Newsletter especial 2017

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Newsletter

Especial Ano 1 / Nº 4

Mensagem dos editores Estamos lançando a quarta edição da Newsletter do Centro de Economia e Estatística Aplicada – CEEA. Nessa edição, especial, apresentamos uma pequena e objetiva análise e previsão da economia brasileira, para o ano de 2017. São consideradas uma serie de previsões e opiniões de vários e importantes economistas, entidades e órgãos de comunicação. A Newsletter tem periodicidade mensal, e contempla análises da conjuntura econômica internacional e nacional, considerando os principais indicadores econômicos, de mercado e cotações, estatísticas, projeções. O Centro não é a fonte primária das informações disponibilizadas nesta Newsletter. O CEEA apenas consolida e organiza as informações econômicas a partir de informações e dados de conhecimento público, cujas fontes primárias são órgãos, agentes, e instituições autônomas, públicas ou privadas e veículos de comunicação.

Expediente Newsletter do Centro de economia e estatística aplicada - CEEA Produção - Equipe de pesquisa de preços Equipe Coordenador e editor - José Henrique S. Jr Colaboração – Ana Paula Venturini Bolsista – Maria Eduarda Contatos: www.centrodeeconomiaeestatistica.com centrodeeconomiaeestatistica@fumec.br

Apresentação Nessa edição, a Newsletter faz uma projeção para a economia brasileira em 2017. São consideradas uma serie de previsões e opiniões de vários e importantes economistas, entidades e órgãos de comunicação. Nessa ]ultima semana, o Banco Central do Brasil (BC) divulgou a quinquagésima segunda edição de 2016 do Boletim Focus, relatório de mercado publicado semanalmente com as previsões de cerca de 100 (cem) analistas financeiros sobre diversos indicadores da economia brasileira. A pesquisa do Banco Central foi realizada entre os dias 26 e 30 de Dezembro de 2016. De acordo com o Boletim Focus, os principais economistas em atuação no país pioraram suas projeções para 2016 sobre o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI). Por outro lado, demonstraram-se um pouco mais otimistas quanto a Produção Industrial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-FIPE) e o Investimento Direto no País. Para o jornal O Globo o Brasil atravessou o ano de 2016 com sua economia em uma severa recessão. Ainda há incertezas quanto à recuperação em 2017. Segundo a maior parte dos analistas e especialistas ouvidos pelo jornal, a retomada do crescimento da economia brasileira ainda não aconteceu; o país continua em recessão. Os dados disponíveis mostram que a queda da atividade econômica continua ao contrário do que o esperado anteriormente. Para Itaú BBA, a produção industrial (importante termômetro) teve ligeira alta em novembro (0,2%), abaixo da esperada. No curto prazo, a produção industrial segue decepcionando. Para os próximos meses, espera-se que o ajuste cíclico nos estoques continue, uma vez que a demanda segue acima da produção. Juntamente com a continuidade da flexibilização da política monetária, esse quadro indica um cenário de crescimento na indústria à frente. Já a revista Exame considera que 2017 será decisivo para o país, que teve reformas como a PEC do Teto aprovadas e agora encaminha outras questões. As últimas semanas foram movimentadas, com anúncio de pacotes e projetos de lei pelo governo.

