia e do groove, uma mensagem que deve ser subentendida. Se as pessoas reagem positivamente e demonstram estar na mesma onda, isso é o que me dá mais prazer. Quais os teus estilos musicais de eleição? Eu tenho dois

projectos: o Afro Blue que se centra essencialmente no reggae/funk e um projecto conjunto com Dr. Bastard, numa vertente mais Dance Hall.

as variações da intensidade e da força da música; saber subir e descer, entender a vibração das pessoas e levá-las na minha onda. É preciso sensibilidade para perceber a variação dos sons, para saber quando mudar de malha. Ao mesmo tempo que se provoca o público, há que entrar em sintonia com as suas emoções. Que live act te deixou melhores recordações? No antigo Hard Club. Som de eleição? Funk, hip-

hop, drum n' bass e break beat.

The Bastard Bar Majong

livre – liberdade total.

Produtor e dj, nascido no Porto há 27 anos, Ricardo desenvolve dois projectos em paralelo: The bastards e The users. Iniciou-se há 10 anos atrás e brevemente terá a sua 1ª internacionalização.

Preparas a noite ou segues o instinto da altura, em termos de selecção musical? Conforme o público que

Em que consistem os teus projectos musicais? The bastards é Dj set e The

Como descreves o que sentes durante o set? É um momento

deverei atingir, faço planos. À partida sei que tipo de pessoas me vão ouvir em determinados sítios ou ocasiões e procuro preparar-me para poder oferecer-lhes sons mais direccionados. Mas depois, na altura, há sempre o improviso segundo o feeling físico e mental que existe entre as duas partes.Onde podemos ouvirte? Bicaense, Music Box e Mexe.

Dj Nokin Bar Souk

Miguel Tomé, com 23 anos, há sete anos que se apresenta como Dj Nokin. Toca ao vivo em eventos, circuito de bares, clubs, festas privadas, tem uma banda de covers e residência frequente no Souk. Fala-nos um pouco da tua evolução.

Comecei por produzir as minhas próprias músicas, formei-me na área de som e pós-produção até chegar ao scratch, de forma autodidacta. O scratch exigiu muito treino?

Sim! Primeiro comecei por misturar, depois aprendi a agarrar o disco, a seguir a manipular e por fim a scratchar. A partir daqui é um treino e aperfeiçoamento constantes.

76

Em que consiste o acto propriamente dito de "tocar"? Sentir a musicalidade,

Users já conta com músicas editadas, por exemplo, para os Pop del Arte, Post-it e Zé Maria. Neste momento estamos prestes a

produzir um single para uma editora alemã. Destes projectos fazem parte mais dois amigos meus, (Tiago) Oudman e Mr. Gasparov. Gostaria de referir que este último é um dos primeiros produtores que está a introduzir um novo estilo musical em Lisboa, denominado Grime Dub Step. Como surgiu o interesse pelo djing? Foi há 10 anos atrás, quando

comecei a saír à noite, e tudo aquilo me despertou o interesse pela música. Depois surgiu a oportunidade de eu tocar numa festa da escola e a partir daí... Há cerca de 4 anos, é mais a sério. Nesta altura, qual o teu maior desejo? Ter o meu estúdio, produzir

os meus temas, remisturar para outros artistas e ir para fora ganhar experiência. O que mais te dá prazer no momento do set? A energia que se sente quando

tocas um disco que provoca uma sensação colectiva de histeria e euforia, que te faz sentir como se tivesses tomado uma droga e te evades! É uma sensação mesmo fora do normal que não consegues sentir nas situações do dia-a-dia. Noite memorável? Kubik, este Verão. Onde te podemos encontrar? Sou residente no Majong e no Bedroom e toco também no Europa, Karma e circuito do Bairro Alto.

Internal_sync Bar Lounge

Com 27 anos, de Serpa, Filipe Furão apresenta-se como Internal_ sync. Activista no panorama djing nacional, tem influencias jazz e techno minimal. Assusta-o ter o azar de passar um disco riscado. O que te levou a ser Dj? Comecei por

produzir rock e hip-hop. Quando despertou o interesse pela musica electrónica comecei a comprar discos, depois os pratos, treinava em casa e fiz uns sets para mostrar. Mostrei no Lounge e fiquei residente. Saber tocar muitos instrumentos penso que me ajudou bastante, porque tenho alguma facilidade em distinguir os sons e consigo misturar sem auscultadores, só pelos gráficos. A melhor sensação de ser Dj é poder testar no público a música que faço como produtor. Assim se nota a essência. Como descreves o momento em que passas som? Um momento de

paz e emoções fortes. Transmito uma história e há sempre um pico. Há um caminho a percorrer ao longo do set até chegar ao êxtase. É difícil passar sons que as pessoas não conhecem, pois tornase difícil a receptividade, mas a bebida ajuda, podes puxar por esse estado. Afinal, quem é que manda? O público manipula-te?Ficas um bocado

dependente do público para o conquistar, para depois entrar no estádio em que és tu que o controlas. Divertes-te. Entras em transe emocional, alucinação, como se tomasses heroína. Não há drogas mas chega-se a uma fase em que a música toma conta de nós, é evasão total – a descarga. Utilizas todos os canais para passares às pessoas aquilo que estás a sentir. O que te dá mais prazer? Estar a tocar, olhar para o público e sentir a energia, sentir os gritos – atingir o nirvana. O que é para ti a cultura DJ? Com a introdução do cd e a música produzida por computador, o DJ acabou. Porque não há uma cultura. Eu recrio músicas: duas mais uma terceira que não existe, é um elemento estranho. Criar sensações às pessoas de coisas que não existem nas músicas que elas conhecem, isso é a cultura DJ.

77


— por Anouk Aivliz

All you need is Love Eis o back up de Courtney Love ao alcance de qualquer admirador ou inimigo. Os diários publicados em formato de livro são a prova de que esta cantora e actriz nunca separou palcos e quartos, fazendo da sua vida o combustível altamente inflamatório para a carreira e viceversa. Bem-vindos ao rock’n’roll de passadeira vermelha. O voyeurismo será uma arte predatória, ou não será nada. E poucos veículos são tão perfeitos a despertar instintos de espionagem e transgressão como os diários alheios, seja na época pré-blog ou no actual frenesim de produção virtual. Mas há objectos que fazem batotas e manipulações magistrais a raciocínios tão arrumadinhos. Como o volume Dirty Blonde: The Diaries of Courtney Love, que, note-se, foi lançado pela respeitável editora Picador, coordenado por uma profisssional de corte-e-costura, e editado com requintes de opulência gráfica, com uma profusão de imagens, recortes, desenhos, apresentados como um scrap book. Adiantese já que o prazer de abocanhar o fruto proibido esvai-se com tanta permissividade. Mas emerge ainda assim um outro ‘monstro’ para espreitarmos: alguém que quer ser amada por aquilo que é. Courtney Love habituou-nos a olhá-la como uma espécie feminina de Frankenstein: uma criatura grande, remendada, reactiva ao mundo hostil que a rodeava. Faça-se o catálogo das situações: houve a punk rocker da banda Hole, armada de babydolls estraçalhados e batom vermelho esborratado, que gritava palavras de revolta e feminismo pouco adocicado. Houve a miúda sexy e descomposta que ‘engolia’ as câmaras fotográficas, deixandose transformar numa poster girl. Houve a viúva de Kurt Cobain que ganhou o ódio persistente dos Nirvano-maníacos. Houve a mulher que, depois de troçar das vaidades estúpidas, resolveu insuflar os seios e brincar às starlettes com vestidos de

78

alta-costura. Houve a artista sem papas na língua que entrou em conflitos com meio mundo. Houve ainda a mãe de Frances Bean, acusada de tomar heroína durante a gravidez. Houve surpreendentemente a actriz acidental e dotada, mostrada no filme Larry Flint. Houve agora a arrependida que abandonou os implantes e as drogas. Tudo isto é mostrado em Diaries, mas filtrado pela própria Courtney Love. E ainda que se admita um eventual branqueamento de personalidade feito pela mão da editora experiente que editou o livro, a verdade é que emerge mais informação do que a própria cantora imagina. Sim, ela escreve despudoramente sobre tudo e sobre todos, não escapando os amigos-tornados-inimigos ou as actrizes de Hollywood em maus lençóis (há fotografias dos e-mails trocados entre Love e Lindsay Lohan, em que a primeira oferece solidariedade e a segunda não cabe em si de espanto por a ‘deusa’ das bad girls se preocupar com ela…). Sim, estão lá as letras manuscritas de músicas emblemáticas de Courtney, mostrando a segurança com que escreve, sem grandes rasuras, com convicção. Sim, há fotografias intímas de família e o bilhete de suicídio do marido. E confissões sobre o desconforto que lhe causa a mãe, uma terapeuta de sucesso. Há igualmente recortes de pinups e Virgens, declarações bombásticas escritas a lápis vermelho com fúria, o documento enviado pelo programa de televisão Mickey Mouse Club rejeitando a candidatura da menina Love…

Pacificada a pulsão voyeurista e reconhecido o fascínio visual pelo objecto que é Dirty Blonde, duas premissas emergem como solos de guitarra. Primeira: o processo criativo de Courtney Love é um exercício inteligente, complexo e espontâneo, cheio de referências e inseparável das suas vivências. Segunda premissa: Love revelase deslumbrada pela fama, desde que era uma miúda enviada para reformatórios. E, como todos os fanáticos por essa forma de amor anónimo, Courtney apenas quer ser bonita, aceite, admirada. Escreve a certa altura, junto a um coração desenhado: “I think I’ll be a rockstar. Get an Oscar too and be best friends with Elton John.” Uma trip egocêntrica, povoada pela fotogenia habitual, é certo. Mas algo genuino atravessa estas páginas: a inquietação lúcida de uma artista. Uma fotografia mostra Courtney de corpo inteiro, a carne explodindo pelas costuras do vestido negro. Ao lado, está um papel rasgado onde ela escreveu “My body the hand grenade”. Para surpresa de quem chegar ao fim do livro-diário, a granada implode nas nossas mãos.

