HABITAÇÕES EM BAMBU DE INTERESSE SOCIAL E FÁCIL MONTAGEM

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HABITAÇÕES EM BAMBU DE INTERESSE SOCIAL E FÁCIL MONTAGEM JOÃO VITOR LIMA RODRIGUES FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA


HABITAÇÕES EM BAMBU DE INTERESSE SOCIAL E FÁCIL MONTAGEM


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA Curso de Arquitetura e Urbanismo Aluno: João Vitor Lima Rodrigues Orientadora: Maria Helena Calazans Luz


SE PROJETÁSS MATERIAL DE C IDEAL, ELE SE P COM O BAMBU NEIL THOMAS


SEMOS UM CONSTRUÇÃO PARECERIA U.


Resumo

Abstract


Este trabalho tem como principal objetivo a elaboração de uma habitação de interesse social em bambu e de fácil montagem, abordando técnicas e materiais construtivos de fácil acesso e aprendizagem, para que uma pessoa que possua os mínimos de conhecimento em construção consiga montar sem grandes dificuldades a sua própria moradia.

Palavras chave: Sustentabilidade, Pré-moldado, Acessível, Adaptabilidade, Funcional.

This work has as main objective the elaboration of a social interest housing in bamboo and of easy assembly, approaching techniques and constructive materials of easy access and learning, so that a person who possesses the minimums of knowledge in construction can assemble without great difficulties his own housing.

Keywords: Sustainability, Pre-molded, Accessible, Adaptability, Functional.


Lista de ilustrações Figura 1. - Aglomerado da Serra, região Centro-Sul de Belo

Figura 14. - Blooming Bamboo Home. Fonte: ArchDaily. P

Horizonte. Fonte: Caumg.gov.br. P 15.

31.

Figura 2. - Regiões globais com maior concentração de

Figura 15. - Blooming Bamboo Home. Fonte: ArchDaily. P

bambu. Fonte: Bambusa.es. P 17.

31.

Figura 3. - Plantação de Bambu no Maranhão. Fonte:

Figura 16. - Produção de um painel de madeira com

Embrapa.br (Diva Gonçalves). P 17.

fechamento em bambu, fabrica da Costa-Rica. Fonte:

Figura 4. - Bambusa Tulda. Fonte: WH Hodge. P 20.

Teixeira (2006). P 32.

Figura 5. - Bambusa Vulgaris. Forest e Kim Starr. P 21.

Figura 17. - Ferramentas e materiais necessários. Fonte:

Figura 6. - Dendrocalamus giganteus. Fonte: Ji-Elle. P 22.

Vitor (2018). P 33.

Figura 7. - Dendrocalamus asper. Fonte: Wibowo Djatmiko

Figura 18. - Passo a passo para execução dos encaixes.

(Wie146). P 23.

Fonte: Autoral (2020). P 34.

Figura 8. - Dendrocalamus latiflorus. Fonte: BelloBamboo.

Figura 19. - Exemplos dos encaixes “bico de flauta” e “boca

P 24.

de peixe”. Fonte: Oscar Hidalgo (2006). P 34.

Figura 9. - Guadua angustifólia. Fonte: Guaduabamboo

Figura 20. - Parafuso para telha com pescador e Barra

.com. P 25.

Roscada com porcas e arruelas. Fonte: wscorrentes.com.br.

Figura 10. - Guadua chacoensis. Fonte: Casa e Bambu. P 26.

P 34.

Figura 11. - Melocanna baccifera. Fonte: IRRI Photos.. P 27.

Figura 21. - Fixação dos encaixes com o gancho de barra

Figura 12. - Phyllostachys edulis. Fonte: gardenia.net. P 28.

roscada. Fonte: Vitor (2018). P 34.

Figura 13. - Phyllostachys bambusoides. Fonte:

Figura 22. - Encaixes, fixações e disposição final dos

gardenia.net. P 29

paineis. Fonte: Vitor (2018). P 35.


Lista de ilustrações Figura 23. - Detalhamento das junções que serão

Figura 36. - Pilares. Fonte: Autoral (2020). P 52 e 53.

necessárias para o projeto, usando barras roscadas,

Figura 37. - Paredes. Fonte: Autoral (2020). P 54 e 55.

parafusos, arruelas, porcas e arame. Fonte: Autoral (2020). P

Figura 38. - Parede 01. Autoral (2020). P 56 e 57.

35.

Figura 39. - Parede 02. Autoral (2020). P 58 e 59.

Figura 24. - Exemplo de casa fechada e aberta. Fonte:

Figura 40. - Parede 03. Autoral (2020). P 60 e 61.

Dezeen.com. P 36.

Figura 41. - Parede 04. Autoral (2020). P 62 e 63.

Figura 25. - Conceito para várias casas. Fonte: Dezeen.com.

Figura 42. - Parede 05. Autoral (2020). P 64 e 65.

P 37.

Figura 43. - Parede 06. Autoral (2020). P 66 e 67.

Figura 26. - Planta baixa e seções. Dezeen.com. P 37.

Figura 44. - Parede 07. Autoral (2020). P 68 e 69.

Figura 27. - Vista externa. Fonte: Archdaily.com. P 38.

Figura 45. - Parede 08. Autoral (2020). P 70 e 71.

Figura 28. - Maquetes do protótipo. Archdaily.com. P 38.

Figura 46. - Parede 09. Autoral (2020). P 72 e 73.

Figura 29. - Vista Interna. Fonte: Dezeen.com. P 39.

Figura 47. - Ferramentas "Bamboo Splitter". Fonte:

Figura 30. - Vista Interna. Fonte: Dezeen.com. P 39.

bambooland.com.au. P 74 e 75.

Figura 31. - Vista Interna. Fonte: Dezeen.com. P 39.

