capa
folha em branco
CAPITULO 1
Introdução O presente trabalho de conclusão de curso, visa o estudo de um projeto arquitetônico, para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá - UEM. Para tal estudo, apresentamos um breve histórico sobre os caminhos percorridos pelo curso no Brasil, elencando os principais marcos do seu desenvolvimento, assim como o cenário atual do seu ensino. A seguir direcionamos o foco para o caso de estudo, apresentando as condicionantes que estabeleceram o curso de Arquitetura e Urbanismo na UEM e seu decorrer, e ainda neste capitulo analisamos as bases do currículo que é estabelecido. No capítulo seguinte, temos a análise de obras pares, que apoiam a compreensão do tema abordado e suas
3
complexidades. Analisamos a obra de João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), que se tornou um ícone da arquitetura brasileira e o edifício para a Faculdade de Artes e História das Artes da Universidade de Iowa, no estado de Iowa nos Estados Unidos, projeto do arquiteto americano Steven Holl (1947-). Posteriormente são expostas as premissas do projeto, primeiramente pela análise do sitio de implantação e suas condicionantes, o programa de necessidades e o processo de elaboração do projeto, assim como o conceito que se desenvolve, apresentado com imagens, esquemas ilustrativos e desenhos técnicos.
Problemática Pensar o espaço arquitetônico, que propicie a identidade, integridade e que
dialogue com o pensamento que este ajuda à moldar. Esta é a premissa que inicia a reflexão e o desenvolvimento deste trabalho de graduação. A problemática se fundamenta no fato de que o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá – UEM, ainda não possui uma sede definitiva dentro do campus de Maringá. Tendo em vista esta situação, propomos a seguinte problemática: como elaborar um projeto arquitetônico apropriado à estrutura física e funcional para o departamento de arquitetura e urbanismo da UEM?
Justificativa As atuais dependências do departamento, tanto as dedicadas a graduação, quanto as administrativas apresentam instalações que não às atendem adequadamente e não condizem com as demandas do curso, assim como não
apresentam qualidades estéticasarquitetônicas, além de grande parte das atividades curriculares estarem dispersas em outros blocos e instalações, gerando transtornos para os alunos, professores e funcionários. Este trabalho se justifica por tal necessidade, um espaço físico com as infraestruturas exigidas pelo referido curso, uma vez que as atuais condições de suas edificações de caráter provisório, acabam por se tornar um dos agentes limitadores do crescimento e da qualidade do curso de arquitetura e urbanismo da UEM.
Objetivo geral O objetivo principal deste trabalho é apresentar uma proposta de um edifício para o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá, dentro do campus sede.
4
Objetivos específicos •Elaborar pesquisa bibliográfica, buscando unir embasamento teórico ao projeto arquitetônico; No capítulo seguinte, temos a análise de dos usuários e funcionários; • Promover acessibilidade a todos os usuários do espaço e entorno; • Desenvolver um projeto que agregue valor ao sitio de implantação, e tenha um diálogo com o No capítulo seguinte, temos a análise de espacialidade do campus; • Desenvolver um projeto que centralize as várias demandas funcionais do curso.
5
6
CAPITULO 2
1
Estabelecimento de ensino secundário e/ou profissional.
Histórico das escolas de arquitetura no Brasil O percurso histórico da arquitetura no Brasil, está relacionado tanto com a evolução do pensamento arquitetônico e sua visão filosófica do mundo quanto com o fenômeno da urbanização e demandas institucionais através de projetos modernizadores, desenvolvimento
Janeiro em 1936, porém só concretizando-se como um curso efetivamente universitário em 1945, quando se desvincula definitivamente da ENBA.
Além disso, durante o período da
república, no ano de 1894, é aberta a Escola Politécnica de São Paulo. (ABEA-1997) Paralelamente,
funcionavam
neste
de novos seguimentos sociais e a progressiva
período os liceus¹ de artes e ofícios, sendo o
globalização da economia.
primeiro a ser estabelecido em 1856, no Rio de
A análise da arquitetura acadêmica no Brasil pode-se dizer que é relativamente recente, partindo da Escola Real de Belas Artes do Rio de Janeiro estabelecida em 1826, dez anos após a chegada dos primeiros intelectuais da Missão Francesa, sofrendo modernizações, até apresentar-se como Escola Nacional de Belas Artes com a instauração do período republicano,
9
e passando a integrar a Universidade do Rio de
Janeiro e subsequentemente em Salvador, Recife, São Paulo, Maceió e Ouro Preto, tendo sido este último instalado em 1886. (ABEA-1997) Ainda entre o período e transição de escolas, formou-se um reduzido número de arquitetos, fenômeno que teve os primeiros sinais de mudança no final do século XIX e início do século XX, com a criação de novos cursos de
arquitetura ainda que ligados as Escolas de
Escola, mostra indícios de novos rumos para o
Engenharia e Belas Artes que surgiam nas
ensino de arquitetura no brasil.
principais grandes cidades da época.
Em 1933, é regulamentado o exercício
No início do século XX, Porto Alegre
da profissão de arquiteto por Getúlio Vargas.
ganha a Escola Profissional Dominical e Noturna
Das décadas de 30 a 50, a arquitetura
(GewerbeSchule), que fazia da arquitetura e da
brasileira vive uma efervescência arquitetônica,
construção o foco de suas preocupações
sendo não só reconhecida como estando lado a
didáticas. Contudo, a década de 20 apresenta
lado com o que de melhor se produziu no mundo
indícios de um descontentamento entre os
neste período.
estudantes e profissionais de arquitetura,
A ressonância do descontentamento
quanto ao ensino ligado as belas artes e aos
das décadas anteriores, amplifica o movimento
cursos de engenharia, buscando a reforma e
de reforma, sendo também impulsionado pelos
autonomia
movimentos
ao
ensino
da
arquitetura
e
estudantis,
assim
como
os
urbanismo que era praticado. Nos primórdios
encontros nacionais de arquitetura e urbanismo
dos anos 30, Lucio Costa tenta os primeiros
realizados entre 1958 e 1962, tanto que neste
passos para a modernização e implantação na
último, realizado em São Paulo, é criado o
antiga Belas Artes do Rio de Janeiro, que apesar
currículo mínimo que teve aprovação do
de se manter pouco tempo na diretoria da
Conselho Federal de Educação, tronco para a
10
criação
da
Faculdade
de
Arquitetura
e
Urbanismo da Universidade de Brasília. (ABEA-
O
2013)
especialmente na rede privada, foi
Com o golpe militar de 1964, o ensino em geral é seriamente comprometido por atos de repressão e arbítrio. Entre 1968/69 é implantada
a
Reforma
Universitária,
que
realizado
de
sem
estudantes,
nenhuma
preparação quanto às instalações, aos equipamentos e à qualificação dos professores. Além disto, o currículo de 1962, que depois de
subverteu o caráter de ensino público para o
anos de discussão começava a ser
privado. Até a data da reforma, eram 10 escolas
implantado, foi substituído pelo
públicas no ensino da arquitetura e urbanismo, e
currículo da Reforma Universitária,
2 escolas particulares, uma em São Paulo e outra
através da Resolução nº 03, de
em Goiás. Da data da reforma até 1974, criou-se
1969. Esse currículo desagradou
12 escolas privadas e apenas duas na rede
professores,
pública, de acordo com a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo – ABEA.