79


Part One Fotografia

Ricardo Lamego Assistido por

Olavo Santos Produção

Cláudia Rodrigues Styling

Cláudia e Lafayette Make-up

Rita Fialho Modelo

Anastacya, Local

Blu Models

Teatro da Trindade. Agradecimentos Teatro da Trindade, Hugo Paulito, Dino Alves e Mao Mao.

cabelo (gola de lã) Dino Alves vestido, meias e ligas Fernanda Pereira, na GDE luvas Lua de Champanhe sapatos Nike


vestido A Outra Face Da Lua colar e pregadeira Fernanda Pereira, na GDE pulseira Lua de champanhe


chapéu e camisola Fernanda Pereira, na GDE casaco e calças Dino Alves sapatos Nike

gorro e luva Lua de Champanhe casaco e cinto Fernanda Pereira, na GDE cinto Sarapico, na Rosa 78 calças Dino Alves


camisola Fernanda Pereira, na GDE


gorro, sweat e calções INSIGHT ténis PFFlyers

h rto Smites a H er b e u fotografiCl áu dia Ro d rig cio. styling cimentos ao Lú A gra de

casaco, t-shirt e calções INSIGHT luva DIESEL mochila CARHARTT


casaco, calças e t-shirt INSIGHT

t-shirt LEE calções e gorro/gola INSIGHT mochila EASTPACK


t-shirt e cal莽as INSIGHT casaco e luva DIESEL 贸culos CHILI BEANS


camisa e calรงas INSIGHT

gorro, camisa e luva DIESEL casaco INSIGHT


DA N AG E

destaque

3

1 2

LEGENDAS 1- UNTITLED (VENETIAN) 2- SOR AQUA (VENETIAN) 3- SULPHUR NAMK (HOARFROST)

Robert Rauschenberg – Em Viagem 70-76 Museu de Arte Contemporânea de Serralves Até 30 de Março de 2008 Fechem os olhos. Saiam por uns momentos da arquitectura branca e legitimadora do museu portuense que têm na mente. Imaginem um homem de rosto seco e olhar inquieto, tomado por pulsões que o fazem trabalhar despojos domésticos, objectos industriais, achados de feiras da ladra. O calendário marca agora 1953. Vive-se um Outono manso. Robert Rauschenberg bate à porta do pintor expressionista abstracto Willem de Kooning e declara que quer apagar um dos desenhos dele. É um acto revolucionário só por si, mas Robert passará quatro semanas a eliminar literalmente uma obra em técnica mista, destruindo 15 tipos de borrachas diferentes durante o processo. É também a evidência do fôlego cáustico e experimentalista vivido por este artista, venerado actualmente como um dos nomes fundamentais das artes plásticas nas últimas décadas e objecto de honrarias fora do baralho: venceu um Grammy pela criação da capa do album Speaking in Tongues dos Talking Heads, foi seleccionado pela Nasa para ter uma obra na lua, e foi o único artista convidado para criar uma capa da TIME. 96

A exposição patente no Museu de Serralves é a primeira grande apresentação em Portugal do norte-americano de 82 anos, que abriu vasos comunicantes entre a pintura e a escultura (através das suas Combine Paintings), redefiniu os caminhos da colagem e da assemblage, e contribuiu (através da reciclagem dos materiais quotidianos e da prática da performance) - para o paradigma moderno de que a vida é uma forma de arte. Um apóstolo da liberdade artística que, a seguir a ter recebido o Grande Prémio de Pintura da Bienal de Veneza em 1964, pediu a um amigo que lhe destruísse os esboços e projectos inacabados… Rauschenberg não queria imitar Rauschenberg. Nesta mostra-acontecimento comissariada por Mirta d’Argenzio estão reunidas 65 obras, peças tridimensionais datadas entre 1970 e 1976, altura em que o artista se instalou definitivamente na ilha de Captiva, numa Flórida ensolarada e distante do trauma do Vietname, dos óbitos da cena artística norte-americana, das trips regulamentares. As viagens foram a bússola destas séries em materiais mundanos: as embalagens de cartão de Cardboard Pieces; os volumes em cores fluorescentes que remetem para o antigo Egipto de Early Egiptians; os ferros encenados de Venitians que evocam os jogos de Veneza; os tecidos indianos milenares de Jammers; os tecidos delicados com notícias de jornais impressas de Hoarfrosts. Toda uma produção de respigador que, na sua maioria, está longe dos radares públicos há cerca de trinta anos. Por tudo isto, é preciso rumar a Serralves. Abram os olhos. – Anouk Aivliz


DA N AG E

destaque

moitiemoitie

pixelbabes ©Nicole Seiler

Festival Temps d´Images De 30 Outubro a 18 Novembro CCB, Culturgest, Teatro da Politécnica, ZDB, Eira 33, Museu do Chiado, Teatro Maria Matos, Museu Colecção Berardo, Cinemateca Portuguesa, Lux www.tempsdimages.org www.tempsdimages-portugal.com

Pelo quinto ano consecutivo, a maior riqueza que o Festival Temps d´Images traz ao universo das artes é a continuação na aposta da criação artística e a oferta de uma grelha de programação diversificada, cruzando várias linguagens e juntando duas ou mais pessoas de diferentes áreas em espectáculos inéditos. Ao longo do festival, vão ser apresentados na Cinemateca, doze filmes escolhidos por Pierre-Marie Goulet, João Benard da Costa e Teresa Garcia. No Museu do Chiado, Anri Sala mostra uma selecção dos seus mais recentes trabalhos em fotografia e vídeo e, no Museu Colecção Berado, Jorge Santos expõe três instalações-vídeo do projecto “Running Window”. Estaleiros Os “Estaleiros” são os espaços mais experimentais e inesperados do festival. Este ano há para descobrir “A Sós”, um registo documental da realizadora Cláudia Varejão com a actriz e encenadora Sandra Faleiro, “Na fotografia estamos felizes”, apresentação ao vivo de canções de Caetano Veloso interpretadas por Maria de Medeiros tendo como pano de fundo as imagens em super 8 do fotógrafo Daniel Blaufuks, “Curso de Silêncio” de Vera Mantero e Miguel Gonçalves Mendes, um cruzamento entre a dança e o teatro, encomenda do festival, “Tempo/Imagem”, trabalho de performance de Vvoitek Zielmilski e Verónica Conte, “Electricidade Estática”, um espectáculo de música e vídeo de criação colectiva entre o músico Paulo Furtado, os artistas plásticos João Louro e Julião Sarmento e o arquitecto João Luís Carrilho da Graça, segundo uma ideia de Delfim Sardo, e “Viagem”, um recital para canto, piano e vídeo interpretado pela soprano Catarina Molder, com direcção cénica de José Caldas e vídeo de Noé Sendas. 98

Espectáculos Nesta secção, o catalão Abraham Hurtado apresenta “I Was There”, uma coreografia para seis mulheres sobre a força e a fragilidade. “Window” é a proposta de Mônica Coteriano (dança, voz e textos), Tó Trips e Pedro Gonçalves (música) e André Gonçalves (vídeo), um espectáculo multimédia e transdisciplinar tendo como ponto de partida a ideia de “janela”. “Da Boca para Dentro”, de Ana Támen e Pedro Sena Nunes, foi criado a partir de filmagens em Portugal, Austrália, Alemanha e Japão, interpretado por Maria Duarte e Samuel Alves sobre textos de Luísa Costa Gomes e Richard Foreman. “Protomembrana” é uma lição interactiva sobre Sistematurgia (“dramaturgia dos sistemas computacionais”) da autoria de Marcel Li Antúnez, que utiliza a narração verbal, gráfica e musical. “Pixel Babes”, da Compagnie Nicole Seiler, é uma coreografia para três bailarinas sobre questões como a beleza perfeita e o corpo ideal, usando a projecção de vídeos de Jane Fonda, de Cindy Crawford e da cirurgia plástica nos corpos das bailarinas. “Moitie Moitie, Meio Meio, _ _” é uma criação da companhia Skappa sobre as assimetrias próprias do indivíduo em interacção com as assimetrias próprias do universo. “Sexy MF”, reposição da performance de Ana Borralho e João Galante, apela à sedução e ao imaginário erótico, numa confrontação directa com o público através da exposição do corpo numa troca de identidades sexuais. “While Going To a Condition” é um espectáculo de Hiroaki Umeda, coreógrafo, bailarino e, igualmente, criador de vídeos, um dos mais destacados coreógrafos da nova geração japonesa e um dos mais conceituados a nível internacional. “Monsieur Zero, Famous When Dead” é um solo de Alexandre Castres, antigo bailarino de Pina Bausch, que veste a pele de um personagem singular, questionando a imagem da sua própria morte, jogando com as formas como ela se apresenta, para melhor a apreender e a tentar aceitar, através duma mistura entre dança, teatro e vídeo. “WW” é um trabalho que cruza a dança contemporânea, as artes visuais e o vídeo sobre a temática do terrorismo, na época em que vivemos, da autoria de João Manuel de Oliveira e interpretações de Carlota Lagido e Sara Vaz, com direcção cénica de David Miguel. – Cláudia Gavinho


DA N AG E

música

bonde do rolê

editors

Santiago Alquimista, 14 Novembro, 22h

Pavilhão do Restelo, 16 de Novembro, 22h

Os brasileiros Bonde do Rolê regressam a Portugal para mais uma noite de irreverência carioca. A musica da favela é reinventada através da mistura de samplers de rock dos anos 80 e de bandas como AC/DC e Alice in Chains, com as batidas do baile funk.

A banda de Birmingham está de volta. Tom Smith, Chris Urbanowicz, Russell Leetch e Ed Lay regressam a Portugal depois de terem arrasado em 2006, no Super Bock Super Rock. Se “The Black Room” era claustrofóbico e acutilante, o novo trabalho, “The end has a start”, é marcado pelas emoções da perda e da morte. Segundo os próprios, é um reflexo do último ano de vida do grupo, em que estas temáticas foram vividas de perto. O álbum inclui também alguns temas que os Editors têm tocado em digressão desde 2006 e que encontram agora uma versão definitiva.

O trio de Curitiba, constituído pelos Djs e produtores Rodrigo Gorky, Pedro D’Eyrot e pela vocalista Marina Vello, foi descoberto em 2005, no MySpace, e logo despertou a atenção da imprensa, de produtores locais e internacionais. Em 2006, lançaram um CD promo e um vinil pela editora Mad Decent (a mesma do Dj americano Diplo), foram destacados pela Rolling Stone como uma das “dez bandas a ter em atenção” (“10 Bands to Watch”) e descritos pelo The New York Times como um gangue de “brazilian party starters”. Desde aí, não pararam: saíram em digressão pela Europa (em Portugal, num concerto com os Buraka Som Sistema), pelos Estados Unidos e pelo Canadá com Diplo e Cansei de Ser Sexy. Este ano, revolucionaram Londres, Berlim e Paris como banda suporte dos Junior Boys e actuaram nos palcos nacionais da ZDB e do Festival Sudoeste. Em terreno nacional, voltam a comprovar os efeitos da sua energia contagiante e insólita com o disco de estreia “With Lasers”. A primeira parte do concerto vai estar assegurada pelos Holy Hail, um quarteto nova iorquino de sonoridade disco, influenciados pelo pós-punk dos Gossip, a loucura dos B52’s e a música country&western, numa combinação bizarra de guitarras hipnóticas. O cenário será o mítico Santiago Alquimista, que promete abanar nesta noite de Outono. Os bilhetes estão à venda nos locais habituais, ou no próprio dia, com o preço único de 20€. – Cláudia Rodrigues

100

Espera-se um concerto eléctrico e emotivo, com a voz quase éterea de Tom Smith em destaque. Uma viagem a um universo reminiscente dos Joy Division ou dos Echo & The Bunnymen - a atmosfera criada pelas letras está no centro do palco. Se é nestes ritmos que gosta de se embalar, vá até ao Pavilhão do Restelo, dia 16. Os bilhetes custam 30 euros e estão à venda nos locais habituais. – Filipa Penteado


DA AG E

N

DA N AG E

teatro

cinema

carta-oceano Em cena até 1 de Dezembro, de 4ª a sábado, às 22h Teatro do Vestido Pavilhão 27 do Hospital Júlio de Matos Av. do Brasil, 53 Tel. 918 388 878 teatrodovestido@gmail.com www.teatrodovestido.org

Carta-Oceano é sobre um percurso feito de acidentes, de paragens e de terminais mas que, apesar de tudo, continua a ser feito. É o resultado da pesquisa do Teatro do Vestido sobre a vida e a obra do poeta Blaise Cendras. Na peça, o poeta passa de referência a personagem, para voltar a ser, novamente, referência enquanto os actores “tomam conta” do espectáculo. O livro “Poesia em Viagem” é o porto de abrigo das personagens, o local onde sempre regressam, na procura de um sentido. O espectáculo é apresentado sob a forma de fragmentos, de momentos de celebração de uma viagem, do estar à espera, do tempo que passou ou das cartas que não chegam. Carta-Oceano diz muito sobre o percurso singular do próprio Teatro do Vestido, sobre as suas escolhas de textos, de dramaturgia e o tipo de encenação que decide apresentar nos seus espectáculos. – CG

teatro-clip Teatro da Garagem Teatro Taborda Costa do Castelo, 75 Tel. 21 885 41 90