Figura 48. - Tiras de bambu plano. Fonte: Vitor (2018). P 75.

Figura 32. - Planta baixa habitação e quadros de

Figura 49. - Fechamento, portas e janelas. Fonte: Autoral

esquadrias. Fonte: Autoral (2020). P 43.

(2020). P 76 e 77.

Figura 33. - Fundações. Autoral (2020). P 44 e 45.

Figura 50. - Telhado. Fonte: Autoral (2020). P 78, 79, 80 e 81.

Figura 34. - Alvenaria. Autoral (2020). P 46 e 47. Figura 35. - Piso. Autoral (2020). P 49, 50 e 51.


Sumário 1. - Introdução- 12 1.1. - Contexto - 12 1.2. - Objetivo - 13 2. - Referencial Teórico - 14 2.1. - Habitações de interesse social - 14 2.2. - O que é o bambu? - 16 2.3. - Bambu no Brasil - 18 2.4. - Espécies para uso na construção civil - 19 2.4.1. - Bambusa Tulda - 20 2.4.2. - Bambusa Vulgaris - 21 2.4.3. - Dendrocalamus giganteus - 22 2.4.4. - Dendrocalamus asper - 23 2.4.5. - Dendrocalamus latiflorus - 24 2.4.6. - Guadua angustifólia - 25 2.4.7. - Guadua chacoensis - 26 2.4.8. - Melocanna bacífera - 27 2.4.9. - Phyllostachys Edulis - 28 2.4.10. - Phyllostachys bambusoides - 29


Sumário 2.5. - Construções com bambu - 30 2.6. - Estruturas pré-moldadas em bambu - 32 2.6.1. - Materiais, ferramentas e técnicas necessárias - 33 3. - Análise Projetual - 36 3.1. - Blooming Bamboo Home - 36 4. - Execução do projeto - 40 4.1. - O projeto - 42 4.2. - Infraestrutura - 44 4.2.1. - Fundação - 44 4.2.2. - Alvenaria - 46 4.3. - Painéis modulares de Bambu - 48 4.3.1. - Piso - 48 4.3.2. - Pilares - 52 4.3.3. - Paredes - 54 4.3.4. - Fechamentos - 74 4.3.5. - Telhado - 78 5. - Considerações finais - 82 6. - Referências Bibliográficas - 84


1.1. CONTEXTO Possuir uma casa própria de fato é considerado o objetivo de uma grande parcela da população brasileira, porém os altos valores da construção civil em alvenaria e o baixo nível de renda média do trabalhador brasileiro fazem com que os acessos á moradias utilizando-se do mercado imobiliário seja uma realidade bastante distante para estes.

1. Introdução

Tendo como base o alto valor da construção civil em alvenaria nos tempos atuais, acaba sendo cada vez mais fundamental uma pesquisa de construção com outros tipos de materiais, que ofereçam as mesmas características de resistências e de qualidades que a alvenaria proporciona, porém tendo seu custo, na construção, inferior ao da mesma. Um exemplo desses materiais pode ser o Bambu, pertencente à família Poaceae, da subfamília Bambusoideae, existindo assim dois grandes grupos categóricos de bambus: os lenhosos e os herbáceos, com mais de 1.250 espécies classificadas, sendo algumas dessas espécies as plantas de crescimento mais rápido do planeta. Variedades como a Guadua ou a Moso, podem chegar a 25 cm ao dia na fase de crescimento, mas há registros de outras espécies que tiveram um crescimento de mais de 1 metro por dia. (Site, Bambusa.es, Características do bambu. Acesso em 17/03/2020). Sendo assim, o bambu pode ser uma nova esperança como opção para a construção civil, contribuindo para uma arquitetura mais sustentável e também para a diminuição, ainda que fracionaria, do problema habitacional que se encontra presente em todo o Brasil.

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1.2. OBJETIVOS De acordo com o engenheiro civil Vitor Hugo Silva Marçal. “O bambu possui características muito parecidas com o aço. Sua resistência às forças de compressão e tração é muito alta, podendo ser usado – se devidamente calculado – simultaneamente, para esses dois esforços. Quando comparados os valores médios de resistência à tração do material sobre o peso próprio, percebemos que o bambu é capaz de suportar o equivalente e, em alguns casos, até uma carga maior que o aço”.

Elaborar um projeto de habitação de interesse social (HIS) tendo como escolha de material construtivo principal o bambu, avaliando assim a viabilidade construtiva buscando elaborar painéis que sejam pré montados no solo e alocados ao conjunto estrutural para assim formar a habitação.

Com isso podemos definir que o bambu poderá ser um ótimo material para o estudo em questão, podendo substituir a alvenaria de cobertura e também a estrutural, gerando pouquíssimos resíduos e sendo muito rentável para o uso proposto no trabalho, tendo seu custo, em relação á alvenaria, baixíssimo. Sendo assim, concluindo o estudo, a criação de uma residência com grandes partes de sua estrutura em bambu de fácil e rápida montagem serão uma grande solução para quem pretende construir sua casa própria de maneira rápida e barata.

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2.1. Habitações de Interesse Social

2. Referencial teórico

Com o grande aumento da desigualdade social em nosso país, no qual a população de baixa renda não tem acesso a direitos básicos, como moradia por exemplo, observa-se que a procura de Habitações de Interesse social (HIS) vem aumentando ao longo dos anos por Prefeitos e Governantes de nossos municípios e estados. Em um relatório feito em 2016 pelo programa das Nações Unidas para o Assentamento Humanos (ONU- HABITAT), existem 881 milhões de pessoas vivendo em favelas no Brasil com moradias improvisadas, e se estima que até 2025 esse número dobre de valor. Com isso a Habitação de Interesse Social, é uma forma de fazer com que a população de baixa renda, tenha acesso a uma casa digna, acesso a qualidade de vida e saneamento básica, em áreas de localização acessível, e com valores menos custosos, a fim de que seus moradores possam arcar com outros custos básicos de vida, como alimentação, transporte, etc. O objetivo dessas residências também busca ajudar àquelas pessoas que não poderiam ter acesso a uma casa por meio de mecanismos normais do mercado imobiliário, que muitas vezes pedem fiadores ou valores altos que essa população não consiga custear, e até mesmo contratar profissionais da construção civil para desenvolver um projeto residencial.

