Seu Axé, sua história - Costumes do Povo Ioruba no Brasil Ano 1 - Edição 1 junho 2011
A revista Obara Traz a trajetória das casas: Ilê Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum e Ilê Axé Logum Ede Bade Ola Oxum; E a suas unificações no Ilê Axé Irepo Araketu
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Sob o “Olhar dos Orixás” somos a cada dia doutrinados e educados de várias formas. A vida, a partir de nossa escolha de acompanharmos os ritos aos Orixás, nos mostra a realidade da fé. Uns sentem na própria carne e outros simplesmente em uma crença cega, doando suas vidas e criando histórias para outros escreverem as suas próprias e darem continuidade a essa crença. A natureza nos apresenta o caminho e, sendo assim, escolhemos o que realmente é certo ou errado, não importa a nação, cor, condição social. Não importa nada disso, a natureza doa sua sabedoria representada em cultos os quais como na África, aldeias se unem fortalecidas para ajudar o próximo. Essa tradição é nossa herança. Terreiros, casas, roças oi ilês, como são chamados os locais para celebração e cultos do Candomblé, por anos lutaram para ter reconhecimento e respeito das instituições e da sociedade, onde dogmas são respeitados e mantidos. Somos cobrados diariamente por nossos Orixás, nessa vida enlouquecida entre trabalho e família. O nosso tempo cessa simplesmente para nos dedicarmos a uma reza; uma cantiga; o tocar do atabaque; o olhar atento a dança de um Orixá; o fechar de olhos desejando ao próximo tudo de bom, uma alquimia de grãos, óleos, folhas... Nascer e morrer, um percurso de aprendizado, pois o passado vira história e o futuro não há como saber, e os Orixás nos apresentam o presente valorizando suas decisões e apoiando o certo ou errado, pois mesmo uma decisão tomada erroneamente nos fortalece e faz todos nós evoluirmos para que no futuro tenhamos mais sabedoria na escolha do caminho certo.
Mojuba (meus respeitos) a todos;
Ogã Jonas de Logum Ede
Índice 05 - Carta ao leitor “O Inicio, a união, a fé” Fundação do “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” ........................06
“Mãe, Amiga ...” Mãe Vera de Oxum e a fundação do “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogu” ......................07 e 08
“Amor aos Orixás” Depoimento Ya Cecy de Logum Ede sobre o “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum” ..........................18 e 19
“A Guerreira” Depoimento Ekedi Claudia de Oxum sobre o “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum” ...........................20 e 21
Agradecimentos “Ile Axe Irepo Araketu” .............................22 e 23 “Soldado dos Orixás” Depoimento Ogã Adalberto de Ogum sobre o “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” ........................09 e 10
“Dedicação ao Orixá.” Depoimento Ebomi Will de Ogum sobre o “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” .........................11 e 12 “O Guardião dos Orixás” Depoimento Ogã Jonas de Logum Ede sobre o “Yle Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” ...........................13 e 14 Fundação do “Yle Axé Logum Ede Bade Ola Oxum” ......................16
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“A União” Depoimentos Mãe Vera de Oxum e Mãe Cecy de Logum Ede sobre o “Ile Axe Irepo Araketu” ..............................24, 25, 26 e 27
“Resumo” Revista Obara ...............................27
“Saudades” Eterna Ekedi Katia de Yemanja ...............................29
Carta ao Leitor Com o intuito de divulgar a re-
ligião afro-brasileira, mais precisamente o Candomblé, a revista Obara nasce despretenciosa. Divilgaremos toda a excelência que as casas de Candomblé trazem com suas trajetórias, histórias de seus zeladores (as), filhos (as) e simpatizantes. Queremos que esse patrimônio cultural cresça, crie força e faça parte a cada dia, do histórico brasileiro. Mostraremos as casas, suas origens, a alquimia de suas lembranças boas e não tão boas para que todos saibam o quanto é difícil manter erguida a bandeira do Candomblé. Povo sofrido e que hoje conquistou seu lugar na sociedade, mostrando, seu modo de ser, vestindo roupas afros, fios de contas, torços e tudo que o Candomblé possui por direito. Somos Livres
Direção, edição, reportagem, designer e diagramação: Jonas Ferreira do Rosário
Fotografias:
Karina Alves Avenia
Capa:
Jonas Ferreira do Rosário
Colaboradores: Marilda Gifalli Felipe C. Santos Mauricio Barreira
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“Ile Axe Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”
(Casa de Axé Mãe das Aguas Claras e e a Corte de Ogum)
“O Inicio, a União, a Fé”
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undada em 2002 a esta casa começou sua história de luta pela divulgação da religião afro-brasileira.
Unidos pelo amor ao Candomblé, Ya (mãe) Vera de Oxum, Ogã
Adalberto de Ogum, Ebomi Will de Ogum e Ogã Jonas de Logum Ede, inauguraram o sonhado Ilê.
Foram meses de construção apoiados pelos filhos e simpatizantes, concretizando assim mais uma ramificação do Axé Moraketu - Muritiba – BA.
Conforme as entrevistas com os seus fundadores observamos como a vida voltada aos Orixás é sofrida e ao mesmo tempo gratificante.