11
aumento
estudantes
e
profissionais da arquitetura e do urbanismo. (ABEA, 2013, p.23).
É a partir deste período que o ensino
Cenário atual
superior começa seu crescimento incluindo também o da arquitetura e urbanismo, em fato pela necessidade do aumento no número de profissionais, em virtudes de obras e projetos
De acordo com a ABEA, pelos dados do ano de 2013, existem 293 cursos de arquitetura e urbanismo implantados no Brasil, em 27 unidades da federação e 147 cidades.
que objetivavam o crescimento do país, como também pela política de reforma universitária, que
objetivava
a
expansão
do
ensino
universitário brasileiro sem que tal reforma gerasse ônus para o governo. (MINTO,2009)
²
O
período
atual
do
ensino
Baseado no senso do IBGE 2010, estimando uma população de 190.732.694 habitantes.
da
Arquitetura e do Urbanismo no Brasil, é marcado por um significativo número de faculdades e cursos, principalmente na região sudeste. Hoje se tem uma média de 1 escola para cada 650 mil habitantes², diferentemente de outros países que
apresenta
cursos
de
grande
reconhecimento internacional como os Estados Unidos com 96 escolas e população de 310 milhões de habitantes, média de 1 escola para cada 3,2 milhões de habitantes; Reino Unido, com 43 escolas e população de 60,9 milhões de
12
3
habitantes e média de 1 escola para cada 1,4
construção civil, em detrimento de uma
Baseado nos dados da União Internacional dos Arquitetos – UIA, em 2010.
milhões de habitantes³.
perspectiva do perfil profissional voltado para
Atualmente, aproximadamente 17% dos cursos são públicos (ABEA, 2013). Ou seja, dos 293 cursos de Arquitetura e Urbanismo em funcionamento no país, apenas 48 são gratuitos. É desproporcional a velocidade com que são abertas novos cursos privados em relação ao de ensino público. Acre, Amapá, Pará e Rondônia não contam com nenhum curso em instituição pública. Em São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal,
são,
na
sequência,
os
maiores
desequilíbrios em termos da relação de escolas privadas/públicas, respectivamente apresentam 6%, 8% e 9% de instituições públicas (ABEA, 2013). Deve-se atentar que as escolas privadas, com raras
exceções,
caracterizam-se
pelo
atendimento das demandas do mercado da
13
uma atuação pública ou para as comunidades. O que também se observa é que a abertura destes novos cursos, não está ligada a estratégias de desenvolvimento nacional, ou na busca pela distribuição e abrangência em regiões de maior carência no curso. Nota-se que a uma procura em se estabelecer novas escolas em estados e regiões de maior renda e população, que torna evidente a massificação da comercialização do curso privado. Há exemplo, no nosso estado são, 27 cursos, 22 cursos somente na grande capital, e o restante no interior do estado. Deste total de cursos apenas 5 pertence a instituições públicas.
14
CAPITULO 3 + IDENTIDADE VISUAL
CAPITULO 3
Breve histórico da Universidade A universidade estadual de Maringá tem sua criação estabelecida pela Lei nº 6.034, de 6/11/1969, que unificava a Faculdade Estadual de
faculdades e um instituto. Somente a partir do decreto Federal nº 77.583 de 11/5/1976, entra em vigor o modelo atual de departamentos, coordenados então pelos centros.
Ciências Econômicas, criada dez anos antes, a
A partir de 1986, teve prosseguimento
Faculdade Estadual de Direito e Fundação
com a criação de novos campus em outras
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ambas
cidades paranaenses.
de 1966. Nos anos seguintes com a implantação Inicialmente, a instituição foi criada sob
do curso de medicina, consequentemente foi
a forma de fundação de direito público em 1970,
implantado o complexo de saúde formado pelo
pelo Decreto Estadual nº 18.109, de 28/1/1970,
hospital universitário, a clínica odontológica, a
passando a ser denominada de Fundação
unidade
Universidade Estadual de Maringá (FUEM). No
Posteriormente em 2000, 8 novos cursos foram
período entre 1970 e 1976, houve a criação
implantados entre eles o de Arquitetura e
gradativa de 15 novos cursos que se distribuíam
Urbanismo.
de
psicologia
e
o hemocentro.
pelo campus definitivo. Neste período ainda se matinha em vigor o modelo estrutural de três
Mais recentemente em 2010, houve a criação de 10 novos cursos de graduação e,
17
atualmente, são ofertados 60 cursos de
DAU, foi criado em 2004 através da Resolução
graduação presencial, 7 cursos de graduação a
040/2004-COU.
distância, 56 cursos de pós-graduação stricto sensu (35 em nível de mestrado e 21 de doutorado) e, aproximadamente, 108 cursos de pós-graduação lato sensu (especialização). Para tanto, a Instituição conta com 7 Campus, 7 Centros de Ensino e 47 Departamentos. (UEM,
Segundo a Pró-reitora de Ensino - PEN, a motivação para se criar o curso na Universidade Estadual de Maringá partiu da inexistência
do
curso
de
Arquitetura
e
Urbanismo na região do município de Maringá na época; a localização estratégica no Mercosul;
2013).
e, por determinação do Ministério da Educação
Histórico do curso na Universidade Estadual de Maringá As raízes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEM surgem em 2000, a partir de uma proposta do DEC – Departamento de Engenharia Civil, dentro da política de expansão
e Cultura - MEC, que o incluía em uma estrutura universitária, tendo em vista o perfil do profissional generalista a ser formado e a universalidade do conhecimento garantida pela inter e multidisciplinaridade propostas no projeto pedagógico do curso.
do ensino superior no Paraná. Já o atual
O departamento é abrigado, no bloco
Departamento de Arquitetura e Urbanismo, o
32 e parte da área pedagógica está instalada no
18
bloco 9, ambos situados na porção pioneira do campus. Além das instalações reservadas, o curso necessita usar outras instalações do campus, como sala de aula, auditório e laboratórios.
