Jornalilustre

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1 euro //Terça-feira, 13 Dezembro 2011 //Ano 3 // Número 790 // www.ilustrejornal.pt Directores: Cristiana Fertuzinhos, Joana Lemos, Pedro Barreiros

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André Carrilho ganha vários prémios nacionais e internacionais Pag.2


ANDRÉ CARRILHO

Designer, ilustrador, cartoonista, animador e caricaturista

ANDRÉ CARRILHO é um designer, ilustrador, cartoonista, animador e caricaturista, com sede em Lisboa, Portugal. Ganhou vários prémios nacionais e internacionais e tem mostrado o seu trabalho em grupo e exposições individuais no Brasil, na China, na República Checa, França, Portugal, Espanha e EUA. Em 2002 foi galardoado com o Gold Award para Portfólio de Illustrator pela Society for News Design (EUA), um dos prémios de ilustração de maior prestígio no mundo. O seu trabalho tem sido publicado pelo The New York Times, The New Yorker, Vanity Fair, New York Magazine, Ponto de Vista, Independent on Sunday, NZZ am Sonntag, a revista Word, revista Harper e Diário de Notícias, entre outras publicações. Em 2004 decidiu juntar-se com o programador, dj e músico Nuno Cor-

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reia para desenvolver recursos visuais interactivos/generativa sob o seu nome de Video Jack. Ele também dirigiu um curta-metragem de animação chamado “Jantar em Lisboa”, com roteiro e música de JP Simões. Em 2008 ele criou com o produtor e escritor João Paulo Cotrim um projecto de desenhos animados editorial animado desenhos animados chamado Spam, com uma colaboração de ilustradores Cristina Sampaio e João Fazenda. “Ainda vive em Nova York?” É a questão mais recorrente. André Carrilho não vive em Nova York, nem em Macau - embora tenha sido na excolónia Português que ele deu os seus primeiros passos no mundo dos jornais, tinha 17 anos e foi-lhe dada uma página em branco no jornal Ponto Final. A primeira caricatura (o ex-governador de Macau, Vasco Rocha Vieira, com o cabelo de Mao Zedong) deve ter impressionado os patrões, como ele se

tornou um colaborador frequente para o papel recentemente criado, desenho “focando-se muito sobre os costumes, como as diferenças entre as piadas Chinês e Português, e visual sobre a cidade.” 21 anos depois, André Carrilho tornou-se o melhor ilustrador conhecido Português no mundo. Ganhar o Gold Award da Society for News Design, em 2002, foi um dos momentos decisivos na sua carreira. Naquele tempo, o seu portfólio foi deixada numa pilha de portfólios de outros que foram também destinados para o New York Times, que as coisas que provavelmente ajudada”. Ao longo do caminho, ele chamou a atenção de um dos jurados, o director de arte do jornal britânico The Independent, que o contratou para as capas do suplemento dominical, que continuou a fazer desde então.



O pau para toda a obra Embora excepcional, tanto a ilustração e caricaturas, André Carrilho mantém sempre de olho em novas tecnologias. Talvez o fim do papel levará mais tempo do que se pensava, no entanto, de acordo com o ilustrador, não há mal em ser prudente e preparado para esta eventualidade. Não vamos esquecer que “a Internet é uma combinação de todos os outros meios e deve ser visto como muito mais do que uma imagem estática. Eu estou interessado em explorar o potencial da imagem. Isto é exemplificado por desenhos animados Spam, que foi criada em 2008, e Jack vídeo, que foi criado em 2004. O primeiro é um projeto conjunto que microfilmes zomba política contemporânea Português, bem como o pessoal “bugbears” de seus criadores. É o resultado de uma parceria entre André Carrilho e João Paulo Cotrim, que também envolve os ilustradores Cristina Sampaio Português, João Fazenda e

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José Condeixa, que são os primeiros no mundo a fazer regularmente filmes de animação sobre temas actuais. O segundo é um projeto VJ-ing, que ele divide com o músico e programador de Nuno Correia, em que ele se sente “uma espécie de libertação.” Ele confessa que sempre foi ciumenta de músicos de jazz, porque a sua criatividade é imediatamente perceptível pelas pessoas. Talvez tenha sido isso que o colocou em VJ-ing. Com um programa de marca criado pela dupla, eles escolhem “loops de animação a partir de uma biblioteca de imagens que correspondem ao que está sendo tocada.” Após um ano de desempenho na famosa Lux Club em Lisboa, eles realizaram a vária música e festivais audiovisuais em cidades como Nova York, Praga e Lille, e em países como a Finlândia ou a Estónia. No meio de tudo isso, eles também estreou o curta-metragem de animação Jantar los Lisboa em 2007, que ostentava um

roteiro e música de JP Simões, José Álvaro Morais ganhar prêmio recém-chegados naquele ano no Festival de Cinema da Covilhã para uma boa medida. Em seu cartão de visita, que ele mesmo projetado, a palavra “versátil” deve preceder a sua assinatura. “Eu gosto de descobrir coisas novas. Isso me irrita muito quando as pessoas me dizem que não posso fazer isto ou aquilo. Sempre me disseram que eu não podia fazer nada além de caricaturas. Quando eu comecei a fazer quadrinhos, eles me disseram que eu era um cartunista, e eu não poderia fazê-lo. Quando eu comecei a fazer ilustração, eles repetiram o mesmo absurdo. Quando eu quis fazer animação, eles também me avisou que eu não deveria fazer isso porque eu sou um ilustrador. Estou tão teimoso que eu, eventualmente, ser aceito em todas as áreas. Eu só quero ser autorizados a fazê-lo, eu poderia não ser bom em todos eles, mas eu gosto de explorar. “E o fato é que todos, eventualmente, teve de admitir sua loucura, como explorações de André foram bem sucedidos. “Tendo o design gráfico como base teve um impacto sobre todo o meu trabalho, não só em termos visuais, mas os técnicos também.”


Depois dos livros de quadrinhos franco-belga Seu agudo senso crítico, que é uma característica muito clara de sua personalidade, é algo que vem desde sua infância. A partir do momento que ele chamou piratas e espadachins, sua mãe lembra: “Ele estava sempre reclamando que nada que ele nunca colocou no papel deu certo.” Com a idade de 11, e inspirado no livro de coleta de francobelga de quadrinhos de seu tio Victor, que era um cartoonista, ele entrou neste mundo, definitivamente. O seu tio era a musa para a sua caricatura em primeiro lugar.Seus mais amados livros de banda desenhada na época eram Spirou, Tin Tin, Lucky Luke, Asterix e Comanche. Em torno de 14 anos de idade, ele começou a comprar livros de banda desenhada regularmente e estava particularmente interessado na arte de Hugo Pratt e seu marinheiro Corto Maltese. Tesoura na mão, ele começou a recortar as figuras dos jornais, tanto aqui como no exterior. Ele começou a colecionar os desenhos de Vasco, Augusto Cid e António em um arquivo, bem como ilustrações do Le Monde, que seu padrasto comprou, e Suivre, “foi a melhor revista francesa de quadrinhos, com vários autores, tais como Hugo Pratt e Moebius. “Escusado será dizer que ele sempre carregava um bloco de desenho para fazer caricaturas daqueles dispostos a tal.

Macau - Lisboa Em 1990, ele foi com sua mãe para viver em Macau. Além de atender João Lam e Gonçalo Viana na escola secundária, que lhe deu idéias para a sua carteira e um passaporte para o seu talento para começar a dar frutos, André era fascinado por “telefones celulares e pagers, objetos que eu nunca tinha visto antes. A primeira vez que fui a um McDonalds foi também em Macau “. Mais tarde, ele deixou o paraíso do consumidor para voltar a Lisboa, a frequentar um curso de design gráfico na Escola Superior de Belas Artes. Em seu “inspirador” classes de geometria, ele criou uma série bastante sugestivo chamado Kamasutra Pará obesos (Kamasutra para os obesos) com seu colega João Lam, que também vêm de Macau. Ele não terminou o seu curso, porque, em seu segundo ano, seu amigo Luís Lázaro convidou para montar um estúdio de design. Mais tarde, ele começou a trabalhar para o jornal satírico Sinta Inimigo, e ele começou a conhecer pessoas do mundo da ilustração e desenvolver seu próprio estilo. “Nas artes, as pessoas estão mais interessadas em

André e porque já tinha um, ele desistiu da faculdade. “Eu era essencialmente autodidata. E na escola eles não ensinam o que eu queria aprender. “

uma carteira de um grau”. Ela não o impediu de apontar para a perfeição. Em sua sala, ele tem duas caricaturas de Jimi Hendrix, “um símbolo de excelência”, e embora ele diz que não possui o talento do virtuoso guitarrista, estamos lidando com um perfeccionista aqui. “Eu tento ser assim porque muito do meu trabalho não é muito bom.” Ninguém acredita, apenas ele. “Eu sempre quero ser melhor, porque eu estou insatisfeito. Há um par de pessoas que quando me dizem que não é bom, não é. “Esta última frase não se aplica se a sua teimosia lhe diz que ele é realmente bom. “Então é porque ele realmente é.” Para obter as caricaturas direita, há trabalho que tem de ser feito. “Para obter os tiques, você tem que ver várias imagens, porque uma única fotografia pode não captar a essência da pessoa. Caricaturas objetivo de capturar toda a pessoa, que tem a ver com o movimento, a maneira de falar, mover, pensar e até mesmo a maneira que olham. É essencial saber se a pessoa está deprimida ou não. Caricaturas não são tanto o que a pessoa é, mas a percepção coletiva deles. Há fotografias em que nós não reconhecemos a pessoa, no entanto, que é um luxo eu não posso pagar “.