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Mãe Vera de Oxum
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om tradição de uma família unida, mãe Vera nos mostra sua tranquilidade e equilíbrio. Poucas pessoas conseguem trazer esta serenidade até nos momentos mais difíceis.
“Mãe, Amiga .... S
ou Vera Lucia Borges Caetano, 49 anos, do lar, iniciada ao Orixa em 16 de maio de 1981 por Mãe Célia “Odé Lokemi”, filha de Pai Cido de Oxum. Em fevereiro de 1981, Mãe Celia tirava sua primeira “yao” (ìyàwó, Iyawô, yao ou Iaô palavra de origem yoruba, é a denominação dos filhos-de-santo já iniciados na feitura ao Orixá, que ainda não completaram o período de 7 anos da iniciação. Só após a obrigação de 7 anos ele se tornará um Ebomi - irmão mais velho. Antes da iniciação são chamados de abíyàn ou abian.) Sonia de Xango, e neste dia lá estava eu apenas como visita, quando em um determinado momento “bolei” (fui tomada pelo Orixá). Meu marido, que também não conhecia o Candomblé, pensou que eu estava tendo um ataque epilético. Foi quando Mãe Celia e Pai Cido informaram a ele que era apenas uma manifestação do Orixá Oxum pedindo iniciação, e não diferente de outras pessoas não tinha condições financeiras para isso. Estava casada a menos de um ano, não conseguia engravidar e estávamos os dois desempregados, foi então que meu pai carnal João, disse que cobriria meu Orixá (compraria todas as coisas nescessárias para eu ser iniciada no Orixá). Mesmo sem entender nada de Candomblé ele e minha mãe carnal, Lourdes, ajudaram. Ele financeiramente e ela costurando minhas roupas de ração (roupas brancas) e as roupas para meu Orixá.
“30 anos de Ya Vera e Oxum, nossas Mães” 08
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Mãe Carmem - BA
Mãe Vera
Mãe Juju
Fiquei com Mãe Célia até 1985, infelizmente porque ela decidiu não mais tocar Candomblé, assim, fui para casa de Pai Jair de
escrito pelo Orixá e não por nós. Quando dei conta já estava fazendo meu primeiro yaô na casa de Pai Jair e de lá para cá não planejo, apenas acontece dia a dia de forma natural.
Odé (Oxossi), nação Efon, e lá tomei obrigação
de 7 anos e 14 anos e ocupei o cargo de yakekere (segunda pessoa responsável pelos filhos da casa) dado pelo Orixá Odé de pai Jair, saindo de lá para fundar a minha casa “Ile Axé Ya
A união dos Axés não foi tão fácil assim para os filhos, mas para os
Orixás Logum Ede e Oxum foi natural, in-
felizmente nós seres humanos ainda temos muitos preconceitos com tudo. Alguns não aceitaram e acabaram se distanciando, o que foi uma pena, pois todos os filhos que iniciei foram com amor e respeito a eles e acima de tudo ao Orixá, mas acredito que só acontece o que o Orixá quer, não somos nós que escolhemos.
Omi Lodo Ati Egbe Ogum”.
Em 1981, jamais imaginei ou almejei ter minha casa de Axé, isso aconteceu de forma natural, diferente do que acontece hoje quando os yaôs chegam na casa sabendo seu Orixá, sua qualidade, seus fundamentos e pensando logo em ter sete anos para poder abrir sua casa. De forma natural como deve ser
“isso aconteceu de forma natural” Mãe Célia
Hoje mais do que nunca, sei que Ya Mi Oxum (minha mãe Oxum) é quem me guia, afinal colocou no meu caminho meu marido, companheiro e cúmplice Ogã Dal de Ogum, que sem ele mãe Vera não existiria, e juntos caminhamos na estrada traçada pelos nossos Orixás.
Pai Jair de Oxossi 09
Ogã Adalberto de Ogum
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studioso, Ogã Adalberto do Ogum, conhecido como Pai Dal, preserva o Axé e seus rituais com sabedoria e pulso forte.
“Soldado dos Orixas”
O
lá, meu nome é Adalberto Caetano, tenho 53 anos e sou Analista de Sistema por profissão e estudioso dos cultos afro-brasileiros por paixão. Minha trajetória se iniciou no culto aos Orixás há 30 anos. Comecei na Umbanda na casa de Mãe Célia, segunda filha de santo de Pai Cido de Oxum. Fui suspenso Ogã do Oxossi que significa guardião de Oxossi, de Mãe Célia, em 1987, durante sua obrigação de Orixá na casa de Pai Cido. Em 6 de junho de 1996, recebi o cargo de Axogun pelo babalorixa Jair de Odé no Ilé Axé Omo Ode. Casa de Axé Efon. Cargo
esse de grande responsabilidade, já que o Axogun é o responsável pelo ato de imolar todo e qualquer animal nos rituais da casa e de todos os membros do Axé, inclusive do próprio Babalorixa. Os anos se passaram e algumas mudanças ocorreram no Axé de Pai Jair, sendo sua obrigação de 21 anos no Axé Ketu com Pai Marcos e na época houve muita dissidência e transtornos nesse processo de adaptação. Minha esposa, Mãe Vera de Oxun, já era Ya Kekere da casa e diante dessas divergências e mudanças decidimos ter nossa própria casa (Axé). Durante esse período tivemos o privilégio de conhecer Mãe Juju que nos fez um convite para conhecermos o Axé de Muritiba - BA. Fomos para Muritiba em fevereiro de 2001 e ficamos na roça durante as festividades de Ode (Oxossi) e Ogum. Conseguimos, através de um filho de santo, um local para erguermos nosso Axé, local esse alugado (o que só viemos saber depois de começarmos a construção).