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No ano de 2005 o Governo Federal Brasileiro criou um Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) que teve como principal objetivo realizar a implementação de políticas e programas que promovessem o acesso a moradia digna para a população de baixa renda, e em conjunto criou o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) que buscava centralizar e buscar os recursos orçamentários dos programas de Urbanização ligados ao SNHIS. O programa mais conhecido nos dias de hoje, que está ligado ao SNHIS, é o programa governamental chamado Minha Casa Minha Vida (MCMV), que foi criado em 2009 e oferece condições apropriadas para financiamento de moradias nas áreas urbanas para famílias que tenham uma renda bruta de até R$7.000,00 por mês. Este programa resume-se em uma iniciativa onde o Governo Federal disponibiliza, através de algum banco do governo (Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil), um financiamento de até 90% do valor total do imóvel adquirir, sendo que os 10% restantes são de responsabilidade do próprio comprador.

Para a aquisição de um imóvel a partir do programa MCMV, o comprador deve se atentar a algumas regras gerais para que possa ser contemplado com este auxilio, sendo essas definidas de acordo com a faixa de renda do mesmo. Dentre estas regras, algumas são de suma importância e devem ser atentadas pelo cliente, uma delas é de que as parcelas deste financiamento imobiliário não podem ultrapassar o valor que corresponda a 30% da renda bruta familiar mensal, e esta renda bruta precisa estar abaixo de R$ 7 mil. Outro fator importante para se atentar é o de que o valor do imóvel que se deseja adquirir não deve ultrapassar o teto estabelecido na região ao qual o mesmo se encontra, conforme estabelecido pelo Governo Federal. Figura 1: Aglomerado da Serra, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Fonte: Caumg.gov.br.

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2.2. O que é o bambu? O termo Bambu se dá a todas as espécies de plantas que se enquadram botanicamente como Bambusoideae, gênero pertencente à família das gramíneas (Poaceae ou Gramíneae), que por sua vez é uma subfamília Bambusoideae. O bambu em suas classes concebe uma das famílias botânicas mais ampliadas e importantes para a humanidade, com vários usos e aplicações retratadas em diferentes culturas, estes se enquadram como o único grupo da família gramínea que em suas classes se adaptam a diferentes solos e ambientes. Eles se encontram nativamente em uma ampla distribuição geográfica que envolvem 3 principais grandes regiões: África Subsaariana, maior parte da América, e uma extensa área da Ásia. O bambu tem seu fator de importância muito alto nesta dissertação, pelo fato de que toda e qualquer construção que houver no projeto, será ou envolverá o bambu.

Figura 2: Regiões globais com maior concentração de bambu

Fonte: Bambusa.es

Sendo uma planta estratégica com incalculáveis possibilidades e capaz de gerar uma melhor qualidade de vida para as populações carentes em sua volta, podendo ser utilizado como decoração, produção de papel, artes, artesanato, planta medicinal, e também bastante utilizado na arquitetura e construção civil. Uma de suas inúmeras vantagens é a sua relação resistência X peso, quando comparado à madeira, pois possui uma maior flexão que a maioria dos materiais aplicados para a mesma função. Outra vantagem é a de que a planta é um excelente isolante acústico e térmico, podendo assim ser bastante utilizado para construção de paredes de vedação e forros de residências, além de reduzir o custo total de uma residência de uso comum em até 50%.

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A partir do momento em que sua semente começa a germinar, algumas espécies atingem um nível de crescimento muito rápido, podendo até chegar em 1 metro de crescimento por dia, e 35 metros em um mês. Assim como sua altura, as suas raízes também são grandes, muitas vezes tendo o mesmo comprimento de seus troncos. Uma pesquisa realizada no instituto agronômico de campinas (IAC), o agrônomo responsável Anísio Azzini (2016) ressalta, “Fizemos uma experiência aqui no Instituto e uma espécie aumentou 23 centímetros em 24 horas, sem adubação ou tratamento especial.”, também é um caso registrado no ano de 1956, uma espécie de bambu gigante que cresceu em torno de 1,21 metros em um único dia no Japão. Toda e qualquer planta tem um tecido responsável pelo seu crescimento longitudinal, o chamado Meristema Apical, e o bambu leva uma grande vantagem nessa questão de crescimento, pois apresenta além deste tecido um meristema intercalar, que é o causador da produção de novas células para o crescimento de seus gomos.

Figura 3: Plantação de Bambu no Maranhão

Fonte: Embrapa.br (Diva Gonçalves).

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2.3. Bambu no Brasil O número exato de espécies de bambu presentes ao redor do mundo ainda é desconhecido, mas acredita-se que existam em torno de 1.300 tipos de espécies, sendo que 258 são nativas e pertencentes ao Brasil, sendo então o equivalente a 20% da plantação de bambu do mundo. Estas são divididas em duas tribos, Olyreae (bambus chamados herbáceos) e Bambuseae (bambus chamados de lenhosos), e distribuídas em 35 gêneros diferentes. A reserva natural de maior extensão do mundo possui um total de 180 mil quilômetros quadrados de mata com a presença do bambu, e está situada no sudoeste da Amazônia legal.