De Paul Auster Com David Thewlis, Irène Jacob, Michael Imperioli e Sophie Auster

www.teatrodagaragem.com

Teatro-Clip é a nova peça escrita e encenada por Carlos J. Pessoa para o Teatro da Garagem que assenta sobre o conceito de video-clip adaptado para o palco. Ao longo da peça, vamos tomando contacto com várias histórias de amor que se desenrolam a um ritmo descontínuo e numa sequência fragmentada, tal como as imagens de um vídeo-clip. Uma dramatização menos clássica sobre a natureza do amor e os sentimentos contraditórios que, muitas vezes, estão associados ao acto de amar: a morte, a espera, a ingenuidade, a angústia, a dúvida, a recusa, o êxito, a loucura desmedida e a surpresa. Os personagens vão coexistindo em vários planos de acção e a mensagem vai surgindo repetida, como na linguagem pop visual da era do vídeo. – CG Com Ana Palma, Beatriz Portugal, Carla Bolito, Fernando Nobre, Iolanda Laranjeiro, Miguel Mendes, Maria João Vicente e Pedro Lacerda, em cena de 8 de Novembro a 2 de Dezembro, de 4ª a Domingo, às 21H30, no Teatro Taborda

102

A Vida Interior de Martin Frost “A vida interior de Martin Frost” é uma história sobre uma história. A visão de um escritor sobre outro, que, através da descrição do processo criativo do primeiro, conta a sua história. Enquanto objecto cinematográfico move-se mais ao ritmo das palavras do que ao ritmo das imagens. O que talvez fosse inevitável, já que é realizado pelo escritor Paul Auster. É um filme de simbolismos e de alguns silêncios, silêncios esses que num livro seriam uma descrição mas que em cinema se traduzem em contemplação. E na luz que atravessa a imagem. O narrador conduz-nos através de um “frame” da vida de Martin Frost, um instante perdido num tempo indefinido - o protagonista chega até uma casa onde pretende descansar depois de ter acabado o seu último romance. Mas assim que se instala, uma nova história começa a nascer dentro de si. É nessa altura que encontra Claire, uma mulher misteriosa, a dormir ao seu lado. Com o passar dos dias, torna-se óbvio que Claire não é propriamente “alguém”, mas sim um fantasma que começa a habitar o mundo de Martin. É a sua musa, a personificação da história que está a escrever.

A partir daqui, inicia-se outro capítulo no filme, sobre a relação do escritor com a inspiração. E, neste caso, Martin Frost apaixona-se pela sua musa, mais do que pela sua história. Apaixona-se por aquele instante criativo onde se encontra e quer permanecer nele para sempre. Escrever torna-se de alguma forma secundário. Mas os deuses da escrita têm algo a dizer sobre este quebrar das regras... “A vida interior de Martin Frost” é um passeio através do universo da criação, que coloca questões íntimas mas reconhecíveis para qualquer artista. Através do paralelo entre Frost e a personagem de Michael Imperioli (que conhecemos como um dos míticos personagens de “Sopranos”), Paul Auster mostra-nos dois tipos de escritores e insinua que um bom escritor é aquele que cuida da sua inspiração, que a trata como um bem precioso. O que aqui se traduz na inteligência luminosa de Irène Jacob e no brilho escondido de Sophie Auster, a musa desprezada de Imperioli. Mas, no final, fica no ar a dúvida: será realmente possível existir uma inspiração única e constante? Não fará parte do percurso de qualquer escritor o encontrar e perder musas, chegando com cada uma a patamares criativos diferentes? Será que Martin Frost viveu feliz para sempre com Claire?... No mundo interior das palavras há sempre reticências e espaços em branco… – Filipa Penteado

103


AG E

N

DA

switch_philosophers © Tony Oursler

arte

martim ramos

douglas gordon

Centre Pompidou

Novos Media 1965-2003 Museu do Chiado Até 7 de Janeiro de 2008 A história dos novos media é uma fábula de democratização com final feliz: era uma vez um vídeo que se tornou instrumento incontornável na prática artística de todo e qualquer criador contemporâneo, e actual objecto de cobiça de muitos coleccionadores nacionais. Essa circunstância torna pertinente e pedagógica esta exposição comissariada pela curadora Christine Van Assche: uma digressão por obras históricas produzidas por alguns dos mais importantes artistas contemporâneos, como Nam June Paik, Bill Viola, Douglas Gordon, Bruce Nauman ou Gary Hill. Ao todo, são 19 criadores e 23 peças pertencentes ao acervo do Centre Pompidou, em Paris. Toda uma babilónia visual, organizada em quatro núcleos temáticos (Para uma televisão imaginária, Pesquisas de Identidade; Do vídeo à instalação; Pós-cinema) que abordam eficazmente as relações deste media com o som e o espaço, o diálogo com o observador e com as outras disciplinas da imagem, as possibilidades narrativas fornecidas pelas características técnicas. Forward, feedback, câmara lenta: as imagens transformaramse em ensaios, manifestos, possibilidades. É possível, por exemplo, experimentar a interactividade na instalação Going around the Corner piece (1970), em que o espectador circula num perímetro previamente estabelecido por Bruce Nauman, completando a obra de arte e vivenciando uma sequência infinita já que nunca encontra o seu reflexo visual. Ou reflectir sobre a condição de consumidor passivo de imagens televisivas através da obra Reverse Television (1983-84) de Bill Viola. E ainda usufruir da releitura de conteúdos cinematográficos, presente numa peça como The Third Memory (1999) de Pierre Huyghe, que evoca a experiência de escala cinematográfica e reinventa cenas de filmes famosos. São enquadramentos acessíveis para mapear a evolução dos new media. – Anouk Aivliz

104

On the Road – Remembering Kerouac De 9 de Novembro a 1 de Dezembro De quarta a sábado das 17h às 20h, Sábado das 15h às 20h. Avenida da Liberdade, n.º 211, 2º Andar Um homem de jeans e blusão. Um cigarro e uma mochila. Uma estrada aberta, para percorrer ao sabor dos dias. “On the Road” é um dos livros icónicos do século XX e Jack Kerouac um dos seus mitos – passados 50 anos, os ideais beatnik continuam a fascinar gerações posteriores. O 50º aniversário do lançamento de “On the Road”, foi o pretexto para 13 artistas portugueses realizarem uma série de trabalhos que propõem um olhar pessoal sobre o livro, o universo de Jack Kerouac e o movimento da “beat generation”. São intervenções ao nível do desenho, da fotografia, do vídeo e do som, explorando várias disciplinas artísticas, na tentativa de lançar uma nova luz sobre a “viagem” de Kerouac e abrir portas para novas aventuras. Como actividades paralelas, tem a oportunidade de ver o ciclo “Road Movie” na Cinemateca, de 5 a 30 de Novembro, ouvir leituras de textos de autores beatnik no espaço da exposição, em dias ainda a anunciar, e assistir ao concerto de Tó Trips dos Dead Combo, no dia do encerramento. Para mais informações aceder a http://rememberingjackkerouac.blogspot.com/ – Filipa Penteado Artistas participantes : André Almeida e Sousa, Bruno Sequeira, Eduardo Salavisa, João Grama, João Paulo Serafim, José António Leitão, José Pedro Cortes, Manuel Duarte, Margarida Gouveia, Mariana Viegas, Martim Dias Ramos, Paulo Brighenti, Paulo Pascoal


DA N AG E

places

wonder Lisboa – Rua Silva Carvalho, nº 78/80 Campo de Ourique Porto – Rua Miguel Bombarda, Centro Comercial Bombarda, loja 9 Porto A Wonder quer brincar consigo. Através do uso lúdico do design, a marca criou várias linhas de objectos para estimular os seus sentidos. Na linha “Wonderwall” encontra telas personalizadas, impressas digitalmente, e na “Wonder Ware”, t-shirts de edição limitada. Paralelamente, tem ainda isqueiros, pin’s, carteiras, blocos de notas, etc. Criada pelo atelier de design “Ideias com Peso”, a Wonder traduz-se agora em lojas situadas em Lisboa e no Porto – a loja do norte é a mais recente, abriu em Outubro no centro comercial Bombarda. Todos os dias das 12h às 20h, vá brincar com a Wonder. www.wonder.com.pt

coffee&pot Telheiras – Rua Hermano Neves, 22 r/c B Quinta do Lambert – Rua Agostinho Neto, 18 A Avenida de Roma – Largo Machado de Assis, loja 1 A/B

soho Largo do Mercado, nº 2, Aveiro

Para aqueles que ainda pensam que as grandes tendências passam apenas por Lisboa e Porto, o novo espaço SoHo, em Aveiro, é prova do contrário. Uma loja que junta moda, design e música, tentando satisfazer as necessidades do seu público alvo: jovens que gostem de cultura urbana, com uma postura cool e descontraída. O grande destaque da loja é a decoração, com elementos associados a espaços nocturnos, como um balcão que se assemelha a uma mesa de mistura.

Restaurante, coffee house e cocktail bar tudo reunido num só sítio. Se juntar um leque variado de produtos e um bom ambiente com música agradável, tem a Coffee&Pot, uma cadeia de lojas que abriu recentemente três novos espaços em Lisboa – Telheiras, Quinta do Lambert e Avenida de Roma. O horário de funcionamento das várias Coffee&Pot, das 10h00 às 02h00, permite que os clientes usufruam do espaço conforme seja mais conveniente para o seu próprio ritmo de vida, podendo almoçar, tomar uma refeição mais ligeira fora de horas ou beber um copo depois do trabalho. Todos os novos espaços têm denominadores comuns, embora cada um deles tenha características próprias que se adequam ao local onde estão inseridos e ao público que pretendem atingir. Descubra por si visitando as novas Coffee&Pot. www.coffeepot.com.pt

À venda na SoHo pode encontrar marcas como a Gola, Fly London, Fred Perry, Gsus, Carhartt e Melissa. O espaço está aberto todos os dias, incluindo período nocturno, fins de semana e feriados. www.soho.pt 106

107


Backstage Moda Lisboa|Estoril Š Miguel Gama

108

109


LISBOA E ZONA CENTRO LISBOA BARES , CAFÉS E PUBS

100 NORTE.Expo.tel: 218 958 248. A PÉROLA.Calçada Ribeiro dos Santos, 25 - Santos. telef: 213 900 024.Dom das 22h às 03h; 3ª e 4ª 22h às 03h; 5ª, 6ª e Sáb.22h às 04h.Encerra à 2ª. ÁGUA NO BICO.Rua de São Marçal, 170 - Príncipe Real. telef: 213 472 830.Bar gay. AL XEIQUE.Santos. ARROZ DOCE.Rua da Atalaia, 117-121 - Bairro Alto. telef: 213 462 601. ART.Av.24 de Julho, 66.tel:213 905 105. www.artlisboa.com // info@artlisboa.com BALIZA.Rua da Bica de Duarte Belo, 51A Elevador da Bica. telef: 213 478 719. BAIRRiO LATINO.Rua da Pimenta.Pq das Nações. telm:917 278 464 // 934 971 585. www.bairrolatinopt.com // info@bairrolatinocafe.com BAR 106.Rua de São Marçal, 106.telef: 213 427 373. fax.213 950 151.Aberto todos os dias das 21h às 02h.Happy hour até às 23h30.Festa da mensagem todos os domingos. www.bar106.com bar106@bar106.com BAR DAS IMAGENS.Calçada Marquês de Tancos, 1-1B Costa do Castelo.telef: 218 884 636.Das 17h às 02h; dom. das 15h às 20h.Encerra às 2ª e 3ª. BAR DO BAIRRO.Rua da Rosa, 255.Bairro-Alto. telef: 213 460 184.Aberto todos os dias das 22h às 04h. Reggae, Ska, Funk, Drum N’ Bass e Chillout.