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Em outubro de 2002 plantamos o Axé da casa e fundamos o “Ile Axe Ya Omi lodo Ati Egbe Ogum (Axé Ketu do Portão de Muritiba de mãe Juju). Quem nos ajudou nessa tarefa foi pai Marcos (que depois seria o Babalorixa de minha filha Luciana de Yemanja, em janeiro de 2003) e pai Francisco , ambos filhos de santo de Mãe Juju. Em Fevereiro de 2003 voltamos a Muritiba onde tive o privilégio de ter o Axé de Ogum sobre meu Ori (cabeça). Nesse ano ainda tivemos os toques de Ogum e Oxum em nosso Axé. Toques maravilhosos. Após a obrigação de minha filha vimos que o fato de termos o Axé plantado em um local alugado não estava dando certo por vários motivos: espirituais e administrativos. O jeito foi sairmos desse local e improvisarmos um quarto de santo em nossa residên-
cia até decidirmos o que fazer. O fato mais marcante dessa decisão foi o apoio dos filhos de santo que entenderam os motivos e se mantiveram conosco. Ya Cecy filha de santo da casa, já possuía um sítio com Axé plantado pela minha esposa e diante dos fatos nos cedeu metade desse sítio para construirmos nossa casa. A princípio a idéia era termos os dois Axés separados, sendo cada um administrado pela sua Yalorixa. O que na verdade seria um contracenso. Varias reuniões e conversas foram efetuadas entre os filhos da casa. Discutiam-se normas, regras, hierarquias, etc. Diante de tudo isso, decidimos que o nosso Axé seria diferente, de tudo que normalmente acontece nas casas de Candomble, em vez de separamos as coisas faríamos o inverso, íamos unir as coisas. Não queríamos cair no mesmo processo que aconteceu em casas tradicionais onde divergências culminaram na divisão do Axé e de filhos do Axé (como ocorreu na Casa Branca do Engenho Velho, onde as divergências culminaram na criação do Axe Opo Afonja, do Axé Gantois e do Engenho Velho). A decisão foi unir o que já estava unido, aproximar o que já não estava mais distante e da união dos Axés Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum e o Ile Axé Logun Ede Bade Ola Oxum surgiu o Ile Axe Irepo Araketu (Casa de Axe da União do Povo de Ketu). Hoje nossa casa tem esse propósito, o de fazer com que os Ebomis (filhos com mais de 7 anos de iniciados) de hoje e de amanhã tenham seus filhos de santo feitos no Irepo Araketu, sem a necessidade de se aventurar em construir novas casas. A idéia ainda é de se criar uma ONG do Irepo Araketu para podermos dar apoio e ajuda à região onde esta localizado, região essa muito carente.
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Ebomi Will de Ogum Com uma história de dedicação e amor, Will vem com raizes de Umabanda e Candomblé, uma vida inteira dedicada ao Orixa.
“Dedicação aos Orixas” Meu nome de batismo é Ildefonso Nogueira Prudencio, e tornei-me adepto ao espiritismo em 1971 no bairro do Bom Retiro, Rua Matarazzo, no Templo de Umbanda Caboclo Junco Verde, tendo como iniciador o Sr. Antonio Rodrigues Nunes Neto, profundo conhecedor dos ensinamentos de Umbanda, que só não deu continuidade ao templo por problemas de saúde. Trago desta casa lembranças e ensinamentos que guardo até hoje. Após fechamento desta casa, procurei dar continuidade a minha caminhada espiritual em outras duas casas, que também já não existem mais, mas que me daram o suporte necessário a conclusão de minhas obrigações dentro da Umbanda, sendo que em Outubro de 1984, com todos os preceitos necessários cumpridos, dei o primeiro passo dentro de minha jornada como Sacerdote de Umbanda, inaugurando minha casa Templo de Umbanda Caboclo Pena Branca, isto no bairro da Armênia, na Rua Luiz Pacheco, sendo que a inauguração deu-se com a festa de Cosme e Damião. Esta casa permaneceu aberta até junho de 1991, quando acontecimentos alheios à minha vontade e fora de minha 12
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compreensão, foram me levando a outros caminhos, até que em julho do mesmo ano fui iniciado ao cultodo Orixá, sendo então fundamentado de fato Ogum em minha vida. Esta iniciação deu-se na Rua Frei Durão, no Templo de Raiz Ketu de Pai Ode Ofanile, casa maravilhosa onde tudo começou na minha caminhada no Candomblé. Nela permaneci por quase três anos, quando por motivos que só o Orixá explica, conheci e fui prontamente adotado por minha zeladora, Mãe e amiga, Mãe Vera de Oxum, que hoje comanda de forma impecável o Axé Irepo Araketu de raiz Muritiba - BA, sendo filha de mãe Juju de Oxum. Mas esta caminhada ao lado de minha mãe não foi só mar de rosas, tive o privilégio de acompanhá-la em diversas fases, uma delas quando abrimos juntos o “Ile Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum”, no mesmo endereço onde anos atrás eu havia começado minha jornada na Umbanda. Voltando à rua Luiz Pacheco, junto com minha mãe desta vez, tomamos a empreitada juntos a Ogâ Jonas de Logum Ede e Ogã Adalberto de Ogum de construirmos o Axé desde o chão até e ultima telha, jornada que foi difícil, mas
