Manual de Controle Agroecológico de Pragas

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EDITORIAL Luciana Braga | Diretor e Designer Guilherme Freire | Editor Gilson Allefy | Revisor

Jussara Goés | Fotos Neliton Marques | Fotos Gabriela Gontijo | Estagiária

Ficha Catalográfica Elaboração da ficha catalográfica Maria Inês de Melo Albuquerque CRB-11/694 M294

Manual de controle agroecológico de pragas: a experiência de agricultores orgânicos da região de Manaus-Am /Jussara Góes Fonseca [et al]. – Manaus: Jirau Editora, 2016. 60p.; il Bibliografia ISBN 978-85-68534-04-5

1. Manual-controle de pragas 2. Agroecológica. 3.Compostos orgânicos 4.Agricultores I.Uguen,Katel II.Menezes, Marcio Arthur Oliveira de III.Ayres,Marta Iria da Costa IV.Garcia, Antônio Viana V.Carvalho, Raimundo Moura de VI.Bassini, Fábio VII. Título.

CDU 631.95

Este manual foi elaborado e produzido pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Amazonas NEA, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –CNPq, Chamada 81-2013, com recurso do Ministério do Desenvolvimento Agrário- MDA.


Agradecimentos Aos Agricultores da Associação dos Produtores Orgânicos do Amazonas – APOAM, pelas conversas e informações sobre as pragas e receitas utilizadas para seu combate:

Akira Yamashita

José Rodrigues Pinto

Celina Yamashita

Josuel dos Santos

Cláudio Brandão

Juscely Carvalho

Cléia Nunes da Silva

Maria José dos Santos Ferreira

Franklandis Dantas Fogassa

Mirian Carvalho de Oliveira

Genildo de Jesus Zuazo

Osmar de Lima

João José de Santana

Roberto Fortunato

Joelma Matos Coelho

Tereza de Jesus da Silva Lopes

E ao professor Dr. Neliton Marques, da Universidade do Federal do Amazonas – UFAM, por nos ter cedidos fotos de insetos pragas para compor esta cartilha.

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Apresentação ___11 Agricultura orgânica na Amazônia ___ 14 Por que alguns “insetos” tornam-se pragas? ___15 Principais grupos de pragas ___16 Cuidados na prática de pulverização ___18 Práticas agroecológicas de controle de pragas ___ 20 Plantas com ação repelente ___21

Práticas de controle agroecológico ___13 Pragas em hortaliças - frutos ___15 Pragas em hortaliças herbaceas: couve, repolho e brocólis ___16 Pragas em hortaliças herbaceas folhosas ___17 Pragas em frutíferas ___18 Pragas em frutíferas ___19


Fotografias de algumas pragas e seus danos nas Culturas Agrícolas ___31

Receitas de práticas de controle de Pragas em Cultivos Agrícolas ___31

Considerações finais ___51 Referências ___52 Anexos ___53



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A ideia de elaborar essa cartilha surgiu de técnicos, estudantes e agricultores comprometidos com a produção orgânica no Estado do Amazonas para divulgar produtos e formulações utilizados para o controle de pragas entre os agricultores familiares para que possam ser aplicadas em suas plantações, sendo objetivo principal o de promover a troca de conhecimentos referentes aos métodos de controles agroecológicos adotados por alguns agricultores e outros citados na literatura, contribuindo assim para o aumento da produção agroecológica e orgânica, empregando-se métodos sustentáveis. Pois, com a utilização de insumos químicos utilizados para o controle de pragas e doenças em lavouras, como agrotóxicos, fungicidas e herbicidas causam, dentre muitos outros problemas, a contaminação do solo, água, plantas e do próprio homem, comprometendo principalmente aqueles que trabalham no campo. A elaboração da cartilha contou com a participação dos agricultores da Associação dos Produtores Orgânicos no Amazonas - APOAM, principais beneficiários deste material. Os agricultores fazem a comercialização de seus produtos na Feira dos Produtos Orgânicos, localizada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Manaus - AM. Criada no ano de 2010, a associação tem como finalidades apoiar atividades dos produtores orgânicos; promover ofertas de produtos saudáveis; participar de feiras orgânicas; usar boas práticas de manuseio e processamento e; promover capacitação dos associados, com práticas orgânicas e agroecológicas. Os agricultores colaboraram relatando as pragas (insetos, ácaros e moluscos) que ocorrem em suas plantações. Alguns agricultores contribuíram também com receitas que utilizam para o combate das pragas, socializando assim seus conhecimentos. É importante destacar que não é apenas através desta cartilha e das recomendações contidas nela que resultarão em um combate totalmente eficiente das pragas dos plantios, mas parte do próprio agricultor a decisão de utilizar as mais variadas técnicas agroecológicas para

