Da infância à Inconstância
J. L. Silva
“Guarda estes versos que escrevi chorando como um alívio a minha saudade, como um dever do meu amor; e quando houver em ti um eco de saudade, beija estes versos que escrevi chorando” Machado de Assis
Agradecimentos Poderia apenas citar alguns nomes nos agradecimentos, mas preferi escrever sobre eles, pois acredito que seja inútil apenas gravá-los em papel, sem ao menos contar a importância que eles realmente têm nesta obra. Primeiramente agradeço a você, caro leitor, por disponibilizar um pouco de seu tempo para ler este livro. Agradeço à minha querida irmã, Luciana, pois não seria nada sem ela, que sempre esteve ao meu lado, foi quem me encaminhou nos estudos e na vida – nunca disse isso a ela pessoalmente, pois meu gênio difícil impedia-me, mas, apesar das palavras não saírem, escrevê-las é mais fácil para mim. Agradeço aos meus queridos professores que me guiaram por essa jornada de conhecimento e autoconhecimento, sem eles na minha vida não alcançaria metade das coisas que alcancei, mesmo estas ainda sendo poucas e insignificantes. Agradeço aos meus poucos amigos de longa data, pois vários destes versos carrega um pouco de cada experiência que vivenciamos juntos – e quero fazer a menção dos seus nomes aqui: Camila, Carlos, Daniele, Danilo, Deborah e Renan. Agradeço também aos amigos de não tão longa data, mas que já conquistaram minha amizade e admiração: André, Bruna, Caio, Cris, Dani, Jorge, Lucas, Marco e Mayza. Agradeço à Maria e toda sua família, por terem me acolhido, e por todo o suporte que me deram para que conseguisse sucesso em minha empreitada literária. Agradeço também a José Mauro de Vasconcellos, pois sem ele e sua sublime obra, Meu Pé de Laranja Lima, que foi o primeiro livro que li aos oito anos de idade, não teria nascido em mim essa vontade de ser um poeta. Por último, agradeço à minha própria família, pois
tiveram um papel extremamente importante para que eu acreditasse em meus sonhos e nunca parar de tentar alcançá-los, pois se não tivessem zombado de mim quando anunciei que seria um escritor e poeta quando garoto, talvez, nunca teria tido as forças necessárias para continuar com esse sonho e prosseguir com a minha luta para provar-lhes que era capaz. Este livro não é uma grande obra, longe disso, é o trabalho inexperiente de um mero aspirante a escritor, de uma criança sonhadora. Entretanto, se soubessem a importância que esses versos insignificantes têm, a realização de metas há muito reprimidas e guardadas no peito, a sensação de libertação, os sentimentos contidos nestas páginas; enfim, saberiam que por mais insignificantes que fossem, cada verso fora feito com fragmentos de minha alma, a qual, compartilho com vocês.
Nota do autor
Quando decidi publicar essa coletânea de poemas, pensei muito, pois, convenhamos, apesar de importantes para mim, não são textos tão bons assim. Contudo, também pensei, o que seria do poeta de hoje, que já não é lá grande coisa, se não fosse o poeta de ontem? Se um inocente e sonhador garoto de oito anos não decidisse pôr na cabeça que seria um poeta e ter insistido nesse sonho? Eu não seria nada, provavelmente teria desistido e matado um sonho. Enfim, fazer uma seleção dos meus poemas preferidos da infância seria, além de tarefa difícil, pois todos são fragmentos de mim mesmo, uma injustiça. Injustiça aos meus caros leitores, as minhas preferências podem acabar não sendo as suas; injustiça aos meus próprios versos, os preferidos de hoje não são os de ontem e podem também não ser os de amanhã; e injustiça comigo mesmo, com o garotinho de oito anos que brincava com as palavras, estrofes e versos; sem ao menos ter a ideia do que estava fazendo. Por isso, não houve seleção, coloquei neste livro todos os poemas que pude resgatar da infância até a adolescência, sem analisar qualidade ou significância de cada um. O engraçado é que após reuni-los, pude perceber a minha própria essência, a passagem do tempo, as fases da vida... vi os versos sonhadores de uma criança transformarem-se nas inseguranças dos primeiros amores, vi o garoto sonhador transformar-se num jovem rebelde e, assim, pude analisar a mim mesmo nessas etapas tão cruciais da construção do caráter humano.
Espero que possam se conectar com os versos com as etapas de suas próprias infâncias, pois muitos deles são tão universais, mesmo que outros sejam mais pessoais e demostrem sentimentos e cargas emotivas de uma criança perdida e que não sabia ainda lidar com as dificuldades impostas pelo destino. Entretanto, peço-lhes paciência. Lembrem-se de quem está por trás de cada verso é uma criança em diferentes etapas de sua vida, escritos por um menino que não possuía maestria alguma com as palavras além de uma inexplicável vontade de escrever e atender ao chamado da poesia, perdoem-no em toda sua ignorância e ingenuidade. Perdoem as rimas pobres, os versos esdrúxulos e as métricas falhas desses versos irregulares, porém, peço que se atentem mais às mensagens intrínsecas nos poemas, e o que mais eles possam lhes passar. Até porque a maior regra da arte é exercê-la com o coração, e os poemas a seguir são corações pulsantes oferecidos a vocês. Alguns machucados, outros escuros, muitos a sangrar, contudo, todos ainda muito vivos e cheio de sentimentos.