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Pastéis de Belém apoiam candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade

Meandros gráfico Em 1990, ele foi com sua mãe para Durante a última década em Portugal, o seu trabalho tem enchido as páginas do Público, O Independente, Expresso, Euronotícias, Diário Económico, Jornal de Notícias, Livros, Ler, Tabacaria, Egoísta e, desde 2006, ele teve um contrato de exclusividade para Portugal com Diário de Notícias. Seu trabalho passou a partir das páginas do jornal para a sua galeria, onde, em 2008, ele exibiu 38 trabalhos em publicações nacionais e estrangeiras. Dois anos antes, ele tinha 80 caricaturas de escritores Português e estrangeiros exibidos no Ponto e Linha e Vírgula exposição no Museu Bordallo Pinheiro, em Lisboa. Quando ele está em férias, ele adere à máxima de um professor de animação que lhe disse uma vez: a arte de viver é encontrar inspiração em todas as outras artes, além de seu próprio país. “Eu uso meu tempo livre para se inspirar, para explorar outras áreas artísticas, ou para

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passar o tempo fazendo coisas que não estão ligados ao desenho, que têm mais a ver com animação. Basicamente, eu gosto de jogos interativos. “ Tendo prêmios e desfrutando de seu trabalho é uma bênção e uma maldição. “Por um lado, eu gosto do que faço, por outro lado, eu não tenho um horário que me permite sair de férias por um mês inteiro, ea Trans-Siberian não pode ser feito em quinze dias.” Deixem-nos explicar : André viagem de sonho está em banho-maria, à espera de progresso para alcançar o trem russo e ter wi-fi tecnologia disponível em um futuro próximo. Então, como não se desesperar na estação, até que a próxima jornada, André fará mais animação, outro filme curto, mais livros em quadrinhos. “É meu sonho final.”

Seu agudo senso crítico, Os Pastéis de Belém apoiam a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade. E para demonstrarem o seu apoio, aliaram tradição e contemporaneidade e lançaram uma edição especial de packaging, com a ilustração de André Carrilho. À agência FANQ! crossmedia coube a tarefa da criação e estratégia da iniciativa, que junta dois ícones da cultura lisboeta na defesa da causa nacional de consagrar o Fado como Património Imaterial da Humanidade. Assim, de 15 de Setembro a 15 de Dezembro, mais de 200 mil embalagens de Pastéis de Belém contam com o traço contemporaneo de André Carrilho. Na caixa de Pastéis de Belém vão passar a estar apresentados os rostos de Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Carlos do Carmo, Mariza, Camané e Maria da Fé, e trará um voucher para visitar o Museu do Fado, assim como um “QR code” para assistirem ao vídeo apresentado à Unesco. A decisão da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura acerca da candidatura do Fado deverá ser conhecida em Novembro, o que poderá transformar esta edição especial numa forma de celebração de um marco nacional.





Richard Camara Inaugura amanhã, pelas 15h na Universidade Autonoma de Madrid, uma exposição de Richard Câmara a partir do universo bibliográfico de José Saramago. Esta exposição é uma parte de um projecto em curso, que levará o autor a criar trinta peças tridimensionais, cruzando a linguagem da escultura com a do livro de artista, a partir dos títulos da obra de Saramago e da interpretação do seu conteúdo. Nesta exposição, A título de Saramago, o que podemos ver são desenhos originais dos cadernos de esboços onde as peças já estão a ganhar forma. Ao longo do próximo ano, teremos oportunidade de ver os objectos-livro que daqui resultarão. Até 15 de Dezembro, em Madrid.

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ANDRÉ LETRIA Em 1990, ele foi com sua mãe para André Letria nasceu em 1973, em Lisboa. Frequentou o curso de Pintura da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e trabalha como ilustrador desde 1992 ilustrando regularmente livros para crianças e colaborando com diversas publicações periódicas. Ganhou, em 2000, o Prémio Nacional de Ilustração com o livro “Versos de

fazer ó-ó” e o Prémio Gulbenkian, em 2004, com o livro “Se eu fosse muito magrinho”. Recebeu em 2001 um Award of Exellence for Illustration, atribuído pela Society for News Design (EUA) a uma ilustração publicada no suplemento “Mil Folhas”, do jornal Público. Participou em exposições na área da ilustração infantil, como a Bienal de Bratislava, em 1995 e 2005; Bolonha,


em 2002; Sarmede, em 1999; e Ilustrarte, em 2003 e 2005. Trabalhou também como cenógrafo para a Companhia Teatral do Chiado entre 2000 e 2005. André Letria é conhe-cido do grande público pelos seus trabalhos na imprensa escrita, tendo já colaborado com “O Independente”, o “Jornal de Letras” e as Revistas “Livros”, “Visão” e “Ícon”. Trabalha como ilustrador desde 1992.

Autores como Alice Vieira, Luísa Dacosta, Luísa Ducla Soares, José Jorge Letria ou António Mota constam já no curriculum deste jovem como trabalho de parceria.tenho um horário que me permite sair de férias por um mês inteiro, ea Trans-Siberian não pode ser feito em quinze dias.” Deixem-nos explicar: André viagem de sonho está em banho-maria, à espera de progresso para alcançar o trem russo e ter wi-fi

tecnologia disponível em um futuro próximo. Então, como não se desesperar na estação, até que a próxima jornada, André fará mais animação, outro filme curto, mais livros em quadrinhos. “É meu sonho final.”

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JOÃO FONTE SANTA

Museu do Neo-Realismo

Biografia Nasceu em Évora, em 1965 Licenciado em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, dedica-se, também no âmbito da actividade artística, ao comissariado de exposições de arte contemporânea. O trabalho de João Fonte Santa tem sido apresentado em numerosas exposições individuais e colectivas, em galerias e instituições. As suas obras estão presentes em diferentes colecções privadas e públicas. Colabora como ilustrador em diversas publicações nacionais e internacionais e dedica-se, também no âmbito da actividade artística, ao comissariado de exposições. Fez parte do colectivo Sparring Partners. Vive e trabalha em Lisboa

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“Explorar como Marlon Brando (o Coronel Kurtz do Coração das Trevas de Joseph Conrad e em Apocalipse Now de Francis Ford Coppola) os espaços em branco num mapa, chamá-lo sociedade e preencher-lhe os interstícios com pintura cromada em vez de napalm foi a aventura encetada nos últimos anos por João Fonte Santa. Fazer e ouvir história, a partir de e contida nesse conjunto de trabalhos, como por exemplo aquela que os Sex Pistols fizeram e apenas quarenta e duas pessoas testemunharam na “Madchester” de 1976, foi a tarefa que o Museu do NeoRealismo soube, à escala de Vila Franca de Xira, invocar e talvez cumprir com a exposição “Pintura para uma nova sociedade”, a única individual institucional e a mais importante do percurso artístico de Fonte Santa. Inserida em “The return of the real”, o ciclo de exposições de Arte Contemporânea comissariado por David Santos, a série de trabalhos de João Fonte Santa propõe um historicismo figurativo alternativo que, numa análise subversiva, anula a possivel preponderância cronológica do Museu que a recebe. A nostalgia, longínqua e ficcional, da sua estrutura conceptual defende um olhar muito mais recuado que os anos 40, 50 ou mesmo 60, e protagoniza uma ultrapassagem, em salto divergente, desses períodos históricos. É ao século XIX que o conjunto das pinturas se abre

no final da primeira década do século XXI. Ucrónica, a obra de João Fonte Santa especula: e se o século XX nunca tivesse existido? O steampunk é o ambiente literário referencial da obra de Fonte Santa, confirmado, por exemplo, na apropriação imagética de ilustrações das obras Vinte Mil Léguas Submarinas (1870) e Dois anos de férias (1888) de Júlio Verne, um dos pioneiros da ficção científica. Postula que o desenvolvimento das soluções tecnológicas modernas fundamentais, como sejam o computador, o carro ou o avião, ou as grandes transformações políticas e económicas que se vieram entretanto a verificar, detinham já, muito embora avançados e cerzidos em meios evidentemente diferentes, a maturidade filosófica e processual que apresentam hoje, não obstante a realidade socioeconómica diferentemente vivida. Decorre, em género, do cyberpunk, em relação ao qual mantém a linhagem e o carácter antiautoritário, mas pretere a complexidade da cibernética às conquistas do vapor. Coerente com o seu enquadramento científico e temporal, corpus materializado em fichas de madeira, alavancas, rodas dentadas ou outras tecnologias e instrumentos de época, o trabalho de João Fonte Santa é mecânico, fabril, virtuosista e lento. Contraria a imediatez e urgências contemporâneas com a paciência, o rigor


micro-especialista e a fisicalidade do trabalho. Delineia uma utopia conspirativa e fantasista que acolhe programaticamente a ideia (e a imagem) da viagem ao passado para nele intervir de forma a anular a possibilidade da ocorrência trágica do futuro presente. A exposição é composta por oito telas prateadas e cromadas, de grandes dimensões, que espelham e reflectem, por uma contaminação cromática voluntária, a cor de cobre aplicada, em máxima saturação, às paredes. A actualização, através da aplicação do croma-

do, da tecnologia da gravura inibe-lhe, paradoxalmente, a sua reprodutibilidade intrínseca, considerando o excessivo espelhamento decorrente da qualidade expressiva da tinta. O conjunto encontra-se confortável, como não podia deixar de ser, numa despretensiosa encenação salonística. O conjunto é completado por um black vídeo funcional que apresenta o registo áudio de “Como vender a história do Capitalismo”, texto retirado às Capital Rules de Noam Chomsky, traduzido pelo próprio João Fonte Santa após a sua

incorporação, simultaneamente teórica, linguística e musical, no arquivo revisitável do projecto manifesto que aqui se encerra, quatro anos depois. “ Lígia Afonso

Exposição

O Crepúsculo dos Deuses O termo “O Crepúsculo dos Deuses (Götterdämmerung)” tem origem na mitologia nórdica, sendo uma tradução do épico Ragnarök que profetisa a guerra entre os deuses que leva ao fim do mundo. O crepúsculo dos deuses acredita que os impérios (como tudo o que é humano), nascem, crescem, às vezes reproduzem-se, ficam senis e colapsam. No caso dos impérios, muitas vezes a melhor solução é a eutanásia. O Crepúsculo dos deuses recusa ver o passado com olhos nostálgicos ou revisionistas. Para o Crepúsculo dos Deuses o passado é o enorme banco de dados onde se escreve o futuro. O Crepúsculo dos Deuses não tem dúvidas de quem é, não levanta questões. O Crepúsculo dos deuses desde há muito que cumpriu a sua revolução pessoal. O Crepúsculo dos Deuses tem ideias inovadoras para design impresso, web, interativo e dispositivos móveis,

projetos de impressão e publicações digitais de alto impacto. Redefine o extraordinário no seu desenvolvimento e design para web. Crias vídeos para qualquer tela utilizando ferramentas de produção de alto desempenho. Cria projetos e distribui-os em várias mídias. O Crepúsculo dos Deuses exige e reclama respostas. O crepúsculo dos deuses acredita na transformação coletiva da sociedade. PS- Esta exposição é dedicada à memória de Hans-Ulrich Obrist, que morreu acidentalmente a 11 de Setembro de 2011 durante a libertação do seu iate pela marinha francesa, ao largo das Seicheles, quando esta confundiu a performance que H-U Obrist estava a preparar com piratas somalis com um rapto real.