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manter esse problema longe de suas plantações. Técnicas como a da boa adubação através de compostos orgânicos e biofertilizantes, antes mesmos das pragas e doenças surgirem em meio às plantações podem melhorar o aspecto nutricional das plantas, evitando assim que se tornem mais propensas ao ataque de pragas e também de doenças. O cuidado com a terra também é importante, pois é no solo em que o agricultor implementará suas diversas culturas. Entre as práticas de manejo com o solo podemos destacar o abandono das técnicas de queima, evitar sua compactação, o emprego da adubação verde, do consorcio e rotação de culturas, dentre tantas outras. Somente utilizando esse conjunto de técnicas é que o agricultor poderá trabalhar de forma orgânica ou agroecológica na terra, sem correr o risco de perder sua produção pelo ataque de pragas.

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A agricultura orgânica no Amazonas A agricultura familiar é responsável pela maior parte dos alimentos encontrados na mesa das pessoas do mundo inteiro, assim, faz-se necessário alguns cuidados para que esses alimentos cheguem em boas condições nas casas das pessoas. No entanto, alguns agricultores utilizam métodos nada saudáveis para manter a produtividade da sua área e assim manter seus produtos no mercado. Um desses métodos é o uso dos agrotóxicos, o que afeta a saúde do produtor e consumidor com elevados índices de formulações químicas. Além da aplicação destes pode levar ao desaparecimento de alguns organismos benéficos para o ambiente, como os polinizadores, os predadores de algumas pragas e os decompositores da matéria orgânica do solo. Porém, hoje em dia, os riscos dos agrotóxicos são bem conhecidos e divulgados, principalmente entre os agricultores que praticam agroecologia e os consumidores que estão mais preocupados com a qualidade dos alimentos que chegam em suas mesas. Faz-se necessário então a sensibilização para que os agricultores que ainda utilizam os fertilizantes químicos saibam que há outros métodos de manter suas lavouras longe de pragas e que não agridam ao meio ambiente, sua saúde e a saúde das pessoas que consomem seus produtos.

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Por que alguns insetos tornam-se pragas? Há vários fatores que fazem que um simples inseto se torne uma praga e comece a prejudicar o plantio de um produtor rural. Alguns fatores seriam: A substituição de policultivos por monoculturas, uma vez que com uma maior quantidade de espécies vegetais em um único espaço haverá benefícios entre as plantas, como a proteção de uma determinada planta sobre outra, induzindo assim o aparecimento de uma menor quantidade de insetos prejudiciais as plantas; Redução dos inimigos naturais, nos ecossistemas há todo um equilíbrio, o que faz com que não haja problemas entre seus componentes, e neles há a simbiose entre os animais, e com os insetos não seria diferente e; Introdução de novas variedades susceptíveis as pragas, ou até mesmo a introdução de uma espécie vegetal exótica, ou seja, vinda de outra região, isto faz com que haja um desequilíbrio no ecossistema local, havendo o aparecimento de uma maior quantidade de insetos que acabam se acostumando com o novo local e tornam-se pragas. Para que o agricultor evite que pequenos e simples insetos tornem-se grandes e devastadoras pragas em seus cultivos é necessário o trabalho com a maior quantidade de espécies vegetais nativas de sua região ocupando um único espaço da propriedade. Trabalhando de forma que uma planta se torne benéfica a outra inibindo o aparecimento excessivo de insetos.

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Principais grupos de pragas encontrados em platios na região de Manaus Existem várias pragas que podem atacar uma plantação e gerar prejuízos aos agricultores. Dentre as que foram encontradas nas plantações dos agricultores familiares da Associação dos Produtores Orgânicos no Amazonas – APOAM estão os Ácaros, Moluscos e Insetos, os quais geram sérios problemas em cultivos de hortaliças e espécies frutíferas que são comercializados na feira orgânica de Manaus.

Os ácaros São organismos minúsculos que não são visíveis a olho nu, no entanto, pode ser reconhecido nas lavouras quando as plantas apresentam as folhas enroladas ou retorcidas e com cores diferentes das demais.

Os moluscos Dentre encontrados nas propriedades agrícolas dos agricultores da APOAM está a “lesma”, encontrada principalmente em meio as hortaliças, como couve, repolho e brócolis.

Os insetos Os insetos representam a maioria das pragas encontradas nas plantações dos agricultores familiares da APOAM No mundo inteiro existe uma infinidade de insetos espalhados tanto nas cidades quanto nos campos, com diferentes características, funções e importâncias tanto para o homem quanto para o meio ambiente. Insetos com diferentes formas e tamanhos, que podem ou não ser aliados do homem.

