REVISTA PREGAÇÃO & PREGADORES

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S S O OIRA D D E A UA EN TAFERR T A T ECON ANONADILS C . E PR A Revista de quem deseja pregar com excelência a Palavra de Deus | Edição Especial Missionária | Janeiro de 2012

CONECTE SUA IGREJA COM MISSÕES JACI MADSEN

MISSÕES: ALCANÇADOS, ALCANCEMOS! PR. JOÃO MARCOS B. SOARES

Pregação & Pregadores |

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carta ao leitor

Pregação missionária & Pregadores missionários É com satisfação que a OPBB, em parceria com a Junta de Missões Mundiais, faz chegar a suas mãos esta edição extra de nossa revista, feita especialmente para Pastores e Pregadores. Esta edição, além de ser entregue a cada assinante, integrará o kit da Campanha 2012 que a JMM envia a todas as igrejas que promovem Missões Mundiais. Louvamos a Deus pela iniciativa de Missões Mundiais que, sempre atenta a oportunidades e estratégias que auxiliem na propagação do Evangelho, nos honrou com a proposta desta inédita parceria. Temos convicção que esta edição contribuirá para que a JMM alcance suas metas de evangelização para 2012. Somos gratos a Deus pela obra missionária mundial dos batistas brasileiros. Temos conhecimento pelos relatórios que, contando com o apoio das igrejas e crentes brasileiros, ao longo de 2011 o esforço coordenado pela JMM resultou no atendi-

mento de mais de 6.400 crianças, realização de cerca de 1.500 batismos e capacitação cerca de 2.000 líderes através de seus 643 missionários espalhados nos mais de 60 países onde atua. Sabemos que isso ainda é pouco diante dos desafios mundiais de evangelização. Porém, tenho convicção que nós, pastores e pregadores, ao nos envolvermos na mobilização por Missões Mundiais, estaremos influenciando nossas igrejas, contribuindo para que os resultados sejam cada vez mais expressivos na propagação do Evangelho de Cristo, o único que dá a paz que liberta. Compreendemos que falar de missões e estimular a igreja a se comprometer com a obra de evangelização é uma tarefa de cada pregador, por esta razão aceitamos o desafio de publicar esta edição especial em parceria com a JMM. Jesus disse: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.18), o que significa que devemos fazer Missões, levando a mensagem de Cristo aos outros. Nesta edição extra de Pregação & Pregadores, você encontrará inspiração através de entrevista, artigos, testemunhos e sugestões de sermões que vão apoiá-lo no despertamento e envolvimento de sua igreja com a evangelização de povos que vivem em diferentes partes do mundo precisando de salvação e libertação. Rogo ao Pai que cada pastor e pregador tenham seu compromisso com a evangelização do mundo renovado e aquecido através desta leitura. Éber Silva Presidente da OPBB


ISSN 2236-7624

Revista editada pela A Revista de quem deseja pregar com excelência a Palavra de Deus | Edição Especial Missionária | Janeiro de 2012

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Carta ao leitor

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Boas-vindas

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Pregação missionária & Pregadores missionários

Ide... Pregai! Capa Conecte sua igreja com missões Entrevista Joed Venturini Mandato cultural e missões transculturais Família

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Homilética

SUMÁRIO

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– Os asiáticos precisam de Cristo – Como pregar sobre missões Recursos Sermões temáticos | Missões no púlpito – Eles precisam de Cristo – Vocacionados: chamados para levar a paz que liberta – Avaliando nossas atitudes diante dos povos não alcançados – Por que os povos precisam de Cristo? – As motivações da igreja para anunciar Cristo, a paz que liberta – Para alcançar países anticristãos – Como os islâmicos veem o Ocidente – Panorama mundial da perseguição religiosa – A importância da oração na obra missionária mundial

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Estante

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Reflexão

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A importância da família na obra missionária

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Conquistando o direito de ser ouvido

Pregadores atualizados, antenados e conectados Apelo Missões: Alcançados, alcancemos!

Rua Senador Furtado, 56 Praça da Bandeira - 20270-020 Rio de Janeiro -RJ – Brasil Presidente Éber Silva Diretor Executivo Juracy Carlos Bahia Editor Lécio Dornas Redatores desta edição Ailton de Faria (20975/DRT/RJ) Marcia Pinheiro (22582/DRT/RJ) Willy Rangel (31803/DRT/RJ) Projeto Gráfico GSW l www.gsw.net.br Diagramação e Capa Equipe JMM Colaboradores desta edição João Marcos B. Soares Lauro Mandira Jaci Madsen Adilson Santos Renato Reis Mayrinkellison Wanderley Nilcilene Figueira Henrich Friesen Aléksei Faria Dawei Joed Venturini Carlos Henrique Ribeiro Cláudio J. F. de Souza Davi Botelho Edison Queiroz Gabriel Azam Lécio Dornas Éber Silva Tiragem 12.500 exemplares Proibida a venda desta edição especial Pregação&Pregadores Edição Especial Missionária é uma publicação da OPBB em parceria com a Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores, não representando necessariamente a posição dos editores. Reprodução permitida mediante citação da fonte. Publicidade JMM e OPBB Assinaturas e Vendas contato@pregacaoepregadores.com.br www.pregacaoepregadores.com.br www.opbb.org.br


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OUÇA

SINTA

Um espaço para refletir, ouvir, sentir e falar sobre vocação

7 a 10 de JUNHO de 2012 Estância Árvore da Vida - SP

facebook.com/simtsv Pregação & Pregadores |

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boas-vindas

Ide... Pregai!

“ O evangelista Marcos, ao registrar a grande comissão, usou o verbo “pregar”: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15). O verbo grego usado é κηρύσσω (kerússo), que significa “anunciar como um arauto”. Então, as boas novas precisam ser mesmo proclamadas, anunciadas, pregadas! Está, pois, estabelecida a ligação direta entre pregação e missões. O ide pressupõe a pregação e dela, em hipótese alguma, pode prescindir. Por outro lado, e isso é muito interessante e importante, cada vez que a Palavra de Deus é pregada, a obra missionária está sendo realizada. Assim, o nosso coração está cheio de alegria com esta edição extra de Pregação & Pregadores, 6

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que traz um foco bem claro na obra missionária que os batistas brasileiros realizam, graças à sábia e estratégica ação da nossa querida Junta de Missões Mundiais. O leitor será muito abençoado com o que encontrará nas páginas que seguem. É maravilhoso, por exemplo, ver o que Deus pode fazer com um médico que se coloca em Suas mãos (Entrevista); bem como é revigorante ler o que uma missionária construiu em precioso livro, em termos de reflexão teológica e missiológica, de natureza crítica, na busca de paradigmas mais seguros para o fazer missionário contemporâneo (Estante). Isso sem mencionar o que há de rico nesta edição extra, nas áreas enfocadas pelas seções da revista. Merece referência e é motivo de louvor a Deus, a bênção que tem sido a obra que Missões Mundiais tem realizado no cumprimento de sua missão; assim como destaque esta parceria maravilhosa entre a JMM e a OPBB, que viabilizou a publicação desta edição extra. Nossa oração é que esta parceria perdure por muitos anos. Pregação & Pregadores tem a honra de cooperar com Missões Mundiais abrigando o conteúdo missionário rico e de grande valor que marca esta edição. Deus seja louvado! Boa leitura! Lécio Dornas Editor


capa

conecte sua igreja com

missões maravilhoso ver pessoas de diferentes etnias adorando a Deus e proclamando o nome de Jesus como seu Salvador. É maravilhoso lembrar que no exato momento que você está lendo este texto, centenas de missionários em diferentes partes do mundo têm a oportunidade de testemunhar e falar da maravilhosa graça de Deus. Missões Mundiais tem se dedicado a estudar culturas e valores de povos não alcançados, procurando conhecer mais sobre esses grupos que vivem distantes do Evangelho. O resultado dessas pesquisas, regadas com muita oração, pode ser visto através das estratégias utilizadas na apresentação da mensagem da paz libertadora que só Cristo dá. É inegável que a soma dos esforços missionários para a evangelização do mundo nos permite crer que, dentro de alguns anos, chegará o tempo em que todos terão ouvido falar de Jesus. Porém, até que che-

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gue essa hora, estaremos somando esforços, falando e testemunhando do amor de Cristo aos milhões que ainda não o conhecem. Participe e envolva sua igreja com Missões Mundiais. Em 2011, tivemos o apoio de quase 6.000 intercessores, registramos 18.062 decisões por Cristo, 2.338 batismos, 39 novas igrejas plantadas, 1 novo campo missionário aberto (República Centro-Africana), 1.352 frentes missionárias É PRECISO • CONHECÊ-LOS • Saber ONDE ESTÃO • ORAR com fé, esperança e amor • CONTRIBUIR por amor a eles • IR ao seu encontro • Compartilhar nossa ESPERANÇA

PARA ESTREITAR ESSE RELACIONAMENTO, SUA IGREJA PODE: • ADOTAR um missionário ou projeto • ORAR por esses homens e mulheres • ESCREVER e corresponder-se por carta ou e-mail • CONVIDAR os missionários para falar em sua igreja quando estiverem no Brasil1 • PARTICIPAR de uma caravana missionária2

abertas, entre núcleos de estudo bíblico, células e congregações, 121 novos missionários passaram a integrar o quadro de obreiros da JMM. Temos fé que neste ano de 2012, a obra missionária crescerá

Entre em contato com o setor de Promoção da JMM: promocao@jmm.org.br Entre em contato com o setor de Voluntários da JMM: voluntarios@jmm.org.br

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ainda mais através do aumento do número de intercessores, do apoio financeiro dos crentes, de novos missionários que serão enviados a novos campos e dos novos projetos que serão implementados com as bênçãos de nosso Pai, para que a Palavra de Deus seja difundida até os confins da terra. CONECTE SUA IGREJA COM MISSÕES MUNDIAIS Conhecer a realidade vivida por um missionário, saber de seu cotidiano, sonhos e ministério, aproxima os membros da igreja dos desafios da vida missionária. CONECTE SUA IGREJA

“Em 2011, tivemos o apoio de quase 6.000 intercessores, registramos 18.062 decisões por Cristo, 2.338 batismos e 39 novas igrejas foram plantadas” ORE lidade de povos distantes. Incentive o líder de crianças de sua igreja a participar da Campanha de Missões Mundiais.

• Ore diariamente pelos não alcançados

COM PROJETOS E MISSIONÁRIOS Qualquer igreja evangélica no território brasileiro pode solicitar um congresso CONEXÃO MISSIONÁRIA à JMM, através do qual nossos Missionários Mobilizadores apresentam projetos e programas de Missões Mundiais, e também fornecem orientações e treinamento que apoiam o fortalecimento da VISÃO MISSIONÁRIA entre membros e líderes. CONECTE AS CRIANÇAS COM MISSÕES Mesmo os mais novinhos podem se envolver com missões através de histórias e materiais criados especialmente para eles. A curiosidade e espontaneidade dos pequeninos fazem desse grupo uma ferramenta especial nas mãos de Deus para a motivação e envolvimento de suas famílias com os desafios missionários. Crianças gostam de criar materiais para promover missões, gostam de orar, doar e conhecer a rea8

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Quer ver Deus agindo entre todos os povos da Terra?

CONECTE SUA IGREJA COM

• Ore pelos missionários

A JMM JOVEM

• Ore pelo despertar de vocacionados

Ao participar das atividades da JMM JOVEM, a interface JMM com as novas gerações, jovens e adolescentes têm a oportunidade de refletir sobre sua vocação e sobre missão. Seja participando de um EXPRESSO JMM JOVEM, um EXPERIENCE ou de uma VIAGEM MISSIONÁRIA, os jovens de nossas igrejas têm aprendido a usar sua vocação para honra e glória de Deus, o que tem contribuído para a formação de uma geração madura e sensível às necessidades espirituais e materiais do próximo, mesmo que o próximo viva a milhares de quilômetros de distância.

Jaci Madsen Gerente de Comunicação e Marketing da JMM jaci.madsen@jmm.org.br

Vamos impactar o mundo com nossas orações.

CONTRIBUA Suas ofertas permitem que hoje 700 missionários de Missões Mundiais compartilhem o Evangelho com pessoas que carecem da paz que só Cristo dá. As ofertas através do PAM (Programa de Adoção Missionária) e da Campanha do Dia Especial de Missões Mundiais permitem a manutenção dos programas e projetos existentes, bem como a abertura de novos campos missionários.


entrevista

Mandato cultural e missões transculturais Joed Venturini: um médico no campo missionário

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ilho de pais missionários, casado com neta de pastor, veia de escritor, formado em Medicina com pós-graduação em Portugal, Joed Venturini foi missionário em Guiné-Bissau – África, atua como orientador espiritual dos missionários de Missões Mundiais no Leste Europeu, pastoreia a Terceira Igreja Batista de Lisboa, onde vive com a família e administra sua agenda de forma a continuar exercendo a Medicina como um canal para compartilhar o Evangelho e ganhar almas para Cristo. Abaixo, trechos da entrevista concedida à edição extra de Pregação & Pregadores. Como foi a preparação para seguir para a áfrica e como se deu a definição de Guiné-Bissau como campo missionário?

JV – Ao levarmos essa sugestão de Guiné-Bissau à Junta de Missões Mundiais, o Pr. Waldemiro Tymchak (então Diretor Executivo) nos disse que o país estava nos planos da Junta. Além do mais, o Instituto de Medicina Tropical, onde fiz minha pós-graduação, sustentava o Centro de Medicina Tropical em Bissau, a capital da Guiné-Bissau. Isso serviu como uma confirmação que era mesmo esse campo onde devíamos servir a Deus. Também todos os dias, nas aulas, eu ouvia falar sobre o país. Nossos professores falavam sobre as doenças encontradas na África e suas experiências práticas foram vividas também naquele país. Sentimos, mais uma vez, que isso era resposta de Deus para irmos para Guiné-Bissau.

