Capa do livro Memórias do Sertão

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SOBRE A AUTORA

Dulceclea Marcolino da Silva

Não tínhamos luz elétrica. A iluminação era feita de lamparina ou velas. Para tomar banho esquentávamos água no fogão à lenha e tomávamos banho de bacia. O ferro era à brasa. Sem geladeira, tudo era feito de manhã para ser consumido no dia, não ficava nada para o dia seguinte. A carne de gado e o peixe eram salgados para durar mais”.

Memórias do Sertão Dulceclea Marcolino da Silva

Dulceclea Marcolino da Silva nasceu no Sertão do Trombudo, Porto Belo, no dia 6 de julho de 1951. Aos 17 anos, saiu de casa para trabalhar como babá, em Florianópolis, onde ficou três anos. Passou ainda por Blumenau antes de chegar em Itajaí, no final de 1972. Ela se estabeleceu no bairro Nossa Senhora das Graças, conhecido como Matadouro. Lá, ela conheceu o marido. Da união, nasceram 12 filhos. Em Itajaí, Dulce trabalhou em casas de família e empresas de pesca. Em 1991, prestou concurso público para agente de serviços gerais e começou a trabalhar nas escolas municipais. Depois de 16 anos, trabalhou no prédio da Fundação Genésio Miranda Lins, hoje o Centro de Documentação e Memória Histórica Arquivo Público de Itajaí. Foi no Arquivo Público, em meio a pesquisadores e incentivada por colegas, que Dulce teve a ideia de escrever “Memórias do Sertão, obra que marca sua estreia literária.

M

Memórias do Sertão

inha mãe nasceu nas mãos de uma parteira. Não existia hospital ou maternidade por perto na época. O Hospital mais próximo ficava em Tijucas. Quem fazia os partos no Sertão do Trombudo era a Maria Eva, uma negra alta que ajudou a colocar no mundo muitas crianças, inclusive eu. Usava um pano branco na cabeça, um lenço. Não me lembro de algum parto que não deu certo. Para Maria Eva não tinha hora para trabalhar. Ela estava sempre disposta a ajudar alguém. Quando a criança ia nascer, corriam até a casa dela, distante do Sertão do Trombudo. Maria Eva saia de casa no meio da madrugada, na chuva, por entre arrozeiras e no meio da escuridão para fazer o parto. Usava uma gamela para dar banho na criança e mandava o pessoal da casa preparar caldo de galinha para dar para mãe depois do parto. Maria Eva era uma parteira muito respeitada no Sertão do Trombudo e até hoje é lembrada com carinho.


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