SUMÁRIO Sapos....................................................................................................... 11 A centopeia das cores ............................................................................. 13 A lagarta e a lagartixa .............................................................................. 15 A rosa branca........................................................................................... 17 Algo Novo ................................................................................................ 20 Miolos ...................................................................................................... 21 De tudo um pouco.................................................................................... 22 Eu queria ................................................................................................. 23 Família ..................................................................................................... 25 Borboletear .............................................................................................. 26 Poema florido ........................................................................................... 27 Cântico de Liberdade ............................................................................... 29 Infância .................................................................................................... 30 Meu Eu .................................................................................................... 31 Os Sentimentos ....................................................................................... 32 Tenho a rua como lar ............................................................................... 34 Ruas descalças........................................................................................ 35 Sonhos de giz .......................................................................................... 36 Sonho meu .............................................................................................. 37 Lá vem os pinguins .................................................................................. 38 Casulos .................................................................................................... 40 A curva ..................................................................................................... 41 A Garota da Escola .................................................................................. 42 Tic tac ...................................................................................................... 43 Mão Acolhedora ....................................................................................... 44 Sementes ................................................................................................. 45 Àqueles .................................................................................................... 46 O poema gasoso...................................................................................... 47 Ego .......................................................................................................... 49 A busca da Felicidade .............................................................................. 51
A seta pro seu coração ............................................................................ 52 Culpa do cabeçudo .................................................................................. 53 Sorriso ..................................................................................................... 54 Papagaios ................................................................................................ 55 Pelo avesso ............................................................................................. 56 Zunzunzum .............................................................................................. 57 O siso do teu sorriso ................................................................................ 58 À Primeira Vista ....................................................................................... 59 Coração de Pedra .................................................................................... 61 Meu Bom Amigo ...................................................................................... 62 Divagações .............................................................................................. 63 Meu Povo ................................................................................................. 64 O Perfume ............................................................................................... 65 Para que fazer guerra .............................................................................. 66 Sobre viver ............................................................................................... 67 Alquebrado .............................................................................................. 68 Sublime amor ........................................................................................... 69 Separação ............................................................................................... 70 Amizade Pura .......................................................................................... 71 Ecos da Paixão ........................................................................................ 72 Clamor Dantesco ..................................................................................... 73 Do Divino ao Caiçara ............................................................................... 74 O poema dos lábios ................................................................................. 76 Na Cova dos Leões ................................................................................. 77 Dádiva ou Maldição ................................................................................. 78 Solidão ..................................................................................................... 79 Sr. Hipocrisia............................................................................................ 80 A lição do poço ........................................................................................ 81 Lamúrias de um Sertanejo ....................................................................... 82 Menina Mulher ......................................................................................... 83 Versos Inacabados .................................................................................. 84 Valha-me, Deus! ...................................................................................... 85 O tempo e o vento ................................................................................... 86 Nova Ditadura .......................................................................................... 87 Arrependimento ....................................................................................... 88 Libertinagem ............................................................................................ 90 Démodé ................................................................................................... 91
Versos Itinerantes .................................................................................... 92 Noites de tormenta................................................................................... 93 Por que me desprezas? ........................................................................... 94 Outras formas de amar ............................................................................ 95 Dádivas .................................................................................................... 96 Aqui jaz .................................................................................................... 98 Na hora da partida ................................................................................. 100 Canção do Exímio .................................................................................. 101 Mãe Natureza ........................................................................................ 102 A cria ...................................................................................................... 103 A dor da saudade................................................................................... 104 O segredo dos beija-flores ..................................................................... 105 Rito ........................................................................................................ 106 Coração de marfim ................................................................................ 107 Naco de chão ......................................................................................... 108 Enlaço .................................................................................................... 109 Por te amar demais................................................................................ 110 Meu Sepulcro ......................................................................................... 111 Espírito selvagem .................................................................................. 112 Amor marítimo ....................................................................................... 113 Meias palavras ....................................................................................... 114 Da infância à inconstância ..................................................................... 116
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Sapos
O sapo careca era um pouco sapeca vestiu uma beca para a perereca
O sapo espoleta que era perneta chegou de jaqueta com uma violeta
O sapo caduco era meio maluco deu a ela um suco e fumou um trabuco
O sapo sarado era muito tarado jรก era casado e acabou enxotado
O sapo cantante era bem irritante um pouco arrogante sรณ virou visitante 11
Da Infância à Inconstância
O sapo pimpão que era todo bobão roubou um beijão e ganhou sua mão
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A centopeia das cores
A centopeia saiu das flores e decidiu passear mas logo a andar viu que seus pés estavam sujos de várias cores
A centopeia muito pentelha passou na areia e a tingiu de vermelha
A centopeia que pés esbanja entrou numa meia e a pintou de laranja
A centopeia que é magrela subiu na palmeira e a pintou amarela
A centopeia 13
Da Infância à Inconstância
que nunca se perde passou pela feira e tornou tudo verde
A centopeia que rodou norte e sul foi até a lua e a tornou azul
A centopeia cheia de coxas caminhou pela rua e a deixou toda roxa
A centopeia toda melindrosa teve uma ideia e deixou tudo rosa
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A lagarta e a lagartixa
A lagarta, amuada não queria fazer mais nada além de se esconder nas folhas deliciosas e comer, comer e comer pois não queria que a vissem porque todo mundo disse que ela era feiosa
E se escondendo todo dia a lagarta vivia sonhando em ser logo borboleta
Mas um dia fugindo de um passarinho ela e outros insetinhos esconderam-se numa toca porém, ninguém sabia que aquela toca pertencia à faminta lagartixa
A lagartixa rapidamente papou a joanhinha 15
Da Infância à Inconstância
papou a formiga papou a mariposa e também o grilo...
A lagarta deu um grito e pensou que seria seu fim mas a lagartixa disse que aquilo não poria na sua barriga
A lagarta fugiu feliz correu toda espoleta e escapou por um triz tudo por causa da aparência e dali por diante teve paciência decidiu não ter mais pressa em se tornar borboleta
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A rosa branca
A rosa branca, certo dia ficou tão triste que murchou daí começou a boataria de que a tristeza que nela existia era porque a rosa queria mudar de cor
Mas a rosa branca era única pois naquele jardim não existia mais nenhuma rosa daquela cor com toda aquela brancura sem fim
Um gentil beija-flor, ao saber disso decidiu perguntar por que, mudar de cor, a rosa queria? Saber se ajudar, ele poderia pois carregava consigo a vontade de servir a todas fosse prestando serviços ou apenas dando um ombro amigo
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Da Infância à Inconstância
Então a rosa branca respondeu: “ –As rosas vermelhas, as vermelhas rosas, são tão mais pomposas, são tão mais cheirosas e muito menos espinhosas”
Em seguida, completou: “ – A rosa amarela, a amarela rosa, é tão e tão bela com toda sua cor que a luz do sol reflete nela iluminando o seu redor”
E, por último, emendou: “ – As rosas rosadas, as rosadas rosas são tão charmosas presas nos galhos que parecem chorosas tão manhosas quando recebem o orvalho”
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Depois de ouvir tudo o beija-flor, indignado ficou tão espantado ao perceber que aquela rosa via beleza nas companheiras mas não via como era faceira, não via a beleza pura, linda e maravilhosa de toda sua brancura
Então o beija-flor a escolheu, um beijo logo lhe deu e encheu suas pétalas de vida
A rosa não acreditou que pelo belo beija-flor havia sido escolhida dali por diante fez as pazes com a vida e passou ser conhecida assim: a rosa branca, a branca rosa de todas, a mais formosa por ser única naquele jardim
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Algo Novo
Eu era um garoto Um tanto maroto Vivia deitado Vendo desenho animado. Não fazia mais nada Tinha uma vida parada Preso em minha casa Como peixe em água rasa. Foi quando um dia eu vi Que não queria estar ali Desliguei a televisão E fui caçar outra diversão. Um livro encontrei E decidi: – Eu lerei! Saindo do meu ovo Eu conheci algo novo. Descobri minha paixão Que virou uma meta Pus na cabeça, então, Que seria um poeta!