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Conjuntura econômica Segundo a maior parte dos analistas e especialistas, a retomada do crescimento da economia brasileira ainda não aconteceu; o país continua em recessão. Os dados disponíveis mostram que a queda da atividade econômica continua ao contrário do que o esperado anteriormente. Os investimentos, que haviam apresentado comportamento positivo no segundo trimestre, voltaram a mostrar queda significativa no terceiro trimestre de 2016. A recessão que o país vive é mais longa e profunda que as anteriores, o que dificulta prever como e quando se dará a retomada. A grande ociosidade da capacidade produtiva, no entanto, abre espaço para o crescimento acima do potencial nos próximos anos, numa possível recuperação cíclica. Para permitir que essa recuperação ocorra por meio da melhora do ambiente institucional e das expectativas dos agentes, a combinação de políticas econômicas está sendo substancialmente alterada no momento. A mudança já observada na condução da política monetária permitiu uma rápida redução das expectativas de inflação, que se aproximaram da meta para o ano que vem e se igualaram à meta para os anos seguintes. O desafio mais importante que se coloca no momento é a estruturação de um arcabouço constitucional e infraconstitucional que dê suporte crível a um novo regime fiscal. Os desajustes acumulados ao longo dos anos anteriores impõem uma longa trajetória para reequilibrar as contas públicas e, com isso, reduzir o custo de capital da economia. Concluída esta etapa, será necessário enfrentar as demais questões estruturais que vêm pesando sobre o desenvolvimento econômico brasileiro: melhorar o ambiente de negócios, com ênfase para a questão regulatória; reformar a estrutura tributária, que é excessivamente complexa e cria inúmeras distorções; alterar a legislação trabalhista, que é excessivamente rígida; e aumentar grau de exposição da economia ao comércio internacional.

Atividade econômica O ano de 2017 tende a ser melhor do que 2016, mas ainda não deve apresentar um ritmo mais forte de atividade econômica, que vai se recuperar com mais intensidade somente no segundo semestre, avaliaram economistas. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e para o economista Alexandre Schwartsman, o Produto Interno Bruto (PIB), após recuar 3,8% em 2015 - o maior tombo em 25 anos - e com retração maior do que 3% neste ano, deve voltar a crescer em 2017 - mas a uma taxa reduzida, entre zero e 0,5%. Para Bruno Fernandes, analista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o PIB deve ter uma pequena alta, ou uma pequena contração, muito próximo da estabilidade no ano que vem. Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, afirma que há possibilidade de crescimento fraco. “A gente não identifica um motor de crescimento se materializando rapidamente para o ano que vem”, afirma. A especialista afirma que um possível crescimento, embora ainda baixo, poderá ser observado apenas a partir do segundo semestre. “Mesmo que os números sejam muito fracos, o sentimento tende a ser melhor.” Já Rogério Mori, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP), vê a economia brasileira estagnada. “Vamos ter crescimento zero em 2017, porque o consumo das famílias não dá sinais de melhora e deve continuar fraco. Além disso, o governo não terá muito espaço para gastar no ano que vem, devido ao ajuste fiscal. Não sabemos exatamente quando a economia vai se recuperar”. O economista e consultor financeiro Miguel Daoud tem uma previsão mais pessimista ainda. “O Brasil vai ter queda entre 1% e 2% do PIB”, diz. “O grande problema que nós vamos ter é a questão fiscal dos estados, municípios e a própria União. Isso vai gerar uma pressão social muito grande”, analisa. “O endividamento das pessoas, apesar de não crescer, ainda preocupa.” Diante da forte deterioração das contas públicas, com rombos elevados, os analistas não sugerem novos estímulos fiscais, por meio da redução de tributos ou aumento de gastos públicos. Eles afirmam que motor da recuperação poderá vir de uma intensificação do processo de corte dos juros básicos da economia - que já foi iniciado pelo Banco Central em outubro.

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PREViSõES PARA 2017 Banco Central