O presidente da Aprobambu, Guilherme Korte (2018), em entrevista á Embrapa ressalta a importância de existirem pesquisas para suprir a demanda do bambu que vem a cada dia crescendo, tanto no mercado interno quanto em outros países. “Temos imensas reservas naturais com espécies de Guadua tão resistentes, leves e flexíveis quanto a madeira convencional, que podem ser aproveitadas, e um clima propício para o cultivo da planta em todas as regiões, inclusive como alternativa para recuperação de áreas degradadas. O caráter renovável e os usos múltiplos fazem do bambu uma excelente alternativa de produção para agricultores familiares e uma opção de negócio sustentável para a região, com benefícios econômicos, sociais e ambientais”.

No Maranhão, estão situadas criações de bambu designados especialmente à produção de biomassas para o fornecimento de energia à grandes industrias, e especial cervejarias e cerâmicas. Já na Paraíba e Pernambuco, existem em torno de 15 mil hectares de plantações destinados à celulose e embalagens para cimento. Segundo a Aprobambu - Associação Brasileira de Produtores de Bambu (2018), São Paulo, Rio grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Paraná investem em cultivos comerciais com o foco na produção de painéis, broto e fitocosméticos.

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2.4. Espécies de bambu para uso na construção civil O bambu vem sendo introduzido em obras arquitetônicas a cada dia mais, havendo inúmeras formas do mesmo ser empregado na construção e também como artigo de acabamentos, existindo vários métodos e técnicas para o seu uso nas obras. Por sua estrutura ter diversos pontos fortes como leveza, resistência, durabilidade e também por terem um valor de custo mais abaixo do que itens que fornecem as mesmas propriedades desse material, como o aço e a madeira tratada. Considerando a existência de muitas variedades de bambus, este tópico busca apontar e descrever brevemente quais são os bambus que possuem uma melhor usabilidade para o trabalho proposto e que podem ser encontrados em território nacional

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2.4.1. Bambusa Tulda Figura 4: Bambusa Tulda

Nome popular: Bambu Bengala. Comprimento: Varia de 6 a 20 metros. Diâmetro: Média de 10 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Varia de 36 a 60 centímetros. Coloração: Verde e opaca, ficando mais acinzentada

conforme mais madura seja. Aplicações: Pode ser utilizado para a construção civil,

andaimes, fabricação de móveis e artesanatos.

Fonte: WH Hodge.

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2.4.2. Bambusa Vulgaris Figura 5: Bambusa Vulgaris

Nome popular: Bambu-açu. Comprimento: Varia de 15 a 20 metros. Diâmetro: Média de 12 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Varia de 20 a 45 centímetros. Coloração: Quando maduro chega a ser amarelada. Aplicações: Pode ser utilizado para a produção de telhados,

telhas, cercas e cabos de vassoura.

Fonte: Forest e Kim Starr.

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2.4.3. Dendrocalamus giganteus Figura 6: Dendrocalamus giganteus

Nome popular: Bambu gigante. Comprimento: Pode atingir até 30 metros. Diâmetro: Varia de 10 a 20 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Varia de 20 a 50 centímetros. Coloração: Sua coloração quando maduro é um verde

muito opaco. Aplicações:

Pode

ser

utilizado

na

construção

civil,

fabricações de laminados, fabricação de moveis, andaimes, pontes, torres e painéis.

Fonte: Ji-Elle.

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2.4.4. Dendrocalamus asper Figura 7: Dendrocalamus asper.

Nome popular: Bambu balde. Comprimento: Varia de 20 a 30 metros. Diâmetro: Varia de 11 a 20 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Varia de 20 a 45 centímetros. Coloração: Verde pálida, coberto por pelos castanhos e

curtos. Aplicações: Podem ser utilizados como madeira estrutural,

construção de pontes, casas, tabuas laminadas e moveis.

Fonte: Wibowo Djatmiko (Wie146).

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2.4.5. Dendrocalamus latiflorus Figura 8: Dendrocalamus latiflorus

Nome popular: Bambu chinês. Comprimento: Varia de 14 a 25 metros. Diâmetro: Varia de 8 a 20 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Varia de 20 a 70 centímetros. Coloração: Verde pálido. Aplicações: Podem ser utilizados para construção civil,

têmporas, implementos agrícolas, móveis, tábuas, fabricação de papel e construção de jangadas.

Fonte: BelloBamboo.

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2.4.6. Guadua angustifólia Figura 9: Guadua angustifólia

Nome popular: Bambu guadua ou Taquaraçu. Comprimento: Varia de 15 a 20 metros. Diâmetro: Varia de 9 a 15 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Varia de 20 a 50 centímetros. Coloração: Sua coloração é verde escura, com faixas brancas

em seus nós. Aplicações: Podem ser utilizados na construção civil,

arquitetura, construções rurais e móveis. Informações extras: Sua espécie é de grande porte e possui

Fonte: Guaduabamboo.com.

a maior demanda de toda a América latina, pois possuem ótimas propriedades para a utilização em industrias e construções.

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2.4.7. Guadua chacoensis Figura 10: Guadua chacoensis

Nome popular: Taquara brava. Comprimento: Altura média de 25 metros. Diâmetro: Em média 16 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Espaçamentos curtos, até 20

centímetros. Coloração: Verde escuro. Aplicações: Podem ser utilizados para a fabricação de ripas,

tábuas, estruturas e pontes.

Fonte: Casa e Bambu.

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2.4.8. Melocanna baccifera Nome popular: Bambu de baga. Figura 11: Melocanna baccifera

Comprimento: Varia de 10 a 20 metros. Diâmetro: Varia de 5 a 9 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Varia de 30 a 60 centímetros. Coloração: Amarelado. Aplicações: Podem ser utilizados para a construção civil,

artesanatos, tecidos, telas e utensílios domésticos.