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GONÇALO PENA

Um artista plástico português. Trabalha sobretudo em pintura. Ilustrador durante a década de 1990 para variados jornais e revistas. Foi professor na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha.

O ano da pintura transbordante de Gonçalo Pena. Um vislumbre sobre o que 2011 vai destapando e eis que a pintura e o desenho se revolvem em várias exposições. Não se trata de um regresso. Antes de um acordar, que permitirá testemunhar a vitalidade dos meios ao dispor das duas linguagens. Comecese pela pintura de Cabrita Reis, a partir de 4 de Julho, na primeira grande retrospectiva do artista em Lisboa, organizada pelo Museu Colecção Berardo (a versão lisboeta de “One after another: a few silent steps” apresentada em Hamburgo, Nîmes e Lovaina e em cujo catálogo será possível ler o contributo do António Lobo Antunes). E o desenho na exposição que desvenda, em Outubro, o trabalho de José Loureiro com a disciplina, na Culturgest de Lisboa. Encontros parecidos estão guardados para duas exposições que resgatam Nikias Skapinakis e Luísa Correia Pereira: o primeiro será objecto de uma mostra também no Berardo; a segunda, falecida em 2009, poderá ser justamente relembrada, através de um conjunto de desenhos inéditos, na Culturgest do Porto, entre Maio e Julho. Mas apetece dizer que este será o ano da pintura. Acrescentamos: da pintura de Gonçalo Pena. Da sua pintura excessiva, cheia, colorida, untuosa, redonda. Onde as personagens, algumas figuras, posam “orgulhosas”, todas necessárias. Onde os planos compõem narrativas, histórias. Onde a tela pode até respiga vorazmente imaginários (republicano, contemporâneo, pictórico ou até surrealista), para os devolver ao espectador. Pintura a óleo, plena de iconografias, símbolos, arquétipos, mitos e História. Construída sob o farto aconchego da pintura dos séculos XVIII e XIX (de

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toda a pintura!), mas também com o traço docemente musculado da ilustração e de outras artes visuais. Uma obra pictórica que é uma enorme janela para um mundo. Algumas notas biográficas: formado em Pintura, Gonçalo Pena deixou em 2005 a Escola Superior de Arte e Desenho das Caldas da Rainha, onde ensinava, para se dedicar à carreira artística, iniciando a partir daí um percurso que se tornou num dos mais “misteriosos”

da arte contemporânea portuguesa. Nos anos 90 fez ilustração para jornais e revistas portuguesas (da “Ler” ao “Independente”, passando pelo “Público” e a “Egoísta”) e expôs na Galeria Graça Brandão (em Lisboa e no Porto), tendo em 2007 realizado a sua primeira individual na Galeria Fucares, em Madrid. Acrescentam-se várias colectivas e recentemente um momento alto: a individual “Musée de l’Armée: Le Retour des Botées”, ainda patente na Galeria


APRESENTA PELA PRIMEIRA VEZ NO PORTO TRABALHOS DA SUA AUTORIA. Gonçalo Pena nasceu em Lisboa em 1967 e vive e trabalha actualmente entre Lisboa e Berlim. É licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professor de Desenho, Projecto e Pintura na Escola Superior de Arte e Desenho das Caldas da Rainha de 1995 a 2005 ano em que deixou o posto para se dedicar exclusivamente à pintura e ilustração. Como ilustrador tem colaborado regularmente desde 1995 com algumas publicações, para além de outros projectos.

Gonçalo Pena aborda o imaginário napoleónico

Municipal de Torres Vedras (até 12 de Janeiro). Onde explora o imaginário napoleónico e a iconografia associada, com derivas temáticas pelos conceitos de herói, o liberalismo, a sexualidade. Sem se restringir à pintura: inclui também fotografias, colagens, jogos.

De 14 de Novembro a 12 de Janeiro, a Paços – Galeria Municipal de Torres Vedras (piso zero e sala Doispaços) vai acolher uma exposição da autoria de Gonçalo Pena intitulada Musée de l’Armée: Le Retour des Botées. Trata-se de uma exposiçã ou prólogo, uma entrada na extensa enciclopédia referencial de Gonçalo Pena, uma confissão da sua obsessão de longa data pelo imaginário napoleónico. Convem ainda referir que as obras pictóricas deste autor contêm as suas ancoragens numa área extensa de ambiências ou sistemas simbólicos (culturas) que são signos para performatividades, narrativas, escatologias, no ambito das quais o uniforme revolucionário ou imperial pode desempenhar um papel específico isolado ou em composição com outros motivos. Assim sendo, descobrem-se, por vezes, nas criações por Gonçalo Pena os motivos de uma indagação

importante para este autor, a da complexidade filosófica, psicológica e moral do arquétipo heróico masculino e da sua vaidade em permanente combinatória com a finitude, um pouco de sexualidade, as políticas, um estado natural e as suas corrupções. O “retorno dos homens de botas” que representa aquela exposição, para além de isolar uma iconografia não deixa de se constituir como um eterno retorno: o do artista aos seus mitos, da História aos seus personagens, da pintura ao seu estado de puro gozo. Musée de l’Armée: Le Retour des Botées é comissariada por Rita Sobreiro, organizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e integra-se no programa comemorativo do Bicentenário das Linhas de Torres Vedras promovido pelo Município de Torres Vedras e num dos seus projectos – Linhas Invisíveis. É inaugurada no próximo dia 14 de Novembro, pelas 17h.

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RICARDO CABRAL Ricardo Cabral é natural de Lisboa e para os entendidos na matéria sabe de quem falo, de um ilustrador freelancer que já nos habituou com muita coisa boa. Ricardo sempre desenhou, e por isso, foi para a Escolha Secundária António de Arroio e depois para a Faculdade de Belas Artes frequentar o curso de Pintura. Terminada a licenciatura, começou a fazer alguns trabalhos de ilustração e pouco tempo de pois, elaborou um álbum BD. Este álbum intitulado de “Evereste”, sobre o alpinista João Garcia e a sua aventura, foi desenvolvido e pensado para ser publicado pela Junta de Freguesia dos Olivais e Câmara de Lisboa. Mas como João publicava os livros dele pela Cad-

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erno, que na altura pertencia à Asa, pediu-lhe para apresentar o projecto à editora para uma eventual publicação comercial e o resto já se pode imaginar. Depois do “Evereste” foi de férias até Israel onde se inspirou e trouxe de lá uns “quantos desenhos” que depois mostrou à Maria José, editora de BD da Asa. “Em conversa percebemos que talvez desse um livro interessante” e assim publicaram o “Israel Sketchbook”, “foi tudo bastante casual“, diz Ricardo. Mais tarde publica o “Newborn – 10 dias no Kosovo”, que surge de uma ida ao Kosovo para uma pesquisa de um outro projecto. Quanto a referências artísticas, são muitos, de autores de banda desenhada, a ilustradores a pintores, a artistas con-

temporâneos, designers, realizadores, escritores, “é uma lista que está constantemente a crescer” confessa. Quanto a dicas para os mais ‘novos’ Ricardo diz que só se mete nisto quem achar que pode não conseguir fazer mais nada. “porque se ao final do dia não se sentirem felizes por ter passado todo o dia em frente ao estirador, ou no estúdio ou no atelier, então não vale a pena!”. E quanto ao futuro, não sabe, tenta não pensar muito nisso.


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Fernada Fragateiro Nasceu no Montijo, em 1962. Estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio, frequentou o AR.CO.-Centro de Arte e Comunicação e o Curso de Escultura na Escola Superior de Belas Artes. Mais tarde, também no AR.CO. interessa-se pela Ilustração. No Centro Português de Design, frequenta o Curso de Pós-Graduação, em Design Urbano. Participa, desde cedo, em numerosas exposições colectivas e individuais, em Portugal e no estrangeiro, abarcando a sua obra, a pintura, a escultura, a ilustração e a cerâmica. O reconhecimento do seu trabalho valeu-lhe diversos prémios. Para a artista tornou-se primordial que a obra interaja no espaço e sociedade urbana, em que insere, procurando, simultaneamente, reflectir sobre o lugar do autor nesse processo criativo. Na Expo’98, deu corpo a um projecto de arte urbana, concebendo um extenso revestimento mural de azulejos, no Jardim da Água.