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Miolos
Alguns não têm cabelos outros não têm piolhos mas o que nos falta em todos nós, pentelhos é miolo queria tê-los no lugar das minhocas
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Da Infância à Inconstância
De tudo um pouco
Eu já fui super-herói, Astronauta e pirata. Eu já fui pra Niterói E viajei numa fragata.
Eu já lutei contra vilões, Dos piores, dos bem ruins, Já disparei canhões Acendendo estopins.
Eu já cacei numa floresta Onde morava uma fera. Eu já participei duma festa Com as fadas da primavera.
Por isso me chamam de louco, Mas sou só um garoto sapeca, Pois já fiz de tudo um pouco Sem sair da biblioteca.
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Eu queria
Eu queria conhecer o mar, Mas só o vi pela televisão, Sentir suas ondas me tocar No momento em que vem e vão.
Eu queria conhecer a lua, Mas ela está tão lá no alto, Só a vejo daqui da rua Quando deito no asfalto.
Eu queria conhecer o mundo, Mas ainda não posso, não! Sou criança, porém lá no fundo, Não vejo a hora de cruzar o portão!
Eu queria conhecer o mar, Mas só o vi pela televisão, Sentir suas ondas me tocar No momento em que vem e vão.
Eu queria conhecer a lua, Mas ela está tão lá no alto, Só a vejo daqui da rua Quando deito no asfalto. 23
Da Infância à Inconstância
Eu queria conhecer o mundo, Mas ainda não posso, não! Sou criança, porém lá no fundo, Não vejo a hora de cruzar o portão!
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J. L. Silva
Família
Eu queria ter uma família! Sempre quis saber como é ter, Uma mãe, um pai e irmãos. Nunca soube direito o que é ser, Amado, protegido e acariciado por uma mão. Muito menos, me ensinaram ou aconselharam, Para que eu não fizesse algo de errado. Nem fiquei de castigo, nas vezes que havia aprontado Nunca foi visitado pelo Papai Noel no Natal, E noutros feriados, não havia ninguém ao meu lado. Não comemorei um único aniversário, E também, nunca fui presenteado. Me apegando a todos no imaginário, Fazendo com que todos que eu conhecia, Se tornassem mais um em minha prole. Nomeei, pais, mães, irmãos, primos e tias, Mas mesmo que isso me console... Eu ainda queria ter uma família!
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Borboletear
As borboletas estão no jardim Alegres, dançam no ar, Pois borboletas são assim, Vivem a borboletear.
As borboletas são tão pequeninas, Lindas, feitas pra amar, Delicadas como as meninas E ambas me fazem voar.
Mas borboletas só fazem o bem E algumas meninas não, Tem aquelas que me fazem refém E borboleteiam no meu coração!
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Poema florido
Ah, meus camaradas as flores são tão engraçadas lindas e cheias de magia que merecem poesia
Pois vejam só as margaridas que são tão queridas pra gente fazer bem me quer ou mal me quer
E os calmos jasmins que estão nos jardins sorriem pra mim numa alegria sem fim
E as tulipas com suas curvas que são como copinhos a receber os pinguinhos de todas as chuvas
E a loucura de um lírio que sempre traz delírio quer queira ou não da primeira paixão 27
Da Infância à Inconstância
E os amores-perfeitos que retiram as dores enchendo os peitos com todas as cores
E a beleza das rosas flores tão misteriosas tão cheirosas e finas quanto o coração das meninas
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Cântico de Liberdade
Da janela onde eu moro Ouço um pássaro canoro; Pesaroso a cantar, Palavras no ar: – Liberdade, eu vos imploro!
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Da Infância à Inconstância
Infância
Vejo crianças a correr; brincar; Pega-pega e pique esconde, Tendo a rua como lar E eu aqui não sei aonde. Vejo sorrisos em seus rostos E ouço várias gargalhadas, Com a certeza eu aposto Que se divertem e mais nada. De repente fico abatido Por eu não poder ali estar Tenho um trabalho garantido E minha infância vai passar...
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J. L. Silva
Meu Eu
Quem conhece seu próprio ser? Não existe mais nada tão intrigante. Poder se autoconhecer, Nem que fosse só por um instante.
Não podemos se decifrar Porque seríamos suspeitos Pois quem iria acreditar Que somos quase perfeitos.
Contarmos tudo o que nos aconteceu Até os fatos impossíveis Duvidariam do que ocorreu: “Mentirosos previsíveis.”
Mas quem é aquele a negar Que absurdos não viveu Coisas que não podem provar, Por que todos podem menos eu?
Vários querem me reprimir Invejam e negam meu eu. Mas venhamos a convir, O meu é meu e o seu é seu! 31
Da Infância à Inconstância
Os Sentimentos
Os sentimentos são meio engraçados Às vezes, acabam a nos ferir Ou nos tornam mais apaixonados, Muitas vezes nos fazem sorrir Como também nos fazem chorar A verdade é que mesmo assim Deles não conseguimos nos separar Colocando-nos num amargo sem fim Sempre nos vertendo em dor Mas deles não devemos abdicar Mesmo que sejam tristezas, magoas ou rancor Pois sem eles não conseguiríamos continuar Somos todos escravos dos sentimentos Nem que não consigamos demonstrar Mesmo sendo eles tormentos Que sempre nos levam a sonhar Dentre esses, um dos piores O sentimento de culpa Pode até parecer um dos menores Mas, vai e vem e nunca caduca Os sentimentos são fatais Mas não podemos lhes dispensar Sem eles não seriamos reais Nos fazem questionar, ou enlouquecer 32
J. L. Silva
A imaginar coisas imorais Podendo de amores morrer Ou de tristeza definhar Mas sem eles nĂŁo conhecerĂamos o viver E jamais poder amar!
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Da Infância à Inconstância
Tenho a rua como lar
A rua, tenho como lar, porém, eu tenho uma casa bem lá no alto da serra que está sempre em guerra, a gritaria me arrasa, por isso, prefiro vagar ao ficar naquela terra.