Fonte: IRRI Photos.

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2.4.9. Phyllostachys edulis Nome popular: Bambu mossô. Figura 12: Phyllostachys edulis

Comprimento: Varia de 15 a 25 metros. Diâmetro: Varia de 12 a 15 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Espaçamentos curtos, até 20

centímetros. Coloração: Verde, de características bem marcantes e pelos. Aplicações: Podem ser utilizados para a construção de

moveis, laminados, artesanatos e ferramentas. Fonte: gardenia.net.

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2.4.10. Phyllostachys bambusoides Nome popular: Bambu madake. Figura 13: Phyllostachys bambusoides

Comprimento: Média de 20 metros. Diâmetro: Média de 10 centímetros. Espaçamento dos entrenós: Espaçamentos longos, acima

de 40 centímetros. Coloração: Verde escuro. Aplicações: Fabricação de móveis, artesanatos, decoração e

ferramentas.

Fonte: gardenia.net.

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2.5. Construções com bambu Construções que são em partes ou completamente de bambu estão ganhando muito destaque, pois as mesmas tem em seus sistemas estruturais um material que é muito resistente, confiável, totalmente natural e renovável. Visando assim uma boa iniciativa para a preservação ambiental, o uso de cada vez mais materiais renováveis para construções e o auxílio à diminuição das poluições que a construção civil em alvenaria gera. Existem, atualmente no Brasil, inúmeras organizações e empresas que constroem e/ou ensinam pessoas a construírem suas próprias residências feitas inteiramente em bambu, um exemplo delas é o instituto Pindorama, uma organização independente e sem fins lucrativos localizado na região serrana da cidade de Nova Friburgo – RJ, que tem o intuito de oferecer cursos gratuitos e pagos sobre permacultura, bioconstrução e alimentação saudável. Dentre todos estes cursos, podemos encontrar o curso pago de construção em bambu, lecionado pelo professor Rafael Gonçalves. Neste curso o professor Rafael nos ensina a como trabalhar com o bambu começando pelo plantio e a propagação, seguido pelo corte, manejo, produção, técnicas de secagem e armazenamento, técnicas de tratamento, dimensionamento de projetos estruturais, construção de tesouras e manufatura de colunas e peças estruturais e por fim o aca-

bamento das peças fornecendo previamente montados.

também

alguns

projetos

Como no Brasil é um país tropical e possui um clima quente, estes modelos de construções em se tornam muito viáveis, pois podem ser executados com espaços amplos e janelas enormes, proporcionando assim um melhor aproveitamento da iluminação natural e uma boa circulação de ventos. Um bom exemplo de como esses aproveitamentos podem ser executados é encontrado na residência denominada “Blooming Bamboo Home”, que foi elaborada pelo escritório de arquitetura vietnamita “H&P Archictecs” no ano de 2013, residência essa que tem como um dos principais pontos positivos o fato de ser resistente à subida do nível das águas, quando alocada em regiões ribeirinhas e que pode acomodar de 6 até 8 pessoas de uma única família, dependendo da quantidade de módulos que forem construídos conforme mostrados nas figuras 14 e 15.

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Figura 14: Blooming Bamboo Home

Figura 15: Blooming Bamboo Home

Fonte: ArchDaily.

Fonte: ArchDaily.

Com varandas bastante amplas, janelas e módulos do telhado que podem ser basculhados para uma melhor entrada de luz e ventos. Outro ponto importante é a opção de se adicionar tambores tanto de metal quanto plásticos preenchidos de ar na parte inferior das residências, fazendo-as com que flutuem quando forem alvos de inundações dos rios ou córregos que perto se encontram, mas ainda continuando no mesmo local, devido á estacas que estão alocadas ao solo, fazendo com que as habitações não se movimentem em sentidos horizontais, apenas para cima e para baixo.

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2.6. Estruturas pré-moldadas em bambu O bambu em sua forma natural, é considerado um material muito resistente e versátil e que possui uma massa muito leve em comparação a outros materiais de sua categoria, como a madeira bruta. Por ter uma composição e características físicas e mecânicas adequadas, podem substituir diversos materiais e produtos na arquitetura e construção civil. Em vista disso, os bambus são ótimos materiais para a fabricação de painéis pré-moldados, que poderão trazer contigo um conceito de modularidade à habitação, possibilitando assim uma expansão de sua área com uma maior facilidade, apenas replicando os painéis na quantidade que for necessária para seu morador. Segundo Teixeira (2006), “os painéis funcionam estruturalmente como um diafragma rígido, sendo a estrutura ou moldura construída com madeira e o fechamento feito com bambus roliços do tipo canabrava”. (Figura 16)

Figura 16: Produção de um painel de madeira com fechamento em bambu, fabrica da Costa-Rica.

Fonte: Teixeira (2006).

Já os painéis que serão incrementados neste trabalho, serão inteiramente de bambu, tanto a parte estrutural como a parte de vedação. Seguindo por tanto, o ideal para a construção dos painéis pré-moldados, seria a execução painéis que contenham sua estrutura em um bambu inteiriço, buscando sempre fazer treliças em seus cantos para uma melhor estruturação, utilizando em seus pontos de encontros alguns tipos de encaixes, entre eles o “Boca de peixe” e “bico de flauta”.

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2.6.1. Materiais, ferramentas e técnicas necessárias Visto que para a montagem das estruturas das paredes prémoldadas terá que ser feito alguns tipos de encaixes na ponta dos colmos de bambu será necessário o uso de algumas ferramentas para auxiliar e técnicas para a execução destes. Ferramentas essas necessárias que são de baixo valor aquisitivo e básicas, como furadeira, grosa, lima, cerrote, alicates e martelo, o cerrote pode ser substituído por uma serra circular. Não podendo esquecer também dos equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, óculos de proteção e máscara. Tendo em mãos as ferramentas necessárias, devese separar o material, que no caso serão barras roscadas, porcas, arruelas e arame. (figura 17). Figura 17: Ferramentas e materiais necessários.