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JOÃO FAZENDA Desde 1999 que vem desenvolvendo uma actividade regular como ilustrador em vários jornais e revistas nacionais, do Público ao Independente, da Ler à Visão, entre muitos outros. Ilustrou também para livros infantis (Colecção Um Saltinho com textos de Isabel Zambujal, A verdadeira história de Pedro e o Lobo, com João Paulo Cotrim) e para clássicos (Romeu e Julieta de Shakespeare); o guião gráfico As aventuras do Rapaz de Papel de Nuno Artur Silva, cartazes de cinema (Nha Fala de Flora Gomes, À flor da pele de Catarina Mourão) e capas de discos (Pinhead Society, Mariza, Carlos Paredes, Tora –Tora Big Band, Deolinda). É autor, juntamente com Marte, da série de banda desenhada Loverboy e com Pedro Brito da novela gráfica Tu és a mulher de minha vida, ela a mulher dos meus sonhos, com edições em português, francês e polaco, e participou em vários projectos colectivos como Movimentos Perpétuos- BD para Carlos Paredes e Vencer os Medos, entre

outros.Colaborou com Miguel Gomes no filme A Cara que Mereces. Corealizador da curta-metragem de animação Café com Alex Cão e realizador da curta–metragem de animação Algo Importante ainda em produção. Colaborações regulares com agências de publicidade (Publicis, Bates, Abrinício, Tangerina Azul…). Participou em diversas exposições individuais e colectivas em Portugal, Espanha, França e Córsega e Suíça e Itália. Ganhou vários prémios em concursos de banda desenhada, com destaque para o Melhor Álbum Português do Ano de 2001 no Festival Internacional de BD da Amadora; foi premiado na àrea da ilustração no concurso Jovens Criadores em 2004 e foi distinguido por várias vezes com Awards of Excellence pela Society of Newspaper Design com ilustrações realizadas para o jornal Público. Vencedor do Prémio Stuart de Desenho de Imprensa 2007.



PLANETA TANGERINA

A Editora Planeta Tangerina aposta na edição de álbuns ilustrados, para pequenos e grandes leitores: filhos, pais, pais e filhos em conjunto ou simplesmente leitores. Company Overview. O Planeta Tangerina foi criado em 1999. Começou por ser um atelier especializado em comunicação para crianças, criando revistas e outros projectos destinados à infância, mas, desde 2004, o Planeta Tangerina é também um atelier de edição. Entre os fundadores estão os ilustradores Madalena Matoso, Bernardo Car-

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valho e Yara Kono - todos distinguidos com o Prémio Nacional de Ilustração - e ainda Isabel Minhós Martins, a escritora que assina grande parte dos títulos editados. Trabalhamos sobretudo o formato álbum – aquele onde texto e imagens vivem em conjunto para criar um resultado único, impossível de alcançar se ambos os códigos (escrito e visual) não caminhassem em harmonia, sem sobreposições ou redundâncias, mas antes interligando-se, completando-se, fazendo ajustes e reajustes, na procura do equilíbrio do conjunto.


Ler um álbum é isso mesmo: ler não apenas palavras, mas também imagens; ler não apenas páginas, mas sequências. Ler capas, guardas, ritmos e mudanças de ritmo, ler cenas, planos, detalhes, tipos de representação diferentes, fazendo constantemente ligações entre elementos, apreciando o movimento, o ruído, as pausas e o silêncio das páginas. Por tudo isto, gostamos de criar álbuns: porque estão sobre a mesa diferentes tipos de ingredientes e também mil e uma formas de os cozinhar. Tam-

bém porque não há fórmulas fixas. Agrada-nos a ideia de tudo estar em aberto, de tudo ser possível. Dizem os especialistas que o álbum é hoje “um dos mais desafiantes territórios de liberdade e experimentação” e nós só podemos concordar. Procuramos sempre caminhar sobre este imenso (e fascinante) território com respeito, empenhando-nos em cada fase, desde o filtrar das ideias, à fase das experiências ou da escolha dos materiais. Duas regras da casa: não cair em fórmulas e desafiar sempre os leitores.

Temos como leitores não apenas as crianças, mas todos os pais e adultos que gostam de álbuns ilustrados e da sua forma única de contar histórias. Sabemos que os nossos livros não são por vezes os mais “fáceis”, mas gostamos de pensar que um álbum ilustrado é um ponto de encontro entre leitores de várias espécies, que uns abrirão portas aos outros, que grandes e pequenos saberão encontrar as suas próprias chaves na descoberta de um livro.

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Para Onde Vamos Quando Desaparecemos? À parte algumas exceções, ninguém consegue responder com certeza absoluta à pergunta que dá título a este livro. "Para onde vamos quando desaparecemos?" aproveita a ausência de respostas “preto no branco” para lançar novas hipóteses – mais coloridas e poéticas, mais sérias ou disparatadas, conforme o caso... – e assim iluminar um tema inevitavelmente sombrio. O que propõe este livro? Observar as coisas do mundo e nelas procurar novas pistas e possibilidades (que nos sirvam a nós e àqueles de quem mais gostamos). Atenção: nesta procura, nada deve ser ignorado – das meias que se evaporam misteriosamente ao sol que todos os dias se vai embora – em tudo pode haver ideias interessantes que ajudem a preencher o espaço deixado em aberto por esta grande interrogação. "Para onde vamos quando desaparecemos?" aborda de forma subtil o tema da ausência, do desaparecimento e da morte. Não trazendo respostas definitivas, abre as portas à imaginação, tornando o tema (mesmo que por breves instantes) um pouco mais leve. Isabel Minhós Martins · Madalena Matoso

Grande Coisa

William Bee

O Billy tem um problema (infelizmente bastante comum): é um rapaz extremamente difícil de contentar. O pai esforça-se, mostrando-lhe as coisas mais espantosas do mundo, mas o Billy a tudo responde com um enfadonho encolher de ombros e um lacónico “Grande Coisa.” É verdade que os pais podem ter uma paciência infinita – e o pai do Billy parece tê-la – mas, há momentos em que um pai tem mesmo de tomar medidas drásticas. Veremos como reagirá o Billy à solução do pai... e se terá de engolir as suas próprias palavras (se isso chegar a acontecer diremos também como ele... Grande Coisa!). Um livro em que pais e filhos facilmente se reconhecerão... e que fará rir leitores de todas as idades. Grande Coisa foi distinguido com o Blue Ribbon Picture Book Award, atribuído pela revista The Bulletin do Center for Children’s Books. Grande Coisa é uma história simples, mas a verdade é que nunca é a história que conta, mas sim o modo como a história é contada, e fico feliz por dizer-vos que Bee, um ilustrador britânico, se porta bem nas duas frentes: texto e ilustração. (...) À medida que o pai vai mostrando ao Billy coisas cada vez mais estranhas, “Grande Coisa” começa a parecer-se menos com um sarcástico “deita abaixo” e mais com um mantra calmante, uma terapia para os excessos da parentalidade desesperada. Daniel Handler, New York Times

Como É Que Uma Galinha... A galinha tem fama de ser uma ave tonta e feia. Também dizem que não voa e que não canta, que só esgravata e cacareja e faz cocó por todo o lado (e é verdade). Mas a verdade, verdadinha é contada neste livro... A natureza criou um animal assim insuspeito – feioso, desajeitado, obediente, meio pitosga... – para dentro dele fazer transportar um dos seus maiores tesouros. Quando virem uma galinha, não se deixem enganar. Tratem-na com o respeito que ela merece. Um livro divertido para quem gosta de ovos (mexidos, estrelados, cozidos, escalfados) e para quem nunca tinha reparado na importância de uma simples galinha. Para leitores autónomos e para os mais pequeninos.

Isabel Minhós Martins · Yara Kono

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Todos Fazemos Tudo

Madalena Matoso

“Todos fazemos tudo” prescinde das palavras e funciona como um jogo. Há personagens – homens, mulheres, novos e velhos – e uma grande diversidade de atividades que estas personagens poderão viver. Na parte superior das páginas é revelada a sua identidade – se masculina, se feminina, se mais nova ou mais velha; na parte inferior revelam-se as ações – cozinhar, tratar de bebés, fazer jardinagem, conduzir tratores ou tocar guitarra. Não se representam apenas as chamadas “tarefas domésticas”, habitualmente lembradas quando o tema da igualdade é tratado, mas também atividades profissionais e momentos de lazer. Não se representam apenas homens e mulheres, mas pessoas de diferentes idades e origens, dando ao livro uma dimensão maior de Igualdade que não apenas a de género. Aos leitores caberá fazer as diferentes combinações. Virando as páginas é possível trocar as personagens e/ou as atividades e observar como, pelo menos neste livro, não há preconceitos nem ideias feitas. Aqui todos fazemos tudo: avós de prancha de surf debaixo do braço, pais a estender a roupa, mães com jeito para o bricolage, tudo acontece com naturalidade. Resultado de um concurso de criatividade lançado pelo município de Genebra, “Todos fazemos tudo” é um projeto original das Éditions Notari, criado com o objetivo de promover a igualdade entre homens e mulheres.

Cá em Casa Somos… Debaixo do mesmo teto, junta-se uma quantidade considerável de elementos do corpo: cabeças, mãos, pés, ossos, dentes, fios de cabelo ou maminhas. Este conjunto não cumpre apenas as suas funções anatómicas, mas desencadeia episódios, hábitos e manias, cria alguns problemas... e adora juntar-se em festas. A história começa com seis cabeças “cada uma a pensar nas suas coisas” e vai sendo contada à medida que são feitas as contagens. Neste livro, a Matemática ajuda a contar não apenas ossos, dentes ou unhas, mas também os dias e momentos da família que mora nesta casa. Feitas as contas, ficamos a conhecê-la muito melhor... aconselhado pelo plano nacional de leitura, recomendado por Gulbenkian e Casa da Leitura A curiosidade deste álbum reside, para além do humor que resulta do cómico de linguagem e de situação, na forma com o conceito de família é aqui entendido, englobando elementos não humanos, mas afetivamente próximos. (…) As imagens não só complementam o texto, esclarecendo dúvidas, como ajudam a interpretá-lo, preenchendo os vários espaços em branco que o caracterizam. Ana Margarida Ramos, Casa da Leitura, Fundação Gulbenkian Isabel Minhós Martins · Madalena Matoso

És Mesmo Tu?