Eu ando por aí sem rumo, vivo a vida por segundos em que consigo ter paz, mas no meu peito ainda jaz um desgosto tão profundo, que nestes versos, resumo, para não esquecer jamais.
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J. L. Silva
Ruas descalças
Na rua, faço meu lar porém, tenho casa e ela fica numa terra que está sempre em guerra e discussões e gritos me arrasam por isso, prefiro vagar ao ficar nessa terra
Ando por aí sem rumo vivo a vida nos segundos em que consigo paz mas no meu peio jaz um desgosto profundo por diversas causas que nos versos resumo pra não esquecer jamais enquanto sigo por essas ruas descalças
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Da Infância à Inconstância
Sonhos de giz
Os planos que eu fiz, estavam escritos numa calçada, mas eram todos feitos de giz e depois da chuva não restou nada
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J. L. Silva
Sonho meu
Sonho, sonhe meu de ter liberdade sair da cidade e fugir pro céu
Sonho, sonho meu de ser sempre criança cessar essa andança ao voar pelo céu
Sonho, sonho meu seguir meu destino apesar de menino conquistar o céu
Sonho, sonho meu ter meu próprio ninho e ser um passarinho e viver lá no céu
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Da Infância à Inconstância
Lá vem os pinguins
O amor pinguiniano não se acaba com os anos não comete enganos e também não faz planos
então os pinguins é que sabem amar de verdade pois possuem a melhor qualidade porque no seu peito somente cabe esse amor perfeito enfim
queria amar feito pinguim aquele amor único, sem fim porque pinguins viajam no mar e independentemente do tempo que passar
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J. L. Silva
os pinguins sempre voltam pra mim
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Da Infância à Inconstância
Casulos
Se as borboletas soubessem como anda o mundo agora e toda loucura que há aqui que há lá fora não mais sairiam dos seus casulos
melhor informar pra minha lagarta antes que pro casulo, parta e dizer com tristeza que mesmo a sua beleza não pode ajudar
então vamos juntar as habilidades nossas num trabalho conjunto os poetas e as borboletas e, assim, quem sabe se possa mudar o mundo
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J. L. Silva
A curva
O arco-Ăris
que depois
da chuva
mora
apresenta que o
a mesma curva sorriso
da lua
agora
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Da Infância à Inconstância
A Garota da Escola
Na escola onde estudo Há uma garota muito linda E por mais que eu faça tudo, Ela não repara em mim. Mas nunca aprendo, me iludo; Nunca vejo a coisa finda, Insisto mesmo, sou cascudo, Mas logo hoje ela disse sim, E eu acabei ficando mudo.
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J. L. Silva
Tic tac
Todos esperam que aula acabe e o tic tac anuncie o intervalo mas eu me calo meu coração bate todo sem freio
Lá vem o tique lá vem o taque no relógio olhos postos ao ataque
Porque pra mim o tic tac traz mais anseio pois não há nada tão bom quanto te ver no recreio
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Da Infância à Inconstância
Mão Acolhedora
Mão que não nos dá tristezas, e nunca causa dor. Sempre espanta medo e incertezas, com um simples toque de amor.
Toque esse, que nunca se esquecesse, até quando não nos aprova. Com piedade nos aquece, acolhedora, mão poderosa!
Até quando punge desatinos, faz tal ato com carinho. Vai guiando nossos destinos, a mostrar-nos o caminho.
Mão que toca, e toca N'alma. Que apoia até dispersos, que acaricia e acalma, enquanto embala-me em versos!
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J. L. Silva
Sementes
O simples feto vegetal Torna-se beleza real Metamorfose Pura celulose Com aspecto floral.
Finca-se, adentra o chão Germina-se em embrião Enraízam-se E transformam-se Fruto, tronco ou plantação.
Ou converte-se em ervas Em tapetes verdes, relvas Que boniteza Tanta beleza No meio de nossas selvas.
Há magia nas sementes Com terra de nutrientes Com água e ar Vão se transformar Em vidas tão excelentes
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Da Infância à Inconstância
Àqueles
Àqueles que se dedicaram a me educar, Ensinando o valor de pensar e respeitar. Àqueles que me fizeram compreender, Tentando com que eu, aprenda o viver. Àqueles que me mostraram tudo, Enxergando sempre o melhor do mundo. Àqueles que me tornaram forte, Assim pude saber que não era sorte. Àqueles que caminharam comigo, Fazendo-me crer que existem amigos. Àqueles que tentaram me derrubar, Pois sem eles, nunca aprenderia o que é lutar. Àqueles.
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J. L. Silva
O poema gasoso
O poema gasoso vem vagaroso e sem aviso nenhum
o poema gasoso vem pesaroso e sempre vem mais de um
o poema gasoso não é cheiroso mas não é feito de PUM
o poema gasoso tão silencioso mas que é feito de um BOOM
que atinge meu peito assim de um jeito tão misterioso
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Da Infância à Inconstância
e incomum
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Ego
A verdade é que nós todos temos balões. Não de falas, como nos quadrinhos, Nem aqueles que voam, seguindo seus caminhos Mas balões chamados de Ego. Eles são cheio de emoções, pois Buscamos em todos os paparicos, elogios Até os pequenininhos, enchermos nosso ego Para voarmos feitos passarinhos E como são frágeis os passarinhos Vivem a cair dos seus ninhos Assim podemos terminar com o mesmo destino Cair do ninho e quebrar uma asa Por acreditar, que tudo podemos Sem ao menos termos aprendido a voar Pois nosso ego fez-nos crer Que sozinhos conseguiríamos sobreviver Mas como passarinhos podem ser feridos, Balões podem ser perfurados E nossos egos podem acabar estourados Nos colocando em constantes perigos Assim acabaríamos compreendendo, O que nos há de errado? Não, começaríamos os reenchendo
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Da Infância à Inconstância
Para novamente, ficarem inflados E outra vez, acabarem estourados.
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A busca da Felicidade
O amor! Ele é à base de tudo. Mas o amor, não é só amor, Ele é feito de amizade, Carinho, confiança e sinceridade, Essas são as bases do amor, Consequentemente assim, as da felicidade. Acrescentamos bondade, compreensão e humildade. Pois ao fazermos que o amor seja compreendido, A bondade conquista conquiste o carinho da confiança E a humildade abrace a sinceridade Não se esquecendo que a alegria é a chave de tudo E pitadas de paixão não fará mal algum A fé nos move para a sensatez E é quando a sabedoria, A última que chega e que com o tempo que se ganha Junto a ela a generosidade Que abres as portas para a solidariedade. É impossível achar essas qualidades Numa só pessoa, o que já nos responde Que não conseguimos a felicidade sozinhos, Por isso devemos se unir, cada qual, Com seu dom, para assim, alcançarmos A tal almejada felicidade!
