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Eduardo Viana «Guitarra Minhota» 1943, 164 cm x 124 cm, óleo sobre tela Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea Nº de Inventário: 1061 Exposições: 8º Exposição de Arte Moderna (SPN, Lisboa, 1944) III Biena do Museu de Arte Moderna (São Paulo, 1955) Exposição Universal – Pavilhão Português (Bruxelas, 1958) Exposição Retrospectiva da obra do pintor Eduardo Viana (SNL, Lisboa, 1968) «Meio Século de Arte Portuguesa» (1900-1950) (MNAC, Lisboa, 1980) «Os anos 40 na arte portuguesa» (FCC, Lisboa, 1982) «Cem anos de pintura: o 1º Modernismo» (Macau, 1987) «MNAC: Colecção de Pintura Portuguesa (1842-1979) (Palácio de Queluz, Lisboa, 1989-1990) «Esplendores de Portugal: Cinco séculos de Arte (1450-1950)» (Museu de Arte de Fuji, Tóquio, 1999)

O começo da obra bem como o seu contexto trata-se de um mistério, à semelhança do período que antecedeu à obra. A obra fora realizada após o regresso definitivo do pintor da Bélgica, em 1940, devido às consequências da guerra mundial, iniciando assim a última fase da sua obra. O contexto em que se insere permanece um mistério, pois, pouco se sabe sobre o decénio que passara no estrangeiro, tanto em Paris como na Bélgica. Existe toda uma lógica no deslocamento que passam por motivos económicos, pela procura de uma vida mais barata e alguns receios ao fisco, mas também pelo desenvolvimento da própria personalidade do pintor, que não se identifica com a evolução intelectual da pintura francesa dos anos 30. Da Bélgica apenas podemos denotar o contacto que Viana tomou com Constant Permeke, que acaba por influenciar o pintor pela sua “expressão sólida e eternizável” (p.148) O pintor deixa para trás as temáticas de pintura praticadas do grande período de 1920-25 e dedica-se à natureza-morta, constituindo praticamente a totalidade da produção de Viana desse período. Tratou-se de uma fase pictórica que se prolongou até ao final da vida do artista, marcada por raras presenças em exposições colectivas, como é o caso da «Galeria de Março» (1953). José Augusto-França ao caracterizar os objectos das suas naturezas-mortas define-os como “indiferentes ao pintor que, sem qualquer emoção lírica, os banha numa atmosfera


de carnalidade gostosamente explorada” (J.A. França A arte em Portugal no Século XX, 1974, p. 149) onde “cada objecto está pousado com o seu peso” procurando explorar somente a forma, com “uma espécie de cruel indiferença ao comportamento das coisas e dos seres. A preferência pela natureza-morta prova isso mesmo” (Eduardo Viana (1969), p.10). Afirma ainda que Viana pintava “como quem pega no garfo e na faca” (este último J França Da Pintura Portuguesa, 1960, p.79) A «Guitarra Minhota” acaba por revelar a sua qualidade plástica e definindo a corrente de pintura de Eduardo Viana, conjugando valores da pintura de Cezanne, presentes desde a sua fase anterior, conjugados agora com o expressionismo plástico de Permeke após a sua segunda estadia no estrangeiro. A obra apresenta-se inacabada, traço característico das obras finais de Viana, que acabava as obras “com dificuldade – ou preferindo decerto não os terminar” (J França, a arte em Portugal no século XX, 1974 – p.149). As frutas apresentadas no segundo plano, sob a cadeira de madeira, trata-se de um elemento comum a outras naturezasmortas do autor deste período. No caso do torso encontramo-la exposta no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, denotando alguma erudição por parte do pintor.

A obra, pertencendo ao acervo do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, encontra-se na exposição permanente, embora alternando a sua presença com outras obras consonante as exposições, localizando-se na sala dedicada ao Modernismo, juntamente com outros pintores modernistas portugueses, contemporâneos de Viana.

Incorporação: Compra, adquirida pelo Estado. Origem/Historial: Obra datada de 1943, que no início de 1944 é comprada pelo Estado e até aos dias de hoje encontra-se instalada no Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea. Tem sido presença habitual em várias exposições nacionais e internacionais.


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