Newsletter Ano 2 / Nº 3
Mensagem dos editores
Apresentação
Estamos lançando a terceira edição do Newsletter do Centro de Economia e Estatística Aplicada – CEEA. Com periodicidade mensal, essa Newsletter contempla uma análise atualizada da conjuntura econômica internacional e nacional, considerando os principais indicadores econômicos, de mercado e cotações, estatísticas, projeções. Ela é composta das seguintes seções: conjuntura, atividade econômica; emprego; juros; câmbio; crédito; inflação; investimento; indústria e indústria da construção civil, entre outros. O Centro não é a fonte primária das informações disponibilizadas nesta Newsletter. O CEEA apenas consolida e organiza as informações econômicas a partir de informações e dados de conhecimento público, cujas fontes primárias são órgãos, agentes, e instituições autônomas, públicas ou privadas e veículos de comunicação.
Após 22 meses seguidos de resultado negativo, o Brasil voltou a criar vagas de emprego com carteira em fevereiro, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados na quinta-feira (16/03). A economia brasileira voltou a gerar empregos com carteira assinada em fevereiro. No mês passado, as contratações superaram as demissões em 35.612 vagas. Foi a primeira vez em 22 meses que o país registrou abertura de postos de trabalho.
Expediente Newsletter do Centro de economia e estatística aplicada - CEEA Produção - Equipe de pesquisa de preços Equipe Coordenador e editor - José Henrique S. Jr Colaboração – Ana Paula Venturini Bolsista – Maria Eduarda Contatos: www.centrodeeconomiaeestatistica.com centrodeeconomiaeestatistica@fumec.br
É para comemorar? Talvez, sim. O desastre econômico de 2016 (-3,6%) e 2015 (-3,5%) entraram para a história pela combinação inédita de péssimos indicadores - da maior queda de investimentos desde 1995, à pior recessão desde 1929 até a única vez em que a renda per capita caiu em um biênio. Essas circunstâncias excepcionalmente ruins, criadas pela política econômica calamitosa do PT, em especial sob a gestão de Dilma Rousseff, ficaram para trás. Os números do Produto Interno Bruto divulgados esse mês mostram duas entre várias coisas importantes. O fundo do poço da economia foi atingido no primeiro semestre de 2015. Depois, os indicadores de desempenho passaram a ser um pouco menos ruins a cada trimestre, por qualquer comparação, exceto uma: na margem, no último trimestre de 2016, houve a maior queda do ano, de 0,9%, e não a menor, como se esperava. A atividade econômica do Brasil recuou 4,5% em 2016, segundo índice do BC, que é um retrato do que aconteceu no ano passado, com os principais motores da economia engasgando, e o desemprego, acelerando. A esperança é que o corte de juros pelo BC estimule o PIB a acelerar analistas estimam alta de 0,5% em 2017 Nada garante porém, que o investimento voltará assim facilmente. As incertezas em relação à “lista de Janot” e o debate sobre a reforma da Previdência Social são questões que permeiam as decisões de investimento no mercado. Sem respostas concretas, os investidores têm agido de forma muito cautelosa.
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Conjuntura econômica
Atividade econômica
A atividade econômica começa a ensaiar sinais mais consistentes de retomada neste início de ano, no que poderia ser o "começo do fim" da recessão mais grave já enfrentada pelo Brasil. A avaliação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), que elevou ligeiramente a expectativa de crescimento do PIB em 2017, de 0,3% para 0,4%.
O PIB retraiu 0,9% no quarto trimestre de 2016. Foi a oitava queda consecutiva da atividade econômica. Pela ótica da oferta, os serviços recuaram 0,8%, acumulando uma sequência de oito contrações, a maior desde o início da série histórica. Pela ótica da demanda, destaque para a queda no consumo das famílias (-0,6%), que também contraiu pela oitava vez seguida. A variação de estoques contribuiu com cerca de 0,5 ponto percentual (p.p.) (nosso cálculo). Com o resultado, 2016 apresentou uma contração de 3,6% ante 2015.