Abriga
as
atividades
administrativas e pedagógicas, laboratórios e um centro de pesquisa e documentação que dá suporte ao ensino, à pesquisa, à extensão. Em 2011 o DAU/UEM iniciou um Programa de Doutorado Interinstitucional, ofertado pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP de São Carlos, e encaminhou para Capes, conjuntamente com a Universidade Estadual
de
implantação
Londrina, do
um
primeiro
projeto
de
mestrado
em
Arquitetura e Urbanismo do Paraná.
19
FIGURA 01 Localização dos principais blocos de uso pelo curso de arquitetura. 1 - Bloco 9 2 - Bloco 32 3 - Bloco C64 4 - Bloco E46 5 - Bloco P02 6 - Biblioteca
FONTE: Google Earth, editado pelo autor.
20
Currículo
deverão se pautar nos padrões de qualidade
Em fevereiro de 2006, entrou em vigor a Resolução nº 6, de 02 de fevereiro de 2006, revogando a Portaria Ministerial nº 1.770, de 21 de dezembro de 1994, para atender as novas diretrizes foi alterado o Currículo Mínimo do Curso de Arquitetura e Urbanismo, exigido pelo MEC. Este documento tenta inserir-se na nova proposta pedagógica que surgiu por volta da
estabelecidos para a área. Para nossa análise focamos, nos requisitos apresentados no Currículo Mínimo apresentado pelo MEC, com o foco na questão programática do curso, que caracterizam as condições mínimas para a fundação e funcionamento dos cursos de arquitetura e urbanismo: • Biblioteca
primeira metade dos anos. A Resolução, além de alterar a grade curricular, discorre sobre o perfil, competências
e
habilidades
profissional,
características
do
futuro
estas
que
aperfeiçoaram o Currículo Mínimo anterior.
Acervo atualizado de no mínimo 3.000 títulos de arquitetura e urbanismo e de referência às matérias do curso, além de periódicos e legislação; significa dizer que os títulos devem ser adequados ao conteúdo
21
As Instituições de Ensino Superior de
programático do curso e deve haver suficiência
Graduação em Arquitetura e Urbanismo -
do número de exemplares à demanda em um
públicas ou privadas, universidades ou isoladas,
mesmo período letivo. É importante ainda
constituir acervo documental, não só da
Laboratório de Informática Aplicada à
produção do curso, como também de outros
Arquitetura e Urbanismo, obedecendo à relação
documentos úteis para o desenvolvimento do
de dois alunos por máquina por turma, de
ensino, da pesquisa e extensão, incluindo o
maneira a permitir o cumprimento do conteúdo
espaço destinado ao acervo dos Trabalhos Finais
obrigatório previsto nas diretrizes curriculares e
de Graduação. Mapas e slides devem estar
ainda disponibilidade horária para a utilização
disponíveis, considerando-se a importância da
livre do corpo discente, com o objetivo de
consulta ao acervo iconográfico para a formação
implementar a utilização do instrumental da
do arquiteto e urbanista. Recomenda-se a
informática no cotidiano do aprendizado.
existência de bibliotecas setoriais. • Laboratórios Laboratório de Conforto Ambiental que Os laboratórios exigidos para a abertura
permita a utilização de modernos métodos de
e funcionamento dos cursos, de acordo com as
análise e a familiarização com equipamentos
configurações preconizadas, são os seguintes:
que
possibilitem
orientar
o
projeto,
considerando as variáveis ambientais e sua ação sobre as construções e as cidades, e os processos físicos a elas associados, para garantir
22
o desempenho necessário e esperado do ponto
equipamentos prediais e
de vista da satisfação do usuário e da eficiência
urbana.
a infraestrutura
energética. Laboratório de Fotografia, Vídeo e Audiovisual com equipamentos necessários à pesquisa e ensaio que subsidiam as atividades Laboratório
de
Tecnologia
da
Construção, cujos equipamentos garantam em número e desempenho a verificação laboratorial de materiais e componentes construtivos especificados no projeto e empregados na obra;
indissociáveis de ensino, pesquisa e extensão no campo
da
iconografia
de
arquitetura
e
urbanismo. • Salas de Projeto (atelier)
experimentação e ensaios tais como os relativos a técnicas construtivas; modelos de sistemas construtivos; patologias; equipamentos para rompimento de corpos de prova de concreto e argamassa, ensaio normalizado de agregados miúdos, ensaio não destrutivo do concreto, ensaio de tração. Estão incluídas as instalações e
23
Com pranchetas ou mesas equipadas com réguas paralelas de modo a garantir lugar para o trabalho de todos os alunos da turma reunidos no horário de aula. • Oficina de Maquetes e Laboratório de Modelos
Espaço equipado de maneira a permitir
As atividades acadêmicas devem contar
o trabalho de alunos na experimentação através
ainda com espaços destinados a auditório e
de maquetes e modelos, auxiliando todas as
equipamentos que permitam projeção de slides,
disciplinas no desenvolvimento dos trabalhos de
filmes, vídeos, tais como retroprojetores, telas
curso. Número de equipamentos em função do
para projeção, microfones.
número
de
usuários.
Configuração
de
equipamentos a critério de cada curso.
• Equipamentos Outros Equipamentos para topografia, com o uso de recursos de aerofotogrametria e
• Salas para aulas teóricas As salas de aula devem ser em número
fotointerpretação. • Corpo Docente
e área suficientes para abrigar as atividades exigidas pelas propostas acadêmicas do curso. Devem estar disponíveis para uso, recursos e equipamentos que deem suporte às atividades de professores e alunos. • Auditório e Sala de Projeção
Quadro qualificado e em número suficiente para que seja respeitada a relação professor/aluno de: a) aula teórica - 1:30 b) aula prática e de projeto – 1:15
24
CAPITULO 4
FIGURA 02 – FAU-USP. FONTE: Vitruvíus.
Vilanova Artigas – FAUUSP O
projeto
para
a
caberia a Rino Levi, porém tais intenções nunca Faculdade
de
Arquitetura e Urbanismo da Universidades de São Paulo – FAUUSP, desenvolvido por João
se concretizaram, sendo realizado deste plano apena o projeto de Artigas e a Faculdade de História e Geografia, por Eduardo Corona.
Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, se tornou um ícone da arquitetura brasileira, com
Pensei o prédio como a
início de projeto em 1961, e obras de 1966 a 1969.
espacialização
A obra proposta que se integra ao
democracia, em espaços
campus da USP, tinha como objetivo integrar um
dignos sem portas de
conjunto de cinco edifícios que faria parte da
entrada, porque o queria
chamada Ala das Humanas da USP. Estas obras
como um templo, onde
que tinham como mentor Artigas e outros
todas as atividades são
nomes como Pedro Paulo Saraiva, Joaquim
lícitas (...) ai o indivíduo se
Guedes e Eduardo Corona. Havia a intenção de
instrui, se urbaniza, ganha
possuírem entre si uma ligação direta, como
o espírito de equipe.
também uma conexão por baixo da avenida Professor
Luciano
Gualberto,
entre
este
conjunto com uma área de evento cujo o projeto
27
da
(ARTIGAS. Vilanova Artigas., p. 101)
huuhuhhhuhu
Nestas informações já ficam expressas
metros de comprimento por 66 metros de
as intenções e ideais de Artigas para a proposta
largura e 15 metros de altura, sendo a área total
que se pretendia: integração, liberdade e
do edifício 18.600m², abrigando entorno de 750
sobretudo um espaço democrático.
alunos na graduação.
Externamente o edifício se materializa
Mas é no interior do edifício, que
como um paralelepípedo cego e de aparência
Artigas exprime com toda sua propriedade e
maciça e bruta (reforçada pela impressão das
força seus ideais. A linguagem do edifício é
tabuas no concreto), que flutua sobre apoios,
explicita. O uso do concreto bruto, do vidro, a
onde não se sabe ao certo se são uma
simplicidade de suas linhas, assim como a ênfase
continuidade das empenas ou se são os pilares
na integração dos espaços, funcionais e
que vão a seu encontro, uma retórica na obra do
plasticamente marcantes. Simplicidades num
arquiteto com o desenho estrutural que é
arranjo arquitetônico complexo.
indissociável de sua prática arquitetural, uma
A proposta central do projeto reside
clara evidência ao contraste proposto entre a
na ideia de continuidade espacial, que culmina e
massa - densa e pesada - que se sustenta sobre
se materializa no salão Caramelo. Espaço
sofisticados apoios, ainda mais evidenciados
pensado às relações democráticas, do qual
pelos grandes recuos fechados em vidro de piso
observamos o jogo dos volumes sob a luz
FIGURA 03 – Vista aérea. FAU-USP. FONTE: Flickr, Fernando Stankuns.
a teto. Este bloco de concreto se estende por 110
30
FIGURA 04 – Corte transversal.
homogênea
da
iluminação
zenital
e
o
Os espaços do edifício encontram
deslocamento de diferentes níveis das várias
forte relação e comunicação, ora demostrada
lajes,
de
com vigor, a exemplo do vazio caracterizado
inclinações variáveis, que dão a sensação de
pelo salão, ora delicadamente, como nas
continuidade, sem uma interrupção brusca.
divisões utilizadas para separar ambientes, que
FONTE: Vitruvíus.
FIGURA 05 – (Pagina ao lado) Vista para biblioteca e cobertura. FONTE: Arch Tendências.
interligadas
por
rampas
largas
não vão de piso a teto, apenas marcam diferenças de usos e funções.
02
31
A cobertura tem papel fundamental na percepção espacial e relações de escala. A solução de grelha em vigas “v” que conformam uma reticula de domos, modulados a cada 2,5 metros, é a responsável pela iluminação e ventilação do edifício. Hoje a cobertura passa por reformas.
Imagem cobertura, grelaha
FIGURA 06 – Planta do primeiro e segundo nível. FONTE: Plataforma arquitetura, editado pelo autor
1.circulação 2.auditório 3.Funcionários 4.laboratórios
33
A escola é organizada em 8 pavimentos
exposição, pelo museu caracol, a lanchonete, o
4
em níveis diferentes, e como forma de
grêmio e outros serviços dos alunos. Lemos esta
Laboratório de modelos e ensaios
analisarmos, consideramos como primeiro nível
disposição como uma estratégia de convite ao
o subsolo, onde se encontra foyer, auditório e
convívio e interação, por se tratar de um espaço
apoios para o mesmo, sendo a cobertura do
de passagem obrigatório a quem se destina às
auditório, o piso do salão caramelo. Sua periferia
salas de aula e estúdios.
abriga espaços de alguns laboratórios e departamentos, área de funcionários, além de almoxarifado e depósitos. O segundo nível era na
organização
original
ocupado
pelos
laboratórios – LAME ⁴, gráfica, etc. Hoje abriga
5 Estes espaços se encontram hoje no edifício anexo da FAU, fruto de um concurso interno em 1989, sendo projeto de autoria do então professor da Fau, Giancarlo Gasperini.
salas de pesquisa e departamentos ⁵ (figura 06). O terceiro nível é o de acesso, ocupado em parte pela diretoria e pelo salão caramelo, que pode ser definido em nível ou piso, mas não em limites, idealizando uma praça interna. Oposto ao acesso, o 4º pavimento a meio nível é ocupado pelos espaços de
34
FIGURA 07 – Planta do terceiro e quarto nível. FONTE: Plataforma arquitetura, editado pelo autor
FIGURA 08 – (Página ao lado) Salão Caramelo. FONTE: Plataforma arquitetura.
5.circulação 9.lanchonete
35
6.acesso principal 7.diretoria 10.laboratórios de pesquisa
8.salão caramelo
Imagem sal達o
Ocupando quase que a totalidade do 5º nível, a biblioteca tem uma posição de suma
caracterizados
importância na leitura espacial do edifício,
flexíveis, com um pé-direito e meio, separados
relacionando-se intimamente com o vazio
por divisórias baixas. Sem janelas, recebem a
constituído pelo salão caramelo. Neste nível
iluminação
ainda há a administração acadêmica e área de
cobertura. O último nível é o das salas de aula,
computação.
divididas por painéis de cimento amianto, e
O sexto nível se destina a salas de professores, que com a ampliação no número de docentes, acabou por ocupar a área reservada ao atelier interdepartamental ainda nos anos 90.
37
No 7º pavimento ficam os estúdios,
e
como
espaços
ventilação
dos
abertos
domos
e
da
também recebem iluminação através das zenitais.
