Lira dos Vinte e Poucos Anos

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Lira dos vinte e poucos anos

J. L. Silva


“Tão bom morrer de amor! e continuar vivendo...” Mario Quintana


Ă€ Luciana, luz da minha vida inteira


SUMÁRIO Lira dos meus vinte e poucos anos............................................................ 7 Zoológico ................................................................................................... 9 Entre minhas linhas ................................................................................. 11 Divagar .................................................................................................... 13 Almas dissonantes ................................................................................... 14 Espelhos tristes........................................................................................ 16 Amor de poesia ........................................................................................ 17 Palavras vãs ............................................................................................ 18 Feições eternas ....................................................................................... 20 Descompasso .......................................................................................... 21 Anunciação .............................................................................................. 22 Poemo o dia, romanceio a noite .............................................................. 23 A despedida ............................................................................................. 24 Extração ................................................................................................... 25 Dela ......................................................................................................... 26 O preço .................................................................................................... 27 Busca ao Criador ..................................................................................... 28 A fronte de Apolo ..................................................................................... 29 Umbigo .................................................................................................... 30 Sinos ........................................................................................................ 31 A ladra de sonhos .................................................................................... 32 O medidor ................................................................................................ 33 Me ame .................................................................................................... 34 A fera interior ........................................................................................... 35 O fio da navalha ....................................................................................... 36 Amor, nem par nem gozo ........................................................................ 37 Canção lunar............................................................................................ 39 Canção solar ............................................................................................ 40 Mermão .................................................................................................... 42 Vela de funeral ......................................................................................... 43 O perfume ................................................................................................ 44 Receituário ............................................................................................... 45 Perigo ...................................................................................................... 46


MĂŁe natureza ........................................................................................... 47 Versos finais ............................................................................................ 48 Pernoite ................................................................................................... 49 SĂł me acorde quando voltar .................................................................... 50 SuplĂ­cio .................................................................................................... 52 Coroa de espinhos ................................................................................... 53 Velho pescador ........................................................................................ 54 Simples assim .......................................................................................... 55 O maior pintor do mundo ......................................................................... 56 As dores de cada dia ............................................................................... 57 Gaiola-mundo .......................................................................................... 58 Sobre voltas e idas .................................................................................. 59 Diga-me, vida ........................................................................................... 61 Sobre amor e fogo ................................................................................... 62 Noites de tormenta................................................................................... 63 Pensamentos de um tolo ......................................................................... 64 Sentimentos banais ................................................................................. 66 A voz ........................................................................................................ 67 Probabilidades passadas ......................................................................... 68 Versos fracassados ................................................................................. 70


J. L. Silva

Lira dos meus vinte e poucos anos

A lira tocada pelo meu peito roda o mundo gira emite notas num tom imperfeito

Essa lira que me é tão antiga toca fundo pira causa revoltas e também instiga

Maldita lira que não me dá sossego leva embora tira esses desejos essas asas de morcego

Perversa lira que me causa trauma 7


Lira dos meus vinte e poucos anos

que me devora fira outros lampejos que não minh’alma

A melodia da minha lira dos vinte e poucos me deixa louco mas traz a ira da poesia extrema e desvairada então serei poema e mais nada

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J. L. Silva

Zoológico

Apesar de ainda ser menino pareço muito com bicho ferido disposto a atacar a qualquer sinal de perigo

tenho um espírito noviço mas com espinhos maciços como um sistema de autodefesa de um ouriço

eu sei que isso é sinistro por isso não mais insisto nesse nosso compromisso

mas, veja bem, é preciso ir além é preciso um pouco de desafio pra se ver quanto de amor contém esse meu coração arredio

então, pra ser meu dono tenho que estar seguro de que não mais sofrerei com o abandono