Fonte: Vitor (2018).

O encaixe “boca de peixe” ou “boca de pescado” é normalmente utilizado para a junção de um bambu a outro no sentido perpendicular. Sua execução consiste em fazer furos com uma serra copo acoplada a uma furadeira, fazendo um furo na lateral de uma das extremidades do bambu, e em seguida gira-lo para que outro furo seja feito na mesma posição, porém no lado oposto do primeiro furo, criando assim a “boca de peixe”, após isso o sugerido é conferir se o mesmo se encaixa perfeitamente onde deve, caso o encaixe haja uma irregularidade, a mesma poderá ser corrigida com o auxílio de uma grosa ou lima. O encaixe “bico de flauta” é normalmente utilizado para fazer a junção de dois bambus que se encontram de maneira irregular, seja por terem ângulos divergentes ou por estarem irregulares. Sua função na estrutura dos painéis será a de encaixar as peças que ficarão na diagonal exercendo a função de treliças ou reforço estrutural do painel. Para sua execução é necessário apoiar o bambu no local onde será fixado, e fazer uma marcação de onde será feito o corte para a junção, em seguida executar o corte do bambu com o auxílio de uma serra circular ou cerrote, em seguida retirar a parte pontiaguda com outro corte reto, conforme figura 18 e 19.

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Figura 18: Passo a passo para execução dos encaixes.

Fonte: Autoral (2020).

Após todos as peças de bambu estarem cortados nos devidos tamanhos que foram dimensionados no projeto, será feita a junção dos mesmos, com a utilização de parafusos com pescador ou barras roscadas com ganchos nas pontas, arruelas e porcas (figura 20), finalizando assim a parte estrutural do painel conforme demonstrado na figura 21, 22 e 23. Figura 20: Parafuso para telha com pescador e Barra Roscada com porcas e arruelas.

Figura 19: Exemplos dos encaixes “bico de flauta” e “boca de peixe”.

Fonte: wscorrentes.com.br

Figura 21: Fixação dos encaixes com o gancho de barra roscada.

Fonte: Oscar Hidalgo (2006). Fonte: Vitor (2018).

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Figura 22: Encaixes, fixações e disposição final dos paineis.

Fonte: Vitor (2018).

Figura 23: Detalhamento das junções que serão necessárias para o projeto, usando barras roscadas, parafusos, arruelas, porcas e arame.

Fonte: Autoral (2020).

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3.1. Blooming Bamboo Home

3. Análise Projetual

A Blooming bamboo Home surgiu devido a um momento em que a região do Vietnã estava passando, onde os fenômenos naturais, como chuvas, tsunamis e vendavais, eram de grande recorrência e forte intensidade, causando prejuízos anuais consideravelmente notáveis em relação á escala mundial, afetando cerca de 1,2% de todo o PIB do país. Devido a essa recorrência de tragédias naturais o escritório Vietnamita de arquitetura H&P Architects desenvolveu esta casa, como uma solução de um novo lar para essas milhares de pessoas que ficaram desabrigadas. Figura 24: Exemplo de casa fechada e aberta.

Fonte: Dezeen.com.

A habitação consiste basicamente em estruturas de bambu com colmos de 10 e 5 centímetros de diâmetro por 3,30 metros ou 6,60 metros de comprimento, montadas basicamente a partir de amarrações, encaixes e aparafusamento. Um ponto importante que deve ser destacado é o de que os próprios usuários podem

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construir a sua residência, levando aproximadamente 25 dias se construídos por um único usuário. Além disso, essa habitações podem ser construídas em massa, por se tratarem de módulos estruturais, fazendo assim com que uma aldeia ou ate mesmo bairro possa ser feito facilmente somente com essa habitações, e cada habitação desta completa possui um custo total ao usuário de $ 2.500,00 Dólares (valor calculado em 2013).

Com uma planta baixa de apenas 44 metros quadrados, a casa possui um pavimento principal, onde se encontram as áreas de estar e os quartos ou áreas de dormir, e também possui um segundo pavimento denominado de sótão, que se dá acesso por meio de uma escada vertical para que ocupe menos espaço e que pode ser tanto de bambu quanto de madeira. Figura 26: Planta baixa e seções.

"A casa pode manter as pessoas aquecidas nas condições mais severas e ajudá-las a controlar as atividades no futuro, contribuindo também para o desenvolvimento ecológico e também para a estabilização econômica”, afirmam os arquitetos responsáveis pelo projeto. Figura 25: Conceito para várias casas.

Fonte: Dezeen.com.

Fonte: Dezeen.com.

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Como a casa se encontrada elevada do solo, seu acesso se dá por meio de escadas de madeira que levam á pequenos decks presentes em todo o entorno da habitação. A área que se encontra abaixo da casa pode ser utilizada para manter animais e plantas, mas foi especialmente projetada para permitir a passagem das águas em caso de enchentes decorrentes de fortes chuvas ou tsunamis. Devido ao design de sua estrutura, a casa é forte o suficiente para aguentar enchentes de até 1,5 metros de altura. Figura 27: Vista externa.

O uso de fileiras de bambu planificados são de suma importância para a elaboração das paredes, piso e telhado, juntamente com “bamboo wattle”, que basicamente são tiras de bambu entrelaçadas, placas de fibra e folhas de coco. Algumas de suas paredes foram desenvolvidas utilizando um modelo de painéis pivotantes, podendo se abrir para fora para gerar uma ventilação no ambiente, além disso, algumas seções do telhado também podem ser abertas proporcionando um maior conforto aos moradores em períodos de climas quentes. A pesar de ter sido projetada para ser uma casa, seu uso pode ser muito mais amplo, podendo ser uma sala de aula, uma clinica medica ou até um centro comunitário para auxilio daqueles que se encontram ao redor. Figura 28: Maquetes do protótipo.