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Da Infância à Inconstância
A seta pro seu coração
Eu nunca gostei de retas sempre preferi as curvas das bolas, das fubecas dos molas, das molecas e dos riscos da palma da mão A única reta que seguiria seria a seta que me levaria direto pro seu coração
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J. L. Silva
Culpa do cabeçudo
Minha última paixão deixou-me desiludido arrancou-me o coração enfim, fiquei bem perdido aliás, também vale lembrar que a culpa disso tudo é dessa droga de amor sentimento cabeçudo
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Da Infância à Inconstância
Sorriso
Mais contagiante que um sorriso não existe nada exceto aquele sem aviso a gargalhada ah, como é bom poder ver os sisos da pessoa amada
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J. L. Silva
Papagaios
Aproveite enquanto há tempo pegue a pipa e saia ao relento pois a infância é breve toda criança deve aproveitar cada momento
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Da Infância à Inconstância
Pelo avesso
Queria que a vida pudesse ser vestida pelo avesso
imagine nascer grisalho senhor, e morrer garoto travesso
imagine se as pessoas pudessem ser vistas pelo avesso
beleza seria à toa não necessitaria conquista pra ter seu endereço
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J. L. Silva
Zunzunzum
O zunzunzum no meu ouvido não é comum não é zumbido
esse zunzunzum que toca o peito não traz nenhum som imperfeito
oh, tal zunzunzum que aumenta mais me dê algum minuto de paz
meu zunzunzum vem todo dia é incomum é poesia
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Da Infância à Inconstância
O siso do teu sorriso
Mais contagiante que um sorriso não existe nada exceto aquele sem aviso a tal gargalhada como é bom poder ver o siso da pessoa amada.
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J. L. Silva
À Primeira Vista
A primeira vez que ti Não consegui me controlar Você despertou em mim Coisas que não consigo explicar Um sentimento que nunca conheci Você me mostrou O que pensei ser amor Nem perto disso chegou.
À primeira vista senti Meu coração acelerar A minha maior satisfação Foi poder te encontrar Mais um dia sem você Não poderia aguentar Antes de te conhecer Eu não sabia o que era amar.
A medida que o tempo passou Fazendo isso só aumentar Todo meu mundo mudou Ficando de pernas pro ar O que era uma simples atração Virou uma louca paixão 59
Da Infância à Inconstância
Que passou a me falar Que a esse amor eu deveria me entregar.
À primeira vista senti Meu coração acelerar A minha maior satisfação Foi poder te encontrar Mais um dia sem você Não poderia aguentar Antes de te conhecer Eu não sabia o que era amar.
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J. L. Silva
Coração de Pedra
Há milhares de eras Do solo brota Da imensa crosta O coração da Terra.
Granito resplandecente De única raridade Símbolo da cidade A rocha emergente.
A passagem histórica Da era gelada Na superfície gravada Maravilha geológica.
Monumento de glória Da sublime natureza De intensa beleza Nada simplória.
Digna de preservação De uma arte pura Magnífica escultura, Divina criação. 61
Da Infância à Inconstância
Meu Bom Amigo
É aquele que sempre lhe conforta, E que sempre te apoia, Desde que estejas correto.
É aquele que sempre se importa, E que sempre está na história, E nunca lhe deixa incerto.
É aquele que sempre lhe entende, E que sempre lhe interpreta, É “pau pra toda obra”.
É aquele que lê sua mente, Que sempre te empresta, E nunca lhe cobra!
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J. L. Silva
Divagações
O que tomo por plenitude é coisa sabida de quem vive a vida sem medos, com atitude
O que tomo por amizade é coisa verdadeira algo sem eira nem beira laços de cumplicidade
O que tomo por sabedoria é coisa concreta que só o tempo completa com erros e acertos de cada dia
O que tomo por amor é coisa sem sentido algo ambíguo e perdido estado de pleno da dor
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Da Infância à Inconstância
Meu Povo
Meu Povo é de luta Com suor ganha o pão Não fogem da labuta E vão construindo a nação.
Cidadãos trabalhadores Forjados no sofrimento Enfrentam seus temores Sem sinal de rendimento.
Pessoas simples a batalhar Sempre mantendo a esperança Aguardam a tempestade cessar Para receberem a bonança.
São soldados, são guerreiros Mistura de todas as raças Assim se formam os brasileiros Povo mais forte, Não há quem faça!
Gente honesta e servil Mas de força descomunal És o povo do Brasil Único e sem igual! 64
J. L. Silva
O Perfume
Morena ĂŠs tua pele, Lisa e delicada; Doce odor, expele; Mas ĂŠ ardil cilada.
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Da Infância à Inconstância
Para que fazer guerra
Para que fazer guerra, Se existe o amor? Por mais bela que seja a flor O espinho na carne, enterra.
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J. L. Silva
Sobre viver
Sobrevivemos à ausência, à solidão e ao ciúme! Aos amores platônicos... aos sonhadores! Aos amores mal resolvidos ou perdidos! Sobrevivemos às crises de angústia, de depressão. À falta de compreensão, à falta de experiência. Sobrevivemos ao excesso de informação! Desinformação! Evolução! Involução! À descontinuidade!À dualidade! À ambiguidade! Sobrevivemos à manipulação, à ignorância, à incompreensão, à arrogância e ao egocentrismo! Sobrevivemos às destruições de todos os tipos. E sobre o “VIVER”? Sobre o aqui, o agora! Esquecemo-nos de VIVER, preocupando-se em SOBREVIVER! Vivendo menos e sobrevivendo mais! E assim, sobrevivemos a quase tudo! Mas será que sobreviveremos a nós mesmos?
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Da Infância à Inconstância
Alquebrado
O penar da saudade Jaze no meu coração. É a mãe da crueldade, O resquício de paixão.
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J. L. Silva
Sublime amor
És tu sublime amor, satisfação adquirida. És tu perfeita flor, doce aroma da minha vida!
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Da Infância à Inconstância
Separação
Existe várias formas de separação Há aquelas que você não quer aceitar E aquelas que você nem vai ligar, Mas tem as que mexem com o coração.
Há também as que não deveriam acontecer E as que mereciam se acabar Mas justos essas que deviam ocorrer Insistem em nossos peitos morar.