conseguimos executar, com todas as dificuldades e contratempos que foram acontecendo ..... mas ao final conseguimos. Mas como sempre, nossa vontade é uma a do Orixá, é outra, e assim, nosso caminho novamente foi alterado, ficando por curto espaço de tempo naquele local, .... o que havíamos combinado com o locador foi totalmente deturpado pelo mesmo, e diante desta e de mais algumas decepções, resolvemos que ali não haveria paz e a serenidade necessárias à iniciação de um yaô, porque minha mãe sempre disse que a iniciação de um yaô deve ser repleta de paz, harmonia, alegria. para que este momento seja lembrado e relembrado com alegria por esta pessoa por toda sua vida. Dentro deste princípio foi que resolvemos encerrar as atividades naquele lugar. Neste momento surge minha irmã mais velha, Cecy de Logum Ede, que já tinha sua Casa de Camdomblé aberta em Itapecirica da Serra, propondo a minha mãe que transferisse o Axé para Itapecirica, momento mágico em que deuse a fundação do Irepo Araketu, casa que trouxe a minha mãe e a nós, como um todo, a harmonia necessária a execução de nossos cultos em torno
do Orixá, esta casa hoje é comandada por mãe Vera de Oxum, (Yalorisa) mãe Cecy de Logum Ede, ebomi Doris de Yansã e Ekedi Claudia de Oxum, com o acompanhamento de Ogã Adalberto nos assuntos de ordem material que envolvem a casa. Nesta nova era, a pouco tempo, minha esposa, agora Dofona Vanessa de Oxum , foi iniciada (mas esta é uma outra história). Eu , por outro lado, decidi, com as bênçãos de minha mãe, seguir meu caminho e abrir minha Casa “Ile Axé Egbe Omo Ogum”, no Bairro de Sacomã (Ipiranga). Fixei minha residência em uma casa ao lado, estruturando-me de forma a atender nossas nescessidades, a nescessidade de tudo que envolve o culto Orixá. Desta forma pretendemos iniciar novos yaôs, dando continuidade a nossa religiosidade ao Orixá, mas como eu disse, meu caminho na espiritualidade começou na Umbanda, portanto até hoje cultuo as entidades e preceitos dentro do possível, não vou nunca abdicar destas entidades que tanto já fizeram por mim, nos momentos difíceis de minha vida. Não é porque hoje minha casa tem uma re-ferência de Axé, de Nação, (ketu) que eu vou abandonar minhas referências, muito pelo contrário, somar é sempre
melhor que subtrair. Hoje minha mãe soma forças no Axé Irepo Araketu, e com ela aprendi que nada se joga fora dentro dos ensinamentos que passamos com os Orixás e é com esta mentalidade que procuro dar e passar ensinamentos a meus filhos. Não é fácil, mas é extremamente gratificante. Axé a todos, sabedoria, alegria, que é apenas o que nossos Orixás nos pedem para cultuá-los, e muita, mas muita fé mesmo, porque semela não chegaremos a lugar algum.
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Ogã Jonas de Logum Ede Com muita honra falo um pouco deste Axé e deixo meus sinceros agradecimentos por fazer parte de história
“ O Guardião dos Orixás” Sou Jonas Ferreira do Rosario, tenho 34 anos, designer, iniciado ao culto do Candomblé em 02 de novembro de 2002 por mãe Vera de Oxum no qual me tornei
Ogã Jonas de Logum Ede com o Cargo de Oba Logum (Oba: pronunciado Oba, “rei” ou “governante” na língua yoruba, este é o nome dado aos chefes tradicionais de povoados yorubas – Logum: Orixá Logum Ede). Minha trajetória no Orixá vem de muito amor e dedicação, familiar, trago lembranças da Umbanda de minha finada Tia Araci e seguindo, sem muitas intenções religiosas, conheci o Candomblé de Angola, o qual freqüentei como simpatizante por um bom tempo. Mais ou menos no ano de 1998 conheci
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Ebomi Will do Ogum
por meio da Sra. Nilza de Oxum. Após algum tempo com o Ebomi Will tive a felicidade de ser escolhido por Oxum para ser seu guardião, apontado Ogã de Oxum automaticamente me tornei filho de mãe Vera de Oxum onde iniciei toda a batalha para o Ilê Axé Ya
Omi Lodo Ati Egbe Ogum.