Joed Venturini – Passamos oito meses no Brasil na expectativa de definir um país na África. Contatamos vários campos e países, organizações missionárias, hospitais evangélicos na África e não tivemos uma resposta positiva. Para sermos enviados para um campo africano, a Junta nos possibilitou fazer uma pós-graduação em Medicina Tropical, em Portugal. Fomos para os Açores, que se tornou nosso primeiro campo missionário. Oramos muito sobre o assunto e, pela primeira vez, nos veio à mente: “Guiné-Bissau”. Umas das coisas interessantes em Missões, e que aguça a curiosidade das pessoas, é essa questão da definição do lugar específico, onde o missionário sente que Deus o quer atuando. Como Deus confirmou Guiné-Bissau? Pregação & Pregadores |

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A precariedade da assistência médica em Guiné-Bissau

Em Guiné-Bissau, quais foram as primeiras percepções e decisões para o cumprimento da missão? JV – Ao chegarmos, percebemos que no país havia diversos povos diferentes. Sabíamos que para sermos eficazes, teríamos que escolher somente um para evangelizar, pois não poderíamos evangelizar ao mesmo tempo três ou quatro povos diferentes, pois cada um tem a sua língua e cultura próprias. Em Guiné-Bissau vivem mais de 20 povos diferentes, com rivalidades entre eles e muitas dificuldades em conviver. Assim, escolhemos trabalhar entre os fulas. Quem são os fulas, por que decidiram trabalhar com eles e como foi o início da ação missionária entre eles? JV – Os fulas são um povo muçulmano ainda não alcançado pelo Evangelho e formam a maior etnia do país. Quando ali chegamos existiam somente seis crentes fulas no país e nenhuma igreja evangélica entre eles, apesar da nação fula ser composta de 40 milhões de pessoas espalhadas em 17 países africanos. Percebemos que se um fula guineense se converte, e é preparado, ele poderia pregar na sua própria língua a 12 nações diferentes! 10

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Quando trabalhava em Guiné-Bissau não tinha como saber se um paciente estava com tuberculose ou não. Então, qualquer suspeita da doença, tínhamos que pedir à pessoa para ir a um hospital que ficava na capital para tentar tirar uma radiografia. Mas, para conseguir o resultado de uma radiografia demorava um mês ou mais. Com isso, ao primeiro sintoma da doença, dávamos um antibiótico para começar o tratamento. Se assim não procedêssemos, o paciente com tuberculose podia morrer em menos de 15 dias. Nas tabancas (pequenas aldeias) a situação era ainda pior, porque eles estão no meio do mato. As pessoas não tinham condições de tirar uma radiografia na capital, por ser muito caro. Outra curiosidade é que as mulheres não usavam nada de vidro. Em suas casas tudo é de plástico ou de alumínio. As famílias evitam ter coisas de vidro porque se uma criança o quebra e se corta, ela não tem nenhum medicamento. Por não ter gaze e nem onde comprá-la, é muito comum uma criança ferida morrer de tétano. No interior do país não há vacina antitetânica; o único lugar onde tem a vacina é na capital, e em um único hospital. Além disso, ela era fornecida por uma ONG estrangeira que, às vezes, faltava. Também não tinha soro antiofídico apesar de ter muita cobra. Nos instalamos em Bafatá, uma cidade formada por 90% de fulas, perto do Instituto Bíblico; ali começamos a dar aulas para animistas convertidos. Nós trabalhamos muito para mudar a mentalidade daqueles alunos. Queríamos que eles abrissem sua visão missiológica, para que falassem para os outros sobre Cristo. Mesmo que eles não pudessem falar do Evangelho aos muçulmanos – porque há uma barreira muito grande para eles – que falassem a outras etnias que ainda não foram alcançadas. Como missionários cristãos, como foram recebidos e tratados em Bafatá pelos muçulmanos? JV – Como missionários, não enfrentamos hostilidade dos muçulmanos, até porque o islamismo em Guiné-Bissau é muito superficial. No país existe muito


ainda do animismo e não há aquele fanatismo próprio dos países do Norte da África e do Oriente Médio. Os muçulmanos estão muito arraigados pela sua tradição, embora não conheçam bem o Alcorão. Mas eles julgam-se superiores aos outros pelo simples fato de serem muçulmanos. Se acham melhores do que os animistas porque esses, coitados, são uns povos que fazem sacrifícios... eles já ultrapassaram essa fase, já não são bêbados, já não comem carne de porco. E o médico-missionário precisou entrar em campo? O fato de ser médico fez diferença na evangelização dos muçulmanos? JV – Para a honra e glória de Deus, pude usar minha profissão para adquirir medicamentos na capital Bissau. Como médico podia adquiri-los por um preço muito acessível devido aos programas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que faz com que os medicamentos cheguem. Conseguia assim os medicamentos essenciais por um preço muito barato. Então nós comprávamos os medicamentos e levávamos às aldeias, onde realizávamos as consultas, dávamos os remédios e pregávamos o Evangelho. Tudo isso foi possível porque passamos mais tempo nas aldeias, convivendo com o povo e nos tornamos amigos das pessoas. Assim, através da amizade, pudemos transmitir a mensagem de salvação de uma forma mais clara possível. Esta estratégia funcionou muito bem e, através dela, muitos ouviram a Palavra de Deus, foram salvos, libertos por Cristo e abençoados fisicamente.

De acordo com sua experiência em Guiné-Bissau, o exercício do mandato cultural em Missões transculturais gera bons resultados? JV – Basta dizer que, ao sairmos do país, deixamos organizada a Igreja Batista, a Escola Batista e a Clínica em Bafatá. Além disso inauguramos a Rádio Jam Jamma, (que significa paz par o povo) que vai ao ar em nove línguas (crioulo, português, francês, inglês, uólofe, fula, balanta, árabe e mandinga), alcança, além de Guiné-Bissau, Senegal e Guiné. E tudo começou com a utilização de serviços na área de Educação e da Medicina. Essas são ferramentas, poderosas, que servem como estratégias para alcançar os não alcançados em qualquer parte do mundo. Qual sua mensagem a tantos profissionais que ainda não se aperceberam que podem usar sua profissao para cumprir a missão ou a grande comissão? JV – Minha mensagem é essa visão bíblica tão necessária hoje – a vida cristã é para cada dia e cada atividade e cada profissão. A medicina é um meio poderoso para a pregação da graça, mas as outras profissões também o são. Professores, advogados, engenheiros, vendedores, pedreiros, motoristas de táxi, e tantos outros, podem ser instrumentos poderosos da graça o dia que entenderem que a profissão que o Senhor lhes deu é para o louvor da sua glória e para a salvação de vidas. Sejamos bençãos íntegras e integrais.

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família

a importância da família na obra missionária Pr. Aléksei Rodrigues Faria

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eve ter sido difícil o tempo em que uma igreja, ao convidar um pastor, perguntava-lhe o que sua esposa e filhos poderiam fazer no ministério. Era como que se estivesse definindo as funções dos membros da família, sem que todos os membros estivessem presentes. Como família, temos procurado viver um pouco diferente no campo missionário. Claro que, como pastor, meu desejo é que todos de minha família sirvam a Deus. Mas a grande questão não é como eu quero que eles O sirvam, e sim como Deus quer utilizar a vida deles. Por isso, teremos de voltar um pouco no tempo para que você entenda melhor o que estamos vivendo no campo missionário. Ainda solteiro, mais ou menos há 20 anos, eu era um jovem crente que desejava servir a Deus de uma forma especial e mais intensa, porém, não tinha convicção de meu chamado 12

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“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?)” 1Tm 3.1 a 5 pastoral e muito menos de missões. Minha preocupação então era me casar com uma jovem que tivesse o mesmo desejo, pois sabia que para realizar a obra de Deus exigiria um lar unido neste propósito. Felizmente, como sempre, Deus foi cheio de graça e me deu a Ana Paula. Neta e filha de pastores batistas missionários; ela ajudava seu pai e sua mãe na igreja. Conhecemo-nos em um projeto missionário que tínhamos na Universidade Federal de Uberlândia/MG. Desde o início de nossa amizade fomos envolvidos

com missões. Depois de percebermos que Deus tinha um propósito em nossas vidas, namoramos, ficamos noivos, casamos e tivemos três filhos: Davi (14 anos), Ana Raquel (8) e Miriã (6). Quando nos mudamos para Goiânia, ainda tínhamos somente o Davi. Lá fomos participar da Igreja Memorial, cujo pastor era Paulo José da Costa, o pai da Ana Paula. Um verdadeiro visionário em missões, que nos ensinou muito. Logo nos primeiros anos, em Goiás, começamos a abrir frentes de


Filhos de missionários: uma força a mais no campo Um dos grandes reforços na obra missionária nos campos são os filhos de missionários, conhecidos como FMs. Débora Medeiros Chagas (9 anos) é um bom exemplo disso. Ela é filha do Dr. Humberto e da Dra. Elisangela Chagas e tem um irmão, Jonathas (13 anos) e uma irmã, Priscila (6 anos). A família mora em Dacar, capital do Senegal/África. Seus pais usam a profissão para ajudar as pessoas e evangelizar – ele é médico ortopedista e ela dentista. Débora Chagas relata: “Minha mãe faz um trabalho, todas as semanas, com os filhos de missionários brasileiros, com idade entre 6 e 11 anos, que estão no Senegal. São 10 crianças. Ela sempre fala para nós da importância de sermos luz na escola. Eu também procuro evangelizar minhas coleguinhas, falando de Jesus ou de alguma forma diferente. Um dia desses, quando estava indo para a escola, coloquei minha Bíblia dentro da mochila. Minha mãe quis saber por que eu estava levando a Bíblia para a aula. Expliquei que estava fazendo estudos bíblicos com três amiguinhas, juntamente com a Sophia, que é uma outra FM. Às vezes fico triste, pois quando estou falando das coisas de Deus, uma amiga fica rindo e tentando distrair as outras. Tem uma que é católica e falando do catecismo e uma outra, que fazia parte do grupo, me disse que é muçulmana. O pai dessa muçulmana lhe disse que aquilo não era bom (estudar a Bíblia). Precisamos orar por elas para que, de alguma forma, suas ‘vidinhas’ sejam marcadas pela Palavra de Deus.”. Em Guiné-Bissau, também na África, o casal missionário Freddy e Elaine Ovando é abençoado com o envolvimento de seus filhos, Isabella

e Breno, na obra missionária. Veja o depoimento de Isabella Cristina Ovando (11 anos). “Aqui em Guiné-Bissau tem muita coisa diferente do Brasil. Fico triste em saber que as meninas daqui casam cedo. Elas são obrigadas pelos pais a casar, às vezes, com alguém bem mais velho (um homem de 60 anos!). Outra coisa triste é que algumas crianças são entregues aos marabus (professores muçulmanos que ensinam o Alcorão), que também batem nelas e as obrigam a pedir esmolas. Apesar das dificuldades que passam, além da pobreza, elas são muito alegres. Aqui existe muito espaço para brincar, o que é bom, e elas não têm computador. As crianças daqui trabalham desde pequenas e são muito carentes de atenção, especialmente de seus pais. Às vezes, carregam água na cabeça e, outras vezes, vendem coisas na rua ou trabalham na lavoura. Temos compartilhado o amor de Deus para as crianças de Guiné-Bissau, porque elas precisam muito de Jesus.”

Um blog para FMs Davi da Costa Faria (13 anos), filho do casal missionário Pr. Aléksei e Ana Paula Faria, administra blog exclusivo para filhos de missionários. Nele há entrevistas com FMs e outras informações sobre a obra missionária em geral. Acesse: fmsradicais.bligoo.com

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trabalho (missões e congregações) e sempre levávamos nossos filhos. Eles aprenderam, desde muito pequenos, a participar de todo tipo de trabalho na igreja. É natural que as crianças tomem gosto pelas coisas que os pais fazem, principalmente se fazem de boa vontade. Assim, nossos filhos foram crescendo e se desenvolvendo na obra de Deus dentro do que eles se sentiam bem para fazer. Já mais recente, depois que eu estava no Seminário Batista Goiano, eu e minha esposa percebemos que Goiás precisava de um projeto missionário com crianças e que envolvesse a vocação de professores também. Daí surgiu o AMMIGO – Ampliando o Ministério Missionário Infantil em Goiás. Durante dois anos, Ana Paula dirigiu este novo ministério que atuou aos sábados em mais de 25 igrejas e congregações, despertou e treinou mais de 200 professores entre adolescentes, jovens e adultos, e evangelizou mais de 1.500 crianças. Claro que este ministério contava com outros missionários além de nossa família, e isso foi o mais interessante, pois nossos filhos passaram a conviver com essas pessoas, tornaram-se amigos delas e posso arriscar que até discípulos de alguns, como meu filho passou a ser do Pr. Douglas. E eu? E o pastor aqui? Bem, no AMMIGO eu era o chofer do carro e carregador das inúmeras caixas, mas continuava sendo pastor de minha família. Aqueles momentos foram preciosos para que eu tivesse condições de motivar minha família a servir a Deus, para que eles, independente da idade ou capacidade, buscassem servir ao Senhor dentro daquilo que se sentiam bem e felizes, pois é assim que eu entendo que Deus nos chama para o trabalho. Ao final desta temporada em Goiás, meu filho Davi se desenvolveu muito bem na escrita de pequenas histórias para fantoches. 14

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Atualmente Davi trabalha com filhos de missionários (FMs), através de um ministério que desenvolve via internet e quando tem a oportunidade de encontrar algum FM aqui no Chile. Minhas filhas Ana Raquel e Miriã são as ajudantes de minha esposa na apresentação das músicas infantis, o que motiva outras crianças a aprenderem a cantar. Elas gostam muito disso e estão sempre cantando louvores a Deus em nossa casa. Ainda participam de dois clubes de crianças aos sábados, convidam seus amigos de escola e são sempre muito motivadas e alegres. Bem, minha esposa é um caso especial, pois quando a conheci, percebi rapidamente seu grande potencial. Sua mãe e sua avó foram fundamentais em sua formação ministerial, bem como seu pai e seu avô – pastores missionários. Depois desses anos todos, eu sempre acreditei que Deus tinha algo maior para ela do que o trabalho local. Ela se desenvolveu muito, e sempre faz tudo com alegria e um grande sorriso. Ela teve a oportunidade de desenvolver missões com crianças em Goiás, inclusive escrevendo o Caderno Infantil de Missões Estaduais por quatro anos seguidos. Criou o AMMIGO, e trabalhou na plantação do primeiro PEPE, pro-

grama socioeducativo promovido pela JMM, em Goiás. Hoje, aqui no Chile, ela tem a oportunidade de desenvolver o trabalho local com crianças, mas também já está trabalhando no Instituto Bíblico da União Feminina, implantando um curso voltado ao ministério infantil. E, por último, minha esposa trabalha num planejamento de trabalho infantil, que envolve todas as igrejas batistas chilenas. Hoje me sinto realizado e feliz como pai de família, e acredito que estamos no caminho certo. Como missionário, ainda mais, pois tenho visto minha família servir a Deus e acredito, sinceramente, que eles têm liberdade para ouvir de Deus o que devem fazer. Eles têm meu apoio total para a execução da vontade do Senhor. A integração da família no ministério missionário é fundamental para o sucesso de todo o trabalho, mas deve ser realizado com humildade, liberdade e apoio, dentro do amor que todos nós pregamos e, claro, para a glória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Pr. Aléksei Rodrigues Faria Missionário no Deserto do Atacama/Chile


CALENDÁRIO DE ACAMPAMENTOS DE PASTORES E PROMOTORES 2012 (Atualizado em novembro de 2011)

Confira a seguir quando haverá Acampamentos em seu Estado. Envolva-se na obra missionária participando dos eventos de mobilização promovidos pela JMM em 2012.