Fonte: Archdaily.com.

Fonte: Archdaily.com.

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Figura 29: Vista Interna.

Figura 30: Vista Interna.

Fonte: Dezeen.com.

Fonte: Dezeen.com.

Figura 31: Vista interna

Fonte: Dezeen.com.

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4. EXECUÇÃO DO PROJETO

40


41


Dando início ao planejamento do projeto arquitetônico da habitação, foi feita a elaboração da planta baixa de uma residência de popular com uma metragem quadrada que fosse o suficiente para a acomodar um casal de pessoas tranquilamente, a habitação proposta conta com 73 m² de área coberta, sendo dividida em uma sala e cozinha integradas, um banheiro, uma lavanderia, um quarto e uma varanda na área frontal da casa.

4.1. O projeto

O corredor existente entre a varanda e o quarto, é bastante importante pois possibilita ao morador criar mais um cômodo de quarto ao lado do existente, apenas duplicando os painéis estruturais, e as estacas estruturais necessárias.

42


Figura 32: Planta baixa habitação e quadros de esquadrias

Fonte: Autoral (2020).

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4.2.1. Fundação Após a planta baixa estar definida pode-se dar início a execução do projeto, deve-se escolher o terreno ao qual será implantada a residência, respeitando um espaçamento mínimo de 9,00 metros por 9,50 metros para a alocação das estacas que serão utilizadas para as fundações da habitação. Após este passo, serão feitas as escavações para a alocação das estacas e construção das paredes que terão que ser de alvenaria (banheiro e cozinha/lavanderia), conforme ilustrado na a figura 33. Figura 33: Fundações.

4.2. Infraestrutura

44


Figura 33: Fundações.

Fonte: Autoral (2020).

45


4.2.2. Alvenaria Devido ao fato de o bambu não poder estar em contato direto com água e humidade, paredes como as do banheiro, da pia da cozinha/lavanderia e o piso do banheiro terão que ser construídos em alvenaria, aumentando assim a vida útil de toda habitação e principalmente das paredes de Bambu que terão divisa com estes cômodos.

4.2.

As figuras 19, 20 e 21 mostram onde devem ser construídas estas paredes e o piso em concreto e como deverão ficar. Planta baixa com cotas para a alocação das paredes, a partir da primeira estaca superior esquerda, paredes de alvenaria de 0,15 centímetros de espessura. Figura 34: Alvenaria.

46


Planta baixa paredes alvenaria

Fonte: Autoral (2020).

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4.3.1. Piso

4.3. Painéis modulares de Bambu

Após as estacas e paredes de alvenarias estarem finalizada, inicia-se o processo de montagem dos painéis estruturais pré-moldados utilizando os colmos de bambu da espécie Guadua angustifólia, ou como popularmente chamado, Taquaraçu. A escolha desta espécie para montagem das estruturas se dá devido á grande quantidade existente em solo nacional, visto que a mesma é a que possui a maior predominância no Brasil, tornando-se assim mais acessível para um maior numero de pessoas que desejem construir sua habitação. A estrutura do piso é a primeira a se construir, pois ela servirá como guia e apoio para as estruturas das paredes, tornando assim a construção mais rápida e fácil. Para a construção deste será necessário um total de 244,75 metros lineares de bambu Taquaraçu tratado de 15 centímetros de diâmetro, e para a montagem do mesmo será necessário arame galvanizado, para formar as amarrações.

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Vista de Topo Figura 35: Piso.

Vista Frontal

Vista Lateral

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Fonte: Autoral (2020).

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4.3.2. Pilares O próximo passo a seguir será o da fixagem dos pilares de bambu nas estacas de concretos, fixagem essa feita através da inserção de um vergalhão de aço na estaca, deixando um pedaço com 50 cm para fora para que seja inserido dentro do pilar de bambu. Após o vergalhão fixado, deve-se colocar o pilar de bambu em cima do mesmo, fazer um furo utilizando uma furadeira ou uma serra-copo na lateral do pilar de bambu para que possa ser adicionado concreto no interior do mesmo, deixando assim a estrutura muito mais firme e reforçada.

4.3.

Figura 36: Pilares.

52


53 Fonte: Autoral (2020).


4.3.3. Paredes

4.3.

Pelo fato de ser uma habitação de fácil montagem, o uso de painéis estruturais pré-moldados se fez ideal para agilizar o processo de montagem e facilitar a montagem da maioria das paredes. A casa conta com um total de 09 estruturas de paredes pré-moldadas em bambu, tendo cada parede suas medida de altura e largura correspondentes ao local onde será instalado, fazendo assim com que cada parede tenha um design estrutural diferente da outra. Após todos os painéis estarem montados, basta encaixa-los nos seus devidos lugares e aparafusa-los aos pilares utilizando barras roscadas, arruelas e porcas. Figura 37: Paredes.

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Fonte: Autoral (2020).

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Figura 38: Parede 01.

P.E. 01

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Fonte: Autoral (2020).

57


Figura 39: Parede 02.

P.E. 02

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Fonte: Autoral (2020).

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Figura 40: Parede 03.

P.E. 03

60


Fonte: Autoral (2020).

61


Figura 41: Parede 04.

P.E. 04

62


Fonte: Autoral (2020).

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Figura 42: Parede 05.

P.E. 05

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Fonte: Autoral (2020).

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Figura 43: Parede 06.

P.E. 06

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Fonte: Autoral (2020).