Isabel Minhós Martins · Bernardo Carvalho

Uma bota que desapareceu misteriosamente deixa dois amigos à conversa. Uma conversa labiríntica que nos deixa quase tontos! Mas as conversas entre amigos são mesmo assim... Cheias de curvas, contracurvas e referências estranhas (que mais ninguém entende!), as conversas entre amigos guardam segredos e muita cumplicidade. “És mesmo tu?” mostra-nos um diálogo labiríntico entre dois amigos, numa conversa em torno de uma bota desaparecida: Como terá desaparecido a bota, afinal? Terá sido roubada? Levada por extraterrestres? Atirada para o telhado? É à volta deste mistério que o diálogo vai avançando, tendo sempre como referências episódios e amigos comuns, como a “Inês pequenina, do risco ao meio”, a “Vanda que tem a mania que manda” ou o “André magrinho que partiu o pé”. De vez em quando, a conversa detém-se, não há maneira de avançar, instala-se a dúvida – “Do Zé... qual Zé?” – para logo ser esclarecida, por novas pistas e referências: “O Zé grandalhão. O que comeu lagartixa a pensar que era salsicha. O Zé que foi procurar a bota ao telhado com o Tó.” Todos nós já tivemos conversas assim, diálogos bizarros, do outro mundo... Todos nós temos, só nosso, um álbum de pessoas e memórias como este.

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Quando Eu Nasci Dizem os especialistas que a descoberta do mundo começa logo na barriga da mãe. Lá dentro, aconchegados, já ouvimos música, reconhecemos vozes, acompanhamos ao segundo as emoções maternas. Mas é como se todas as descobertas aguardassem por uma confirmação... uma confirmação que chega no dia em que nascemos. Aí sim, começa a grande aventura. Do respirar, do provar, do sentir... Pelas páginas deste livro desfilam algumas das descobertas que nos fizeram (e fazem) espantar. Descobertas tão simples como a cor que pinta o fundo do mar, o som de uma folha ao pousar no chão, ou o cheiro das férias quando chega o Verão. Um livro que dá as boas-vindas a todos os bebés. Prémio Nacional de Ilustração- Menção especial do júri (2007) Finalist for the new publications 2nd CJ Picture Book Festival Korea

Isabel Minhós Martins · Madalena Matoso

Trocoscópio

Bernardo Carvalho

São 142 peças: triângulos, retângulos, círculos, semicírculos e pintinhas. Em amarelo, verde, encarnado, azul, rosa, laranja, roxo. Sempre que se combinam ou se sobrepõem, formam novas cores e novas formas. 142 peças, como num jogo, mudando de lugar e de posição à medida que folheamos as páginas: olhamos para um lado e estavam ali, olhamos para o outro e mudaram para acolá... A acontecer, em paralelo e usando as mesmas peças, estão duas histórias: numa subtraímos, na outra, adicionamos; numa desconstruímos, na outra, é tempo de construção. E o que resultará de tudo isto? E qual a razão de tudo isto? Chamam-lhe Trocoscópio e, para quem não percebe muito de tecnologia, podemos simplificar, dizendo que se trata de um caleidoscópio, mas dos mais avançados: com formas coloridas lá dentro, mas com capacidades (ainda mais) surpreendentes. Se achas que há coisas que precisam de mudar, espreita pelo Trocoscópio e carrega no botão. Recomendado por Gulbenkian/ Casa da Leitura Aconselhado por Plano Nacional de Leitura Finalista 4th CJ Picture Book Festival Korea

Um Livro para Todos os Dias Cada manhã traz-nos sempre um dia por estrear, um dia por abrir, um dia por desembrulhar… Mais tarde, quando fazemos o balanço dos dias, encontramos dias para todos os gostos, desde aqueles verdadeiramente memoráveis, aos que passam por nós quase sem darmos por eles. Um livro pelo qual desfilam muitos dias e momentos, capazes de nos transportar através da memória dos nossos próprios dias. Um livro para crianças crescidas e também para adultos que gostam de livros ilustrados.

Isabel Minhós Martins · Bernardo Carvalho

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Andar por aí O rapaz deste livro costuma andar por aí com o seu avô. Não se trata de um passeio na companhia um do outro, mas de algo bem diferente: o avô vai sempre à frente, entretido com os seus afazeres; o rapaz vai mais atrás, ocupado com tudo que vai encontrando pelo caminho. Sejam montes de areia, pedras, minhocas ou poças de chuva, para o rapaz tudo é motivo de interesse, motivo de paragem e espanto. Vai quase sozinho o rapaz, aquele quase-sozinho que nos faz sentir seguros, mas livres: «Dou passos grandes, passos pequeninos, arrasto os pés pelo chão, dou dez voltas ao sinal proibido, conto os pinos do passeio e, quando chego ao 23, digo, contente: “Já são mais do que os meninos da minha sala”». O rapaz aprecia tanto estas aventuras que estranha não encontrar outros companheiros lá fora: «Os meus vizinhos de cima é que ainda não perceberam bem a piada que é andar por aí. Se os chamo, dizem: Que está a dar desenhos animados... Que é quase hora do lanche... Que está muito vento... Ou que vem lá chuva...». Conseguirá fazê-los mudar de ideias ? Isabel Minhós Martins · Madalena Matoso

O Meu Vizinho É Um Cão Esta é uma história sobre vizinhos e relações de vizinhança. Sobre expectativas e preconceitos. Sobre a imagem que temos de nós próprios e sobre a descoberta do outro. Sobre as pequenas e grandes diferenças que nos separam e sobre o modo como nos podemos abrir ou não ao mundo. Sobre o mundo como um lugar em transformação: global, complexo, rico e, por vezes, de difícil gestão. Sobre territórios e fronteiras, sobre espaços e identidades. Sobre esta aventura que é vivermos paredes meias com outras pessoas... sobre vizinhos, portanto. “O Meu Vizinho é um Cão” conta-nos como a vida de uma menina, que morava num prédio onde “quase nada acontecia”, se transforma com a chegada de novos vizinhos – criaturas animais e à primeira vista bizarras, que vão afinal mostrar-se simpáticas e disponíveis para estabelecer laços com aqueles que as rodeiam. Para esta menina – que, lemos nas entrelinhas, tem uns pais pouco recetivos à diferença –, toda a vida se modifica: com estes amigos constrói novos hábitos e rituais, com eles se diverte, de manhã até à noite. Isabel Minhós Martins · Madalena Matoso

O Livro dos Quintais

Isabel Minhós Martins · Bernardo Carvalho

Não se assustem os mais supersticiosos: mal abrimos O Livro dos Quintais, damos de caras com um gato preto, daqueles meio vadios que de vez em quando se atravessam no nosso caminho. O gato chama-se Gatuno (só no final do livro vamos perceber porquê) e vive de quintal em quintal, escolhendo o dono e a sombra que mais lhe convém, de acordo com a época do ano e as suas vontades felinas. Tal como o Gatuno, neste livro não entramos em casa de ninguém. Ficamo-nos pelas histórias paralelas e cruzadas que se passam cá fora, à beira de limoeiros e nespereiras, hortas e estendais, tanques ou mini-piscinas, acompanhando as vidas de oito quintais e respetivos ocupantes, ao longo dos doze meses do ano. Quanto ao Gatuno, nem sempre é fácil encontrá-lo pois, como toda a gente sabe, os quintais são pequenos mundos onde não faltam esconderijos... Fazendo uso da projeção paralelística revelada em livros como O Mundo num Segundo ou As Duas Estradas, aqui desfilam situações quotidianas leves e bemhumoradas, sempre enquadradas sob diferentes ângulos pela ilustração. Em travelling panorâmico, vistas aéreas ou planos fechados sobre um personagem, Bernardo Carvalho proporciona ao leitor uma visão detalhada de oito mundos comunicantes, ampliando o texto de Isabel Minhós Martins. Muito bom. Carla Maia de Almeida, Revista LER, novembro de 2010

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BERNARDO CARVALHO

Nasceu em Lisboa em 1973. Frequentou a Faculdade de Belas Artes da mesma cidade. É um dos co-fundadores do Planeta Tangerina. Em 2008, com o livro “Pê de Pai”, ganhou uma Menção Honrosa no Prémio Best Book Design from All Over the World promovido pela Book Art Foundation. Em 2009, foi um dos vencedores do 2nd CJ Picture Book Awards (Coreia), com o livro “As Duas Estradas”. No mesmo ano ganhou o Prémio Nacional de Ilustração com o livro “Depressa, Devagar”. Já em 2011, o álbum “O Mundo num Segundo” foi distinguido como um dos melhores do ano pelo Banco del Libro da Venezuela. Bernardo Carvalho, ilustrador e editor do Planeta Tangerina vai dar um workshop de ilustração infantil no Ar.Co em

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Lisboa de 7 a 17 de Julho 2008. A editora Planeta Tangerina tem vindo a lançar uma colecção de livros para a infância que se distingue pelo cuidado gráfico das suas produções. O ilustrador Bernardo Carvalho venceu o Prémio Nacional de Ilustração 2009 pelo livro “Depressa, Devagar”, com texto de Isabel Minhós Martins, editado pela Planeta Tangerina, anunciou hoje a Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB). O júri do prémio atribuiu ainda duas menções honrosas à ilustradora Marta Madureira, por “O livro dos medos”, com texto de Adélia Carvalho (Editora Trampolim), e a Madalena Matoso, por “Andar por aí”, com texto de Isabel Minhós Martins (Planeta Tangerina). Bernardo Carvalho, 36 anos, que já tinha recebido duas menções honrosas em edições anteriores, receberá um


prémio monetário de cinco mil euros, aos quais se adicionam 1500 euros para custear uma deslocação à Feira do Livro Infantil de Bolonha 2011, em Itália. Madalena Matoso, que venceu o Prémio Nacional de Ilustração de 2008, e Marta Madureira receberão 1500 euros de ajudas de custo também para marcar presença em Bolonha. O Prémio Nacional de Ilustração, que vai na 14ª edição, destina-se a premiar o trabalho de ilustradores na área da literatura para a infância e juventude. Considerado a mais importante distinção na área da ilustração em Portugal, o prémio já foi atribuído a artistas como Gémeo Luís, Teresa Lima, Marta Torrão e, na edição anterior, a Cristina Valadas. O júri que atribuiu o prémio foi composto por Cristina Taquelim, da Biblioteca de Beja, João Paulo Cotrim .