DATA

EVENTO

LOCAL

02 a 04/03

Acampamento de Promotores e Pastores

Faculdade Equatorial [Belém - PA]

12 e 13/03

Acampamento de Pastores do Sul Fluminense

Rio de Janeiro

13 a 15/03

2º Congresso de Missões - Pastores

Hotel Monthez [Brusque - SC]

10 a 12/04

Acampamento de Pastores em Missões

Sumaré - SP

07 a 11/05

Congresso de Pastores

Acampamento Batista [Rio Bonito - RJ]

22 a 24/06

Congresso Vocacionados Ordem dos Pastores Batistas Brasileiros Fluminense / JMM

Acampamento Batista [Rio Bonito - RJ]

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homilética | Países fechados ao cristianismo

Os asiáticos precisam de Cristo A Campanha de Missões Mundiais 2012 chama a atenção para os povos que clamam por liberdade. A igreja é chamada a levar a estas nações a única paz que liberta e que, infelizmente, muitos ainda não conhecem: Cristo. A seguir você conhecerá exemplos de países que clamam pela paz e liberdade que somente Jesus pode dar. Nilcilene Fiqueira

a igreja é viva, vibrante, corajosa e missionários estrangeiros na China extremamente carente de líderes. não trabalham com treinamento de China, um gigante Para socorrer essa igreja sofredolíderes. Porém, se os chineses não tique tem fome e sede da ra,Visualização hoje com cercanão de 100 milhões disponível. verem líderes treinados agora, talvez Palavra de Deus de fiéis, foi criado o Projeto Bíblias a história a contar daqui a 20 anos paraconteúdo, a China,entre dirigido pelo mis-redacao@jmm.org.br seja bem triste. É preciso investir em Para ter acesso a este em contato: China é uma das civilizações sionário da Junta de Missões Mun- liderança chinesa já! mais antigas do planeta, com diais Lian Godoy. O projeto surgiu A China chega ao século 21 com uma história iniciada mais de porque o missionário ia conversar todos os problemas de uma grande 2.000 anos antes de Cristo. Guer- com os líderes chineses e pergun- nação: violência, poluição, consuras, conquistas e impérios escrevem tava sobre suas necessidades e eles mismo, mas para as centenas de via trajetória desta que é a nação mais falavam: “Bíblias!” No interior da las nas zonas rurais, a qualidade e a populosa do planeta, com mais de 1,3 China ainda há muitas igrejas sem escassez de água são grandes dificulbilhão de pessoas. Em 1949, quando bíblias; e não é difícil achar pastores dades que o povo enfrenta. O país é o país foi unificado pelo Partido Co- que nunca tiveram um exemplar das o que mais contamina água no munmunista, a igreja cristã entrou num Escrituras Sagradas! do. As mulheres saem das suas casas grande sofrimento. Crentes que não Cerca de 30 mil pessoas são e andam horas e horas para buscar se uniram à igreja do governo foram acrescentadas à igreja chinesa todos água. No fim do dia, elas voltam punidos, presos, torturados, mortos. os dias, mas o grande desafio é de cansadas; vivem somente pra isso. Bíblias foram queimadas e locais de líderes para cuidar desses novos irPor causa dessa realidade, o miscultos, destruídos. O comunismo ar- mãos. Há apenas um líder pra cada sionário Dawei, da Junta de Missões rancou tudo do coração das pessoas 10 mil pessoas e esse líder, normal- Mundiais, usa seu conhecimento e não pôs nada no lugar. mente, não tem um preparo ade- científico para beneficiar o povo e Os irmãos que se negaram a per- quado (no máximo frequentaram apresentar Jesus como Salvador a tencer à igreja controlada se reuniam um instituto bíblico por seis meses muçulmanos chineses por meio do nas casas, em cavernas, realizavam ou um ano e seus professores tam- Projeto Água para os Sedentos. seus batismos na escuridão da noite bém não têm muito preparo, pois Ele perfura poços, faz purificação de e assim surgiu a Igreja Subterrânea. falta material para estudarem). O re- água e ministra educação ambiental Hoje, a liberdade ainda é restrita, lí- sultado é uma igreja formada por em vilas muçulmanas onde há seca deres são discriminados, presos, mas pessoas imaturas. Mais de 90% dos ou água de má qualidade. A compra

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de um equipamento de perfuração é mais crítica. O cristianismo chegou catástrofes já registradas foi o tsutrouxe ganho significativo ao Projeto. ao país no século oito, mas não se ex- nami de 2004, quando mais de 200 A China tem cerca de 40 mil pandiu. A igreja é pequena e a maioria mil pessoas morreram. Em 2006, um mesquitas e, segundo estatísticas, de seus membros pertence a igrejas terremoto seguido de tsunami matou mais de 40 milhões de muçulmanos. independentes ou à católica romana. mais de 6 mil pessoas e deixou quaTem mais de 400 grupos étni- A Constituição declara que o islamis- se 2 milhões de indonésios sem casa. cos e cerca de 25 deles são mu- mo é a religião oficial e as minorias Pobreza, terrorismo, corrupção e vioçulmanos. É na etnia hui que se religiosas devem ter condições de lações de direitos humanos são tamencontra a maior população de professar sua fé. Porém, a liberdade bém graves problemas que o governo muçulmanos chineses, o grupo religiosa é limitada nesse lugar onde tenta resolver. As consequências para a população são medo e insegurança. que o projeto missionário está al- 96% da população é muçulmana. O cristianismo chegou à Indonécançando. Estrangeiros não podem As leis islâmicas dirigem a sociesia em 1511. A Constituição reconhetransitar livremente nem morar nas dade, como a Lei de Blasfêmia, que ce a liberdade religiosa, igrejas povilas. Somente através de um projeto condena à morte quem deprecia o dem ser edificadas, mas o trabalho social, aceito pelo governo, o missio- Islã ou seus profetas; leva à prisão nário consegue ficar na comunidade perpétua quem danifica ou profana missionário estrangeiro é controlae se relacionar com o povo. Hoje, há o Alcorão (o livro sagrado dos mu- do. Mais de 80% dos 232 milhões de um grande esforço dos muçulmanos çulmanos); e prevê pena de 10 anos habitantes são muçulmanos (a Indopara islamizar a China. de prisão a quem insulta os senti- nésia é a maior nação muçulmana do mundo) e, atualmente, há uma forte O país vai se tornar, nos próxi- mentos religiosos de outra pessoa. mos 20 ou 30 anos, a maior potênDezenas de cristãos já foram acu- pressão para que a Lei Islâmica seja cia mundial e vai influenciar toda sados e forçados a viver em condições implementada no país. Conflitos entre grupos religioa economia e a política do planeta. desumanas na prisão, onde são amarEntão, se nada for feito agora, nos rados, espancados e obrigados a fa- sos extremistas são frequentes na próximos 10, 20 anos provavelmente zer trabalhos pesados. Outros vivem Indonésia. Os confrontos já deixanão disponível. ram milhares de mortos e deslocanão teremos mais a oportunidade de emVisualização esconderijos ou foram exilados. dos. Igrejas cristãs foram incendiaAcredita-se que entre milhares de irmãosredacao@jmm.org.br transformar essa nação. Para ter acesso a este conteúdo, em contato: das e saqueadas, pessoas linchadas, mantenham sua identidade religiosa degoladas, mortas. A intolerância é em secreto e poucos são os muçulPaquistão, um país onde a cada vez maior com as pessoas que manos convertidos que têm coragem igreja precisa crescer abandonam o islamismo por outra de declarar sua nova fé abertamente. religião. A igreja de Cristo passa por O Paquistão está localizado no A igreja precisa ser implantada em grande sofrimento. Muitos creem Sul da Ásia e sua população é de todo o país e os poucos líderes pre- em Jesus, mas não aguentam perma185 milhões de habitantes. Quase cisam de coragem para evangelizar e necer nem três anos. Eles perdem os metade é analfabeta. Falta moradia, fazer discipulado. amigos, o que torna difícil comparsaneamento básico e apenas 1/3 dos paquistaneses têm acesso à água potável. As doenças se espalham e a taxa de mortalidade infantil é alta: 45,8%. Sua história é marcada por muitos conflitos. Espaço geográfico, política, terrorismo geraram guerras e violência, trazendo dor e sofrimento ao povo. Os conflitos com a Índia, por causa da região de Caxemira, os ataques de grupos étnicos e religiosos, como muçulmanos sunitas e xiitas, trazem insegurança. Terremotos e temporais têm castigado a nação com fome e pobreza. Para os cristãos, a situação ainda

O desafio da Indonésia, a maior nação muçulmana do mundo A Indonésia fica no Sudeste da Ásia e é o maior arquipélago da Terra, formada por 17 mil ilhas. É uma das regiões mais afetadas por desastres naturais do planeta e nos últimos anos, tem sido arrasada por tempestades, terremotos e erupção de vulcões. Vilarejos têm sido varridos, populações inteiras dizimadas, casas destruídas e milhares de pessoas desaparecidas. Uma das piores

tilhar o Evangelho. A Indonésia é a nação das muitas ilhas, muitas culturas, muitos povos e etnias, mas uma nação onde muita gente aguarda a salvação em Cristo. Na maior nação muçulmana do mundo há muitos sedentos da Palavra de Deus. Nilcilene Fiqueira Coordenadora do Setor de Mídia Eletrônica da JMM

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Como pregar sobre missões Pr. Mayrinkellison Wanderley

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regar sobre missões não é uma tarefa difícil. Podemos dizer que a própria leitura da Bíblia já nos impulsiona para pregar sobre missões e, se tal leitura é um hábito na vida do pregador, não faltarão mensagens preciosas extraídas das páginas sagradas. Quando o pregador se prepara para falar à igreja sobre a obra missionária, deve estar seguro de que vai alimentar sua grei com um maná especial, que trará benefícios tanto para a campanha quanto para a igreja em si. O que é um sermão missionário? Em primeiro lugar, o pregador deve estar convicto de que vai realmente pregar. Não vai contar umas estórias, relatar uma experiência missionária ou prestar um relatório; ele vai trazer uma mensagem, será o porta-voz de Deus à Sua igreja. O apóstolo Paulo exortou o jovem pastor Timóteo a pregar a Palavra (2Tm 4.2). Assim, o sermão missionário é espécie do gênero sermão. O sermão missionário visa informar a igreja da sua responsabilidade e vocação na obra de evangelização do mundo. O pregador instrui a congregação acerca do amor de Deus na Bíblia, relevado através de vários fatos que apresentam a história da salvação e a ação de Deus em salvar a humanidade. Além disso, o sermão missionário deve levar a igreja a se despertar para atender aos desafios do mundo e instruir o povo de Deus a tomar uma posição pessoal quanto à parte que cabe a cada um.

O que deve fazer parte de um sermão missionário? Como já foi dito anteriormente, o sermão missionário é uma espécie do gênero sermão. Ele pode ser textual, temático, expositivo, biográfico, entre outros. O pregador deve respeitar a ordem de produção e apresentação, evitando perder o foco e confundir os ouvintes. Assim como qualquer sermão, o primeiro passo é escolher um bom texto missionário. Há vários deles, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, mas a escolha depende do tipo de sermão que será apresentado. Se for textual, pode-se optar pelos clássicos Mateus 28.18-20, Marcos 16.15, Lucas 24.47, João 20.21 ou Atos 1.8; se for temático, pode-se trabalhar situações específicas da obra missionária (preço da renúncia, necessidade humana por salvação, etc.), fazendo-se uso de situações o ministério de Jesus ou do apóstolo Paulo; sendo expositivo, o texto completo de Mateus 28 ou de Atos 13 é uma boa pedida; ou pode-se pregar sobre a vida de Paulo, de Jesus, de Filipe, como uma biografia. O Espírito Santo vai iluminar o pregador quanto ao que Ele quer falar à sua igreja (Ap 2.1). Pode-se introduzir o sermão com a experiência missionária, uma situação de um texto correlato da Bíblia ou um relatório; mas lembre-se: é a Palavra que deve ser o centro do sermão, não a experiência, por melhor que ela seja. Mas cuidado: a introdução extrabíblica pode até abrir o apetite dos ouvintes, mas o que vai alimentá-los é a Palavra. Os ouvintes precisam saber o que Deus quer deles! Pregação & Pregadores |

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Ilustrações são sempre úteis na pregação e podem ser diluídas no sermão. Muitas vezes, os vídeos promocionais têm notícias edificantes que podem ser aproveitadas, ou pode-se compartilhar uma experiência de uma viagem missionária do próprio pregador. As possibilidades são vastas. Outro expediente que enriquece o sermão é a apresentação de estatísticas e o panorama sociorreligioso do mundo. O sermão deve ser concluído com um desafio. O pregador precisa levar seus ouvintes a obedecerem a Deus no que se refere a missões. O apelo pode ser para que a igreja assuma sua responsabilidade de evangelizar o mundo e sua própria comunidade; adotar financeiramente um missionário ou um campo missionário; despertar para a intercessão como arma em favor de missões; dedicação de vidas para o trabalho missionário; vocação para o ministério pastoral ou missionário; entre outros. Se o apelo não for feito, dificilmente as pessoas tomarão uma posição concreta como resposta ao desafio. Alguns cuidados Com o avanço da internet e outros meios de comunicação, as informações estão cada vez mais acessíveis às pessoas. Mas também há muita notícia enganosa por aí: procure conhecer as fontes dos vídeos e testemunhos missionários, dos textos que circulam e mesmo de alguns

maus obreiros que não dizem a verdade. E mesmo que o vídeo seja verdadeiro, seja prudente e pondere se ele deve ser apresentado. Certa vez uma igreja apresentou um vídeo de apedrejamento e decapitação públicas; isso não se faz, especialmente se houver crianças no auditório. Não é a necessidade do mundo que deve comover as pessoas, nem o tamanho da obra por fazer que deve levar os cristãos a se alistarem nas fileiras da evangelização mundial, mas a obediência a Deus e à Sua Palavra. Vídeos sensacionalistas, estatísticas desencorajadoras ou mesmo testemunhos brilhantes, ainda que verídicos, têm o poder de amolecer o coração das pessoas, mas não têm o condão de resigná-las a obedecer à voz de Deus. Uma palavra final Para se falar sobre algo, é preciso ter paixão. O pregador deve ser o primeiro apaixonado pela obra missionária para falar sobre o assunto. Deixe que o Espírito Santo o guie para um texto que vai incendiar o coração de sua igreja, Mas peça a Ele primeiro que aqueça o seu coração, a fim de que a palavra que sair da sua boca seja a voz de Deus.

Pr. Mayrinkellison Wanderley Coordenador dos missionários da JMM na África


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Eles precisam de

“Pois o seu poder alcançará os lugares mais distantes do mundo. E ele trará a paz.” Mq 5.4b e 5

Miquéias anunciava a paz através da vinda do Messias, esperança de Israel. O nome Miquéias significa: “Quem é como Iavé”. Um dos profetas menores nascido por volta do ano 700 a.C., que viveu durante os reinados de Jotão, Acaz, e Ezequias, e teve um ministério profético que durou cerca de 50 anos em Judá. Suas mensagens são duras e de condenação. Três assuntos especiais marcaram o seu ministério: a experiência da queda de Samaria por volta do ano 722 A.C que não mexeu com o coração do povo do Sul. A vida sob o domínio do pecado sem sinais de arrependimento, (Mq 3.8), e a constante ameaça de invasão da Assíria que tirava a paz do povo de Israel. Apesar desse cenário triste o profeta alimentava a esperança no coração do povo com a promessa da vinda de um novo rei (Mq 5.2). Esse novo rei que viria era Cristo, o ungido de Deus. Esse reino seria um reino de excelência, um reino que permaneceria, um rei grande e poderoso, um rei que traria a paz. O povo precisava dessa esperança e dessa paz libertadora. Algumas razões por que eles e nós precisamos de Cristo, a paz que liberta:

I – Porque só Ele pode libertar o homem do pecado (MQ 3.8, JO 8.36) Ele é cheio da força do Espírito. Essa força é sobrenatural, não vem de homens mas do próprio Espírito de Deus. O pecado é uma agressão contra o caráter de Deus e só Ele pode perdoar. Ele é cheio de juízo e de ânimo. O julgamento Dele é reto e perfeito. Não se compara à justiça dos homens que julgam guiados por interesses pessoais. O mundo é guiado por falsos líderes, e por falsas religiões, sem misericórdia e amor. Eles não são ouvidos quando clamam, mas o libertador que virá julgará com justiça e é cheio de amor. Ele conhece a nossa transgressão e pecado e deseja nos libertar. Só o Messias que haveria de vir poderia libertar o homem do fardo do pecado (Jo 8.32). Ele era a promessa de Deus (Gn 3.15) que esmagaria a cabeça da serpente. Ele conhece as transgressões do homem e deseja libertá-lo. Pregação & Pregadores |