Tem aquelas que nos fazem chorar, E no amor parar de acreditar. Mas devemos sempre compreender, Que a vida continua, e não devemos parar de viver.
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J. L. Silva
Amizade Pura
Se as amizades mais puras Que no peito moram Os olhos insensatos censuram E a que tudo devoram.
Se as ternuras e a inocência Da confiança não lhe agrada No fundo de tua essência Há tristeza amargurada.
Com impetuosa agonia Tua alma implora Nos teus tenebrosos dias Aquilo que tudo consola.
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Da Infância à Inconstância
Ecos da Paixão
Ecos de paixões vividas Ficam em nossas lembranças Não podem ser banidas E nos dão mais esperanças.
Corações abatidos, Não conseguimos nos controlar Sentimentos já esquecidos Retornam a nos assombrar.
Acontecimentos passados Tornam a acontecer, Ecos de amores curados Fazem-nos adoecer.
Esses amores vencidos Que insistem no peito morar, São dores de corações partidos Que adoram voltar a machucar.
Assim, novamente decepcionados E sem chances de prosseguir o viver, Pois poucos amores acabados Conseguem, outra vez, renascer. 72
J. L. Silva
Clamor Dantesco
Escute o meu cântico Teu simples servo clama, Sou um homem dântico Que tem fé e te ama.
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Da Infância à Inconstância
Do Divino ao Caiçara
Na formação rochosa o vento e o mar desenharam uma obra primorosa que a muitos encantaram.
Dos poetas é a inspiração onde é muito fácil criar versos de admiração que passam a lhe exaltar.
Das ondas que quebram na areia ao belo sol poente, das matas e serranias às gaivotas permanentes.
Teu passado é de glória cultura antiga, rara. Tua sagrada história do Divino ao Caiçara.
És pedra que canta, chora; de beleza natural. Magnífica e santa 74
J. L. Silva
maravilha sem igual!
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Da Infância à Inconstância
O poema dos lábios
Minha mente ensandecida Nada sabe, nada faz; Do que me vale um cérebro, Se não sadio, sagaz; Do que me serve a vida Com um só anseio, Sem mais desejos. Do que me vale a arte, Se nem ao menos a poesia Compara-se aos teus beijos!
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J. L. Silva
Na Cova dos Leões
Falam de amizade, Sinceridade e confiança Mas em toda oportunidade Me retiram da lembrança.
Tomando minha liberdade Logo me dão a sentença Júri dono da verdade E sem indiferença.
Acusam sem piedade Sem ao menos, me escutar Seguindo a lei da maldade Prontos para executar.
Por mais que isso seja doloroso, Sabendo que não sou culpado, Deixando de ser orgulhoso Ao assumir esse pecado Pois prefiro passar por mentiroso Do que por hipócritas, viver cercado!
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Da Infância à Inconstância
Dádiva ou Maldição
Criaturas imortais Soberanos das trevas De belezas surreais E de almas perversas.
Teus olhos insanos Insistem em me perseguir Malditos seres profanos Que consegue me seduzir.
Arautos da dor De expressões vazias Roubam-nos o vigor E tudo o que fomos um dia.
Dádiva de maldição Que não conseguimos controlar Viramos monstros sem compaixão Que não sabem o que é amar.
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J. L. Silva
Solidão
Oh! Solidão. Que aflige meu peito. Por que me torturas tanto? Adora ver-me em pranto? Feri-me e não tem jeito, maltratas meu coração. Oh! Solidão.
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Da Infância à Inconstância
Sr. Hipocrisia
Pai da inveja e da arrogância, Que crítica e desmerece A razão desaparece Restando apenas a ganância.
Causador de agonias, de intrigas e trapaças alimentando inseguranças tornando vidas mais sombrias.
Se maquia de ironia Ceifando toda a felicidade Distorcendo a realidade Acabando com a alegria.
Sustentado em ignorância Atroz portador do artifício Tornando tudo um sacrifício Causando sempre a discordância.
Se exalta e se elogia Cruel e orgulhosa majestade Inimigo e dono da verdade Infame petulante, salve, salve, o Senhor Hipocrisia! 80
J. L. Silva
A lição do poço
Chamam-me de idiota por querer salvar o mundo pois sempre faço o que posso esse é meu jeito aprendi ser assim alguém que se importa pois quando estive no fundo do mais escuro poço havia sempre algum sujeito a estender a mão pra mim
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Da Infância à Inconstância
Lamúrias de um Sertanejo
Não existe nada nesse mundo Tão belo quanto o meu sertão Sinto um aperto profundo De saudade chora meu coração.
Teus vales e tuas serras Banhados pela luz solar Devasta o verde das terras Fazendo a vida secar.
Mas as chuvas do inverno Renovam tuas folhagens (re)formam-se os riachos Metamorfoseando as paisagens.
A beleza das flores Maravilham qualquer visão Seus matizes de cores Enchem-nos de emoção.
Oh! Cariri que tanto me encantas Uma última vez desejaria lhe ver Pois está vida já me cansas Não nasci para na cidade grande viver. 82
J. L. Silva
Menina Mulher
Teu corpo és escultural Símbolo de todo o pecado Com um rosto angelical Magnífico e delicado.
Em meio aos teus seios Cai-se em tentação Perdem-se até os anseios És a pura perdição.
Possui um ar proibido Consegue enlouquecer Desperta todo o libido Tens o dom de enrijecer.
És menina, és mulher Criatura doce de luxúria Usa tudo como quer Deixando só penúria.
Teu corpo desejo explorar E de tua carne beber A inocência lhe roubar Em um ápice de prazer. 83
Da Infância à Inconstância
Versos Inacabados
Oh!Flor do céu!Oh!Flor cândida e pura! Semeia-se no peito, domina-se o coração. Oh!Flor do céu!Oh!Flor branda de ternura! Exala-se em pecado, toma-se a salvação.
Oh!Flor do céu!Oh!Flor singela e delicada! Desabrocha-se em sentimentos, traz-se em tentação. Oh!Flor do céu!Oh!Flor linda e adorada! Enraíza-se em emoções, faz-se perdição.
Oh!Flor do céu!Oh!Flor alva de maldição! Acalma-se n’alma, dilacera-se e a estraçalha. Oh!Flor do céu!Oh!Flor liberta da paixão! Ganha-se a vida, perde-se a batalha.
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J. L. Silva
Valha-me, Deus!