FIGURA 09 – Planta do quinto e sexto nível. FONTE: Plataforma arquitetura, editado pelo autor
11. circulação 12.biblioteca 13. C.A. 14.departamentos 15.sala dos professore
38
FIGURA 10 – Planta do sétimo e oitavo nível. FONTE: Plataforma arquitetura, editado pelo autor
16.circulação
39
17.salas de aula
18.estudios
Ao longo dos anos a obra recebeu
“O
concreto
inúmeras críticas, devido as patologias do
utilizado não é só uma solução
concreto e características questionáveis quanto
mais
a seu emprego. Se por um lado questões
corresponde à necessidade de se
plásticas e estruturas apresentavam o material
encontrar meios de expressão
como a solução mais plausível, outras, por
artística,
exemplo, referentes a desempenho térmico e
estrutura do edifício, sua parte
acústico, sempre foram pontos discutidos, assim
mais digna. A estrutura, para o
como a cobertura que sofre tanto pelo desgaste
arquiteto, não deve desempenhar
natural, como em qualquer obra, como pela falta
o papel de humilde esqueleto, mas
de manutenção.
exprimir a graça com que os novos
Quando ao emprego do concreto Artigas defende:
econômica,
lançando
como
mão
da
materiais permitem dominar as formas cósmicas, com a elegância de vãos maiores, de formas leves.” ARTIGAS, Vilanova. in FERRAZ (coord.), 1993, p. 101.
40
FIGURA 11 – Escola de Arte e História da Arte da Universidade de Iowa. FONTE: Universidade de Iowa.
Steven Holl – Escola de Arte e História da Arte, Universidade de Iowa Inaugurado
em
2006,
com
aproximadamente 6.500 m², o edifício para a Escola de Arte e História da Arte, da Universidade de Iowa, busca a integração destes usos complementares, que embora cada área de atividade tenha seu espaço distinto, eles estão entrelaçados por áreas de circulação e pontos de vista entre os espaços. Steven Holl é dos poucos arquitetos da atualidade que eleva suas obras à categoria de arte, descartando qualquer solução simplista ou espontânea.
É
uma
obra
multifacetada,
ampla
e
resistente
a
qualquer simplificação. [...] Sua arquitetura é uma viagem de ida e volta
do
abstrato
o
concreto, sendo o segundo termo representado pela memória do lugar, pelas condições materiais, pela estrutura, pelo programa, e o primeiro termo pelas ideias que se constituem o ponto de ataque ao projeto,
algumas
completamente
delas
alheias
ao
determinismo funcional, e pela metodologia, qualquer
resistente
redução
(SILVIO COLIN, 2011)
41
para
a
simplista.
FIGURA 12 – Sítio de implantação. FONTE: Google Earth, editado pelo autor.
43
O sitio de implantação do edifício é
edificado. A extensão retilínea do edifício que se
margeado por uma via de uso interno intenso e
projeta sobre o lago, apoia-se sobre o pilar em
apresenta dois elementos de importante
concreto que nasce dentro da água, quase que
conjuntura com o projeto: uma pequena lagoa,
paralelo a rua, enquanto os estúdios, biblioteca
e um talude de calcário que à encerra. A
e espaços sociais são organizados mais
proposta do arquiteto apresenta íntimo diálogo
livremente em resposta específica à água e a
com ambos elementos.
topografia do lado sul e numa leitura ortogonal
O edifício não apresenta uma forma definida de antemão, mas se apropria de sua
em relação a rua. O
edifício
apresenta
um
subsolo
subjetividade numa composição abstrata que
voltado a áreas técnicas e depósitos. O
busca a funcionalidade na disposição do
pavimento térreo é composto pela galeria e
programa, sugerindo volumes e espaços, ora
espaço de administração, salas de aulas teóricas,
por
curvas,
sala de apresentações, laboratórios de materiais
articuladas na busca de intenções, que sejam
visuais (Figura 13). No segundo pavimento, ficam
elas, a luz, a paisagem ou a funcionalidade. O
o auditório e um teatro de mídias que
edifício não pretende se camuflar na paisagem,
externamente conformam o espaço curvo sobre
mas convive com ela em harmonia, com total
a entrada. Ainda neste pavimento estão as salas
diálogo com o lago, o calcário e o entorno
do corpo docente e a biblioteca (Figura 14).
planos,
ora
por
superfícies
44
FIGURA 13 – Planta do primeiro pavimento. FONTE: Architectural Review, 2006, P.46, editado pelo autor.
1.acesso principal 5.estudio áudio-visual
45
2.hall 3.exposição 4.administração 6.sala de estudos 7. Salas teóricas
FIGURA 14 – Planta do segundo pavimento. FONTE: Architectural Review, 2006, P.46, editado pelo autor.
8. circulação/hall 9.auditório 10.exposição de mídias 11.biblioteca 12.Sala dos professore
46
FIGURA 15 – Escadas do átrio de circulação.
Por fim, o terceiro pavimento é destinado a
natural, para um diálogo com as construções
graduação, com estúdios, laboratórios de
vizinhas em tijolos de mesma tonalidade.
FONTE: Architectural Review, 2006, P.41.
fotografia e informática, ateliês de desenho e pintura e demais apoios necessários. (Figura 16) As atividades são organizadas em torno do átrio central que é iluminado por zenitais e que abriga a principal circulação vertical feita pela escada escultórica em chapas de aço dobradas, suspensa por cabos. O aço corten aparece em toda a obra revestido a superfície externa e também em muito da área interna, tirando partido a cor adquirida pela oxidação
47
FIGURA 16 – Planta do 3 pavimento. FONTE: Architectural Review, 2006, P.47, editado pelo autor.
13.Circulação/Hall 14.Estudio De Design 17.Atelies De Pintura 18.Terraço
15.Laboratórios Deinformatica
16.Atelies De Desenho
48
FIGURA 17 – Corte longitudinal. Fonte: Architectural Review, 2006, P.48, editado pelo autor.
Figura 18 Perspectiva FONTE: Site do arquiteto Steven Holl.
A cobertura é resolvida com o mesmo material. A estrutura é basicamente feita em aço, com alguns apoios em concreto armado, lajes em concreto alveolar e fechamentos em vidro explorando a luz natural e a paisagem.
FIGURA 19 – Atelier, iluminado por zenital. FONTE: Site do arquiteto Steven Holl.
FIGURA 20 – SEBRAE Nacional, perspectiva. FONTE: Revista AU
Álvaro Puntoni – Sede do SEBRAE Nacional.
3) Preocupação em se obter ótima performance ambiental e econômica.
Fruto de um concurso em 2008, a
A
respeito
proposta
então
proposta vencedora do escritório GrupoSP,
apresentada, a comissão julgadora do concurso
dirigido por Álvaro Puntoni, é apresentada aqui,
afirma que:
como um projeto de estudo em função de sua organização e ralações espaciais e estruturais.