Tudo começou em uma conversa na residência de mãe Vera, entre Ogã
Adalberto (Meu Pai Pequeno), mãe Vera e o Ebomi Will.Até aqui
era apenas o Jonas. A idéia de criar a casa parecia um sonho e com muito esforço e ajuda de alguns filhos e simpatizantes conseguimos erguer nosso Axé. Tive o privilégio de ser o primeiro a ser iniciado no novo Axé e logo após minha iniciação também tive outro presente quando fui conhecer o berço de nosso Axé em
Voltando a São Paulo e ao novo Axé tivemos muitas alegrias ao ver nascer para o Orixá a minha irmã Luciana de Yem-
anja e Flavio de Oxaguiã. Foram momentos
inesquecíveis. Lá também tocávamos a Umbanda, que foi raiz de minha mãe no começo de sua vida espiritual.
Muritiba – BA de Pai Nezinho, também passei e pisei no chão onde
Muitas festas e obrigações foram feitas, mas como nem tudo é alegria, tívemos problemas de caráter administrativos com o proprietário que nos levaram a entregar o imóvel. Por algum tempo todos os nossos fundamentos ficaram na residência de minha mãe, até que para surpresa de todos as nos-
Mãe Menininha de Gantóis construiu toda a sua historia de vida. Passagens na vida de uma pessoa religiosa que jamais serão esquecidas.
sas irmãs Cecy de Logum Ede, Dóris de Yansã e Claudia de Oxum nos acolheram na roça delas. Um começo complicado, pois o convite de juntar os Axés foi muito bom, porém todo começo é difícil pois costumes foram mudados e decisões foram divididas, mas hoje vejo que Orixá sabe realmente o que faz. Tudo que passamos foi um aprendizado para moldar o Irepo Araketu e fazer dele uma casa respeitada e maravilhosa.
Mojuba a todos.
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“Ile Axe Logun Ede Bade Olà Oxun” (Casa de Axé Logum Ede herdeiro de Oxun)
Com uma história de herança, esta casa teve suas terras compradas em 1996 e fundado (com os rituais necessários) em 2002. Sua história tem diferentes momentos.
Responsáveis por uma casa da nação Angola, que foi fechada após o falecimento de seu Babalorixa Alexandre Miranda Coelho (filho de Yansã), Mãe Cecy de Logum
Ede, Ebomi Doris de Yansã, Ekedi Claudia de Oxum, Ekedi Alessandra de Ox-
alufã e Kety de Oxum, as-
sumiram a responsabilidade sobre os fundamentos do encerramento e abertura de um novo espaço de culto aos Orixás e, numa mudança radical, fundaram o Ilê Axé
Logum Ede Bade Olá Oxum já na nação Ketú...
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www.revistaemfamilia.com.br
Mãe Cecy de Logum Ede “Amor e dedicação”, é o que nos mostra “mãe Cecy de Logun Ede”. A vida totalmente ligada ao Orixá, anos de luta para construir uma casa e um sonho concretizado.
“Amor aos Orixás” Meu nome é Marilda Gifalli e Cecy-Demin é minha digina na Angola (nação onde fui iniciada). Digina é um nome de batismo quando você nasce para o Orixá e é como você passa a ser chamada e reconhecida no meio dos seus parentes de religião. Depois, com o tempo, as pessoas se acostumaram a me chamar de Cecy, mais simples e mais fácil que Marilda, meu nome de batismo. Tenho 57 anos e sou jornalista. Nasci para o Orixá no dia 12 de fevereiro de 1987, quando tinha 33 anos. Fui iniciada por Alexandre Miranda Coelho (babalorixá da Angola), falecido em 1985, em Portugal, aos 29 anos de idade. Ele foi à Portugal a trabalho e sofreu um acidente de carro que infelizmente lhe tirou a vida. Sua família
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“24 anos dedicados aos Orixas” de Orixá era do Rio de Janeiro com raízes da Goméia, que faz referência à Joãozinho da Goméia famoso líder da Angola, mas como ele criou sua casa, situada no Jardim Jacira, em São Paulo, de maneira independente, pouco tive contato com seus parentes de Orixá, a não ser Pai Remival de Xangô, ogã que vinha ajudar nos rituais e Pai Raimundo de Oxumarê, ogã que tocava e cantava em nossa casa. Nesta casa fui Mãe Pequena (Yá Kekerê).
Após a morte de meu pai, fundei o Ilê Axé Logum Ede Bade Olá Oxum, em 2002, já sob os cuidados de mãe Vera de Oxum e em 2006 fundimos as duas casas, e um pouco desta história está descrita em todas as respostas desta matéria. A idéia de unir as casas e de fundar o Irepô (com certa modéstia) foi minha, pelos motivos descritos acima, além de muitos outros, como por exemplo, a minha afinidade com a mãe Vera e Ogã Adalberto que vai muito além do Candomblé. Somos amigos, independente da religião que escolhemos. No começo houve resistência de muitos que vêem o Candomblé como uma religião onde cada babalorixá e yalorixá deve ter a sua casa, na qual será um líder isolado e onipo-
“minha afinidade com a Yá Vera e Ogã Adalberto que vai muito além do Candomblé. Somos amigos, independente da religião que escolhemos.”
tente. Claro, que está liderança permanece no âmbito do Irepô. Lá, mãe Vera é superior a mim hierarquicamente falando. Mas, estamos aprendendo a dividir espaços, tarefas e o mais importante, responsabilidades. Creio que não seja fácil, nem dífícil, apenas diferente e este é o desafio a enfrentar. No mais creio que só o tempo dirá se deu certo e se as novas gerações serão capazes de dar continuidade a este projeto chamado Irepô. 19maio 2011
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Ekedi Claudia de Oxum Levada pelo acaso, o amor pelo Orixá foi muito mais forte, tomou conta de sua vida e fez nascer uma Guerreira do Axé.