BAR L.Calçada da Ribeira dos Santos 31/35 - Santos. BLACK COFFEE.Rua Ivens, 45-Chiado. tel/fax:213 474 077 BLUE NET CAFÉ.Rua da Rosa, 165.tel:213 420 753. BICAENSE CAFÉ.Rua da Bica de Duarte Belo 38-42 Elevador da Bica.telef: 213 257 940. BOAVISTA 132.Rua da Boavista, 132 - Santos. telef: 213 964 495.2ª a Sáb.das 09h às 02h. Restaurante-Café-Galeria de Arte. BRIC À BAR.Rua Cecilio de Sousa 84 - Príncipe Real. telef: 213 428 971. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb.e Dom.das 22h30 às 06h.Encerra às 3ª Feiras.Gays e afins. CAFÉ ALEGRIA.Praça da Alegria. CAFÉ CHIADO.Galerias Península.Av.5 de Outubro, 20 tm: 962 004 595-964 494 080.2ª a 6ª das 07h às 19h. CAFÉ DA PALHA.Expo. CAFÉ-GALERIA VER DE PERTO.Rua Costa do Castelo, 26-26A.telef: 218 870 488.Encerra ao domingo e 2ª. 3ª a 5ª das 12h às 24h.6ª e Sáb. 12h às 02h. Café Suave. Rua Diário de Notícias, 6 - Bairro Alto. CATACUMBAS.Tv.Água Flor, 43 - Bairro Alto. telf: 213 463 969. Jazz.

CAXIM BAR.Rua Costa do Castelo, 22. telef: 218 880 263 telem: 918 400 809. caxim.bar@gmail.com CENA DE COPOS.Rua da Barroca, 103-105 - Bairro Alto. telef: 213 469 019.2ª a Dom. das 22h às 04h. CHAPITÔ.Rua Costa do Castelo, 1/7 - Alfama. telef: 218 855 550.Todos os dias das 21h às 02h. Teatro, restaurante, bar, esplanada com vista. mail@chapito.org // www.chapito.org CHARLIE SHOT.Rua das Janelas Verdes, 2 - Santos. cinco lounge.Rua Rubens Leitão, 17A - Príncipe Real. CLANDESTINO.Rua da Barroca, 99 - Bairro Alto. telef: 213 468 194.2ª a Sábado das 22h às 04h. Encerra ao Dom.Rock. CLUBE DA ESQUINA.Rua da Barroca, 30 - Bairro Alto. telef: 213 427 149.2ª a Dom. das 16h30 às 03h. COOL CAFÉ.Rua da Pimenta, 3 - Parque das Nações. telef: 218 956 276 fax: 218 956 227. CUBA LIVRE. CULTURA DO CHÁ.Bairro Alto. d’alma lounge.Rua da Misericórdia, 74. telef: 213 433 105. www.dalmalounge.com ESPAÇO 40 E 1.Rua da Barroca, 41 - Bairro Alto. 2ª a Dom. das 20h às 02h. ESTADO LÍQUIDO.Largo de Santos, 5 A - Santos. telef: 213 955 820.Aberto 3ª e 4ª das 20 às 2h; 5ª até às 3h; 6ª e sáb até às 4h.Dom. das 20h às 02h. ETÍLICO BAR.Rua do Grémio Lusitano, 8 - Bairro Alto. Aberto de 2ª a Sáb., das 22h às 04h.Dj set todos os dias. news@etilicobar.com. FAVELA CHIQUE.Rua Diário de Notícias, 66. Tm: 96 707 6739.Aberto todos os dias das 21h às 03h. FRANCÊS. Av.24 Julho, 108 - Santos. tlf: 213900821. 2ª a Sáb. das 22h às 06h.Encerra ao Dom. FREMITUS.Rua da Atalaia, 78 - Bairro Alto. telef: 213 433 632. 3ª a Dom. das 18h às 04h.House e Drum´n´bass. fremitus@clix.pt GALERIA ZÉ DOS BOIS.Rua da Barroca, 59-B - Bairro Alto. telef:213 430 205. Groove.Rua da Rosa, 148-150 – Bairro Alto. Aberto das 22h até às 04h. Dj’s 5ª a Sáb. www.groovebar.net

HAVANA DOCAS.Doca de Santo Amaro, 5. Telef: 21 3979893.Aberto todos os dias das 12h.às 04h.Música latino-americana. HAVANA PARQUE DAS NAÇÕES.Rua da Pimenta 115117.Telef: 218 957 116.Aberto todos os dias das 12h às 04h.Música latino-americana. HAWAII DOCAS.Doca de Santo Amaro, 1. Tlf: 213 900 010.Aberto todos os dias das 12h às 04h. HENNESSY’S (IRISH PUB).Rua Cais do Sodré, 32-38 Cais do Sodré.telef: 213 431 064. HERÓIS.Calçado do Sacramento, 14. Chiado. INCÓGNITO.Rua Poiais de S.Bento, 37.tel:213 908 755. INCÓMODO BAR.Rua das Janelas Verdes, 18-22 Santos.telef: 213 955 761. 2ª a Sáb. das 18h às 04h. Encerra ao Dom. 5ª Karaoke.

IN LISBOA BAR.Rua da Atalaia, 153 R/C.tel:213 431 911. info@inlisboa.com JANELA D’ATALAIA.Rua da Atalaia, 160.Tel: 213 465 988. Aberto das 21h às 4h - fecha ao Dom. e feriados. l líquido.Rua da Rosa – Bairro Alto. LÁBIOS DE VINHO.Rua do Norte, 52.Bairro Alto.Tapas Bar. telef: 213 420 597. LEFT.Largo Vitorino Damásio, 3F - Santos - Lisboa telef: 213 951 227. www.leftbar.blogspot.com/ www.myspace.com/leftbar | left.bar@clix.pt | leftbar@gmail.com | 3ª a Sáb. dads 22h às 04h. Dom. das 22h às 02h. LEI SECA.Calçada Marquês de Abrantes, 142.Santos. mail@leisecabar.com // www.leisecabar.com De 3ª a 5ª das 21h às 02h.6ª e sáb.das 21h às 04h. Lgare.Rua da Rosa, 136 -Bairro Alto.Tm:918 952 245. Aberto de 3ª a Sáb. entre as 17h e as 02h. Domingos música ao vivo a partir das 18h30. Alternativa, rock, jazz. LOUNGE.Rua da Moeda, 1 - Cais do Sodré.3ª a dom. das 22h às 04h. MAO-ORIENTAL LOUNGE.Av.24 de Julho 116/118. telef/fax: 213 960 911. MAR ADENTRO. Rua do Alecrim, 35, Lisboa. Tel.: 213 469 158 MARIA CACHUCHA.Bairro Alto. MAX.Rua São Marçal, 15 - Príncipe Real.Bar gay. Espectáculo de stripers às 5ª. MEXE.Rua da Trombeta, 4 - Bairro Alto. tel: 213 474 910. Das 22h às 02h. MEZCAL.Travessa Água de Flor, 20 - Bairro Alto. telef: 213 431 863.Das 22h às 02h.Música mexicana. music box.Largo de Stº António, 3. telef: 213 430 107. office@musicboxlisboa.com Nº2 (É PRÁ PONCHA). Av. 24 de Julho, 82B NAPRON. Rua da Barroca, 111. NOOBAI CAFÉ.Miradouro do Adamastor - Stª Catarina. tel: 213 465 014.Das 12h às 24h.www.noobaicafe.com nova tertúlia bar.Rua Diário de Notícias, 60 – Bairro Alto. tlf: 213 462 704. Todos os dias das 20h30 às 04h. O’Gilin’s (Irish Pub).Rua dos Remolares, 8–10 – Cais do Sodré. telef: 213 421 899. Aberto todos os dias das 11h às 02h. Música ao vivo 6ª e Sáb. ÓKA BAR.Rua dos Mouros, 21.Bairro Alto. Telem: 964 570 117 / 962 339 175. ONDA JAZZ. Arco de Jesus,7 Alfama. OP ART.Doca de Santo Amaro.telef: 213 956 787. Das 12h às 05h. POIS CAFÉ.Rua São João da Praça, 93-95.Alfama tel:218 862 497.De 3ª a Dom.das 11h às 20h. PORTAS LARGAS.Rua da Atalaia,103-105 - Bairro Alto. tlf: 213 466 379.2ª a Dom. das 19h às 03h30.Bar gay. PRIMAS.Rua da Atalaia, 154-156 - Bairro Alto. telef: 213 425 925.Das 21h30 às 02h. REAL REPÚBLICA DE COIMBRA.EXPO. REPÚBLICA DAS BANANAS.Rua da Madalena, 106, Lisboa.telef: 21 886 6145.5º, 6º e Sáb. das 23h as 04h.Música ao vivo, música Brasileira, Karaoke. ROYALE CAFÉ.Largo Rafael Bordalo Pinheiro, 29. SANTIAGO ALQUIMISTA CAFÉ-TEATRO.R. de Santiago, 19. telef: 218 820 259 www.santiagoalquimista.com Concertos, espectáculos e Bar. SANTOS SACRIFÍCIOS.Pátio do Pinzaleiro, 17 - Santos. telef: 213 965 552. 2ª a Sáb.: das 10h às 4h. SCREEN.Santos. SEM NOM BAR.R. do Diário de Notícias, 132 - Bairro Alto. SÉTIMO CÉU.Travessa da Espera, 54 - Bairro Alto. telef: 213 466 471.Das 14h às 20h00 e das 22h às 02h.Encerra aos Dom. a tarde. Bar gay. SOUND CLUB.Largo de Santos (jardim), 9B. Aberto todos os dias das 21h às 04h. SPOT.Rua da Atalaia, 25, 27 – Bairro Alto. telef: 213 477 446.Todos os dias das 21h às 04h. TACÃO GRANDE.Travessa da Cara, 3 - Bairro Alto. telef: 213 424 320.2ª a Dom. das 21h30 às 04h. TUAREG - CAFFÉ BAR MARROQUINO.Calçada Marquês de Abrantes, 74.telem: 963 689 022. telef: 213 479 007. Aberto das 18h30 às 02h. www.tuareg.com.pt desert.traveler@netcabo.pt VELVET BAR.Rua do Norte, 121.Bairro Alto. telem:916 867 813. VERTIGO CAFÉ.Chiado - Travessa do Carmo, 4. telef: 213 433 112. info@vertigocafe.net www.vertigocafe.net VIDEIRINHA.Av.24 Julho.Santos VIÚVA.Pátio do Pinzaleiro, 28-B-Santos. telef: 213 966 680 / 213 952 655. 2ª a Sáb. das 19h às 04h.Encerra ao Dom. WEB CAFÉ.R. do Diário de Notícias, 126 - Bairro Alto. telef: 213 421 181.2ª a Dom. das 16h às 02h.

DISCOTECAS

ALCÂNTARA CLUB.Rua da Cozinha Ecómica, 11 Alcântara.Das 23h às 6h. BUDDHA-LX.Gare Marítima de Alcântara. telef:213950555. fax:213950541.tel:914929101.