“A proposta estabelece com firmeza e elegância a
A proposta de conjunto arquitetônico,
relação do edifício com o lugar, a
como os autores o designam, busca uma
correta proporção volumétrica, e
arquitetura com:
reafirma a presença institucional
1) Ênfase na espacialidade interna, objetivando a integração dos usuários assim
requerida
desenvolvimento
especial 2)
Máxima
flexibilidade
organização dos escritórios;
para
no
programa. do
O
projeto
contempla ainda de maneira
como da paisagem construída e natural;
51
da
a
as
questões
paisagísticas e as soluções de conforto ambienta.”
O elemento de maior expressão é o pátio, a
aço. Trata-se de duas treliças longitudinais
partir do qual todo o conjunto se desenvolve e é
espaçadas 18 metros entre si e solidarizadas por
onde se localizam as atividades de maior relação
pórticos transversais com modulação de 7.5
pública. De acordo com os arquitetos, o pátio
metros. As treliças são apoiadas sobre pilares de
formado com o térreo aberto permite visuais
concreto que advém dos níveis inferiores e são
alongadas, sublinhando a possibilidade de
vinculadas às empenas.
extensão
do
pavimento
público
sem
comprometer o gabarito.
Uma interligação entre os dois blocos em nível se faz através de passarelas de concreto
Juntamente com o pátio a estrutura é o grande sistema de organização, de forma periférica e dupla. Duas empenas estruturais duplas de concreto se opõem para iniciar a formação
do
conjunto.
Nelas
estão
as
às
vigas
superiores
que
descarregam as forças sobre as empenas. Estas passarelas conformam o grande pátio interno, que recebe em parte uma cobertura. (FIG. 23) O
auditório
tem
estruturação
circulações verticais, apoios necessários ao
independente com vigas protendidas espaçadas
programa de atividades e a infraestrutura.
2.50 metros, com 16.50 metros de vão e
Entre as empenas, se acomodam dois blocos de escritório com dois pavimentos de estrutura em
53
atarantadas
apoiadas nas paredes laterais, sem qualquer interferência com a estrutura do subsolo.
FIGURA 21 – Implantação. FONTE: Google Earth, editado pelo autor.
54
FIGURA 22 – Corte transversal. FONTE: Revista Suma
FIGURA 23 – (Página ao lado) Vista interna para o pátio. FONTE: Revista Suma
FIGURA 24 – Planta de 2º subsolo. FONTE: Site GrupoSP.
57
FIGURA 25 – Planta do 1º subsolo. FONTE: Site GrupoSP.
58
FIGURA 26 – Planta do térreo inferior. FONTE: Site GrupoSP.
59
FIGURA 27 – Planta do térreo superior. FONTE: Site GrupoSP.
60
FIGURA 28 – Planta do 1º pavimento. FONTE: Site GrupoSP.
61
FIGURA 29 – Planta 2º pavimento. FONTE: Site GrupoSP.
62
CAPITULO 5
FIGURA 30 – Sítio de Implantação. FONTE: Assessoria de Comunicação Social da UEM.
65
FIGURA 15 – Implantação. FONTE: Google Earth, editado pelo autor.
Análise do sítio e implantação A
escolha
do
terreno
até mesmo um pouco escura, que se faz entre para
a
implantação é pautada nas diretrizes alçadas pelo plano diretor da universidade, que estipulam a área entre os blocos C56 e C34 para a construção da nova sede do curso de Arquitetura e Urbanismo e orientam que as novas construções, estejam em proximidade
O sitio de implantação não se encontra ou se apresenta de maneira imediata a quem se dirige até ele. O terreno é guardado pelos blocos que margeiam um dos caminhos de grande circulação da universidade, por ter ligação com e
com
um
dos
revela o cenário de estudo. É neste desvendar que se encontra uma das “graças” desta paisagem, uma perspectiva que ganha força ao ser enfatizada pela implantação angulosa dos blocos adjacentes, em relação ao caminho, que se estende como um respiro a paisagem monótona e carregada entre construções.
com seus respectivos centros.
blocos
pavilhão de estudos e bloco de apoios é que se
bolsões
de
A topografia que encontramos cresce à leste medida que a perspectiva avança, e se, no centro, apresenta-se mais suave e natural, as bordas demonstramos sinais da implantação autoritária dos blocos vizinhos, evidenciando desníveis mais bruscos.
estacionamento do campus. O espaço se revela aos poucos. Somente ao se atravessar a passagem estreita e
66
FIGURA 31 – Vista 1. FONTE: Acervo do autor.
Infelizmente, o grande espaço que tem
A leste temos a relação com as
potencial para ser um respiro verde e
pequenas edificações de baixo gabarito, numa
convidativo aos estudantes, perde força pela
cota mais elevada, caracterizando um plano com
passarela que o corta no sentido norte/sul. A
conexão com o estacionamento que se encerra
cobertura estrita e baixa que delimita o
entre os blocos C23 e C34.
caminho, também é a responsável pela ideia de divisão do espaço verde.
FIGURA 32 – Análise do sítio. FONTE: Produzido pelo autor.
68
FIGURA 33 (abaixo) – vista 1. FONTE: Acervo do autor.
FIGURA 34 (Pagina ao lado) – vista 2 FONTE: Acervo do autor.
Sobre diretrizes e Plano Diretor da UEM A gleba onde se insere o campus da UEM, ao norte de Maringá, segundo a Lei Complementar Nº888 DE 2011, a classifica como pertencente a Zona Especial 6 (ZE6). Entretanto a legislação de Maringá não aponta as especificações sobre o uso do solo e seus respectivos índices para esta determinada zona, assim como também a Prefeitura do campus, que administra e regulamenta os projetos dentro da área pertencente a Universidade, através de um código próprio, ainda não apresenta urbanísticos.
71
suas
diretrizes
e
parâmetros
Programa de necessidades
espaço para estudo; secretaria; salas de aula pra a pós-graduação e um pequeno
O programa de necessidades apresenta o seguinte escopo, com base nas necessidades do curso e no estudo dos correlatos e de outras
centro de impressão.
Ambientes
de
uso
gerais,
como
banheiros, circulação vertical (escadas
instituições:
e elevadores), dml, copa e apoios
Referente ao setor administrativo:
necessários.
secretária; sala de chefia e chefia adjunta; coordenação e coordenação adjunta; sala de reuniões; sala para os professores; almoxarifado.
Referente
a
graduação
e
pós-
graduação: salas de aulas teóricas; laboratório de tecnologia, laboratório de conforto ambiental; maquetaria; ateliers; biblioteca, centro acadêmico; escritório modelo, auditório e foyer; espaço de exposição, salas de pesquisa;
72
FIGURA 35 – Diagrama de relações entre o programa arquitetônico. FONTE: Produzido pelo autor.