Revista Exame: Selic O Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pela definição da taxaSelic, terá sua primeira reunião do ano nos dias 10 e 11 de janeiro. A taxa foi cortada em 0,25 ponto percentual nas duas últimas reuniões e o Banco Central (BC) tem sinalizado que pode intensificar o corte nas próximas. A decisão chegou inclusive a ser discutida no último encontro. O último Boletim Focus projeta que a taxa, hoje em 13,75%, vai chegar a 10,5% no final de 2017. Uma aceleração no ritmo de corte da taxa poderia ajudar a recuperação da economia. Reforma da Previdência Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a Reforma da Previdência“será o principal item da agenda do governo no próximo ano”. A PEC que trata da reforma foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados no último dia 15. O próximo passo é a instalação de uma comissão especial para discuti-la, o que deve ocorrer em fevereiro – após a eleição para a presidência da Câmara, prevista para o dia 1º. A possibilidade de uma candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição na Casa tem gerado conflito e os desdobramentos no comando podem influenciar no trâmite da reforma. Isso porque o novo presidente será responsável por indicar os parlamentares que comandarão a comissão que discutirá a reforma. Se aprovada, ela deverá ser votada em dois turnos na Casa para, então, passar pelo mesmo processo no Senado. Para Alex Agostini, economista chefe da Austin Ratings, a reforma provavelmente não será aprovada com a força que espera o Governo Temer. “Será algo que dará um fôlego, mas de curto prazo. A ideia de uma reforma que dê sustentabilidade em longo prazo é pouco provável”, explica. Segundo ele, as pressões do sindicato e da população, assim como a própria fragilidade do governo em meio a escândalos, podem pesar.

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Indicadores econômicos Entre os indicadores mais esperados para o início do ano estão o IPCA referente a dezembro, que sai em janeiro, e o PIB do 4º trimestre de 2016, que sai em março. Com eles, será possível ter uma ideia de como a economia fechou 2016 e do que esperar para 2017. Até agora, a prévia da inflação divulgada pelo Banco Central (BC) em dezembro ficou em 6,5% – no teto da meta de inflação para 2016. Para 2017 a previsão é que ela fique no centro, em 4,5%. Segundo Agostini, o dado do IBGE deve indicar um PIB em trajetória negativa, entre -3,5% e -4% no balanço do ano. Para 2017, as projeções apontadas pelo Boletim Focus da penúltima semana de dezembro apontam um crescimento de 0,58% – abaixo do 0,7% projetado anteriormente. O Instituto Internacional de Finanças (IIF) também cortou suas previsões, de 1,5% para 1%. Pacote de medidas econômicas No ano que vem, o governo deve continuar a encaminhar o pacote de medidas microeconômicas anunciado em dezembro. Elas abrangem desde áreas de financiamento e crédito até mudanças nas regras de meios de pagamento – que podem inclusive afetar cartões menores, como o Nubank. Até agora, foi anunciada a mudança no saque de recursos do FGTS, pela qual os trabalhadores poderão retirar integralmente os recursos de contas inativas. Os juros do cartão de crédito também devem ser reduzidos pela metade. Segundo o presidente Michel Temer, o principal objetivo é “ativar a economia”, reduzindo o endividamento, incentivando o crédito e estimulando o emprego. Dívidas dos estados Temer sinalizou que, no próximo ano, deve sancionar o projeto de renegociação das dívidas dos estados. Ela foi aprovada pela Câmara em dezembro. Entre outras questões, o projeto aumenta em até 20 anos o prazo para renegociação geral das dívidas dos estados e do Distrito Federal. O principal problema apontado pelo governo foi a retirada das contrapartidas que seriam exigidas dos estados para que o dinheiro fosse liberado. Temer diz quevai manter exigências mesmo que elas não estejam cravadas na lei. A decisão irá determinar como a situação nos estados se comportará ao longo de 2017 e qual será o papel da União nesse processo. Reforma trabalhista Segundo Temer, a intenção é que uma reforma trabalhista seja a terceira bandeira de seu governo – atrás apenas da PEC do Teto e da Reforma da Previdência. Algumas delas já foram sinalizadas ontem, como aumento no prazo da contratação de trabalho temporário e renovação do programa de Seguro-Emprego. A principal proposta, que terá que ser aprovado pelo Congresso, é que os termos acordados em negociações coletivas entre trabalhadores e empresas possam prevalecer sobre a legislação atual em 11 pontos. Alguns dos pontos que poderão entrar em negociação são o parcelamento das férias anuais em até 3 vezes, participação nos lucros, remuneração por produtividade, trabalho remoto, registro de ponto e banco de horas e o intervalo entre jornadas.