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2– Porque só Ele aponta um futuro glorioso (MQ 4-5) Esta é a mensagem da Igreja (Mq 4.1-2). O Profeta Miquéias fala da presença do Messias no templo de Jerusalém. Aponta também para o estabelecimento da Igreja cuja mensagem é do estabelecimento do Reino de Deus na terra . A mensagem da Igreja é sempre gloriosa porque continua apontando para a segunda vinda de Cristo. O nascimento de Jesus confirmaria este fato (Mq 5. 1-3). Belém seria a cidade escolhida onde o Messias haveria de nascer. Ali se cumpriria a promessa. 3– Porque só Ele domina até os confins da terra (MQ 6-7) Ele quer que a Igreja compartilhe sua justiça, misericórdia e humildade (Mq 6.8). Deus pede que o homem pratique a justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com Deus. O domínio do Senhor não é feito pela força como fazem as nações, mas pelo amor, misericórdia e humildade. Esses foram os instrumentos que Jesus usou em seu ministério. Essas virtudes Deus dá aos crentes para fazerem diferença no mundo. 4– Porque só Ele pode prometer bênçãos futuras O nosso futuro está nas mãos de Deus. Só Ele pode nos dar garantia do amanhã. 22

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Porque só Ele pode perdoar as transgressões do homem (Mq 7.18). Ele é justo, perfeito e sem pecado. É o único capaz de perdoar e esquecer a transgressão. Essa capacidade nenhum homem tem, somente Deus. Faz parte do caráter divino. Porque só Ele é cheio de misericórdia (Mq 7.18). Misericórdia é o amor colocado em prática. Porque só Ele é compassivo (Mq 7.19). Compaixão é o atributo que desperta o desejo de perdoar. Porque só Ele é fiel (Mq 7.20). A fidelidade é a garantia da promessa cumprida. conclusão Esta é a mensagem da Igreja através dos séculos: Jesus Cristo, a paz que liberta. A Igreja precisa da mesma ousadia, coragem e compromisso do Profeta Miquéias para anunciar essa mensagem ao mundo. Precisamos voltar o nosso olhar para Jesus, a nossa esperança. Só Ele é pleno do Espírito Santo, de sabedoria, de misericórdia, de ânimo, de compaixão, e pode libertar o homem do pecado, da opressão, da injustiça, da falsidade, etc. A pergunta que nos vem ao coração agora é esta: quem poderá levar essa mensagem de libertação ao mundo? Somente a Igreja viva de Jesus Cristo. Os alvos por ele, os remidos pelo seu sangue. Pr. Lauro Mandira Gerente de Missões da Junta de Missões Mundiais


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Vocacionados Chamados para levar a paz que liberta

Pr. Henrich Friesen

João 14, os próprios discípulos sentiram falta desta paz mencionada por Jesus

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ós, que já experimentamos a graça de Deus, sabemos da resposta para a necessidade que bilhões de pessoas têm por paz. Basta assistir a um telejornal para se surpreender com as novidades. O resultado dessas mudanças bruscas e constantes tem consequências inimagináveis, entre elas o sentimento de insegurança e a falta de paz. A paz talvez seja o bem mais procurado pelas últimas gerações – o mais ansiado e o menos possuído. Refiro-me à paz de espírito, à tranquilidade da alma, ao sentimento de segurança. A VERDADEIRA PAZ “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou” (Jo 14.27 NVI). Essa

conversa de Jesus começou motivada pelo estado de desânimo dos discípulos (Jo 14.1), que estavam nitidamente perturbados. Um deles, Tomé, expressou isto afirmando: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” (Jo 14.5 NVI). Em outra ocasião, quando Jesus enviou os discípulos aos lugares por onde iria passar, enviou-os com paz (Lc 10.5). Na casa em que iriam entrar, levariam consigo a paz aos anfitriões. A MISSÃO DE LEVAR A PAZ AO MUNDO A tarefa de levar a paz ao mundo não terminou com os primeiros discípulos, mas continua inalterada até hoje. Nós temos a paz que o mundo anseia, e a temos como um bem a ser compartilhado. Para essa tarefa, Deus está chamando discípulos de Jesus Cristo de todas as idades e classes sociais; homens, mulheres, jovens que estejam motivados e dispostos. É uma convocação universal para compor uma força-

-tarefa para levar essa paz a bilhões de pessoas conturbadas ao redor do mundo. ATITUDES PARA ATENDER O CHAMADO Renúncia à família

Essa tarefa exige disposição e muita coragem para sair. Você não pode ficar onde está e ir com Deus ao mesmo tempo, e não pode continuar fazendo as coisas a seu jeito e realizar os propósitos de Deus do jeito Dele. A saída, por sua vez, implica em diversas renúncias. Ao dispor-se a ir para o campo missionário, o vocacionado toma uma das decisões mais difíceis de sua vida, que é o distanciamento dos entes queridos, pais e irmãos especialmente. Ao ver os pais sofrerem com sua partida, muitos são tentados a renunciar ao chamado de Deus. Então, a obediência custa caro a ele e às pessoas de seu convívio e relacionamento. Pregação & Pregadores |

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Renúncia profissional (Lc 14.33 NVI)

Outra área da vida a renunciar é a carreira profissional. Tenho tido o privilégio de conhecer jovens no começo de suas carreiras, muitos com bons empregos e ótimos salários, mas que, ao sentirem a convocação para o trabalho missionário, renunciaram a tudo e foram obedientes, desafiando a todos os padrões socialmente aceitos. Eles entenderam a palavra de Jesus: “Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” . O sair também implica em deixar a igreja. Quando se trata de um ministério pastoral bem-sucedido, numa igreja amável e em crescimento, o chamado missionário pode até parecer uma voz satânica. Como é difícil deixar um trabalho de sucesso para ir a um lugar totalmente desconhecido e, possivelmente, sem igreja! Líderes ativos podem sofrer esta pressão; sentem-se tão úteis e necessários onde estão que torna-se impossível tomar uma decisão tão drástica. Sair exige coragem, muita coragem. “A coragem... é o impulso necessário para que algo seja feito, mesmo que isso contrarie tudo e a todos” (Rogério Martins). O PREÇO DA OBEDiÊNCIA A tarefa de levar a paz a este mundo conturbado exige deslocamento. É necessário ir. Essa decisão leva o missionário a um lugar, a um país, a um povo desconhecido, diferente. Há alguns aspectos a destacar nessa ida. Vida de estrangeiro (1 Co 9.22 e 23 NVI) Para levar a paz às pessoas de outras culturas é necessário ter a 24

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atitude de Paulo: “Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser coparticipante dele”. Quem atende o chamado deixa sua pátria para ser estrangeiro em outro país. Não é um turista que está a passeio e logo retornará para casa, mas fixa residência em outro solo. Esse “enviado” encontra outra cultura, em que os costumes são muito diferentes. Diz-se que uma das coisas mais difíceis de superar é o “cheiro” em outra cultura. A comida tem outro sabor (e muitas vezes comem-se coisas e animais inconcebíveis na nossa cultura!). Outra questão é a língua. O que normalmente é considerada um acréscimo de conhecimento, para o missionário torna-se um peso que tende a bloquear a mente. Quando ele começa a se comunicar nessa nova língua comete muitos erros, sofre zombarias e até rejeição. Desprendimento A tarefa de levar a paz a um mundo conturbado exige ainda desprendimento total. Trata-se da dimensão da intensidade. Paulo escreve que Jesus “humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.8 NVI). E Jesus diz através de João: “Não tenha medo do que você está prestes a sofrer... Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida” (Ap 2.10 NVI). Nestes dois textos, a expressão “até a morte” não quer dizer necessariamente tempo cronológico, mas sim a sua intensidade. Eles têm o sentido de ser fiel até ao ponto de morrer, caso seja necessário. Significa carregar a cruz e seguir a Cristo (Lc 14.27). A cruz é um instrumento de morte, um meio de execução. Apesar de se tratar de um princípio para todos os discípulos de Cris-

to, esta verdade torna-se mais real para aqueles que vão a países hostis ao Evangelho, a nações onde falar de Cristo é delito que pode ser castigado com a pena capital. No entanto, não é só a morte física. Ao assumir uma nova cultura e língua, na busca de tornar-se “tudo para com todos” o missionário deixa de ser o que era. É como se tivesse morrido para nascer outra pessoa. E, quando regressa ao seu país de origem, percebe que não voltou para casa, mas para outra realidade. Ele mudou e seu país também. Agora sofre do que se chama de “choque reverso”. Ele não compreende as coisas e é mal compreendido, se dando conta de que aquela pessoa que uma vez obedeceu ao chamado e saiu já não existe mais. CONCLUSãO O Senhor da seara busca pessoas corajosas e dispostas a enfrentar desafios. São pessoas escolhidas para levar a paz a um mundo conturbado. Mais do que nunca, Deus convoca jovens e adultos para uma tarefa sem igual. Jovens, crianças (filhos de missionários) e adultos corajosos e desejosos de sair, a deixar para trás o que mais apreciam. É uma convocação para enfrentar desafios, para atravessar os limites políticos, sociais e culturais, e estarem dispostos a dar a própria vida para que pessoas em todo o mundo encontrem a paz ao encontrar o único e verdadeiro Príncipe da Paz. Esse chamado tem a ver com você?

Pr. Henrich Friesen Coordenador do Centro de Treinamento Missionário da Junta de Missões Mundiais


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Avaliando nossas atitudes diante dos povos não alcançados Dawei

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omo seguidores de Jesus Cristo precisamos compreender que temos a missão, objetivo ou propósito de glorificar a Deus trazendo pessoas de todos os povos, línguas e culturas diante de Deus e ajudá-las a crescerem espiritualmente. Alguns anos atrás, a presença de muçulmanos ou hindus ou povos ainda não alcançados em nossas ruas era quase impossível, mas hoje podemos ver filhos de muçulmanos do Oriente Médio brincando com nossas crianças. No Brasil somos bombardeados com rádios evangélicas e programas cristãos na televisão. Elaboramos campanhas evangelísticas e evangelismos com as mais diferentes estratégias. Embora nem todos os brasileiros tenham relacionamento com Jesus, quase todos sabem quem Ele é. Vivemos neste mundo, com nossa cultura, língua e sotaque característico. Dentro deste mundo e com os “óculos culturais” que usamos, parece impossível ter alguém que nunca ouviu falar de Jesus Senhor e Salvador. É com estes óculos que entendemos que nossa cultura e nossos costumes são os melhores, e os outros povos parecem ser de outro planeta. São pessoas estranhas adorando deuses estranhos. Uma das coisas mais lindas na Bíblia é a forma como Jesus ensinou os discípulos quanto à universalidade do Evangelho. O Evangelho é para todos. Pregação & Pregadores |

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OS ÓCULOS DE JOÃO, O DISCÍPULO AMADO (JO 4) No texto onde Jesus diz aos discípulos que era necessário passar por Samaria, Ele estava não somente fortalecendo a ideia do Evangelho para todos, como também mostrando aos discípulos que já estava na hora de ajustar os “óculos dos judeus” para a compreensão de outras culturas. No livro de Atos vemos o apóstolo Paulo pregando de forma contextualizada (óculos culturais ajustados à cultura-alvo). Como seguidores brasileiros de Jesus, tanto no Brasil como em outra parte do mundo, precisamos avaliar nossa atitude diante daqueles que ainda não são alcançados pelo Evangelho libertador. O apóstolo João é um bom exemplo para analisarmos como tem sido nossa atitude com relação aos povos não alcançados pelo Evangelho e também nosso envolvimento na missão. Missão aqui significa glorificar a Deus se envolvendo no processo de chegar aos não alcançados no Brasil e, ao mesmo tempo, nas outras etnias ao redor do mundo. Pense nos milhares de imigrantes de vários países que estão em nosso país e que não conhecem o Salvador. Muitos deles são oriundos de nações que têm matado, prendido ou deportado missionários estrangeiros ou locais. Pense também nas mais de 20 etnias muçulmanas chinesas (que englobam entre 60 e 100 milhões de pessoas) que ainda não conhecem o Ersa Maixiha (Jesus, o Messias). É PRECISO AJUSTE DE ATITUDE João era o discípulo mais chegado a Jesus. No Evangelho de João, ele mesmo se refere como “o discípulo a quem Jesus amava”. Todos os demais discípulos abandonaram 26

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seu Mestre ao ver Jesus pendurado na cruz. João não. Quando Jesus não pôde permanecer mais na Terra, Ele entregou sua mãe aos cuidados deste discípulo amado. João era piedoso e pessoa confiável. Entretanto, nos primeiros anos de ministério, João possuía uma atitude errônea em relação aos samaritanos. Este homem de Deus necessitava de um ajustamento de atitude. Para ele, Jesus era somente para os judeus. Atitudes em relação a outros grupos de pessoas são aprendidas com o bom aprendizado. Às vezes leva tempo. Muitas informações errôneas sobre os outros povos foram transmitidas por nossos pais, pela comunidade ou pela mídia. E somente o Espírito Santo pode mudar a atitude de uma pessoa. Vamos avaliar como Deus mudou a atitude de João em relação aos samaritanos. COMO DEUS MUDOU A ATITUDE DE JOÃO (Lc 9) O capítulo 9 do Evangelho de Lucas mostra que Jesus enviou os 12 discípulos para pregar o Reino de Deus dando-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar os doentes. Eles foram de aldeia em aldeia, testemunhando o poder milagroso de Deus, curando os enfermos e expulsando os demônios. “E todos ficaram atônitos ante a grandeza de Deus” (v.43). Enquanto os discípulos se dirigiam a Jerusalém avistaram uma aldeia samaritana. Jesus enviou mensageiros que o antecedessem, para lhe preparar pousada. Os samaritanos não os receberam sabendo que eram judeus e que decisivamente iam para Jerusalém. Esta rejeição enfureceu Tiago e João! Estes “filhos do trovão” revelaram suas atitudes: destruir seus inimigos, os samaritanos. Esta atitude fica clara através da pergunta que

fizeram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu, e os consuma?” (v.54). João, o fiel seguidor do Mestre, queria usar o poder de Deus para destruir aquelas pessoas! Ele estava ministrando em nome de Jesus, mas não com a atitude de Jesus. O DOM DO AMOR (Lc 6) Os judeus se consideravam superiores, não se associavam com os samaritanos. Jesus tinha acabado de ensinar Seus discípulos: “Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam” (Lc 6.27,28). João falhou no teste quando ele tinha chance de colocar em prática os ensinos de Jesus. Que lição poderosa estes amados discípulos nos ensinam! E possível ministrar em nome de Jesus e não estar ministrando com a atitude de Jesus. Paremos e examinemos nossa atitude em relação aos povos não alcançados. Somos parecidos com João ou com Jesus? Os discípulos não aprenderam de Jesus esta atitude em relação aos samaritanos. Jesus não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los. E ele veio também para salvar os muçulmanos, hindus, budistas, etc. João estava evitando os vizinhos samaritanos (Jerusalém ficava numa província da Judéia e por causa do seu ódio pelos samaritanos, os judeus costumavam tomar uma rota mais longa a fim de evitar Samaria), mas era necessário que passassem por Samaria (v.4). Por que Jesus tinha que passar por lá? Se Ele tivesse seguido os costumes da época e tomado o caminho mais longo a fim de evitar as pessoas, teria: negado Seu caráter; deturpado Sua palavra; violado a Grande Comissão que Ele estava demonstrando pelo Seu exemplo; perpetuado o preconceito;


falhado em aproveitar a oportunidade para pregar e ensinar o Reino de Deus às pessoas que ainda não tinham sido alcançadas. A MISSÃO (Jo 4) Jesus demonstrou uma urgência sobre Sua missão. Ele tinha que passar por Samaria (Jo 4.9). Ele sabia algo sobre aquelas pessoas que os discípulos não conheciam. Isso mostra que devemos ir até aos ainda não alcançados pela mensagem do Evangelho. Precisamos seguir o exemplo de Jesus e não o de João. Cansado da viagem, Jesus assentou-se junto à fonte de Jacó enquanto os discípulos iam à aldeia comprar alimentos. Quando retornaram ficaram surpresos por encontrar o Mestre falando com a mulher samaritana. Eles nunca teriam feito algo assim; pelo contrário, teriam evitado aquela situação! A falta de interesse deles é indicada no versículo 27: “Mas nenhum deles perguntou: que queres?”. Simplesmente, não se importaram! Eles estavam famintos e com as sacolas cheias. O desejo de encher o estômago era bem maior do que o interesse por aquela pobre mulher. A mente de Jesus estava focada na necessidade espiritual daquelas pessoas, enquanto os discípulos não pensavam em outra coisa a não ser na comida. Os discípulos lhe rogavam dizendo “Rabi come” (v.31). “Uma comida tenho para comer, que vos não conheceis” (v. 32). “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (v. 34). Foi nesse contexto – pisando no solo samaritano – que Jesus exortou seus seguidores: “Levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (v. 35). Ele estava falando sobre as pessoas negligenciadas. Por causa do anseio dos samaritanos, Jesus permaneceu mais dois dias ali e muitos procla-

mavam: “Já não é pelo que disseste que nós cremos; porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (v. 42). Durante todo o ministério terreno de Jesus os discípulos frequentemente falhavam no quesito “paixão pela colheita”. Eles se preocupavam muito com sua própria raça – o povo judeu.

seram as mãos e receberam o Espírito Santo” (v. 17). No princípio (conforme o capítulo 9 do Evangelho de Lucas) João queria que o fogo descesse do céu para consumir aquele povo. Felizmente, Deus não respondeu aquela oração descabida! Agora João estava novamente orando, mas para a salvação dos samaritanos.

