Pintassilgo

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PINTASSILGO

Carduelis spinus José Augusto Zanata Revista Pássaros ano 8 nro 4/1/2003 Arquivo Editado em 22/07/2005 Os pintassilgos constituem um grupo de pássaros com 70 formas espalhadas por todo o mundo com exceção a apenas da Oceania. Trata-se de um pássaro muito cantor, de fácil adaptação em cativeiro e muito utilizado na hibridação. Sua alimentação é constituída por grãos, pois é granívoro. No Brasil, temos três espécies de pintassilgos, ou seja, duas espécies e uma sub-espécie: Carduelis yarrellii, o popular baianinho; Carduelis magellanica alleni, o pintassilgo pinheirinho e o Carduelis magellanica ictérica, o pintassilgo comum. O primeiro é encontrado do Nordeste da Bahia para cima. Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e demais estados do Nordeste. O segundo vive na região de Mato Grosso e Goiás. O terceiro é encontrado em Minas Gerais, São Paulo, Paraná e até Rio Grande do Sul. O primeiro, o popular "baianinho", é o menor de todos: com 90mm e cuja cabeça tem apenas a cúpula preta. O segundo, "pinheirinho", é um pouco maior que o primeiro: com 100 mm e com capuz preto. O terceiro pintassilgo é o comum: de capuz preto, cujo peito não é tão amarelo como segundo, medindo 118 mm, é maior de todos. É um pássaro muito cantor, chegando a ser o mais cantor de todos, parando um pouco só na muda, geralmente no mês de abril. O seu trinado, ou seja, “corridinha” ou “repicada”, é muito disputado pelos colecionadores; o de maior valor é o de canto "corridinha metálica". Sua alimentação preferida i uma mistura de: Níger 50% Alpiste 20% Colza 10% Aveia 5% Perila 5% Linhaça, Painço Português e Painço Verde 10%

Não podendo faltar verdura, no caso, almeirão, chicória e até couve. No período de inverno, devemos ministrar-lhes sementes de girassol moídas, que lhes fazem muito bem. Trata-se de uma ave irrequieta e que se estressa facilmente e em seguida sendo atacada pela coccidiose que pode ser mortal, se não for feito um tratamento com um coccidisida num período de seis dias. Esta doença é chamada popularmente de peito seco.


Sua criação no cativeiro é fácil desde que tenha alguns cuidados no acasalamento,, usando gaiolas próprias e uma proteção ao redor dos ninhos. A fêmea só põe ovos se se sentir protegida, fato essencial, pois do contrário, ela não se preparará para postura. Sua postura consiste de 3 a 4 ovos de cor branca, que são chocados por 12 dias em média, saindo os filhotes do ninho entre 14 a 16 dias, devendo ser separados dos pais logo que começarem a comer sozinhos, isto por volta de 35 a 40 dias. Há criadores de canários de cor que usam os nossos pintassilgos para hibridá-los com as fêmeas daquela espécie, visando conseguir os chamados "pintagois", que são híbridos de uma plumagem de cores às vezes muito bonitas e tomam-se, além de bonitos, excelentes cantores. Ambiente O cômodo para a criação é de 3x5m com luminosidade natural, bem ventilado, e através das telhas de vidro do teto penetra o sol, deixando o ambiente agradável e aquecido. Nos dias mais escuros são acesas duas lâmpadas de 100w das 6:00 às 20:00h. As paredes são caiadas, o piso é de ladrilho e de fácil higiene. Nas paredes são colocadas as prateleiras de sarrafos para se encaixar as gaiolas e evitar assim o acúmulo de sujeira. Gaiolas e viveiros As gaiolas usadas são de ferro de tamanho 0,60 x 0,40 x 0,40m, com separação. Os viveiros medem 1,00 x 0,60 x 0,60m, com separação. Os ninhos são de bucha ou corda envolvidos por plantas plásticas. O acasalamento para a criação Após a segunda quinzena de agosto, as fêmeas ficam separadas em gaiolão para que sejam tratadas de maneira a se preparar para o acasalamento e criação. O trato usado para as fêmeas é primeiro areia com suplemento mineral, Vitamina E na água (Quikon E) e duas vezes por semana, farinhada (CéDé Exótico), almeirão, chicória e jiló. Este trato vai até o fim de setembro ou começo de outubro. No início de outubro, começa-se a colocar a gaiola do macho que estiver mais fogoso próximo ao gaiolão das fêmeas. Assim que o macho começa a cantar, observa-se a reação das fêmeas. No início parece tudo normal, após umas três ou quatro tentativas, já se começa a perceber aquela ou aquelas que já estão prontas para o acasalamento. A reação da fêmea que está pronta é a seguinte: ela fica esguia, fina e começa a se aproximar do macho batendo o bico, como que pedindo trato. Assim que o macho se aproxima e a trata, o acasalamento está feito. Retira-se a fêmea do gaiolão e coloca-se num lado da gaiola ou viveiro onde está o ninho e do outro lado, o macho. Começase a fornecer à fêmea capim ou fio-de-corda para a confecção do ninho, às vezes dá-se até algodão cru para fazer o ninho. O macho é solto com ela um pouco por dia. Quando o ninho estiver quase pronto, deixa-se o macho pousar com a fêmea até a postura. Após o segundo ou terceiro ovo, retira-se o macho. No caso, não é aconselhável deixar o macho criando com a fêmea. A alimentação dos filhotes e o trato preventivo contra doença A alimentação dos filhotes nos três primeiros dias consiste de ovo, almeirão e jiló. A partir do quarto dia, acrescenta-se farinhada; almeirão e jiló diariamente, além da mistura para pintassilgo, que é rica em perila. Os filhotes com 14 ou 15 dias saem do ninho e com 32 a 35 dias já estão se auto alimentando. Separa-se os filhotes e continua-se o trato: farinhada, almeirão, jiló e mistura para pintassilgo. Mas na água usa-se um medicamento durante 6 dias. Trata-se de um coccidicida para prevenir a famosa doença do "seca peito" de modo que os filhotes possam ficar mais fortes.

