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ID: 39711958
18-01-2012
Tiragem: 5000
Pág: 22
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 28,66 x 36,05 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 1 de 1
Hospital de Guimarães com reconhecimento internacional
Serviço de Ginecologia atinge nível de excelência Elsa Araújo
como a obstetrícia, pediatria e ortopedia, todos com o nível II de excelência. “É o patamar intermédio que também merece destaque. Claro que o topo da pirâmide é sempre o mais apetecível, mas esta classificação também merece ser reconhecida”, lembra o ginecologista e obstetra.
earaujo@guimaraesdigital.com
A Entidade Reguladora da Saúde classificou o Serviço de Ginecologia do Hospital de Guimarães com o nível de excelência mais elevado. A classificação do Serviço de Ginecologia representa o patamar mais elevado de um ‘prestador posicionado na categoria de classificação superior’. De resto, o Hospital de Guimarães viu distinguidos mais três serviços: obstetrícia, pediatria e ortopedia, estes com o nível II de excelência. A nível nacional, apenas sete serviços foram avaliados superiormente, sendo a Ginecologia do Centro Hospitalar do Alto Ave um deles. “É um motivo de regozijo e alegria, naturalmente”, confessou o Director do Serviço, José Manuel Furtado. “É a possibilidade de sermos reconhecidos pela ERS, através de um
Número de cesarianas penaliza obstetrícia
programa feito pela Joint Comission International, ou seja, uma entidade americana que certifica hospitais, e o nosso é um deles (está num processo de reacreditação que, acredito, se vai concluir com êxito), e que mais uma
vez veio avaliar, desta vez, do ponto de vista clínico os hospitais, e isto para nós é muito bom”. O especialista vê aqui “o reconhecimento do trabalho feito ao longo destes anos, um trabalho de continuidade. Ao recebermos o nível máximo de
excelência é o mesmo que dizer que todos os parâmetros avaliados estão na máxima qualidade”. Importa frisar que para além do Serviço de Ginecologia, o Hospital de Guimarães viu reconhecido o trabalho noutras áreas,
Foram seis os parâmetros que estiveram em avaliação para que o Serviço de Ginecologia obtivesse a melhor classificação possível na escala da Entidade Reguladora da Saúde. Porém, o que mais pesou relaciona-se com a parte da administração da terapêutica com os procedimentos que são realizados “antes e depois das cirurgias, ou seja, o grau de sucesso cirúrgico”. Este é um assunto também relacionado com a segurança do doente, “na administração a tempo e horas da medicação, a escolha do medicamento apropriado, as medicações, para além dos antibióticos, como os produtos anti-coagulantes que são considerados fármacos de risco, pelo que o controlo da sua administração é fundamen-
tal, enfim, tudo é feito com o máximo rigor e contribuiu para este resultado”. A par disto está, em consequência, o resultado da actividade cirúrgica. “Conta muito não surgirem complicações nas cirurgias”. Quanto à obstetrícia, serviço que funciona em articulação com a ginecologia, ficou-se pelo nível II de excelência, sendo que “também aqui, na questão da administração dos fármacos, tivemos os valores mais altos”. Esta área foi apenas penalizada em termos de avaliação pelo índice elevado de cesarianas, “sobretudo nas mulheres que têm o primeiro filho. Mas um bom indicador para nós é que, este ano, por exemplo, vamos conseguir melhores resultados a este nível. A taxa de cesarianas está a diminuir, à volta de seis pontos percentuais, sem aumentar os riscos tanto para os recém-nascidos como para a parturiente”. Por isso, José Manuel Furtado está convencido de que “dentro de pouco tempo também a obstetrícia estará ao nível da ginecologia em termos de reconhecimento, dentro dos critérios que a ERS se propôs observar”.
Trabalhar para reduzir índice de cesarianas
Obstetrícia quer chegar à excelência O Director do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia não possuiu ainda os dados finais do número de cesarianas realizadas durante 2011 no Hospitalar de Guimarães, “mas rondam os 34 a 35%” do total de nascimentos. Por isso, “provavelmente não vamos conseguir atingir o ponto a que nos tínhamos proposto, que seria os 33%, e no próximo ano teremos que trabalhar um pouco mais para melhor estes dados, mas de qualquer maneira o caminho está a ser trilhado para valores de qualidade reconhecidos a nível internacional”. José Manuel Furtado
admite que nos dias que correm “há pressão sobre o médico para que avance para uma cesariana. É um dado muito falado e também acontece nos hospitais públicos. Um trabalho de parto normal é sempre mais demorado, às vezes com algum sofrimento, pelo que há uma tentativa de resolver a situação com a cesariana. Isto conduziu a um facilitismo a este nível mas, como é sabido, mesmo em termos nacionais tende-se a reverter esta realidade”. Portugal, a par da Itália e da Grécia, era dos países da Europa com a taxa de cesarianas mais alta.
Uma verdade que mereceu, por parte da Administração Regional de Saúde do Norte, e posteriormente alargada a nível nacional, “uma tentativa de alterar esta situação. Os hospitais têm feito um esforço muito grande para alterar estes dados e há já hospitais que apresentam valores muito interessantes e o nosso, não tendo sido dos melhores na diminuição da taxa de cesarianas, na verdade tem um caminho traçado para valores dentro dos 30%, que parece ser o número ideal para atingirmos a excelência”, concluiu.
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