Madalena Matoso Licenciou-se em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes de Lisboa e fez depois uma pós-graduação em Design Gráfico Editorial na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona. Em 1999, cria a empresa Planeta Tangerina especializada em comunicação para crianças e jovens, onde tem desenvolvido projectos de ilustração e de design gráfico em publicações para os mais novos. Recebeu o Prémio Nacional de Ilustração 2008 pelas ilustrações do livro Charada da Bicharada com textos de Alice Vieira e três menções especiais deste mesmo prémio: em 2006, pelas ilustrações de Uma mesa é uma mesa. Será? Em 2007, pelas de Quando eu nasci e, em 2009, pelas de Andar por aí, estes últimos todos editados pela Planeta Tangerina. O seu livro O meu vizinho é um cão recebeu o Prémio Melhor Ilustração de Livro Infantil do Festival de BD da Amadora 2008.

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YARA KONO

Nasceu em São Paulo, Brasil, em 1972. Começou os seus primeiros sarrabiscos na parede da saleta. A mãe, que de início não ficou nada satisfeita, acabou por ceder aos «dotes artísticos» da filha. Da parede para o papel, do papel para o computador... assim passaram os anos. Desde 2004 faz parte da equipa do Planeta Tangerina. Em 2008 recebeu com Isabel Minhós Martins, uma Menção Honrosa no 1.º Prémio Internacional Compostela para Álbuns Ilustrados pelo livro “Ovelhinha Dá-me Lã” (Kalandraka). Em 2011 ganhou o Prémio Nacional de Ilustração, com “O Papão no Desvão”, de Ana Saldanha (Caminho). Estudou Farmácia Bioquímica na Universidade Estadual Paulista (Brasil), mas já nas aulas de Citologia os seus desenhos científicos eram os mais populares. Durante o curso, estagiou numa agência de publicidade e a ideia de seguir outro caminho que não o farmacêutico, talvez tenha nascido aí. Enquanto trabalhava em controlo de qualidade e farmácia de manipulação,

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tirou um curso noturno de Design e Comunicação. Quando estava prestes a assumir o cargo de Chefe de laboratório, soube que a sua candidatura para uma bolsa no Japão tinha sido aceite. Foi assim que começou os estudos no Centro de Design Gráfico Yamanashi. Em 2001 veio viver para Portugal, onde se estreou como designer. Em 2004 entrou no Planeta Tangerina, onde tem trabalhado sobretudo na área do design de identidade e editorial. Criou linhas gráficas para livros e a imagem de muitos projetos pedagógicos. Foi também aqui que a ilustração se foi tornando um (outro) assunto cada vez mais sério, passando a integrar muitos dos trabalhos que desenvolve. Em 2009 ganhou uma Menção Honrosa no I Prémio Compostela para Álbuns Ilustrados. Em 2010 ganhou o Prémio Nacional de Ilustração. A ilustradora Yara Kono venceu o Prémio Nacional Ilustração 2010 com o álbum “O Papão no Desvão”, texto de Ana Saldanha, anunciou hoje a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas.



NUNO SARAIVA Autor de banda desenhada, caricaturista e ilustrador português, Nuno Jorge de Avelar Teixeira Saraiva nasceu a 27 de agosto de 1969, em Lisboa. Frequentou o curso de Pintura da Faculdade de Belas Artes de Lisboa e foi responsável por fanzines como Hips (1989), Espongiforme (1996) e Ménage à trois (1997), este com Fernando Relvas e Jorge Mateus. Em 1987 começou a publicar BD, com o personagem Ted Sponja, no Jornal da BD, que depois apareceu também na revista Seleções BD (I série, 1988), segundo textos de Carlos Martins. Os seus trabalhos de BD e ilustração passaram ainda pelo suplemento “Público Júnior”, pelas revistas LX Comics (1990-1991), Elle, Linhas Cruzadas, Ego e Cosmopolitan, pela Transcomix (1996), pequena publicação da Bedeteca de Lisboa a propósito dos transportes, Combate (1992-1995), entre outras publicações. Ganhou o 1.º Prémio do Concurso de Navegadores Portugueses, organizado pelo Centro Nacional de Cultura e pelo Instituto da Juventude, com Os Dias de Bartolomeu, em 1988, depois editado em álbum pela ASA. Participou em álbuns coletivos, como Noites de Vidro, Amnistia Internacional em BD (ambos de 1991), José Muñoz: cidade, Jazz da Solidão (1994),

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O Síndroma de Babel e outras histórias (1996) e Movimentos Perpétuos - BD Para Carlos Paredes (2004). Em outubro de 1994 iniciou-se a publicação do seu trabalho mais célebre, Filosofia de Ponta, uma prancha semanal que surgiu nas páginas do então irrequieto semanário O Independente, com argumentos de Júlio Pinto. A grande popularidade desta BD levou à sua compilação em álbuns, editados pela Contemporânea e pelo Círculo de Leitores. No mesmo semanário surgiram ainda dezasseis fascículos distribuídos em 2003, que reuniram as páginas da série que, em 1996, também foi adaptada a peça teatral e alvo de uma exposição na Bedeteca de Lisboa, aquando da sua inauguração. A mesma dupla de autores fez depois Arnaldo, o Pós-Cataléptico (entre novembro de 1997 e setembro de 1998), um maoísta que “hibernou” durante 22 anos e que acordou num mundo muito mudado em que não se revê, confundindo realidades que têm 22 anos de distância (PC em 1997 não significa o mesmo PC de 1975). Esta série foi também publicada no semanário O Independente, tal como a que lhe sucedeu, Guarda Abília, entre outubro de 1998 e julho de 1999, uma verdadeira adepta do amor, que se sacrifica pelo bem comum de um modo muito original.

Em relação a outros trabalhos em BD, em 1997 realizou a BD O Inferno de Dantes, no mesmo ano em que Bedeteca editou Zé Inocêncio: As Aventuras Extra Ordinárias dum Falo Barato, álbum que no ano seguinte recebeu o Prémio “Zé Pacóvio e Grilinho” Para o Melhor Álbum Português no Festival da Amadora. Zé Inocêncio tinha surgido nos fanzines Hips! (1989) e Ai-Ai (1995) e depois no jornal O Inimigo (1993-1994). No início de 1998 esteve presente no 25.º Festival Internacional de BD de Angoulême (França), onde foi um dos autores que representou Portugal enquanto país convidado do maior certame europeu dedicado à BD. Em 1999 foi um dos autores participantes na exposição Uma Revolução Desenhada: o 25 de Abril e a BD, a propósito do 25.º aniversário da revolução dos cravos, de que se editou um livro/catálogo. Ainda sobre o 25 de abril, foi coordenador e participante num projeto de vinte e cinco curtas histórias em BD para o jornal Público, “Liberdade e Cidadania, 25 de Abril, 25 Anos, 25 Autores”, também em 1999. Para Além dos Olivais, é o título inaugural da Coleção “Visitas Guiadas” da Bedeteca de Lisboa, que em 2000 surgiu como exposição coletiva sobre a freguesia dos Olivais, em Lisboa, pro-


jeto que coordenou e para o qual fez a divertida história “Work in Progress” acerca dos sucessivos adiamentos na entrega de uma BD ao editor, com a EXPO’98 como pano de fundo. Nuno Saraiva e João Paulo Cotrim, o então dinâmico diretor da Bedeteca, são os protagonistas. Com o falecimento prematuro de Júlio Pinto (em 2000), Nuno Saraiva encetou uma nova parceria nas suas bandas desenhadas, com Paulo Patrício como argumentista. Assim, o Expresso publicou inicialmente cinco histórias de “Viagens em Risco” durante o mês de agosto de 2002, em separatas de oito páginas cada, livres adaptações de livros de viagens. Entre novembro e dezembro do mesmo ano os mesmo autores apresentaram também no Expresso seis histórias negras de Natal, de duas páginas cada e, desde janeiro de 2004, têm apresentado “Escrita Fina”, duas páginas semanais sobre a vida de Ana Bique, escritora light, onde se traça um retrato social do país. Para o suplemento “O Inimigo Público”, do Público, realizou diver-

sas caricaturas na secção “Desbanda”, entre 2003 e 2004, utilizando o seu inconfundível traço elegantemente modernista. O seu trabalho multifacetado inclui ainda maquetagem de CD-ROM, publicidade e ilustração (imprensa, capas de discos, RTP, cartaz do Festival da Amadora 1999...), de que é um dos nomes mais cotados, com presença assídua na Ilustração Portuguesa, mostra que se realiza desde 1998. Dos prémios que recebeu, devem ainda ser referidos o 1.º e o 2.º Prémio do Concurso Nacional de BD, do Clube Português de BD (em 1986 e em 1987, respetivamente), Troféu “O Mosquito” Para o Desenhador do Ano (1989), o Prémio do Concurso Navegadores Portugueses - Fundação Oriente, do Centro Nacional de Cultura (1990), Prémio “Zé Pacóvio e Grilinho” Para o Melhor Álbum Português no Festival da Amadora (1999) e o Award of Excellence, da Society of News Design.

Pedro Leitão Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Artista-residente na Stivers Middle School for the Arts, Dayton,EUA 1991-92. Autor de Álbuns de BD (texto e desenhos) “As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho” e de livros como “A Praia da Rocha Amarela”, “O Leitão Azul” ou “A Viagem no Carro Encarnado”, todos editados pela Gailivro Ilustrou livros de diversos autores de literatura infantil como “Onde Está?” de Luísa Ducla Soares, “Discurso de Zé Povinho” de Isabel Ludovino, Orlanda Ferreira, Joel Carinhas e José Joaquim Carinhas, “O Pescador e o Peixinho”, Fábula de La Fontaine, “O Livro das Letras” de António Mota, “Onde está o Jorge?” de Jill Hichwa, entre muitos outros. Ilustrou também livros escolares.