SAMARIA ONTEM,

Muçulmanos não comem carne de porco, pois é considerada impura, e também não ingerem bebidas alcoólicas. Os hindus não comem carne bovina, pois a vaca é um animal considerado sagrado. Estes vários povos certamente apresentam uma cultura rica e fascinante que podemos aprender. Quando entendemos que os povos não alcançados precisam de Jesus e que podemos ser instrumentos para que eles O conheçam, iniciamos o ajuste em nossos “óculos culturais”. Passamos a ver nossos amigos estrangeiros de forma diferente. Podemos aprender a culinária deles, conhecer algumas palavras de cumprimento, estar prontos a ajudá-los em algumas situações, talvez ensinar português, caso estejam no Brasil. Em algumas situações onde a diferença cultural é muito grande, podemos buscar apoio de organizações missionárias para um treinamento específico. João permitiu que Deus quebrantasse e transformasse seu coração. Permita também que o Espírito Santo sonde o seu coração. “Sonda-me, ó Deus, e conhece meu coração; prova-me e conheça o meu pensamento; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23 e 24).

POVOS NÃO ALCANÇADOS HOJE (At 8) A terceira passagem da Escritura mostra a obra profunda de Deus: o Evangelho, agora, era pregado aos samaritanos (At 8). As últimas palavras que saíram da boca de Jesus antes de Sua ascensão foram: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). A grande comissão inclui Samaria. Após o povo ter apedrejado Estêvão, houve uma grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém (At 8). Os cristãos se dispersavam em todas as direções para salvar suas vidas. Mas eles pregavam a Palavra por onde quer que iam. Avivamento genuíno surgiu em Samaria quando Filipe pregou a Palavra, orava pelos enfermos e expulsava espíritos imundos. Ouvindo os apóstolos, em Jerusalém, sobre o grande avivamento em Samaria, enviaram Pedro e João para orar pelos samaritanos a fim de que recebessem o Espírito Santo. Veja: eles enviaram João?! Lembre-se que ele foi a pessoa que queria que descesse fogo do céu para consumir os samaritanos! Sua atitude mudou? “Então Pedro e João lhes impu-

conclusão

Dawei, missionário da Junta de Missões Mundiais no Sul da Ásia

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por que os povos precisam de cristo? Pr. Carlos Henrique Ribeiro

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proximadamente 700 anos antes do nascimento de Jesus, Deus falara por meio do profeta Miquéias que o Messias viria para trazer o homem para junto Dele, governando o seu coração. Mais ainda, que o poder de Jesus alcançaria os mais distantes lugares do mundo. Na época do ministério do profeta, a situação da nação de Israel era deplorável e o povo estava sofrendo distante de Deus. Hoje, quando vemos os povos não alcançados – bilhões de seres humanos, em várias nações – longe de Deus e sofrendo as consequências desse distanciamento, também temos de levantar a nossa voz para anunciar Jesus Cristo, a paz que liberta. Os povos precisam de Cristo, a paz que liberta... 1) ...Porque Jesus é a esperança para todas as nações Miquéias 2.12 e 13: “Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente, congregarei o restante de Israel; pô-los-ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio do seu pasto; farão grande ruído, por causa da multidão dos homens. Subirá diante deles o que abre caminho; eles romperão, entrarão pela porta e sairão por ela; e o seu Rei irá adiante deles; sim, o Senhor, à sua frente.”

“O rei virá e será o pastor do seu povo, governando-o com a força que o Senhor lhe dará e em nome do Senhor, o seu glorioso Deus. O seu povo viverá em segurança, pois o seu poder alcançará os lugares mais distantes do mundo. E ele trará a paz.” Mq 5.4 e 5 BLH Quando Israel e Judá estavam distantes de Deus no tempo de Miquéias, Deus prometeu que os restauraria e que, através deles, viria Jesus e o seu poder alcançaria os demais povos. Hoje, os cristãos, o novo Israel de Deus, precisam estar unidos para cumprir a missão de levar a mensagem de Cristo a todos os povos. A promessa de abençoar todos os povos da Terra está presente desde o início da formação do povo de Israel, em Abraão, quando Deus lhe disse: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Nós, cristãos, não podemos falhar nessa missão de levar a bênção das Boas Novas a todos os povos. Por isso, precisamos nos envolver cada vez mais com a obra de evangelização do mundo – a começar aqui na nossa cidade, alcançando o nosso país e indo até os confins da Terra, “pois o seu poder alcançará os lugares mais distantes do mundo” (v. 4). Os povos precisam de Cristo, a paz que liberta... Pregação & Pregadores |

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2) ...Por causa da opressão e do sofrimento em que ainda vivem Miquéias 2.1 e 2: “Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniquidade e maquinam o mal! À luz da alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos. Se cobiçam campos, os arrebatam; se casas, as tomam; assim, fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança”. Os líderes no tempo de Miquéias estavam afligindo o povo, cometendo todo tipo de injustiças, fazendo as pessoas sofrerem e tirando delas todas as condições de terem suas necessidades básicas satisfeitas, arrancando deles seus campos e casas. O povo estava sendo explorado por aqueles que deveriam dar condições de uma vida saudável (Mq 3.1-3). No mundo de hoje, vemos o mesmo acontecendo entre os povos não alcançados. Fome, miséria, injustiças e privação de necessidades básicas (comida, abrigo, roupa, etc.).” No Paquistão, além dos constantes ataques terroristas, o povo sofre com as grandes inundações. A enchente de 2010, que atingiu um quinto do seu território, deixou cerca de 6 milhões de desabrigados. Catástrofes como essa vêm se somar à falta de segurança, de infraestrutura, de desenvolvimento. Os povos precisam de Cristo, a paz que liberta... 3) ...Por causa das falsas promessas de suas religiões Miquéias 3.5-7: “Assim diz o Senhor acerca dos profetas que fazem errar o meu povo e que clamam: Paz, quando têm o que mastigar, mas apregoam guerra santa contra aqueles que nada lhes metem na boca. Portanto, se vos fará noite sem visão, e tereis treva sem adivinhação; pôr-se-á o sol sobre os profetas, e sobre eles se enegrecerá o dia. Os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão; sim, todos eles cobrirão o seu bigode, porque não há resposta de Deus.” Deus condena não apenas os governantes maus, mas também os religiosos que profetizam mensagens que não vêm Dele. No tempo de Miquéias os profetas profetizavam o bem para aqueles que podiam lhes pagar, enchendo-os de “esperança”, embora elas fossem falsas, e profetizando desgraça para aqueles que não tinham como lhes pagar. Hoje, os povos não alcançados, que são de Deus também, sofrem nas mãos de líderes religiosos que

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os conduzem em uma busca errante de Deus, dando-lhes falsas esperanças e os distanciando ainda mais do Criador. Na Indonésia, maior nação mulçumana do mundo, multlidões de extremistas islâmicos ameaçam constantemente os cristãos que se reúnem em suas igrejas para adorar a Deus. Jesus veio para trazer a luz à eles, “pois o seu poder alcançará os lugares mais distantes do mundo”. Conclusão Nós, como cristãos, devemos, tal qual Miquéias, dizer: “Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do Senhor, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado” (3.8). E, com o poder o Espírito Santo, anunciar aos povos não alcançados que Jesus é real: “E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2). Ele veio para governar os corações dos povos, trazendo-lhes a verdadeira paz que liberta.

Pr. Carlos Henrique Ribeiro Igreja Batista Boas Novas, Cuiabá/MT


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As motivações da igreja para anunciar Cristo, a paz que liberta Pr. Claudio José Farias de Souza

“...pois o seu poder alcançará os lugares mais distantes do mundo. E ele trará a paz” Mq 5.4b e 5

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ossa arena global já atingiu sete bilhões de pessoas, e esse número continua a crescer em proporções jamais imaginadas. O homem moderno, com sua capacidade de mobilidade e com a possibilidade de processar informações automaticamente, tem sido levado a perceber a vida de forma extremamente secularizada. Em consequência disso, ele experimenta um doloroso processo de embrutecimento, vivendo às vezes como animal selvagem, trancado em seu egoísmo que o leva a viver o aqui e o agora, a experimentar uma vida sem esperança. Para que o mundo experimente a paz confortadora e libertadora de Cristo, faz-se necessário: I - Que as igrejas sejam atuantes pela motivação divina Nosso problema não é a escassez dos excelentes planejamentos estratégicos, novos modelos de igrejas ou a

tecnologia aplicada à vida eclesiástica. Tudo isso temos de sobra. Mas a pergunta que nos inquieta é: O que torna uma igreja mais missionária, mais motivada por Deus? Ocorre que, ao longo da história, sempre tivemos, pelo menos, dois tipos de igrejas: a igreja institucional e a igreja orgânica. A igreja institucional pode ser representada por seu glamour, por sua estrutura, por sua cátedra, mas, como disse João: “E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto” (Ap 3.1). Já a igreja orgânica pode ter todos os elementos da primeira, mas ela pulsa na frequência cardíaca de Deus. Missões é um assunto de ordem espiritual, é obra divina, é a ação direta do Espírito Santo, porque toda a ideia de missões tem origem na eternidade. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). O problema é tão grave que alguém já disse que “se Deus tirasse o Pregação & Pregadores |

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Espírito Santo das igrejas, 90% delas continuariam trabalhando com afinco dentro do que foi planejado e não sentiriam falta da terceira pessoa da Trindade”. Essa questão faz-nos refletir o quanto missões não é uma obra humanitária, e que a alma perdida não é a fonte, o nascedouro da nossa motivação. A origem do nosso envolvimento com a obra missionária é baseada no nosso relacionamento com Cristo, em estarmos totalmente motivados por Deus. No coração de uma igreja, onde a motivação de Deus é escassa, também será insignificante o amor pelas almas que precisam de Cristo, a paz que liberta. 2 - Que as igrejas estejam sintonizadas com as ações de Deus Quando Deus está para realizar uma obra, Ele revela ao seu povo

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aquilo que Ele vai fazer; no Velho Testamento encontramos várias evidências disso. Na verdade, Deus formou uma nação especial, com o intuito de abençoar os outros povos. “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3). No Novo Testamento Deus continua a trabalhar e, agora, Ele funde em um só povo os judeus e os gentios, formando a Sua Igreja com a grande responsabilidade de levar ao conhecimento de todas as nações Seus planos de paz, de libertação espiritual e a Sua multiforme sabedoria. “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja

conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10). Se a igreja não estiver sintonizada na ação de Deus, não perceberá o que Ele está fazendo. Ela correrá o risco de multilar a obra missionária através de sua inércia ou de uma ação unilateral terceirizada. Enviaremos aos povos não alcançados alguns “técnicos” ou “profissionais” da área missionária, o que seria indiferente e deprimente à Igreja de Cristo. A ordem deixada é clara: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At. 1.8). A ação da Igreja nasce em Jerusalém, ou seja, começa nela mesmo e progride de forma simultânea aos confins da Terra, como consequência natural de sua sintonia com aquilo que Deus já está fazendo. Missões não se afere pela distância, mas significa que quanto mais a igreja local estiver


sintonizada naquilo que Deus estiver realizando, mais odediente e eficiente será ao levar Cristo, a paz que liberta, para os povos longínquos. 3 - Que as igrejas entendam a vontade e os propósitos de Deus No tocante a missões, a vontade de Deus mostra-se muito clara: “E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”(Mt 28.18-20). O texto expressa que a última vontade de Jesus para os seus seguidores foi que evangelizassem e fizessem discípulos em e de todas as nações. Se a grandeza de missões nasce no coração de Deus, enviando o Seu Filho ao mundo como o primeiro missionário, Jesus orienta para que se façam discípulos em todas as nações. Segundo pesquisas apresentadas no primeiro Congresso de Lausanne, em 1974, na Suíça, naquela época havia cerca de 16 mil povos do mundo ainda sem nenhum contato com o Evangelho. No segundo Congresso, em 1989, nas Filipinas, o número de povos não alcançados caiu para 8 mil. Segundo a Missiologia atual, existem pouco mais de 2.200 grupos étnicos sem a presença cristã e cerca de 4 mil povos sem uma evangelização forte para alcançar a sua própria etnia. Os dados revelam que estamos avançando; entretanto, o Senhor Jesus continua contando conosco. Isso é maravilhoso, porque resgata e valoriza o princípio bíblico do sacerdócio universal, além de

ressaltar que não devemos pagar para alguém fazer o que é nossa responsabilidade. Devemos, sim, levantar recursos, mas também precisamos de igrejas que entendam a vontade de Deus e continuem a fazer discípulos. O campo é o mundo e não temos o direito de transformar o cristianismo numa religião de quatro paredes, numa religião de púlpito ou de excelentes discursos, porque o Evangelho é vida e é vida que gera vida. Cumprir o “ide”, significa fazer a vontade de Jesus, o Senhor da Igreja!

aos povos do mundo, porque eles também precisam de Cristo, a paz que liberta. Mas devemos ser atuantes na obra missionária motivados pela ação divina, e também estar sintonizados com as ações de Deus e prontos para entender a vontade de Deus. O Senhor Jesus conta conosco! A Junta de Missões Mundiais espera nosso apoio para enviar mais missionários e desenvolver projetos com o objetivo de anunciar o amor de Deus até os confins da Terra.

