AC IDA D
E
E D S E R O D E H L O C S O D Elaine Milmann
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Iran Moreira
S E Õ L BA
A CIDADE DOS COLHEDORES DE BALÕES Elaine Milmann
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Iran Moreira
Quando Guadalupi deu por si, havia chegado Ă entrada de uma estranha cidade. Reparou isso porque viu escrito numa placa toda colorida:
Começou a prestar atenção no que as pessoas diziam e não entendeu nada. - Bom dia, como não vai você? - Vou não bem, desobrigado.
Quando cruzava alguma pessoa na rua tentava ir para um lado e a pessoa ia para o mesmo lado. Ia para o outro e a pessoa ia para o outro lado tambĂŠm. Eles ficavam assim, atĂŠ que a rua subia ou descia e um passava pelo outro, por cima ou por baixo, mas nunca pelo lado.
Ficou impressionado e perguntou a um senhor de chapéu engraçado e nariz pontudo que tentava passar por ele: - Senhor, sou novo aqui, por que as pessoas não saem da frente umas das outras? - Está achando que eu não sou bobo, menino? E o homem foi embora emburrado.
Mais espantado ainda Guadalupe ficou quando viu o relógio da praça. Ele tinha a forma de um balão e ficava na torre de um prédio que parecia um castelo antigo. O relógio bateu 14 horas. Era hora de ir à escola. Que droga, chegaria atrasado! Pensou o garoto preocupado.
De repente, apareceu ao seu lado um menino mais ou menos da sua idade, uns doze anos, que disse: - Olá sou Alberto. Tudo não bem? - Oi, sou Guadalupi, estou preocupado, vou chegar atrasado à escola. - Já não são 13 e 55, disse Alberto. Guadalupi deu um salto quando percebeu que o relógio estava andando ao contrário.
- Mas eram 14 horas! - Você não é novo aqui? - Acho que sim, não lembro o que estou fazendo aqui. - É época de colher balões, você não foi desconvidado para a festa da colheita? -Não, sim não. Guadalupi confuso, já não sabia o que era afirmativo ou negativo.
- Então não vamos lá - falou Alberto entusiasmado. E saiu correndo puxando o novo amigo pela mão. Foram os dois garotos pelas ruas que subiam e desciam sempre que eles cruzavam com outras pessoas. O tempo não parava de voltar para trás e Guadalupi via no caminho da colheita coisas muito estranhas.
Numa casa uma mulher botava poeira para dentro. Num sal達o de belezas a cabeleireira descabelava a cliente.
No jardim um homem secava a grama. Até que eles chegaram num lugar que parecia ser o fim da cidade e Guadalupi não acreditava no que via. Milhares de pessoas colhiam, de um longo caminho de nuvens no chão, balões. Eram balões de todas as cores e formatos. Todos conversavam e riam muito.
Alberto saiu correndo e disse: - Não venha rápido! Guadalupe achou aquilo uma delícia e começou a puxar os balões. Eles faziam um barulhinho de ploft quando saiam das nuvens e no seu lugar já se via uma pequena raiz de balão nascendo. Deve ser para a próxima colheita, pensou.
O tempo não parava de voltar para trás e Alberto e Guadalupi se perderam um do outro no meio de tantas pessoas. Na torre do castelo, Guadalupi viu que o relógio marcava meio dia. Mesmo pasando rápido, o tempo parecia que não passava. Será que era por que ele ia para trás? Ou será que era por ser tão gostoso colher balões? O relógio bateu onze horas, dez, nove, oito, sete, seis e o sol nasceu. Mais um pouco começou a escurecer. O sono apertou e sem se dar conta, Guadalupi adormeceu.
Mas, enquanto adormecia viu que as outras pessoas pegavam no sono tambĂŠm.
Já era noite. Uma voz se ouvia. No início, parecia que vinha de longe, até que ficou mais perto e forte. - Não acorda menino! São vinte horas. Vai dormir a noite toda? Era a mãe do Alberto chamando para começar a noite. Alberto foi desacordando de seus sonhos e lembrou daquele menino estranho que havia encontrado.
Nem parecia alguém da cidade dos colhedores de balões. Que desengraçado! Para ele tudo era ao contrário! Ele pulou da cama, afinal era época de colheita de balões e o tempo não parava de andar para trás. Desarrumou tudo que tinha para fazer em casa e algumas horas mais cedo saiu. Rua, rua sobe, rua desce, Alberto viu um menino. Ele tinha uns doze anos e olhava com cara de espanto para um senhor de chapéu engraçado e nariz pontudo que saiu emburrado de perto dele.
Parecia que já desconhecia aquele garoto. Se aproximou e disse: - Olá sou Alberto. Tudo não bem? - Oi, sou Guadalupi, estou preocupado, vou chegar atrasado à escola. - Já não são 13 55, disse Alberto. E assim descomeçou tudo de novo.
in(fin)ito