Valha-me, Deus! Quanta hipocrisia Existe na vida, No mundo, Na tua cria! Em mim, em nós, Em tu, em vós! Tentei entender, queria, Mas quem sabe a tua vontade? O padre, o pastor, A capela, a abadia? O bispo, o frade, O pai, a mãe ou a tia? Ainda me pedes a tua parte, O que fazem com o dinheiro? Carro, mansão, iate e putaria? Quer saber, não importa, Nada terão de mim, Nem uma fatia, Além da minha hipocrisia Em versos e rimas; poesia!
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Da Infância à Inconstância
O tempo e o vento
Ontem ou amanhã? Passado, futuro – Presente imaturo. Tudo o que vem, vai! E o que virá se desfaz Transpassa como o vento E num breve momento Já não existe mais.
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J. L. Silva
Nova Ditadura
Não existe liberdade de expressão E muito menos liberdade de imprensa Notícias não chegam na redação E a comunidade não fala o que pensa Mães com o mesmo semblante Sempre esperando o pior com temor Sons de tiros a todo instante Famílias inteiras convivendo com o horror Jovens e crianças perdidas num mundo Onde a miséria, insiste em viver E com um desgosto profundo, Tememos, a quem deveriam nos proteger Não podemos sair de nossas casas A maldade está em toda parte, O anjo da morte, nos acolhem nas asas Somente esperando que algo nos mate O medo se encontra em todas regiões Tornando as vidas mais duras Tendo a incerteza, alojado nos corações Essas são as realidades, dessa nova ditadura.
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Da Infância à Inconstância
Arrependimento
Como foi bom te conhecer e sempre estar ao seu lado, nos meus braços lhe envolver, nas vezes que havia chorado.
De poder vê-la sorrir e de suas conquistas participar, meus sentimentos dividir e os mesmos sonhos compartilhar.
Havia algo que nos ligava, que nunca esquecerei ao saber que me amava, de repente, me apavorei!
Escondi o que sentia, temendo sentir dor mas esse afeto eu conhecia, sabia que era amor!
Decidi ser só seu amigo não queria lhe causar mal levei esta chaga comigo, matando tal sentimento fatal. 88
J. L. Silva
Agora, com tudo perdido, o fio do remorso nasce, nosso amor deveria ter acontecido Antes que a morte lhe levasse!
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Da Infância à Inconstância
Libertinagem
Desprezo essa tal liberdade conceito falso e confuso também um tanto obtuso decepção que vem com a idade
todo uma utopia falha a impor-nos diversas regras que na verdade não se empregam mas que o povo malha
Contudo, a quem diga que isso é uma desculpa para viver sem culpa pra ser ignorante e causar briga
Prefiro a tal libertinagem que é ser livre de fato sem regras ou tratos que nos impeçam de sermos selvagens
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J. L. Silva
Démodé
Cuspa todos os hinos canções, letras e melodias nada disso têm valia prum bando de suínos
De nada serve o patriotismo pois se teu líder é omisso e não preza o ofício vamos todos pro abismo
Ignore qualquer partido e toda essa cambada pois ninguém vale nada e as ideologias são sem sentido
Somos donos das nossas vidas que vá à merda essa sociedade conceito que passou da idade e anda há muito perdida
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Da Infância à Inconstância
Versos Itinerantes
São todos precursores Homens itinerantes Os propugnadores Das tropas de viajantes.
Conduziam os muares Nas matas e nas trilhas Tornando populares Culturas farroupilhas.
Onde quer que andaram Marcaram o progresso Os seus nomes gravaram Na história está impresso.
São orgulhos da nação Nosso povo guerreiro O comércio e a transação Herança dos tropeiros.
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J. L. Silva
Noites de tormenta
E nas noites mais escuras tenho a lua como amante pensamentos em levante ao sentir saudades tuas.
E nas noites mais singelas quando a loucura me desperta reviro-me entre a coberta e leio sob à luz das velas.
E nas noites mais sombrias naquelas que perco a fé tenho ao lado meu café e afundo-me em poesias.
E nas noites mais que tristes tua voz ao meu ouvido grita consolo-me na escrita e esqueço que tu existes.
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Da Infância à Inconstância
Por que me desprezas?
Por que me desprezas? Que mal te fiz? Não fui rude contigo foi você que não me quis, tornei-me seu amigo e isso não me condiz. Agora mereço castigo, por tentar ser feliz?
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J. L. Silva
Outras formas de amar
Aquele que vive pra amar ĂŠ de Ăndole reprimida eu apenas amo a vida
Deixar levar-se pelo amor e torna-se dependente sua cabeça e sua mente que um dia fora de sonhador fica em estado de torpor vivacidade contido eu apenas amo a vida
Esquece-se do que era vive em prol do sentimento mas que belo fingimento pois sua alma se desespera ao lidar com tais quimeras e realidade esquecida eu apenas amo a vida vivo vida, vivo amor
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Da Infância à Inconstância
Dádivas
Dos secos desertos de areia aos templos de terra e pedra dão vida a tudo que se semeia na caatinga, na mata ou na serra
Dos lindos montes verdejantes aos belos e vastos campos floridos todas as maravilhas incessantes do verde mar de coloridos
Das puras águas cristalinas às salgadas turvas ondulantes das gotas que caem da chuva fina ou das cascatas deslizantes
Do vento que toca a face ao infinito e majestoso céu azul são tudo daqueles que nascem da imensidão norte e sul
Da luz do sol que nos aquece so doce luar de esplendor dádivas que a natureza nos oferece
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J. L. Silva
e os homens nĂŁo dĂŁo o devido valor
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Da Infância à Inconstância
Aqui jaz
Aqui jaz... O dito e o não dito, o grito calado e o sussurro estridente, o silêncio sem fim que corrompe minhas entranhas e faz algazarra em minha mente. As lamúrias do passado de quem um dia dissera: “Nunca me arrependerei de nada!” Aqui jaz... A mentira e a verdade, a sabedoria e a ignorância; todas de uma jornada finda, mas que nunca deixara de ensinar-me, pois a cada dia de escuridão, surpreendo-me com o que o destino tem reservado para mim. Desacreditara de sua existência, por isso, acabei onde estou. A ironia do destino é tão doce e cruel que me faz achar graça daquilo que deveria causar choro. Aqui jaz... O pacifismo e a sanguinolência, a ciência e a religião, a política e a morbidez; estados e sentimentos do mundo que o fazem girar ao mesmo tempo em que o corrompem a levá-lo à destruição. Enfim, a inconstância personificada num’alma fragmentada, perdida e dilacerada. Aqui jaz... A esperança sem sentido, 98
J. L. Silva
um turbilhão infinito de sentimentos que perturbar-me e rouba-me a paz... A mesma que um dia, fiz questão de deturpar, sem remorso algum... Paz que joguei ao vento, cujo maldito, soprara ao longe, somente para me impossibilitar de alcançá-la. Aqui jaz... Aquele que possuía ótima esposa e dois belos filhos, carreira brilhante, carro do ano, propriedades, dinheiro... Porém, hoje, não passa de mera carcaça putrefata e ensandecida numa casa de mármore branco, tão alvo quanto os meus ossos. Aqui jaz... A saudade e a ternura de um ser que um dia fora, insistentemente, feliz. E que, de uma hora para outra, vira sua vida desmoronar. É necessária toda uma vida para se construir um sonho, entretanto, segundos bastam para que tudo isso se acabe, para que a vida se acabe, para que o amor se acabe... Aqui jaz... Deitado num chão frio de mármore de uma magnânima mansão... Um homem desesperado que não vê outra opção senão a morte. Aqui jaz... No fundo meu peito... Um coração partido.