conclusão

Pr. Cláudio José Farias de Souza

Como igreja que somos, temos a tarefa de proclamar o Evangelho

Primeira Igreja Batista de São João de Meriti/RJ

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Para alcançar

países anticristãos

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Junta de Missões Mundiais usa de várias ações para alrealidade tem suas dificuldades peculiares, mas, de modo cançar países anticristãos e abençoar povos não alcangeral, posso dizer que passam por obtenção do visto, çados pelo Evangelho de Cristo. Uma dessas estratéaprendizado da língua, pressão social, opressão espiritual e gias foi o lançamento do Projeto Bíblias para a China. ansiedade por resultados. Graças a Deus, esse projeto “caiu na graça” dos batistas Por questão de segurança, não mencionamos nomes brasileiros e tem arrecadado cerca de 20 mil dólares de pessoas e lugares onde atuam. Mas, para a honra e glómensais. Com isso, a meta de 10.000 bíblias foi ampliaria de Deus, milhares de pessoas estão recebendo a Jesus da para 100 mil e agora já ultrapassamos a marca de 200 entre os povos não alcançados e igrejas têm sido plantamil bíblias entregues. Por outro lado, isso é uma gota no das. Nossos missionários têm sido capacitados para conoceano de necessidades, pois há cerca de 50 milhões de tinuarem a obra de evangelização dentre esses povos. crentes chineses sem acesso ao primeiro exemplar das A JMM tem a alegria de contribuir com essa maraviSagradas Escrituras. Visualização não disponível. lhosa obra que o Senhor tem realizado, apesar de tantas Temos usado o Esporte, também, para abrir portas contar com a participação de crentes Para acesso a estedoconteúdo, em contato:e quer redacao@jmm.org.br naqueles campos, pois o ter Brasil é o país futebol e entredificuldades, brasileiros para que o Evangelho avance cada vez mais isso é reconhecido no mundo inteiro. Assim, há divernos países anticristãos. As necessidades, especialmente sos missionários usando esse esporte como ferramenta nos campos asiáticos, são imensas e qualquer brasileiro para relacionar-se com crianças, adolescentes, jovens, batista bivocacionado é muito bem-vindo. Podemos gaadultos e suas famílias. Nesses relacionamentos, os rantir que não faltará oportunidade para aqueles a quem missionários têm oportunidades de ensinar futebol com Deus chamar, sejam médicos, enfermeiros, técnicos de princípios bíblicos, valores éticos e o próprio Evangelho. Temos feito parcerias com escolas de futebol nos futebol, professores, engenheiros, administradores etc. campos e clubes que recebem o missionário brasileiro Deus é um ser missionário e, pela obra missionária para ensinar futebol. Mas, colocar missionários brasimundial, Ele não poupou nem mesmo seu Filho. Tendo leiros em países anticristãos é uma grande responsabiliisso em mente, pergunto: que tipo de igrejas devemos dade. Para cumprir a sua missão nesses campos, há um ser? E o que Deus espera de Suas igrejas? Em obedicuidado todo especial com o missionário e sua família. ência ao Senhor Jesus Cristo, espero que as igrejas leCuidar integralmente do missionário e sua família é vantem ainda mais seus olhos para esses campos (Jo uma tarefa que diz respeito à JMM, às igrejas, aos pasto4.35) onde estão os povos não alcançados. Para realizar res e até aos crentes em geral. Como JMM, procuramos a obra entre esses povos, será necessário mais sacrifício, dar toda assistência possível. Além do suporte oferecido mais orações, mais vocacionados e, talvez, até lágrimas pela sede e visitas periódicas, temos obreiros denominados e sangue. Especialmente no que diz respeito aos vocaOrientadores Estratégicos Pastorais que estão nos campos cionados, creio que as igrejas devam enfatizar mais essa e também dão assistência aos missionários. A cada dois necessidade, para que mais e mais pessoas ouçam o claanos, são realizados retiros de uma semana para os missiomor dos povos não alcançados e se disponham a ir. nários e família, visando oferecer refrigério e um ambiente de fortalecimento mútuo. Quanto aos missionários locais, são sempre supervisionados por um missionário brasileiro, Pr. Renato Reis de Oliveira que é responsável pelo acompanhamento, treinamento e Coordenador dos missionários do Norte da África, pastoreio. Não há obra missionária fácil de realizar. Cada Ásia e Oriente Médio 34

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Como os islâmicos veem o Ocidente

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ma pesquisa da Organização Gallup, em 2008, mostrou as coisas que os muçulmanos mais admiravam dos ocidentais. Ou seja: tecnologia; o sistema de valores do trabalho árduo, responsabilidade pessoal, regra da lei e da cooperação; e os sistemas políticos justos com respeito aos direitos humanos, democracia e igualdade de gênero. E o que os incomoda mais são: difamação do islã e dos muçulmanos, a promiscuidade, a corrupção ética e moral. O que eles menos gostam em suas próprias sociedades muçulmanas incluem a falta de unidade, a falta de desenvolvimento econômico, a corrupção política e o extremismo. Enquanto grande parte da Ásia está se tornando cada vez mais integrada com o Ocidente, as relações entre este com o mundo islâmico permanecem em grande tensão. Alguns ocidentais acham que o fracasso da maioria dos países islâmicos em se modernizar deve-se principalmente à incapacidade das sociedades islâmicas de separar a religião do Estado e abraçar o secularismo. Mas muitos intelectuais muçulmanos acham que o Ocidente é responsável, de certa forma, pelo fracasso do desenvolvimento das sociedades islâmicas. Uma pesquisa realizada pelo Pew Global Attitudes, em 2006, mostrou que muitos no Ocidente veem os muçulmanos como fanáticos, violentos e intolerantes. Enquanto isso, os muçulmanos no Oriente Médio e

Enquanto grande parte da Ásia está se tornando cada vez mais integrada com o Ocidente, as relações entre este com o mundo islâmico permanecem em grande tensão.”

Ásia em geral veem os ocidentais como egoístas, imorais e gananciosos. Embora o Ocidente seja considerado econômica e tecnologicamente mais desenvolvido, o islã trabalha com uma agenda para islamizar o mundo inteiro. Há um choque cultural forte entre essas duas sociedades e parece improvável reconciliá-los bem como encontrar uma base comum para tratar as questões conflitantes. Alguns dos fatores de divisão são os seguintes: o Ocidente é guiado pelo ideal da democracia e a alma da democracia é o secularismo e tolerância religiosa juntamente com a liberdade de expressão e a liberdade econômica. Mas poucos no Oriente Médio sabem a natureza, origem ou a históPregação & Pregadores |

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ria da democracia bem como outros termos semelhantes, como a Constituição, a liberdade e cidadania, uma vez que não são encontrados no vocabulário árabe. De acordo com juristas islâmicos, o islã não é apenas uma cultura, uma religião ou uma tradição, mas sim um tipo de nacionalidade que reivindica jurisdição sobre todos os aspectos da vida humana. A cultura islâmica é conservadora, onde a santidade da família, a distinção entre os papéis de gênero, e a obediência aos pais são promovidos. Não se tolera sexo antes do casamento ou homossexualidade e exige-se modéstia na esfera pública. Embora alguns dos valores acima sejam realmente bons, os islâmicos, sob este sistema, veem suas vidas como guiadas principalmente por fatores externos. Esses fatores externos seriam um Deus distante, grande, mas insondável, um pai poderoso, influentes imames, fortes e antigas tradições culturais que não deixam espaço para o pensamento livre ou para a liberdade de fazer perguntas. Assim com mais frequência eles culpam os outros por seus problemas. Mas a democracia ocidental, com seus princípios básicos de secularismo, liberalismo e liberdade que são fatores que contribuem para o crescimento, o pensamento livre e prosperidade econômica também tem encontrado problemas como a revolução feminista, a revolução sexual, direitos dos homossexuais, o colapso da autoridade parental, etc. Por causa do liberalismo e liberdade, o Ocidente tem removido Deus de sua vida pessoal e pública cada vez mais, e assim perdem a base moral. Em sua maioria, os islâmicos veem a cultura ocidental como decorrentes da religião “cristã” e, assim, conectam todos os países ocidentais e seus costumes corruptos com o cristianismo. Sendo assim, este fato tornou-se o maior obstáculo para 36

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a proclamação do Evangelho entre eles. Os muçulmanos acreditam que a civilização ocidental vai passar por um vazio moral e espiritual e, portanto, a religião última e definitiva da humanidade será o islã. Eles veem o Estado-Nação ocidental como uma entidade temporária, enquanto a nação muçulmana é eterna e universal. Ser muçulmano significa, na verdade, ser uma pessoa melhor do que todos os não muçulmanos, como o Alcorão ensina, de modo que, basicamente, tendem a ter uma mentalidade superior.

Os islâmicos veem a cultura ocidental como decorrentes da religião ‘cristã’ e conectam os países ocidentais e seus costumes corruptos com o cristianismo. Este fato tornou-se o maior obstáculo para a proclamação do Evangelho entre eles.”

Um psicólogo dinamarquês que trabalhou com mais de uma centena de jovens criminosos muçulmanos encarcerados em uma prisão de Copenhague compartilhou a sua vasta experiência de trabalho com muçulmanos. “Visto da sala de terapia, a mentalidade decorrente da influência islâmica nas sociedades onde o sistema de valores dominante é tão fortemente enraizado na cultura, os muçulmanos são influenciados por seus dogmas e valores, não importa se eles rezam cinco vezes por dia e recitam o Alcorão ou não”. De acordo com ele, a compreensão de caracteristicas importantes como a raiva, agressão, autocon-

fiança, responsabilidade individual, a identidade, honra, etc., são completamente diferentes e opostos à cultura ocidental. Na cultura ocidental é um sinal de fraqueza e embaraço mostrar raiva. Mas na cultura muçulmana, espera-se e deve-se mostrar raiva e comportamento ameaçador quando se é criticado ou provocado. Caso contrário, será visto como fraco, não digno de confiança e, assim, perde status social. Também o conceito de honra na cultura muçulmana é exatamente o oposto à visão ocidental. Na cultura muçulmana é normal ser extremamente consciente do status no grupo, como os outros o veem e os sinais de qualquer tipo de crítica. Uma resposta agressiva a qualquer coisa que deixe uma pessoa insegura é visto como uma expressão de comportamento honrado na cultura muçulmana, enquanto o mesmo é visto como falta de autoconfiança na cultura ocidental. Na cultura ocidental, conhecer e aceitar os pontos fortes e fracos é ser uma pessoa honrada e autêntica. Mas os muçulmanos são ensinados desde o nascimento para esconder suas fraquezas, a fim de manter a sua honra. Na cultura ocidental, reconhecer os fatores internos é considerado mais importante que os fatores externos. Nosso ponto de vista, nosso modo de lidar com as emoções, nossa maneira de pensar, nossa maneira de refletir, a nossa forma de reagir são vistos como meios para decidirmos nossas próprias vidas. Mas nenhuma dessas coisas existem na cultura muçulmana. Para um muçulmano o mais importante é o que os outros pensam de você do que o que você pensa de si mesmo. Existe um controle social muito forte na sociedade muçulmana. Todo mundo está de olho em todo mundo e se alguém


não segue o codex cultural ou religioso, então vai sofrer fortes críticas e risco de ser excluído da sociedade e muitas vezes até mesmo da família. Em alguns países islâmicos, os líderes conservadores astutamente conseguiram que as pessoas acreditassem que a causa principal para a falta de desenvolvimento é o conflito entre os não islâmicos e os islâmicos, como no Paquistão. Em vez de aproveitar os recursos para combater a pobreza, a injustiça social, problemas de saúde, analfabetismo, conflitos étnicos e sectarismo, eles usam isso como um instrumento para consolidar seu status como guardiões do islã e verdadeiros patriotas. E assim, castigam os seus adversários como sendo agentes americanos e indianos. Também em outras partes do mundo muçulmano, os fundamentalistas islâmicos levam o povo a acreditar que o Ocidente quer que os muçulmanos permaneçam fracos, ineficazes, e seu domínio militar é apenas uma pequena parte de seus projetos para controlar o mundo muçulmano. Eles entendem que a popularidade da cultura ocidental desestabiliza os valores islâmicos e dificulta o ressurgimento da glória dos muçulmanos no cenário mundial. Então, eles enganam as massas para acreditar que a modernidade, com seus princípios de democracia, direitos humanos, direitos das mulheres, liberdade religiosa, liberdade de expressão, o pluralismo da sociedade civil são todos muito estranhos e não necessariamente aplicáveis ao mundo muçulmano. Em conclusão, os estudiosos muçulmanos pensam que através da revisão clássica e medieval do pensamento islâmico, à luz das considerações políticas, sociais, econômicas e religiosas atuais, podem garantir uma ruptura epistemológica com o passado e fornecer o mundo muçulmano, com um terreno comum com o Ocidente. Atualmente, em muitos países

muçulmanos, do Marrocos à Indonésia, as massas exibem uma busca crescente da libertação e transparência por meio da democracia. Também buscam a inclusão, a tolerância e proteção através do pluralismo e do respeito dos direitos humanos. Assim, eles acreditam que no devido tempo, esta tendência será capaz de preencher a lacuna entre os muçulmanos e o mundo ocidental. Mas para que isso aconteça, eles insistem que o Ocidente deve sinceramente apoiar a busca da democracia e do pluralismo em qualquer lugar do mundo muçulmano, em vez de apoiar os regimes autocráticos e tirânicos que assegurem a estabilidade e a proteção de interesses ocidentais a curto prazo. Por outro lado, os ocidentais acham que os muçulmanos devem procurar respostas difíceis de dentro para questões mais difíceis de fora. Eles não devem culpar os outros por

seus problemas, que são amplamente autocriados ou buscar soluções para seus problemas no Ocidente, enquanto as respostas estão, em sua maioria, em seus próprios países. Enquanto crentes em Cristo, sabemos que a solução não está em nenhum destes dois extremos, mas na mudança de vida com a boa notícia do Evangelho. Mas enquanto o “Evangelho” é preso com a “cultura ocidental” como vimos acima, torna-se um empecilho para os muçulmanos recebê-lo. Então, a coisa mais importante é entender os prós e os contras acima demonstrados de ambas as culturas e apresentar o Evangelho de uma forma que pode ser aceitável para os muçulmanos, apresentando o caráter moral bíblico para um impacto duradouro entre as sociedades islâmicas. Rev. Gabriel Azam Diretor da agência Al-Bahsir – Ásia

Apesar da aparente integração entre mundo ocidental e islâmico, as relações entre esses dois lados permanecem em constante tensão. Os dois mundos têm uma visão estereotipada negativa um do outro; enquanto a sociedade ocidental vê os muçulmanos como ameaça, os islâmicos veem os ocidentais como arrogantes e ardilosos. Esse olhar preconcebido é uma das causas da dificuldade de se pregar o Evangelho no mundo islâmico, pois enquanto nós os vemos como fanáticos, violentos e intolerantes, eles nos enxergam como gananciosos, egoístas e imorais. Como escreve o reverendo Gabriel Azam no artigo “Como os islâmicos veem o Ocidente?”, o mais importante é “entender os prós e os contras demonstrados de ambas as culturas e apresentar o Evangelho de uma forma que pode ser aceitável para os muçulmanos”, pois somente desta maneira poderemos alcançar o povo islâmico para Cristo.