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Mas nenhum inseto é tão importante quanto aqueles ligados a agricultura. Pois são nas produções agrícolas que se pode saber o grau de relevância de cada “bichinho” presente na plantação do agricultor. Há, por exemplo, os insetos que podem ser amigos do produtor rural, como é o caso daqueles que atuam como predadores de insetos que causam danos a produção, é o exemplo da joaninha que atua como predadora dos pulgões, insetos estes minúsculos que muitas vezes não são conhecidos por muitos agricultores familiares, devido a sua forma e tamanho.Mas há também os insetos inimigos do produtor rural, estes são chamados de insetos pragas devido aos prejuízos causados nas lavouras. Estes insetos somente se tornam pragas quando há uma quantidade relevante de indivíduos nas plantações e quando estes podem dizimá-las gerando prejuízos econômicos ao homem. Os insetos causam danos às lavouras predando-as através da herbivoria. Assim, separamos estas pragas quanto seu aparelho bucal:

Os insetos sugadores Percevejo; Pulgão; Cochonilha e Mosca branca.

Os insetos mastigadores Vaquinha; Formigas; Grilo; Gafanhoto; Paquinha; Lagarta (larvas das borboletas); Broca; Broca do fruto e Broca do caule. Todos os insetos citados acima foram encontrados nas plantações dos agricultores associados da APOAM.

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Cuidados no preparo dos produtos e na pulverização Antes do preparo dos produtos que serão utilizados para o controle das pragas é necessário alguns cuidados como: - Não utilizar utensílios que já foram ocupados por algum produto químico; - No momento do preparo deve-se usar alguns materiais de proteção como óculos, mascaras e luvas, pois haverá o contato direto com alguns produtos que podem causar algum dano a quem esteja manuseando os produtos. Para ter um bom aproveitamento dos produtos que são aplicados nas culturas, é necessário tomar alguns cuidados quanto a prática da pulverização.

Antes da pulverização: - Verificar as mangueiras não devem estar furadas, dobradas ou entupidas com algum resíduo; - A bomba não deve possuir vazamento. Antes de aplicar qualquer produto deve-se coá-lo para que não provoque o entupimento no pulverizador. O agricultor deve estar protegido. Mesmo trabalhando com fertilizantes orgânicos, deve usar o Equipamento de Proteção Individual (EPI). Caso não tenha este material é recomendável o uso de alguma mascara que proteja seus olhos, nariz e boca. Isto porque alguns produtos podem causar alergias ou irritações, já que há a utilização de pimenta, alho, água sanitária e outros utilizados para o combate das pragas.

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Quanto a pulverização, esta deve ser feita atingindo o alvo, ou seja, pulverizar localizando a praga ou doença na cultura. Não pulverizar se observar a ocorrência de chuva, caso contrário, a chuva lavará todo o produto da planta e assim não haverá nenhum resultado satisfatório. Deve-se ainda levar em consideração o horário adequado para a aplicação das caldas e fertilizantes orgânicos, o qual seria a partir das 16:00 horas, pois nesse horário o sol não está tão forte. Pois se o agricultor for pulverizar algum produto contendo algum ingrediente que possa causar toxidade na planta, como a pimenta, antes do horário recomendado, pode ocorrer problemas como queima das folhas em decorrência da ação do sol. É recomendável, para que não haja problemas da chuva levar embora todo o produto orgânico da planta, que o agricultor use algum fixador espalhante, isto é, algum ingrediente que irá favorecer que o fertilizante ou adubo orgânico se torne fixo na planta. Tais fixadores seriam o trigo, sabão de coco, sabão neutro ou até mesmo a goma de mandioca. Estes produtos quando utilizados junto com os fertilizantes orgânicos atuam para mantê-los por mais tempo impregnado nas culturas. Tais fixadores devem ser misturados aos produtos, como caldas, biofertilizantes, inseticidas orgânicos observando a quantidade adequada do produto. Uma dosagem adequada seria a de 200 g de trigo ou 100 g de goma de mandioca (fixadores espalhantes) para uma bomba costal de 20 L contendo o produto a ser utilizado na pulverização para o combate ou controle das pragas. Deve-se ainda respeitar o intervalo entre cada aplicação, pulverizando de acordo como citado nas tabelas a seguir para que haja um bom resultado e as pragas sejam controladas ou combatidas.