Aberto de 2ª a Sáb.das 22h às 04h. geral@buddha.com.pt // rp@buddha.com.pt www.buddha.com.pt DOCK´S.Rua Cintura do Porto de Lisboa, 226 - Rocha de Conde d´Obidos.tel: 213 950 856.Aberto das 23 às 6h.Encerra Dom. e 2ª. FRÁGIL.Rua da Atalaia, 126-Bairro Alto.De 5ª a sáb das 23h30 às 04h. KREMLIN.Escadinhas da Praia, 5 - Santos.Aberto sex. sáb.e vésperas de feriados, das 24h até tarde. LUX.Av.Infante D.Henrique.Armazém A - Cais da Pedra à Santa Apolónia.telef: 218 820 890. QUEEN’S.Rua Da Cintura do Porto de Lisboa, Armazém H, Naves A e B.213 977 699.Aberto das 23h às 6h. 5ª Ladies Night. COM VENTO BAR.Calçada do Marquês de Abrantes, 38 A Santos.telef: 213 930 934 / 213 930 935. TRUMP’S.Rua da Imprensa Nacional, 104B - Príncipe Real.telef: 213 971 059.Disco gay. W DISCO.Alcântara.

mar adentro café caférestaurantebar exposiçõesteatro dançamúsicainternet gratuitoloja

RESTAURANTES

ALCANTARA CAFÉ.Rua Maria Luísa Holstein,17.Lisboa tel: 213 621 226.fax: 213 637 176.Restaurante - Bar. info@alcantaracafe.com // www.alcantaracafe.com BARRIGAS.Travessa da Queimada, 31 - Bairro Alto. telef: 213 471 220. BICA DO SAPATO.Av.Infante D.Henrique.Armazém A Cais da Pedra à Santa Apolónia. BOCA PICANTE.Rua do Século - Bairro Alto. Nouvelle Cuisine à portuguesa. BUENOS AIRES.Calçada do Duque, 31.tm: 936613672. Das 15h às 24h.Encerra à 2ª. CENTRO HÍPICO - JOCKEY. ESPALHA BRASAS.Doca de Santo Amaro Armazém 12 Alcântara.Das 12h30 às 02h.Encerra aos Dom. Cozinha tradicional portuguesa e grelhados. ESTADO LÍQUIDO SUSHI LOUNGE.Largo de Santos, 5 A Santos.telef: 213 972 022.Aberto 3ª e 4ª das 20 às 02h; 5ª até às 03h; 6ª e sáb até às 4h.Encerra 2ª. FREY CONTENTE.Rua São Marçal,94.tel: 213 475 922. HARD ROCK.Av.da Liberdade,2.tel:213 245 280. www.hardrock.com Império dos sentidos.Rua da Atalaia, 35/37 Bairro Alto. Telef: 213 431 822. telm: 964 204 292. Cozinha Italiana, internacional e vegetariana. Encerra à 2ª. www.imperiodossentidos.com.pt jardim dos sentidos.Rua da Mãe d’Agua,3. telef:213 423 670. DAs 12h às 15h e das 19h às 23h. www.jardimdosentidos.com koi. restaurante e sushi bar.Rua Fradesso da Silveira, 4-loja B. Alcântara-Rio. Reservas 213 640 391 / 914 390 720. www.koilisboa.com LA CAFFÉ.Av.da Liberdade, 129B.telef: 213 256 736. OLIVIER.R. do Teixeira, 35.Bairro Alto.tel: 213 431 405 telem: 912 571 505.nathaliegloria@hotmail.com PALPITA-ME.R. Diário de Notícias, 40-A/B-Bairro Alto. tel:918 367 820 – 936 917 848 – 965 419 419. Restaurante-Bar.

exposições pauloarraiano vskrvkurva lagacustomized teatro todasassextas standupcomedy às23horas restaurante sextasesábadosnoite especialcozinhaweb reservasno213460158 loja lagadesignedby moitaartworkby alexismarinis

Frágil Exposições Concertos ao vivo

aberto dias úteis das 10h às 23h. sábados das 14h à 1

Restaurante - Galeria

www.fragil.com +351 213 469 578 rua da atalaia, 126 bairro alto • lisboa

rua do alecrim 35 ○ lisboa ○ tel 213 469 158


RESTÔ.Rua da Costa do Castelo, 7.telef: 218 867 334. Restaurante-Tapas Bar-Esplanada. SACRAMENTO.Calçada do sacramento 40-46, Chiado Telef: 213 420 572 SR.PEIXE.Zona Ribeirinha Norte - Rua da Pimenta Pq das Nações.telef: 218 955 892.Encerra aos dom. ao jantar e 2ª. Restaurante / Marisqueira. STEAKHOUSE.Rua de Cintura do Porto de Lisboa, Armazém Nº 255 - Santos.telef:213 242 910. 2ª a Dom. das 12h30 às 15h e das 19h às 23h. Comida Australiana. SUL.Rua do Norte, 13 - Bairro Alto.telef: 213 462 449. 3ª a Dom. das 19h à 1h.Restaurante, tapas e vinho. TAPADINHA - COZ.RUSSA.Calçada da Tapada, 41A Alcântara.telef: 213 640 482.2ª a Sáb.12h às 15h e 20h às 02h (coz.encerra às 01h).Especialidades Frango “Kiev”e Bife tártaro. RESTAURANTE TASKA.Pátio do Pinzaleiro, 24 - Santos. Aberto 5ª, 6ª,sáb e vésperas de feriados, das 20h às 02h ( a cozinha fecha às 02h). TÚNEL DE SANTOS.Largo de Santos, 1-B. tel: 912151850. Cozinha Tradicional Portuguesa. VÁ E VOLTE.Rua Diário de Noticias, 100 - Bairro Alto. tel: 213 427 888 / 213 476 298.Cozinha Portuguesa.

LOJAS

ANANANA.R. do Diário de Notícias, 9. Bairro Alto. AGÊNCIA 117.Rua do norte, 117.Bairro Alto. telef: 213 461 270.Moda. BAD BONES.Rua do Norte, 85.Bairro Alto. tel:213 460 888. www.bad-bones.com BAG TO BAG.Rua da Rosa, 122.Bairro Alto. BIG PUNCH.Rua do Norte, 73.Bairro Alto.Moda. BIRDSONG. Prç Luís de Camões, 36-4ºDt - Chiado. CARHARTT STORE LISBOA.R. do Norte, 64–Bairro Alto. telef: 213 433 168. www.carhartt-europe.com Crumpler. R. do Norte, 20-22. Bairro Alto. Telef: 213 479 190. www.crumpler.pt DIESEL.Chiado. el diablo tatoo.Largo Rafael Bordalo Pinheiro, 30A. - Chiado. EMBAIXADA LOMOGRÁFICA.R. da Atalaia,31.Bairro Alto ETXART & PANNO. C.C.Colombo, lj 1.087 - Av.Lusíada.telef: 217 165 074.C.C.Acqua Roma, lj 1.18 - Av.de Roma, 15 B. telef: 217 959 952. Galerias Twin Towers, lj 1.39 - Rua de Campolide 351 C/D. telef: 217 279 051.Moda Feminina. Lavandaria caffe. Alameda dos Oceanos, 3.16.01H. Parque das Nações.Telef: 218 965 014. Das 08h às 02h. info@lavandariacaffe.mail.pt FaSHION CLINIC.Avenida da Liberdade.Moda. FLUR DISCOS.Av.Infante D. Henrique, Armazém B, loja 4 – Cais da Pedra à Santa Apolónia.Discos. GARDENIA.Rua Garrett, 54.Telef: 213 421207 Aberto todos os dias das 10h às 21h.Dom. das 12h às 20h. GOOD’N EVIL.Rua da Rosa, 130.tel: 213 423 026. Seg.a Sáb.das 13h às 20h.Fechado Dom.e Feriados. www.good-and-evil.net MOUSSE.Rua das Flores, 41-43. tel: 213 420 781. fax: 213 420 783.tel: 936 338 336. ricardo.vasconcelos@mousse.com.pt OSKLEN.Chiado. PEPE JEANS.telef: 213 400 010.www.pepejeans.com Skin Connection.Rua do Norte, 94.tel: 213 477 191. SOFUNO RECORDS.Trv.dos Inglesinhos, 13. www.sofunorecords.com // nubsides@yahoo.com TRIBAL URBANO SK8 & SNOW.Rua das Pedras Negras, 61A.Tlf: 218 870 173.tribal.urbano@oninetspeed.pt www.tribalurbano.com.sapo.pt V RECORDS.Bairro Alto. VIRIATUS.Rua do Crucifixo, 32.Baixa-Chiado. telef: 213 474 035 Wonder. Rua Silva de Carvalho, 78/80. Campo de Ourique. Telef: 213 570 941. De 2ª a Sáb. das 12h às 20h. www.wonder.com.pt

TEATROS E CINEMAS

CAL-CENTRO DE ARTES DE LISBOA.Rua de Stª Engrácia, 12A.tel: 218 166 154 / 55.fax: 218 166 170. cal@cal.com.pt. www.cal.com.pt CINEMA LONDRES.Avenida de Roma. CINEMA QUARTETO-4 salas.Rua Flores do Lima, 16. telef: 217 971 244. CINEMATECA PORTUGUESA.Rua Barata Salgueiro. FORUM LISBOA.Avenida de Roma. karnart. Rua da Escola de Medicina Veterinária, 21. Telef: 213 152 192. info@karnart.org www.karnart.org TEATRO DA COMUNA.Pr.de Espanha. TEATRO MARIA MATOS. TEATRO NACIONAL D.MARIA II.Praça D.Pedro IV. telef: 213 250 800.comunica@teatro-dmaria.pt TEATRO POLITEAMA. teatro são luíz.R. António Maria Cardoso TEATRO TABORDA. TEATRO TRINDADE.Rua Nova da Trindade, 9.

PIZZARTE.Rua Eng.Von Haffe, 27.R/c.tel: 234 427 103. Todos os dias das 12h às 2h.

telef: 213 432 955.

RESIDENCIAIS E POUSADAS

LOJAS

BAIRRO ALTO HOTEL.Prç Luís de Camões, 8-Bairro Alto. telef: 213 408 222.fax: 213 408 299. reservations@bairroaltohotel.com www.bairroaltohotel.com POUSADA DA JUVENTUDE. Rua Andrade Corvo,46 r/c. RESIDENCIAL ANJO AZUL.Rua Luz Soriano, 75. telef: 213 478 069.Residencial gay.

AVEIROMEUAMOR.Rua de São Martinho, 13. tel: 234423514.Loja de design de mobiliário, atelier de design, de 2ª a 6ª das 14h às 23h, sáb das 10h30 às 20h COM AMOR.R dos Combatentes da Grande Guerra, 35 telef: 234 422 500.Loja de Mobiliário, de 2ª a sáb das 10h às 13h e das 14h30 às 19h. DB.R. Capitão João de Souza Pizarro, 14.t: 234 381 991 Loja de música, de 2ª a 6ª das 13h20 às 20h,sáb. 10h às 13h e das 15h às 20h. HAIRTZ-CABELOS-VIBRAÇÕES.Rua Banda Amizade. telef: 234 420 048.Abertos 2ªa a 6ª das 09h às 21h e Sáb.das 08h às 19h. O NAVIO DE ESPELHOS.Rua 31 de Janeiro, 8-d. tel: 234 420 197.Livraria, de 3ª a dom., das 10h às 24h. TRAFFIC.Loja de sapatilhas, de 3ª a dom, das 10h às 19h.