Carduelis carduelís


Paul Richard Wolfensberger Habitat Conhecido popularmente como Pintassilgo Português (Carduelis carduelis), em inglês Goldfinch, em alemão Stieglitz e em francês Chardonneret, é encontrado desde o norte da África, Ilhas Canárias, da Madeira e Açores, passando por toda a Europa até uma parte da Ásia. Existem dois grupos básicos de Carduelis: os Carduelis carduelis e os Carduelis caniceps, e muitas subespécies, por isso notamos a diferença de tamanho e também da presença do preto na máscara e na nuca. Diz inclusive um criador experiente que quanto mais ao norte, maiores são os pintassilgos. Mutações Antes de falarmos incríveis mutações do Pintassilgo Português, não poderíamos deixar de citar a visita que fiz ao maior especialista nesta área, o criador Paolo Gregorutti, que mora na Itália, numa cidade bem próxima da fronteira com a Eslovênia e a Áustria que há alguns anos vem se dedicando à fixação das mutações dos Carduelis, e com sua visão criar combinações dessas mutações. Contamos aqui um pouco de cada uma delas: Pastel - A primeira mutação que surgiu foi a Pastel ou Diluído na Bélgica, em 1989, e é um mutação sexo-ligada. Canela - A Canela surgiu através de uma fêmea capturada da natureza nos anos 90 que Paolo acasalou com um macho grande de Pintassilgo (da região do norte da Europa). Na primeira rodada criou dois machos e uma fêmea. Como é uma mutação sexo-ligada, com dois machos portadores de Canela, já obteve a perspectiva de no próximo ano criar a primeira fêmea Canela nascida em cativeiro. A mutação estava fixada. A característica desta variedade é determinada pela transformação da eumelanina negra na cor marrom acanelado. Albino - Em 1993 surgiu na Bélgica a primeira mutação recessiva (até então todas eram sexoligadas), a Albino, quase toda branca de olhos vermelhos, mantendo o amarelo em parte das voadeiras e a máscara vermelha. Ágata - A mutação Ágata tem um contraste violento de cor e acho que é a mutação mais bonita dos Pintassilgos. Ela surgiu entre 1993 e 1994 na Itália, também vinda da natureza e também é uma mutação sexo-ligada. Isabel - Através do acasalamento entre a Ágata e a Canela, em 1995 surgiu a primeira Isabel, de característica sexo-ligada. A mutação Isabel tem a coloração um pouco mais clara que a Canela. Satinet - Mais uma mutação sexo-ligada, a Satinet surgiu simultaneamente em três criadouros da Europa, em 1996, porém até o início de 1999 só existiam fêmeas na cor e macho portadores. Amarelo Intenso – Foi fixada na Alemanha, em 1997, a primeira mutação dominante, a Amarelo Intenso, e é espetacular, pois o Pintassilgo perde uma de suas principais características que é o contraste com o branco. Como é uma mutação dominante, Paolo Gregorutti prevê que em dois anos teremos uma família muito grande desta mutação, o que é interessante, porque poderemos combinar com a Satinet, Isabel, Ágata, entre outras. Opalino - No ano de 1998, vinda da natureza, surgiu a segunda mutação recessiva, a Opalino. Como é recessiva, Paolo já fez vários portadores, fixando assim a mutação. Segundo ele, existem inúmeras expectativas de combinações de mutações com a Opalino, particularmente


com a Canela, Ágata e Isabel. A Opalino Ágata e Opalino Isabel deveriam mostrar-se com referência às cores todas novas, ou seja, extremamente claras. Eumo - A mais nova mutação do Pintassilgo Português é a Eumo, recentemente capturada da natureza, e é também uma mutação recessiva, como nos canários, podendo ser combinada com as cores já existentes. Conclusão A expectativa é muito particular Tendo o "Cardenalito" praticamente todas as cores básicas de mutações, podemos fazer entre elas em 10 anos o que foi feito nos canários em 150 anos, mas Paolo vai mais além e diz que talvez consigamos até descobrir alguma combinação e explicarmos o que ainda hoje é um mistério com relação aos canários. Seleção Revista Animal Pet José Augusto Zanata – é criador de Pintassilgo Paul Richard Wolfensberger – é criador de Agapornis


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