“A Guerreira” Cláudia Amaral Argoud, 49 anos, designer de moda, iniciada na religião dos Orixás setembro de 1992, com o Sr. Alexandre Miranda Coelho - “Tata Mavambulô” de “Matamba” no “Axé Abaça Legbara Oya Ogir”, hoje em nossa Roça tenho o cargo de “Yalaxè” (Colaboradora na administração da casa e responsável pelos rituais mais ligados à preservação e continuidade do Axé). De família espírita com hábito de evangelho no lar, presenciei e frequentei vários anos o Kardecismo, tendo feito parte integrante de grupos de estudos e de doutrina a espíritos. Pouco tempo depois, com um relacionamento com uma pessoa inicida no Candomblé, houve os primeiros contatos com a religião, seus ritmos e lendas. Tive casos de saúde que foram resolvidos e abrandados com pequenas obrigações, hoje, com muito mais propriedade, reconheço que já eram prenúncios de uma caminhada longa pelos caminhos do Candomblé.
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Anos mais tarde, com um caminho de vida bem diferente, já casada e tendo passado muito tempo distante da religião, volto a depararme com ela num raro encontro destes que a gente nunca esquece. Meu pai por toda vida foi vítima do alcoolismo e junto com ele toda a nossa família sofreu muito os efeitos desta horrível doença. Após um repentino reencontro com uma velha amiga da época do colégio, fui apresentada à Marilda Gifalli. “Cecy Demin” de Logum Edè , “Yakekerê” da casa na época. Minha vida mudou completamente a partir daí. Marcamos uma consulta para meu pai carnal que passava por uma crise de alcoolismo grave e já não bastavam tantas internações em hospitais psiquiátricos para desintoxicação. Passei por um “ebó” (limpeza espiritual) de descarrego junto com meu pai, a quem tentamos ajudar espiritualmente. A partir dali, nunca mais me afastei do Candomblé. Fui iniciada na “Nação Angola”, no “Abaçá Oyá Ogir - Axé Goméia” para “Oxum” como “Ekedi de Oya”, cujos anos foram de muito aprendizado de vida. Quatro anos mais tarde, meu pai de santo faleceu no exterior, a trabalho. Sucedeu-se uma maratona para preservar o “Abacá”. Tivemos que deixar o terreno por questões jurídicas. Foi o caos ! O “Boiadeiro (são entidades epitituais vinculadas à homens que trabalharam, sobretu-
do na condução de gado) da mãe Cecy”, nos orientou a todos os filhos, até que a “mãe Cecy” comprou um terreno que ajudamos a pagar e depositamos ali nossos “Igbás” (Igba Orixá, ibá orixa ou simplesmente ibá é o nome dos assentamentos sagrados dos Orixás). Muito sofrimento e o desejo de manter o que para nós era mais do que sagrado. Fundamos ali o nosso “Ilê”, no ins-tinto e na bravura de poucos integrantes, a maioria, mulheres. Fiz tudo o que esteve ao meu alcance para erguer nosso “Ilè”. O destino e o Orixá nos guiaram de maneiras muito peculiares e especiais até que nossos caminhos se cruzaram com os de “mãe Vera de Oxum”, que nos acolheu e nos deu as obrigações na casa de “Pai Jair de Ode”. Passamos a frequentar a Casa de Pai Jair, procurando ir a todas as funções, começamos de novo em outro Axé, dando continuidade as nossas obrigações continuamos todas nós nosso caminho sob outra bandeira, a “Nação Efon”. Nossa casa, o “Ilè Axè Logum Ede Bade Olà Oxum”, prosperava, crescia, até que o Pai Jair toma sua obrigação de 21 anos com “Pai Marcos de Ode” – “Nação Ketu”. Passamos todos então a um novo Axé. - A “Nação Ketu” que vinha de raízes muito profundas. Muitos fa-
tos ocorreram a partir daí. Conhecemos muitas pessoas que foram marcantes em nossa trajetória. Nossa “Ya”, mãe Vera de Oxum, fundou sua própria casa, “Ilè Axè Ya Omi Lodo ati Egbe Ogum” deixando então, a casa de Pai Jair, a quem passamos a ver mais esporadicamente. Infelizmente, o barracão de mãe Vera não teve suas instalações muito bem sucedidas. Questões de ordem material tornaram impossível continuar com o barracão no local onde estava instalado. Foi quando mãe Cecy resolveu partilhar a terra do “Ilê” com mãe Vera. Numa corajosa atitude, pois trata-se de algo muito inusitado dentro do Candomblé indo de encontro a tudo que já vimos e após muita relutância de mãe Vera, unimos as Casas, numa mesma terra. Hoje, somos o “Irepò” (União). “Axé” é sinô-nimo de Força e o nosso “Axé” é redobrado, nossa força foi multiplicada com nossa união. Hoje, depois de ter passados por três nações, posso dizer com muita honra, que sou “Yalaxé do Irepò Araketu”, raíz da “Nação ketu”, a qual, com muito orgulho, seguimos hoje: “Maroketu de Pai Nezinho de Portões de Muritiba - BA e de mãe Juju de Oxum a grande Yalode de São Paulo”.