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Jornal O Globo: PIB O ano de 2017 tende a ser melhor do que 2016, mas ainda não deve apresentar um ritmo mais forte de atividade econômica, que vai se recuperar com mais intensidade somente no segundo semestre, avaliaram economistas consultados. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e para o economista Alexandre Schwartsman, o Produto Interno Bruto (PIB), após recuar 3,8% em 2015 - o maior tombo em 25 anos - e com retração maior do que 3% neste ano, deve voltar a crescer em 2017 - mas a uma taxa reduzida, entre zero e 0,5%. Para Bruno Fernandes, analista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o PIB deve ter uma pequena alta, ou uma pequena contração, muito próximo da estabilidade no ano que vem. Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, afirma que há possibilidade de crescimento fraco. “A gente não identifica um motor de crescimento se materializando rapidamente para o ano que vem”, afirma. A especialista afirma que um possível crescimento, embora ainda baixo, poderá ser observado apenas a partir do segundo semestre. “Mesmo que os números sejam muito fracos, o sentimento tende a ser melhor.” Já Rogério Mori, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP), vê a economia brasileira estagnada. “Vamos ter crescimento zero em 2017, porque o consumo das famílias não dá sinais de melhora e deve continuar fraco. Além disso, o governo não terá muito espaço para gastar no ano que vem, devido ao ajuste fiscal. Não sabemos exatamente quando a economia vai se recuperar”. O economista e consultor financeiro Miguel Daoud tem uma previsão mais pessimista ainda. “O Brasil vai ter queda entre 1% e 2% do PIB”, diz. “O grande problema que nós vamos ter é a questão fiscal dos estados, municípios e a própria União. Isso vai gerar uma pressão social muito grande”, analisa. “O endividamento das pessoas, apesar de não crescer, ainda preocupa.” Diante da forte deterioração das contas públicas, com rombos elevados, os analistas não sugerem novos estímulos fiscais, por meio da redução de tributos ou aumento de gastos públicos. Eles afirmam que motor da recuperação poderá vir de uma intensificação do processo de corte dos juros básicos da economia - que já foi iniciado pelo Banco Central em outubro. "O ponto principal a ser trabalhado agora é a questão dos juros para tentar viabilizar uma retomada dos investimentos e do emprego, mantendo uma política fiscal equilibrada", afirmou Fernandes. "Não tem muito o que fazer. É contar que a redução de juros comece a bater na atividade. Tem bastante juro para cortar", disse Schwartsman.

DESEMPREGO O desemprego, que hoje atinge 11,8% da população ocupada e aflige 12 milhões de brasileiros, deverá continuar a crescer em 2017, segundo os analistas. O aumento do emprego é um dos últimos passos da ainda incerta recuperação da economia. Rogério Mori projeta que a taxa vai atingir o pico de 16% “na virada do primeiro para o segundo trimestre”. Já Miguel Daoud também estima um crescimento, mas em ritmo menor, chegando a 13,5%. “Não vai avançar muito porque a economia do Brasil é muito grande. O que está ocorrendo é o aumento da informalidade”, aponta. Zeina Latif explica que a baixa produtividade no Brasil explica porque os economistas preveem uma demora na retomada do emprego. “As demissões que ocorreram não foram ainda suficientes para melhorar os indicadores de produtividade. Isso indica que tem gente ocupada, mas ainda produzindo pouco”, diz a economista. “A