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Da Infância à Inconstância
Na hora da partida
Aquele momento triste, Que antecede a despedida E não há quem o resiste. É a hora da partida!
Situação desconfortante Sentimos-nos sem guarida Sem conseguir ir adiante. É a hora da partida!
Que te deixa cabisbaixo, Sem ânimo com a vida, A por lágrimas abaixo. É a hora da partida!
Não importa o que se faça, Inútil é adiar a tua ida, Pois um dia ela te caça. Bem na hora da partida!
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J. L. Silva
Canção do Exímio
Os teus versos consagraram Nossa terra de belezas; Por onde quer que passaram Mostraram nossas riquezas.
Ainda existem palmeiras, Com sabiás a cantar; As aves ainda gorjeiam, Mas gorjeiam com pesar.
As estrelas permanecem; Os bosques, flores e amores, Tua falta os entristecem E a saudade causa dores.
Todos estamos no exílio; Exílio do seu talento; Um poeta tão exímio Que não sai do pensamento.
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Da Infância à Inconstância
Mãe Natureza
És pura beleza, Concedida pelo Senhor. Oh! Linda natureza, Dê-me todo o seu amor.
Perdoe a compulsiva destruição, Que causamos diariamente. Merecemos punição, Mas, por favor, seja clemente!
O que és tu? Além de mãe atenciosa, A acolher o filho que chora. Acalanta, sempre carinhosa Aquele que te ignora.
O homem te maltrata, Por isso compreendo tua dor A humanidade é ingrata, Mas não merece o teu furor.
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J. L. Silva
A cria
Respiro e vivo poesia, alegre-me ter esse dom cada letra tem seu tom que aos poucos, componho, amor, amizade e sonho, cotidiano, o dia a dia; atĂŠ mesmo os sem maestria no papel, transponho, escrevo tudo, nĂŁo me acanho, escuto atento cada som, separo o ruim do bom e os poemas se criam.
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Da Infância à Inconstância
A dor da saudade
A suprema infelicidade que corrói a alma leva-nos a insanidade e tira-nos a calma
És tu, saudade monstro sem compaixão, a pior dor da humanidade que afliges meu coração
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J. L. Silva
O segredo dos beija-flores
Descobri, certo dia o segredo do beija-flores: eles cultivam poesia que amenizam as dores e transportam alegria Ă s pĂŠtalas sedentas de amores
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Da Infância à Inconstância
Rito
Expresso-me pela poesia como verso e melodia respiro as rimas e bebo obras-primas para escrever no fim do dia
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J. L. Silva
Coração de marfim
De todas as relações que me teve fim a última se impõe pois levou parte de mim
Não era pra ser assim causar tantas confusões meu coração é de marfim mesmo assim se decompõe
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Da Infância à Inconstância
Naco de chão
De tudo o que é mais precioso não há nada melhor que poso num naco de chão para um ancião após caminho tortuoso
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J. L. Silva
Enlaço
Não sei o que fiz pra merecer solidão mas a culpa é minha por ter sido feliz no início, mas agora é vão que um dia continha o seu coração
Não me tenha como louco precisava de espaço porém, ainda te amo só queria respirar um pouco da união, do enlaço porque no ponto que chegamos é hora de um novo passo então, me diga, sim ou não?
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Da Infância à Inconstância
Por te amar demais
Apenas quando tudo chegar ao fim, quando esqueceres completamente de mim, quando chegares ao céu, quando caíres o teu véu, saberás o por que te amo assim...
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J. L. Silva
Meu Sepulcro
Com um tom esquĂĄlido E de olhos cerrados Sozinho e arrefecido No caixĂŁo repousado.
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Da Infância à Inconstância
Espírito selvagem
Desprezo essa tal liberdade, conceito falso e confuso, também um tanto obtuso, decepção que vem com a idade.
É toda uma ideologia falha que nos impõe diversas regras, modos que a sociedade emprega, que se não seguirmos, ela nos malha.
Contudo, há quem diga, que rejeitá-la é uma desculpa para viver sem culpa ao ser ignorante e caçar briga.
Prefiro a tal libertinagem que é ser livre de fato, sem conceitos e tato, que me considerem um selvagem.
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J. L. Silva
Amor marítimo
Quando a conheci meu coração disse: – Será essa daí que amarás, ninguém mais! E assim foi vieste devagar pelas águas do mar e atracaste no meu cais.
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Da Infância à Inconstância
Meias palavras
Não sou poeta de meias palavras uso palavras e meias e digo tudo aquilo que me pede o versar
Se a verdade lhe afeta se tiro no peito lhe crava saia das ameias alheias pois armei o verbo, fi-lo bala certa pra matar
Agora, serei metralhadora e as palavras voarão e atingirão vários peitos tudo será perfeito pois não há um só coração que minha bala não devora
Então me sigam, vamos embora pois já é chegada a hora de mandar as minhas balas de uma vez dispará-las
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J. L. Silva
tudo numa só rajada pra não sobrar mais nada
Vários tiros eu terei mas não vou causar dor pois cada bala que cravarei será repleta de amor
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Da Infância à Inconstância
Da infância à inconstância
Meus primeiros versos eram cheios de magia tudo o que eu escrevia não eram retrocessos
Falavam de sonhos bobagens de criança amores, esperanças não sentimentos castanhos
Porém, com a idade tudo virou lenda e no peito abriu-me fenda depósito de maldades
Hoje meus versos são puros venenos apesar de serenos são letais e perversos
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