BELEZA E SAÚDE

FACTOLAB.Av.Infante D.Henrique, Armazém B.Loja 9. Cais da Pedra à Stª.Apolónia.telef: 218 822 898. telem: 968704236. Cabeleireiro. www.factohair.com FACTO CABELEIREIRO, LDA. Rua do Norte 40-42,1200 - 286 Lisboa. telef: 213 478 821. 969846545. www.factohair.com FACTO KIDS.Rua do Norte, 40-42.telef: 213 421 801. EXPRESSION-CABELEIREIRO.Calçada do Combro, 5557 Lisboa.Telef: 213 432 207.3ª a 5ª 10h-20h, 6ª 10h-21h, Sáb 10h-18h. HAIRSTATION.Rua da Trindade, 14 - Chiado. telef: 213 474 066.Hairdressers / Cabeleireiros. JACQUES DESSANGE.Cabeleireiro. Largo do Chiado, 13 -15. Telef: 213 421 030. www.dessange.com WIP-hairport.R da Bica Duarte Belo, 47/49 Elevador da Bica.telef: 213 461 486. cut@hairport.info // www.hairport.info Cyber-Cabelereiro.

COIMBRA BARES E restaurantes

ACADÉMICO.Prç da República, 33-34.tel: 239 826796. 2ª a Sáb. das 08h às 02h.Encerra ao Dom.. AFTER HOURS.Rua Bernardo de Albuquerque, 25 loja D.telef: 239 717 251 / 239 484 769. bar quebra. Live djs, refeições rápidas. R. do Quebra Costas, 45-49. Tel: 239 821 661. 2ª a 6ª 10h04h. Sáb 14h-04h. www.quebracostas.com BIGORNA BAR.Rua Borges Carneiro,9/11, Sé Velha. telef: 239 836 456.Música independente e alternativa. Todos os dias das 20h às 04h. www.bigornabar.com CAFÉ COM ARTE.Av.Dr.Elísio de Moura, 367.Loja 1. 2ª a 4ª das 12h às 24h.5ª a Sáb. das 12h às 02h.Café com loja e galeria, internet e actividades culturais GARDEN BAR.R. Sá de Miranda, 70.tlf:239 711 042. 2ª a 6ª feira das 21h às 03h.Sáb das 21h às 04h. Encerra ao Dom. kirsh.Prç da República, 38 - 1ºAndar. Tel: 239 822 555 2ª a Sáb. 12:30 às 24h. Encerra ao Domingo e 2ª à tarde. Restaurante de Fondues, Cafetaria, Sala de Chá. japonês japo. Bar com esplanada. Av. D.Afonso Henriques, 34, 1º. Telef: 239 702 013. telem: 916 217 917. restaurantejapones@gmail.com. www.restaurantejapones.blogspot.com Nosolo Itália-Coimbra. Pizzeria e Gelateria. Praça da República, 38. Tel: 916 353 096. Aberto todos os dias das 11h às 24h. MOELAS.R.dos Coutinhos, 14.telef: 239 829 111. Das 22h às 04h.Excepto aos Dom. SHMOO CAFÉ.Rua Corpo de Deus 68.Café/Bar. De 2ª a 6ª das 12h às 15h, 20h30 às 02h30; Sáb das 20h30 às 02h30. Café/Bar, refeições vegetarianas leves até às 02h. Djs variados todos os dias. www.shmoocafe.blogspot.com SHOT BAR.Rua Manutenção Militar, 7.Bar Pub. tapas bar.Av. Sá da Bandeira 2ª a Sáb. Encerra ao Dom. TROPICAL.Praça da República, 35.telef: 239 824 857. 2ª a Sáb. das 08h às 02h.Encerra ao Dom. VIA LATINA.Rua Almeida Garret, 1.telef: 239 820 293. Das 24h às 06h.Encerra ao Dom. e 2ª. Discoteca. X BAR.R. Joaquim António Aguiar, 6. tel: 919 288 897 / 913 740 107. 2ª a Dom. das 14h às 04h. Xuven Bar. Av.Sá da Bandeira, Bar com montaditos e petiscos, esplanada interior.Todos os dias 10h04h. Telef: 912 604 993.

VÁRIOS

Ar.Co. CENTRO NACIONAL DA CULTURA.Chiado. ESPAÇO ÁGORA. ETIC. FÁBRICA FEATURES.Chiado. FACULDADE DE DIREITO. FACULDADE DE FARMÁCIA. GALERIA ARTE ASSINADA.Porta do Mar 3.11.09 (Torre Galp) - Parque das Nações. IADE. instituto de artes e ofícios. INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO. INSTITUTO PORTUGUÊS DA JUVENTUDE. Av.da Liberdade, 194.Das 09h às 20h de 2ª a 6ª. http://juventude.gov.pt ISCTE. MUSEU DO CHIADO.Rua Serpa Pinto,4. kabuki. Rua Newton, 10-B. Telef: 210 994 142. De 2ª a 5ª das 14h às 23h. 6ª e Sáb das 14h às 24h. www.kabuki.pt MUSEU DO FADO. O Século centro cultural. Rua de O Século, 80. Bairro Alto. Telef: 917 886 173. www.oseculo.com. www.ouve.net PRETO NO BRANCO. Rua de S. Paulo, 39/41 Loja de impressão. www.pretonobranco.pt // info@pretonobranco.pt UNIVERSIDADE DE PSICOLOGIA.

LINHA DE CASCAIS BARES, CAFÉS E DISCOTECAS

Bar das avencas. Avenida Marginal, Praia das Avencas. Parede. Telef: 214 572 717 BIG BOSS CLUB.Largo da Rebelva - Carcavelos. telef: 214 564 411.Todos os dias das 21h às 04h. COCONUTS.Av.Rei Humberto II de Itália, 7. tlf: 214 844 109.214 826 490/6. Fax 214 836 461. Durante o Inverno abertos de 6ª a Sáb., vésperas de feriados e férias escolares/universitárias. coconuts@mail.telepac.pt | www.nuts-club.com cyber café golfinho.Rua Sebastião José Carvalho e Melo, 17. telef:214 840 150 cybergolfinho@hotmail.com DOM FROMAGIO.Av.Biarritz, 3-Lj.D - Estoril. WALL STREET.Quinta da Fonte.Paço d’Arcos. Telef: 214 411 292.info@wallstreet.online.pt. De 3ª a 5ª das 12h às 02h. 6ª até às 3h30 e Sáb. 20h às 3h30. Música ao vivo 6ª e Sáb. da 00h30 às 02h30.

VÁRIOS

BOWLING DE CASCAIS.Rua D.Dacia Mª Duque Estanislau.telef: 214 870 796. CINEMA CASCAIS VILA.Cascais.

LINHA DE SINTRA BARES, CAFÉS E VÁRIOS

ARTE CAFÉ-CAFÉ BAR.Galeria de Arte. Rua Porto Murmugão, 2ª.Mem Martins.Aberto das 10h às 24h.InfoLine:916 580 577. CAROCHA BAR.Praceta 25 Abril, Lj 2, Portela de Sintra.18h30 02h, 2ª a sáb. carochabar@mail.pt CINEMAS FEIRA NOVA.Mem Martins. ESTRADA VELHA BAR.Rua Consiglieri Pedroso, 16

LOJAS

Sintra Vila.telef: 219 234 355.Das 11h às 02h. PÁTIO DO SOL.Fábrica da Pólvora de Barcarena. telm: 919 585 803 / 914 490 985.Dj’s às 6ª e sáb. Aberto todos os dias. quintais_sinapse@hotmail.com RUSTIKAFÉ.Calçada de S.Pedro, 42.telf: 967 174 250. Das 21h30 às 04h.2ª a 6ª Dj set.6ª Reggae Night.Sáb, música ao vivo.Encerra ao Dom. www.rustikafe.com XENTRA – RESTAURANTE / BAR.Rua Consiglieri Pedroso, 2A, Sintra.telef: 219 240 759.2ª Karaoke, 6ª e Sab.DJ nights Dom.noites rock c/dj, Das 11h - 02h.

AVEIRO RESTAURANTES E BARES

DOCA.Cais Boteirões, 24.telef: 234 420 032.De 2ª a sáb.das 12h às 14h e das 19h30 às 23h.Até às 02h como bar. CLANDESTINO.Rua tenente Resende, 35.De 3ª a Domingo das 21h30 às 02h. OLARIA.Centro Cultural de Congressos de Aveiro. telef: 234 384 221.Todos os dias das 09h às 02h. OPÇÃO.Praia da Barra.De 3ª a dom., das 14h às 02h.

Anthrop. Espaço de divulgação de autores portugueses. R.Alegria, 95-97. Ao lado Museu Transportes. De2ª a Sáb. das 11h às 20h. www.anthrop.blog.com Conceito 74. Atelier de cabeleireiro de homens. R. Feliciano de Castilho, nº119 – V. Telef: 969 226 219. 2ª F a Sáb.10h-19h30. Encerra ao Domingo Conceito 74. Consigo.Rua Lourenço Almeida Azevedo, 29. Galeria de Arte, Loja de Roupa, Sapatilhas, Objectos. Aberto das 14h30 às 22h30. www.consigointeriores.com feito conceito. Sala de chá/Bar, Cabeleireiro, Design de moda, Design de interiores. R. Alexandre Herculano, nº16 A-1º. Telef. 239 837 023. 2ª F. a Sáb.14h-02h. Encerra ao Domingo. feitoconceito@gmail.com Galeria Santa Clara.Rua António Augusto Gonçalves, 67. telef: 239 441 567. Das 14h às 04h. Exposições de pintura. galeria@clix.pt. gang of four.Beco do Fanado,1 Terreiro da Erva. Vestuário e acessórios lifestyle. Fred Perry, Carhartt, Stussy, Melissa. 2ª a 6ª F até às 21h, Sábado até às 19h. Encerra ao Domingo. thegangoffour@gmail.com www.myspace.com/gangoffourcoimbra . www.gangoffour-coimbra.blogspot.com Ilidio Design - Cabeleireiros.C.C. Girassolum, lj. 124/139. Coimbra.telef:239 701 516. Rua Fernandes Tomás, 185 r/c. Fig. da Foz. telef:233 426 445. Av.

BELA CRUZ.Av.da Boavista, 5448.telef: 226 106 469. CHIC.Rua Manuel Pinto de Azevedo.Zona Industrial do Porto.De 5ª a Sáb. das 24h às 06h. ESTADO NOVO.Rua Sousa Aroso, 722, Matosinhos. telef: 229 385 989.De 5ª a Sáb. das 23h às 06h. FREE PORTO 8.Rua Engº Ferreira Dias, 444.Zona Industrial do Porto.telef: 226 101 885.De 4ª a sáb.22h às 04h. GET IT.Disco.Zona Industrial do Porto. INDÚSTRIA.Av.Do Brasil, 843.Foz. De 5ª a sáb.das 23h às 04h. KATS.Disco.Zona Industrial do Porto. MAU MAU.Rua do Outeiro, 4, Restauração. telef: 226 076 660.De 3ª a sáb.das 20h30 às 06h. MARÉ ALTA.Rua do Ouro, Marginal.3ª a Dom. das 22h às 02h. After Hours às 5ª e Sáb. POP.Rua Padre Luís Cabral, 1090-Foz. telef: 226 183 959. www.pop-kitchen.com RIVER.Marginal do Porto. SUPER CLUB.Av.Menéres, Matosinhos. VIA RÁPIDA.Zona Industrial do Porto.