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estabilização do mercado de trabalho não aconteceu ainda, é uma variável que reage de forma mais defasada.” INFLAÇÃO A inflação deverá perder força em 2017, consequência da própria recessão, que esfriou o consumo. Para 2017, o mercado já prevê um índice abaixo de 5%, conforme o último relatório do Banco Central que reúne as projeções de economistas. Zeina Latif lembra que “tem um bocado de espaço para uma desinflação". “Muitos choques na economia contaminaram os preços de uma forma geral (em 2016), como o aumento da energia, a depreciação cambial, a alta do preço dos alimentos pelo clima”, lembra a economista. “Esses choques foram superados. Os principais determinantes estão na direção de puxar a inflação para baixo", afirmou a economista. Ela lembrou que o câmbio não é mais um motivo de preocupação e que a atividade econômica está em queda. Miguel Daoud também estima que a inflação vai cair, mas ressalta que não vai chegar ao centro da meta do Banco Central, de 4,5% ao ano. Segundo ele, a inflação "não é resultado apenas do fenômeno de oferta e demanda, mas da expansão monetária que está aumentando dia a dia” com os gastos do governo. Da mesma forma, Mori acredita que a inflação “vai demorar para voltar a convergir para o centro da meta”. Ele aponta ainda que “podemos ter algumas surpresas negativas, especialmente em janeiro, com o aumento nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras e alta dos preços dos materiais escolares.

JUROS O corte da taxa básica de juros pelo Banco Central deve continuar em 2017, segundo os economistas, mas com ritmo moderado. A redução não deverá gerar impactos imediatos para o consumidor, mas pode criar um ambiente mais positivo para a retomada dos investimentos. A previsão do mercado financeiro é de que o juro básico, a chamada taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, caia para 10,50% ao ano no fim de 2017. Os juros brasileiros são os maiores do mundo. A redução das taxas tende a diminuir o custo de investimentos e favorecem o pagamento de dívidas. Rogério Mori diz que “os juros vão acompanhar a melhora da inflação”, mas ressalva que essa queda “não vai ser tão rápida como se espera”. “Não acredito em cortes de mais de 0,5 ponto percentual de uma vez, porque ainda podemos ter algumas surpresas negativas na inflação que podem postergar uma queda maior da Selic.” O economista Alexandre Schwartsman disse que a expectativa, neste momento, é de que o processo de redução da taxa de juros comece a impulsionar a demanda por um lado e acelere o processo de concessões. Para ele, o corte dos juros pode abrir oportunidades para investimentos em infraestrutura. Zeina Latif explica que “o corte de juros pode trazer algum alento, mas o efeito não é automático” para a população. Com juros mais baixos, o efeito esperado é que o consumo das famílias aumente, ajudando no crescimento econômico. Mas, “quando a gente analisa o tempo que demora para a política monetária impactar na atividade econômica, são dois trimestres para ter efeitos mais palpáveis”, aponta a economista. Miguel Daoud ressalva que, mesmo com a queda da Selic, a retomada do consumo pode não acontecer, pois ela depende de outros fatores além dos juros. “A retomada do consumo vai ser muito lenta, porque está muito ligada ao desemprego e à queda da renda”, diz o economista. Ele lembra que a queda da Selic pode não ser repassada aos consumidores pelos bancos devido a fatores como os elevados índices de inadimplência.

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CÂMBIO No começo de 2016, o dólar chegou a superar o patamar de R$ 4, o maior valor da história do Plano Real, mas teve uma queda expressiva ao longo do ano. Os economistas não acreditam que uma disparada tão forte possa se repetir em 2017, e projetam que o dólar se equilibre entre R$ 3,50 e R$ 3,70. É difícil prever o comportamento do dólar em 2017, pois o câmbio está muito pressionado pelas incertezas do cenário externo. “Ainda existe uma grande incógnita quanto à tendência do câmbio. Podemos ter algumas surpresas que não sejam tão positivas”, diz Rogério Mori. Zeina Latif diz que “o fator preponderante é o cenário internacional”, embora o cenário interno, como a crise política, também interfira no preço da moeda dos Estados Unidos em relação ao real. “Pelo fator interno, a nossa moeda apanhou mais do que outras emergentes quando houve a pressão cambial”, lembra. “A tendência do dólar é continuar se valorizando, mas algo muito suave, sem grandes correções”, diz Zeina Latif. “Acredito que a tendência para 2017 é o dólar se valorizar. Não chegaríamos a R$ 4, mas pode alcançar a faixa de R$ 3,70”, afirma Rogério Mori. “O ponto de equilíbrio do dólar é R$ 3,50, o que representa a paridade de troca e beneficia todos os setores da nossa economia. Eu vejo o dólar no ano que vem buscando esse ponto de equilíbrio”, aponta Miguel Daoud.