Os economistas das instituições financeiras elevaram marginalmente sua estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2017 e 2018. As expectativas do mercado financeiro foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (6/03) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem instituições financeiras foram ouvidas. Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mercado financeiro elevou a previsão de um crescimento de 0,48% para 0,49% de alta. Nada garante que o investimento voltará assim facilmente. As incertezas em relação à “lista de Janot” e o debate sobre a reforma da Previdência Social são questões que permeiam as decisões de investimento no mercado acionário. Sem respostas concretas, os investidores têm concentrado as operações no daytrade _ compra e venda no mesmo dia. Por outro lado, a economia mundial encontra-se em um momento paradoxal: por um lado, os sinais de crescimento da atividade econômica e de aceleração da inflação tornaram-se mais fortes; por outro, a chegada de Donald Trump à presidência nos Estados Unidos da América (EUA), associada ao Brexit e à realização de eleições em países-chave da Área do Euro (AE) ao longo de 2017, colocou novos elementos de incerteza no cenário mundial. No caso de Trump, o risco se refere às políticas econômicas e à postura da nova administração em relação ao comércio internacional e à imigração; no caso dos países europeus, o risco relaciona-se à própria sobrevivência do euro como moeda em caso de vitória de partidos que defendem a saída de seus países da AE.
Em janeiro, a produção industrial ficou próxima do esperado ao recuar levemente (-0,1%), após uma alta de 2,4% no mês anterior. Na comparação anual, a produção aumentou 1,4%, atingindo terreno positivo pela primeira vez desde dezembro de 2014. Para a frente espera-se melhora da atividade na margem, consistente com o índice de difusão – que mostra o número de indicadores em alta, baseado em um conjunto amplo de dados, incluindo confiança do empresário e consumidores, vendas no varejo e demanda por crédito. A difusão costuma anteceder a atividade econômica e deve terminar janeiro em cerca de 55% (média móvel de três meses), mostrando recuperação na margem nos últimos meses. Assim sendo, para esse ano, foram mantidas as projeções para o PIB. Para o primeiro trimestre de 2017, estima-se um aumento do PIB de 0,5%, ante o quarto trimestre, após ajuste sazonal. Os indicadores de curto prazo mostram alta na produção industrial e estabilização nas vendas varejistas. Como os indicadores antecedentes melhoraram na margem, enquanto os fundamentos seguem dentro do esperado, mantem-se as projeções de crescimento do PIB de 1,0% em 2017 e de 4,0% em 2018. A confiança de empresários e consumidores segue em tendência de alta. Em fevereiro, a confiança de empresários e consumidores permaneceu em nível acima da média do 2S16. Embora a confiança na indústria tenha contraído, os estoques voltaram a recuar. Esperamos que o ajuste cíclico dos estoques continue nos meses adiante, o que ajudará a recuperação da economia
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Inflação
Emprego
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo IPCA do mês de fevereiro apresentou variação de 0,33% e ficou abaixo dos 0,38% de janeiro em 0,05 ponto percentual (p.p.). Este foi o IPCA mais baixo para os meses de fevereiro desde 2000, quando se situou em 0,13%. Considerando os dois primeiros meses do ano, o índice está em 0,71%, percentual bem inferior aos 2,18% referentes a igual período de 2016. No acumulado dos últimos doze meses o índice desceu para 4,76%, enquanto havia registrado 5,35% nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2016 a taxa atingiu 0,90%. Para cálculo do índice do mês foram comparados os preços coletados no período de 31 de janeiro a 24 de fevereiro de 2017 (referência) com os preços vigentes no período de 30 de dezembro de 2016 a 30 de janeiro 2017 (base)
O setor de serviços e a indústria de transformação puxaram a geração do emprego com carteira assinada no país. Em fevereiro, o mercado de trabalho brasileiro gerou 35.612 vagas. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, o setor de serviços gerou 50.613 postos de trabalho e a indústria de transformação mais 3.949. A agropecuária criou 6.201 vagas em fevereiro enquanto a administração pública gerou 8.280 vagas no período. Por outro lado, o setor do comércio fechou 21.194 vagas, seguido pela construção civil que perdeu 12.857 postos de trabalho e o setor de extrativa mineral 488. Segundo o coordenador-geral de estatísticas do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães, o país iniciou uma trajetória de recuperação. Ele destacou ainda que foram perdidas 2,8 milhões empregos de fevereiro de 2015 até janeiro de 2017. “Quando comparamos com fevereiro de anos anteriores, estamos próximos de 2012”, frisou. O Ministério do Trabalho destacou que o número em fevereiro foi o primeiro crescimento do mercado de trabalho desde março de 2015. Em fevereiro deste ano, foram 1.250.831 contratações contra 1.215.219 demissões. Com isso, o estoque de trabalhadores com carteira assinada chegou a 38.315.069 em fevereiro.