Adelino Amaro da Costa, Ed. Vale do Liz, lote 20, loja D. Leiria. telef:244 833 491. Loja XM.Escada do Quebra Costas, 7.tlf 239 821 708. 2ª a Sáb das 10h às 20h. Encerra ao Dom. Livraria especializada (artes visuais). Discos usados. www.xm.com.pt Mau Feitio. Loja de roupa. R. de Quebra-costas, 42/44. Telef. 239 838201. 2ª F a Sáb.11h-20h. Encerra ao domingo. m.feitio@gmail.com . www. maufeitio.pt Novalmedina. Rua Ferreira Borges, 161-Coimbra. telef: 239 851 906. fax: 239 851 901. Almedina Discoteca, Loja de discos, DVDs, Revistas. discoteca@lmedina.net [www.almedina.net] pontos de luz.Rua de Tomar, 11.Tel/Fax:239 829 133.Das 14h30 às 22h. Encerra ao Dom. Loja de Decoração e projectos de interiores. www.pontosdeluz.net | pontosluz@gmail.com Pura Vida Tattoo.Tattoo & piercing, scarification & suspencion. CC Golden (Praça da república), Av. Sá da Bandeira, 115. Tel: 91 3426021. De 2ª a 6ª das 13h às 20h. Sáb das 15h às 20h. www.fotolog.com/ pura_vida_tattoo Spacenet.Av. Sá da Bandeira, 67. telef:239 836 844. Aberto de 2ª a sáb. das 10h às 24h. Dom./Fer. das 14h. às 24h. Espaço de navegação na internet. spacenet@netcabo.pt

PORTO E ZONA NORTE PORTO BARES E CAFÉS

ARIA.Art Gallery - bar - loja.Rua Adolfo Casais Monteiro, 32.telem: 918 173 675, 916 972 509. BAZAAR.Cais das Pedras, Marginal do Porto. BLACK COFFEE.Praça General Humberto Delgado, 307.tel:222 010 689.Leça da Palmeira.R.Helena Vieira da Silva,314.tel:229 963 626.Matosinhos. Praceta Manuel Carlos Seabra Monteiro, 41. tel:229 377 725. BIT BAR.Rua direita, 235 r/c, Matosinhos/Leça. telef: 229 959 345.Todos os dias das 21h às 02h. BOYS’R’US.Rua Dr.Barrosa de Castro, 63, Cordoaria. 4ª, 6ª, Sáb. e Dom. das 24h às 04h.Bar gay. CAFÉ LUSITANO.Rua José Falcão, 137 Porto. ICEBERG.Marginal de Vila Nova de Gaia. iduna caffe.Espaço Iduna. Rua Brito Capelo 1023. Matosinhos LABIRINTO.R. Nossa Srª de Fátima, 334, Boavista. telef: 226 063 665.De 2ª a Dom. das 22h30 às 04h. LOBBY. Rua Adolfo Casais Monteiro 69-71, 4050 Porto. 3ª - Dom. Das 14h às 02h. lobbypbp@gmail.com MAUS HÁBITOS.Rua Passos Manuel, 178 Porto. telef: 222 087 268.fax: 222 000 134. mail@maushabitos.com // www.maushabitos.com Espaço de Intervenção Cultural. MEETING.R. Fonte Taurina, 8, Ribeira.tel: 223 323 110.

VOGUE.Av.Fontes Pereira de Melo, 481. Z. Ind. do Porto. telef: 226 179 355.De 4ª a sáb. das 23h às 06h. De 3ª a domingo das 22h às 02h. O CAIS.Rua Fonte Taurina, Ribeira. passos manuel.R. Passos Manuel, 137. Música, Cinema, Teatro, Artes. tel:222 058351 www.passosmanuel.net PORTO RIO.Rua do Ouro, Barco - Marginal. PRAIA DA LUZ.Av.do Brasil.Foz.telef: 226 100 853. PIPAS BAR.Praça do Cubo, 16.Ribeira.telef: 223 324 485.De 2ª a Dom. das 20h30 às 04h. REAL FEITORIA.Rua Infante D.Henrique, 20.Ribeira. telef: 222 038 911.Todos os dias das 20h às 02h. ROSA ESCURA BAR GALERIA. Rua Picaria 32, Porto. Tel: 91 343 3414.Todos os dias das 18h às 02h. rosaescura@hotmail.com SHOT BAR.Marginal de Vila Nova de Gaia. TRINTA E UM.Rua do Passeio Alegre, 564, Foz. telef: 226 107 567.De 2ª a 5ª das 22h30 às 02h. 6ª e Sáb. das 22h30 às 04h. TRIPLEX.Av.da Boavista, 911.telef: 226 098 968. De 2ª a Sáb. das 22h às 04h. Bar/Discoteca.

RESTAURANTES

a tendinha. Rua Brito Capelo, 1137, 4450-078 Matosinhos Sul. Telef: 229 378 662. tlm: 918 154 835. ALL’ARRABBIATA.Paço da Boa Nova.Trv.Helena Vieira da Silva, 12-Lj.1 - Leça da Palmeira.tel: 229 983 808. fax: 229 983 927.restaurante@all-arrabbiata.net www.all-arrabbiata.net CAFEÍNA.Rua do Padrão, 100, Foz.telef: 226 108 059. FOOD AND FLIRT.Cais de Gaia,VN Gaia. tel: 223 743 996/7. www.foodandflirt.com CASA AGRÍCOLA.R do Bom Sucesso, 241-243, Porto. telef: 226 053 350.fax: 226 053 349. GLAMOUR.R.Francisco Sá Carneiro, 300.Leça da Palmeira. GUERNICA.Rua Miguel Bombarda. Le Place Beef Fondue. Rua Brito Capelo, 1127, 4450-078 Matosinhos Sul. Tlf: 229 378 661. tlm: 918 154 835. MUSEU DOS PRESUNTOS.Rua Padre Luis Cabral, 1070. telef: 226 106 965 O CARTEIRO.Rua do Senhor da Boa Morte, 55 Marginal. Largo do Douro.telef: 225 321 170. SIMBIOSE.Rua Infante D.Henrique, 133, Porto. telef: 222 030 398/9 fax: 229 996 043. simbiose@sapo.pt SOUND CAFÉ.Rua 25 de Abril, 95.Praia da Madalena. telef: 227 130 171 - 917 048 876.Aberto todos os dias excepto à 2ª. TABERNIX.Cais das Pedras, 5.telef: 226 095 028. www.tabernix.com TERRA.Rua Padrão,103 - Foz.telef: 226 177 339. TEATRO RIVOLI.Prç. D.João. Ed. Teatro Rivoli. Porto. Café Bar Restaurante.

DISCOTECAS

ACT.Rua Manuel Pinto de Azevedo, 15.Zona Industrial do Porto.telef: 226 169 507/8.Abertos 6ª e Sáb. e vésperas de Feriado das 23h às 06h. www.act-bar.com

LOJAS, MODA E OUTROS

À MARGEM.Largo de São Domingos,8-10.Ribeira do Porto. AGÊNCIA 117.R. Mouzinho da Silveira.Ribeira do Porto. artes em partes.Rua Miguel Bombarda, 457. Espaço de intervenção cultural. BLOW UP.Travessa de Cedofeita. BONI SAPATARIAS. Rua 31 de Janeiro, 170.Matosinhos. telef:223 394 670. C.C.Arrábida Shopping, loja 109.Gaia. telef: 223 744 700. C.C.Norte Shopping, loja 0333.Porto. telef: 229 558 660. info@sboni.com // www.sboni.com Valentino, Punto del Sal, Louis Norman, Café Noir, Nostrostigma, Sandro Pinho, Vannel, No Fusion, Levi’s, Kicker’s, Rockport, Reebok, Armando Silva, Gino Bianchi, Yucca, Stacy Adams, Skechers, Men’s DEvotion. CASA ALMADA. Rua do Almada 542-544, 4050-034 Porto. 3ª-6ª das 14h – 20h / Sab. 11h-13h e 14h-20h info@casaalmada.com. www.casaalmada.com COEXIST.Galeria Belavista.R Diogo Macedo, 192, lj 1.22. Mafamude - V.N de Gaia.telef: 914 414 859. COCKTAILMOLOTOF.Rua Miguel Bombarda, 457- Artes em Partes. Abertos 2ª a Sáb.das 14h30 às 20h. cocktailmolotof_190@hotmail.com.Street wear, sapatilhas e acessórios.www.artesempartes.com DOWNTOWN.R Guedes de Azevedo, 31.tel: 222 039 630. De 2ª a Sab. Das 10h30 às 13h e das 14h30 às 19h. Carhartt, Adidas;Vans Nike; Gsus; Puma; Stussy; Fenchurch; Fred Perry ETXART & PANNO.Av da Boavista, 3257. telef: 225 031 21.Moda Feminina. FASH’ON PLANET. R. João de Barros, 409, Loja 7, Porto. tel: 226 101 552. R.Brito Capelo, 1419, Matosinhos. tel: 229 385 218. FLY LONDON. R. Passos Manuel 166. Tel: 222 010 665. 2ª - Sab. das 10h-19h. shop@flylondon.com GOODVIBES SHOP. Travessa de Cedofeita, 49. tel: 222 084 983. info@if-you-wear.com Aberto das 10h às 19h de 2ª a Sáb. GUL BLA. Rua Passos Manuel, 175. Tel: 222 000 841. 2ª - Sab. das 11h-13h e 14h-19h30 ICON.Rua Mouzinho da Silveira 88-Ribeira.Jeans, ténis, acessórios.Carhartt, Stussy, Vans, Volcom, G-Star, Levi’s, Gsus, Nike, Adidas. www.iconjeans.com.pt IKKS. R. Santa Catarina 1, Porto. Tel: 223 321 178. 2ª 6ª das 10h-12h e 13h-19h louie Louie.Rua do Almada, 501, tel:222 010 384 Aberto das 10h30 às 19h de 2ª a Sáb. Loja de Discos. www.louielouie.biz MARIA VAI COM AS OUTRAS. R. do Almada 443, Porto. 2ª-Sab. (12h-24h) Dom. (15h-24h). maria.outras@gmail.com MATÉRIA PRIMA.Rua Miguel Bombarda, 457. Edificio Artes em Partes.

mundano.R. Miguel Bombarda, 462. telm 916352335 núcleo:inc. Rua do Bom Jardim, 696, 4000 Porto. telef: 226094054. Das 10h-14h e 15-19h. Monomarca (núcleo.inc). nclnucleo@hotmail.com . www.nucleojeans.com PONTAPÉ.R Adolfo Casais Monteiro.Shoe & Vintage Store. PERTO DO RIO.Rua Infante D.Henrique, 32. telem: 965 664 645.Todos os dias das 14h às 23h. POR VOCAÇÃO.Av. da Boavista, 971 tel:226 000 211 2ª 14h30 - 19h30, 3ª-6ª 10h30 - 19h30, Sab. 10h30 - 13h e 14h30-19h, Dom. Encerrado. PROF.Centro Comercial Dolce Vita.Rua dos Campeões Europeus, 28-198, loja 105-Campanhã. Aberto todos os dias da semana das 10h às 24h. SHADE. R. Infante D. Henrique 26, Ribeira. Tel: 222 058 336. Porto. 2ª-5ª (13h-20h) 6ª-Sab. (12h-21h). shade@partyguese.com. www.partyguese.com SOSPETTO. Rua Brito Capelo, 1233.Matosinhos.Tel:229 350 018. Paço da Boa Nova, Trav.Helena Vieira da Silva, 75. Leça da Palmeira.tel: 229996426 //www.sospetto.net TRUNKS ANTAS.Alameda Eça Queiros, 121. telef: 225 098 445.Volcom, carhart, gsus, adidas, paul frank, we, religion, loreak mendian, nike,santa cruz, independent. TRUNKS MAIA.Av Visconde Barreiros, 32.Maia.telef: 229 480 363.Volcom, carhart, gsus, adidas, paul frank, we, religion, loreak mendian, nike,santa cruz, independent. URBAN MINDS.Rua Mouzinho de Albuquerque, 419. Matosinhos.telef: 229 378 405.Adidas, Nike, Puma, Gsus, Caterpillar, Merrel, Frederichmos, Franklin and Marshall, Vive Maria, Fibo, Poko Pano, Divinas Palabras, Stmfive.Vaho, Narcos, Arnett.Das 10h às 20h de 2ª a Sáb. manhã. URBAN MINDS WRITERS.Galerias York, Lj.Matosinhos. Material e acessórios para Grafitti, MTN e outras. WESC.Rua Mouzinho da Silveira, 1723.www.wesc.com

SAÚDE E BELEZA

AUGUSTO MORAIS.Rua Padre Luis Cabral, 1069. telef: 226 180 345.De 3ª a Sáb. das 10h às 13h e 14h30 às 19h. Cabeleireiro. AKASHA.Rua Adolfo Casais Monteiro, 45, 4050-014 Porto.Telef: 220138895 www.akashaporto.com, info@akashaporto.com. De seg a sex 11h-14h e das 15h30-20h, Sáb. das 11h-16h.Espaço Esotérico.Todos os meses Sessão de Reiki Gratuita ao 2º Sáb.Cursos de Tarot e Reiki. ANJOS URBANOS.Rua Passos Manuel, 232 loja 1. telef: 223 390 745.Cabeleireiro. FREAKS.Rua Adolfo Casais Monteiro, 63 - lj.E. telef: 226 062 951.Aberto de 2ª a Sáb.das 10h às 20h. Hair designer.