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Práticas agroecológicas de controle de pragas No Brasil já são conhecidos entre agricultores familiares, métodos de controle de pragas de fácil preparação, baixo custo, baixo impacto ambiental para o agrossistema e baixo risco para a saúde dos agricultores e suas famílias. Tais métodos consistem principalmente em biofertilizantes, extratos de plantas e caldas. Também, as práticas de manejos como rotação de culturas, consorcio, agroflorestas, plantas com ação repelente, adubação orgânica e a manutenção de áreas com floresta na propriedade agrícola são essenciais para evitar o aparecimento de pragas nos plantios. No processo do controle de pragas, é fundamental o acompanhamento diário do agricultor, para verificar o aparecimento de eventuais pragas, antes que eles possam causar danos econômicos.

Práticas de controle direto Estes métodos são vistos como sustentáveis, pois a maioria dos produtos utilizados neles podem ser encontrados na própria propriedade do agricultor e outros têm baixo custo no mercado; tais produtos podem ser utilizados no preparo de compostagem, do biofertilizante e extratos, preparados orgânicos, de fácil preparo e aplicação.

Práticas de manejo com ação preventiva Os consórcios, agroflorestas, rotações de culturas são importantes para manutenção da diversidade de espécies, o equilíbrio no ecossistema e a manutenção da fertilidade do solo por meio destas práticas propiciam maior quantidade de matéria orgânica favorável para a manutenção do solo.

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Plantas com ação repelente Algumas plantas com ação repelente podem ser plantadas em em consórcio ou nas bordas dos plantiosdas, por apresentarem ação repelente por meio do cheiro produzido por óleos essenciais nas mesmas. Essas plantas se dão muito bem com outras espécies e acabam ajudando aquelas que estão em suas proximidades, repelindo alguns insetos que poderiam causar danos a outras plantas. Estas plantas recebem o nome de Plantas Companheiras, pois de alguma forma beneficiam outras plantas. A seguir segue uma lista de plantas companheiras e suas funções1. PLANTA REPELENTE

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REPELE

Alfavaca

Moscas e mosquitos

Arruda

Insetos, em especial formigas e pulgões

Cebolinha

Brocas, lagartas, pulgões e vaquinhas

Coentro

Ácaros e pulgões

Cravo-de-defunto

Insetos em geral

Hortelã

Formigas; lagartas, borboletas e mariposas

Manjericão

Moscas e mosquitos

AGROECOLOGIA: MANEJO DE “PRAGAS” E DOENÇAS (2010).

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Alfavaca e ManjericĂŁo

ManjericĂŁo

Cebolinha

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Hortelanzinho

Coentro

Arruda

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Práticas de controle em hortaliças-fruto

CULTURA Pepino

Broca- do-fruto Pulgão

Maxixe Melancia Abobora

Pulgão Lagarta Cochonilha Percevejo Formiga-preta Vaquinha

Tomate Pimentão Pimenta- de-cheiro

Broca-do-fruto Lagarta Ácaro Pulgão Cochonilha

Jiló Berinjela

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PRAGA

Paquinha Grilo Vaquinha Ácaro Pulgão Percevejo-de-renda

DOSAGEM 10 litros (L) de água

INTERVALO DE APLICAÇÃO

Mistura com óleo de cozinha

50 a 100 mL

De 3 a 7 dias

Calda de alho

50 a 100 mL

A cada 3 dias

Calda sulfocálcica

10 a 20 mL

A cada 15 dias

150 a 250 mL

A cada 7 dias

PRODUTO DE CONTROLE

Calda de pimenta


Práticas de controle de pragas em hortaliças herbáceas: couve, repolho, brócolis CULTURA

PRAGA Pulgão

Couve-comum Couve-chinesa Cochonilha

Repolho Brócolis

DOSAGEM (P/ 10 LITROS DE ÁGUA)

INTERVALO DE APLICAÇÃO

50 a 100 mL

De 3 a 7 dias

50 a 100 mL de calda + 50 mL de óleo de cozinha

A cada 15 dias

50 a 100 mL

A cada 3 dias

3 L da mistura

A cada 8 dias

Armadilha em pano úmido

Até resolver o problema

Folha de Nim

Folha no caminho

Até resolver o problema

Sementes de Gergelim

Sementes no caminho

Até resolver o problema

Manipueira

Puro no formigueiro

Até resolver o problema

PRODUTO Mistura com óleo de cozinha Calda sulfocálcica+ óleo de cozinha Calda de alho

Lagarta

Soro de leite e trigo

Lesma

Soro de leite e sal Soro de Leite

Saúva

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Práticas de controle de pragas em hortaliças herbáceas: folhosas

CULTURA Coentro

Salsa Rúcula Escarola Alface

PRAGA Tripes

PRODUTO

DOSAGEM (P/ 10 LITROS DE ÁGUA)

INTERVALO DE APLICAÇÃO

Mistura com óleo de cozinha

50 a 100 mL

De 3 a 7 dias

50 a 100 mL

A cada 3 dias

50 a 100 mL

A cada 15 dias

Formiga Lagarta Vaquinha Calda de alho Pulgão Mosca - branca Gafanhoto Calda sulfocálcica