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O Irepo Araketu cresce a cada dia e reforça a história do Candomblé, tradições e respeito pelo Orixás, sendo assim deixamos aqui gravado que estivemos juntos a eles para registrar esse momento. Agradecemos: Ya Vera de Oxum Ogã Adalberto de Ogum Luciana de Yemanja Rafael de Oxaguiã Tatiana de Yansã e seu filho Luan Ya Cecy de Logun Ede Ekedi Claudia de Oxum Ya Dóris de Yansã Kety de Oxum Alessandra de Oxalufã Luciana do Ogum Vanessa de Oxossi seu marido Alessandro e suas filhas Jeniffer e Victoria Zeni de Yemanja, seu marido Sr. Carlos e seus filhos Rafael e Victor Will de Ogum e toda sua família de Santo Vanessa de Oxum e suas filha Tamiris, Rafaela e Ominaye Ogã Jonas de Logun Ede e sua esposa Karina e sua filha Maria Eduarda Marcos de Omolu, sua mulher Claudia e seus filhos João e Gabriel e toda sua família de Santo Ogã Marcelo de Oxossi e sua familia E todos os amigos e simpatizantes deste bonito Axé.
“Ya Vera de Oxum e Ya Cecy de Logum Ede, continuam, na luta para manter
viva a cultura dos escravos africanos no Brasil, sem cor, sem nenhum tipo de discriminação, fazem a sua historia e mostram a todos que vale a pena acreditar no próximo, pois para a vida no Orixá nada conta como credito, dinheiro, prestigio. Nada disso, a única importância dentro desta vida é amor ao próximo, ao Orixá, à dignidade e o orgulho de dizer que nossa Religião é o Candomble”
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“Ile Axé Irepo Araketu” Com a união dos Axés, em 2006, a mãe Cecy pensou em batizar o Axé com um novo nome, no que concordaram a mãe Vera e os demais integrantes. Assim, nasceu o “Irepo Araketu”, em 2008, que significa (União do Povo de Ketu), já que as duas casas estavam sob a bandeira desta nação. Sediada na Rua Tupiniquins, 126, Itapecerica da Serra, São Paulo, comandada por mãe Vera de Oxum e mãe Cecy de Logun Ede, a casa se tornou um espaço concreto aos olhos de quem é iniciado para o Orixá, ou simplesmente é simpatizante do Candomblé. Lá, os cultos afros-brasileiros são realizados seguindo as tradições do Axé Moraketu – Muritiba – BA, que tem
como uma de suas matriarcas a mãe Juju de Oxum. Os fundamentos aprendidos por suas mães e por todos os responsáveis por cargos hierárquicos distintos, revelam nos rituais internos e nas festas publicas, que este Axé ja faz parte do Candomblé em São Paulo.
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Falem um pouco mais sobre união dos Axés, suas metas e seus projetos sociais. Mãe Vera de Oxum: Os motivos, para união foram tan-
esse Axé juntas”. Isso calou na minha alma, no
momento não entendi, mas, refletindo depois percebi que ela estava certa, como sempre, pois nesta época eu ia ao sitio tocar para minha filha Cecy e toda vez que tinha toque em casa lá estava ela e suas fiéis escudeiras Ekedy Claudia e Ebomy Doris. Depois deste dia fiquei pensando, mas não comentei com ninguém. Foi quando, para minha surpresa, Cecy me procurou para propor a união de nossas casas. Me lembro que, mesmo assim, pedi a ela um tempo para pensar afinal não era só minha essa decisão, mas sim de toda uma família do Axé. E assim decidimos todos juntos fazer o inverso da Casa Branca “UNIR AS CASAS DE AXÉ”.
tos que ficaria difícil enumerá-los, mas em síntese ela veio principalmente depois de uma conversa informal com minha Yalorixa Juju de Oxun no portão do sitio quando me despedia dela e num abraço de até breve ela me disse: “Filha
A meta é apenas manter o Axé vivo e quanto a projetos sociais, sim, como toda casa de Axé deve ter, mas ainda não chegou o momento.
vocês devem se unir e tocar
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Mãe Cecy de Logum Ede:
mãe e filha.