73
FIGURA 36 – Configuração do programa e áreas aproximadas. FONTE: Produzido pelo autor.
74
CAPITULO 6
FIGURA 37 – Diagrama de processo conceitual e relações urbanas. FONTE: Produzido pelo autor.
Conceito arquitetônico
explorado a favor do convívio dos alunos e usuários, como um espaço democrático de
A reflexão de início deste projeto se insere, que de maneira clara possa atender as
Programaticamente,
vemos
a
exigências programáticas que uma faculdade
possibilidade da existência de dois setores para
necessita, mas que compreenda o valor do
melhor organização da escola: um que destina o
espaço
de
foco a graduação, e outro de caráter misto, para
convivência, uma vez que este se implanta numa
a administração e corpo docente, e que também
malha complexa de edificações, onde uma área
sirva para a pós-graduação, por vermos certa
de respiro ás edificações que o cercam seria de
proximidade maior entra corpo docente e
grande valia para os cidadãos que a utilizam.
alunos de mestrado e doutorado.
público,
principalmente
o
A diretriz para a implantação que a UEM
O que propomos, é que o setor de maior
propõe para a escola de arquitetura, demostra
área, o destinado a graduação, implante-se de
um edifício em bloco único paralelo aos seus
modo a valorizar o espaço livre que se conforma
vizinhos, C-34 e C-56. Contudo analisamos esta
ao posicionarmos este mais recuado, do ponto
proposta como um fator que não valoriza e/ou
de “principal” fluxo de entrada e saída de
considera a área livre que é presente, pelo fato
pessoas.
de segmentar este espaço que poderia ser
77
acolhimento.
propõe a análise do espaço em que este edifício
78
FIGURA 38 – Diagrama de processo conceitual e relações urbanas. FONTE: Produzido pelo autor.
Com o ideal de manter a valorização deste espaço e evidencia-lo, recuamos o bloco administrativo, da faixa de circulação e na porção mais a leste, oposta a este fluxo de pessoas, imprimimos uma conexão entre os setores, que também abrigará alguns programas da faculdade de arquitetura. A tomada de decisão por deixar o térreo mais aberto com a livre circulação, garante uma leitura mais rica entre a continuidade espacial da área verde aberta em frente à escola e o espaço de transição ao seu interior. Assim como também a caracterização do espaço que se abre verticalmente,
uma
espécie
de
pátio,
conformado pela implantação não ortogonal entre blocos, que cria um diálogo entre as partes do edifício.
79
80
FIGURA 39 – Diagrama de conceito e espaços de apropriação. FONTE: Produzido pelo autor.
81
FIGURA 40 – Modelos de estudo. FONTE: Produzido pelo autor.
82
FIGURA 41 – Diagrama de estudo de insolação. FONTE: Produzido pelo autor.
83
FIGURA 42 – Diagrama de estudo de insolação. FONTE: Produzido pelo autor.
84
CAPITULO 7
FIGURA 43 – Perspectiva externa. FONTE: Produzido pelo autor.
Memorial
quem transita pelo térreo, e os alunos obtêm um
O partido adotado para a concepção da Escola
de
Arquitetura
e
Urbanismo
da
Universidade Estadual de Maringá, se pauta na
espaço aberto a suas atividades. Nesta mesma condição encontra-se o escritório modelo, próximo ao espaço antes citado. No auditório que comporta mais de 360
perspectiva do ensino e relações de troca de conhecimentos e ideias, que possa ofertar a comunidade acadêmica um espaço de uso comum de interação e livre estar. O edifício se estabelece priorizando este conceito, onde as atividades que se estabelecem no térreo, estão mais contidas na porção posterior do edifício, a leste, ofertando um espaço livre. Aqui se encontram as atividades que tem relação mais aberta, não somente entre a escola de arquitetura e a universidade, como também,
87
lugares, opta-se por apresentar um foyer totalmente
receptivo,
sem
barreiras
ou
delimitações, afim de ser um convite aberto a toda
comunidade
acadêmica,
que
é
caracterizado de forma sutil e exclusivamente pela escada de acesso ao balcão do auditório. Esta visão de um espaço receptivo e aberto, adentra ao edifício, cortando-o por uma escadaria,
que
se
converte
ora
em
arquibancada, e conecta-se a porção superior do terreno de implantação e nesta parte se
com a comunidade como um todo. O centro
desenvolve numa praça de convívio e estar,
acadêmico vive esta intenção, usufruindo de um
elevada em relação ao térreo, com relações mais
espaço de comunicação mais imediata com
intimas com o segundo pavimento.
De modo a obter à melhor organização
relações visuais mais acentuadas com o térreo
dos espaços e fluxos, estabelecemos um setor
de uso livre e com a área arborizada em frente à
de maior porte com foco a graduação, que se
escola, além de propiciar a proteção solar
insere quase que paralelo ao bloco didático
necessária.
vizinho,
denominado
C-56,
e
este
não
No mesmo nível encontra-se a área
paralelismo garante ao longo do edifício, um
administrativa no bloco oposto, com salas para
maior recuo, ofertando adequadamente a
a chefia, coordenação, sala de reuniões e
insolação e a ventilação necessárias a ambos
secretária. Sobre esta área, no segundo
edifícios. Posterior a este, está o setor destinado
pavimento, estão as salas para o corpo docente
a administração e corpo docente, que também
e salas de reuniões para uso para pequenos
mantem a ideia dos recuos laterais não
grupos de alunos e professores.
paralelos, como também de ser mais recuado a
É neste pavimento que ficam as salas
leste, o que garante maior espaço aberto na área
teóricas destinadas a graduação, que recebem o
de principal circulação, entre área norte e sul.
layout de acordo com as demandas do número
No pavimento imediato ao térreo, encontramos
a
biblioteca
no
setor
FIGURA 44 – Vista para a escadaria e praça elevada. FONTE: Produzido pelo autor.
de alunos, para se adequar as diferentes
de
necessidades entre as matérias ministradas.
graduação, que ganha um recuo maior em
Este nível ainda se constitui pelos laboratórios e
relação ao demais pavimentos. Tal recuo gera
salas de pesquisa na ala que faz a conexão entre
90
FIGURA 45 – Vista do terraço para o pátio. FONTE: Produzido pelo autor.
o bloco de graduação e o que contem a
organizados no lado oposto ao da graduação, e
administração e a pós-graduação.
também mantem abertura ao terraço.