Cebolinha

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Escrivão


Práticas de controle de pragas em frutíferas CULTURA Banana

Graviola

PRAGA

DOSAGEM (P/ 10 LITROS DE ÁGUA)

INTERVALO DE APLICAÇÃO

Broca-do-pseucaule Broca-do-caule Broca-do-fruto Broca-da-semente

Abacaxi

Ácaro Percevejo-do-abacaxi

Limão Laranja

Cochonilha

Coco

Ácaro

Mamão

Ácaro Ácaro

Maracujá

PRODUTO

Percevejo Lagarta

Calda sulfocálcica+ detergente neutro + óleo de cozinha

50 a 100 mL de calda sulfocálcica + 100 mL de A cada 15 dias detergente neutro + 50 mL de óleo de cozinha

Mistura com óleo de cozinha

50 a 100 mL

A cada 15 dias

Mistura com óleo de cozinha

10 a 20 mL

A cada 7 dias

Calda de alho

20 mL

A cada 3 dias

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Broca-do-pepino Localiza-se dentro do fruto e antes de se transformar em mariposa, faz pequenos furos no pepino a partir dos quais saĂ­ do fruto.

Neliton MarquesŠ

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A broca-do-pseudocaule da bananeira Broca-do-pseudocaule da bananeira. A broca encontra-se alojada dentro da bananeira.

Neliton MarquesŠ

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A cochonilha Este inseto é identificado por se apresentar em grandes colônias (parecem com algodão), tanto em frutos como em folhas de árvores. Se parecem com o algodão e em alguns casos produzem um pozinho branco, parecido com farinha de trigo.

Jussara Góes©

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lagarta Lagarta no tomateiro, couve e folhosas em geral. Existem lagartas de todas as cores e tamanhos, algumas parecidas com as folhas das arvores, chegando a serem despercebidas. Mas independente disso são pragas que atacam as mais diversas culturas e quando não controladas causam grandes prejuízos na lavoura.

Jussara Góes©

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A mosca-branca em folhas de couve Seus adultos têm asas recobertas por pulverulência branca (pozinho branco) e geralmente atacam as partes apicais (pontas) das plantas (PICANÇO, 2010).

Neliton Marques©

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O gafanhoto Existem várias espécies deste inseto, às vezes são fácil de identificá-las e de manter o controle de seu ataque nos plantios, no entanto, há casos em que estes insetos possuem coloração que se assemelham muito com troncos e folhas de algumas árvores. Tornando quase impossível sua visualização. As asas dos adultos quando em repouso assume uma posição inclinada. Tanto os adultos quanto a fase jovem (ninfas) dos gafanhotos causam desfolha as plantas (PICANÇO, 2010).

Jussara Góes©

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O grilo Também são insetos que possuem várias formas. Diferem por produzirem sons característicos de alguns indivíduos de sua espécie, além de apresentarem antenas maiores que as do gafanhoto. Os grilos possuem coloração escura e as asas dos adultos quando em repouso assumem posição horizontal, diferente dos gafanhotos, como citado acima. Este inseto tanto na fase jovem (ninfas) quanto adulta atacam plantas pequenas cortando-as próxima ao solo (PICANÇO, 2010).

Jussara Góes©

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Neliton Marques©

A vaquinha Podem ser encontradas com diversas colorações. São pequenos besouros. Os adultos possuem corpo colorido, antenas visíveis e causam desfolha nas culturas atacadas (PICANÇO, 2010).

Jussara Góes©

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A saúva Estas formigas possuem ninhos com grande quantidade de terra solta próximo ao “olho”do formigueiro. Elas possuem três pares de espinhos no seu dorso (PICANÇO, 2010).

Jussara Góes©

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O escrivão Cebolinha atacada pelo inseto praga Escrivão. O inseto localiza-se dentro da palha (folha) da cebola, tornando impossível vê-lo pelo agricultor, mas deixa manchas brancas do lado de fora da palha.

Jussara Góes©

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O pulgão A maioria dos indivíduos não possuem asas e possuem o corpo ovalado. Os poucos indivíduos com asas em uma colônia são responsáveis pela dispersão da praga e possuem dois pares de asas membranosas e transparentes (PICANÇO, 2010).

Jussara Góes©

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O percevejo-de-renda Percevejo-de-renda na cultura da Berinjela e sinais da presença do inseto na folha da planta.