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CHILI COM CARNE A associação chili com carne é uma organização de jovens artistas sem fins lucrativos cujo funcionamento assenta na cooperação livre e espontânea dos seus associados. Desde a sua fundação em 1995 que tem promovido e desenvolvido as mais diversas realizações no campo das artes, que se têm concretizado, entre outros aspectos, na organização de diver-

sas exposições e publicações. Tem entendido como sendo prioritária uma linha de actuação que privilegie a independência do autor, entendida como liberdade e autonomia de critérios do produtor de objectos artísticos, acentuando a diversidade de formas e conteúdos que caracterizam a expressão artística e cultural contemporânea.

Chili ao quadrado até dia 6 Dezembro É sempre com um orgulho que os lisboetas ouvem os estrangeiros falarem da sua cidade. E adoram ouvir o cliché da Luz da Cidade. Mas os lisboetas esquecem-se que a Luz que os estrangeiros falam não é Luciferiana, é apenas aquela cujos raios solares oxidam a matéria até à sua obliteração. Lisboa de Iluminada nada têm, é medieval sobre vários prismas. Sempre foi constrangedor explicar aos tais estrangeiros porque é que nesta capital europeia não havia um espaço dedicado às margens sonoras e gráficas. Este estado de humilhação artística obrigou à Associação Chili Com Carne em abrir espaços temporários de occulture cyber comix art brut psychedelic sci fi futuristic dada trash retro street fluxus graphix industrealism anarquitext chaos magic punx intitulado simplesmente de CHILI. Para numerar

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as aventuras, desta vez localizada no Chiado Work-In-Progress, acrescentase AO QUADRADO onde apresentará zines, discos, livros, serigrafias, exposições à margem do regime lunar da Capital. Exposições de desenho, bd, serigrafia e pintura de Filipe Abranches, André Ruivo, Rudolfo, Pepedelrey, Lucas Almeida, Bruno Borges, André Lemos, Andreia Rechena, Jucifer e Sílvia Rodrigues. Murais a convite especial do colectivo Cabidela Ninja com Lucas Almeida. Venda de artigos da Chili Com Carne, O Hábito faz o Monstro, El Pep, Reject’zine, Ruru Comix, autores Mike Diana e Nevada Hill (EUA), Thisco e de vários editores estrangeiros independentes europeus (Espanha, França, Itália, Sérvia, Aústria, Alemanha, Bélgica, Suécia e Finlândia).



João Catarino João Catarino, Lisboa, 1965, frequenta a escola António Arroio e ingressa na Escola Superior de Belas Artes em Lisboa, em 1993 completou a licenciatura em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas artes da Universidade de Lisboa. Frequenta o Curso de Desenho no Ar.co e o curso de Cinema de Animação do CITEN na Fundação Calouste Gulbenkian. Trabalha no ateliê de design B2 com o designer José Brandão. É desde 1995 professor do Departamento de Desenho e do De-

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partamento de Design Gráfico no ar.co e monitor responsável pela orientação e conteúdos dos Cursos de Ilustração do CITEN, na Fundação Calouste Gulbenkian, actualmente CIEAM na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Paralelamente tem vindo a desenvolver trabalhos em ilustração e design gráfico. Fez ilustrações para diversos jornais, revistas e canais de televisão. É autor do blog http://desenhosdodia.blogspot.com


João Maio Pinto Nasceu no Caramulo em 1974. Licenciado em Design pela Faculdade de Belas Artes do Porto, é conhecido pelo seu trabalho editorial na área da ilustração que se encontra espalhado por diferentes editoras, jornais, e colaborações diversas (nomeadamente, Leya, Silva! Designers, jornal i, atelier Mike Goes West, MMMNNNRRRG, Artistas Unidos, Galeria Zé dos Bois, etc). Docente no Departamento de Design

da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, tem sido alvo de diversas distinções e mantém presença regular em exposições de design, ilustração e artes plásticas. Participou na CapitãoCriCa Ilustrada 3/3 e Mesinha de Cabeceira Popular #200, em duas antologias do colectivo belga Le 5éme Couche e este ano, finalmente, estreiouse a solo com o gigantesco The gleaming armament of marching genitalia.

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AO NORTE: VIDAS DE CI Cinema e banda desenhada são frequentemente confundidos, aplicandose à segunda termos e modos de leitura que dizem respeito ao primeiro. A confusão deve-se mais ao pouco rigor na utilização de instrumentos de análise da banda desenhada do que a um real paralelismo desta com o cinema, mas a partilha de planos de focalização e, muito mais importante, a relação entre texto e imagem em cada momento de visionamento/leitura tornam pertinente um olhar que relacione ambas as linguagens, sem que com isso se crie qualquer arrumação subsidiária entre elas. A Associação Ao Norte, que se dedica à animação cinematográfica e à manutenção de um cineclube em Viana do Castelo, criou, assim, uma colecção em formato de bolso intitulada ‘O Filme da Minha Vida’ onde cada volume convida um autor de banda desenhada ou um ilustrador a criar uma narrativa ou conjunto de imagens a partir de um filme por si escolhido. À edição

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de cada livro, sempre acompanhado por um texto introdutório (até agora, todos assinados por João Paulo Cotrim), segue-se uma exposição dos originais e a exibição do filme escolhido, com a presença do autor que o trabalhou em livro. O público destes encontros tem sido maioritariamente composto por alunos de escolas da região, no âmbito de disciplinas relacionadas com as artes, o audiovisual e a língua portuguesa, mas as sessões são abertas ao público em geral, que não tem deixado de comparecer. Dirigida pelo artista plástico Tiago Manuel, a colecção parte de uma atitude de pesquisa, muito mais do que da simples curiosidade de ‘casar’ cinema e banda desenhada esperando que o resultado tenha um interesse transversal. Essa atitude, visível nos textos introdutórios de Cotrim, extravasa a mera contextualização, contaminando os modos de trabalhar de cada artista convidado. Posta de parte a atitude fácil (e nada original) de recontar em vinhetas o que

o filme contou no ecrã, os quatro autores já publicados encetaram caminhos diversos nas suas abordagens ao cinema. André Lemos, que inaugurou a colecção com O Percutor Harmónico, partiu de Aconteceu no Oeste, de Sergio Leone, seleccionando uma das cenas mais marcantes do filme (aquela em que Charles Bronson, acabado de sair do comboio, enfrenta três homens da pequena cidade, seguindo-se a interpretação, na harmónica, da conhecida melodia de Morricone) para a fragmentar em imagens de enorme força, que tiram partido da tintagem a negro que caracteriza o trabalho do autor. Daniel Lima, que escolheu O Deserto dos Tártaros, de Valerio Zurlini, para criar Epifanias do Inimigo Invisível, analisa momentos do filme através de uma pesquisa em torno dos efeitos do reflexo e da transparência, transpondo para o papel uma leitura que coloca questões sobre o modo de ver as imagens, em movimento ou plasmadas pela


Rui Sousa

INEMA impressão. Jorge Nesbitt assina Sétimo Selo, a partir do filme homónimo de Ingmar Bergman, e plasma o momento do jogo com a Morte num diálogo intenso onde os silêncios ganham o peso das certezas inefáveis. E no mais recente número lançado, Ângulo Morto, João Fazenda desdobra Vertigo, de Hitchcock, em duas linhas narrativas que confluem para a resolução do enredo, trabalhando a oposição entre paisagem interior e exterior de um modo autónomo relativamente ao filme, mas nunca se perdendo do seu ponto de partida. Os próximos títulos serão assinados por Filipe Abranches, Joana Figueiredo, Cristina Sampaio e Alice Geirinhas, confirmando a colecção da Ao Norte como um dos projectos mais interessantes e abrangentes da banda desenhada portuguesa contemporânea.

Rui Sousa nasceu em Lisboa no ano de 1966, tendo-se formado em pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, em 1992. Vive actualmente em Oeiras, é casado e tem dois filhos. Tem trabalhado exclusivamente como desenhador e ilustrador freelancer, nomeadamente em trabalhos de animação e livros escolares, e em cartoons para jornais. O peixe contador de Histórias é o primeiro livro da sua própria autoria e reflecte o seu gosto pelas viagens e por história. Rui Sousa gosta de viajar, ler e desenhar e um dos seus sonhos é o de poder um dia viajar pelo mundo inteiro. Rui de Sousa é autor, pintor e ilustrador. Desde 1988, tem feito ilustração de livros para o Ministério da Educação (Departamento do Ensino Secundário), Texto Editores, Editorial Caminho, Areal Editores entre outras. É autor de livros como: “O Peixe Contador de Histórias” banda desenhada infantil; “Humi e a Grande Viagem de Iceberg” banda desenhada infantil; “A Baía do Tesouro” livro infantil ilustrado; “O Segredo da Pedra” livro infantil ilustrado; Constam ainda do seu curriculum, exposições de pintura, desenho e ilustração.

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JOSÉ BANDEIRA

Entrevista a um dos mais activos cartunistas portugueses. Cartune é um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda, de carácter extremamente crítico, retratando de uma forma bastante sintetizada algo que envolve o diaa-dia de uma sociedade. Os cartunes andam na boca do mundo desde o passado dia 30 de Setembro, quando o jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou uma série de doze desenhos que satirizavam o profeta Maomé. Uma onda de protesto levantouse desde logo, encabeçada pela comunidade muçulmana, que os considerou ofensivos e blasfemos; do outro lado da barricada surgiram as vozes a defender o periódico dinamarquês, usando a liberdade de expressão como arma. A celeuma atingiu níveis internacionais e surgiram confrontos violentos, que resultaram até em mortos. Aproveitamento da situação, extremismo religioso… seja qual for a justificação, o certo é que não passam de desenhos… O lisboeta José Bandeira é um dos mais importantes cartunistas políticos da nossa praça. A sua carreira iniciou-se em 1983, no Diário de Notícias, ao qual se mantém fiel desde então. Diariamente, podemos ler a coluna Cravo E Ferradura, que já leva dezasseis anos de actividade ininterrupta. Além disso, José Bandeira faz ainda ilustração e banda-desenhada, tendo publicado o livro Namoros, Casamentos E Outros Desencontros, com o qual arrecadou o prémio de Melhor Álbum de Tiras Humorísticas no certame da Amadora, em 2003. A este, juntou outros prémios e algumas exposições no estrangeiro. A Rua de Baixo esteve à conversa com José Bandeira, da qual resultou uma interessante entrevista.