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recursos | sermões temáticos Conhecer para avançar

Panorama mundial da perseguição religiosa Pr. David Botelho

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stamos vivendo um tempo especial na história da Igreja onde a maior parte dos cristãos é indiferente, omisso, apático e alienado aos fatos que ocorrem no mundo. Ao mesmo tempo, uma parte pequena da mesma está interessadíssima em conhecer seu entorno social com os grandes desafios mundiais e atuar para mudar a história de vidas, raças, povos e nações. Os estudiosos eclesiásticos denominam estes cristãos de “consumidores” e “produtores”, afirmando que a Igreja no mundo é formada por 80% dos primeiros e 20% dos segundos. Poucos têm conhecimento que cerca de 220.000 cristãos, segundo dados do historiador David B. Barret publicados na Enciclopédia Cristã Mundial, são martirizados todos os anos no mundo. Alguns até contestam tal número, mas a realidade é que muitos dos nossos irmãos morrem por sua fé nos mundos muçulmano, hindu e budista e em países fechados como Coréia do Norte, Mianmar e outros. Uma história de perseguição aos cristãos De acordo com o Novo Testamento, a perseguição aos seguidores de Jesus continuou após a Sua morte. Pedro e João foram presos por lideranças judaicas, incluindo o Sumo Sacerdote Anás, que os libertou mais tarde (At 4.1-21). Numa outra ocasião, todos os apóstolos foram presos, mas teriam sido libertados por um anjo (At 38

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5.17,18). Após escaparem, eles foram novamente pegos pelo Sinédrio, mas, desta vez, Gamaliel – um fariseu bem conhecido da literatura rabínica – convenceu o concílio a libertá-los (At 5.27-40). Os primeiros crentes eram perseguidos e sofriam tanto nas mãos de judeus como nas do Império Romano. Essa perseguição perdurou do primeiro até o quarto século, quando Constantino I legalizou a religião cristã. Mesmo durante os períodos de paz na história da Igreja, sempre houve perseguições aos cristãos que queriam ser fiéis à Palavra de Deus, mesmo que a perseguição viesse do próprio organismo que se autodenominava Igreja do Senhor Jesus como pela Igreja Católica na Era das Trevas. Tanto na História como na atualidade, cristãos ainda sofrem perseguição ao professar publicamente sua fé. O tempo passou e, de acordo com Cindy Grauson (examinadora de perseguição cristã), no decorrer do século 20, mais cristãos morreram por sua fé do que em todos os outros séculos juntos. E, aparentemente, o século 21 vai superar essa marca. Apesar de o mundo proclamar uma globalização e a ONU declarar o direito à liberdade religiosa como direito do ser humano, atualmente a perseguição religiosa – neste caso, aos cristãos – tem se intensificado. Neste século 21 a história se repete e os cristãos são perseguidos por outros grupos religiosos, incluindo muçulmanos e hindus, e por estados ateístas, como a República Popular da China, e também por ditadores tirânicos, como os da Coréia do Norte e de Mianmar.


Os lugares mais perigosos para um cristão viver Especialmente na Ásia, no Oriente Médio e no Norte da África a situação é extremamente gritante. Veja a situação em alguns países: Laos – A perseguição aos cristãos nesse país é forte e as leis são aplicadas àqueles que abandonam os cultos. Mauritânia – Converter-se ao cristianismo é proibido nessa nação. Aqueles que o fazem são advertidos com ameaças de prisão ou morte. Afeganistão – Os cristãos têm que cultuar a Deus escondidos e, quando descobertos, perdem família, casa e emprego. São espancados, presos e frequente-mente assassinados. Coréia do Norte – Todos devem adorar os líderes Kim Jong-Il e seu pai. O regime acredita que seu poder entrará em colapso se não detiver a propagação do cristianismo. Descobertos, os crentes são enviados para os campos mortais de trabalhos forçados ou são secretamente executados. A classificação dos países que estão debaixo de perseguição pode ser conferida no site www.missaoportasabertas.org. Além da perseguição religiosa sofrida por muitos cristãos, milhares estão em meio a vários pontos de conflitos ao redor do mundo, a exemplo da Península Coreana, Somália, África Central, Caxemira etc. A intensidade dos movimentos radicais que levam ao fundamentalismo religioso tem crescido assustadoramente. Por causa disso, ainda na presente década, milhares de cristãos serão levados à morte! Apesar dessa dura realidade, é interessante que em alguns países islâmicos de línguas árabe, farsi e turca muitos estão se convertendo e os novos convertidos estão tomando coragem para compartilhar sua fé, pois estão sendo encorajados pelos programas radiofônicos e televisivos. Na Finlândia, o programa da TV Al Hayat para o mundo árabe é assistido por cerca de 40 milhões de muçulmanos e aproximadamente 10 mil deles já receberam Jesus como Salvador pessoal. Um sheik da Arábia Saudita telefonou para a apresentadora do programa para confirmar sua conversão, dizendo que em sua sala havia outras 26 pessoas que também queriam tomar tal decisão, mesmo conscientes de que isto poderia custar suas vidas.

A evangelização é, na maioria das vezes, restrita ou proibida em vários países e em todos os continentes”

É tempo de acordar para a realidade É tempo de a Igreja no Ocidente conscientizar-se de que deve orar pelos que estão sendo perseguidos e de que precisa levantar a bandeira destes, ajudar a minorar o seu sofrimento e os encorajar nos momentos mais difíceis de suas vidas. A Missão Horizontes tem produzido literatura para mostrar o sofrimento de cristãos que estão sofrendo na Coréia do Norte, na China e no mundo muçulmano – o que tem ajudado muito os “produtores” a orar pela Igreja Sofredora e pela Igreja Subterrânea. O texto de Atos 1.8 – “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” – é uma ordem aos cristãos de hoje também. Ser testemunhas implica estar em movimento e isto em todas as partes do mundo. Esta ordem não mudou, mas o preço é alto, pois no original grego a palavra “testemunhas” significa “mártir”! A Igreja Primitiva nasceu sob a égide de Cristo, mas o preço foi o martírio dos primeiros líderes. Sejamos conscientes de que seguir a Cristo implica em ser perseguido, mesmo em países abertos, pois governos e movimentos liberais não querem ser regidos pelo senhorio de Jesus. Ao mesmo tempo, a glória é grande e o belo exemplo de Estêvão, o primeiro mártir da Igreja, nos serve de grande encorajamento, pois no momento de sua morte ele viu o céu aberto e Jesus assentado à direita do Pai. Pr. David Botelho Diretor da Missão Horizontes

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recursos | sermões temáticos Missões no púlpito

A importância da oração na obra missionária mundial Pr. Edison Queiroz

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texto de Mateus 6.9-13 mostra os discípulos de Jesus lhe pedindo: ensina-nos a orar. Jesus respondeu com a famosa oração do Pai Nosso. Esta não é uma oração egoísta, simplesmente pedindo coisas pessoais, mas Jesus ensina quais devem ser as prioridades na oração. Em primeiro lugar, que venha o Reino de Deus. De uma forma genérica, o Reino de Deus se manifesta no controle que Ele tem de todo o Universo. Por isso que a Bíblia o chama de “Rei de toda a terra” (Sl 47.7). O Reino de Deus específico se manifesta através da igreja; seus membros devem estar totalmente submissos a Deus e à Sua vontade. Quando Jesus ensinou que os discípulos devem pedir a Deus que o Seu Reino venha, estava mostrando que a melhor forma de manifes40

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tar o Reino de Deus na Terra será através da evangelização, levando cada pessoa do planeta a submeter-se a Ele (Fp 2.10-11). E cada cristão deve ser um agente de Deus para que o Seu Reino venha sobre todos os homens. A oração é parte fundamental para que o Reino venha. Deus quer que cada um dos Seus filhos seja um intercessor. Segundo, que seja feita a vontade de Deus, assim na terra como no céu. Podemos perguntar: Mas a vontade de Deus não está sendo feita? Claro que a resposta é sim, partindo da perspectiva da soberania Dele. Mas a Bíblia nos ensina que Deus permite que o ser humano faça suas escolhas, e aí que entra o pedido que Jesus Cristo ensina na oração: que cada ser humano se submeta à vontade de Deus. certeza da resposta Também existe o ensino de orar para que o próprio Deus envie trabalhadores para a seara, como podemos ver em Mateus 9.36-38. Ele estava vendo as multidões perdidas e dizendo aos seus discípulos: “Vejam quantas vidas precisam de um pastor. Vejam como a colheita é grande. Vejam as nações da terra – perdidas, desamparadas, desgarradas, errantes como ovelhas sem pastor”. Para, logo em seguida, exortar Seus discípulos a pedir a Deus que envie mais trabalhadores. Todos os crentes em Jesus têm o dever de orar rogando a Deus que envie mais trabalhadores e, ao mesmo tempo, evangelizar. Além do ensino sobre a oração com a visão do Reino de Deus, a Bíblia também nos ensina que Deus responde às nossas orações: “E esta é a confiança que temos nele: se pedirmos alguma coisa segundo sua vontade, ele nos ouve. Se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que já alcançamos o

que lhe temos pedido” (1Jo 5.14-15). Este texto nos ensina alguns princípios importantes sobre a oração. Temos então a certeza de que “se pedirmos alguma coisa, segundo sua vontade, ele nos ouve”. A garantia da resposta positiva de Deus é o pedido segundo a Sua vontade. Portanto, quando oramos pela obra missionária, estamos fazendo de acordo com a vontade de Deus, e com certeza veremos os resultados da nossa intercessão. “Se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que já alcançamos o que lhe temos pedido (v. 15). Deus quer que tenhamos confiança na resposta à nossa oração. Deus nos ouve e nos responde. guerra espiritual Precisamos também ter consciência de que estamos no meio de uma guerra espiritual. Vemos em Atos 26.17 e 18, quando Paulo estava dando seu testemunho ao rei Agripa, a realidade do trabalho missionário: “Eu o livrarei do seu próprio povo e dos gentios, aos quais eu o envio para abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.17-18). Vejam que há três ações no trabalho de fazer discípulos: 1) abrir-lhes os olhos; 2) convertê-los das trevas para a luz e 3) convertê-los do poder de Satanás para Deus. A obra missionária consiste em tirar as pessoas do reino das trevas e do poder de Satanás e levá-las para o Reino da Luz e para o poder de Deus. A pergunta que surge é: Satanás vai permitir? Claro que não. Aqui entra a importância da intercessão. Devemos orar, jejuar, interceder pelos missionários, pelas nações sem Cristo, pelos povos ainda não alcançados pelo Evangelho.

Sugestões práticas para uma boa intercessão missionária: • Prepare-se espiritualmente. Se puder, separe um tempo de jejum e fortaleça-se no Senhor e em Sua Palavra. • Ore para que Deus envie mais obreiros para a obra de missões • Ore pelos missionários: por sua saúde, pela família, para que tenham unção do Espírito Santo, por estratégias divinas, por autoridade espiritual. • Ore pelo relacionamento entre os missionários e líderes no campo. Esta é uma área difícil e que precisa muito da nossa intercessão. • Ore pelos povos ainda não alcançados pela mensagem de salvação. • Ore pelas nações. Adquira um mapa-múndi ou um globo. Ore para que Deus lhe ajude a ver o mundo como Ele vê. O livro Intercessão Mundial, de Patrick Johnstone, tem informações sobre todas as nações da Terra. • Ore pelos pastores e igrejas, para que tenham visão missionária. • Ore pela Junta de Missões Mundiais, para que tenha sabedoria no trato e cuidado dos missionários, bem como estratégias específicas para alcançar o mundo no século 21. • Ore para que Deus derrube todas as barreiras espirituais que o inimigo levanta contra a expansão do Reino de Deus. Sempre afirmo que a igreja trabalha mais rápido de joelhos do que de pé. Sem dúvida, pela oração nossas igrejas crescerão, muitos missionários serão enviados, vidas serão salvas, igrejas serão plantadas e Cristo será glorificado em todas as nações. Pr. Edison Queiroz Primeira Igreja Batista de Santo André/SP

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estante

Conquistando o direito de ser ouvido Resenha de Analzira Nascimento e Jarbas Ferreira: Missão, Missões, Antimissão – O projeto de Deus e os empreendimentos humanos

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m jovem vocacionado busca preparo adequado, apresenta-se à agência missionária e, no tempo certo, após a observância de todas as etapas preparatórias, segue para o cam-

po missionário. Num país distante, encontra pessoas estranhas, com hábitos diferentes, numa cultura totalmente nova e desconhecida. O missionário cheio de motivos para superar todas as barreiras e pregar o Evangelho. Mas e as pessoas daquele país, que razões têm para ouvir o missionário estrangeiro? Para que a comunicação do Evangelho aconteça não basta que ele seja pregado, é importante que seja pregado a alguém que queira ouvi-lo. O que fazer, no entanto, se as razões que motivam o que prega não são simpáticas nem bem vistas por aqueles a quem se deseja pregar? Ouvir o missionário e levar em consideração o que ele prega são decisões que precisam ser tomadas pelas pessoas a quem se deseja alcançar. Decisões, diria, indispensáveis. Mas quais são as razões que o povo daquele país distante tem para levar a sério o missionário e sua missão? Por que motivos eles deveriam ouvir o que o missionário tem a lhes dizer? Ou o missionário conquista o direito de ser ouvido, através de uma vida de serviço e de amor comprovados através de ações concretas, ou nunca conseguirá ser ouvido, mesmo que insista anos a fio. Ao fazer isso, consegue viabilizar que na cultura daquele povo, a missão de Deus seja cumprida.

Por não compreenderem isso muitas missões e instituições missionárias têm, ao longo da história, logrado fracasso em seu mister e comprometido recursos, humanos e materiais, e, o que pode ser mais grave, oportunidades. Negligenciar a cultura e a cosmovisão do povo para quem se deseja pregar é, em última análise, prejudicar missões e obstaculizar a missão. É, por isso, antimissão. De uma forma geral, parece ser esta a essência do instigante texto com o qual Analzira Nascimento e Jarbas Ferreira da Silva brindam a literatura missiológica brasileira. Instigante em pelo menos três dimensões, quais sejam: histórica-crítica, bíblico-teológica e pragmático-metodológica. Assim, os autores apontam os equívocos missiológicos testemunhados através dos anos, sugerem uma hermenêutica bíblica que parte da visão integral do homem e da missão e, por fim, demonstram pelo estudo de caso, como funciona uma práxis missionária centrada na conquista do direito de ser ouvido, o que estabelece, em termos pragmáticos, uma corajosa e pertinente mudança de paradigma no fazer missões. No novo paradigma que se estabelece, o missionário conquista a oportunidade de ser ouvido, partindo de uma diakonia inteligente contextualizada e socialmente relevante, abrindo espaço para um kérigma hermeneuticamente sadio, visando formar Cristo nas pessoas pela didaskalia e pela koinonia, na reconstrução de uma prática proclamadora mais amparada numa martiria cotidiana que ama, se doa e serve,


do que numa pretensão de imposição cultural que julga e condena o modo de vida do povo para quem se pretende anunciar as novas do Evangelho. Como bem sinalizou Jarbas Ferreira da Silva, “... evangelização é muito mais que evangelismo, ela inclui testemunho de vida, diaconia de amor e um discipulado marcado pela cruz e poder do Espírito Santo.” O leitor cuidadoso perceberá logo, que a grande contribuição do texto reside precisamente no estudo de caso - Angola, onde os autores demonstram que a prática missionária libertadora funciona dentro de um paradigma novo que privilegia o relacionamento, o serviço ao próximo e o mandato cultural, em contraponto à postura autoritária e unilateral, obviamente equivocada, sobejamente adotada nos primórdios da obra missionária mundial e, infelizmente, ainda observada em determinados rincões. Ler “Missão, Missões, Antimissão” é propiciar-se arejamento, oportunizar-se revisões de paradigmas e arriscar-se pelas avenidas da crítica, da teologia e da prática missionária libertadora. Ler “Missão, Missões, Antimissão” é encontrar no ato de servir a principal estratégia para retratar, pelo exemplo de vida, o amor generoso e inesgotável do “... Deus que amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” ( João 3.16).