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Juros
Câmbio
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu na quarta-feira - (22/02) os juros básicos, a Selic, em 0,75 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e deu a sua primeira indicação explícita de que poderá levar a taxa a um dígito nos próximos meses. A decisão foi unânime e ficou alinhada ao consenso de mercado, que esperava uma repetição do ritmo adotado na reunião de janeiro.
Os números da criação de empregos nos EUA aumentam expectativas de contração monetária no país. Como os dados sobre criação de postos de trabalho nos EUA indicam crescimento sólido do mercado de trabalho americano, aumentando as expectativas de aumento de juros pelo FED na próxima semana. Isso porque o FED já está se antecipando a um possível aumento da inflação. Em comunicações recentes, os membros votantes do comitê de política monetária dos EUA (FOMC) sinalizaram uma provável alta da taxa de juros na próxima reunião, dia 15 de março, diante de riscos mais balanceados para o cenário econômico. Do lado doméstico, a melhora nos indicadores de confiança na economia, menores spreads de crédito, e retomada do ciclo de lucratividade das empresas contribuem para a recuperação do investimento privado. As sondagens divulgadas essa semana reforçam o bom ritmo da economia americana. Os índices ISM do setor industrial e de serviços de fevereiro subiram para 57,7 e 57,6, respectivamente, acima das expectativas. No âmbito externo, os riscos também estão balanceados no curto prazo. Nesta sextafeira, (17/03) as atenções estarão voltadas para o discurso da presidente do Fed, Janet Yellen. Acredita-se que Yellen reforçará a mensagem dos discursos recentes, sinalizando um provável aumento de juros em março. Os mercados reagiram às informações, com movimentos de apreciação do dólar.
Considerando a projeção do mercado de Selic de 9,5% no fim deste ano, e de 9% no fim de 2018, o modelo de projeção do BC aponta inflação de 4,2% em 2017 e de 4,5% no encerramento de 2018. Como a projeção está dentro da meta de 4,5%, as projeções indicam que os juros, em tese, podem cair para percentuais entre 9% e 9,5% deste ano para o próximo. Porém, as taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser reduzidas em fevereiro/2017, sendo esta a terceira redução consecutiva e quarta redução em 02 anos. Das seis linhas de crédito, veja quadro abaixo, 04 (quatro) tiveram suas taxas de juros reduzidas no mês, (cheque especial, CDCbancos-financiamento de veículos, empréstimo pessoal bancos e empréstimo pessoal-financeiras) e 02 (duas) tiveram suas taxas de juros elevadas (juros do comércio e cartão de crédito rotativo). A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma redução de 0,02 ponto percentual no mês (0,57 ponto percentual no ano) correspondente a uma redução de 0,25% no mês (0,37% em doze meses) passando a mesma de 8,12% ao mês (155,20% ao ano) em janeiro/2017 para 8,10% ao mês (154,63% ao ano) em fevereiro/2017 sendo esta a menor taxa de juros desde julho/2016.
Com o aumento da taxa de juros no mercado americano, uma reação em cadeia ocorre no Brasil.. A surpresa “dovish” do Federal Reserve (Fed, BC americano) garantiu ao real a melhor semana do ano. Os ganhos da moeda brasileira prosseguiram nesta sextafeira, em novo dia de rali de moedas emergentes, que zeraram as perdas sofridas pelos receios de que o BC americano pudesse ser mais agressivo. No fechamento desta sexta, o dólar comercial caiu 0,49%, a R$ 3,0997, menor patamar desde 1º de março (R$ 3,0931). Na semana, a queda foi de 1,43%, a mais intensa desde o período encerrado em 23 de dezembro do ano passado (-3,53%). E a expectativa é de mais desvalorização. O BofA nota aumento de compra de opções de venda da moeda americana. “Os investidores veem riscos de mais baixa da moeda dos EUA”, afirmam estrategistas do banco em nota a clientes.