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Lira dos meus vinte e poucos anos

senão eu me confundo

até porque qualquer bicho arisco pode ser domado existe um pouco de risco mas é preciso ter propósito ser um pouco menos lógico pra conseguir curar as feridas impostas pela vida de um bicho enjaulado

afinal, esse nosso vasto mundo não passa de um imenso zoológico

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J. L. Silva

Entre minhas linhas

Entre meus braços só há espaço pros seus abraços

entre meu peito só um sujeito se encaixa perfeito

entre meus lábios os versos sábios dessa boca hábil

entre minha mente essa vontade crescente de ver-te novamente

entre minhas feridas está as idas e vindas dessa nossa vida

entre meus desejos só existem lampejos dos seus beijos

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Lira dos meus vinte e poucos anos

entre meu coração o que era vão agora é paixão

entre minhas linhas só há entrelinhas das saudades, minhas

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J. L. Silva

Divagar

Divagar e sempre e não saber por onde ir ando por aí só pra observar a mania de todas as coisas sempre sigo em frente guiado pelo sentir e não olho pro chão mas nunca caí porém não sei o que faço vou devagar e perdido pela cidade, pelas luzes então vejo as cruzes carregadas ombro a ombro pelos natimortos... divagar e sempre não saber pra onde ir...

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Almas dissonantes

Nossas almas dissonantes divergem nossos destinos aceito os seus desatinos todos nós somos errantes ainda mais quando estamos amando

porém, sua filosofia não aceita minhas falhas e eu não aceito migalhas e isso nos contraria então aos poucos vamos nos machucando

por mais que muito me doa prefiro vê-lo feliz busque o amor que sempre quis na poesia de outras pessoas enquanto faz isso vou andando

vamos fechar essa conta uma hora isso passa

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um dia a gente se acha quando a alma estiver pronta nossos caminhos acabarĂŁo se cruzando

porque eu amei amo e amarei e sei que um dia ainda hei de consertar meu coração mas, por enquanto vou andando

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Espelhos tristes

Um reflexo deveria ser tão complexo quanto a alma de uma pessoa mas nem mesmo a água calma de uma límpida lagoa é capaz de refletir tudo o que existe dentro desses olhos tristes que sorriem para ti

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J. L. Silva

Amor de poesia

Sei que muito errei talvez por ser humano talvez por ser mundano ou então por me achar rei de tudo e de mim mas as coisas não sou assim

Sei que pouco perdoei os meus próprios erros e os dos outros do coração, fiz enterro mas ainda hei a voltar a amar um dia mesmo que seja amor de poesia

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Palavras vãs

Foste tu que falaste sobre amor desmedido, mas foste tu a tornaste meu coração fendido

Jogaste fora o belo, o sincero e o prudente, sem pensaste o fê-lo de forma inconsequente

Fizeste juras a esmo, tantas palavras ao vento, pensaste em si mesmo ao deixar-me sem alento

Partiste cega de cólera, um ato de parvoíce encerraste nossa ópera, sem nenhum remorso, foste

Agora nada me resta além de dor, solidão, no meu peito uma fresta,

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J. L. Silva

ferida aberta, um vão

Na memória, dias felizes de nós, dos ventos etésios, os pássaros e as matizes, hoje cobertos de tésios

Nem mesmo a tua lembrança é consolo para mim, não tenho mais esperanças sigo rumo ao meu fim

Antes do final derradeiro deixo gravados em versos, que a ti amei por inteiro, mas tu amavas diversos

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Feições eternas

Sensações e calafrios emoções e arrepios teus olhos trazem vem e invadem meu coração arredio

tuas curvas me enlouquecem envolvem e prevalecem os meus desejos puros molejos que sempre me entorpecem

lábios belos e rosados apetitosos e sagrados são favos de mel inferno e céu imaculado pecado

tua pele clara e lisa suave como a brisa pura perfeição, és linda criação que meus versos eternizam

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J. L. Silva

Descompasso

Ah, o amor! Pra mim nunca foi algo fácil mas melhor assim senão não teria graça ou coisa alguma seria caso, embaraço acendida de estopim algo que logo passa como o cair da pluma breve eternidade e fim

Ah, o amor! Esse regaço de águas turvas e caudalosas meu coração no compasso de quedas d’águas hostis pois gera adrenalina e expressa-se em trovas e em tudo o que faço acha-se a ti