Neliton MarquesŠ

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Jussara Góes©

O percevejo no feijão e abaixo o Percevejo-do-Abacaxi Percevejo na cultura do feijão. Este inseto quando em sua fase adulta possui o primeiro par de asas com a parte inicial dura e a parte final mole. Eles possuem aparelho bucal sugador e causam danos as plantas, tanto quando adultos quanto na fase jovem (PICANÇO, 2010). Uma característica muito marcante do percevejo é o cheiro que o inseto exala quando se sente ameaçado ou quando é esmagado e morto, produzindo assim, um forte mau cheiro.

Neliton Marques©

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Receitas utilizadas pelos agricultores da APOAM Mistura com óleo de cozinha Ingredientes: Para 20 litros de água: 200 a 400 mL de detergente neutro; 200 mL de água sanitária; 20 mL de óleo de cozinha.

Preparo: Colocar em um pulverizador de 20 L um pouco de água; Colocar os ingredientes e completar os 20 L de água; Mexer bem.

Calda de alho Ingredientes: 1 cabeça de alho; Água.

Preparo: Misgalhar bem o alho e colocá-lo numa garrafa pet de 2 L.; Colocar um pouco de água limpa, mas não encher completamente a garrafa.; Deixar em repouso de 7 a 10 dias; Coar a calda antes de usar.

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Calda Sulfocálcica Ingredientes: 1 kg de cal virgem; 2 kg de enxofre em pó; 10 L de água.

Preparo: Dissolver o cal virgem numa lata de 20 L (ou panela velha) com 10 L de água e levar ao fogo. Quando estiver começando a ferver acrescentar aos poucos o enxofre. Quando terminar de colocar o enxofre deixar ferver por 50 min.

OBSERVAÇÃO: Colocar ao lado da calda fervente uma vasilha com água e ir acrescentando a água a medida que for baixando o nível da calda, mas manter os 10 L. Marcar no recipiente da calda o nível inicial para mantê-lo o mesmo.

Calda de Pimenta com alho Ingredientes: 1 punhado de Pimenta malagueta; 2 L de álcool 99o;

Preparo: Triturar a pimenta e o alho e colocar o álcool para macerar por 24 h.

2 cabeças de alho triturado.

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Soro de Leite Preparo: Colocar o soro em um recipiente. Umedecer um pano no soro e colocar entre as plantas e canteiros, pela tarde ao anoitecer. Pela manhã recolher as lesmas e queimar. Fazer isso todos os dias até o seu controle.

Soro de Leite e trigo Ingredientes: 3 L de soro de leite; 100 g de farinha de trigo; 10 L de água.

Preparo: Coar bem o soro antes de usar. Dissolver o trigo no soro e coar bem os dois. Colocar no pulverizador 10 L de água, acrescentar a mistura do soro com trigo coado.

Soro de Leite e Sal Preparo: Colocar o soro em um recipiente e acrescentar sal. Pôr a mistura em copos descartáveis de 150 mL e enterrá-los entre as plantas afetadas. A mistura deverá ser colocada ao entardecer. No dia seguinte recolher as lesmas e queima-lás. OBSERVAÇÃO: Pode-se também coletar 20 lesmas, misgalhar e colocar em 1 L de água. Coar e colocar no pulverizador, acrescentar 10 L de água e pulverizar as culturas afetadas, isso no final da tarde.

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Folha de Nim Preparo: Colocar as folhas do Nim no caminho e no entorno da casa da saúva.

Sementes de Gergelim Preparo: Colocar sementes de gergelim no caminho e no entorno da casa da saúva.

Manipueira ou Tucupi cru Preparo: Colocar a manipueira pura na entrada do formigueiro da saúva no mesmo dia que for extraída ou no máximo até 3 dias da extração. Repetir o uso várias vezes.

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Biofertilizante Aeróbico Ingredientes:

Preparo:

100 L de água;

Misturar todos os ingredientes em 1 bombona de 200 L e cobrir com uma tela. Mexer uma vez por dia durante 30 dias, se feito no verão. Ou por 40 dias se feito no inverno.

40 kg de esterco fresco de curral; 4 litros de melaço de cana ou 10 litros de caldo de cana ou 4 kg de açúcar mascavo; 3 litros de leite fresco ou soro sem sal; 1 kg de grama cortada; 4 kg de cinza (exemplo: madeira, palha de arroz ou palha de bambú, etc.); 3 kg de folhas repelentes ou utilizar as que tiverem disponíveis na propriedade; 2 kg de folhas trituradas de legumenosa ou conforme a disponibilidade na unidade de produção; ½ litro de EM (Microrganismos Eficientes) ou 03 kg de serapilheira da mata.

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Após esse período, coar em uma tela de sombrite e usar em pulverizações ou regas de plantas adultas na proporção de 500 ml a 01 L para 01 L d’água. Em caso de mudas e hortaliças, usar a proporção de 200 ml a 400 ml para 20 L de água.