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Inadimplência A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o percentual de famílias endividadas alcançou 56,2% em fevereiro de 2017, uma alta de 0,6 ponto percentual em comparação com o mês anterior e a primeira após quatro meses de quedas consecutivas. Apesar do avanço mensal, o indicador permanece abaixo dos 60,8% registrados no mesmo período do ano passado e atinge o menor patamar para um mês de fevereiro da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. “A queda na comparação anual indica um ritmo ainda fraco de concessão de empréstimos para as famílias”, aponta Marianne Hanson, economista da CNC. Acompanhando a alta do percentual de famílias endividadas, a proporção daquelas que possuem dívidas ou contas em atraso também aumentou de
Intenção do consumo As famílias indicaram ter menor intenção de consumo em fevereiro de 2017 do que em igual mês do ano passado, segundo dados apurados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O indicador teve queda de 2,1% em relação a fevereiro de 2016, refletindo o custo elevado do crédito, desemprego e queda da renda. Entre janeiro e fevereiro, contudo, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 1,2% e alcançou 77,1 pontos, em uma escala de 0 a 200. Abaixo dos 100 pontos, o resultado ainda indica percepção de insatisfação com as condições correntes, segundo a CNC. Na análise, a confederação disse que "embora haja um processo de retomada gradual da confiança de consumidores e empresários, a Confederação Nacional do Comércio espera relativa estabilidade nas vendas do comércio em 2017, que poderão ser mais aceleradas de acordo com a confiança na governabilidade e na implementação das reformas necessárias".
22,7% em janeiro para 23% em fevereiro. Na comparação anual, no entanto, houve queda. O percentual era de 23,3% em fevereiro de 2016. A parcela de famílias que disseram que não terão como pagar as dívidas e que, portanto, permanecerão inadimplentes aumentou em ambas as bases de comparação. Passou de 8,6% em fevereiro de 2016 para 9,3% em janeiro passado, alcançando 9,8% em fevereiro de 2017. Esse é o maior patamar do indicador desde janeiro de 2010, quando estava em 10,2%. Também houve leve aumento na proporção de famílias que se declararam muito endividadas: de janeiro para fevereiro, o percentual subiu de 13,9% para 14% do total de famílias. Na comparação anual, houve alta de 0,2 ponto percentual. A perspectiva menos positiva das famílias em relação ao seu endividamento continua atrelada à conjuntura desfavorável de emprego e renda, além de juros ainda elevados.
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Atividade industrial A indústria segue com dificuldades, apesar de alguns sinais de melhora. A produção industrial continuou a apresentar queda, mesmo que com menor intensidade. Os empresários esperam aumento nas exportações e na demanda, mas queda no número de empregados e na compra de matérias-primas. As intenções de investimento, por sua vez, apresentam sinais de melhora. Segundo a CNI, a indústria da transformação iniciou o ano de 2017 com as mesmas dificuldades observadas ao longo de 2016. Os dados de janeiro são ambíguos quando comparados aos de dezembro de 2016. Por um lado, o faturamento real, o rendimento médio e a utilização da capacidade instalada mostraram ligeiro crescimento. Por outro, o emprego, a massa salarial e as horas trabalhadas apresentaram queda.
A Construção civil O faturamento da indústria brasileira de materiais de construção recuou em fevereiro, em resultado ainda afetado por desemprego, dificuldades de crédito, juros elevados e incerteza política, informou nesta quinta-feira a associação que representa o setor, Abramat. As vendas de fevereiro tiveram queda de 15 por cento sobre o mesmo período do ano passado, enquanto na comparação com janeiro houve baixa de 2,7 por cento. “Estimamos que haja uma queda de vendas no primeiro semestre da ordem de 6 por cento e a recuperação no segundo semestre irá depender da evolução das variáveis macroeconômicas, reversão do desemprego e queda nos juros”, afirmou a entidade em comunicado à imprensa.
Para a Entidade, os indicadores de atividade e emprego ainda mostram queda intensa e disseminada da indústria da construção, embora tenham apresentado taxas menos acentuadas em janeiro. Para os próximos meses, os empresários mostram menor pessimismo. Os indicadores de expectativa se aproximam cada vez mais da linha que divide expectativa de crescimento e de queda. O indicador de expectativa de atividade, em especial, já aponta manutenção do nível de atividade para os próximos meses, ao atingir a linha de 50 pontos pela primeira vez desde de julho de 2014. Por outro lado, o empresário recupera a O índice de confiança. o ICEI, cresceu entre janeiro e fevereiro de 2017 e alcançou 53,1 pontos. Dessa maneira, o índice está 3,1 pontos acima da linha divisória de 50 pontos. Na comparação com fevereiro de 2016, o índice apresentou crescimento de 16,0 pontos.
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BOLETIM FOCUS – BANCO CENTRAL Relatório de mercado publicado semanalmente com as previsões de cerca de 100 (cem) analistas financeiros sobre diversos indicadores da economia brasileira.
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