Essa é minha sina compassar o passo de que não ama a mim

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Anunciação

Quando nasce um poeta o céu desaba em festa como forma de anunciação o seu espírito é liberto enquanto os anjos o carregam para esse mundo disperso

quando nasce um poeta o destino estipula metas que lhe guiam a direção rumo ao caminho certo que quase sempre levam a caminhos diversos

quando nasce um poeta o cupido espeta setas por todo o coração deixando o peito aberto a amores que se encarregam em transformarem-se em versos

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J. L. Silva

Poemo o dia, romanceio a noite

AtravĂŠs das palavras vivo a vida poemo todo dia e toda noite, romanceio e a cada verso que meu pulso grava a cada palavra sofrida a cada rima de agonia acha-se a ti em meios a esses poemas dispersos

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Lira dos meus vinte e poucos anos

A despedida

Nunca gostei de despedidas essa palavra ĂŠ muito forte e nessas coisas acredito horĂłscopo, tarĂ´, sorte... por isso, fico restrito nada digo nas minhas idas

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J. L. Silva

Extração

A culpa que me assola é a de ter nascido tão sensível assim a melancolia me devora por dentro e por fora peço, por favor, doutor arranque-a de mim!

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Dela

A poesia dessa terra nua é sincera, é singela e me irradia como a lua dos olhos dela

A prosa dessa terra mansa é trauma, é sequela mas preciosa como a lembrança dos beijos dela

A literatura dessa terra lusa é tão pura, é tão bela quanto a formosura da minha musa são versos dela

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J. L. Silva

O preço

Não lhe agradeço pois você me deve por mais que negue já paguei o preço pelos favores e você não me agradece por calar suas dores por todo esse tempo ouvir os lamentos e ter-lhe dado alegria ao mostrar-lhe as flores dançarem no vento

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Busca ao Criador

Nas noites de tormenta sem fim, busco consolo ao conversar com o Criador, não sei se acabo sendo um tanto brusco, pois nunca ouve resposta diante ao clamor.

Ajoelho-me, peço, choro e imploro, nada acontece, permaneço só, tenho medo, sinto frio nos meus poros, ao imaginar que para ti, sou pó.

Desisto e deito-me sem seus conselhos e assim, pouco a pouco, paro de crer, por um instante, fecham-se meus olhos e simplesmente começo a adormecer.

Quando tudo se parece perdido, fico naquele estado de dormência ouço apenas um sussurro, um zumbido, voz calma que traz paz e anuncia:

– Não crês, porque não vês; não vês, por que não crês.

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J. L. Silva

A fronte de Apolo

Diante a fronte Do deus Apolo peço e imploro uma salvação

Leve-me ao Monte pegues tua flecha e mandes uma seta direto no meu coração

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Umbigo

Se eu desse asas ao meu coração viveria então essa paixão que me arrasa esse amor que me arrasta direto pra sua casa

Se eu desse vida ao meu sentimento num pé-de-vento essa paixão ensandecida me levaria pros seus braços e não haveria mais saída

Se eu desse ouvidos aos meus desejos assim num lampejo esse amor desmedido procuraria abrigo dentro do seu umbigo

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J. L. Silva

Sinos

O soar dos sinos trouxe-me as lembranças do passado, do momento tresloucado que todo amante teme.

Nas portas da velha igreja o meu corpo todo tremia, e no peito, grande agonia; antes mesmo que eu te veja.

Quando se abriram as portas, tu não estavas no altar; chorei, até me faltou ar, senti a alma tão exposta.

Tu abandonaste-me, sim!, desisti do matrimônio, pois virei poeta homônimo, mas sinos deixam-me assim.

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Lira dos meus vinte e poucos anos

A ladra de sonhos

O meu coração pelo mundo aveia e viaja com as asas do pensamento nem seus tentáculos me farão teias pois fugir será meu único intento

Espíritos livres por aí vagueiam e ultrapassam as barreiras do tempo e eu sou uma dessas almas alheias que só fará do amor seu passatempo

Resistirei a todos os teus encantos e não escutarei o teu belo canto que por mim clama, que por mim implora

Livrei-me da sua fantasma presença devoradora de minha’lma e essência e que levava meus sonhos embora

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J. L. Silva

O medidor

Tanta gente chora às vezes, eu também por não ter ninguém mas, de verdade, não entendo deveria haver medimento ou então um medidor pra distribuir o amor mundo afora pois, se amor todo mundo tem como pode faltar alguém como pode ter tanta gente sozinha agora?