CONTAS PÚBLICAS Ao longo de 2016, o governo adotou medidas para tentar reequilibrar as contas públicas, como o teto para o crescimento dos gastos, já promulgado pelo Congresso, e a reforma da Previdência, em tramitação. Mesmo assim, a previsão do governo é fechar o 2017 com um rombo de R$ 139 bilhões. “O quadro fiscal não deve ser muito melhor em 2017 que em 2016”, prevê Rogério Mori. “A arrecadação não vai ter grandes saltos no próximo ano, apesar do teto de gastos públicos limitar as despesas. As medidas de austeridade fiscal aprovadas agora no Congresso terão um impacto mais de médio e longo prazo.” Zeina Latif diz que, “para o governo fechar o ano com um déficit menor, vai precisar ter alguma surpresa na arrecadação”, o que ela não avalia como provável. “O aumento dos gastos públicos vai continuar por um tempo, não tem muito jeito. A reforma da Previdência vai ajudar a conter os gastos, mas só lá na frente. A administração das contas públicas vai continuar muito dependente da arrecadação, que vai ser muito lenta.” Miguel Daoud lembra ainda que a fragilidade nas contas dos estados e municípios é um ponto de atenção, com alguns governos já tendo decretado calamidade financeira e outros ameaçando fazer o mesmo. “Os estados e municípios não conseguem cumprir suas obrigações, e depois ficam livres da Lei de Responsabilidade Fiscal.”

CENÁRIO EXTERNO A projeção dos especialistas é que a economia global continue em ritmo lento em 2017, com o comércio internacional desaquecido. Eles destacam que há incertezas envolvendo a política monetária dos Estados Unidos após a eleição de Donald Trump e o cenário na Europa após a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. “O quadro externo não é exatamente

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benigno, porque o comércio internacional está praticamente estagnado”, diz Zeina Latif. O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, sinalizou que vai aumentar a taxa de juros no país em um ritmo mais acelerado – o que motivaria uma tendência de alta do dólar em relação a outras moedas, uma vez que o país se tornaria mais atraente para investidores. Rogério Mori aponta que o Fed “continuará subindo os juros de forma gradual, mas isso vai continuar condicionado à robustez da atividade econômica”. Sobre mudanças na política monetária com Trump na presidência, Zeina Latif afirma que, “se por um lado é um novo mundo, por outro não tem espaço para destemperos.” “Ele não vai sair aprovando coisas que o Congresso considere excessivas. Mesmo boa parte do eleitorado sabe que muito do discurso eram exageros de campanha.” Sobre a Europa, o economista Miguel Daoud aponta o risco de outros países, a exemplo do Reino Unido, iniciarem discussões para deixar o bloco europeu. “Temos uma situação muito delicada. Pode afetar o Brasil pela moeda, e tem também a questão do comércio.” Já Zeina Latif diz que, “apesar desse mundo novo, tem um espaço muito limitado para experimentalismo de política econômica, mesmo nesses países com perfil mais nacionalista”. A economista também afirma que o mercado internacional “pode ter algum alento” se a China realmente acomodar o ritmo de crescimento do PIB, após a onda de preocupações globais em torno da tendência de desaceleração. “Isso pode se traduzir em preços de commodities confortáveis, o que é bom para os países emergentes.”

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