VÁRIOS

CASA DE EROS.Rua Firmeza, 570.telef: 223 406 202. De 2ª a Sáb. das 11h às 20h. CONTAGIARTE.Rua Álvares Cabral, 372. telef: 222 000 682.Espaço de intervenção cultural. De 2ª a Sáb. das 16h30 às 02h. PEDRAS E PÊSSEGOS.Rua do Almada, 560 - Porto. Móveis de design. SPIDER TATTOOS.Edifico Bristol, Av.da Boavista. SENSICASA.Av.Boavista, 831.telef: 226 098 673. Projecto e Decoração de Interiores.

BRAGA VARIOS

A.A.U.M.INSÓLITO BAR.Av.Central, 47. Louie louie - LOJA DE DISCOS. CD’s e DVD’s. CC Granjinhos, Av. da Liberdade. Telef: 253 261 201. Novidades, Importações, Raridades. Vinil: Novos e Usados. carbonobraga@mail.telepac.pt COLOMBO II.R.Nova Sta Cruz, 43-45 A. tel:253 677 492.. Junto à Universidade. LIFA CAFÉ.Rua São Vicente, 92.tel: 253 610 395. NOVA CAFÉ.Pça Conde de Agrolongo-Campo da Vinha t:253 279 189.Esplanada. MAPA KYOTO.Rua das Oliveiras,44-Braga.913646305. De 2ª a 6ª das 13h30 às 20h e Sáb.das 11h às 14h e das 15h às 20h.Vestuário, bijuteria, calçado e Lomografia. kyoto.shop@gmail.com www.mapakyoto.blogspot.com ORO ART’S.Rua Américo Ferreira de Carvalho, 84Carandá Todos os dias até às 02h.Espaço cultural, musical. POUSADA DA JUVENTUDE DE BRAGA. Rua Sta Margarida, 6.tel: 253 616 163. SABÃO ROSA.Rua Quinta da Armada, pav.5 - Braga. telm: 964 466 154.www.sabaorosa.net | Disco Club. Dj’s residentes Pedro Noronha & Ricardo Carneiro. SANTO ANDRÉ.Rua St.º André, 81, 4710-308 Braga. telef: 253 261 962. Restaurante. XANAX BAR.Rua Dr.Domingos Soares,74-75.S.Vicente telm: 919 363 141.


ZONA SUL ÉVORA BARES

ADEGA DO NETO.Rua dos Mercadores.Das 11h às 15h e das 19h as 22h.Sábado 19h às 22h, encerra ao Domingo. BARUE.Rua Diogo Cão, 21.Aberto das 12h às 03h excepto ao Dom. ESTADO LÍQUIDO.Rua do Muro, 42. IN CLUBE.Rua Escrivão da Câmara 16, 7000 Évora OFICINA.Rua da Moeda, 27.telef: 266 707 312. Inverno: 1 de Outubro a 31 de Março das 20h às 02h. Verão: 1 de Abril a 30 de Setembro 20h às 03h. Encerra Dom. e 2ªfeira. PRAXIS CLUBE.Rua de Valdevinos. Das 22:30h às 06h, Encerra ao Dom. SNOOKER BAR.R. Dr.Joaquim Henriques da Fonseca 12 Telef: 266 708 967.Das 13h às 03h, Encerrado Dom. TICÔ.Rua do Raimundo, 11.telef: 266 741 766. 2ª a Sáb. das 08h30 às 24h. VIII CAPÍTULO.Rua do Raimundo, 08. X CAPÍTULO.Rua do Raimundo, 10.

VÁRIOS

PAPA PIZZAS, LDA.R. da Moeda, 55.tlf: 266 760 600. 2ª a Dom. das 11h às 23h.Restaurante. SHE (SOC.HARMONIA EBONENSE).Praça do Giraldo 72.telef: 266 702 226.2ª a Dom. das 16h às 02h. Programação cultural regular.Música ao vivo todos os Sáb. e festas com DJ’s todas as 6ª. http://soc-harmonia.blogspot.com UNIVERSIDADE DE ÉVORA.

FARO BARES

ARCOS BAR.2ª a Sáb. das 22h30 às 04h. DUX. NORDIK.Rua Capitão-Mor, 7 - Faro. www.nordik-bar.com | mail@nordik-bar.com KOPPUS BAR.Rua do Prior, 34.Das 22h às 04h. Encerra Dom.

LAGOS CAFÉS E BARES

3 MONKEYS. BAR AQUÁRIO. BOMBORDO. BOM VIVANT.Rua 25 de Abril, 105.telef:282 761 019. Todos os dias das 14h às 04h.Café/Bar IMPÉRIO DO MAR.Rua Cândido dos Reis, 117. telef: 282 761 863.Todos os dias das 10h às 04h.

KUINN’S. LION HEART. MULLENS. NEWS CAFÉ.Ed.Vasco da Gama.Rua D.Vasco da Gama, loja 10B Bloco B.telef: 282 763 676. Especialidades & Actualidades. ODEON CAFÉ. RED EYE BAR. TERAPIA.Rua Marreiros Neto, 52 r/c. 2ª a Sáb. das 18h às 02h.Encerra ao Dom. XPREITAQUI.Rua Silva Lopes, 14.telef:282 762 758. 2ª a Sáb. das 10h às 02h.Encerra ao Dom.Bar/Snack.

Guia de Compras Adidas Tel. : 210 424 400 www.adidas.com/pt A OUTRA FACE DA LUA Rua da Assunção, 22 1100-044 Lisboa Telf: 21 886 34 3 Bershka Amoreiras. nº 2015 Lisboa Tel: 213 866 859 www.bershka.com. Big Punch, R. Almirante Pessanha, 6 - Chiado, Lisboa Tel: 21 342 65 50 Billabong Despomar. Tel. : 261 860 900 Carhartt, R. do Norte, 64, Bairro Alto, Lisboa www.carhartt-europe.com Cat Bedivar, Tel: 219 946 810. Cheyenne Acqua Roma, Av de Roma - Lisboa christian dior www.dior.com DC Shoes Tel.: 212 138 800 www.dcshoecousa.com Diesel Diesel Store, Prç Luís de Camões, 30, Tel:213 421 974 DKNY Tel: 217 113 176 D&G - My God Porto, Tel: 226 009 175 Dries Van Noten Loja Paris – T. + 33 144 270 040 www.driesvannoten.be Eastpak - Morais&Gonçalves Lda Tel: 219 174 211 Energie - Sixty Portugal Tel: 223 770 230 Emernegildo Zegna Av. da Liberdade, 151, Lisboa, Tel: 213 433 710

etam Almada Forum www.etam.com Fenchurch Ana Jansen Tel.: 222 039 630 Fernanda Pereira Tel.: 213 473 068 Fly - Fortunato O. Frederico & Ca., Lda. Tel. :253 559 140, www.flylondon.com Fornarina Tel: 912181888. www.fornarina.it Fred Perry - Sagatex Tel: 225 089 153 GAS, Tel. : 223 771 164 www.gasjeans.com Goorin Tel. : 213 421 585 Gsus Pano de Fundo Lda, Tel: 223 745 277 H&M Rua do Carmo, 42, Lisboa Havaianas Cia Brasil, Tel: 291 211 860 Hugo Boss Hugo Boss Portugal, Tel: 212 343 195 Killah-Sixty Portugal Tel. : 223 770 230. www.killah.it Laperla www.glamonweb.com Lacoste-Grupo Manuel F. Monteiro Tel. : 214 243 700. www.lacoste.com Lara Torres Tel: 91 481 11 48 Lee-Lee Portugal tel: 213 840 240, www.lee.com Levis- Levis Portugal Tel.: 217 998 149 Lidija Kolovrat Rua do Salitre, 169, Tel: 213 874 36 Luís Buchinho Tel 225 104 803 Maison Margiela Por vocação Porto Tel: 220 927 002 Mango www.mango.com ou www.mangoshop.com Maria Gambina Rua Fonte Luz, 197, Porto, Tel: 226 107 083 Marzio Fiorini www.marziofiorini.com.br Melissa Tel.: 934 134 392. www.melissausa.com Merrel www.merrellboot.com Miss Sixty- Sixty Portugal Tel.: 223 770 230. www.misssixty.com Mousse Rua das Flores 41-43, Lisboa, Tel: 21 342 07 81 Munich, Dress Me Tel: 214 643 600. www.munichsports.com Naf Naf

El corte inglés. www.nafnaf.pt New Balance, Vestima Tel.: 229 535 967. www.newbalance.com Nike - Nike Portugal Tel: 214 169 700. www.nike.com Nikita - Fonseca e Carvalho Lda www.nikitaclothing.com Nolita à venda na My God - Lisboa Tel. : 21 385 18 42 Porto Tel. : 22 600 91 75 Numph, About Face – Paulo Moura Tel.: 912 572 835. www.numph.dk Osklen Rua do Carmo, 9, Lisboa Pepe Jeans Tel: 213 400 010. www.pepejeans.com Puma www.puma.com Purificacion Garcia www.purificaciongarcia.es RaRe My God, Porto, Tel: 226 009 175 Reebok www.rbk.com/pt Retroparadise R. do Almada, 561, Porto, Tel.: 222 085 852 Ricardo Dourado Rua Sousa Viterbo 14,Porto Tel: 96 643 51 79 Ricardo Preto Tel: 91 975 89 53 Skywalker Rua do Norte, 37 Tel: 213 466 125 Spalding, Lekip – Miguel Almeida Tel.: 223 759 085. www.spalding.com storytailors Rua do Ferragial, 10 -Chiado. telef: 217 782 270 www.storytailors.pt Timezone - Companhia dos Desportos Tel: 932 287 504 Valentim Quaresma Na Mousse, info@valentimquaresma.com Vestal www.vestalwatch.com Bizuca - 917587169 WESC Rua Mouzinho da Silveira, 1723 Porto Rua Nova do Almada, 47 Lisboa Tel.: 213 472 136 www.wesc.com Wolford www.strumpfvitrine.com Women’s Secret, www.womensecret.com Y3 -Sneakers Delight Tel.: 213 479976. www.y3store.com Yes London – André Costa Tel.: 226 199 050 YSL www.ysl.com



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.