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Me ame

Me ame e me ame me ame mais e mais e mais e mais me ame como se o tempo não fosse nada me ame como se não houvesse rivais

me ame até não saber mais quem é me ame seja como for

me ame até não restas mais nada além do nosso amor

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J. L. Silva

A fera interior

Não aguento mais essa demora e toda essa espera que aos poucos gera esse monstro que me devora

essa maldita quimera que arranha meu peito de dentro pra fora esse demônio não vai embora não tem jeito

essa imensa fera que ruge a torto a direito na verdade implora pra que chegue a hora desse nosso amor imperfeito

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Lira dos meus vinte e poucos anos

O fio da navalha

Estou por um fio o fio da navalha e o corte não falha dessa lâmina vil

Estou por um instante de fugir pro mundo e a cada segundo fico mais distante

Estou sobre o abismo na beira da solidão e quer queira ou não o meu organismo só quer sentir o ar

Estou no momento à beira da estrada será tudo ou nada então curto é o tempo que tem pra me amar

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J. L. Silva

Amor, nem par nem gozo

A mão trêmula e suada, coração numa toada ao vê-la, enfim; teu olhar acastanhado, deixou-me tão intrigado, posto sobre mim

Meu sangue todo fervia e no peito uma alegria ao tocar tua mão; meus pensamentos, astutos, imaginaram os frutos que um dia virão

Naquele breve instante, senti-me tão confiante e tentei beijá-la; tu viraste de relance, não me deste uma chance, partiste, sem fala.

Fiquei assim, meio choroso, sem amor, sem par, sem gozo,

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Lira dos meus vinte e poucos anos

perdido na vida; sofro!, meu corpo padece, minha vista anoitece, lateja a ferida

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J. L. Silva

Canção lunar

A nossa sina é amar um ao outro, à distância admiro através do mar a amarelada elegância do teu olhar

Espero pelo fim da noite fria sem me preocupar com a morte pois além desse breve instante de alegria não há nada mais que importe que se dane a noite e o dia

Contudo, por mais que seja triste por mais que sejamos adjuntos esse amor não desiste e é tão subentendido como a própria elipse mas somos proibidos de estarmos juntos pois nosso amor é eclipse

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Canção solar

Do que me vale ser rei se me negam a rainha pois eu nunca poderei beijar a amada minha

Como posso ser a luz que irradia o mundo sendo assim tão infeliz pois meu fogo se reduz a cada dia e segundo juro, estou por um triz de explodir no espaço a seguir em direção tua

Pois não acredito em relação à distância não me basta admirar a exuberância

Quero mesmo é tocá-la de corpo limpo, pele nua pois esse amor não se cala e estou perdendo a razão

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J. L. Silva

quero voar pelos ares

Ah, meu pobre coração porque tinha que te apaixonares por tão cândida lua

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Mermão

A vida não para, parceiro os dias nascem, as noites morrem o tempo não volta o amor não se importa com todo sangue que escorre por ferir corações inteiros

A vida não para, mermão cada um tem seu próprio corre nem toda riqueza nem mesmo beleza impede que o peito estoure com tanta saudade no coração

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J. L. Silva

Vela de funeral

Minha poesia nem sempre é bela pois às vezes queima como uma vela de funeral

aquele queimar tão lento dor interna duma chama de saudade tão eterna e visceral

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Lira dos meus vinte e poucos anos

O perfume

Morena ĂŠs tua pele, lisa e delicada, doce odor, expele, mas ĂŠ ardil cilada

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J. L. Silva

Receituário

Como poesia não se passa por osmose quando estiver triste, só, no tédio tome uma dose porque poesia é um santo remédio

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Perigo

Meu amor, cuidado dê atenção a mim pois num rolar de dados nosso amor pode chegar ao fim depois não me diga que não foi lhe avisado vou contigo onde quer que siga mas fique sempre comigo e deixe de viver de passado senão meu abrigo não será mais você

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J. L. Silva

Mãe natureza

És pura beleza, concedida pelo Senhor. Oh! Linda natureza, dê-me todo o teu amor.