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Figura 44: Parede 07.

P.E. 07

68


Fonte: Autoral (2020).

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Figura 45: Parede 08.

P.E. 08

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Fonte: Autoral (2020).

71


Figura 46: Parede 09.

P.E. 09

72


Fonte: Autoral (2020).

73


4.3.4. Fechamentos Já com todas as paredes estruturais fixadas em seus respectivos lugares, dá-se inicio ao processo de fechamentos das mesmas, onde serão utilizados ripas de bambu guadua (Taquaraçu) planificado, tratados com Stain impregnante, que é um tipo de verniz que protege a madeira do sol e das chuvas, ajudando na proteção contra a umidade e o aparecimento de fungos.

4.3.

Para a execução da planificação das ripas de bambu, será necessário o uso de uma ferramenta denominada de "Bamboo Splitter" ou seja, um divisor de bambu, que além de facilitar a operação de corte das ripas, faz com que todas fiquem com a mesma largura. Figura 47: Ferramentas "Bamboo Splitter".

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A ferramenta é simples e de fácil manuseio, podendo ser operada facilmente por qualquer pessoa.

Figura 48: Tiras de bambu plano.

Após todos as ripas estarem cortadas, para um melhor acabamento recomenda-se que ás coloque no chão, com a parte interna virada para cima, e com o auxilio de uma ferramenta, como facão ou até mesmo uma pá, se retire a parte interna dos nós do bambu, o deixando o mais reto possível, o que poderá facilitar na hora da colocação dos mesmos nas estruturas.

Fonte: bambooland.com.au.

Fonte: Vitor (2018).

75


Figura 49: Fechamento, portas e janelas.

Após feito todo o trabalho de planificação dos colmos e em seguida a sua impermeabilização com o Stain impregnante, o material pode ser aplicado ás paredes e também ao piso, podendo ser amarrado com arames ou para uma melhor fixação e acabamento, poderá ser aparafusado diretamente nas estruturas.

76


Após a conclusão de todo o fechamento da habitação poderá ser iniciado a instalação das portas e janelas nos seus respectivos lugares, completando assim mais um passo da construção.

Fonte: Autoral (2020).

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4.3.5. Telhado O processo de produção do telhado segue a mesma linha dos painéis prémoldados das paredes, utilizando colmos de bambu um pouco mais finos, fazendo uma espécie de grade totalmente de bambu, sendo fixados por parafusos uns nos outros. Figura 50: Telhado.

4.3.

78


79


Concluindo assim a habitação em Assim que a estrutura do telhado estiver fixada, inicia-se a colocação das telhas, que serão telhas de zinco galvanizada, diminuindo assim o custo e facilitando bastante o processo de montagem. A fixação das telhas se dará por meio de parafusos específicos para madeira, que podem ser encontrados facilmente em qualquer loja de ferragens, o tamanho do parafuso varia conforme as dimensões das telhas que serão colocadas, conforme figura xx.

80


bambu de interesse social e fรกcil montagem!

Fonte: Autoral (2020).

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5. Consideraçþes finais

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Todo o processo de elaboração desta habitação deixou bem claro que sim, é possível projetar e construir uma habitação tendo como material construtivo prioritário o Bambu, gerando assim uma grande economia na construção e também uma oportunidade de se conseguir a casa própria de um modo mais rápido e fácil. O bambu como material construtivo se mostrou bem interessante, visto que o tempo de construção dos painéis pré-moldados é relativamente muito menor do que o de execução de uma mesma parede em alvenaria. Por ser de fácil manipulação e estar presente em todo o território nacional, pode ser incorporado às construções muito facilmente, podendo despertar assim um interesse na população fazendo com que mais e mais habitações de bambu sejam construídas, tornando o bambu um material com maior ênfase nas construções.

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6. Referências Bibliográficas BAMBUSA TULDA. Banco de Dados de Plantas Tropicais, Ken Fern.

GUADUA ANGUSTIFÓLIA. Bambu Guadua (Guadua angustifolia).

Disponível em: tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Bambusa+tulda.

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BAMBUSA VULGARIS. Banco de Dados de Plantas Tropicais, Ken Fern.

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jun. 2020.

DENDROCALAMUS GIGANTEUS. O rei dos bambus. Disponível em:

MELOCANNA BACCIFERA. Banco de Dados de Plantas Tropicais, Ken

http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC921352-2584-

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DENDROCALAMUS ASPER. Dendrocalamus Asper. Disponível em:

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https://bambugigante.com/pt/dendrocalamus/dendrocalamus-asper/.

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DENDROCALAMUS LATIFLORUS. Espécies de bambu, dendrocalamus latiflorus. Disponível em:

PHYLLOSTACHYS BAMBUSOIDES. Phyllostachys bambusoides.

https://www.guaduabamboo.com/blog/dendrocalamus-latiflorus. Acesso

Disponível em: http://bambuparque.org/catalog/product_info.php?

em: 06 jun. 2020.

products_id=102. Acesso em: 06 jun. 2020.

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experimental. 104 f. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

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Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina. 2018.

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MOBUS CONSTRUÇÃ. Habitação de interesse social: 6 características

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https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/habitacao-de-interesseFRANCO, José Tomás. "Casas de Bambu de H&P Architects resistem a

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MOREIRA, Susanna. "O que é Habitação de Interesse Social?".

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CAU/BR. Assistência Técnica para Habitação de Interesse

https://ducosustentavel.com.br/o-que-e-bambu/. Acesso em: 24 Jun. 2020.

Social. Disponível em: https://www.caubr.gov.br/athis-2/. Acesso em: 3 out.

2012 PADOVAN, Roberval Bráz. O bambu na arquitetura: design de conexões estruturais. 184 f. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Design da Faculdade de Arquitetura. 2010.

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