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Ao longo dos anos, quais têm sido os seus mestres e as suas influências no desenvolvimento do seu traço e do seu estilo? Mestres, não os tive, pelo menos não no sentido que normalmente se dá a «mestre»: o de professor ou mentor. Se tive influências, e certamente as houve, elas foram tão difusas e numerosas que só a muito custo posso indicar algumas que se destaquem, como Levine, Quino ou Loup. Claro que fui impressionado por desenhadores fora da área do humor (Pratt ou Bilal vêemme à lembrança), mas isso não significa que tenham representado uma influência importante naquilo que faço hoje em dia. Mais fortes foram as marcas que me deixaram alguns nãodesenhadores como por exemplo: Mark Twain, Woody Allen, Monty Python, Fellini (este último era também caricaturista, mas à época eu não o sabia). Um cartunista é, por definição, um


desenhador de humor; ou seja, alguém que faz humor através do desenho; mas esta definição pode ser redutora, já que muitos cartunistas trabalham com texto. Em alguns casos (cada vez mais numerosos – o Guarda Ricardo, Pearls Before Swine, South Park, etc.) o desenho tornou-se mesmo secundário, se não de risco propositadamente ingénuo. Com a diversificação e evolução técnica dos media, as técnicas de humor tendem a fundir-se ainda mais: o ContraInformação, por exemplo, utiliza as técnicas da caricatura e do teatro de fantoches com linguagem e ritmo especificamente televisivos. O que permite a singularidade do cartune político é a sua já longa tradição e a especificidade do suporte em que é publicado, ou seja, a imprensa. E os cartunes? Como entrou no mundo dos cartunes? O interesse pela política era quase inevitável para quem, como eu, passou pela adolescência no fim dos anos setenta. Eu mantinha-me fora da esfera, por assim dizer, e tentava ilustrar o que se passava lá dentro, o que, no fundo, era uma forma de estar em simul-

tâneo dentro e fora, como os homenzinhos que surgem a tomar notas nas ilustrações das esferas celestes medievais. É muito diferente o cartune político do cartune normal? Existem (ou devem existir) limites? O desenho de humor e o cartune político diferem sobretudo na atitude, isto é, na forma como intervêm numa comunidade. O primeiro trata o humor como um fim em si mesmo; no segundo, o humor constitui um meio para atingir um fim. Mesmo quando o cartune político parece isento de mensagem, ele força uma reavaliação de uma situação ou acontecimento ao colocar os seus agentes sob ângulos de observação inusitados. Já alguma vez ouviu vozes de protesto ou indignação devido a um cartune que tenha publicado? Acontece, sobretudo de forma indirecta. Na maior parte dos casos trata-se de mal-entendidos (é surpreendente a quantidade de interpretações, algumas absolutamente divergentes, que podem desenvolver-se a partir de uma ideia aparentemente óbvia). O nosso sentido de humor atinge

níveis mínimos quando o assunto nos toca directamente. Também tem feito banda-desenhada e ilustração. Existem projectos neste campo para um futuro próximo? A ilustração tem sido mais trabalho com amigos que outra coisa. A BD é um caso à parte: tenho com ela uma relação difícil. Treino sobretudo os cem metros barreiras e a BD é para corredores de fundo: exige uma dedicação quase exclusiva que hoje não consigo ter. Fiz três curtas histórias quando tinha os meus vinte anos (que ganharam três primeiros prémios em concursos, passe a imodéstia da referência). Desde então, já muito activo nos jornais, não voltei a fazer BD. Pode ser que um dia…que hoje não consigo ter. Fiz três curtas histórias quando tinha os meus vinte anos (que ganharam três primeiros prémios em concursos, passe a imodéstia da referência). Desde então, já muito activo nos jornais, não voltei a fazer BD. Pode ser que um dia…

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Mario Belém Em pequeno, Mário Belém começou a desenhar nas cortinas, nas paredes e no chão de casa. Estava-lhe no sangue. O seu pai é o conhecido artista Victor Belém, que em 2008 comemorou 50 anos de carreia. “Como faço bodyboard, lembro-me também de pintar muito as pranchas das pessoas”, recorda o ilustrador, que agora tem 34 anos. Mário recebe-nos no seu ateliê, perto do Marquês de Pombal, que pertence a um amigo que faz modelismo. Numa das salas ao lado da sua está uma montanha russa em ponto pequeno – mas ainda assim enorme –, uma prancha de surf e numa parede vê-se uma ilustração em madeira recortada, “Sim ou Sopas”, onde um homem come uma sopa com uma caveira. “É um dos trabalhos que faço para o umbigo.” Quando diz isto não está a falar da revista “Umbigo”, embora já tenha colaborado com a publicação. “Como trabalho em publicidade, os clientes grandes são muito complica-

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dos, porque há muita gente a decidir e é nestes trabalhos pessoais ou para clientes mais pequenos que tenho mais liberdade.” “Sim ou Sopas” é um exemplo de um dos trabalhos que fez para si. Na parede ao lado da sua secretária empilham-se cartazes da sua autoria, do festival Boom, um cliente desde 2000, à discoteca Tamariz. Para o Boom, o festival que acontece de dois em dois anos em Idanha-a-Nova, Mário é responsável por “toda a parte gráfica”. Além dos cartazes e do aspecto do site, também as pulseiras que os festivaleiros usam durante o festival – muitos deles guardam-nas no pulso anos a fio – foram desenhadas por ele. “É giro porque é um cliente muito alternativo e com uma estrutura cada vez mais organizada. Assim que acaba um festival, a organização começa a pensar no próximo.” Os trabalhos de design e ilustração de Mário têm muitos estilos. Para a discoteca Tamariz, no Estoril, o registo é completamente diferente. “Eles gos-

tam muito de convites e cartazes com florzinhas”, conta. Apesar de trabalhar muito em publicidade – “nesta altura estou farto de desenhar Pais Natais e trenós” –, nos últimos tempos tem-se dedicado a outro tipo de trabalhos. “Há dois anos voltei a desenhar em papel, coisa que já não fazia há muito tempo, com esta coisa da caneta digital. Tem sido uma descoberta gira, não há aquela coisa do ‘undo’ do computador.” Do papel para a parede foi um pequeno passo. Agora quase todos os amigos querem que Mário lhes pinte as paredes de casa. “Costumo dizer-lhes: ‘Dá-me um provérbio e faço-te um desenho.” Nas paredes das escadas da Pensão Amor, edifício inaugurado ontem no Cais do Sodré, os desenhos são seus e do amigo Hugo Martins, também conhecido por Makarov. “O engenheiro [responsável pelo espaço, Queirós de Carvalho] apareceu com um livro de cartazes burlescos antigos e fizemos


interpretações de desenhos do livro.” Também pintou as paredes do “Ericeira Hostel” com alusões a cartazes de surf de outros tempos. De sua autoria é ainda a capa do último disco de Camané, com colagens que reproduzem uma fotografia: “Trabalhei também no novo disco do Tiago Bettencourt. Como é feito a partir de canções antigas, decidimos fazer um livro daqueles que parecem estar a cair aos bocados e que alguém que o comprou já desenhou por cima.” O ilustrador é primo do chefe Henrique Sá Pessoa e costuma tratar da parte gráfica dos seus livros e até do restaurante. Num registo ainda “mais arrojado” trata também do design gráfico requisitado pelo chefe Ljubomir Stanisic, e isto inclui o do livro “Papa Quilómetros”, publicado este mês.clara silva

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Onde estĂĄ o Wally? Tenta encontrar o wally no meio desta multidĂŁo.

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Descobre as 5 diferenças As imagens parecem iguais, mas não são! Consegues descobrir as diferenças?

Encontra a roda que te permite chegar ao cimo da torre

Encontra o caminho

Qual é o caminho?! Descobre!

Precisas de encontrar a roda! Será que consegues?

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Índice

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Chili ao Quadrado

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João Catarino

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João Maio Pinto

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Ao Norte: Vidas de Cinema Rui Sousa

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Entrevista com José Bandeira

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Mario Belém

André Carrilho 2 - 6 Pastéis de Belém

Chili com Carne

André Letria 10 Richard Camara

João Fonte-Santa Museu do Neo-Realismo Exposição O Crespúsculo dos Deuses

Gonçalo Pena

10

12 - 13 10 - 13 13

14 - 15

Apresentação pela primeira vez no Porto

15

Gonçalo Pena aborda imaginário napoleónico

15

Ricardo Cabral

16 - 17

João Fazenda

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Fernanda Fragateiro

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Planeta Tangerina Livros do Planeta Tangerina

Bernardo Carvalho

20 - 28 22 - 25

26 - 27

Madalena Matoso

27

Yara Kono

28

Nuno Saraiva Pedro Leitão

30 - 31 31

42 - 43

Classificados: Relax

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Passatempos


1 euro //Terça-feira, 13 Dezembro 2011 //Ano 3 // Número 790 // www.ilustrejornal.pt Directores: Joana Lemos, Pedro Barreiros e Cristiana Fertuzinhos

Director: Patricia Viegas e Joana Nina Directores-Adjuntos: Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos Subdirectores: Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos Editores Executivos: Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos Editores Executivos-adjuntos: Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos ILUSTRE Multiplataforma Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos(editor executivo-adjunto) Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos(editores) Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos (editor-adjunto de multimédia) Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos(editor de infografia) Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos (infografista) Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos(fotografia) REDACÇÃO CALDAS DA RAINHA Nacional/Sociedade: Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos (editor), Polícia e Tribunais: Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos (editores), Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos (editora), Pedro Barreiros, Joana Lemos e Cristiana Fertuzinhos (editoresadjuntos), APedro Barreiros, Joana Lemos e

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