Lécio Dornas Pastor da Igreja Batista do Fonseca, Segundo-Secretário da Convenção Batista Brasileira e editor de Pregação & Pregadores.

7 de março de 2012 Dia de Oração por

Missões Mundiais A obra de Missões Mundiais é conduzida por Deus e realizada graças à ajuda dos irmãos que sustentam os missionários ao redor do mundo. Todo aquele que ora para que os povos não alcançados ouçam falar de Cristo, a paz que liberta, também é um missionário. A igreja que ora por proteção dos servos de Deus nos campos espalhados pelo mundo também é uma igreja missionária. Os missionários não carecem apenas do sustento material, precisam também de apoio espiritual, e isso se dá através da oração. Nosso alvo de oração deve ser para que o mundo encontre a paz que liberta e que o poder de Deus alcance os lugares mais distantes. A Junta de Missões Mundiais sugere que, no dia 7 de março, as igrejas estejam envolvidas em uma jornada de intercessão pela obra missionária mundial. Caso não seja possível fazer nesse dia, orientamos a igreja a escolher a melhor data para realizar esse importante evento. Nesse momento, ore por um continente, um país ou um povo não alcançado. Se a igreja adota um missionário, ore por ele e por sua família também. Peça proteção e cuidado do Senhor para a segurança da família missionária e ore pelo campo onde atua. Interceda para que Deus dê visão e sabedoria aos missionários. Rogue ao Senhor por proteção na batalha espiritual e ajuda na adaptação ao campo. Envolva a igreja nesse dia reservado especialmente para falar com Deus e rogar a Ele que crie oportunidades para que a salvação seja anunciada. Ore ainda por proteção para os crentes que sofrem perseguição por pregar a verdade que liberta. Antes de orar, dê notícias de alguns campos missionários. Fale de suas necessidades e avanços. Para isso, utilize o material da Campanha, como revistas e DVD. Desta forma, você ajuda a criar o hábito de oração por missões em sua igreja e motiva os crentes a intercederem em seus lares. Converse com o pastor ou líder do Ministério de Missões e organizem uma programação especial de oração pelos missionários, pelos campos e para que os povos não alcançados conheçam Cristo, a paz que liberta!

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reflexão

Pregadores atualizados, antenados e conectados “Por isso, todo Mestre da Lei instruído quanto ao Reino dos Céus é como o dono de uma casa que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas.” Mt 13.52 NVI

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Pr. Adilson Ferreira dos Santos

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er pregador da Palavra de Deus é ser portador de um tesouro incomparável. A Palavra de Deus é um manancial inesgotável. Escrita ao longo de 1.600 anos, há muitos séculos, continua valendo hoje em toda a sua dimensão e intensidade. O desafio do pregador é construir uma ponte entre a época em que a Palavra foi escrita e o tempo atual, respondendo às questões e necessidades humanas nos dias de hoje. Para que isso aconteça de maneira eficiente, o pregador precisa ser alguém atualizado, antenado, conectado, plugado; usando termos bem atuais. A responsabilidade de pregar biblicamente sobre os mais variados temas requer preparo, conhecimento, atualização constante e dependência de Deus. Ouvi dos ‘mestres’ no seminário que o bom pregador tem a Bíblia numa das mãos e o jornal na outra, exemplificando a necessidade de contextualização e relevância na pregação. Saber o que se passa com sua igreja, bairro, cidade, estado, país e o mundo, ajudará o pregador a aplicar a Palavra, trazendo-a para perto do povo. Jesus é o nosso maior exemplo de pregador. Ele sempre colocava seus ensinamentos no contexto de vida dos seus ouvintes. As parábolas (contar histórias), o Sermão do Monte, os encontros (mulher samaritana, Nicodemos), são apenas alguns exemplos da maneira como Jesus impactava seus ouvintes. O Pregador precisa entender que o tema Missões percorre toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. Nosso Deus é o “Deus Missionário” que vem ao mundo na pessoa de Seu Filho Amado. A Trindade, ou Triunidade, é missionária. Deus Pai envia, Deus Filho é o enviado, Deus Espírito Santo é o apoio, o poder de Deus para executar a missão. Pregar sobre missões requer conhecimento bíblico e conhecimento do mundo atual. Listo algumas informações missiológicas importantes: 1 - mudança do eixo missionário Historicamente a direção do movimento missionário acontecia do Hemisfério Norte para o Sul. As nações ricas do Norte (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, entre outras), seguiam para o Sul, levando o Evangelho às nações pobres e subdesenvolvidas, abaixo da linha do Equador. 46

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O desafio do pregador é construir uma ponte entre a época em que a Palavra foi escrita e o tempo atual, respondendo às questões e necessidades humanas nos dias de hoje. (...) A responsabilidade de pregar biblicamente sobre os mais variados temas requer preparo, conhecimento, atualização constante e dependência de Deus.”

Hoje há uma inversão. O Hemisfério Sul experimenta um grande crescimento no número de evangélicos. Deus tem tocado estas nações, concedendo-lhes visão missionária. A África tem enviado missionários para vários países europeus. O Brasil se levanta como nação que envia; nossos missionários estão em todos os continentes. A América do Norte e a Europa recebem nossos missionários, que semeiam o Evangelho num ambiente de rejeição e desprezo. Da Ásia temos um case interessante. Em julho encontrei, na China, um missionário de Papua Nova Guiné. Ele me disse que seus ancestrais eram canibais e que haviam comido alguns missionários no passado. Hoje o Evangelho cresce em Papua e em toda a Oceania. As nações das ilhas, região da Polinésia, Micronésia, enviam missionários através do Movimento Missionário denominado “Canoa em Alto Mar”. Hoje, missões não tem “mão de direção”. É de ‘todo lugar para todos os lugares’. Oramos e esperamos um congestionamento mundial de missionários. Os Estados Unidos ainda são a maior força missionária atuante no planeta. Graças a Deus por eles. Os americanos ainda têm um papel importantíssimo no cumprimento da grande comissão. Juntos, Sul e Norte, haveremos de alcançar o mundo com a mensagem do Evangelho.


2 - novas forças missionárias atuando O Brasil já é reconhecido como “mais nova potência mundial” em vários veículos de comunicação da Europa e dos Estados Unidos. Da mesma maneira que na economia, esse reconhecimento acontece também em missões. Somos classificados hoje como atual celeiro de missões para o mundo. A Junta de Missões Mundiais é considerada a segunda maior agência missionária do mundo. Outras denominações estão se estruturando para aumentar o envio de missionários. Tratar o Brasil como potência missionária se deve não pelo que estamos realizando, mas pelo potencial que temos diante de nós. Temos vários aspectos que contribuem para isso, como: crescimento evangélico (somos a terceira nação do mundo em número de evangélicos); crescimento econômico; potência esportiva (futebol, vôlei, outros); multiétnico (temos a cara do mundo); recursos naturais e biodiversidade. Estes fatores, aliados ao ‘jeito de ser’ do brasileiro, abrem portas para os relacionamentos estratégicos para a proclamação do evangelho. Deus tem preparado outras nações enviadoras. A Coréia do Sul envia missionários como frutos do avivamento e crescimento das últimas décadas. Atualmente, a China é o país onde o Evangelho mais cresce no mundo. As pesquisas apontam de 27.000 a 30.000 conversões por dia. Esse crescimento tem levado a igreja chinesa a enviar missionários através do movimento Back to Jerusalem (Retorno a Jerusalém) que visa enviar 100.000 missionários chineses, percorrendo a Rota da Seda no sentido contrário. A força missionária da Ásia começa a produzir efeitos. Igrejas em

países com grandes desafios e perseguição não se esquivam da responsabilidade missionária, como é o caso da Índia e da Indonésia. 3 - imigração O mundo não está mais ‘estacionado’. A população mundial está em movimento. Nossa ação missionária precisa considerar este aspecto dos dias atuais. Os imigrantes estão em toda parte. Longe de casa e das “cercas de proteção” de suas religiões nativas, os imigrantes se apresentam mais suscetíveis à manifestação da graça salvadora em Jesus. A América do Norte e a Europa têm habitantes de todas as partes do planeta. Várias nações árabes e asiáticas estão presentes aqui no Brasil. A colonia libanesa no Brasil é maior do que a própria população do Líbano. Alcançar os árabes aqui abre uma grande possibilidade dos convertidos levarem o Evangelho aos seus países de origem. No Vietnã, um casal de missionários europeus enfrentava dificuldades de pregar o Evangelho no norte do país, região de concentração comunista. Com o crescimento econômico da Malásia, milhares de vietnamitas saíram de lá para trabalhar em Kuala Lumpur. Os missionários perceberam esta movimentação e resolveram seguir o fluxo da imigração, lembrando que alcançamos pessoas e não territórios. Junto com este casal finlandês, outros missionários se juntaram ao trabalho. Nos últimos 10 anos, 25.000 imigrantes vietnamitas se converteram ao Senhor Jesus.

te Médio. O desafio ainda é muito grande. Em média, 94% a 97% da população são muçulmanos. Apesar disso, as notícias de um grande mover de Deus, chegam a todo momento. Nem tudo o que acontece se pode divulgar. Em 2007, estando em um país árabe, ouvi de um pastor nacional o relato de milhares de convertidos via internet. Ele informou que estavam orando e que Deus estava lhes mostrando que chegaria o dia em que haveria liberdade de expressão e escolha em todo o Oriente Médio. Disse ainda que, para que isso acontecesse, haveria derramamento de sangue inocente. Hoje vemos isso acontecer. O movimento por liberdade e democracia denominado “Primavera Árabe”, teve início na Tunísia e se alastrou pelo Oriente Médio, como ‘efeito dominó’, destronando ditadores como Hosni Mubarak (Egito) e Muammar Kadhafi (Líbia). Oremos para que este movimento favoreça a liberdade para pregarmos o Evangelho nos países árabes. Precisamos do amor e da compaixão de Jesus pelas multidões para pregar sobre missões, com poder, autoridade e sabedoria. Nossa pregação deve levar nossas igrejas a amar os perdidos ao ponto de oferecer vidas, bens e orações no altar de missões. O Brasil tem hoje as maiores e melhores oportunidades para levar o Evangelho a todas as nações. Deus tem preparado a nossa nação para este tempo. Pastores pregadores, vamos liderar o nosso povo nesta missão! Porque... “Eles precisam de Cristo, a Paz que liberta!”

4 - oriente médio: “Primavera árabe” A cada dia aumenta o número de convertidos em todo o Orien-

Pr. Adilson Ferreira dos Santos Coordenador de Mobilização da Junta de Missões Mundiais

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apelo

Pr. João Marcos Barreto Soares

Missões: Alcançados, alcancemos!

Q

uando olhamos para o aumento do número de missionários enviados para os campos, ficamos muito alegres. Quando pensamos nos desafios apresentados para os próximos anos, ficamos animados. Mas, quando olhamos para a necessidade do mundo, ficamos perplexos. Sim, ao ultrapassarmos a barreira dos 700 missionários, devemos celebrar! Ao pensarmos que é possível chegar a 900, nos próximos dois anos, nos animamos a alcançar o alvo. Mas quando olhamos para a realidade que mais de 2.200 povos jamais foram sequer contatados por mensageiros do Evangelho da paz e que 4 bilhões de pessoas não ouviram até hoje a mensagem do amor de Deus, não há como não ficarmos perplexos.

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Afinal, como isto é possível após mais de 2.000 anos de cristianismo? Como a igreja não foi capaz de cumprir o ide em tanto tempo? Creio que a resposta está em nós, mais precisamente em nossas falhas. Parece-me que nos esquecemos de quem éramos, de quem somos e de quem devemos ser. O primeiro capítulo de 1Pedro nos ajuda a entender isto. O Apóstolo Pedro nos fala sobre a regeneração e como ela foi concedida a nós. Vejo três palavras neste texto que mostram como Deus produziu nossa regeneração e como cada uma delas nos ajuda a lembrar aquilo que esquecemos. A primeira palavra é misericórdia. Como se pode depreender de sua leitura, a misericórdia é o resultado da miséria do outro em nosso coração. É uma reação desmesurada diante da miséria do outro. O texto fala da grande misericórdia de Deus. Ela foi perfeitamente expressa em Cristo, notadamente no seu sacrifício na cruz. Se nos lembrarmos de como aquele momento foi terrível, porque a miséria do nosso pecado pesou sobre o coração de Jesus, então nos lembraremos de quem nós éramos, pecadores sem salvação. Creio que temos nos esquecido desta grande misericórdia que nos alcançou. Só assim para entender como a igreja até hoje não empreendeu um esforço desmesurado para alcançar todo o mundo. Como podemos não ser sensíveis à miséria destes quatro bilhões de pessoas que vivem escravizadas pelo pecado? Só se não lembramos de como o sacrifício de Jesus foi grande e misericordioso. Se nos lembramos, seremos apaixonados por Cristo e viveremos para realizar missões. A segunda palavra é esperança. O texto nos fala que fomos regenerados para uma viva esperança pela ressurreição de Cristo. Isto mostra quem nós somos. Somos herdeiros que anseiam pela eternidade. Nossa esperança é o próprio Cristo que venceu a morte e vive em nós. Nosso alvo é viver na eternidade com Ele. Este mundo não é nossa morada eterna. Temos razão para viver pois nossa esperança é viva e eterna. É o próprio Cristo ressurreto! Como podemos nos esquecer que bilhões de pessoas vivem sem nenhuma esperança? E isto vale para pessoas que vivem em países ricos e pobres. Para pessoas cultas e incultas. Elas não têm razão para viver. Precisam de Cristo, a esperança viva. Nós ganhamos uma nova vida cheia de esperança e devemos usá-la para espalhar esta mensagem a todos. A terceira palavra é graça. O Apóstolo Pedro a utiliza a partir do versículo dez. Foi pela graça que fomos salvos. Devemos ser mensageiros dela. A graça de Deus 50

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A misericórdia me leva a ser um intercessor pois a miséria dos povos e pessoas não alcançadas dói em meu coração. A esperança me leva a ser um ofertante pois compreendo que a minha esperança não está nas coisas deste mundo e por isso posso investir mais na expansão do Reino de Deus. A graça me faz um missionário onde quer que eu esteja e me dá potencial para ir aos confins da Terra.” é multiforme, age de diversas formas. Pela graça nós recebemos todas as condições para cumprir a missão recebida. Sim, a graça nos supre em tudo quando fazemos nosso trabalho para Deus. Desta forma, ela permite que sejamos missionários em qualquer lugar do mundo. É pela graça de Deus que podemos nos ambientar em um lugar diferente, em meio a sofrimentos, ou mesmo sofrendo, pois ela nos conforta. É pela graça de Deus que podemos realizar as tarefas de evangelização pois ela nos capacita. Seja em nossa casa ou no Paquistão, o que nos faz capazes de comunicar o evangelho é a graça de Deus. Por que tememos não ter condições se a graça nos capacita? Creio que se nos lembrarmos destas três palavras nos lembraremos quem éramos, quem somos e quem devemos ser. Creio também que elas me levam a tomar pelo menos três atitudes. A misericórdia me leva a ser um intercessor pois a miséria dos povos e pessoas não alcançadas dói em meu coração. A esperança me leva a ser um ofertante pois compreendo que a minha esperança não está nas coisas deste mundo e por isso posso investir mais na expansão do Reino de Deus. A graça me faz um missionário onde quer que eu esteja e me dá potencial para ir aos confins da Terra. Eles precisam de Cristo, a paz que liberta. Nós ganhamos uma nova vida para compartilhar esta paz. Pr. João Marcos Barreto Soares Diretor Executivo da Junta de Missões Mundiais


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