Perdoes a compulsiva destruição, que causamos diariamente. Merecemos punição, mas, por favor, sejas clemente!

O que és tu? Além de mãe atenciosa, a acolheres o filho que chora. Acalantas, sempre carinhosa aquele que te ignoras.

O homem te maltrata, por isso compreendo tua dor a humanidade é ingrata, mas não merece o teu furor.

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Versos finais

Crio meus poemas pelos finais não pelo começo, jamais meu verso perfeito sempre é eleito a não ser mais um verso a mais

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J. L. Silva

Pernoite

Do que adianta o clarear do dia se a luz do sol nĂŁo me irradia e nunca concede o saciar a sede do meu desejo de poesia

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Só me acorde quando voltar

Despertei desse meu sono de enganos, fúria e medo do pesar e do abandono de todos os meus segredos

Não pensei que voltaria amar assim loucamente esse amor de poesia esse amor adolescente

Porém, agora desperto nessa paixão verdadeira o destino tão incerto colocou-nos suas barreiras

A culpa vem e dorme toda noite no meu peito a solidão, que é enorme ocupa todo meu leito

O que me resta por ora é uma alma perdida vem sono, leva-me embora

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J. L. Silva

quero dormir toda a vida

Sรณ me acorde se um dia por descuido ou poesia chegue a minha querida

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Suplício

Hoje em dia consideram-me vagabundo mas por que não sabem as responsabilidades que me cabem ao enfeitar o mundo com versos, poesia

Digo mais, na verdade, de mim, ninguém sabe pois nem mesmo os poetas podem captar em palavras todos os mistérios do mar

Além disso, a responsabilidade me veio cedo e agora adulto fiquei mais relaxado meio amalucado e meio puto, pois percebi que a vida, meu caro, não é só suplício

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J. L. Silva

Coroa de espinhos

Meu choro é entrecortado por soluços minhas lágrimas, num mar despejo para que eu possa navegá-las de volta ao passado então sigo esse curso essa viagem de lampejos de dores e pesar que nunca se calam

Minha corcunda nada mais é carnificina de um velho coração exausto e derrotado, fracassado minhas tristezas juntam-se ali minha sina é culpa e solidão por tudo o que não vivi mas mesmo assim sou rei carrego uma coroa de espinhos

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Velho pescador

Certas coisas não precisam ter explicação vêm e deixam nossas vidas de pernas pro ar e por mais que se tente não se pode parar toda loucura que tais momentos trarão

Há mistérios que não apresentam razão pessoas que vêm e nos tragam como o mar existe o perigo eminente de se afogar mas quem resistiria ao mar em pleno verão?

Sou como uma estrela do mar na areia confusa, perdida, sedenta e alheia torturada e dissecada pelo sol

Já você é do mar, como um velho pescador conhece a ressaca e as marés do amor e eu talvez seja só mais um peixe em seu anzol

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J. L. Silva

Simples assim

Idas e vindas, voltas e ciclos, fins e começos, meios sem fim...

a vida simplesmente ĂŠ assim

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Lira dos meus vinte e poucos anos

O maior pintor do mundo

Quero ter asas adormecer num lugar e acordar noutro não quero ter casa só desejo voar ao teu encontro

quero ser passarinho saciar meu bico ao cantar estridente não quero mais ser gente ser pássaro é mais rico mas, por enquanto, caminho

quero ser céu ver o mundo acima e por cima de Deus vê-lo com seu pincel a desenhar novas rimas com as vidas dos filhos seus

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J. L. Silva

As dores de cada dia

Eu gosto é de pessoas que cantam dançam e gritam que beijam bocas que vivem o dia e cultuam à noite que leem poesia e vivem as alegrias até mesmo nas dores do nosso dia a dia