No último nível organizam-se os ateliês, a maquetaria e um espaço de estudo. Unimos
acontece
estes três ambientes, primeiramente pela
principalmente
estreita relação que estes espaços possuem no
conformam vazios que organizam e criam
ensino da arquitetura e urbanismo, e também
relações espaciais entre níveis e setores.
como forma de usufruir da luz natural e homogênea advinda das aberturas zenitais.
por
meio através
de de
elevador,
mas
escadas
que
Completa ainda a circulação, uma ligação imediata entre as salas de aula da
Aqui a escola ganha um espaço de
graduação e o setor do corpo docente. Esta
respiro e estar para os usuários, através de um
conexão feita por uma passarela metálica de
terraço que fornece conexão entre os setores de
estrutura de treliça, tanto faz o papel de
graduação e pós-graduação, se comunicando
comunicação como qualifica a relação espacial e
com um pequeno café, de uso para os alunos e
visual entre os volumes da faculdade, e cria uma
professores.
atmosfera para o pátio que se conforma entre o
O programa destinado a pós: salas de aulas, sala de estudos e secretaria, estão
91
A circulação entre os pavimentos
vazio formado pela implantação dos blocos de atividades.
FIGURA 46– Vista para área livre. FONTE: Produzido pelo autor. 93
97
98
99
100
101
102
103
104
FIGURA 47 – Corte perspectivado. FONTE: Produzido pelo autor.
FIGURA 48 – Corte perspectivado. FONTE: Produzido pelo autor.
FIGURA 49 – Esqueleto estrutura. FONTE: Produzido pelo autor.
Estrutura A primeira característica do sistema construtivo que buscamos, foi de um edifício didático, que em sua estrutura fosse explicito os conceitos vistos em suas salas de aula, e que esta, se apresenta-se de forma didática. O conjunto exibe o uso de treliças estruturais,
partindo
das
soluções
mais
adequadas em cada caso. O princípio se repete, porem em diferentes escalas, bem como também apropria-se do uso do concreto armado e soluções de apoios em pilares de concreto. O grande bloco da graduação é solucionado com a conformação de duas treliças planas periféricas de grande porte, estendendose por todo o bloco, e descarregando os esforços em 4 pilares em aço na forma de v, consequentemente reduzindo pela metade o
107
número de apoios que seria utilizado num sistema convencional viga-pilar. O segundo bloco resulta de uma síntese estrutural de pórticos metálicos transversais apoiados sobre pilares em concreto. Tais pórticos são estabilizados por duas vigas treliçadas que possuem a altura do pé-direito do primeiro pavimento, isto resulta numa obra com a estrutura mais delgada, mesmo com vãos maiores, e toma tua forma como expressão estética. A ala de conexão é resolvida com pilares em concreto, vigas em aço e lajes no sistema stell deck, a mesma utilizada nos outros blocos, que confere melhor unidade ao conjunto. O auditório usa o concreto armado para criar a caixa em que se encontra e servir de apoio para parte da escola.
FIGURA 50 e 51– Concepção estrutura bloco de graduação. FONTE: Produzido pelo autor.
Conformação dos 4 pilares de apoio em aço com seção variável e caixa de concreto para o auditório.
Extensão dos apoios com pilares de aço com perfil H.
Vigas longitudinais que conformam os andares e avançam para formação do cantilever.
109
Consolidação das grandes treliças estruturais através dos travamentos diagonais por perfis de seção I, para condução das forças até os apoios.
Distribuição das vigas transversais de apoio as lajes e travamentos necessários.
Emprego das lajes de piso.
FIGURA 52 e 53– Concepção estrutural do bloco de administração.
Implantação das duas linhas de pilares de apoio em concreto com diâmetro de 60 cm.
FONTE: Produzido pelo autor.
Configuração das vigas em aço longitudinais de 00cm e transversais de 00cm para apoio dos pórticos de sustentação.
Conformação da sequência pórticos estruturais em aço.
111
dos
Distribuição das vigas longitudinais de perfil I de 00x00cm.
Consolidação da viga treliçada, por meio de travamentos diagonais, que possibilita o emprego de vão maiores.
Retirada de pilares, com ganho em vãos maiores, sem prejuízos a estrutura, ou a necessidades de vigas de grande altura.
FIGURA 54– Concepção estrutural do bloco de administração.
Ligação das vigas transversais de apoio a laje.
FONTE: Produzido pelo autor.
FIGURA 55– Detalhe de pele de sombreamento do bloco de administração. FONTE: Produzido pelo autor.
Usos dos contraventamentos necessários para a estabilidade da estrutura.
Finalização das lajes de piso e cobertura.
113
FIGURA 56– Seção de detalhe do bloco de graduação. FONTE: Produzido pelo autor.
FIGURA 57– perspectiva da passarela técnica. FONTE: Produzido pelo autor.
115
FIGURA 58– Detalhe do sistema de brises do bloco de graduação. FONTE: Produzido pelo autor.
FIGURA 59– Perspectiva dos brises. FONTE: Produzido pelo autor.
117
FIGURA 60– Detalhe da passarela. FONTE: Produzido pelo autor.
119
120
FIGURA 61– Detalhe da passarela. FONTE: Produzido pelo autor.
121
122
FIGURA 62– Biblioteca. FONTE: Produzido pelo autor.
123
FIGURA 63– Biblioteca. FONTE: Produzido pelo autor.
124
FIGURA 64– Vista interna para pátio interno. FONTE: Produzido pelo autor.
125
FIGURA 65– Vista interna. FONTE: Produzido pelo autor.
126
FIGURA 66– Vista lateral. FONTE: Produzido pelo autor.
127
FIGURA 67– Vista foyer. FONTE: Produzido pelo autor.
128
FIGURA 68– Vista para o pátio. FONTE: Produzido pelo autor.
129
FIGURA 69– Vista das escadarias de circulação FONTE: Produzido pelo autor.
130
FIGURA 70– Vista para o vazio. FONTE: Produzido pelo autor.
131
FIGURA 69– Vista para o terraço. FONTE: Produzido pelo autor.
132
Considerações finais O projeto arquitetônico apresentado, aborda sua inserção no espaço de forma a preserva-lo e valorizar o caráter público. Seus setores desenvolvem-se num arranjo ocupandose do local de implantação sem se desvincular do entorno e suas relações, sempre no intuito de exaltar o público, e incumbindo-se de que os aspectos funcionais se resolvam de maneira clara e natural. O partido trilha por uma estrutura que em si, seja o elemento estético-funcional, de diálogo entre as partes, gerando um conjunto arquitetônico limpo, onde o conceito é o próprio grande elemento de composição.
133
134
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