Outras receitas utilizadas na agricultura orgânica Biofertilizante Supermagro2 Ingredientes: 30 kg de esterco fresco de vaca; 2 kg de sulfato de zinco; 2 kg de sulfato de magnésio; 0,3 kg de sulfato de manganês, cobre e ferro; 0,05 kg de sulfato de cobalto; 0,1 kg de molibdato de sódio; 1,5 kg de bórax; 2 kg de cloreto de cálcio; 2,6 kg de fosfato natural;

Preparo: Misturar todos os minerais, obtendo, assim,12,45 kg de mistura. No primeiro dia colocar os 30 kg do esterco, misturar em 3 litros de leite, 2 de melado e 6 L de água, deixando fermentarem local protegido do sol e chuva. Aos 4, 7, 10, 16, 19 e 22 dias acrescentar 3 L deleite e 2 L de melado. Repetir isso até o dia 25 do mês que é quando deve ser colocado o resto da mistura mais o leite e o melado. Depois de 10 a 15 dias, peneirar e utilizar.

1,3 kg de cinza; 27 L de leite (podendo ser soro de leite); 18 L de melado de cana (ou 36 L de caldo de cana).

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Extraído de AGROECOLOGIA COLOCADA EM PRÁTICA (2008)

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Pimenta repelente de pulgão e cochonilha3 Ingredientes: 500g de pimenta vermelha (malagueta); 5 colheres (sopa) de sabão de coco em pó; 4 L de água.

Preparo: Bater as pimentas em um liquidificador com 2 L de água até a maceração total. Coar o preparado e misturar com o sabão de coco em pó, acrescentando então os 2 L de água restantes.

Pimenta repelente de pulgão e cochonilha Preparo: Coloque a pimenta em uma vasilha e soque-a até triturar bem. Cubra com água e deixe descansar de um dia para o outro. No dia seguinte, mexa bem e coe para não entupir o pulverizador.

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FERNANDES et al., (2005)


Ácaros e cochonilha Ingredientes: 500 g ou 100 g de folhas frescas ou secas de samambaia do mato; 1 L de água.

Preparo: Deixar as folhas verdes ou secas curtirem na água por 48horas, depois coar, diluir em 10 L de água e aplicar.

Armadilha Atrativa para as brocas-do-fruto Ingredientes: 1 L de água; 50 ml de melaço; 10 ml de detergente.

Preparo: Misturar os ingredientes e colocar em garrafas plásticas com uma janela aberta de modo a permitir que as borboletas entrem atraídas pela mistura. Distribuir as armadilhas no meio da cultura. Esta receita é suficiente para 5 armadilhas.

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Considerações Finais É importante ressaltar que os insetos fazem parte dos ecossistemas e como todo componente, têm um papel fundamental no meio em que vive. Assim não devemos considerar eles sendo pragas de cultivos só por estarem em meio às plantas. Pois quando há poucos insetos em determinado plantio ou quando eles não estão causando danos ao agricultor é porque o ambiente está em completo equilíbrio, isto é, ele está contribuindo para a vida de outros seres, sem causar qualquer prejuízo ao plantio, não necessitando assim ser combatido.

Esta cartilha teve o propósito de contribuir para que o agricultor conheça o que acontece em seu meio de cultivo mostrando a ele que é possível trabalhar de forma sustentável, promovendo o bem estar do homem e da natureza, sem o uso de insumos químicos, visando sempre a produção agroecológica e orgânica. Dessa forma podemos ter oferta de produtos orgânicos que contribuam para um consumo sustentável, visando uma vida saudável.

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Referências AGROECOLOGIA COLOCADA EM PRÁTICA. Biofertilizantes. Agricultura familiar, Agroecologia e Mercado, n. 2, 2008. p. 31. AGROECOLOGIA, MANEJO DE “PRAGAS” E DOENÇAS. Técnicas para controlar e repelir insetos. Agricultura familiar, Agroecologia e Mercado, n. 6, 2010. p. 19-21. FERNANDES, M. do C. de A.; ANAMI, M. A. S. de A.;MOREIRA, V. F. Controle de pragas de hortas e de ambiente doméstico: receituário caseiro. Niterói:PESAGRO-RIO, Informe Técnico, 2005. 30p. PICANÇO, M. C. Manejo integrado de pragas. Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Biologia Animal. Minas Gerais, 2010. PREVIERO, C. A., et al. Receita de plantas com propriedades inseticidas no controle de pragas.Palmas:Centro Universitário Luterano de Palmas CEULP/ULBRA, 2010.