Vários motivos justificaram a união das duas casas e destaco apenas dois principais. O primeiro é que o terreno onde se situa o Irepô é grande demais e me senti sozinha para administrá-lo, uma vez que por ser uma comunidade pequena, não havia pessoas para dividir as diversas tarefas, que vão desde a administração, propriamente dita (com todas as despesas que são recorrentes desta administração), até os trabalhos de uma organização espiritual que exigem a presença de diversas pessoas em
Quanto as metas: Uma casa de Candomblé tem seu tempo ajustado a diversos fatores. Não é uma empresa que por visar lucro deve manter um plano de metas ousado para atender à concorrência etc. Dependemos da união de todos, dependemos da força espiritual dos Orixás, mas o Irepô quer trabalhar para melhorar seu espaço físico, sua estrutura, enfim, tornar-se uma casa com uma organização plena, embora já tenhamos avançado muito nesta direção. Uma roça de Orixá
diferentes cargos. Três mulheres à frente de um grande projeto, sendo que nenhuma delas pode se dedicar integralmente tornou a primeira casa inviável. A segunda é que por ser a mãe Vera minha yalorixá, eu tinha que me dedicar, um pouco, à casa dela, ou seja num toque de Ogum, por exemplo, eu tinha que estar presente e colaborar nas tarefas que envolvem os rituais (além de uma pequena contribuição financeira). Dentro do mesmo mês, eu tinha que organizar uma festa de Ogum na minha casa e a minha mãe Vera estava presente e trabalhava para me ajudar, mobilizando meus irmãos etc. Enfim, tínhamos o trabalho dobrado para chegar a um mesmo objetivo. Com as dificuldades que ela encontrou na sua primeira casa (uma delas foi o fato de ser um espaço alugado), decidimos juntar forças para cumprir esta missão. Isto não é convencional no Candomblé, muitos até criticaram a decisão, mas, questões espirituais e de ordem material nos levaram para este caminho que espero dê muito certo, pois é o desejo de nós duas:
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exige manutenções constantes, que nem sempre podem ser feitas por seus filhos, muitas vezes temos que terceirizar serviços como os de pedreiro, encanador, por exemplo. Como nenhum de nós pode morar na roça, o Irepô possui uma funcionária para vigiar e cuidar dos espaços públicos.
Quanto a um objetivo espiritual, esperamos merecer o crédito de sermos, acima de tudo, uma casa que respeita as tradições do Candomblé
para o Brasil no seios da escravidão.
e que tem amor e respeito pelo Orixás, sem os quais nenhum de nós estaria respondendo estas perguntas ou fazendo qualquer movimento para realizar um ideal. O Irepô é um ideal que mistura a tradição dos Orixás e a forma de ver o mundo de um jeito mais moderno, sob o ponto de vista de atender as necessidade de uma comunidade que vive no século Vinte e Um e não no século Dezenove, quando a religião Yorubá foi trazida
A casa na medida do possível estará inserida em projetos sociais da região, mas para isto é preciso que sua organização interna avance. Ela, apesar das experiências de seus líderes, é uma casa muito jovem e precisa de ajustes internos para prosperar neste sentido. Os projetos futuros são muitos, mas como disse na resposta anterior, é preciso respeitar o tempo de cada um e o tempo dos Orixás.
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Cel: (11) 9238.3006 - 9865.7443
Revendo a história do Candomblé, imaginamos o sofrimento do povo Yoruba para conquistar seu espaço na sociedade, isso para pessoas de fora simplimente se torna a história de um povo realmente sofrido. Quem vive isso na pele não é diferente, pois, tanto o passado quanto o presente revive seus sofrimentos e preconceitos porem com modos diferentes. Fazer parte de toda essa trajetória é como representar nossa ancestralidade, é vestir o manto da igualdade social. Candomblé ou qualquer outra religião prega o bem maior ao próximo e sendo assim: “Me sinto honrado de fazer parte da família Irepo Araketu”. Essa experiência de mostrar um pouco da trajetória desse Axé foi gratificante e marcante, pois alem de mostrar eu vivo isso a cada dia. A Revista Obara e Ogã Jonas de Logum Ede agradecem a todas as pessoas que ajudaram de uma forma ou de outra a realização dessa Edição. Registramos aqui o convite da família Irepo Araketu, que, convidam a todos que quiserem conhecer sua roça (casa) localizada na Rua Topiniquins, nº 126 – Itapecerica da Serra,. Mais esclarecimentos ou perguntas entrem em contato com nossa edição que teremos o prazer de informá-los. Deixamos aqui mais uma vez nossos sinceros agradecimentos. Mojuba; 28
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Ekedi Katia de Yemanja,
“Saudades” Em 2010 infelizmente fomos surpreendidos com o falecimento de nossa Irmã “Ekedi Kátia de Yemanja”, como amiga e irmã particípou de vários momentos da vida de “Ya Vera” pois ganhou seu cargo de “Ekedi” ao lado
de “Ya Vera” sendo guardiã de “Oxum”. Iniciada por “Pai Jair de Oxossi” demonstrou a todos nós a humildade em pessoa, com sua vida pessoal bem agitada participava das obrigações da casa como podia, mãe presente a seus filhos carnais, dividia sua boa vontade entre Orixá e Família.
Foi presente no inicio do “Ile Axé Ya Omi Lodo Ati Egbe Ogum” e da forma que dava participou dos anos de luta do “Axé”. Após a descoberta de uma doença teve que se afastar para cuidados médicos que lhe foram consumidos muitos anos e sendo assim não pode acompanhar nossa união para o “Irepo Araketu”, mas me lembro de algumas ocasiões onde ela esteve entre nos tentando mesmo com muita dificuldade para participar e estar entre nós e os Orixás.
Tanto eu, “Ogã Jonas de Logun Ede” e a Familia “Irepo Araketu” deixamos aqui nossa homenagem a uma Grande Mulher, Guerreira ............ Mãe e amiga.
Saudades “Ekedi Kátia de Yemanja”
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