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Gaiola-mundo

Cansei de crescer quero uma vida serena mesmo de pernas pro ar, mansa cansei das complicações terrenas nenhum espaço pode me conter quero apenas ser eterna criança

Não caibo nesse mundo tenho que alcançar outros planos sou um alheio em meio a estranhos quero ir além, espaço a fundo e este será meu intento pois não aceito, não me contento com essa gaiola-mundo

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J. L. Silva

Sobre voltas e idas

Sempre me perguntei porque as voltas são tão mais fáceis do que as idas?

talvez seja porque no fundo, no fundo ficamos sem saber se aquele briga será a última – a definitiva

e por mais que na hora em que a raiva finge que não se importa que não quer volta depois de um tempo desespero violento o espírito atinge e isso é tão comum das despedidas...

Ainda hei de descobrir

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Lira dos meus vinte e poucos anos

por que as voltas são tão mais fáceis do que as idas

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J. L. Silva

Diga-me, vida

Eu, sinceramente, não sei o que a vida quer de mim, o que ela terá em mente? Só sei que me passa, repetida talvez na volta, talvez na ida favor me faça e então me conte, enfim...

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Sobre amor e fogo

Quem são aqueles a condenar a paixão? Será que sabem tanto assim sobre amor? Ou simplesmente sofreram desilusão E decidiram somente viver da dor

Talvez não sejam capazes de distinguir A verdadeira essência do sentimento Talvez devessem parar para refletir Que o bom do amor é que ele vem com o tempo

Se o amor viesse a (des)existir Quem sabe assim conseguisse entender Então passariam amar a reprimir

Na verdade, ninguém conhece amor de fato Não há como o conhecer ou compreender Só sabemos que é lindo, como fogo-fátuo

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J. L. Silva

Noites de tormenta

E nas noites mais escuras tenho a lua como amante pensamentos em levante ao sentir saudades tuas

E nas noites mais singelas quando a loucura me desperta reviro-me entre a coberta e leio sob à luz das velas

E nas noites mais sombrias naquelas que perco a fé tenho ao lado meu café e afundo-me em poesias

E nas noites mais que tristes tua voz ao meu ouvido grita consolo-me na escrita e esqueço que tu existes

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Pensamentos de um tolo

Minha poesia é de estação voz louca que me dita todos os poemas que virão por isso minha escrita é bem mista, confusão

Minha poesia matutina é alegre e cheia de vida celebra a natureza como a luz recém acesa do sol de todas as manhãs

Minha poesia vespertina é tão pura e serena assim como o solstício mas já mostra o indício da mudança de estação

Minha poesia noturna é fúria, dor e solidão uma maré incerta a ressaca que desperta o mar que me habita

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J. L. Silva

Minha poesia como um todo não apresenta só um tema é luz ar sujeira e lodo sensação saudosa e amena apenas pensamentos de um tolo

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Sentimentos banais

Sentimentos banais sĂŁo todos os outros comparados Ă falta que vocĂŞ me faz

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J. L. Silva

A voz

A voz que de dentro grita não pode ser medida não pode ser restrita não pode ser calada tenho que lhe dar asas por isso a imerso nos textos, na escrita nas páginas limpas que passam a ser manchadas com minhas máculas transpostas em versos

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Probabilidades passadas

É bem provável que a gente tenha se conhecido numa era passada

até porque amor assim não nasce de repente não surge do nada

se você foi noite eu fui o dia

se você foi prosa eu fui poesia

se você foi tristeza eu fui alegria

se você foi ódio eu fui seu amar

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J. L. Silva

se você foi rio eu fui o mar

se você se perder eu vou lhe achar

e se fôssemos outros apesar dos desencontros dessa vida certo seria o reencontro dessas nossas almas perdidas

você seria eu e eu seria você

até mesmo porque tudo isso que sinto é impossível de se esquecer

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Lira dos meus vinte e poucos anos

Versos fracassados

Ah, já não sei o que faço sem ti meus versos tornaram-se fracos, fracassados repetidos, batidos tão embaraçados nos rascunhos desse amor que não esqueci

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