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Nomes populares e científicos das plantas cultivadas e repelentes NOME POPUL AR

CATEGORIA

Couve-comum Couve

Couve-chinesa Repolho Brócoli Alface

Hortaliças Folhosas

Cebolinha Coentro

Escarola Rúcula Salsa

N O DE PÁGINA

Brassica oleracea L. var. acephala Brassicaceae D.C.

24

Brassica oleracea L. var. capitata

24

Brassica pekinensis (Lour.) Rupr.

Brassicaceae

24

Brassica oleracea L. var. italica Brassicaceae Plenck

24

Lactuca sativa L.

Brassicaceae

Asteraceae

Allium schoenoprasum L.; Allium Alliaceae fistulosum L.

25 25

Coriandrum sativum L.

Apiaceae

25

Eruca sativa

Brassicaceae

25

Cichorium endivia L.

Asteraceae

Petroselinum crispum (Mill.) Nym. Apiaceae

25

25

Cucurbita moschata Duch.

Cucurbitaceae

23

Jiló

Solanum gilo Raddi

Solanaceae

23

Maxixe Melancia Pepino

Pimenta-de-cheiro Pimentão Tomate

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FAMÍLIA BOTÂNICA

Abobora

Berinjela

Hortaliças Frutos

NOME CIENTIFICO

Solanum melongena L. Cucumis anguria L.

Solanaceae

Cucurbitaceae

Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. Cucurbitaceae & Nakai

23

23 23

Cucumis sativus L.

Cucurbitaceae

23

Capsicum annuum L.

Solanaceae

23

Capiscum spp.

Lycopersicon esculentum Mill.

Solanaceae

Solanaceae

23

23


CATEGORIA

NOME POPUL AR

Ananas comosus L. Merril

Bromeliaceae

Coco

Cocus nucifera L.

Arecaceae

Graviola Laranja Limão

Mamão

Maracujá Alfavaca Arruda

Plantas repelentes

FAMÍLIA BOTÂNICA

Abacaxi Banana

Frutíferas

NOME CIENTIFICO

Cebolinha Coentro

Musa spp.

Annona muricata L.

Citrus sinensis (L.) Osbeck. Citrus Limon

Carica papaya L. Passiflora spp.

Ocimum basilicum L. Ruta graveolens L.

Allium fistulosum L.

Coriandrum sativum L.

Cravo-de-defunto Tagetes minuta L. Hortelã

Manjericão

Mentha spicata L.

Ocimum basilicum L.

Musaceae

Annonaceae Rutaceae

Rutaceae

Caricáceae

Passifloráceae Lamiaceae Rutaceae Alliaceae

Apiaceae

Asteraceae Lamiaceae

Lamiaceae

N O DE PÁGINA 26

26

26

26

26

26

27

27

18

18

18

18

18

18

18

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Ocorrência das pragas em hortaliças e frutíferas em propriedades orgânicas da APOAM PRAGA

OCORRÊNCIA

Pepino, tomate, pimentão, pimenta-de-cheiro Graviola Broca-da-banana Banana Maxixe, melancia, abobora, tomate, pimentão, pimenta-de-cheiro, Cochonilha Couve comum, couve-chinesa, Limão, laranja Escrivão Cebolinha Gafanhoto Salsa, rúcula, escarola, alface Grilo Jiló Maxixe, melancia, abobora, tomate, pimentão, pimenta-de-cheiro, Lagarta Couve comum, couve-chinesa, Salsa, rúcula, escarola, alface, Maracujá Mosca-branca Salsa, rucula, ecarola, alface Maxixe, melancia, abobora Percevejo Maracujá Percevejo-do-abacaxi Abacaxi Percevejo-de-renda Berinjela Pepino, maxixe, melancia, abobora, tomate, pimentão, pimenta-de-cheiro, berinjela Pulgão Couve comum, couve-chinesa Salsa, escarola, rúcula, alface Saúva Repolho, brocolis Maxixe, melancia, abobora, Jiló Vaquinha Salsa, rúcula, escarola, alface Broca-do-fruto

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PÁGINA 23 26 26 23 24 26 25 25 23 23 24 25 27 25 23 27 26 23 23 24 25 24 23 25


Índice das fotografias das pragas Broca-do-fruto .........................................................................................33 Broca-do-pseudocaule............................................................................34 Cochonilha .................................................................................................35 Escrivão .........................................................................................................36 Gafanhoto ...................................................................................................37 Grilo ...............................................................................................................38 Lagarta ..........................................................................................................39 Mosca-branca ............................................................................................40 Percevejo ......................................................................................................41 Percevejo-do-abacaxi ..............................................................................42 Percevejo-de-renda ..................................................................................43 Pulgão ...........................................................................................................44 Saúva ..............................................................................................................45 Vaquinha ......................................................................................................45

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